Com
sistema de
informação
da década
de
1990,
UFSC
não
consegue fiscalizar
as
fundações
e
garantir
transparência
PÁGINAS
8 E 9
CURSO
DE JORNALISMO DA
UFSC
-FLORIANÓPOLIS,
JUNHO DE 2012
-ANO
XXX, NÚMERO
7
Não
é só
glamour
e
fama
Falta de
pagamento,
prostituição
e usode
drogas
assombram
ouniverso de modelos
que tentam
seguir
carreira internacional
i
A' 5
ONExões
Bizarrices do
Legislativo
Inúmeros
projetos
de lei para datas
comemorativas
e cursosque formam
vereadores
fazem
parte
da
política
estadual
PÁGINA
10/11
ZERO ENTREVISTA
Antônio Carlos Mafalda
Repórter fotográfico
desde
ostempos
da
ditadura cobriu guerra,
Copa,
visita do
Papa
e
ainda foi
funcionário
do
Chacrinha
EDITORIAL
DIRETO
DAREDAÇÃO
Interesse
público,
ameaças
e o
papel
de
um
jornallaboratório
uando se trata de
jor
nalismo,
existem várias medidas para sinalizar que um veículo de comunicação
está no caminho certo.Umadelas éarespostado
leitor,
naformadefe
edbackpositivo
(elogios
eestímulos)
ou nade
cobrança.
Issomostraqueoveículo foi notado
pela
audiência,
pelo público.
Outro sinal é a repercussão dos conteúdos
produzidos,
o que demonstra que outros meios não só reconhecem a
importância
daquele material,
mas também investem
nele,
aumentandoo coro.Esses dois indicativos mostram
às
redações
queasdecisões tomadas e asestratégias
adotadas têm sido também as mais acertadas.É
umaluzverde quenos
impele
aacelerar.Mas
repórteres
e editores se deparam também com outro
tipo
de sinal que mais parece um alarmantevermelho:
quando
afonte deinformação
entra em contato para"convencer" anão
publicar
areportagem.Esta
interação
pode
sedar dediversas
formas,
de um sutil telefo nema que tenta descaracterizar aimportância
dainformação
buscadaC'não
vale apenatornarissopúbli
co...
")
a umaameaçapara dissuadiro
jornalista
("se
publicar
isso,tepro-OPINIÃO
ONDE
O LEITOR TEM VOZcesso!"). Seja
qual
foraembalagem,
oproduto
éomesmo:pressão.
Pres são para não tornarpúblico
aquilo
que se quer manteroculto. Pressão para que nãosecontrarie interesses de pessoas ou grupos. Pressão para que o
jornalismo
nãoinvestigue
irregularidades, desmandos,
abusos eilegalidades.
Embora pareça um sinal de ad
vertência,
ameaças de fontessãoentendidas no
jornalismo
comopistas
dequesedeve
seguir
nainvestigação.
Aluz vermelhasetornaverde...
Pressão sobre
repórteres
também é
sinal
de que
se
está
no
caminho
certo
Ao
longo
de 30 anos, aredação
do Zero
já experimentou
essastrêsmedidasquesinalizama um
jornal
seestánocaminhocerto.Frequente
mente,temos retornosdos leitorese,
ocasionalmente,
nossas reportagens"inspiram"
outrosveículosdecomunicação.
Nestemês,
dois de nossosFoium sucesso otrabalhocom oZerono3°. e4°.do
Magistério
naEscolaAn{bal.Foi muitogratificante
ver
quão
vorazesaqueles
alunos- nocaso,alunas
-folheavam
emergulhavam
nostextosquepareciam
tersidoescritosespecialmente
paraaocasião.MartosSilveira
repórteres
foram também ameaça dos por uma fonteque,
pore-mail,
tentou
proibi-los
demencioná-la
em umtexto: "Estou levandoo assuntoàs instâncias
superiores
da UFSC, para as devidasprovidências.
Porfim,
acredito que vocês devem terconhecimento das
implicações legais
pertinentes
ao assunto", escreveu afonte que não assustou nossos re
pórteres.
Neste caso,nareportagemde capa desta
edição, prevaleceu
ointeresse
público
e odireito àinformação.
O Zero se
guia
pelas
regras ecuidados do
jornalismo
convencio nal.Acondição
dejornallaboratório
nãonoslimitaaatuarcomopubli
cação
meramente escolar. Se fosseassim,
hospitais
universitários-que funcionam como
hospitais-escola
- também
não
poderiam
atender ocorrências maiscomplexas,
pa cientes emsituação
mais delicada. Umjornal
laboratório também deve fazer denúncias eínvestígar
temasde interesse
público.
Cercamo-nos de documentos einformações
queatestam e sustentam os textos que
publicamos.
Agimos
comcautela,
ética e
equilíbrio,
pois
acreditamosqueestamosna
direção
corretaequeé assim que sefaz
jornalismo.
Mesmo em um
jornallaboratório.
@zeroufscMobilidade urbana étemade
campanha
dostrabalhadores dotransporte
urbano deFloripa
Quorum
Comunicação
-@QuorumCom "AdoreioZeroRevista! Asduascapasestavam
demais!" Souleitora doZerohámuitosanos.
Quero
cumprimentar
oempenho
deprofessores
ealunospara
publicar
umjornal
comtemastãorelevantes.
paraaUFseeparaacidade.Na
edição
demaio,asreportagensdemonstremseu
compromisso
social.Parabénsàtoda
equipe
doZero.SilvanaMaria Pereira
•
Luiza
Fregapani
-@luizafregapani
PARTICIPE!
Mandecríticas,
sugestões
ecomentários E-mail-zeroufsc@gmail.com
Telefone-(48)
3721-4833 Twitter -@zeroufscZl80
ZE�O
OMBUDSMAN
BERNARDO KUCINSKI
Cadê
o
gancho?
A
reportagem doZero sobre a
usurpação
devagasde estacionamentoreservadasa
portadores
dedeficiências físicas é cuidadosaeampla.
Mascadêogancho?
Onde estáabriga
detapa,o novo
decreto,
ou o clamorpúblico
ajustificar
umapágina
inteiradojornal?
