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Zero, 2012, ano 30, n.7, jun.

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(1)

Com

sistema de

informação

da década

de

1990,

UFSC

não

consegue fiscalizar

as

fundações

e

garantir

transparência

PÁGINAS

8 E 9

CURSO

DE JORNALISMO DA

UFSC

-FLORIANÓPOLIS,

JUNHO DE 2012

-

ANO

XXX, NÚMERO

7

Não

é só

glamour

e

fama

Falta de

pagamento,

prostituição

e uso

de

drogas

assombram

o

universo de modelos

que tentam

seguir

carreira internacional

i

A' 5

ONExões

Bizarrices do

Legislativo

Inúmeros

projetos

de lei para datas

comemorativas

e cursos

que formam

vereadores

fazem

parte

da

política

estadual

PÁGINA

10/11

ZERO ENTREVISTA

Antônio Carlos Mafalda

Repórter fotográfico

desde

os

tempos

da

ditadura cobriu guerra,

Copa,

visita do

Papa

e

ainda foi

funcionário

do

Chacrinha

(2)

EDITORIAL

DIRETO

DA

REDAÇÃO

Interesse

público,

ameaças

e o

papel

de

um

jornallaboratório

uando se trata de

jor­

nalismo,

existem várias medidas para sinalizar que um veículo de co­

municação

está no ca­

minho certo.Umadelas éarespostado

leitor,

naforma

defe­

edback

positivo

(elogios

e

estímulos)

ou nade

cobrança.

Issomostraque

oveículo foi notado

pela

audiência,

pelo público.

Outro sinal é a reper­

cussão dos conteúdos

produzidos,

o que demonstra que outros meios não só reconhecem a

importância

daquele material,

mas também in­

vestem

nele,

aumentandoo coro.

Esses dois indicativos mostram

às

redações

queasdecisões tomadas e as

estratégias

adotadas têm sido também as mais acertadas.

É

uma

luzverde quenos

impele

aacelerar.

Mas

repórteres

e editores se de­

param também com outro

tipo

de sinal que mais parece um alar­

mantevermelho:

quando

afonte de

informação

entra em contato para

"convencer" anão

publicar

arepor­

tagem.Esta

interação

pode

sedar de

diversas

formas,

de um sutil telefo­ nema que tenta descaracterizar a

importância

da

informação

buscada

C'não

vale apenatornarisso

públi­

co...

")

a umaameaçapara dissuadir

o

jornalista

("se

publicar

isso,te

pro-OPINIÃO

ONDE

O LEITOR TEM VOZ

cesso!"). Seja

qual

fora

embalagem,

o

produto

éomesmo:

pressão.

Pres­ são para não tornar

público

aquilo

que se quer manteroculto. Pressão para que nãosecontrarie interesses de pessoas ou grupos. Pressão para que o

jornalismo

não

investigue

ir­

regularidades, desmandos,

abusos e

ilegalidades.

Embora pareça um sinal de ad­

vertência,

ameaças de fontessãoen­

tendidas no

jornalismo

como

pistas

dequesedeve

seguir

na

investigação.

Aluz vermelhasetornaverde...

Pressão sobre

repórteres

também é

sinal

de que

se

está

no

caminho

certo

Ao

longo

de 30 anos, a

redação

do Zero

já experimentou

essastrês

medidasquesinalizama um

jornal

seestánocaminhocerto.

Frequente­

mente,temos retornosdos leitorese,

ocasionalmente,

nossas reportagens

"inspiram"

outrosveículosdecomu­

nicação.

Neste

mês,

dois de nossos

Foium sucesso otrabalhocom oZerono3°. e4°.do

Magistério

naEscolaAn{bal.Foi muito

gratificante

ver

quão

vorazes

aqueles

alunos- no

caso,alunas

-folheavam

e

mergulhavam

nostextosque

pareciam

tersidoescritos

especialmente

paraaocasião.

MartosSilveira

repórteres

foram também ameaça­ dos por uma fonte

que,

por

e-mail,

tentou

proibi-los

de

mencioná-la

em umtexto: "Estou levandoo assunto

às instâncias

superiores

da UFSC, para as devidas

providências.

Por

fim,

acredito que vocês devem ter

conhecimento das

implicações legais

pertinentes

ao assunto", escreveu a

fonte que não assustou nossos re­

pórteres.

Neste caso,nareportagem

de capa desta

edição, prevaleceu

o

interesse

público

e odireito àinfor­

mação.

