Hortência de Abreu Gonçalves
UNIT/Estácio Fase/FANESE, Sergipe-Brasil Carmen Lúcia Neves do Amaral Costa UNIT, Sergipe-Brasil/UA- Aveiro-Portugal
RITO E RELIGIOSIDADE NO CUIDADO COM O MORTO EM
SERGIPE E NAS ILHAS TROBRIAND (1800-1819/1915-1916)
INTRODUÇÃO
O MORTE: Crise suprema e final da vida
material;
O Violenta e complexa manifestação religiosa-
ritos e crenças;
O Sociedades primitivas e sociedades
modernas - atitudes semelhantes diante da morte;
O Semelhantes quanto ao rito fúnebre, ao
sepultamento e principalmente no cuidado com o morto.
OBJETIVO
O Comentar sobre o cuidado com o morto
tomando por base os Testamentos post
mortem de Sergipe d’El Rey – Brasil, entre
os anos de 1800 e 1819 e o ensaio Baloma: os Espíritos dos Mortos nas Ilhas Trobriand realizado por Bronislaw Malinowski na
Papua - Nova Guiné - Melanésia entre 1915 e 1916.
METODOLOGIA
O Pesquisa de base bibliográfica e documental; O Ênfase exploratória, descritiva e analítica;
O Abordagem qualitativa - Método de Análise de
Conteúdo.
O Dez Testamentos poste mortem do Arquivo
Judiciário do Estado de Sergipe (AJES) – Brasil – Século XIX;
O Baloma: os Espíritos dos Mortos nas Ilhas
Trobriand - estudo etnográfico de Bronislaw Malinowski – Século XX.
RITO E RELIGIOSIDADE:
VAN GENNEP
OPassagem ou
Transição;
OAgregação;
OConfirmação;
OExpiação;
OContemplação;
OPurificação;
OFúnebre.
Sociedade – cultura - religião: Passagem de um estado para outro.
MORTE: INSPIRAÇÃO RELIGIOSA
O Emoções extremamente complexas, confusas
e contraditórias;
O Elementos como o amor pelo morto e a
ligação ainda forte com a sua personalidade;
O Receio da separação, interferindo e se
contradizendo nas emoções dos que o partilhavam no cotidiano;
O Angústia, tristeza e insegurança –
preocupações com o corpo do morto e o rito de passagem.
Cuidando do Morto
Sergipe d’El Rey – Brasil
(1800 e 1819)
SOCIEDADE SERGIPANA
O Morte anunciada pelas carpideiras -
mulheres contratadas com o propósito de
chorar - choro compartilhado por familiares e vizinhos - dor da perda;
O Ritual da Oração - rosários, ladainhas e
benditos recitados aos pés do morto – salvar a alma do falecido e afastar os maus espíritos;
O Ritual de Purificação - corpo lavado, ungido e
vestido – aberturas vedadas e corte de unha, barba e cabelo.
SOCIEDADE SERGIPANA
O Vigília do cadáver - exposição para a
visitação de parentes e amigos;
O Rito de Sepultamento - luto (uso de
vestimenta predominantemente na cor preta) - demonstração do sentimento de perda;
O Uso do incenso para perfumar e proteger o
ambiente e evitar a presença de maus espíritos.
SOCIEDADE SERGIPANA
O Roupa fúnebre escolhida durante a vida
material e especificada no testamento post
mortem - invocações de Nossa Senhora,
roupas de santos ou da profissão do falecido até mortalhas simples brancas ou pretas.
O Simbolismo da despedida - coroas e corbélias
de flores, fitas com dizeres, bilhetes, laços, véus, velas, terços, missais e celebração de missas (unidade) e capelas de missas
(conjunto de cinquenta).
SOCIEDADE SERGIPANA
O Cadáver posicionado com os pés voltados
para a porta de saída - evitar que a alma permanecesse entre os vivos;
O Lustrações rituais – executantes lavavam e
retiravam todos os vestígios do contato com o morto;
O Evitar futuras interferências do morto na vida
dos que permaneceram vivos.