.ARafaela diz que "o
desrespeito
continuacom300infrações
em2012",
estatística frouxa
(três
infrações
pordia),
de um comportamento que"continua",
nãode umsurto. Gancho fraco. Rafaela nãoestá sozinha.Quase
todasasmatérias daedição
passada
poderiam
tersidopublicadas
em
qualquer
momentonosúltimosseismeses- ou nospróximos
seis. Na história damúsicaeletroacústica,
oinusitado estánogênero musical,
não em
algum
evento ouprogramação
do grupo.Aliás,
meperguntei:
quando
seráo concerto?Falta o concertoe faltagancho.
E assim vai. Amatéria sobreainexistência de auto-críticanaUniversidade,
pano defundo paraaposse danovareitora,fala deum livro
publicado
no anopassado,
outrode doisanosatráse umterceiroque faltaterminar. Amatériadecapaéasíntesedessaopção
editorial,
ao abordarumproblema
permanentedasmetrópoles
brasileiras,
odonãoplanejamento
urbano(no
caso,o deFlorianópolis)
eespeculação
imobiliária. Temasimportantes?
Claro.Mascomoabordarum"plano",
assuntochato,
além dissotãomanjado,
semafastarosleitores? Aí équeestáaquestão.
Peguei
nopé
daRafaela,
no começo destecomentário,
porque suamatériaéamais
pesquisada
ede focomaisdefinido.Umbompontodepartida
paraseanalisaradiferença
entre fatosesituações
dramáticasouinusitadas,
equeeuchamoaqui
de estados estacionários- e nesse casodegravidade
pouca,pela
naturezadatransgressão
epelos
dados dapesquisa.
Qual
seriaareportagem,senãoaprópria
pesquisa?
Não sei. Teriaque haver um"brainstorming".
Publicaroendereço
onde setiraalicença
paraestacionar não é
solução.
Que
talentrevistaraspessoasno momentoemque estão
usurpando
essasvagas,perguntarcomo sejustificam,
sedormem bemà noitee analisaressas
justificativas?
Ou tentardescolaralista de todos os 300 multados deste ano
(jornalismo investigativo)
etraçarse o
perfil?
Quem
sabese encontrenela umjuiz
dedireito,
umdelegado
depolícia,
umpadre,
umprofessor
titular? Umestudante dejornalismo.
Isso simdariaumsamba.Parafazer
jornalismo
com oque nãomuda,
comfenômenosincorpo
rados àrotina,ouníveismoderados de
transgressão
apesquisa
básica é umbompontodepartida.
Nãoéoponto
dechagada.
Ese otemaéchato,
épreciso
criatividade tambémnalinguagem.
Aconteceutantacoisa
importante
einusitadanomêsemFloripa,
noBrasil,
no mundonos últimostrintadias.Nãoseriamas pautasatemporais
doZerotambém umaformaelegante
defuga?
Umamodalidade dejornalismo
talvezimportante,
quando
tratadeproblemas
estruturais,
mascertamentecômoda demais?
Físicoejornalista,é doutoremComunicaçãoepós-doutor pelaUniversityof London.
Por maisdevinteanos, lecionounaUniversidadede SãoPaulo,ondeseaposentouhá cincoanos.Entre2003e2006,foiassessorespecialda Presidência daRepública,em
assuntosdecomunicação. Éprofessorvisitanteda UFSC.
Oselo doZero
Convergência
estánasreportagensque também têm conteúdo
extranaweb!
zeroconvergencia.ufsc.br
JORNAL
LABORATÓRIO
ZERO AriaXXX- N° 7- Junho de 2012REPORTAGEMAmandaMelo,AnaCarolina Paci,AriannaFonseca,DanielGiovanaz, Ediane Mattos, JoséFontenefe,Juliana Ferreira,LucasPasqual,MaílaDiamante,Manuela Lenzi,MarianaPitasse, MarleneVentura,Marina Empinotti,
�atheus
LoboPismel,MiltonSchubert,MireneSá,Nathan MattesSchafer,RafaelaBlacutt, RafaeflaCoury, Rodrigo Chagas, SendyLuz, ThoméGranemanrieVictorHugoBittencourt
EDIÇAO
Alécio Clemente; BárbaraLino,CamilaGarcia,CarolinaDantas,RodolfoConceição,RosielleMachado,Tufio KruseeWesleyKlimpel
DIAGRAMAÇÃO
AmandaMelo,PatriciaPampfona,Rafaela Blacutte ViniciusSchmidt_FOTOGRAAA
MarinaEmpinotti, Sendy Luz,VictorHugo BittencourteWesley KlimpelCAPAMorganaHoefellNFOGRAAALucasPasqualeNathale EthelFragnani
PROFESSO�ES
RESPONSAVEISRogér�o
ChristofolettiMTbjSP25041eSamuel LimaMTb/SC00383MONITORIAPatricia PamplonaeVinicius Schmidt
IMPRESSÃO
DtárioCatarinenseTIRAGEM5milexemplaresDISTRIBUIÇAO
Nacionql
FECHAMENTO31de maio
•
-rio- I PrêmioFoc listas de se 2'000••••••
áfica SetUQíver
,
1990,
1991.;.
•
Junho de
2012
WancrMaia
PÁGINAZERO
PRIMEIRAS
LINHASderiasermais
cristalina;
mostravaaatriznosbraços
docandidato tucano,
seguida
dalegenda
"Aatrize seugalã:
beijim-beijim,
tchau-tchau".Acobertura do último
comício,
napágina
7,seguia
amesmalinha da manchetede capa.Iniciavadizendo que
os 30 milcatarinenses
espremidos
noLargo
da Alfândegahaviam dadoa
"prova
definitiva" dequeestavam aoladode Lulaedestacavaas
palavras
doentãocandidatoaosubirno
palanque.
"Issonãoéumcomício.Issoaqui
éumapós-graduação
emSociologia
Política". Orelato,
depersonagenscomo o
pai
que levaabebê de colo aocomício,
osfuncionários da empresaCipla
embusca daintervenção
doentãocandidatoapresidente
emproces sostrabalhistas,
se encerrademaneiracatártica."No fimdo
comício,
Lulaafirma quevai provar queumtorneiro mecânico é capaz de fazerpolítica
melhor do queaque vemsendofeitaaté agora. Amultidãoaplaudiu
comentusiasmoemuita
esperança".
