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Produtora de Notícias Funk 1

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Academic year: 2021

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Produtora de Notícias Funk1

Jéssyka Signorette Correia PRATA2 Letícia Mariana dos Santos SILVA3

Márcio de Oliveira GUERRA4

Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG

RESUMO

O Produtora de Notícias é um projeto desenvolvido na Produtora de Multimeios da Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e foi criado com o objetivo de incentivar produções audiovisuais na área jornalística e desenvolver a criatividade dos alunos. Este paper refere-se a uma reportagem sobre o ritmo musical funk. O trabalho foi realizado durante dois meses, no qual os alunos de jornalismo produziram, gravaram e editaram as imagens. O objetivo é mostrar o diferencial do funk em relação aos outros estilos musicais, qual público está consumindo o ritmo e como os cantores de funk encaram o preconceito que ainda envolve o tema.

PALAVRAS-CHAVE: funk; preconceito; ritmo musical; Produtora de Notícias.

1 INTRODUÇÃO

A Produtora de Multimeios é um projeto que pertence à Facom da UFJF e foi idealizada pelo professor doutor Márcio de Oliveira Guerra com o objetivo de ser um local onde os alunos ampliassem seus conhecimentos da prática de produção audiovisual, saindo mais qualificados para o mercado de trabalho. A iniciativa desenvolve diversos projetos, entre eles, o Produtora de Notícias. Nele, os discentes têm a oportunidade de produzir, apresentar e editar reportagens sobre diversas temáticas que, na maioria das vezes, podem ser escolhidas pelos próprios alunos.

As fontes indicadas para desenvolver os temas são profissionais especialistas nos assuntos abordados, pessoas envolvidas diretamente com a temática ou fontes populares. O Produtora de Notícias busca dar visibilidade a assuntos que estão em voga na sociedade, mas também possibilita ao estudante de comunicação social o despertar da criatividade ao produzir temas diversificados como literatura infantil, língua japonesa, garçom,entre outros.

O projeto busca aliar tecnologia e velocidade na troca de informações uma vez é divulgado na internet por meio do canal Youtube e compartilhado nas redes sociais, o que

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Trabalho submetido ao XXII Prêmio Expocom 2015, na Categoria Jornalismo, modalidade Reportagem em Telejornalismo.

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possibilita aos espectadores uma maior intimidade com o produto podendo, inclusive, comentar as matérias.

Pinho (2000 apud SANDINI, 2008) destaca que a interação é o grande diferencial da internet e deve ser entendida como um processo que transfere o controle da comunicação de quem envia para quem recebe a mensagem: “O sujeito que navega na internet é poderoso. Ao contrário do telespectador passivo sentado no sofá de casa, é ele quem estabelece o roteiro da visita que fará a determinado site”. (PINHO, 2000, p. 173)

As produções audiovisuais do projeto se inserem no cotidiano das pessoas e modificam suas rotinas. Conforme confirmam COUTINHO e FERNANDES (2007), “Na atualidade, essa vivência do sujeito com o seu meio é permeada pelas mensagens transmitidas nos meios de comunicação”, sendo privilegiadas pelo audiovisual neste caso.

O Produtora de Notícias Funk analisado nesse paper é um produto jornalístico que apresenta, na forma de reportagem, um novo olhar sobre o ritmo musical. A matéria foi além das convenções sociais que caracterizam o estilo, como a visão dos indivíduos em relação ao estilo, que este é consumido só por pessoas da periferia ou das classes menos favorecidas, que os cantores têm alguma ligação com a criminalidade, que o funk não pode ser considerado um ritmo musical, entre outras. Cantores e produtores de funk falaram sobre as mudanças no público que consome a música nos últimos anos, as diferenças, peculiaridades e democratização do ritmo, além das perspectivas de mercado sobre o estilo musical.

