• Nenhum resultado encontrado

Discussão étnico-racial na educação infantil sob a perspectiva de professoras.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Discussão étnico-racial na educação infantil sob a perspectiva de professoras."

Copied!
62
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

ERIDIANY BEZERRA GOMES

DISCUSSÃO ÉTNICO-RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL SOB A

PERSPECTIVA DE PROFESSORAS

CAJAZEIRAS-PB 2018

(2)

DISCUSSÃO ÉTNICO-RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL SOB A

PERSPECTIVA DE PROFESSORAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia, da Unidade Acadêmica de Educação (UAE), do Centro de Formação de Professores (CFP), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) – Campus de Cajazeiras/PB, como requisito para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia.

Orientadora: Profª Dra. Zildene Francisca Pereira

CAJAZEIRAS-PB 2018

(3)

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação - (CIP) Denize Santos Saraiva Lourenço - Bibliotecária CRB/15-1096

Cajazeiras - Paraíba G633d Gomes, Eridiany Bezerra.

Discussão étnico-racial na educação infantil sob a perspectiva de professoras / Eridiany Bezerra Gomes. - Cajazeiras, 2018.

62f.

Bibliografia.

Orientadora: Profa. Dra. Zildene Francisca Pereira.

Monografia(Licenciatura em Pedagogia) UFCG/CFP, 2018.

1. Educação infantil. 2. Questão étnico racial. 3. Formação de professores. 4. Preconceito. 5. Discriminação. 6. Racismo. 7. Sala de aula. I. Pereira, Zildene Francisca. II. Universidade Federal de Campina Grande. III. Centro de Formação de Professores. IV. Título.

(4)
(5)

Dedico esse trabalho a minha vozinha, Pedrina Lisboa da Conceição “ANJINHA”, o apelido mesmo já diz, anjo de nossas vidas, que com sua fé e devoção fez promessa para que eu pudesse ingressar na Universidade, e hoje aqui estou prestes a me formar graças as suas orações. Sei que você não está mais entre nós, mas vai estar para sempre no meu coração, sempre vou lembrar-me de ti, aquele semblante de paz, mesmo diante de tanto sofrimento não deixava se abater permanecia forte e guerreira, e com suas sábias palavras me disse “minha neta se você tiver fé você consegue, não desista, sua graça será alcançada” (In memoriam).

(6)

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, luz da minha vida, inspiração de todas as horas, motivo pelo qual eu respiro e existo, a quem eu devo a vida e todo o resto, obrigada por me presentear com tudo que tenho, só tenho a agradecer a cada instante. Como já mencionei minha promessa foi alcançada graças ao meu menino Deus, padroeiro da nossa cidade, fonte de milagre e de fé, ao qual destaco o refrão do seu hino “Menino Deus, protege esta cidade, pois o povo dessa terra te ama de verdade!”. Meu menino Deus não sei o que seria de mim sem ti, por ti e para ti toda honra e toda glória.

Minha mãe, Preta que nunca me deixou desistir, sempre me apoiando, me dando colo nos momentos de fraqueza, você é minha fortaleza sei que posso sempre contar contigo, eu tenho certeza de pouca coisa na minha vida, mas uma que eu tenho certeza absoluta é que você não decepciona nunca. És a única que está disposta a entrar no fogo por mim e enfrentar quem for. Por isso, te amo imensamente. Sou parte de ti.

Pai, Alcino, homem de fibra, obrigada por me incentivar mesmo com pouco estudo tem uma inteligência surpreendente, dádiva de Deus. Fala orgulhoso que seus dois filhos fazem faculdade, que era um sonho dele, mas que estamos realizando, já que não teve oportunidade. Apesar da situação financeira não ser das melhores sempre arrumou uns trocados para eu levar para universidade. Não esqueço sua a felicidade quando eu disse que havia passado no vestibular. Tenho muito orgulho do senhor meu pai, queria eu poder realizar todos os seus sonhos, mas fique sabendo que farei o possível para te deixar feliz.

Meu irmão, Deorcindo, agradeço por me ajudar mesmo às vezes com raiva sempre facilitava as coisas durante a minha jornada inteira na universidade, me deu apoio sempre que eu mais precisei. Agradeço a Deus por ter um irmão como você, te amo viu meu turrão. Ao meu namorado, Jorginho, o meu muito obrigada pelo amor, carinho, compreensão, dedicação e, principalmente, paciência nos meus dias de estresse, que quase sempre acabei descontando em você. Sempre que fiquei aflita sem saber o que fazer você me apoiou e dizia sempre, você vai conseguir, vai dar tudo certo, tenha paciência, mas você sabe eu sou impaciente, ansiosa, estressada e enraivada, por isso Deus colocou você no meu caminho, o oposto de mim, te amo meu poço de calmaria.

Quero agradecer a cada um dos meus amigos e amigas que me deram força e coragem durante esse trajeto até aqui, minhas amigas irmãs: Elany, Frediana e Clênia, que sabem de todas as minhas confidências, angústias e desabafos. Aos meus amigos e colegas de sala,

(7)

vocês são parte da minha vida, os amo muito mesmo. Geferson sempre nos recebeu em sua casa não poderia deixar de agradecer a hospitalidade e o carinho de sua família, espero um dia poder retribuir um pouco tudo o que você fez por mim. Junior, meu amigo nem sei o que teria feito no início sem sua ajuda, você me guiou no momento mais difícil, obrigada por tudo. Lindemberg, obrigada também pela ajuda e pelas oportunidades que você me proporcionou. Não poderia deixar de mencionar e agradecer grandemente meu amigo e irmão postiço Edmontiê Junior, que no início do curso foi meu porto seguro e me ensinou a fazer os trabalhos acadêmicos, te dei muito trabalho sem dúvidas, por isso, obrigada por tudo. Não poderei esquecer de agradecer ao meu queridíssimo amigo João Marcos que me forneceu todo o material que serviu de suporte para o embasamento teórico.

O meu obrigada especial a minha queridíssima orientadora Zildene Francisca Pereira, por me aceitar como orientanda, mesmo com tudo contra, o tema que escolhi não era da sua área, você já estava cheia de orientandos, mas mesmo assim, você deu seu jeitinho e me incluiu, e ainda bem, porque eu não ia deixar você em paz, eu já tinha te escolhido desde o primeiro dia da sua aula de estágio, eu disse: Clênia ela vai ser minha orientadora, isso foi antes mesmo de escolher o tema. Não me canso de agradecer, pois você foi um anjo no meu caminho, melhor orientadora eu não poderia ter. É uma honra, Obrigada de coração viu!

Agradeço também a cada um dos meus professores da academia, que contribuíram para o meu conhecimento e aprendizado, saibam que graças a vocês eu cresci enquanto ser humano e profissional, hoje não sou mais a mesma, o conhecimento é tudo, e eu antes de ingressar na universidade vivia na sombra dos outros. Hoje tenho outro conceito de vida.

Obrigada aos participantes da banca de defesa, Maria Thaís de Oliveira Batista; Belijane Marques Feitosa e Viviane Guidotti Machado, que aceitaram os convites, espero que possamos atender as expectativas.

Agradecer ao professor Rômulo que por seu incentivo na disciplina Seminários Temáticos II, viu a possibilidade de nos ajudar a iniciar o TCC, e sem dúvida foi uma iniciativa brilhante, passamos por aperreios, choramos, mas para mim foi uma experiência única, onde pude vencer alguns medos, por exemplo, de apresentar o tema para todos os colegas, fiquei nervosa, com medo e no fim apresentei, Dena e Junior sabem da minha aflição nesse período, enfim passou e hoje estou aqui agradecendo a ele. Ele disse que um dia íamos agradecer a ele pelo empurrão que no período achamos ruim e hoje vemos que ele só quis ajudar. Um abraço professor!