As centrais iniciavam com a
reprodução
de umtextodo
jornalista
MinoCarta,editor deCartaCapital,
sobre o Lula que conhecera em 1978. Carta escreveque
"enxergávamos
[Bernardo
Lerere MinoCarta]
emLula uma
figura
degrande
porte, destinada a crescer.QI muito
alto, vocação
política pronunciadíssima,
destino delíder,
ideiassimples
elímpidas,
sentimento idem. Umprotagonista.
Para a ribalta". Emseguida,
um
perfil
doex-metalúrgico
que refazia suatrajetória
política,
do sindicalismo àpresidência,
"Finalmente opovo
elege
umtrabalhador parapresidente".
As outrasduas
matérias,
em menordestaque,
enumeravam asproduções cinematográficas
baseadas em suavida e orecentetítulo de "DoutorHonorisCausa",concedidopor duas universidades nordestinasaLula.Namatéria sobre
aconcessãodo
título,
oZeromostravamaisuma veznãoterpapas na
língua.
"Além depresidente
daRepública,
LuizInácioLula da Silvaserádoutor.Numgestoque
pode
serencaradocomo
homenagem
aoconhecimento nãoacadêmico,
ou ainda'puxa-saquismo',
a UniversidadeFederal da Bahia
(UFBA)
e a Universidade Federal dePernambuco
(UFPE)
decidiram concederaopresidente
eleitootítulo de 'DoutorHonorisCausa' ".
Na
opinião
dosex-alunos,
aindependência
dojornal
proporcionava
umolharmaiscrítico."Eraumaposturadefendida
pelo
Barreto",lembraBoschi,
econclui,
"achoimportante
oZero ter uma cara, quenãoprecisa
sersempre amesma,edefendê-la".Martins também argu
mentaquealinha editorialera,em
grande
parte,reflexodo
professor
que coordenavaojornal-laboratório.
"Eratudo centralizado no Barreto.
Sugeríamos
pautas, ele aprovavaedava direcionamentos. Tudo tinhaaaprovação dele,
quelia todoojornal".
Lula sob
um
olhar
crítico
Otimismo
e
esperança
marcaram a
edição
de 2002
Até
meados dosanos90oCurso de
Jornalismo
da UFSC tinha entradaprópria,
à parte do Centro deComunicação
eExpressão (CCE).
Por conta
disso,
era normal que os fechamentos do Zero corressem noite
adentro,
regados
avinhoeotrascasitasmás.Alguns
anosdepois,
em novembro de 2002,com o CCEjá
reformado e sem aentradaexclusiva,
aturmaqueproduzia
ojornal
resolveu relembrar avelha
tradição
em um fechamento.,.
/_�
.�Ha:�::ueno
detru�:
:��=�g�d:J��i:
./
ii
.\O
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�. .1l"'I
•.:0-'".,,�,.,"�.2,.S�,��!�
l
fechando o Zero, agen-v
�
te tinha que aceitar ficari
trancado lá dentro". Wendelt
Martins, tambémdaque
la turma, conta que "um
aluno teve que pegar uma.
escada para buscar man
timentos:
cerveja
epizza.
Um segurança viu tudo e
foi uma discussão. No
fim,
oBarreto
[Ricardo
Barreto, editor dojornal
naépoca]
subiuna escadae ficoues
bravejando
com ocara". Aedição
comemoravadiscretamenteos20anosdo
Junho
de 2012
Zero: um pequeno selo na
capa,decercade 3 centímetros
quadrados,
e oeditorialindicavama novaidade do
jornal.
O motivodadiscrição,
porém,
erapuramentejornalístico:
em27 de outubroLuiz InácioLula daSilva foraeleito,
emsegundo
turno,presi
dente da
república
comaproximadamente
53 milhões devotos.A capa
daquele
mêstraziaumagrande
foto dopresidente
eleito,
seguida
damanchete: "O triunfo daespe rançasobreomedo".Noeditorial,
"Os20anos e oséculo21",o
professor
escrevia:"Apesar
doscostumeiros revezes, tivemosum anoextraordinárioaoconquistar
uminéditopentacampeonatomundial defutebol
(sem
esquecerinesquecíveis
vitóriasemoutroscamposeesportes)
eeleger
umlídermetalúrgico
paraapresidência
daRepública".
Dasdezesseis
páginas
daquele
Zero, quatrosedebruçavamsobrea
eleição presidencial.
UmaeradedicadaaJosé
Serrae seuprincipal cabo-eleitoral,
aatrizRegina
Duarte;a
seguinte
tratavado último comício deLula,
noCentrode
Florianópolis;
e ascentrais traziamumaespé
ciede
perfil
dopresidente
eleito.Para quem nãoconheciaaposturaeditorial do
jornal,
bastava leracartola da
página 6,
queironizavaaderrotadeSerra:
Réquiem.
Namesmapágina,
amatéria"Regina
Duartefracassacomo
patrulheira",
não poupavacríticasà"namoradinha do Brasil". Chamava-ade
"porta-voz
do medo da elite". Afoto que ilustrava amatéria nãopo-ZERO
Nathan Mattes Schafer
•
ZERO ENTREVISTA
ANTÔNIO
CARLOS
MAFALDA
Fotos:Wesley Klimpel
"Medo é
coragem,
eu
sempre
defini
isso.já
estive
sozinho,
cara.
Eu,
a
máquina
e
Deus"
Fotojornalista
que cobriu guerras,
revoluções, Copa
do Mundo
e
visita de papa fala
ao
Zero
comopaudeluz[iluminador].
Gravava uma
novela,
AssimnaTerracomonoCéuetrabalhei tambémnalrmãos
Coragem [novelas
exibidasem1970].
Eusabiamontarmuitobemecuidava do cavalodo Tarcísio Meira. Um
dia,
faltou um cara que tinha que fazeruma cena e mechamaram:
"Gaúcho,
monta
aqui
essecavaloque você vai vircorrendo,
seatiraemorre".Sabecomoé,
comcachê...Fizessa cena nanovelae uma
rápida
passagemcom oTarcísioMeira, Glória Menezes, Cláudio
Mar-zo eváriosoutrose
fiquei
conhecido.Também trabalhei com o Chacrinha na
seleção
daspessoas,masaíjá
estavacaminhando parao
jornalismo.
Vocêtemquase 50anosdecarrei ra
fotojornalística.
