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Aula

A não

aprendizagem

Nesta aula trataremos das questões referentes a não aprendizagem, levando em consideração os principais fatores necessários para que esta ocorra e, consequentemente, os fatores que impedem que ela aconteça. Além disso, serão expostas as diferenças individuais na educação e os problemas de comportamento no ambiente escolar, e o quanto estes podem estar ligados a problemas de aprendizagem.

Sendo assim, bom estudo!

Se ao final desta aula surgirem dúvidas, vocês poderão saná-las através das ferramentas

“FÓRUM” ou “QUADRO DE AVISOS” e através do “CHAT”.

Comecemos, então, analisando os objetivos da nossa aula.

Boa aula!

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Psicologia da Aprendizagem

Objetivos de aprendizagem

1 - As dificuldades de aprendizagem

2 - As diferenças individuais e a educação especial 3 - A queixa atual: uma questão de indisciplina

1 - As diȴ culdades de aprendizagem

Ao iniciar o estudo sobre dificuldade de aprendizagem, faz-se necessário expor alguns fatores que as causam e que as inibem. Como ocorre a dificuldade de aprendizagem e o que é ser inteligente?!

Como ocorre a Dificuldade de Aprendizagem (D.A.)?

Sabemos que no Brasil existem cerca de 60 milhões de analfabetos funcionais, sendo a maior dificuldade na leitura e interpretação e, ainda, 4%

da população com déficit de atenção, bem como 10 a 16% da população apresentando distúrbios de aprendizagem. Assim, comprovando-se que as dificuldades de aprendizagem de origem cognitiva atingem cerca de 70% das crianças normais (CAMPOS, 2002, p. 20).

• Iniciaremos com a pergunta: O que é ser inteligente?

Para Mussen (1995), inteligência é a capacidade de aprender e de usar as habilidades que são necessárias para a adaptação bem sucedida às demandas de uma cultura e ambiente. Alguns autores definem a inteligência como competência geral. Contudo, para Mussen, em diferentes culturas podem-se desenvolver habilidades diferentes. Essa visão foi desafiada por aqueles que defendem que diferentes habilidades intelectuais não ocorrem necessariamente juntas, sendo que algumas crianças

Ao término desta unidade, você será capaz de:

• refletir analiticamente, sobre a não aprendizagem humana;

• analisar a questão das diferenças em sala de aula;

• analisar a implicância do comportamento do aluno para a aprendizagem escolar.

Seções de estudo

têm facilidades para desenvolver habilidades verbais, visuais, e assim por diante. Desse modo, a inteligência seria o desenvolvimento de habilidades.

• Mas, então, o que vem a ser esse entrave do desenvolvimento de tantas crianças chamado de

“Dificuldades na Aprendizagem”?

Cordié (1996) traz o conceito de debilidade que se origina da psiquiatria do século XIX. Foi Esquirol que começou uma classificação dos retardados mentais, os quais ele designa de idiotia e distingue três níveis de gravidade (entre eles os imbecis).

Nessa classificação, ele chega aos fracos de espírito, que é a forma mais branda de debilidade. Para fixar essas categorias, ele utiliza critérios múltiplos, dentre os quais o primeiro é a dismorfia, ou seja, os resultados são reconhecidos pelos traços de seu rosto. A insuficiência intelectual também era medida no estágio da linguagem, o que resultou numa certa vagueza na classificação, mas, ao mesmo tempo, permitiu obter uma noção de deficiência.

Nessa concepção psiquiátrica, as causas da debilidade foram procuradas no âmbito de um dano lesional do Sistema Nervoso, que, por sua vez, eram causas sempre orgânicas divididas em: causas lesionais endógenas e causas lesionais exógenas.

Porém, segundo a mesma autora, não é isso que demonstra a maioria das crianças com queixas de dificuldades na aprendizagem que ocupam uma grande parte dos bancos escolares, tanto de escolas públicas como de escolas privadas. Para ela, essas crianças demonstram muito mais uma doença da

“alma” do que uma doença mental.