2 OBJETIVO

O objetivo deste Produtora de Notícias é apresentar, ao público, como o funk vem conquistando todos os níveis de classes sociais. Herschmann afirma que a imagem do funk, apesar do constante processo de estigmação exerce um “fascínio” sobre grande número de jovens que parecem ter encontrado nesse estilo, que promove formas fundamentais de expressão e comunicação (HERSCHMANN,2000,p.20).Em aproximadamente oito minutos de matéria, são exibidas apresentações de artistas em diferentes regiões e públicos da cidade de Juiz de Fora, e ainda os sucessos de cada cantor. Além disso, apresentam as opiniões de pessoas que sobrevivem do funk a respeito do ritmo, e o futuro no mercado musical. Segundo Dias, os artistas, agentes da criação artística, aproximam-se do processo de

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produção, antes intermediado e realizado pela grande indústria. (DIAS, 2000,p.41). Isso é um fator que influencia no consumo e aproximação do público com o funk.

O funk possui diversas faces, pois recebe a influência de diferentes cantores, estilos e, consequentemente, de diversas perspectivas sobre a música. Percebendo esta realidade, a matéria atentou-se nas escolhas dos entrevistados, optando por fontes de distintas idades, estilos e propostas. Matta diz que o funk não poderia ter sido criado em outro lugar a não ser no Brasil. O funk é multicultura. Você pega o funk com vários tipos de musicalidades dentro dele. Pode ser uma guitarra de rock, pode ser uma melodia de axé, de forró. Pode ser politizado, pode ser romântico, pode ser irreverente, pode ser erótico, pode ter melodia de samba enredo num funk, ao mesmo tempo pode ter um sampler de uma música eletrônica mais moderna do lado de fora, então ele aglutina e se alimenta de tudo. Isso pra mim mostra que ele é cada vez mais brasileiro porque ele é a mistura de cultura como o brasileiro é. (MATTA, 2009)

Essas abordagens enxergam o tema de forma abrangente, mostrando ao expectador como a música pode ser receptiva e adaptável a novas propostas. A reportagem mostra também a capacidade que o estilo musical funk tem ao seduzir diversos públicos. A variação de qualidade que o funk possui, que mesmo quando feita em localidades e segmentos sociais distintos, possui características brasileiras. Matta afirma, “quando o cara ouve funk ele se identifica porque tem um pouco da cultura dele ali, mesmo que fracionada, ele identifica. E isso faz com que o funk tenha essa popularidade mundial”. (MATTA, 2009)

Então, o principal objetivo desse Produtora de Notícias é romper com os preconceitos em relação ao funk, mostrando que, a cada dia, mais pessoas se tornam adeptas à esse estilo musical, mesmo que apenas em festas noturnas e discutir como esse consumo é se dá nas diferentes classes sociais.

3 JUSTIFICATIVA

O Produtora de Notícias busca trazer para os espectadores informações sobre diversas temáticas desenvolvidas de forma personalizada por cada aluno que, coloca no produto final, seu olhar sobre os temas. O assunto apresentado justifica-se pelo aumento no número de adeptos ao ritmo, e na diversidade cultural e econômica do público consumidor do funk. Segundo Sá o funk marca presença em espaços distintos de seus bailes de origem.

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Casas noturnas, academias, novelas da Rede Globo começam a tocar esse tipo de música (SÁ, 2007,p.12)

O Produtora de Notícias oferece aos estudantes uma oportunidade de tornar assuntos corriqueiros relevantes para os espectadores. Segundo Nélson Traquina (1993), jornalistas não são simples observadores indiferentes dos fatos, mas, colaboradores ativos de um delicado processo de construção da realidade, de forma que “as notícias não podem ser vistas emergindo naturalmente dos acontecimentos do mundo real; (...). Enquanto o acontecimento cria a notícia, a notícia também cria o acontecimento” (TRAQUINA, 1993, p. 167).

Para que a matéria realmente mostrasse as facetas desse público, as fontes foram as mais diversas possíveis dentro do universo do funk. Entrevistou-se um produtor musical, um grupo de funk carioca com anos de estrada, uma cantora que atingiu a fama nacionalmente em um pequeno espaço de tempo e outra, do interior de Minas Gerais, que se descobriu travesti e busca o sucesso por meio da internet.