(8)

sua ajuda foi de fundamental importância no andamento do projeto, suas indicações e opiniões me ajudaram positivamente no processo de construção.

Enalteço, também, Zarinha e Gledson por me ajudarem nesse trajeto me incentivando e cooperando com o trabalho. Muito obrigada!

Aos participantes entrevistados agradeço grandemente pelo tempo que dispuseram e pela cooperação, afinal, ajudaram a dar corpo ao meu trabalho.

Por fim, reforço o agradecimento a todos, pelo carinho, confiança, companheirismo e motivação. Sem vocês não seria possível chegar aonde cheguei.

(9)

Apresentamos, neste trabalho, uma discussão voltada para a temática étnico-racial na Educação Infantil, tendo como problema de pesquisa: Como professoras intervêm na questão racial, em sala de aula, a partir do momento em que percebe a incidência de preconceitos entre as crianças? E para responder à problemática temos como objetivos: analisar a concepção de professoras com relação à discussão racial na Educação Infantil; conhecer o que professoras pensam acerca da questão étnico racial e suas implicações para o processo educativo; identificar metodologias utilizadas, por professoras, que levem em consideração o desafio de desconstruir os conhecimentos prévios acerca do preconceito racial em sala de atividades educativas; e discutir se a pré-escola oferece formação continuada para professores para tratar da temática racial. Para o estudo da temática trazemos ideias de autores como: Dias (2012), Duarte (2011), Ferreira (2008), Rosemberg (2011), Santana (2006), Silva e Souza (2013), dentre outros. Trazemos, ainda, algumas legislações que estabelecem a obrigatoriedade que envolvem a temática em questão. O capítulo metodológico está subdividido em cinco subtópicos, iniciando-se com o tipo de abordagem qualitativa. Quanto aos sujeitos e a unidade pesquisada, entrevistamos quatros professoras que trabalham com crianças na faixa etária de 4 e 5 anos de idade da Educação Infantil na região de Cajazeiras/PB. Fizemos uso da entrevista semiestruturada e para a técnica de análise optamos pela análise de conteúdo. Diante das análises constatamos que a discussão étnico-racial não acontece como deveria, somente se discute em datas comemorativas, principalmente em 20 de novembro em virtude do dia da consciência negra. Não há formação para professores, só existe um projeto desenvolvido, anualmente, criado pela Secretaria de Educação do município para subsidiar todas as escolas da rede municipal de ensino e para todas as faixa etárias. As professoras, ainda, enfatizam que essa discussão também flui no cotidiano, quando acontece algum preconceito racial em sala de aula e, a partir do fato é que acontece a intervenção e a conscientização. Por fim, vimos que vivemos, ainda, numa cultura enraizada de preconceitos dos mais diversos e que as crianças são vítimas dessa situação. Cabe aos professores intervir e discutir essa temática em sala de aula, a partir de uma formação específica que contemple essa discussão, só assim poderemos, aos poucos, desconstruir o preconceito existente.

Palavras-chave: Étnico-racial. Educação Infantil. Formação de professores. Preconceito. Discriminação.

(10)

At this paper, we show a discussion about the following theme of ethnic-racial in Child Education, which it has like a research problem: How do the teachers intercede in the racial subjects into classrooms from the moment they notice the incidence of prejudice among kids? In order to answer this question we have some aims like: analyze women teachers’ conception regard to racial discussion in Child Education; to know what they think about this issue and its implications in educative process; to identify teaching methodologies used by teachers which take into account the challenge to deconstruct previous knowledge about racial prejudice in classrooms; and engage a conversation if pre-school offer recurrent training to teachers deal with this problem. To study this theme we brought in some authors’ ideas, for instance, Dias-2012, Duarte-2011, Ferreira – 2008, Rosenberg – 2011, Santana- 2003, Silva and Sousa-2013. We also draw attention to some legislation that establishes obligation what includes the topic we are talking about. The methodology chapter is subdivided in five subtopics, it begins with qualitative approaching. As regarding people and the researched unit, we interviewed women teachers that work with four or five-year-old kids from Child Education in region on the Cajazeiras City- Paraíba. We performed a semi structured interview and we decide in favor of a content examination like an analysis technique. In face of that analysis we testify that ethnic-racial discussion does not happen how it should be. The subject just comes up when there are commemorative dates like November 20th the Black Conscious day, but there is no teacher training, only a yearly developed project created by Board of Education in urban community in order to help all schools in the county that work with every age group. The women teachers emphasize it is a daily discussion and, from the moment, some sort of prejudice occurs in the classroom there is an intervention and awareness. At least, we notice we still live in a culture where preconception had taken root and kids in general are the victims. So, it is teachers’ responsibility intervene and dialogue the topic under consideration, assisted by a recurrent training, as a result, we can, step by step, tear down the existing racism.

(11)

CFP – Centro de Formação de Professores CNE – Conselho Nacional de Educação

DCNEI – Diretrizes Curriculares Nacionais Para Educação Infantil ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

EIR – Estatuto de Igualdade Racial LDB – Lei de Diretrizes e Bases

UAE – Unidade Acadêmica de Educação

UFCG – Universidade Federal de Campina Grande UNICEF – Fundo das Nações Unidas Para a Infância

(12)

1. INTRODUÇÃO ... 12

2. DESVENDAR A HISTÓRIA: LEGISLAÇÃO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A DISCUSSÃO ÉTNICO-RACIAL... 17

2.1 Legislações acerca da discussão étnico-racial na Educação Infantil...19

2.2 Discussão étnico-racial na Educação Infantil a partir da implementação da lei 10.639/2003 ... 23

2.3 Formação de professores na/para Educação Infantil: conhecimentos e metodologias acerca da discussão étnico-racial... 26

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 30

3.1 Abordagem e a natureza da pesquisa ... 30

3.2 Objetivos e procedimentos ... 31

3.3 Sujeitos e a unidade pesquisada... 32

3.4 Instrumentos de coleta de dados ... 33

3.5 Técnica de análise dos dados ... 35

4. EXPOSIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS A PARTIR DO DISCURSO DOCENTE ... 37

4.1 Formação de professores e práticas pedagógicas que favorecem a discussão étnico-racial com crianças na Educação Infantil...37

4.2 Experiências em sala de aula: repensar o preconceito racial entre crianças, sob a perspectivas de professoras...45

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...52

REFERÊNCIAS...56

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...59

(13)

1. INTRODUÇÃO

Quero rever a história, "Recontar" a História De um povo negro guerreiro ressurgido em mim E conhecer a história e transmitir a História De um povo que luta até o fim. (UNIDADE RACIAL – O Negro em Construção - 2012)

O objeto de pesquisa deste trabalho foi a discriminação racial na Educação Infantil na perspectiva de professoras. A motivação para pesquisar sobre este tema surgiu a partir da disciplina “Educação, cultura e diversidade, com carga horária de 60 horas aula, no curso de Pedagogia. A disciplina teve como proposta curricular uma iniciativa motivadora, organizada em eixos reflexivos: o primeiro foi organizado para pensar e conceituar palavras como educação, cultura, diversidade, diferença, raça, etnia e racismo; os tipos de racismo: individual, institucional e cultural, embasando o preconceito, discriminação e estereótipo; em um segundo momento tivemos acesso a vídeos, filmes, músicas e textos que tratavam da história da África, retratando uma história rica de valores, culturas e ideais que foram subjugados e indesejados aos olhos dos que fazem parte da elite europeia, dentre os utilizados podemos citar: “Kiriku”, “Amanda e Monick”, “Africanos no Brasil: saberes trazidos e ressignificações culturais”, “O olhar imperial e a invenção da África”, “O ocidente poderá ouvir a voz que vem da África?”, “Introdução ao racismo”, “Identificando o racismo, o preconceito e a discriminação racial na Escola”, “O currículo e as diferenças sexuais e de gênero”, “Direitos humanos e as relações étnico-raciais e de gênero”, entre outros; a questão de gênero também teve respaldo importante na disciplina, evidenciando sexualidade e a complexidade das diferentes orientações sexuais e identidades de gênero, ainda então ser negro em meio a essa relação; frisou sobre os direitos humanos, do simples direito de ir e vir como cidadão da sociedade e outras diversidades que complementam esses direitos.

