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O INVENTÁRIO DA COMPANHIA GERAL DA AGRICULTURA DAS VINHAS DO ALTO DOURO

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Academic year: 2021

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DA COMPANHIA GERAL DA AGRICULTURA

DAS VINHAS DO ALTO DOURO

Maria Beatriz Matos Fernandes Técnica Superior do Arquivo Municipal de Espinho

A presente comunicação reflecte o trabalho da equipa, responsável pela elaboração do Inventário designado por Arquivo da Companhia Geral da Agri­ cultura das Vinhas do Alto Douro, coordenada pelo Professor Doutor Fernando de Sousa, assessorada tecnicamente pelo Arquivo Distrital do Porto, através da sua Directora - Dra. Maria João Pires de Lima e do Técnico Superior de

Arquivo - Dr. Silvestre Lacerda. _

No I Seminário apresentámos um quadro de classificação que pretendia ser o reflexo das competências da Companhia. A documentação avulsa encon­ trava-se então quase recenseada, faltando ainda identificar a documentação escriturada em livros . Neste momento, a documentação está toda recenseada e podemos afirmar que o Arquivo da Companhia possui 453 ,98 metros lineares . As unidades de instalação são, para documentação avulsa caixas , no total de 1 698 e a restante documentação encontra-se em livros, num total de 8 789.

Afirmamos na comunicação proferida no anterior Seminário que encontrá­ mos a documentação agrupada sem quaisquer critérios, e que por esse motivo tínhamos criado um quadro de classificação. Também referimos que esse quadro não era o definitivo, pois os estudos institucionais em curso e o recenseamento da documentação escriturada em livros , poderia exigir alterações .

A macro-estrutura que hoje apresentamos é pois, a resultante das mudanças entretanto introduzidas, em função dos estudos institucionais produzidos por esta equipa, da análise cuidada da documentação e dos contributos e reflexões car­ readas pelos Técnicos do Arquivo Distrital do Porto.

Na sua construção tivemos que ponderar várias opções , de forma a que o quadro de classificação permitisse uma leitura clara desta Instituição, cuja or­ gânica e funcionamento era bem complexa. Perante um desafio desta natureza e com um projecto com a duração de dois anos, urgia que as decisões tomadas ao longo do tempo não fossem irreversíveis e consequentemente, que o quadro em construção permitisse a todo o momento os ajustamentos indispensáveis em ordem à sua inteligibilidade e consulta.

O Arquivo da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro é composto por Secções e Subfundos. As Secções são em número de nove, e os Subfundos em número de seis .

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A documentação reveladora da instituição da Companhia e a legislação regulamentadora da mesma, constituem uma secção, que intitulamos Consti­ tuição e Regulamentação da Companhia, que reúne as séries documentais produzidas e recebidas neste âmbito, em virtude dos privilégios dados à Compa­ nhia, que lhe permitiam a execução das consultas directas efectuadas ao Governo: avisos , ordens e alvarás régios , entre outras.

Segue-se a secção de Órgãos de gestão da Companhia que subdividimos em subsecções , sendo cada órgão uma subsecção . A razão para tal, surge da especificidáde das respectivas competências , que se reflectem na produção documental. Com excepção da assembleia de credores, que teve um período de vida efémero, estamos perante órgãos cujo exercício de funções se prolongou no tempo. No que concerne ao órgão executivo, optámos por referenciar na macro-estrutura, apenas a última designação dada, ou seja - Direcção. No Inven­ tário explicamos as outras designações dadas e os respectivos períodos de exis­ tência. Esta decisão nasce da constatação que as competências são grosso modo, as mesmas, por vezes acrescidas de outras, mas principalmente pela existência de continuidade nas séries produzidas: lembretes , actas, relatórios de gerência, editais, entre outras. Todas resultam da actividade dos órgãos executivos , que geriram os destinos da Companhia, quer eles se denominassem por Junta Admi­ nistrativa (1756- 1 834) , por Comissão Administrativa ( 1 832- 1 834) , por Admi­ nistração ( 1 834- 1 842) ou por Direcção ( 1 843-1960)

No que respeita à secção Património , esta reúne a documentação refe­ rente ao património móvel e imóvel da Companhia a saber: títulos de posse de propriedades , escrituras , as acções , as apólices , os registos de marcas entre outras . Criámos uma subsecção - Administração Patrimonial que reúne a documentação relativa aos procedimentos de administração desses bens . Referimo-nos concretamente aos emprazamentos , aforamentos , à sua remissão , etc.