Ainda, segundo Cordié (1996), essa forma de classificação da debilidade modificou-se com o surgimento dos testes. É Binet, em 1904, que irá criticar a vagueza da classificação da deficiência intelectual. A deficiência já adquire um caráter pejorativo.

Desse modo, é criado o teste de Q.I. Esse instrumento avalia apenas o domínio de operações essencialmente escolares como escrita, leitura, cálculo e compreensão da linguagem, não levando em consideração as diferenças culturais, o que pode ocasionar confusão em seu resultado.

Além disso, a constância do Q.I. é uma falsa ideia ainda hoje, porque não permanece estável e sim variável no tempo. Seus resultados tendem a melhorar quando a criança faz uma psicoterapia, ou quando encontra melhores condições de se desenvolver. Uma consequência lamentável dessa

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Você sabia?

Existe uma diferença terminológica nas diȴ culdades de aprendizagem entre vários autores; para uns, as diȴ culdades de aprendizagem correspondem a toda e qualquer diȴ culdade da criança aprender; para outros, as diȴ culdades de aprendizagem correspondem apenas a fatores de causa ignorada ou a causas emocionais.

crença na constância do Q.I. é que ela mantém a ideia de que a debilidade é constitucional, e estaria ligada ao genótipo.

Dessa forma, não há causa lesional, ou exógena, nem genética nessas debilidades. Aliás, é pouco provável que um dia se encontre o gene da inteligência isolado. Atualmente, o teste de Q.I. está em desuso, pois se acredita nas inteligências múltiplas, como visto no início desse assunto.

Para a autora, a debilidade leve é gerada pelo ambiente escolar. Em seus estudos, ela cita que nunca há uma causa única para o fracasso escolar;

há sempre a conjunção de várias causas que, agindo umas sobre as outras, interferem na aprendizagem, sendo que uma dessas interferências é o meio sócio- cultural desfavorecido, onde existe pouco ou nenhum espaço para o investimento cultural, além de certo desinteresse pelas atividades escolares das crianças.

A criança terá que contar apenas com a escola para se familiarizar com os ensinamentos; como muitas vezes não consegue, sente-se fracassada e inicia um processo de exclusão, de rejeição e de vergonha; essa criança, entre sentir-se diferente dos outros, pobre, feio etc., prefere ser malvado. Isso ocasiona a revolta e os problemas comportamentais na escola.

Existem também crianças que desencadeiam um medo pela professora, ou ainda, acontecem estados regressivos, devido ao nascimento de um irmãozinho, divórcio dos pais, hospitalização, morte de parentes etc.

Cordié (1996, p. 68) ainda nos apresenta três hipóteses de saída encontrada pela criança nesses casos. Vejamos:

• A primeira hipótese: a criança não À ca passiva, ela reage em consequência da exclusão que sofre, ocorrendo os distúrbios de comportamentos. Assim, procura compensar seu fracasso de outra forma como, por exemplo, sendo o “palhaço”

da sala. A condenação que recairá sobre ela a levará ao sentimento de injustiça, que reforçará mais o sentimento de revolta, o que poderá agravar mais ainda a situação.

Isso poderá estender-se até uma atitude de rejeição social e marginalização, tornando- se um ciclo vicioso.

• A segunda hipótese: a criança aceita seu fracasso, conformando-se com seu sofrimento e se identiÀ cando em ser o mau aluno, numa posição masoquista.

Será rotulada como débil e, o que era

apenas uma deÀ ciência, será agora parte de suas características.

• A terceira hipótese: tudo se acomoda, pois o sistema escolar está mais Á exível.

Algumas escolas estão mais abertas para que cada um tenha seu ritmo e seu tempo necessário, dando mais liberdade à aprendizagem, favorecendo a integração entre a criança e o sistema.

Além dessas três hipóteses, existe a reação dos pais ao fracasso escolar, que é apenas a tradução da problemática inconsciente da relação desses para com a criança.