Após essa disciplina pudemos construir um novo conceito de História da África, que até então era desconhecido não só a mim, mas aos meus colegas de curso, sobretudo, considerando discussões mais aprofundadas de que nós brasileiros somos todos Afrodescendentes, temos sangue de negros em nossas veias e não podemos negar nossas origens, tendo a escravidão como um marco importante da nossa história. Desvendar o que há por trás da escravidão, foi de fundamental importância para a minha formação enquanto futura Pedagoga.

Em meio à problemática firmei a premissa de que a criança não nasce preconceituosa, mas é em meio a sociedade, a família e até na própria escola que é cultuado e concebido o

(14)

preconceito; portanto, nós enquanto futuros professores precisamos intervir nesse tipo de situação, levando em consideração metodologias que quebrem os paradigmas dos livros didáticos e até mesmo da ideologia impregnada, para tentar reverter, na criança, impactos negativos e construir novos paradigmas, especialmente, na Educação Infantil que é a etapa fundamental, pois as crianças estão em constante processo de construção e reconstrução de conhecimentos e abertas às aprendizagens.

Para dar respaldo teórico-metodológico ao estudo, a pesquisa foi fundamentada em documentos legislativos como: Estatuto da Igualdade Racial (EIR) de 2013; Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (2013). E os estudos de: Dias (2012); Ferreira (2008); Santana (2006); Silva e Souza (2013); Rosemberg (2011) e outros que problematizam a temática.

Assim, este estudo terá como principal indagação: Como professoras intervêm na questão racial, em sala de aula, a partir do momento em que percebem a incidência de preconceitos entre as crianças? A pesquisa tem relevância acadêmica e social, por contribuir com um material teórico-metodológico para abordagem dos professores da Educação Infantil e como resultados de pesquisa, reverenciando metodologia que possam ser adotadas tanto por professores da Educação Infantil, quanto para futuras pesquisas a respeito da temática.

Para responder a estes questionamentos traçamos alguns objetivos que estão assim descritos: analisar a concepção de professoras com relação à discussão racial na Educação Infantil; conhecer o que professoras pensam acerca da questão étnico-racial e suas implicações para o processo educativo; identificar metodologias utilizadas, por professoras, que levem em consideração o desafio de desconstruir os conhecimentos prévios acerca do preconceito racial em sala de atividades educativas; e discutir se a pré-escola oferece formação continuada para professores para tratar da temática racial.

Para dar aporte e embasamento teórico-metodológico a esse trabalho realizamos um levantamento acerca da temática étnico-racial na Educação Infantil, utilizando com recorte temporal os estudos publicados entre os anos de 2013 a 2017. Nesse percurso foram encontrados 7 (sete) artigos que tratam do tema desta pesquisa, desses apenas 2 (dois) atendem as caraterísticas necessárias ao tema.

O primeiro tendo como título “As práticas pedagógicas de trabalho com relações étnico-raciais na escola na perspectiva de Lei 10.639/2003: desafios para a política educacional e indagações para a pesquisa” (GOMES e JESUS, 2013), faz-se necessário refletir sobre essas práticas com essa questão no espaço escolar. E nos leva a alguns questionamentos como: Será

(15)

se a lei está sendo efetivada? Se a escola e professores estão preparados para trabalhar nessa perspectiva? Então, nesse sentido, este trabalho relata um pouco sobre esse aspecto e nos faz pensar sobre tais indagações. Uma coisa é certa a lei assegura esses direitos, mas será que fornece o necessário para que ela se cumpra na realidade das escolas. É uma reflexão que devemos fazer constantemente e lutar cada vez mais para que esses direitos sejam cumpridos. O segundo artigo com título “Relações étnico-raciais no espaço escolar” (VERGULINO; SILVA; SILVA, 2013), busca saber como está sendo trabalhado esse contexto étnico-racial nas escolas, como os alunos nas suas diversidades se relacionam uns com os outros e, a partir da Lei 10.639/2003, o que mudou e quais estratégias estão sendo desenvolvidas nas práticas diárias dos professores tanto de redes privadas como de redes públicas, levando em consideração todas as etapas da educação. Vale ressaltar a importância de ter presente nos currículos esses eixos norteadores e diversificadores que abrem espaço para trabalhar desde a Educação Infantil até o ensino superior, trazendo diversos pontos positivos como, por exemplo, minimizar o preconceito existente na nossa sociedade, fazer presente a cultura africana que está presente hoje quase em tudo no nosso país, e que são de fato as raízes da história do povo brasileiro e passar um pouco dessa cultura riquíssima começando pelas crianças da Educação Infantil é um passo mais significativo ainda, pois, mesmo na sua complexidade de manejar a temática nessa faixa etária, a experiência é motivadora e inspiradora. Além disso, pode incentivar as crianças a aprender desde cedo um pouco da história do povo africano, deixando sempre claro que é um povo de história e cultura rica, buscando apagar a velha história que menospreza o negro e o relaciona apenas ao fato histórico da escravatura.

Após esse levantamento vimos que a maioria dos artigos encontrados é do ano de 2013, ano em que as discussões em torno da temática ganharam mais notoriedade devido, sobretudo, as lutas sociais em busca dos direitos que todo cidadão tem. Direitos estes, assegurados pelas leis do nosso país. Com essas lutas obtivemos algumas conquistas como o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (2013) e o EIR (2013). Esses dois documentos foram de extrema importância e relevância social e, através destes, as discussões acadêmicas foram fluindo.

Esse trabalho está organizado em três capítulos: o primeiro trata do referencial teórico em que relatamos um pouco da história dos negros antes da escravatura, história essa que, ainda encontra-se desconhecida ou ignorada por muitos, em vista de suas origens e seus direitos terem sidos negados e desrespeitados. Também abordamos sobre a história no processo de educação dos negros no Brasil, o qual foi um processo de dificuldades o seu acesso e direito a Educação.

(16)

O capítulo teórico está subdividido em três subtítulos: o primeiro está relacionado às legislações, que como bem sabemos ao longo dos anos, muitas reinvindicações foram feitas com o objetivo de inserir e assegurar os negros no meio escolar, bem como, a sua cultura. No segundo, destacamos a discussão étnico-racial a partir da implementação da Lei 10.639/2003, que é voltada para a implementação da história e cultura afro-brasileira no currículo da Educação Básica. E no terceiro subtítulo, ressaltamos a importância da formação de professores seja inicial ou continuada.

