Coronaviroses em Felinos
Aline Santana da Hora, PhD
Pós-Doutoranda do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal
Coronaviroses Felina
1. DEFINIÇÃO 2. DISTRIBUIÇÃO 3. IMPORTÂNCIA 4. ETIOLOGIA 5. FISIOPATOLOGIA 6. IMUNIDADE 7. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 8. DIAGNÓSTICO 9. PREVENÇÃO E CONTROLE 10. TRATAMENTO 11. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA1.DEFINIÇÃO
1 VÍRUS FCoV 2 BIOTIPOS FECoV FIPV ENTERITE POR CORONAVÍRUS PERITONITE INFECCIOSA FELINA1. DEFINIÇÃO
ENTERITE POR CORONAVÍRUS:
enfermidade
altamente infectocontagiosa do trato intestinal
de felídeos com baixa letalidade causada pelo
Coronavírus Entérico Felino (FECoV).
PERITONITE INFECCIOSA FELINA (PIF):
enfermidade infectocontagiosa sistêmica de
felídeos com elevada letalidade ocasionada pelo
2. IMPORTÂNCIA
• Não é zoonose
• Importância:
– dificuldade controle do vírus,
– dificuldade diagnóstica (FECoV ou FIPV ?),
– complexidade viral (modelo outras doenças). – PIF:
• doença fatal e sem tratamento, • felídeos selvagens,
3. DISTRIBUIÇÃO
• Mundial
Prevalência maior nos últimos anos FCoV vírus altamente contagioso
Gêneros Subfamília Família Ordem Nidovirales Coronaviridae Coronavirinae
• Grande diversidade de cepas dos FCoVs ( tx recombinação)
– 2 sorotipos (proteína S):
• tipo I (+ prevalente, única de feinos) • tipo II (cultiváveis, recombinação) – 2 biotipos:
• vírus entérico (FECoV)
• vírus da peritonite infecciosa felina (FIPV)
PIF
1
0
0
nm
Proteína S:
• Principal Ag – prod. Ac neutralizantes • Ligação vírus-cl hospedeiro
• Fusão vírus-membrana cl hospedeiro
Proteína N:
• “Proteção ao RNA”
• Participa da replicação e transcrição
Proteína M:
4.ETIOLOGIA
Organização do genoma FCoVs
• Genoma 29.000 nucleotídeos
– Qual mutação causa PIF?
•
Potencial para mutações :
• Patogenia (PIF)
• Falhas vacinais (aves)
Diarréia/ vômito Replicação Principal// ID Inf. assintomática Raramente fatal Filhotes: disseminação viral nas fezes
Tropismo
5. FISIOPATOLOGIA
Coronavírus Entérico Felino (FECoV)
Pedersen, 2009
Maioria dos gatos: 2-3 meses de
5. FISIOPATOLOGIA
Vírus da PIF (FIPV)
Tropismo Inf sistêmica PIF Seca Efusiva Vasculite e poliserosite Efusões Lesões granulomatosas em órgãos Sinais clínicos variáveis
de acordo com as lesões Óbito em 2 a 200 dias Hora, A.S. 2010 Pedersen, 2009 Inflammatory storm HORA, A.S. 2011
6. Imunidade
• Imunidade humoral forte + celular
intermediária
• Forte resposta humoral + celular mto fraca ou inexistente
PIF SECA x PIF EFUSIVA
Forte e precoce resposta celular:
não desenvolve PIF (macrófagos)
7. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
CORONAVÍRUS ENTÉRICO FELINO
• Infecções inaparentes
• Diarreia transitória, leve e autolimitante
• Vômitos (raros)
• Quadros mais graves (perda peso, diarreia,
vômito) não responsivos ao tto
RAROS
7. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
VÍRUS DA PERITONITE INFECCIOSA FELINA
EFUSIVA NÃO EFUSIVA (SECA)
Distensão abd (ascite) Sinais neurológicos: ataxia, nistagmo e convulsões, dentre outros...