Entre essas reações existem:

• A desaprovação: a decepção dos pais pode signiÀ car para a criança uma retirada do amor deles em relação a ela. Instala- se, então, um estado depressivo, cujas manifestações normalmente são somáticas.

• A indiferença: a criança pode sentir o desinteresse por parte dos pais como, por exemplo, a falta de amor, o que a leva a desinteressar-se cada vez mais.

• A crença: de que a debilidade existe, pois esbarramos nela a todo instante, abordando também o fracasso escolar relacionado apenas a causas desconhecidas, sem citar o fracasso escolar com suas origens orgânicas.

Em síntese ...

Já para Drouet (1995), todos os distúrbios orais, auditivos, emocionais e comportamentais têm sua origem em causas diversas, mas todos se constituem em obstáculos à aprendizagem. Como vimos, é difícil fazer uma classificação dos distúrbios que prejudicam a aprendizagem; contudo, a autora, buscando uma classificação dos distúrbios de aprendizagem, nos cita suas principais causas:

• Causas físicas: são representadas pelas perturbações do estado físico da criança permanentes ou provisórias;

• Causas sensoriais: são todos os distúrbios que atingem os órgãos dos sentidos, responsáveis pela percepção que o indivíduo tem do meio exterior.

• Causas neurológicas: perturbações do sistema nervoso, tanto do cérebro, como do

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Psicologia da Aprendizagem cerebelo, da medula e dos nervos.

• Causas emocionais: distúrbios psicológicos ligados às emoções, aos sentimentos e a personalidade.

• Causas intelectuais e cognitivas:

corresponde à inteligência do indivíduo, e à sua capacidade de conhecer, de compreender o mundo e de raciocinar.

• Causas educacionais: corresponde à educação recebida na infância, e que irá condicionar distúrbios de origem educacional por toda a vida.

• Causas sócio-econômicas: o meio sócio- econômico é um problema e será favorável, ou desfavorável, à sua subsistência e à sua aprendizagem (DROUET, 1995, p. 45).

Assim, todas essas causas irão constituir os diferentes problemas de aprendizagem.

Encontramos nos escritos de Pain (1985, p. 89) a definição de dificuldades de aprendizagem como todos os distúrbios psicopedagógicos que interferem diretamente na aprendizagem, e para isso, leva-se em conta a análise de vários fatores, entre eles:

• fatores orgânicos e constitucionais da criança;

• fatores especíÀ cos, localizados principalmente na área perceptivo-motora (visão, audição e coordenação motora);

• fatores psicógenos, que compreendem os fatores emocionais e intelectuais;

• fatores ambientais, representados pelo lar, pela escola e pela comunidade como um todo.

Os autores acima citados fazem suas contribuições ao conhecimento sobre as dificuldades de aprendizagem, sendo que uns acreditam que essas são todas as dificuldades que impedem o desenvolvimento escolar da criança, ou seja, fatores neurológicos, emocionais, intelectuais, sensoriais, ambientais etc. Para outros, teriam causas emocionais ou ignoradas, mas não descartam os problemas ambientais, genéticos ou orgânicos. Mas, é somente através do conhecimento da criança, que se pode chegar à verdadeira causa do que está acontecendo com ela.

Atualmente, vemos várias denominações para as dificuldades de aprendizagens, dentre estas a dislexia, discalculia, dislalia, disgrafia, disortografia e TDAH, verifique através do site, http://www.brasilescola.

com/educacao/dificuldades-aprendizagem.htm.

Agora que já estudamos como a aprendizagem ocorre e quais os fatores responsáveis quando ela não se efetua, vamos estudar a questão das diferenças individuais em sala de aula e com isso a Educação especial.

2 - As diferenças individuais e educação especial

Algum dos aspectos que estuda a Psicologia educacional diz respeito às diferenças individuais.

Cada ser humano é único, tendo em vista uma série de fatores: hereditários, sociais, culturais, históricos, etc.

Mesmo em se tratando de pessoas da mesma família, como os irmãos gêmeos, sempre se identificam suas diferenças de personalidade.