Comofoio seuiníciona
profissão?
Na
época,
osjornais
nãonosfalavamoqueagentetinha que
fazer,
nãonosdavam
instruções.
Tuerajornalista,
tuera oautodidata.Eu,por
exemplo,
mecrieinoZeroHora,dormindoemcima damesada
redação.
Depois
que saífugido
doRioGrande doSul,
porcausada lutacontrao
regime
quefazialá,
fuiparaoRiode
Janeiro,
onde vendia carnê e trabalhava à noitenaGlobo,
Antônio
Carlos Mafaldaé ativistadesde os 13 anos de idade.
Nascidoemfamília democratana
época
daditadura,
elejá
foiperseguido
noRioGrande doSul,
trabalhoucomoiluminador naRedeGlobo,
foiatorimprovisado
emnovelas daemissoranoínicío dadécada de 70emembro da
equipe
quefaziaoprogra mado Chacrinha. Decidiuretornaraosul dopaís
parasetornarfotógrafo.
Procurou vagano
jornal
Zero HoradePortoAlegre, aprendeu
emcampooofícioque maistardeodestacaria nacionalmenteeali permaneceupor15
anos. Cobriu
revoltas,
guerras,Copas
doMundo,
Fórmula 1,ditaduranaArgentina, revoluções
naAméricaLatinaeatéavisita doPapa João
Paulo IIaoBrasil(de
quem,inclusive,
alega
terficadoquaseíntimo).
Nestaentrevista,o
fotojornalista
contaumpoucodoque viueviveu emmaisdequatro décadasnaprofissão.
.
E o que o fez voltar para o Rio Grande do Sul?
Um dia eu tinha que iluminar uma
cena na
piscina,em
Assim na Terracomo no
Céu,
com oFrancisco Cuocoe a
Regina
Duarte masnãosabia operar o
equipamento. Liguei
onegócio
ea luzficou muito forte. Como a
ma-ZERO
Junho de 2012
quiagem daquele
tempoeracarregada
porcausade televisão
preto-e-branco,
em cinco minutos começou acair a
base dacaradoCuoco. Ficouumbor rão! Odiretorperguntouoquehouvee eudisseque nãosabia.Memandaram embora.
Foi
quando
euvimtrabalharnaZero Hora.Fiquei
uma tarde inteira para falarcom odono dojornal
econseguir
emprego.Ele chamouo
editor,
perguntousetinha vaga,e
-ó
caradisse: "Tempra editoria de Polícia...
"
E eu: "Por
favor,
nãomepõe
empolítica"
[risos].
Depois,
falou davaga parafotografia,
perguntouse eu era
fotógrafo.
Eudisse que era, apesardenãofotografar
nada. Vocêchegou
a PortoAlegre
e naprimeira
tentativaconseguiu
umavaga de emprego.Foifácilseinsta
larnacidade?
No mesmo dia em que eu entrei no
jornal,
aindaem1970,fuicomer com osenhor MaurícioSirotskiSobrinho,
odono daZeroHora,noBardasPutas, ondeochefe tinhaconta correnteeàs
vezes pagava
cerveja
para opessoal.
Fuicomerali
-pão,
salamee uma cervejinha
-esaí
empregado.
Masondeeu iria morar?
Já
estavasemdinheiro eoMaurício disse"amanhãtucomeçaatrabalhar".Eu
respondi:
"Sefor para começaramanhã, prefiro hoje.
Vou pegarasmáquinas
edarumatreina da".Desciláetinhaasalinha doTelex,
ondechegavam
asnotícias dasagên
cias internacionais. Para dormir ali
temqueestarcommuito sono, porque
é muitobarulho.Ochefe do
lugar
era o"Sequinho",
para quemeuperguntei
sepodia
dormir ali. Ele disse:"Poder,
pode.
Tu tenscobertor?",
e eu tinha!'Estavanumamalinha de madeiraque eucarregava. Forrei,
deitei,
puso cobertoretirei uma sonecaboa.
Fiquei
sabendo onde tinha
lugar
paratomarbanho,
fiz amizadecom o caradobar,
oAurélio,
etiravacafé damanhã,
al moçoejanta,
tudo lá.Evocê permaneceu noZero Hora
por15anos.
Qual
acoberturamaisimportante
que vocêserecorda? Imara[esposa
e tambémjornalista]
e eutemosumapassagem
juntos.
Fomos os
primeiros
jornalistas
do Brasil.
acomeçarahistória dosSem Terrana
fazenda
Sarandi,
Rio Grande doSul,
ondeoBrizolafezaprimeira
reformaagrária
dopaís,
em79.Nósfomos à fa zenda para cobrirosSemTerra,
eficar no máximo trêsdias,
mas acabamosficandoummês.Nossoargumentoera
de queos carasiamsermortossenós
fôssemos emborae o
jornal
nosbancou,acreditou. Aí estáa
grande
armado
jornalista:
aconfiança.
É
saber queestáfalandoa
verdade,
semmedo.Comooconflito foi resolvido?
Mandaram um
capitão
do Exércitopara nos
prender. Quando
a Imaraestavafazendoumaentrevista, cerca
ram-nade
baionetas,
e eupensei
queiam matar a mulher... Subi em uma
cerca de arame e fiz a foto dela no
meiodos
policiais.
Aío caraveioparacimade
mim,
disse que estávamos presos.
Perguntei
oque ele era,eelerespondeu
que eracapitão.
"Tu émuito baixo escalãoparameprender,
sómeentregode
major,
coronelparacima!",e aImarasómeolhavaeconcordava. Essa coragem pegou o cara de sur
presa,elenãosabiaoquefazer'! Aíos
"A
força
jornalistica
era tãogrande
queeles tinham medo"Junho de 2012
milicos abaixaramasarmas, viraram as costaseforam embora.Amassade
gentecomeçoua
gritar
-imagina,
300,400 colonos
gritando
no campo. Tuenlouquece,
viraatéJesus
Cristo. Mas edepois,
para colocar a foto nojornal,
nãoeraoutroproblema
naditadura?
Quando
deu essahistória,
eujá
tinhafeitomuitafoto.Agentetiravaofilme
da câmeraeentregavaparaomotoris
ta,que osescondianumcano dentro daBrasíliaepassava
pela
Polícia. Elesrevistavam, mas nuncaencontravam.