No segundo capítulo temos os procedimentos metodológicos no qual traçamos os passos para todo o percurso do presente trabalho e está subdividido em cinco subtópicos, iniciando-se com o tipo de abordagem qualitativa. Fizemos uso da pesquisa exploratória, que também pode ser classificada como pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Desse modo, quanto aos procedimentos fizemos uso das pesquisas Bibliográfica e Documental. Quanto aos sujeitos e a unidade pesquisada, entrevistamos quatro professoras que trabalham com crianças na faixa etária de 4 e 5 anos de idade da Educação Infantil de Cajazeiras - PB. Fizemos uso da entrevista semiestruturada e para a técnica de análise optamos pela análise de conteúdo.

O terceiro capítulo é relativo às análises dos dados, o qual também está subdivido em dois eixos temáticos. O primeiro trata das quatro primeiras questões do roteiro de entrevista, que evidenciam os seguintes contextos: se as professoras conhecem a lei 10.639/2003, se existe alguma formação voltada para discussão étnico-racial, se a instituição oferece meios ou recursos para trabalhar a temática e se ela é de fato trabalhada com as crianças. O segundo eixo dá ênfase às três últimas questões do total de sete, que correspondem aos questionamentos: se existe alguma experiência que tenha marcado as professoras com relação à discussão étnico-racial na Educação Infantil, se elas já presenciaram cenas que as fizeram compreender que era preconceito racial entre as crianças e a compreensão de cada professora a respeito do que seja preconceito racial e ao mesmo tempo se elas acreditam ser possível que crianças tenham preconceito racial.

Nas considerações finais, entendemos que é preciso que haja uma maior discussão sobre as questões étnico-raciais no âmbito da Educação Infantil, por isso é preciso que os profissionais que atuam nessa área estejam preparados para agir em situações que envolvam algum tipo de preconceito e/ou discriminação racial. Dessa forma, na sua formação inicial é importante que o professor tenha ciência de todas as diversidades culturais e étnicas que irá encontrar no contexto escolar.

(17)

2. DESVENDAR A HISTÓRIA: LEGISLAÇÃO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A DISCUSSÃO ÉTNICO-RACIAL

A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade.

(FREIRE, 1989, p. 67)

A História da África é desconhecida aos olhos da sociedade ou, de certa forma, é mascarada por ela no intuito de esconder o que esse povo sofreu e ainda sofre em meio ao preconceito enraizado e cultuado pela ideologia dominante. No entanto, através de muitas lutas e muito sangue derramado, os negros vêm superando e vencendo as barreiras que os impedem de serem cidadãos com direitos como qualquer outro ser humano e, para entendermos melhor como se deu esse processo histórico, abordaremos um pouco como se deu a História dos negros até chegar à escravatura, porque de fato nunca para-se para refletir o que houve antes da escravidão, o porquê deles terem sido escravos, e isso ocorre porque perpassa-se pelas etapas da educação e até mesmo pela história do povo brasileiro, remetendo o negro e sua história de vida à época da escravatura Esse povo nem sempre foi visto como gente que tem história, raízes, cultura e um passado que desvela o que realmente aconteceu. Eles foram, na verdade, vítimas de uma atrocidade sem tamanho como poderá ser visto adiante. Para obtermos uma ideia concreta do que foi essa história vimos que

A África foi vítima do maior holocausto que o mundo já conheceu, desdobrado em dois momentos: o tráfico escravista árabe dos séculos VIII e IV e o mercantilismo europeu dos séculos XV e XIX. Além do objetivo imediato (caça de mão de obra cativa) o holocausto europeu dos últimos quinhentos anos também visou à aniquilação da identidade dos filhos da África e à sua integração ao modelo ocidental, considerado universal (NASCIMENTO, 2008, p. 29).

Desse modo, vemos claramente que esse povo foi visto sem cultura, sem valor, rebaixados a nada. Infelizmente, é dessa forma que eles são vistos na sociedade, mas acontece que esse povo tem uma história a ser contada, cultura e valores que foram extorquidos sem nenhuma consideração. Esses dois momentos descritos acima aconteceram pela consciência histórica racista do povo europeu que se apossaram de suas terras e os escravizaram, pelo único fato de serem negros. Isto era, na verdade, o “pecado” deles e, por isso, eram considerados inferiores e subalternos aos brancos. Nesse sentido, eles os usaram como propriedades ou

(18)

objetos, negando suas origens e qualquer direito de viver dignamente como qualquer ser humano. Diante dessa triste realidade histórica, podemos refletir acerca do que lhes foram retirados em se tratando de liberdade. Na realidade, o que restou a eles foi voltar ao passado e então construir novas raízes, ou seja, reaprender com o passado para reconstruir o presente e o futuro.

Cavalleiro (2000. p. 34, apud VERGULINO, SILVA E SILVA, 2013, p.116) aponta que: “Nós negros queremos apenas um lugar tranquilo para vivermos, construirmos os nossos lares e sermos respeitados, um lugar onde nossos filhos possam estudar, brincar e trabalhar sem serem motivo de chacota dos colegas”. Essa indagação é bastante nítida de um preconceito racial enraizado, pois sabemos que o racismo é um problema sério e não pode passar despercebido e infelizmente está muito presente no contexto escolar.

A história da educação dos negros no Brasil, também é um fator preocupante, pois eles não tinham direito à escolarização durante a escravatura e há poucos registros que comprovam que esse povo teve direito ao ensino em escolas após abolição. Nesse contexto Cruz (2005) discorre um pouco a respeito

Há cerca de 43 anos a história da educação brasileira tem seu espaço no currículo de formação do educador como uma disciplina específica. Porém, observando a bibliografia nesta área, teremos a nítida impressão da inexistência de experiências escolares dos negros em período anterior à década de 1960, quando a rede pública de ensino sofre vasta expansão do número de vagas (CRUZ, 2005, p. 21).

Com isso, podemos nos questionar sobre como o negro ingressou logo nos anos iniciais da República no campo intelectual, pois a carência de respostas para essas e outras questões, estão na falta de conteúdos na história da educação brasileira que contemplem as trajetórias educacionais e escolares dos afrodescendentes. Durante esse processo, tem ficado no esquecimento os temas e as fontes históricas que serviriam para ensinar e perpassar para nós no presente e os do futuro as experiências educativas, ou não, dos povos negros e, também, indígenas. Culturas essas integrantes da sociedade brasileira. Essas fontes, em vez de terem sido conservadas, foram extintas no processo de dominação e escravatura.

Nessa perspectiva, é possível construirmos uma nova história da educação brasileira, a partir de estudos nessa área “[...] visando refletir sobre a história da educação dos negros e sua invisibilidade na disciplina História da Educação Brasileira. Procura chamar atenção [...] para pesquisa, incorporação de conteúdos e temáticas dessa área para essa disciplina”, como bem

(19)

propõe Cruz (2005, p. 25). Diante do exposto, o referido autor ainda afirma que a “[...] realização de estudos e pesquisas sobre relações raciais nas escolas brasileiras tem ocorrido desde o final dos anos 1970, quando se vai perceber uma considerável presença de estudantes negros nas universidades públicas”. Percebemos, então, que não foi fácil a entrada dessa temática “Negro e Educação” no campo científico, tendo se tornado oficial no ano de 1998, o qual se deu por iniciativa dos próprios negros que buscaram, lutaram e até hoje lutam para conseguir direitos que por muito tempo foram tirados deles.

Ainda nesse sentido, Cruz (2005, p. 28) evidencia sobre o acesso dos negros as escolas públicas “Em relação ao acesso a escolas públicas, é possível inferirmos que a partir da segunda metade do século XIX há maior evidência da participação dos negros em processos de escolarização”. Nesse âmbito com relação às crianças negras, segundo Souza (1999, p. 118,

apud CRUZ, 2005, p. 29) “[...] ao estudar os sete primeiros grupos escolares instalados em

Campinas, no período de 1897 a 1925, identifica ‘a presença de crianças negras em fotografias de turmas de alunos de diferentes grupos escolares e em diferentes épocas’”.