O Juízo da conservatória traduz o órgão que administrava a justiça. Resulta de um privilégio régio concedido à Companhia, aquando da sua criação, em 17 56. Esse privilégio foi retirado em 1 834, enquadrado na aplicação das polí­ ticas resultantes do liberalismo, que extinguiram muitas outras prerrogativas, dadas a esta instituição. Exemplos de séries: cartas de acórdãos e sentenças cíveis , libelos de raiz, móveis, de nulidade e ordinários , precatórios , autos , etc. A secção Administração do escritório e contadoria, designação dada nos Estatutos, encontra-se subdividida em t�ês subsecções escritório, contadoria e con­ tencioso, geriam a documentação produzida e recebida, que actualmente designa­ ríamos por expediente geral e pessoal, a documentação de contabilidade e tesou­ raria, esta última denominada por Cofre e a documentação referente a questões de carácter jurídico, após a extinção em 1 834, do órgão Juízo da Conservatória. Assim temos as séries de correspondência recebida e expedida, as ins­ truções , os requerimentos, os certificados, os atestados médicos , as nomeações de funcionários, os atestados de bom comportamento, as justificações de faltas, as ordens de pagamentos , as despesas, a receita e despesa, as relações e mapas

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de pagamentos , conhecimentos entrados no cofre, os balancetes do cofre, os extractos , os resumos das existências do cofre , entre outras . Na subsecção Contencioso as séries produzidas repartem-se por: pareceres dos advogados da Companhia, propostas de alegações e contra alegações , informações , pro­ curações , requerimentos , etc., recebidas dos notários , c0nservatórias de registo e dos tribunais.

Segue-se a secção Fiscalização cujas subsecções optámos , por designar à semelhança da secção anterior, de acordo com o disposto nos Estatutos. Temos então quátro Inspecções e criámos uma outra subsecção, que designámos de Comercialização, por exigência da produção documental.

As séries produzidas e recebidas prendem-se com os manifestos de vinhos, aguardentes e vinagres , exames de qualidade, teor alcoólico, qualificações con­ dições de venda, registos de vinho da novidade, ramo embarque, listas de lavra­ dores produtores , destiladores , lotações , provas, varejos , etc.

A secção Demarcações subdivide-se em duas subsecções a saber: Demar­ cações do Alto Douro com toda a produção documental referente a esta demar­ cação . As séries revelam o território demarcado, as reclamações dos proprietá­ rios , os requerimentos a solicitar a inclusão de terrenos na área demarcada, mapas das freguesias demarcadas, certificados das demarcações, etc . Na sub­ secção Demarcação das 4 léguas do Privilégio exclusivo determinada pelo Alyará régio de 16 de Dezembro de 1760, identificamos as seguintes séries: requerimentos , cópias de requerimentos , informações e consultas , correspon­ dência recebida, autos de intimação

Na secção Arrecadação de impostos e subscrições estão reunidas as séries relativas à arrecadação dos impostos gerais e foram estabelecidas subsec­ ções , para cada imposto específico, assim como foi criada uma subsecção relati­ va à arrecadação dos donativos a favor dos cativos de Argel, tropas de D. Miguel e dos imigrantes do Brasil. A Companhia, no cumprimento de legislação régia, esteve encarregue até 1 834 de arrecadar diversos impostos . Arrecadava impos­ tos directos e indirectos que regra geral incidiam, sob a produção, transporte e comercialização de vinhos , aguardentes , sobre as próprias embarcações e mesmos sobre outros produtos . As séries documentais identificadas apresen­ tam-se sob a forma de registos de conta-corrente , lançamentos de impos­ tos , guias de importes , conhecimentos de pagamentos das contribuições, regis­ tos de recebimento e registos de rendimento de contribuições e impostos . No que respeita à subsecção Subsc,rições as séries documentais são listagens que constituem as relações nominais dos contribuintes das respectivas subscri­ ções .