Era amutretaque agentetinha.E o
motorista era
jornalista também,
era umaintegração.
Se a censuraestivessedentro do
jornal
edissessenão,não tinha como contestar. Por mais que fossem favoráveisao governo,aforça
jornalística
queexistiaeratãogrande
queos carastinham medo.
Eessa
máquina
queosenhortrouxepara nósvermos,é
daquela épo
ca?
Essa
aqui
já
vivecomigo
há quasequarentaanos.Todaahistória do fo
tojornalismo
mundial estáaqui.
Antesdela,
existiaoRobertCapa,
oCartier -Bressonemaisuns10fotógrafos
que faziam guerraenão tinham telefotos[equipamento
detransmissãode fotos atravésdas ondas derádio].
Semessamáquina
paraenviarafoto,
omeiodetransporte,muitas vezes,eram os
pró
prios
mortosqueeramtransportados.
Quando
osamericanos,
os russos oualemãesmorriam e osaviõesvinham buscaroscorpos,os filmesiam enro
lados nos cadáveres e eles avisavam: "está indoumcadávercom ummonte
defilme".Era
necessário,
porquemuitasvezestinha
problemas
parasairdopaís. Depois
quesurgiu
essamáquina,
ofotoiomalismo
tomou outradireção.
Vocênuncatevemedo de trabalhar
duranteaditadura?
Tinhamuitosdesafiossim,houvemo
mentosem que tive quesermais
rápi
do queo revólver.Uma vez, um caralevantou umfuzil para me
atingir
eperguntouquemeramais
rápido.
Eu fizafotoprimeiro.
Estouaqui
e afoto delemedeuumprêmio.
Eletentouati- .rar,masnãotevecoragem,aívireias
costasefui embora.Omedoéa cora
gem,eusempre definiisso. Eu
já
estivesozinho,
cara. Eu,amáquina
eDeus. Nuncacrieiimagens negativas,
nuncapensei negativo.
Asimagens
que eucriavaeram
imagens positivas.
Entre as várias coberturas
jorna
lísticas deconflitoseguerras,você noticiou aqueda
dopresídente
uruguaio
Juan
MaríaBordaberry.
Comofoia sua
participação
nestaedição?
Eu estavadormindo naZero Hora e a
campainha
do telexcomeçou a tocar
desesperada.
Acordei e li a mensagem: "Presidente
uruguaio
cai".Liguei
parao LauroSchirmer, editor,
ZERO
Confiraoáudio
completo
da entrevistacomAntônioMafaldaem
zeroconvergencia.
ufsc.brz
lápela
uma da manhã epassei
ainformação. Já
estavamimpri
mindo ojornal
e oSchirmerme mandou parar asmáquinas
-era a coisa que
eu mais
queria
na minha vida:
falar
"parem
as
máquinas!"
Mas
quando
eudisseisso o cara
começou a rir. Tiveque mandar
denovo,
explicar
asituação
para eleparar.Paracolocara
matéria,
eudeve riachamaroeditor deInternacional,
mas como eu
já
tinhavistoele fazendoisso, eu mesmo
peguei
otelegrama,
grudei,
mandei fotolitar etroquei
acapa.Acho que foi o único
jornal
da América Latina que deu a manchete queopresidente
uruguaio Juan
MaríaBordaberry
tinha caído. Eraoúltimopresidente
demo crata na América Latina(Borda
berry
comandou umgolpe
do Es tado em 1973, e permaneceu até1976).
Quando
começou a sairaquela
página,
era um troçoini
maginável!
Tanto para mim, quantopara osoutrosdomeu lado.
Quando
euconto,éumagrande
emoção.
Paramim,amaior
glória
que possoternavida é saberqueumdiaeufizisso.
Telefoto: envio de fotos por ondas de rádio
o caraqueia paraguerra,e ocaneti
nha
[repórter
detexto]
eraquem dava orespaldo,
quem assinava embaixo.Existia um casamento muito
grande
entreo
repórter
canetinhae ofotográ
fico,
mashoje
não.Hoje,
aempresa diz"toma
aqui
essamáquina
efotografe
também".
Nasúltimas
quatro
décadas houvemudanças
naparte
tecnológica
e uma democratização
no mundo dafotografia.
Qualquer
pessoa
pode
fazerimagens
e publicá-las com
muita
facilida-"Me
apontaram
um
fuzil pra
ver
quem
era mais
rápido.
Eu fiz
a
foto
primeiro"
Hoje,
é muito comum encontrarfuncionários
polivalentes
nas empresas
jornalísticas.
Osurgimento
de meios multimídiasexige
que orepórter
entreviste,
escreva a matéria e
faça
as fotos. Como você avaliaessanecessidade do mercadono
fotojornalismo?
Vouanalisaro
repórter
fotográfico
dopassado
e o dehoje,
queeuachoquesão raros. Existeum cara que opera
uma
máquina
digital
e o outro, queé
fotógrafo.
E essadiferença
não épreconceituosa,
por favor! Não tenho nenhumpreconceito
pelo
cara que éoperador
demáquina,
até porque eufui um delesemcertos momentos. O
repórter
fotográfico
éo cara que vai buscar ainformação.
Afoto dele é ainformação.
Ele é umcaçador,
umgarimpeiro
deimagens,
quesai paraa ruaparafazerumareportagemetemna
cabeça
queprecisa
resumir umahistória em uma
imagem.
Oprofis
sional, hoje,
levano mínimouns 10,15 anos para se tornar um
repórter
fotográfico,
mas eletem que ter essavocação.
Tem que ter uma sensibili dademuitogrande,
umaleitura muito boa dasimagens
eprecisa
saberoquetemquefazer.Naminha
época,
o repórter fotográfico
eraponta
delança,
de. Isso
pode
serconsideradojor
nalismo?
Eu
vejo
oseguinte,
houve uma mistura.
É
impossível hoje
uma foto dealguém
queestavanolugar
certonahoracerta.nãoentrarem um
jornal,
porque todo mundo está
fotografando.
Omundoestáfotografando,
sóqueascoisas estão banais. Não tem sentido
alguém
falar"ah,
eu voufotografar
oBush",
porque ele está sendofotogra
fado decincoemcincosegundos,
onde ele passa.Sempre
vão estarfotogra
fandoo cara.Por
quê?