SOCIEDADE SERGIPANA
O Celebrações litúrgicas direcionadas a alma do
defunto - encomendação solene - garantia da salvação;
O Enterro - local do sepultamento especificado
no testamento post mortem do defunto;
O Sepultamento em capelas e igrejas ou em
lugares próximos aos seus lares.
O Século XIX: Cemitério Público da Vila de
Estância – Sergipe (único identificado).
Cuidando do Morto
Ilhas Trobriand – Papua-
Nova Guiné
NATIVOS DE KIRIWINA -
ILHAS TROBRIAND
O Morte - a alma (baloma ou bolon) abandona
o corpo e se dirige para outro mundo (Tuma) - existência sombria;
O Ritual Fúnebre - reintegração da alma no
cotidiano da tribo;
O Velório do corpo - modo como o cadáver é
colocado para expiação até as cerimônias pós-fúnebres e evocativas.
NATIVOS DE KIRIWINA -
ILHAS TROBRIAND
O Preocupações com o corpo do morto e o rito
de passagem, assemelham-se às do mundo ocidental - chegada de parentes para o
sepultamento;
O Dor e a lamentação de pesar - lacerações
corporais e arrancamento dos cabelos -
exibição pública - sinais exteriores de luto - pinturas pretas ou brancas no corpo - cabelo rapados ou desgrenhados - vestes estranhas ou rasgadas. (MALINOWSKI, 1984)
NATIVOS DE KIRIWINA -
ILHAS TROBRIAND
O Rito de Contemplação - defunto preparado
para o velório;
O Mumificação e incineração - expressões
encontradas na descrição do ritual fúnebre;
O Por vezes, atitude dualista representada pelo
sarcocanibalismo - costume de partilhar num ato de piedade da carne da pessoa morta;
O Religião - cooperação espiritual nos ritos
fúnebres - alcance do sagrado.
NATIVOS DE KIRIWINA -
ILHAS TROBRIAND
O Corpo colocado sobre os joelhos de nativos
sentados, acariciado e abraçado antes do sepultamento;
O Inumação em sepultura aberta ou fechada,
exposição em grutas ou plataformas, no tronco ou no solo, em local selvagem ou deserto, incineração ou colocação à deriva em canoas –formas recorrentes de sepultar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O MORTE: Implicações sociais, religiosas e
ritualísticas que demonstram a dor da perda e da separação;
O Na sociedade primitiva - o cortejo fazia parte
de ritual tradicional seguindo sempre o mesmo roteiro ritualístico;
O Na sociedade sergipana - o próprio morto
estabelecia no testamento post mortem os seus desejos póstumos, quanto aos rituais religiosos, fúnebres e de sepultamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Cada cultura tem a função de satisfazer à sua
maneira as necessidades do defunto - aspectos materiais e espirituais;
O Buscam subsídios nos imperativos
instrumentais, ligados às atividades físicas e intelectuais do morto;
O Buscam subsídios nos imperativos
integrativos que giram em torno do conhecimento do rito, da magia e da religião.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Cuidando do Morto:
O Presença de sentimentos naturais entre os
que ficaram - acontecimento social a partir de um fato natural;
O Simbolismos de amor e de perda em “todas
as culturas.”
O “A morte e a sua negação a imortalidade
sempre constituíram, e ainda constituem o tema mais incisivo dos prognósticos do
REFERÊNCIAS
Boudon, R.& Bourricaud, F. (1993). Dicionário crítico de sociologia. São Paulo: Ática.
Gonçalves, H. de A. (1998). As cartas de alforria e a religiosidade. Sergipe (1780 - 1850). Aracaju: UFS. Mestrado em Sociologia, UFS, Brasil.
Johnson, H. M. (1967).Introdução sistemática ao estudo da
sociologia. São Paulo: Lidador, (Coleção Societas).
Laplantine, F. (1993). Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense. Mair, L. (1969). Introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Zahar, (Coleção Biblioteca de Ciências Sociais).
Malinowski, B. (1984). Magia, ciência e religião. São Paulo: Edições 70.
Malinowski, B. (1962). Uma teoria científica da cultura. Rio de Janeiro: Zahar.
Reis, J. J. (1991). A morte é uma festa. Ritos fúnebres e revolta