No que concerne à secção Obras e melhoramentos esta encontra-se sub­ dividida em 5 subsecções a saber: estradas do Douro, barra do Douro, rio Douro, salva-vidas e asilo dos naufragados de S. João da Foz. As séries documentais produzidas e recebidas testemunham que a Companhia con­ tratava e pagava a engenheiros e outros operários , mandava elaborar planos e estudos , aplicava o dinheiro arrecadado das contribuições lançadas para

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estas obras e melhoramentos. A subsecção Salva-vidas é constituída por docu­ mentos de despesa relativos à manutenção deste barco e por copiadores de correspondência expedida. A Junta da Companhia ficou encarregada desde 1 807 de construir um barco salva-vidas , utilizando como modelo outros da mesma natureza, existentes em Inglaterra. A subsecção Asilo dos naufraga­ dos de S . João da Foz , casa que servia de apoio às vítimas de naufrágios , foi também administrada pela Companhia, sendo a documentação produzida e recebida constituída por cópias de correspondência expedida e inventários de bens .

Este Inventário contempla ainda 6 Subfundos , a saber: • Martins da Luz;

• Gonçalo Cristóvão;

• Junta da Administração da Marinha; • Aula Náutica;

• Aula de Debuxo e Desenho;

• Academia Real de Marinha e Comércio da cidade do Porto.

Para concluir, apresentamos um exemplo de como as secções, subsecções, ·

respectivas séries , datas de produção e dimensões serão referenciadas no inven­ tário, l}O estrito cumprimento da Norma Internacional de Descrição Arquivística - ISAD(G) .

PT RCV VNG

Portugal , Real Companhia Velha, Vila Nova de Gaia

Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (Fundo)

Far- se- á para todas as secções e subsecções um estudo da sua história administra­ tiva, de acordo como exemplo apresentado . Serão indicadas as datas de produção e as dimensões são dadas em metros lineares e são referenciados os totais das unidades de instalação - em caixas e livros.

8. Arrecadação d e contribuições e impostos subscrições (Secção)

A Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro para além dos extensos privilégios e prerrogativas oficiais que lhe foram concedidos , cobrava impostos em nome da Coroa. Arrecadava impostos directos ou indirectos que regra geral incidiam, sobre a produção , transporte e comercialização de vinhos , aguardentes , sobre as próprias embarcações e mesmo outros produtos . Esta arrecadação terminou com a entrada na cidade do Porto das tropas de D . Pedro , levando a que a Companhia com a guerra civil, que se seguiu, deixasse de arrecadar os impostos .

Esta Secção é composta por Subsecções correspondendo cada uma delas a uma contri­ buição ou imposto . A documentação produzida plasma as competências e funções desem­ penhadas pela Companhia para um período cronológico limitado por imposições régias . Datas: 1761-1834

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8.1 Academia Real da Marinha e Comércio (Subsecção)

A Companhia por alvarás régios de 9 de Fevereiro e 29 de Julho de 1 803 , carta régia da mesma data e alvará de 1 6 de Agosto 1 825 , arrecadava a contribuição de um real em cada quartilho de vinho vendido no Porto e distrito do privilégio exclusivo , desti­ nado a esta Academia. Esta arrecadação tinha como objectiv� a construção do edifício, pagamento dos vencimentos dos professores e mais empregados , assim como de outras despesas . Esta cobrança dizia respeito a 6 meses do ano entre Junho e Novembro . Ini­ cialmente a cobrança foi estabelecida por 10 ano s , mas manteve- se e depois de 1 825 passou a s�r arrecadada durante todos os meses do ano . A Companhia, como respon­ sável pelo estabelecimento e inspecção , também cobrava a décima dos lucros anuais aos seus accionistas e recebia 2 400 000 réis de consignação anual , pagos pelo cofre da Câmara do Porto .

As séries que constituem esta Subsecção plasmam as competências e respectivas fun­ ções atribuídas por alvarás e carta régia.

Datas: 1803-1833

0,04 m.l. (1 livro) (Subsecção)

As séries são enunciadas de forma relacionada no campo âmbito e conteúdo identifi­ camos as tipologias e informamos sobre a função do documento .