Entre essas diferenças estão às aptidões mentais, as reações emotivas, o esforço para as tarefas, a preferência a certas atividades e não a outras. Sendo que as diferenças podem ficar mais acentuadas em relação aos outros, o que muito acontece em sala de aula.

Sendo várias as pesquisas e os teóricos que se interessaram pelo assunto, entre eles Platão, Wundt e Alfred Binet, esse último desenvolvendo testes para medir a inteligência e organizar classes para crianças excepcionais. Stein, que propôs a fórmula para medir o que é inteligência, segue uma escala de tantos outros pesquisadores interessados em medir as diferenças individuais.

Nosso objetivo, aqui, é chamar sua atenção para o fato que todos nós somos diferentes, o importante é ter claro que: diferentes sim, porém nem superiores, nem inferiores. Todas as pessoas, em maior ou menor grau, possuem capacidade de memória, de raciocínio, de atenção, de motivação, de força de vontade, e de equilíbrio emocional.

Assim, as aquisições e as realizações da vida escolar de uma criança irão depender da técnica de ensino, mas também de seus fatores internos.

Portanto, o que se observa atualmente nas escolas é uma massificação do aluno, tendo todos como iguais.

Dessa forma, se um desses alunos for diferente desse

“esperado”, será taxado e rotulado como incapaz.

Cabe ressaltar que você pode fazer a diferença, pois, estando preparado para lidar com as diversidades individuais, poderá contribuir para o desenvolvimento de seus alunos.

Um tipo de metodologia de trabalho que foi muito utilizada com os alunos portadores de

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necessidades especiais foi a segregação desses alunos em salas de aula especiais. Esses alunos, portadores de alguma necessidade especial, eram separados dos demais alunos da turma. Porém, quando essa criança era retirada da presença das demais crianças, não havia trocas, nem socialização, nem aprendizagem com suas diversidades, tão característico da sala de aula regular. Nesse sentido, os educadores, buscando outros caminhos, pensaram na inclusão desses alunos na sala de aula regular. Este assunto abordaremos no próximo tópico.

A INCLUSÃO ESCOLAR

Como citado anteriormente, a inclusão escolar vem da busca do desenvolvimento do ser humano, entendendo que a criança, dentro do ambiente escolar, precisa desenvolver não apenas a aprendizagem do conteúdo curricular, mas também aprender a se socializar, a trocar, a dividir e a interagir com o outro.

Segundo o artigo “Por que Inclusão?”, de Heloiza Barbosa, julgamentos de “deficiência”,

“retardamento”, “privação cultural” e

“desajustamento social ou familiar” são todas construções culturais elaboradas por uma sociedade de educadores que privilegia uma só fôrma para todos os tipos de bolos. Assim, aqueles alunos vistos como “diferentes”, ou seja, que não cabiam na forma de bolo específica, eram retirados do convívio dos demais e exilados numa sala de aula dita especial, sendo taxados, classificados, rotulados como fracassados.

A inclusão veio permitir que esse aluno participasse da sala de aula regular, com todos os outros alunos e suas demais diversidades. Nesse exercício, tanto professores, quanto alunos aprendem a aceitar e a valorizar as diversidades individuais, estimulando a socialização e a aprendizagem.

Em se tratando de diversidades, um dos aspectos que muito tem chamado à atenção a todos os que trabalham com a educação diz respeito à indisciplina escolar. Sendo o nosso próximo assunto a ser abordado.

3 - A queixa atual: uma questão de indisciplina

Fonte: www.educa.aragob.es.

Figura 3.1 - A indisciplina

Os temas que mais mobilizam o cotidiano escolar na atualidade dizem respeito à dificuldade de Aprendizagem e os Problemas de Comportamento de nossas crianças. Sendo os problemas de comportamento, um dos assuntos de grande repercussão na comunidade escolar como professores, técnicos e pais, de diversas localidades brasileiras.