Assim, podemos constatar a presença de crianças negras em escolas, como registros encontrados com os estudos realizados. Desse modo, conforme Barbosa (1997, apud CRUZ, 2005, p.29) “A biografia do professor Antônio Ferreira Cesariano Júnior é uma demonstração de como o espaço escolar cumpre em relação ao negro uma dupla função: veículo de ascensão social e instrumento de discriminação”. De fato, é complexo esse processo como é sabido, mas ao mesmo tempo é por meio da educação que os negros podem vencer esse dilema, por isso é importante nunca se darem por vencidos, persistir sempre em busca de direitos igualitários em todos os contextos.

Vimos, então, de forma geral e abrangente, a história do negro no processo educativo brasileiro. Essa historicidade foi se elencando, fincando raízes e, atualmente, os negros levando em consideração o contexto educativo já obtiveram muitas conquistas, apesar de ainda não terem sido suficientes e, em virtude disso, os movimentos e lutas não podem parar jamais para ter-se esperanças de um dia construirmos uma sociedade livre de preconceitos e com garantias de direitos igualitários a todos sem distinção.

2.1 Legislações acerca da discussão étnico-racial na Educação Infantil

As leis que regulamentam o Brasil com relação a escolarização dos negros, além de serem documentos fundamentais, são de relevância importante para todos os âmbitos, inclusive

(20)

para educação e a temática em estudo, pois elas asseguram e garantem os direitos de cidadãos perante a sociedade. Diante do exposto, traremos alguns importantes documentos que melhor se enquadra com o tema proposto. Com base nisso, a Constituição Federal de 1988, em seu Art. 208 traz que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: Educação Infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade. Rosemberg (2011), afirma que

A constituição federal de 1988 é, pois, a referência para as políticas públicas sociais contemporâneas, inclusive para educação infantil: foi ela que instituiu, pela primeira vez no país, que as crianças com menos de 7 anos têm direito a educação em creches e pré-escolas (ROSEMBERG, 2011, p. 18).

Com relação à cultura brasileira, a Constituição Federal de 1988, no Art. 215 estabelece que “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.” E ainda complementa no parágrafo primeiro que “O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”.

A Constituição Federal de 1988, como vemos, assegura a importância de ter conhecimento das culturas existentes, de ter acesso a ela e de valorizar essas culturas e as advindas de outros países e que, através do processo histórico, criaram raízes, e se tornaram parte da cultura brasileira, tornando-se, então, um país de diversidades culturais, a exemplo disso temos a cultura afro.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, DCNEI (2009), foi instituída para tratar das propostas pedagógicas para Educação Infantil, havendo interligações com a LDB, ou seja, as DCNEI confirmam artigos constantes na LDB, como podemos ter claro no artigo a seguir quando aponta que

Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, para orientar as políticas públicas na área e a elaboração, planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas e curriculares (BRASIL, 2009).

O Art. 5 das DCNEI (2009), e parágrafos segundo e terceiro, referencia fatores importantes, a serem observados e assim podemos destacar:

(21)

Art. 5º A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. § 2° É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de crianças que completam 4 ou 5 anos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula e § 3º As crianças que completam 6 anos após o dia 31 de março devem ser matriculadas na Educação Infantil (BRASIL, 2009).

O Art. 8 e inciso IX, trata das propostas de ensino. Podemos enfatizar que essas propostas são essenciais para o desenvolvimento pleno da criança em todos os sentidos. Além da valorização e do respeito às culturas existente desse país e, o mais importante, desmistificar o preconceito e a discriminação racial das salas de Educação Infantil. Como primeira etapa da educação, é de extrema importância trabalhar esses assuntos desde a infância, para assim construirmos uma sociedade livre de todos os tipos de preconceitos pré-existentes:

Art. 8º A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças. IX - o reconhecimento, a valorização, o respeito e a interação das crianças com as histórias e as culturas africanas, afro-brasileiras, bem como o combate ao racismo e à discriminação (BRASIL, 2009).

Esse artigo e inciso intitulados acima demostram clareza em relação às propostas curriculares para as crianças da Educação Infantil, respaldando a relevância da interação e apreciação das culturas existentes no Brasil, evidenciando a exploração dessas temáticas nessa faixa etária, combatendo a discriminação e o preconceito existente nesse meio.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº 9.394/1996, para situar a educação de modo geral, no artigo a seguir preconiza como ela dever ser quando enfatiza que

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996).

Nesse sentido, fica evidente que a educação deverá ser veiculada pela família em primeira instância e logo após o Estado é responsável pela continuidade dessa educação oferecendo uma educação de qualidade para que o cidadão possa se desenvolver e se qualificar

(22)

para a sociedade. Em seguida o Art. 3° trata dos doze princípios nos quais servirão de base para ministrar o ensino dentre eles, faço destacar o “XII – consideração com a diversidade étnico-racial”, esse princípio está veiculado diretamente com a temática abordada nessa pesquisa e, como se constata, destaca-se como o último princípio da Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/1996. Lei que estabelece toda a base da educação nacional e serve de base para todos os documentos que regem a educação brasileira. A partir disso traremos uma abordagem voltada para a Educação Infantil na Sessão II da LDB (1996):

Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996).

Sendo a Educação Infantil primeira etapa da educação básica, podemos afirmar que esta foi uma conquista, em vista de no passado a figura da criança das camadas populares ter sido menosprezada sem direito a educação. Desse modo, a LDB assegura a criança o direito a Educação Infantil contemplando-a em todos os aspectos. O Art. 31 mostra como será organizada a Educação Infantil, e nos incisos abaixo apontam as regras acerca dos seguintes aspectos:

I – avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; II – carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; III – atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; IV – controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; V – expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança (BRASIL, 1996).

A partir disso, a Educação Infantil terá uma organização curricular bem articulada para que melhor atenda a demanda dessa faixa etária, referenciando a avaliação, distribuição da carga horária, atendimento, frequência até a documentação necessária para efetivação desse processo de integração da criança na creche ou pré-escola.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990), no capítulo IV, o qual trata dos direitos das crianças e adolescente a educação; cultura; esporte e lazer, em seu Art. 53 assegura que “[...] a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”.

(23)

Além da lei que assegura o estudo sobre a história e a cultura dos negros, foi sancionada a Lei 12.288/2010, que em seu Art. 1º

[...] institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado à garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate a discriminação e às demais formas de intolerância étnica.

O Estatuto da Igualdade Racial foi outra conquista das lutas sociais, que busca assegurar os direitos igualitários dos negros como qualquer outro cidadão. O Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana traz como objetivo central:

Colaborar para que todos os sistemas de ensino cumpram as determinações legais com vistas a enfrentar as diferentes formas de preconceito racial, racismo e discriminação racial para garantir o direito de aprender a equidade educacional a fim de promover uma sociedade justa e solidária (BRASIL, 2013, p. 19).

A fim de tornar explícito num ângulo abrangente tentamos explanar, nesse tópico, a história do negro e sua jornada na educação brasileira e, com as legislações, tivemos um ponto norteador onde cada qual com suas especificidades relevantes tem relação significativa com a temática em estudo.