Assim, o programa transmite seu conteúdo de forma dinâmica, divertida, atraente e, ao mesmo tempo, com credibilidade na pesquisa jornalística.

4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

A duração do processo de finalização do Produtora de Notícias varia de acordo com o tempo que o tema demanda. A temática geralmente é escolhida em uma reunião de pauta pelo professor e orientador, Márcio de Oliveira Guerra, mas na maioria das vezes o professor permite que os discentes opinem ou escolham o assunto. O tema deste Produtora de Notícias foi escolhido por duas alunas que exerceram as funções de apresentação, edição e produção. O trabalho foi realizado no final de julho de 2014, com duração de aproximadamente dois meses de produção até a entrega do produto final.

As primeiras semanas de trabalho foram dedicadas em reunir informações sobre o ritmo do funk. Como por exemplo, que a sua origem está ligada aos Estados Unidos e ao soul. Que após várias misturas com outros ritmos nacionais se originou o funk brasileiro. Através da pesquisa também descobrimos que o ritmo é consumido em sua maioria pelos jovens e por diversas classes sociais, uma vez que é requisitado não só pelos bailes funk, mas também por casas noturnas de classe média. Identificamos os eventos que seriam

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dificuldade no acesso gratuito às casas de show da cidade, talvez por se tratar de estudantes, ou mesmo receio dos responsáveis em permitir que algumas cenas de violência nas casas noturnas pudessem ser gravadas, foi o primeiro desafio a ser enfrentado.

O primeiro passo foi entrar em contato com alguém que estivesse ligado ao meio musical do funk. Por meio de um produtor musical, foi possível trilhar um percurso. A primeira gravação foi realizada em um show em que o referido produtor estava produzindo. Era uma festa da faculdade de odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora no Viva Hall, espaço para festas da cidade de Juiz de Fora. A atração deste evento era o grupo de funk “Os Ousados”. O acesso ao local foi permitido apenas às 01h, horário em a atração chegou à festa.

O objetivo era mostrar, através dos depoimentos do produtor, vocalista e dançarinos do grupo, como o funk vem conquistando todos os tipos de público e classes sociais, além de apresentar a dança dos integrantes.

A segunda gravação ocorreu em um local mais periférico da cidade com a maioria de seu público da classe C, D e E, na ABCR, uma casa de shows localizada no bairro Nova Era. Apesar de ter sido previamente combinado, dificuldades no acesso à casa e ao camarim da cantora de funk Mc Marcelly foram identificadas. Após muita insistência foi possível entrevistar a cantora em apenas três minutos. Lembrando que a questão do tempo é realidade em diversas coberturas sobretudo de shows.

O objetivo nessa entrevista era mostrar o que o funk significa pra quem vive dele, o seu diferencial em relação aos outros ritmos, seu o futuro e crescimento no mercado musical. Sem deixar de falar do hit de mais sucesso da cantora, sobre sua composição e sucesso, a música Bigode Grosso.

Sentimos a necessidade de situar o funk, trazer para a localidade, para a cidade de Juiz de Fora. Outras pesquisas foram realizadas e foi decidido entrevistar a cantora de funk conhecida no município, Mc Xuxú. O objetivo na última entrevista era encerrar a matéria de maneira descontraída, mostrar outra vertente do funk feita para o público homossexual e transexual, e que combate o preconceito através da música.

Nas gravações foram feitas várias imagens dos eventos, de pessoas dançando, conversando, se divertindo nas festas, para que no momento da edição, estivessem disponíveis imagens diversas e dinâmicas. Algumas músicas utilizadas na matéria foram das próprias gravações, outras, fornecidas pelos artistas na internet.

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No fim das gravações, as duas repórteres se reuniram e decidiram como seria a edição da reportagem. A matéria foi construída de maneira dinâmica, descontraída e ao mesmo tempo informativa. Durante a apuração, foi possível perceber que o funk está sendo mais aceito na sociedade, uma vez que foi possível cobrir eventos de classes sociais diferentes, demostrando que o ritmo é democrático e atrai todas as camadas da sociedade.