Tendo em vista que a questão da dificuldade de aprendizagem já foi discutida anteriormente, nossa aula atual refere-se aos problemas comportamentais dessas crianças.

Assim, vamos buscar entender o porquê atualmente esse é o assunto de grande aflição e angustia e o quanto você, futuro professor, poderá contribuir nesse contexto.

A Indisciplina

Apesar de existir uma tendência no campo da educação que recrimina a disciplina na escola, esta também associa a uma prática autoritária e tirana, colocando em risco a espontaneidade e criatividade das crianças e jovens. Existe uma verdadeira busca para que esse quadro escolar de “indisciplina” seja revertido pela tranquilidade, silêncio, docilidade e passividade das crianças. O que acontece é que ninguém sabe ao certo como conseguir reverter essa situação caótica a que chegou nossas escolas.

Segundo Rego (1996, p. 84), muitos são os fatores alegados aos problemas comportamentais nas escolas de nossa sociedade, dentre estes:

- 1ª hipótese: os que acreditam ser a indisciplina um reÁ exo da pobreza e violência presente na sociedade moderna e nos meios de comunicação;

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Psicologia da Aprendizagem

- 2ª hipótese: os que acreditam que a responsabilidade é da educação recebida na família sendo decorrente da dissolução do modelo de família nuclear além de ser um reÁ exo da desvalorização da escola pelos pais.

- 3ª hipótese: os que acreditam que problemas comportamentais estariam vinculados apenas a traços de personalidade da criança.

- 4ª hipótese: aqueles que sustentam que a única responsabilidade em relação ao comportamento da criança seria do professor.

Assim, nesta aula buscamos fazer um apanhado geral do que estaria ocorrendo na atualidade. E iniciaremos com os descritos de Rego, “a vida em sociedade pressupõe a criação e o cumprimento de regras e preceitos capazes de nortear as relações, possibilitando o diálogo e a troca entre os membros do grupo social” (1996, p. 86).

Desse modo, a família é entendida como o primeiro grupo social no qual a criança está inserida e com certeza o maior deles, além de exercer incontestável influência sobre a criança e o adolescente. É esse grupo social que dá à criança o primeiro aprendizado em relação a regras e normas de convivência em grupo. A atitude dos pais e suas práticas de criação e educação são aspectos que interferem no desenvolvimento individual e, consequentemente, grupal da criança e, dessa maneira, pode influenciar no comportamento da criança na escola.

As características de cada indivíduo vão sendo formadas a partir de inúmeros e constantes interações do indivíduo com o meio, compreendido como contexto social, que inclui as dimensões interpessoal e cultural. É neste processo dinâmico, ativo e singular, o indivíduo estabelece desde o nascimento e durante toda sua vida, trocas recíprocas com o meio (REGO, 1996, p.92).

A mãe inicia seu papel de educadora nos primeiros meses de vida de seu bebê. Todas as reações de uma mãe, positiva ou negativa serão percebidas e influenciadas no comportamento do bebê, e o que torna imprescindível o contato físico, que se dá através da amamentação ao seio, em que além de se satisfazer fisiologicamente o bebê terá um contato com o corpo materno e estabelecerá uma segurança para o recém-nascido perante este

“mundo” tão desconhecido para ele.

Logo, ambos criarão um vínculo afetivo, onde a mãe passará a conhecê-lo melhor a cada dia, assim o bebê, além de confortável, se sentirá seguro e possivelmente amado. Esse vínculo será fundamental para o desenvolvimento da criança e todos os procedimentos influenciarão na vida futura, o caráter tornar-se-á um exemplo clássico desse proceder.

Portanto, a relação mãe-bebê tem amplas funções, pois além da estimulação orgânica, existe a comunicação afetiva que se bem sucedido é condição imprescindível para o estabelecimento da segurança, confiança, proteção, reconhecimento da existência, e, sobretudo o desenvolvimento da personalidade do bebê.