2.2 Discussão étnico-racial na escola a partir da implementação da Lei 10.639/2003.

Nesse contexto, abordaremos sobre o que mudou nos currículos escolares a partir da Implementação da LEI 10.639/2003, como será pautado adiante já que essa Lei foi alterada pela Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008, que destaca a importância das duas culturas existentes no Brasil a cultura Afro e a Indígena e como é relevante ser trabalhada essas temáticas também com as crianças da Educação Infantil, de forma que elas desde então possam tomar conhecimentos do quão importantes elas são na historicidade brasileira. Ainda, trataremos um pouco da discussão étnico-racial e de como essa questão se faz necessária na escola. De acordo com o que descrevem Gomes; Jesus (2013):

A aprovação e a paulatina implementação dessa legislação, fruto das pressões sociais e proposições do movimento negro brasileiro, juntamente com os demais aliados da luta antirracista, sinaliza avanços na efetivação de direitos

(24)

sociais educacionais e implica o reconhecimento da necessidade de superação de imaginários, representações sociais, discursos e práticas racistas na educação escolar. Implica, também, uma postura estatal de intervenção e construção de uma política educacional que leve em consideração a diversidade e que se contrapõe à presença do racismo e de seus efeitos, seja na política educacional mais ampla, na organização e funcionamento da educação escolar, nos currículos da formação inicial e continuada de professores, nas práticas pedagógicas e nas relações sociais na escola. (GOMES; JESUS, 2013, p. 22)

Diante desse relato minucioso que advém a partir da implementação da Lei 10.639/2003, percebe-se claramente que sua efetivação necessita da intervenção de uma conjunção de fatores englobados para um propósito: atingir discussão étnico-racial no espaço escolar e sua amplitude. Desse modo, não acontece de forma involuntária, mas, sim, no conjunto integrante do contexto escolar. Ainda nessa perspectiva Gomes e Jesus esclarecem:

[...] para avançar na compreensão do desenvolvimento da política antirracista na educação por meio da implementação da Lei 10.639/2003 e suas Diretrizes Curriculares Nacionais, bem como conhecer seus limites, saber ações e opiniões de gestores, docentes e estudantes, faz-se necessário mapear e analisar as práticas pedagógicas que vêm sendo realizadas e ouvir os principais sujeitos desse processo (GOMES; JESUS, 2013, p. 22).

Com isso, é possível termos uma base do que é preciso fazer para avançar positivamente e levarmos adiante o que é proposto pela lei. Para embasar teoricamente nossas reflexões acerca da discussão étnico-racial, temos um fator importante que alavancou as discussões sobre a temática em estudo quando na

LEI Nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências (BRASIL, 2003).

Mas no ano de 2008 houve uma modificação na Lei 10.639/2003 e implementação a nova Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008, que:

Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena (BRASIL, 2008).

(25)

Então, a partir dessa nova Lei 11.645/2008, a qual agora vigora, inclui, não somente, a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira, mas também o estudo da cultura indígena, que é a cultura originária do solo brasileiro e o Art. 26-A e seus parágrafos seguintes, faz constar as mudanças e alterações ocorridas:

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil;

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras (BRASIL, 2008).

Com isso, é relevante destacar que a cultura brasileira é formada a partir de três outras culturas: branca, negra e indígena e que nenhuma delas é superior. Todas possuem o mesmo valor significativo na construção da cultura brasileira. Vale ressaltar ainda que o artigo acima destaca o ensino fundamental e médio da educação básica, não englobando, assim, a Educação Infantil a qual deveria ser envolvida, pois é onde se inicia o processo de ensino, fazendo-se fundamental trabalhar essa temática em vista de já despertar o conhecimento, a valorização e o respeito para com essas culturas.

Conforme, Rosemberg (2011) os dados estatísticos são preocupantes em relação a situação das crianças negras na faixa etária de 0 a 3 anos que não dispõem de creche:

Analisando as taxas de frequências à creche e à escola dos diferentes segmentos raciais observamos que 84,5 % de crianças negras e 79,3% de crianças brancas não frequentavam a creche em 2008. A diferença do percentual de frequência entre crianças negras e brancas é reduzido: 5,2% (PNAD, 2008, apud IPEA, 2010) [...] Minha prioridade não seria atentar para os 5,2% de crianças negras que não atingem o mesmo patamar de frequência à creche que crianças brancas, mas os 84,5% de crianças negras de 0 a 3 anos que não dispõem de creche (ROSEMBERG, 2011, p. 37).

Ao tratar da questão racial não poderíamos deixar de comentar que no Brasil o racismo é considerado crime inafiançável, previsto na Lei n° 7.716/89, e esta determina a igualdade racial

(26)

e o crime de intolerância religiosa. Mas existe uma diferença entre racismo e injúria racial, e muitos não a conhecem, e o Código Penal em seu artigo 140 e parágrafo 3o estabelecem claramente quando ocorre Injúria e Injúria racial e penalidades aplicadas a cada uma. Já a Lei n° 7.716/89 nos artigos 5º e 6º delegará como ocorrem a prática do racismo:

CÓDIGO PENAL:

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor,

etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa. (BRASIL, 1940)

RACISMO: LEI: 7.716/89

Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador. Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau. Pena: reclusão de três a cinco anos (BRASIL, 1989).

Então, notamos, explicitamente, que o racismo evidencia a conduta discriminatória a determinado grupo, a injúria racial implica na ofensa a alguém referente a suas diversidades pessoais seja raça, cor e etc. Diante disso, podemos enfatizar que na maioria das vezes ocorre, em sala de aula, a injúria racial, ao invés do racismo, eles praticam ofensas com os coleguinhas devido aos variados tipos de preconceitos existentes e perpassados a eles pela família ou mesmo pela sociedade

Desse modo, a partir de estudos e pesquisas sobre questões raciais, notamos evidente a problemática de que alunos negros encaram dificuldades de permanência na escola, com taxas crescentes de evasão e repetência, nesse contexto as diferenças são nítidas e acabam influenciando o processo de aprendizagem dessa criança, cujo rendimento se torna inferior a criança branca. Segundo as pesquisadoras Kappel, Carvalho e Kramer (2001, p.46, apud OLIVEIRA; ABRAMOWICZ, 2010, p.211) “[...] no que se refere a cor, o acesso de crianças brancas à Educação Infantil mostrou-se maior que o de pretas/pardas”. Nesse sentido, é evidente a discriminação presente nesse âmbito. Ainda nesse contexto,

[...] o acesso de crianças brancas é maior que o acesso de crianças não brancas (consideradas as crianças pretas, pardas e indígenas) se as crianças estiverem na idade correta de frequentar a educação infantil [...] a autora compara nosso sistema de ensino a um funil: “você tem uma entrada muito pequena na creche e pré-escola, um aumento espetacular no ensino fundamental e uma diminuição progressiva. Estamos no Brasil numa situação em que nós temos

(27)

menos crianças frequentando a creche do que adultos frequentando o ensino superior” (ROSEMBERG, 2002, p. 2, apud OLIVEIRA; ABRAMOWICZ, 2010, p. 211).

De fato, é preocupante essas demandas no contexto infantil, realmente se faz necessário mudanças nas políticas públicas, na atuação de professores e implementação de conteúdos que reflitam sobre essa temática com crianças dessa faixa etária. Nessa concepção, a discussão racial aparece na Educação Infantil de forma oculta na maioria das vezes e se faz necessário que professores possuam um saber específico para trabalhar na questão racial nesse ambiente.

2.3 Formação de professores na/para a Educação Infantil: conhecimentos e metodologias acerca da discussão étnico-racial.

Conforme a Resolução N° 1 do CNE em seu Art 3º e parágrafo 2º constitui a discussão racial na perspectiva de práticas pedagógicas que facilitaram o desfeche dessa temática envolvendo os demais eixos determinantes.