Dispnéia, taquipnéia, sons cardíacos abafados (efusão torácica)
Dispnéia
Anorexia, perda de peso Apatia, anorexia, perda de peso Pirexia leve Pirexia leve
Mucosas pálidas ou ictéricas Mucosas pálidas ou ictéricas Palpação: aumento linfonodos
mesentéricos, massas abdominais (aderências de vísceras e omento)
Palpação: aumento linfonodos mesentéricos, irregularidades
nodulares em rins e outras vísceras Oftalmopatias
8. CADEIA EPIDEMIOLÓGICA
FONTES DE INFECÇÃO VIA DE ELIMINAÇÃO
Fecal (2º dia PI) 75 - 100% gatos de gatis PORTA DE ENTRADA Oral SUSCETÍVEIS •Gatos 3 - 16 meses •Gatos idosos
•Raça (persa, himalaio, bengal …linhagens sanguíneas) ou de abrigos (2,3x mais chances) •FIV e FeLV
•Estresse
PIF
•5- 12% •0,6 – 0,8%
Outras espécies suscetíveis
• Gato selvagem( Felis silvestris ) • Leão ( Panthera leo ),
• Tigre( P . tigris ),
• Onça pintada ( P . onca ),
• Leopardos ( P . pardus ),
• Gato do deserto ( Felis margarita ), • Puma ( F . concolor ),
• Caracal ( Caracal caracal ) • Serval ( Felis serval )
• Lince( Lynx lynx )
• Bobcat ( Lynx rufus )
• Guepardo( Acinonyx jubatus )
9. DIAGNÓSTICO ENTERITE POR CORONAVÍRUS
• RT-PCR FCoV
• Exclusão outras
causas
10. DIAGNÓSTICO PIF
• Antemortem:
– Histórico dos fatores de risco – Manifestações clínicas
– Alterações de patologia clínica + exames de imagens
– Sorologia
– Biologia Molecular
• Posmortem:
Manifestações clínicas
PIF efusiva
Lloret A., 2009
Williams, 2010
Manifestações clínicas
PIF seca
Lloret A., 2009 Déan E., 2009 UVEÍTE Fibrina, hipópio, preciptados ceráticos humor aquoso turvo,Dreschsler Y., 2011
• Atividade das enzimas hepáticas
• Bilirrubina
• Uréia e creatinina
Parâmetros de patologia clínica
Parâmetros de patologia clínica
• Hiperproteinemia
>12g/dL
– globulinas (Ac, complemento, imune complexos)
– Relação albumina:globulina baixa (<0,8)
• Hipoalbuminemia
– lesão hepática
Parâmetros de patologia clínica
• Concentração de
proteínas de fase aguda
:
– Glicoproteína ácida -1– plasma ou efusão
• Gatos com sintomas>1,5g/L • Gatos sem sintomas >3,0g/L
Parâmetros de patologia clínica
• Efusão cavitária
– Amarelo claro a escuro, podendo ser vermelha, rósea ou branca (quilo)
– Consistência viscosa – Fibrina
– Transudato modificado a exsudato, proteína >3,5g/dL
• Efusão peritoneal (58%) • Efusão pleural (11%)
• Citologia da efusão:
baixa celularidade (<5.000
cls nucleadas/mL)
– Macrófagos
– Neutrófilos (não degenerados ou com leve degeneração nuclear)
– Fundo proteináceo denso
• Pt>3,5g/dL
– Linfócitos e plasmócitos
Parâmetros de patologia clínica
Parâmetros de patologia clínica
• Teste de Rivalta
– Falso negativo: • peritonite bacteriana – Falso positivo: • linfoma Hartmann, 2005Sorologia
• Anticorpos anti-FCoV (IFI, ELISA, ELISA
comercial in-practice)
– IgG
• Antígenos (IF)
• Amostras:
– Soro
– LCR ( correlação)
– Efusão (só com títulos altos) – Cortes histológicos
• Sorologia pareada e sempre no mesmo
laboratório
• Os gatos doentes geralmente não são monitorados previamente (fase de platô dos Ac)
Detecção de anticorpos anti-FCoV
• Diagnóstico extensivamente usado
• Não diferencia
– FECoV de FIPV
– Vacinação de exposição/infecção
• Diluições 1:5, 1:25, 1:100, 1:400, 1:1.600,
1:6.400...
– GATOS SAUDÁVEIS: títulos altos e crescentes
– GATOS COM PIF: 10% não apresentam níveis altos (complexos Ag-Ac)
Detecção de Antígenos
Imunofluorescência
• VPP 100%
• VPN 57%
– Complexo Ag-Ac – Baixa quantidade de macrófagos Hartmann , 2003Testes moleculares
RT-PCR
• Regiões conservadas: pol, 3´UTR • Amostras: – Sangue – Efusões – Tecidos... • degradação • Falsos positivos
– Não diferencia biotipos
• Falsos negativos
– Amostra
– Fase doença – Primers...
Testes moleculares
RT-PCR para o RNAm
Histopatologia
Rim
Pedersen, 2009 PIF seca Macrófagos, linfócitos e plasmócitosImunohistoquímica
• Detecta Ag dos FCoVs nos tecidos
• Não diferencia os biotipos FECoV e FIPV
Pedersen, 2009
Piogranuloma:IgG ao redor e dentro de macrófagos e plasmócitos
PIF efusiva: macrófagos corados (Ag)
Imunohistoquímica
Serosa
Imunohistoquímica
Rim
Pedersen, 2009 Pedersen, 2009 PIF seca: < n de macrófagos corados (Ag)Imunohistoquímica
Pedersen, 2009 Piogranuloma: Ac imunofluorescente para C3Prevenção
Prevenção
• Controle de co-infecções (FIV, FeLV)
– Segregação gatos infectados – Despopulação?
Prevenção
• Redução estresse
– Ruídos – Densidade populacional – Condições ambientais glicocortic óides Estresse crônico Prejudica cls T IFN PIF Imuni dade CelularPrevenção
• FCoV sobrevive por 7 dias em ambientes
secos
• Limpeza e desinfecção são essenciais!!!!
• Remoção debris + água sanitária 1:10
• Amônia 4
ternária, clorexedine e compostos
fenólicos possuem atividade limitada
contra vírus envelopados
Tratamento
• Nenhum antiviral é efetivo
• Interferon
humano: VO contraindicado
(imunoestimulante), SC inefetivo
Tratamento
• Tratamento de suporte:
– Glicocorticóides (prednisolona e dexametasona): doses imunossupressoras
– Ciclofosfamida ou Clorambucil em associação com glicocorticóides
Tratamento experimental
• POLIPRENIL:
imunidade celular
– 3 gatos testados
– 2 viveram mais de 2 anos – 1 morreu após 14 meses