Porque
ele está sendovistoporquantosolhos? Milhões deolhos,
milhões demáquinas
fotográficas.
Com uma carreira tão diversifi
cada, qual
otipo
de fotoquevocê maisgostade fazer?Oqueeumaisgostoemminhas fotos
são as pessoas. As fotos
precisam
degente para representar a realidade.
Mas
ultimamente,
tenho mudado umpouco, comecei a fazer
montanhas,
praias,
litorais.., Acho que descobri
umaoutraveiaemmim,paraa
qual
eu não sabia que tinhapaciência.
É
bom,
mas eugostoédegente.Ediane Mattos edimattos@gmail.com José Fontenele j.fontenele@yahoo.com.br SendyLuz sendydaluz@gmail.com ThoméGranemann granemannrosa@gmail.com
•
CONEXÕES
liNKS
PARA A VIDA SOCIALPouca
estrutura aumenta
espera
na
adoção
Número de
funcionários
na
Vara da Infância da
capital
é insuficiente para atender à demanda
A
Campanha Adoção
-Laços
deAmor,realizadaem SantaCatari na,
completou
umanodesdeo seulançamento
ejá
apresenta falhas no sistema. O relatóriodivulga
do no mês de maiopelo
Cadastro Nacional deAdoção
(CNA)
identificouanecessidade deagilizar
os processos eampliar
oquadro
deprofissionais
(psicólogos,
assistentes sociais,pedagogos,
técnicos)
envolvidos. Oprincipal
questionamento
feito porquemestánafiladeespera paraadotar é sobre otempo queleva todooprocesso,
geralmente
muitolongo.
Assim,éum
paradoxo:
háumacampanha
paradespertar
eaumentarointeresse,mas oEstadoaindanão
possui
estruturanemfuncionáriossuficientesparaatenderademanda.
Estaéa
grande reclamação
dejoseanaAn dreaFonseca,que quer adotar duascrianças
comidadeentredoiseseis anos,desde 2009.
Na
época,
Fonseca e omarido moravam emSão
José
e souberamqueláo processo seriarápido
devidoaoperfil desejado,
duascrianças
mais velhas. "Como estávamos demudança
paraFlorianópolis,
decidimosprimeiro
nosestabilizar para
depois
receber ascrianças",
explica.
Ocasalentroucom opedido
em2011, nacapital,
esóemabril desteanorealizaramocurso
preparatório,
constatando queoprocesso
aqui
é maislento, principalmente
porque há apenas uma
psicóloga
cuidando destes casos. "Ela é muito
engajada,
seimporta
mesmo com oque faz.Se nãofosseisso,acho
que
já
teriadesistido"elogia
Fonseca."Eure-• • • •
"
Adoção
no
Brasil
Itl
almente nãoacho queseja
falta de comprometimentoda
equipe.
Masse oEstadonãodá estrutura,não épossível
atingir
umobjetivo",
complementa.
Michelli Rabuske é aúnica
psicóloga
da Varada Infância deFlorianópolis
desdejanei
rode2009.Elaequatroassistentes sociais são
responsáveis
portodos osprocessosdavara-.
não apenas em casosde
adoção,
como também nosdemaustratos,
quando
ascrianças
sãoretiradas dos
pais.
Arotinadaequipe
é lon gaegeralmente
duramais queoexpediente,
das 12hàs 19h."A gentesededicaao máxi
mo.Existemdiasemquetrabalhamosà
noite,
fazendo entrevistas e analisandoprocessos",
afirma Rabuske. Elae aequipe
tambémfazem visitasàsinstituições
deacolhimento,
cuidam do cadastro decrianças,
analisamospretendentes para
adoção
nacionaleinternacional,
realizamo curso
preparatório
(em média,
cincopor
ano)
eatendemopúblico
diariamente. "Seria bomtermaisgente,masisso nãocabeanós
decidir",
avalia Rabuske.Asecretária da ComissãoEstadual
Judici
ária deAdoção (CEJA),
MeryAnn
Furtado diz que aCEJA
não tem autoridade paraexigir
maispessoal,
que são selecionados atravésdeconcursos
públicos.
Masacomissão realizamutirões
quando
osnúmeros deprocessos atrasados émuitogrande.
"Trazemospessoas deoutrascomarcasparaaumentaraequipe
eaceleraroandamento dos
processos",
conclui Furtado.t5.240
tt28.041
crancasdisponfveis
para
adoção
125pretendentes
cadastrados
Lrn
2011,
33
crianças
da
Comarca de
Floria-iópoüs
foram adotadas
.g '0 ro Q; c:9
+
foram
famílias
mandadas para
noexterior
-c z o o 'O 8 � tl Q) 966
a8
anos:�tf( ·rt
24
residem
noBrasil:
o
a3
anos:fttttt
ettttttt
�
'S;3
a6
anos:·fttttt�··
tt2128
pretendentes
em seque a Lei não
permite
separá-los)
e comnecessidadesespeciais.
Realizadapor uma
parceria
entre AssembleiaLegislativa,
MP-SC, Ordem dos Advogados
do Brasil(OAB)
eTribunal deJustiça
de Santa Catarina, tambémteve resultados
positivos:
em âmbitoestadual,
42 novospretendentes
manifestaraminteresseem adotare 18% dos
já registrados
mudaram deideia,
passando
aaceitarcriançascommaisdetrêsanos.
Na
opinião
de HeloisaDallanhol,
que procuraumacriança
de até cinco anos, de
qualquer
raça, sexoe/
ou comdeficiência
física,
odinheiroinvestido na
-campanha poderia
serutilizadoparaaumentaronúmerode
funcionários envolvidos com o pro
cesso.Ao fazero curso
preparatório,
soube que o número de
adoções
no ano anterior foi baixo. "Isso desesti-Adoção: aproximação gradativa.paraconstruirnovasrelações
individualmentee
depois
osdoiscomo umcasal",
esclareceaassistentesocial Danúbia Vieira. Apesquisa psicosso
cialnão ésomenteparaaveriguar
se a pessoa temcondições
financeiras para criarumacriança. Ê
feitatambémuma
avaliação
doambienteondeviverá,
como será a sua rotina e amotivação
do interessado emrelação
à
adoção.