8.1 001 - Registos de rendimento da contribuição de 1 real em cada quartilho de vinho aplicado para as aulas da Academia

Livro onde se escritura os cálculos da arrecadação deste imposto Datas: 1803-1833

0,04 m.l. (1 livro) (Série)

FUNDO: REAL COMPANHIA VELHA

1 . Instituição e Regulamentação da Companhia (Secção) 2. Órgãos de Gestão da Companhia (Secção)

2 . 1 Assembleia Geral (Subsecção)

2 .2 Direcção da Companhia (Subsecção) 2 .3 Conselho Fiscal (Subsecção)

2.4 Assembleia Geral de Credores (Subsecção)

3 . Património da Companhia (Secção) 3 . 1 Administração Patrimonial (Subsecção) 4. Juízo Da Conservatória da Companhia (Secção)

5 . Administração do Escritório e Contadoria da Companhia (Secção) 5 . 1 Escritório (Subsecção)

5 .2 Contabilidade (Subsecção) 5 .3 Contencioso (Subsecção)

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6. Fiscalização da Companhia (Secção)

6 . 1 Inspecção sobre as Vendas d a Cidade e Distrito do seu Privilégio Exclusivo (Subsecção)

6 .2 Inspecção sobre as Aguardentes e Vinagres (Subsecção)

6 .3 Inspecção sobre as Provas , Lotações e Armazéns de Vinho de Embarque , e sua Respectiva Tanoaria (Subsecção)

6 .4 Inspecção sobre as Compras , Lotações dos Vinhos de Ramo , e sua Respectiva Tanoaria (Subsecção)

6 .5 Comercialização (Subsecção) 7. Demarcações da Companhia (Secção)

7 . 1 Demarcações do Alto Douro (Subsecção)

7 .2 Demarcação das 4 Léguas do Privilégio Exclusivo (Subsecção) 8. Arrecadação de Impostos e Subscrições (Secção)

8 . 1 Academia Real da Marinha e Comércio (Subsecção) 8 .2 Canadagem (Subsecção)

8 .3 Casa Pia (Subsecção)

8 .4 Direito Adicional (Subsecção) 8 .5 Entradas (Subsecção)

8 .6 Estradas do Douro (Subsecção)

8 .7' Imposição da Cidade Do Porto (Subsecção) 8 .8 Imposição de Guerra ( la) (Subsecção)

8 .9 Imposição de Guerra (2a) (Subsecção) 8 . 10 Imposição de Matosinhos e Leça (Subsecção) 8 . 1 1 Obras da Barra (Subsecção)

8 . 1 2 Obras Públicas da Cidade do Porto (Subsecção) 8 . 1 3 Obras do Rio Douro (Subsecção)

8 . 14 Real de Água (Subsecção) 8 . 1 5 Ver o Peso (Subsecção)

8 . 1 6 Sisa de Aguiar de Sousa (Subsecção) 8 . 17 Sisa de Lordelo e Bouças (Subsecção) 8 . 1 8 Sisa de Gaia (Subsecção)

8 . 1 9 Sisa de Gondomar (Subsecção) 8 .20 Sisa da Maia (Subsecção)

8 .2 1 Sisa de Matozinhos e Leça (Subsecção) 8 .22 Sisa do Porto (Subsecção)

8 .23 Sisa de S . João da Foz (Subsecção) 8 .24 Sisa de Azurara (Subsecção) 8 .25 Sisa da Feira (Subsecção) 8 .26 Sisa de Refojos (Subsecção) 8 .27 Sisa de Penafiel (Subsecção) 8 .28 Subsídio Literário (Subsecção) 8 .29 Subsídio Militar (Subsecção) 8 .30 Fragatas de Guerra (Subsecção) 8 .3 1 Direito da Casinha (Subsecção) 8 .32 Subscrições (Subsecção)

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9. Obras e Melhoramentos (Secção) 9 . 1 Estradas do Douro (Subsecção) 9 .2 Barra do Douro (Subsecção) 9 .3 Rio Douro (Subsecção) 9 .4 Salva-Vidas (Subsecção)

9 .5 Asilo de S . João da Foz (Subsecção)

SUBFUNDOS :

A. Martins da Luz (Subfundo) B. Gonçalo Cristovão (Subfundo)

C . Junta de Administração da Marinha (Subfundo) D. Aula Náutica (Subfundo)

E. Aula de Debuxo e Desenho (Subfundo)

F. Academia Real de Marinha e Comércio da cidade do Porto (Subfundo)

Nota: Este quadro de classificação foi entretanto alterado, como se pode ver, consultando O

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Referências

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