Art. 3° A Educação das Relações Étnico-Raciais e o estudo de História e Cultura Afro-brasileira, e História e Cultura Africana será desenvolvida por meio de conteúdos, competências, atitudes e valores, a serem estabelecidos pelas Instituições de ensino e seus professores, com o apoio e supervisão dos sistemas de ensino, entidades mantenedoras e coordenações pedagógicas, atendidas as indicações, recomendações e diretrizes explicitadas no Parecer CNE/CP 003/2004.

§ 2° As coordenações pedagógicas promoverão o aprofundamento de estudos, para que os professores concebam e desenvolvam unidades de estudos, projetos e programas, abrangendo os diferentes componentes curriculares (BRASIL, 2004).

Sendo assim, admitimos que esse Parecer vem exigindo modalidades de formação para professores, tanto para repertório informativo específico quanto para formação de excelência na matéria, conforme almeja a regulamentação. Como sabemos “[...] a Educação Infantil no Brasil é a primeira etapa da Educação Básica, sendo dever do Estado, direito da criança e opção da família,” (SANTANA, 2006, p. 30) e também é assegurado por lei como já foi citado anteriormente nas legislações, pois constatamos que a escolarização tem seu início na Educação Infantil quando o indivíduo ainda é uma criança e que essa educação é um direito de todo e qualquer cidadão brasileiro, ou seja, o Estado deverá assegurar a entrada e a sua permanência no ambiente escolar.

(28)

Apesar de ter esses direitos assegurados, percebemos um grande contingente de crianças que estão fora das escolas e assim, “De acordo com dados do (Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF), a população indígena e negra são os segmentos mais excluídos do acesso à educação na faixa etária de 0 (zero) a 6 (seis) anos” (SANTANA, 2006, p. 31). Com base nisso, detectamos que a ausência dessas etnias na educação escolar deve-se a vários fatores incluindo o racismo e a discriminação.

A exclusão desses grupos étnicos do ambiente escolar gera grandes indagações e a postura do professor é colocada em pauta, pois ele é o ser que está em contato direto com o alunado e deve (ou deveria) estar ciente do que se passa no seio da escola. Dessa forma, o professor deve agir para promover uma educação igualitária e diminuir a exclusão de qualquer indivíduo e para que isso seja possível ele deve ter uma formação que o ampare e dê suporte para que ele saiba como agir.

Em seus estudos, Dias (2012, p. 671) diz que “[...] atuar sobre a formação dos professores, de acordo com relatos, é fundamental para gerar respostas ao problema [...] e o aprendido no curso possibilitou-lhes ter argumentos para intervir em situações de conflito”, então podemos afirmar que a formação de professores para lidar com as diversidades é eficaz, para o seu bom desenvolvimento profissional.

Diante do que foi exposto, é imprescindível a Implementação da Lei 10.639/2003 nas escolas de Educação Básica tanto para professores quanto para profissionais da área, mas uma vez é pertinente ressaltar que é fundamental a formação tanto inicial como continuada no contexto também da Educação Infantil, tendo em vista que é onde se inicia as práticas pedagógicas que podem atuar já na perspectiva da intervenção em todos os âmbitos seja de cor, raça, etnia, ou religião. Ao contrário do que pensam, a Educação Infantil é um espaço que já ocorre fatos que envolvem as problemáticas da atualidade, seja na questão de gênero, religião e inclusive na questão racial, conforme é trabalhada nesse projeto.

A formação de professores é essencial nessa nova perspectiva de mundo, em que a diversidade se abrange a todo o momento, visando isso, Dias, relata que

É com dificuldades que cursos com essa abordagem conseguem espaço na tão disputada agenda de formação de professores, seja inicial, seja continuada [...] a pesquisa nos alerta que o tratamento das relações étnico-raciais na educação, especialmente na infantil, enfrenta inúmeros obstáculos, permeados pela concepção ainda presente na sociedade brasileira do ‘mito da democracia racial’. Essa ideia gera uma descrença na existência do preconceito e do racismo na sociedade brasileira (DIAS, 2012, p. 672).

(29)

Dando ênfase ainda na formação de professores no âmbito da discussão racial, Cavalcante e Santiago (2016) trazem reflexões acerca da temática quando enfatizam:

[...] este artigo objetiva refletir sobre currículo e educação para às relações étnico-raciais e para os direitos humanos junto aos nossos(as) alunos(as) do ensino superior, visando uma educação multicultural. A metodologia aporta-se na análiaporta-se bibliográfica tendo como ponto de partida alguns referenciais teóricos que trazem os debates em torno das questões sobre as práticas pedagógicas articuladas as abordagens sobre currículo, diversidade cultural, identidade e direitos humanos, tais como: Vera Maria Candau (2013; 2010; 2008); Peter Mclaren (1997), entre outras(os) (CAVALCANTE; SANTIAGO, 2016, p. 199-200).

Então, a eficácia desses cursos de formação no meio acadêmico ou fora dele, no caso a formação continuada, é fundamental para professores lidarem com as demandas existentes na sociedade, inclusive a questão étnico-racial que estamos tratando, pois

[...] o educador infantil depara frequentemente com uma série de evidências das questões raciais e do preconceito, tendo ou não clareza delas, algumas vezes utilizando práticas do senso comum que podem, segundo a autora, até mesmo reforçar o racismo (SOUZA 2002, apud OLIVEIRA; ABRAMOWICZ, 2010, p. 213).

É notório que a falta da formação seja ela qual for e até mesmo de competências para tratar de uma temática dessa natureza o professor fica à mercê de práticas induzidas do próprio conhecimento histórico racista, atuando de forma racista e preconceituosa.

Sabemos que o preconceito é uma realidade presente no nosso cotidiano e não se pode negar ou mascarar a sua existência, embora façamos isso diariamente quando é dito que todas as pessoas são iguais e que não existem situações que a tornem diferentes umas das outras. Dessa forma, é necessário obtermos uma maior “[...] percepção da criança como ser ingênuo e pueril também colabora para o reconhecimento por parte dos professores de que esta temática é importante de ser trabalhada na Educação Infantil” (DIAS, 2012, p. 672). A partir dessa visão, o preconceito e a discriminação deverão ser discutidos na Educação Infantil como também em todos os níveis para uma tentativa de amenizar o preconceito étnico-racial e evitar a evasão desses da escola.

Segundo Rosemberg, (2012, apud SILVA; SOUZA, 2013, p. 38) “[...] é uma necessidade da área ‘transversalizar’ o enfoque das relações de idade nos estudos-pesquisas sobre relações raciais”. Ou seja, devemos incluir a discussão sobre as questões raciais em todos os níveis de ensino, transversalizando essa questão no ambiente escolar, pois

(30)

[...] se o tema da classificação, denominação, declaração, identificação de cor-raça-etnia é estudado no Brasil, muito pouco sabemos sobre o que ocorre entre as crianças entre 4 (quatro) a 6 (seis) anos. Nada sabemos sobre tais processos entre crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos (ROSEMBERG, 2011, p. 41). Diante do exposto, podemos refletir sobre a importância de tratar dessa temática na Educação Infantil, de modo que haja a expansão para as outras faixas etárias. Assim, se faz relevante a atuação do professor quanto ao modo de propor a temática para as crianças em sala de aula e com certeza não é uma tarefa fácil, mas necessária. É imprescindível que todos os professores tenham conhecimento acerca do assunto para que não passe despercebido nenhuma situação de preconceito e discriminação vivida por crianças em salas de aula da Educação Infantil.