Segundo Winnicott,

nos primeiros tempos do seu desenvolvimento emocional; um tipo em que o instinto é despertado, e outro em que a mãe constitui o meio circundante é a provedora das comuns necessidades físicas de segurança, calor e umidade ao imprevisível [...]. Se a mãe tiver duplamente êxito em suas relações com o bebê, estabelecendo uma satisfatória amamentação, o desenvolvimento emocional da criança constituirá a base saudável para uma existência independente num mundo de seres humanos (1982, p.57).

Dessa forma, o vínculo estabelecido entre mãe e filho ajudará a lançar alicerces da personalidade e caráter da criança, pois quando privada deste contato afetivo pode acarretar perturbações no seu desenvolvimento psicológico. Portanto, se bem sucedida a relação entre mãe e bebê é o princípio de uma vida tranquila.

Ainda, segundo Winnicott,

dizemos que o apoio do ego materno facilita a organização do ego do bebê.

Com o tempo o bebê torna-se capaz de rmar sua própria individualidade, e até mesmo de experimentar um sentimento de identidade pessoal. E a base de tudo isso, encontra-se nos primórdios do relacionamento, quando a mãe e o bebê estão em harmonia [...]. Do ponto de vista do bebê, nada existe além dele próprio, e, portanto, a mãe é inicialmente, a parte dele (1996, p.09).

A plenitude da relação mãe e bebê é dada pelo ato de oferecer amor, amparar, apoiar o crescimento e a individualidade do outro ser, ajudar o desenvolvimento com o máximo de prazer para ambos.

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VOCÊ PODE FAZER A DIFERENÇA Para Papalia,

a mãe ou a pessoa que cuida do bebê, dá o mundo social a ele. O ambiente se expressa do seio da mãe, o amor e o prazer da dependência, lhe são transmitidos pelo abraço da mãe, pelo seu calor confortante, por seu sorriso e pela maneira a qual lhe fala. A conÀ ança permite ao bebê À car com a mãe fora da visão, porque ela se tornou uma certeza íntima, assim também uma previsibilidade externa (1981, p.179).

Mas não apenas a mãe é a única responsável pelo desenvolvimento saudável da criança, o pai tem papel fundamental, pois é este que, muitas vezes, mostra o que é certo ou errado e impõe regras e normas de convivência dentro do grupo familiar.

Para Vigotsky (1987), a educação concebida na família cumpre um papel primordial na constituição dos sujeitos, pois, concebe a cultura, a sociedade e o indivíduo como sistemas complexos e dinâmicos, sendo assim, considera fundamental analisar o desenvolvimento humano em seu contexto cultural. Ou seja, para se entender melhor uma criança é necessário entender sua origem, seu meio cultural e social.

Sabe-se que a escola é também o segundo grupo social em que a criança está inserida, sendo o primeiro a família. E é nesse contexto que a criança demonstra como aprendeu em casa as regras de convivência social, as quais passam a ser imprescindíveis ao convívio social.

O que se percebe atualmente é que os pais estão confusos em relação à criação de seus filhos, entre um modelo repressor usado na educação de crianças na década de 60/70, foi-se a outro extremo na década de 80/90, uma completa liberdade na educação de crianças. Chegando aos dias atuais, pais que não sabem mais se repreendem ou liberam, punem ou fingem não ver, castigam ou conversam.

Pais que em busca do sustento da família, não têm mais tempo para conversar, para educar, para pensar em suas próprias atitudes.

Assim, sabe-se que a família é de fundamental importância no desenvolvimento de uma criança, mas, longe de apontar um culpado, e diante de todo o contexto social explanado, faz-se necessário também compreender que enquanto professor você tem muito a contribuir com uma criança, pois como estudado por Freud, o papel do professor pode ser fundamental no desenvolvimento emocional da criança, muitas vezes um professor pode ocupar o

“papel” dos pais, dando à criança amparo, carinho, normas e regras, incentivo, motivação, entre tantas outras coisas.

Enquanto professor você tem muito a contribuir com uma criança, dando a esta amparo, carinho, normas e regras, incentivo, motivação, entre tantas outras coisas. Assim, como pode resgatar a vida de uma criança, pode também destruir.