"Tudoisso é paradar segu rança.Queremos
evitar ao máximo apossibilidade
derejeição",
declaraVieira.
Em25 demaio,a
campanha,
quetemcomo
objetivo
diminuironúme rodecrianças
eadolescentesacolhidos em
abrigos
governamentais,foi
relançada
para continuar a sensibilizar acomunidadeatravés de
histórias de
adoção
tardia,
decrianças
com irmãos(já
Análise da documentação ro 'O '" � ro E o () in � ---�
Cresce interesse
por
crianças
maiores
de
três
anos
Segundo
a promotora dejustiça
do Ministério Público de Santa Cata rina
(MP-SC),
CristianeBõell,
otempomédiopara
adoção
deveriaserdeseismeses.Apartemaisdemoradaéo
estudo
psicossocial,
queabrange
duasavaliações
dosinteressados,
umafeitapela
assistentesocialeoutrapela
psi
cóloga.
Seosrelatóriosdiferem,
énecessárioumnovo
estudo, prolongan
do oprocesso. Acomarcada
Capital
recebecercade 50
pedidos
deadoção
anualmente.Noentanto,90% dosca sossãodecasais,tornando aanálise
dupla.
"Ê preciso
estudar cadapessoaPasso
apasso do
processo de
adoção:
Se encaixar noperfil: maiores de idadee16 anos amais queoadotado Procuraro Apresentaçãofórum dasua dos documentos cidadeou necessários
região
Entrevistaparaavaliar
t,;'t...---""!---�---�--...�"""!"�.. ospretendentes Encontro:ojuizdecide
onde aconteceráo
primeirocontato
Fonte: Portal daAdoção
ZERO
..
mula muito.Acho que a
campanha
prejudica
quemjá
tinha o interesse deadotar,
pois
acabasobrecarregando
aindamaisapsicóloga
e asassistentessociais",
completa
Dallanhol. A promotora dejustiça
Cristiane Bõellexplica
quese o bebê é
en-"Dinheiro da
tregue
pela
mãe aindarecém-h
-nascido,
elesca m
pa
n
a
���:::�o
op�:
poderia
ser
usado
até 15 dias. Ana
para
contratar
apromotora:"Nãoécorretodizer que
as
crianças
estão abandonadas. Pelocontrário,
elasestãofelizes,
estãobem,
sóprecisam
deumafamília".Ocasal nãopode
terfilhose,aprincípio,
queriam adotarumameninade até três
anos.
Após
o curso
preparatório
ampliaram
suasopções
- aceitamagora
crianças
de até cinco
anos."A carência
de
pessoal
cau sa uma falta de Maria Pereira,que sempre
quis
adotar um bebê
esclarecimento
mais
funcionários"
muitogrande.
Sóconseguimos
maisinformações
agora,pois
quemdáocursoé muito
empenhado,
mesmoque
haja
falhanaestrutura",ponderaAlexandreSantana. Ocasalain da afirmaquea
campanha
trazmais esperanças. "Vendoessaspropagandas
ficamosmais ansiosos",contaCristi naSantana.
de atéseis meses,
não teveessa sorte. Ficou oitomeses naespera
pelo
cadastroeforam quasequatroanosatéa
chegada
dacriança.
Hoje
Pereirajá
esqueceutodoosofrimentoda espera: "Valeuapena,a ex
periência
temsido fantástica". Bõell ainda defendeque,apesar dademora,
não existe umprejuízo
real para acriança.
CristinaeAlexandre
Santana,
quefizeramocadastroem
janeiro
de2011,visitaramos
abrigos
econcordamcomRafaela Blacutt
rafaelablacutt@gmail.com
RafaellaCoury rafa.coury@gmail.com
Junho de 2012
CONEXÕES
LINKS
PARA AVIDA SOCIALImpasses
políticos
sufocam cultura
em
se
Sem editais
há
dois
anos,
produtores
e
artistas do estado cobram fim do descaso
com o
setor
Na
semanadodia 23 a28de
abril,
representantes da classe artística catarinense abriram as portas do
Centro
Integrado
de Cultura(CIC)
para encher os corredores vazios
com
intervenções
culturais.Aintenção
dosmanifestanteserachamar
atenção
paraodescasodo governo e
exigir mudança
no setor.Asreivindicações
foramapresentadas
em umacartaencaminhadaao
poder público
e assinadapor130 entidadesartísticasdo estado.
OCICfoi escolhidoparaoatoporserconsi derado símbolo do descaso.
Apesar
deasala decinemae oMuseu deArtes deSanta Catarina
(MASC)
terem voltado afuncionar,
aprinci
pal
atividade doespaçotemsidootrabalho deorgãos
dogoverno estadual.Lá,
funcionam aSecretariade Estado de
Turismo, Esporte
eCultura
(SOL),
aFundação
Catarinensede Cultura(FCC)
e oConselhoEstadual de Cultura(CEC).
Entreas
principais
exigências
dos manifestantesestãoa
criação
deumasecretariaespecí
fica,
maistransparência
naexecução
de editais eparticipação
da sociedade civilnaelaboração
do
plano
estadual de cultura.Há dois anos o governo não
lança
editaisparaosetor. "O decinemaexiste há dezanos,
mas não foi realizado em quatro
edições.
O Prêmio Cruze Sousa,deliteratura,
eo Salão VictorMeirelles,
deartesvisuais,não sãolançados
desde 2008 e 2009,respectivamente.
OCocali,
queprevê
acomprade obras deautorescatarinenses para
bibliotecas,
tambémnãoé
cumprido",
apontaojornalista
emembro doCECFifoLima.
Além desses programas, o Edital Elisabete
Anderle,
omaiordoestado,
comverba deR$
10 milhõesparaserdistribuídaemprojetos
artísticos,tambémfoi cancelado.
O
presidente
daFCC,joceli
Souza,culpa
osrelatores do
decreto,
que teriam insistido em"questões equivocadas".
Por isso, não teria havido tempo paraapublicação
no ano passadoe,nesteano
eleitoral,
não seriapermitida
a
execução
deumeditalnãorealizadono anoanterior. Souza sugere que
alguns
relatorescausaramconfusãopor
motivações
políticas.