(31)

3. PERCURSO METODOLÓGICO

O real não está na saída nem na chegada, ele se dispõe para a gente é no meio da travessia

(ROSA, 1994, p. 86)

Metodologia é o caminho traçado para percorrer e realizar a pesquisa ou estudo do objeto desejado. Ela é de fundamental importância, pois é a partir dela que fazemos as escolhas necessárias que melhor viabiliza e até mesmo facilita ou dificulta o percurso durante toda a pesquisa, mas se é a primeira vez a realizar uma pesquisa, então é imprescindível ficar atento, pois cada passo dado é significativo e imprevistos são inevitáveis.

Diante disso, Minayo, 2007, (apud GERHARDT; SOUZA 2009, p. 13) define metodologia de forma abrangente e concomitante quando pontua:

[...] a) como a discussão epistemológica sobre o “caminho do pensamento” que o tema ou o objeto de investigação requer; b) como a apresentação adequada e justificada dos métodos, técnicas e dos instrumentos operativos que devem ser utilizados para as buscas relativas às indagações da investigação; c) e como a “criatividade do pesquisador”, ou seja, a sua marca pessoal e específica na forma de articular teoria, métodos, achados experimentais, observacionais ou de qualquer outro tipo específico de resposta às indagações específicas.”

Sendo assim, ao adentrar na pesquisa científica Silveira e Córdova (2009, p. 31) conceitua como “[...] resultado de um inquérito ou exame minucioso, realizado com o objetivo de resolver um problema, recorrendo a procedimentos científicos”. Assim, devemos descobrir o que gera a problemática detectada, inicialmente, que originou o objeto da pesquisa, e assim trabalhar no intuito de apaziguar os conflitos que foram gerados.

3.1 Abordagem e a natureza da pesquisa

Quanto ao tipo de abordagem, foi feito uso da pesquisa qualitativa, pois foi trabalhado na perspectiva de análise de referenciais teóricos e com aspectos da realidade que não se quantifica, buscando sempre compreender a partir das relações sociais. Nesse sentido,

[...] a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser

(32)

reduzidos à operacionalização de variáveis. Aplicada inicialmente em estudos de Antropologia e Sociologia, como contraponto à pesquisa quantitativa dominante, tem alargado seu campo de atuação a áreas como a Psicologia e a Educação. A pesquisa qualitativa é criticada por seu empirismo, pela subjetividade e pelo envolvimento emocional do pesquisador” (MINAYO, 2001, apud SILVEIRA; CÓRDOVA 2009, p. 32).

Quanto à natureza, foi uma pesquisa básica, pois esta “[...] objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais” conforme apontam Silveira e Córdova (2009, p. 34). Dessa maneira, a pesquisa básica contribui para novos saberes, cujos interesses são globais, com isso percebemos a importância dela no meio em que vivemos que é comum a quase toda pesquisa científica.

3.2 Objetivos e procedimentos

Com relação aos objetivos, são classificados em três grupos de pesquisa que são: Exploratória, Descritiva e Explicativa, mas nesse objeto de pesquisa em estudo será utilizada a pesquisa exploratória. Ela também pode ser classificada como pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Assim,

Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão (GIL, 2007, apud SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009, p.35).

Diante disso, quanto aos procedimentos,

A pesquisa possibilita uma aproximação e um entendimento da realidade a investigar, como um processo permanentemente inacabado. Ela se processa através de aproximações sucessivas da realidade, fornecendo subsídios para uma intervenção no real (FONSECA, 2002, apud SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009, p.36).

Em virtude disso, a pesquisa exige sendo possível escolher diferentes modalidades de pesquisa para assim se configurar o objeto de estudo. Dessa maneira, fizemos uso das pesquisas Bibliográfica e Documental. Fonseca (2002) caracteriza ambas da seguinte forma

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador

(33)

conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta; e A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica, não sendo fácil por vezes distingui-las. A pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por material já elaborado, constituído basicamente por livros e artigos científicos localizados em bibliotecas. A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de televisão, etc. (FONSECA, 2002, p. 32,

apud SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009, p. 37).

Com essas pesquisas é possível analisar diversas posições que envolvem a questão em estudo, fazendo uso das mais diversas estratégias de buscas que melhor se encaixam com o tema a pesquisar. Isso é uma contribuição da pesquisa científica, um leque de opções para melhor trabalhar e chegar ao conhecimento científico.

3.3 Sujeitos e a unidade pesquisada

O Público alvo desse estudo são 4 (quatro) professoras, todas elas do sexo feminino, que trabalham na Educação Infantil, especificamente na faixa etária de 4 e 5 anos, no pré-escolar, situado numa cidade na região de Cajazeiras. Para identificarmos as professoras utilizamos nomes de flores africanas1 que serão assim identificadas: a primeira professora entrevistada, chama-se Gérbera, está cursando Pedagogia na cidade em que mora, exerce sua profissão como professora a 7 (sete) anos e na Educação Infantil está a 6 (seis) anos.

A segunda entrevistada chama-se Agapanto, possui o pedagógico como formação, tem 38 (trinta e oito) anos de profissão na área da educação e apenas 5 anos na Educação Infantil e já se aposenta no ano de 2019; a terceira se chama Violeta, tem como formação o pedagógico, o curso de pedagogia e pós-graduação em psicopedagogia, de carreira profissional como professora tem 26 (vinte e seis) anos de trajetória, sendo 16 (dezesseis) anos na Educação Infantil, também está prestes a se aposentar; e a quarta e última entrevistada foi Copo-de-leite, que é formada em Letras, tem pós em Metodologia e Inclusão, seu trajeto como profissional da

1 Utilizamos negrito nos nomes das professoras, participantes da pesquisa, para facilitar o acompanhamento

durante a leitura de suas concepções. Os nomes foram escolhidos considerando as seguintes especificações:

Agapanto significa ‘flor do amor’. Tem origem na África; O Copo-de-leite é nativo da África, é símbolo de

pureza espiritual, paz, tranquilidade e calma, também é uma planta tóxica; A Gérbera é nativa da África; e suas flores têm pétalas com diferentes cores, sempre muito vivas, sendo que o centro também varia de cor e a Violeta tem origem africana, suas folhas suculentas podem ter formas e tonalidades diferentes, mas em geral são verdes, em formato de coração e com a superfície aveludada. Disponível em: <https://www.tuacasa.com.br/tipos-de-flores/em> Acesso em 16/05/2018.

Referências

Documentos relacionados

O Conselho de Administração é constituído exclusivamente de associados eleitos pela assembléia geral, com mandato nunca superior a quatro anos, sendo obrigatória a renovação de,

Os seguintes sintomas podem ocorrer no caso de uso de uma quantidade maior do que a indicada de Atenolab ® : bradicardia (batimento lento do coração), hipotensão (pressão

A PARTICIPANTE que não estiver dentro do tempo projetado, em qualquer ponto do percurso, será convidada a retirar-se da competição, finalizando a prova neste ponto, a partir do qual

[r]

musical por meio do canto coral infantil”, uma ação integrada (ensino, pesquisa e extensão) composta por uma equipe de professores e acadêmicos do curso de

Universidade do Contestado - UnC Novembro/2018.. “O pobre canarinho não abriu o olho. Jazia em um canto, caído, moribundo. É, esse está na última lona, e dói ver a lenta agonia

A clonagem por transferência nuclear de células somáticas (TNCS) tem sido inserida como uma estratégia alternativa de conservação e multiplicação de mamíferos silvestres..

Os dados obtidos através do presente estudo indicam potencialidade no uso da técnica de SR para monitoramento e avaliação da cobertura vegetal em áreas em processo