5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO

A reportagem sobre o funk trata-se de abordar as diversas formas de consumo do estilo musical por um público que está a cada dia mais diversificado. A estrutura é o modelo de entrevista com pergunta-resposta. Por meio das opiniões de pessoas que vivem do funk, os diversos olhares sobre que vem surgindo sobre esse estilo musical. Os repórteres fazem uma abertura sobre o tema relembrando a trajetória do funk e, ressaltantando as mudanças no ritmo com o passar dos anos.

A primeira apresentadora discorre sobre as mudanças que ocorreram no funk, e a adesão do público, dizendo que “O funk sofreu e ainda sofre muito preconceito, mas essa situação vem mudando aos poucos. Apesar das críticas ele embala as festas, alcança as mais diversas camadas da sociedade, mas quando o dj toca, ninguém fica parado”. Em seguida, outra repórter, conta sobre os variados estilos musicais dentro do funk. “Hoje em dia tem funk para todos os gostos. Começando pelos clássicos de Claudinho e Buchecha, passando pela batida romântica do funk melody, até os funks ostentação e as mega produções. Muitos dizem que seu berço foi o Rio de Janeiro, mas é certo que hoje o funk está espalhado por tido Brasil”, conclui.

O grande diferencial desta matéria está na forma de abordagem do conteúdo: diversos cantores, cada um com seu estilo e características musicais, discutindo a história do funk, como ele é visto pela sociedade e quais são as expectativas sobre o futuro do ritmo no mercado da música. As próprias repórteres conduzem a reportagem e, a inserção de offs e clipes das musicas mencionadas durante as entrevistas, separam as entrevistas.

Durante a entrevista, as fontes analisaram a atual projeção do funk na sociedade, o público que consome o ritmo, o preconceito que envolve o tema, as mudanças, e o futuro do estilo musical no mercado da música.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Produtora de Notícias Funk foi uma grande experiência e oficina jornalística. As pessoas envolvidas diretamente com a produção do trabalho tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre o ritmo do funk e quebrar seus tabus em relação ao ritmo musical. O desafio foi escolher o que abordar de um tema tão vasto e retratar tudo em aproximadamente oito minutos. Uma das propostas é que ao final da reportagem os espectadores sentem a necessidade de ter mais contato com o ritmo do funk, ficando com a vontade de dançar ou até mesmo de ir a um show do referido estilo musical. Além disso, o Produtora de Notícias contribui para a formação profissional dos graduandos em Comunicação Social da UFJF uma vez que é uma oportunidade de aprendizado prático e espaço para discussões sobre o fazer jornalístico. Vale destacar que as etapas de produção, cinegrafia, apresentação e edição são inteiramente desenvolvidas pelos alunos bolsistas e voluntários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COUTINHO, Iluska; FERNANDES, Livia. Telejornalismo local e Identidade: O Jornal da Alterosa e a construção de um lugar de referência. In: VII Encontro de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, 2007, Juiz de Fora. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2007/resumos/R0498-1.pdf>. Acesso em: 23 abril 2015.

DIAS, M. T. (2000). Os Donos da Voz Indústria Fonográfica Brasileira e Mundialização da Cultura. São Paulo: Boitempo.

HERSCHMANN, M. (2000). O Funk e o Hip invadem a cena no Rio de Janeiro: UFRJ. MATTA, F.L. (21 de maio de2009). O Funk no Brasil. (L.'R.'VIANA, Entrevistador). SANDINI, Silvana Maria. Abrapcorp. In: CONGRESSO BRASILEIRO CIENTÍFICO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL E DE RELAÇÕES PÚBLICAS, v.4, 2010, São Luís. Web 2.0: a cauda longa da agenda setting. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2010. 11. Disponível em:

<http://www.abrapcorp.org.br/anais2010/GT3/GT3_Sandini.pdf>. Acesso em: 24 abril 2015.

SÁ, S.P. (2007). Funk Carioca: música eletronica popular brasileira?!e-compós.

Referências

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