Otextodo editalfoi compostoporuma co
missão queenvolviaSOL, FCC,CECerepresen
tantesda classe artística.Umdos
relatores,
Fifo Lima conta que aequipe
trabalhou durantemeses, com
pelo
menosdoze reuniões presen ciais."Entregamos
otextofinalemnovembropara
lançamento
do então secretário Cesar SouzaJunior.
Anãopublicação
se deve a umdesentendimento
político
dentro daFCC", afirma.
Ator ediretor do
Grupo
deTeatro Gats,deJaraguá
doSul,
eex-conselheiro doCEC,Leone Silva tambémparticipou
daelaboração.
Segun
doele,
otextofinal do edital foi alterado dentro daCasaCivil. "Talvezqueiram
odinheiro paraoutra coisa",
supõe,
enquantodesqualifica
oargumentodoanoeleitoral. Silva ressaltaqueo
Tribunal
Superior
Eleitoral(TSE)
deuparecer favorável. O dinheiro não deixou deser utili zada."ForamgastosR$
2,6
milhõescom aMaratonaCulturale
repassados
R$
380 milpara aprefeitura
deFlorianópolis
contrataradupla
VictoreLéo paraoaniversário da
cidade",
lem braaatriz LuanaRaiter,doGrupo
Erro.Amaratona aconteceuentreosdias 23e25 demarçoem
Florianópolis.
Aprimeira
edição,
tambémrealizadaapenasnacapital,
foicria dapelo
então secretário daSOL, Cesar SouzaJunior,
emnovembro doanopassado.
Nofinal defevereiro desteano,opolítico
saiudocargo para selançar
pré-candidato pelo
PartidoSo-Protesto simulafuzilamento deartistas nocentro da
capital
no dia15/05
cial Democrático
(PSD)
àprefeitura
da cidade. Para Raiter, isso mostra como apolítica
culuraldo
estado,
naverdade,
éumapolítica
deeventos. O
presidente
daFCC,joceli
Souza, defende o governo. "As pessoasprecisam
entenderqueaFCC nãotrabalha sócomartistas. Museusebibliotecas também são admínístra dos
pela fundação.
Aclasse artísticarepresenta apenas 10%dacultura doestado",
afirmaSou za,ilustrandocomo aarteétratadaemSanta Catarina.Ele ainda provoca o movimento
Ocupa
CIC."É preciso respeitar
o campodemocrático. Invadir o centro, ta
parooutdoor de
divulgação
... Issoécultura?Essa éuma área elitizadae essevandalismo é
incompatível
com aclasse".O ator e ex-conselheiro do CEC
Leone Silva diz que em
Jaraguá
doSul,
commenos de 150 mil
habitantes,
existem novegrupos de teatro,orquestraseváriasbandase
gruposde
dança.
"Acho queogovernonãoestá dandoadevidaimportância
paraomovimento.É
tudogenteséria quenãofariaumamanífestação
paraperder
tempofazendobagunça".
FátimaLima,
professora
deArtesCênicasdaUdesc,
ainda lembra que os artistas também têmdespesas
comoqualquer
outro cidadão."Quando
ogovernantecortaumedital,
elenão pensa queessaspessoasprecisam
comer."Saiba
quais
estadosaderiramaoPlano Nacional deCulturae
quais
estão maisorganizados
naconstrução
doseuplano
estadual emzeroconvergencia.ufsc.br
Governo
propõe
planejamento,
mas
falta
diálogo
Em 2012 foi composta uma co
missão estadual parasistematizar o
plano
de cultura paraSanta Catarina.
É
aprimeira
vez nahistória do estado em que se pensamprojetos
culturais a
longo
prazo. Oplaneja
mento parte das diretrizes estabele cidas no Plano Nacional de Cultura
(PNC),
que devemseradequadas
às realidades de cadaregião.
A
presidente
do CEC,Mary
Eliza bethBenedet,
aponta dificuldadesem entendero material do governo federal. "A
diferença
entreateoriae aprática,
asespecificidades
doestado,
a
compatibilidade
com oplano
nacionalentravamotema."
AUniversidade Federal de Santa Catarina
(UFSC)
desenvolveu umprojeto
deapoio
àelaboração
dospla
nos estaduais.A
professora
do cursode
Administração
EloiseDallagnelo
é aresponsável pelo plano
decapacitação
dascomissões dos 18estados que aderiram ao PNC. Ela salientaJunho
de 2012
�
sociedade civil.
i
não acontece.�
Para Fifo Lima,o
planejamento
vem sendo ela borado a portasfechadas. "Ocor
reto seria que
já
no começo deste ano o governo tivesse
produzido
umgrande
deba tecom osprodu
tores culturais e com apopulação
de maneira ge-raL" Parajunho
estãoprevistos
fóruns nasdezregionais
paraaelaboração
dotexto.Osencontrosforam marcados de acordo com a divisãoturística
já
existentedo estado. Limasemostra
pessimista.
"Todoeste trabalho seráfeitosomenteduranteum
Manifestantesocupam ele e elaboram
cartaexigindo
maiortransparência
anecessidade dediálogo
em todo oprocesso,mesmoque
seja
difícil. "Se houversensibilização, divulgação
emobilização
vaidar certo,porque aspessoasqueremserouvidas". Uma das
principais
instruções
determinadas no PNC é
justamente
a
ampla participação
da sociedadecivil.
Apesar
dapresidente
do conselho reconhecero
diálogo
comopontofundamental nodesenvolvimento do
projeto,
a conversa entre governo eZERO
diaemcada
região.
Nãoacreditoqueoresultado será
significativo."
A gerente de
políticas
decultura da SOL e membro da comissão de desenvolvimento doplano,
SuzanaBianchini,
reconhece queoprocessoestá atrasado devido à
mudança
desecretário,
com asubstituição
deCesarSouza
Júnior
porJosé
Natal.Outra dificuldadetemsidoorganizar
o material
apurado
nasreuniõesregionais
em umúnicotexto.
Até o final do ano o
plano
deveser
apresentado
aogovernofederal.Apresidente
doCECachaque não serápossível.
"Precisaremospedir
maistempoparafazer bem feito."A
profes
sora
Dellagnelo
assegura queoprazoésuficiente. "Nãoestamos
cogitando
que
algum
estadonãoconsiga".
MatheusLobo Pismel
matheuslobopismel@gmail.com
Mariana Pitasse