Sabe-se também que o resgate e a preservação da autoestima é fundamental para o aprendizado, na estimulação a regras de convivência social, no desenvolvimento de habilidades emocionais e de convivência, na motivação, na parceria, no respeito ao próximo, e muito mais, e é nesse sentido, que o seu papel enquanto professor passa a ser FUNDAMENTAL para o desenvolvimento e na aprendizagem de muitas crianças.

Assim, cabe a você futuro professor “aproveitar” cada abordagem teórica estudada nesta disciplina como melhor lhe convier, fazendo com que o processo ensino/

aprendizagem ocorra eȴ cazmente. Levando sempre em consideração o seu papel imprescindível na contribuição para o desenvolvimento de indivíduos saudáveis e felizes.

Qual a professora ou professor que nunca recebeu um presente, já utilizado, de aluno? Ou ainda, não se deparou com um aluno rebelde? A história abaixo além de emocionante nos ensina e desperta para uma realidade comum a todos nós. Por trás desse aluno rebelde, do presente mal embrulhado, ou do perfume pela metade pode estar uma criança capaz de amar, prosperar e fazer a diferença.

A Sra. Thompson, no seu primeiro dia de aula, parou em frente aos seus alunos da 5ª série e, como todos os demais professores, disse que gostava de todos, por igual.

No entanto, ela sabia que isso era quase impossível, já que na primeira ȴ la estava sentado um pequeno garoto: Teddy.

A professora havia observado que ele não se dava bem com os colegas de classe e muitas vezes suas roupas estavam sujas e cheiravam mal.

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Psicologia da Aprendizagem

Ao iniciar o ano letivo, era solicitado a cada professor que lesse com atenção a ȴ cha escolar dos alunos, para tomar conhecimento das anotações feitas em cada ano.

A Sra. Thompson deixou a ȴ cha de Teddy por último. Mas quando a leu, foi grande a sua surpresa. A professora do primeiro ano escolar de Teddy havia anotado o seguinte:

“Teddy é um menino brilhante e simpático. Seus trabalhos sempre estão em ordem e muito nítidos. Tens bons modos e é muito agradável estar perto dele”.

A professora do seguinte ano escreveu:

“ Teddy é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas tem estado preocupado com sua mãe, que está com uma doença grave, e desenganada pelos médicos.

A vida em seu lar deve estar sendo muito difícil”.

Da professora do terceiro ano, constava a anotação seguinte: “ A morte de sua mãe foi um golpe muito duro para Teddy. Ele procura fazer o melhor, mas seu pai não tem nenhum interesse e, logo, sua vida será prejudicada se ninguém tomar providências para ajuda-lo”. A professora do quarto ano escreveu: “Teddy anda muito distraído e não mostra interesse algum pelos estudos. Tem poucos amigos e, muitas vezes, dorme na sala de aula”.

A Sra. Thompson se deu conta do problema e ȴ cou terrivelmente envergonhada. Sentiu-se ainda pior quando lembrou dos presentes de natal que os alunos lhe havia dado, envoltos em papéis coloridos, exceto o de Teddy, que estava enrolado num papel marrom, de supermercado.

Lembrou-se de que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros garotos riam ao ver uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade.

Apesar das piadas, ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no braço e um pouco de perfume sobre a mão. Naquela ocasião, Teddy ȴ cou um pouco mais de tempo na escola do que o de costume. Lembrou-se ainda, que Teddy lhe disse que ela estava cheirosa como sua mãe.

Naquele dia, depois que todos se foram, a professora Thompson chorou por longo tempo. Em seguida, decidiu- se a mudar sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção ao seus alunos, especialmente a Teddy.

Com o passar do tempo, ela notou que o garoto só melhorava. E quanto mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se animava.

Ao ȴ nalizar o ano letivo, Teddy saiu como o melhor aluno da classe. Um ano mais tarde, a Sra. Thompson recebeu uma notícia em que Teddy lhe dizia que ela era a melhor professora que teve na vida.

Seis anos depois, recebeu outra carta de Teddy, contando que havia concluído o segundo grau e que ela continuava sendo a melhor professora que tivera. As notícias se repetiam até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo Dr. Theodore Stoddard, seu antigo aluno, mais conhecido como “Teddy”;

Mas, a história não terminou aqui. A Sra. Thompson recebeu outra carta, em que Teddy convidava para seu casamento e

noticiava a morte de seu pai.

Ela aceitou o convite e no dia do seu casamento estava usando a pulseira que ganhou de Teddy anos antes, e também o perfume.

Quando os dois se encontraram, abraçaram-se por longo tempo e Teddy lhe disse ao ouvido: “Obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando-me que posso fazer a diferença”.

Mas ela, com os olhos banhados em lágrimas, sussurrou baixinho. “Você está enganado! Foi você que me ensinou que eu podia fazer a diferença. Aȴ nal, eu não sabia ensinar até que o conheci.

Mais do que ensinar a ler e escrever, explicar matemática e outras matérias, é preciso ouvir apelos silenciosos que ecoam na alma do educando. Mais do que avaliar provas e dar notas, é importante ensinar com amor, mostrando que sempre é possível fazer a diferença.

Autor desconhecido

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Autor desconhecido. Revista Planeta Azul - MOA: São Paulo, Rio Janeiro, 2000.p.04

Retomando a aula

Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar esse tópico, vamos recordar:

1 - As dificuldades de Aprendizagem

Existe uma diferença terminológica nas dificuldades de aprendizagem entre vários autores; para uns, as dificuldades de aprendizagem correspondem a toda e qualquer dificuldade da criança aprender; para outros, as dificuldades de aprendizagem correspondem apenas a fatores de causa ignorada ou a causas emocionais.

Suas principais causas: Causas físicas; causas sensoriais; causas neurológicas; causas emocionais;

causas intelectuais e cognitivas; causas educacionais;

causas socioeconômicas.

2 - As diferenças Individuais e a Educação especial

Algum dos aspectos que estuda a Psicologia educacional diz respeito às diferenças individuais.

Cada ser humano é único, tendo em vista uma série de fatores: hereditários, sociais, culturais, históricos etc. O que inclui o estudo e entendimento da

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3 - A Queixa atual: Uma questão de indisciplina

Apesar de existir uma tendência no campo da educação que recrimina a disciplina na escola, pois associa a esta uma prática autoritária e tirana, colocando em risco a espontaneidade e criatividade das crianças e jovens. Existe uma verdadeira busca para que esse quadro escolar de “indisciplina” seja revertido pela tranquilidade, silêncio, docilidade e passividade das crianças. O que acontece é que ninguém sabe ao certo como conseguir reverter essa situação caótica que chegou nossas escolas.

Muitos são os fatores alegados aos problemas comportamentais nas escolas de nossa sociedade, dentre estes:

- 1ª hipótese: os que acreditam ser a indisciplina um reflexo da pobreza e violência presente na sociedade moderna e nos meios de comunicação;

- 2ª hipótese: os que acreditam que a responsabilidade é da educação recebida na família sendo decorrente da dissolução do modelo de família nuclear além de ser um reflexo da desvalorização da escola pelos pais.

- 3ª hipótese: os que acreditam que problemas comportamentais estariam vinculados apenas a traços de personalidade da criança.

- 4ª hipótese: aqueles que sustentam que a única responsabilidade em relação ao comportamento da criança seria do professor.

DROUET, Ruth Caribé da Rocha. Distúrbios da aprendizagem. São Paulo: Ática, 1995.

FERNÁNDEZ, A. A inteligência aprisionada:

abordagem psicopedagógica, clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

FONSECA, V. Introdução às Dificuldades de Aprendizagem. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.

• http://www.psicopedagogia.com.br

http://www.brasilescola.com/educacao/dificuldades- aprendizagem.htm.

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• Vermelho como o céu.

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