O Zero se

guia

pelas

regras e

cuidados do

jornalismo

convencio­ nal.A

condição

de

jornallaboratório

nãonoslimitaaatuarcomo

publi­

cação

meramente escolar. Se fosse

assim,

hospitais

universitários

-que funcionam como

hospitais-escola

- também

não

poderiam

atender ocorrências mais

complexas,

pa­ cientes em

situação

mais delicada. Um

jornal

laboratório também deve fazer denúncias e

ínvestígar

temas

de interesse

público.

Cercamo-nos de documentos e

informações

que

atestam e sustentam os textos que

publicamos.

Agimos

com

cautela,

ética e

equilíbrio,

pois

acreditamos

queestamosna

direção

corretaeque

é assim que sefaz

jornalismo.

Mes­

mo em um

jornallaboratório.

@zeroufscMobilidade urbana étemade

campanha

dostrabalhadores do

transporte

urbano de

Floripa

Quorum

Comunicação

-@QuorumCom "AdoreioZeroRevista! Asduascapasestavam

demais!" Souleitora doZerohámuitosanos.

Quero

cumprimentar

o

empenho

de

professores

ealunos

para

publicar

um

jornal

comtemastãorelevantes

.

paraaUFseeparaacidade.Na

edição

demaio,as

reportagensdemonstremseu

compromisso

social.

Parabénsàtoda

equipe

doZero.

SilvanaMaria Pereira

Luiza

Fregapani

-@luizafregapani

PARTICIPE!

Mandecríticas,

sugestões

ecomentários E-mail

-zeroufsc@gmail.com

Telefone

-(48)

3721-4833 Twitter -@zeroufsc

Zl80

ZE�O

OMBUDSMAN

BERNARDO KUCINSKI

Cadê

o

gancho?

A

reportagem doZero sobre a

usurpação

devagasde esta­

cionamentoreservadasa

portadores

dedeficiências físicas é cuidadosae

ampla.

Mascadêo

gancho?

Onde estáa

briga

de

tapa,o novo

decreto,

ou o clamor

público

a

justificar

uma

página

inteirado

jornal?

.

ARafaela diz que "o

desrespeito

continuacom300

infrações

em

2012",

estatística frouxa

(três

infrações

por

dia),

de um comportamento que

"continua",

nãode umsurto. Gancho fraco. Rafaela nãoestá sozinha.

Quase

todasasmatérias da

edição

passada

poderiam

tersido

publicadas

em

qualquer

momentonosúltimosseismeses- ou nos

próximos

seis. Na história damúsica

eletroacústica,

oinusitado estáno

gênero musical,

não em

algum

evento ou

programação

do grupo.

Aliás,

me

perguntei:

quando

seráo concerto?Falta o concertoe falta

gancho.

E assim vai. Amatéria sobreainexistência de auto-críticana

Universidade,

pano de

fundo paraaposse danovareitora,fala deum livro

publicado

no ano

passado,

outrode doisanosatráse umterceiroque faltaterminar. Amatériadecapaéasíntesedessa

opção

editorial,

ao abordarum

problema

permanentedas

metrópoles

brasileiras,

odonão

planejamento

urbano

(no

caso,o de

Florianópolis)

e

especulação

imobiliária. Temas

importantes?

Claro.Mascomoabordarum

"plano",

assunto

chato,

além dissotão

manjado,

semafastarosleitores? Aí équeestáa

questão.

Peguei

no

da

Rafaela,

no começo deste

comentário,

porque sua

matériaéamais

pesquisada

ede focomaisdefinido.Umbompontode

partida

paraseanalisara

diferença

entre fatose

situações

dramáticasou

inusitadas,

equeeuchamo

aqui

de estados estacionários- e nesse casode

gravidade

pouca,

pela

naturezada

transgressão

e

pelos

dados da

pesquisa.

Qual

seriaareportagem,senãoa

própria

pesquisa?

Não sei. Teriaque haver um"brain

storming".

Publicaro

endereço

onde setiraa

licença

paraestacionar não é

solução.

Que

talentrevistaraspessoasno momen­

toemque estão

usurpando

essasvagas,perguntarcomo se

justificam,

se

dormem bemà noitee analisaressas

justificativas?

Ou tentardescolar

alista de todos os 300 multados deste ano

(jornalismo investigativo)

e

traçarse o

perfil?

Quem

sabese encontrenela um

juiz

de

direito,

um

delegado

de

polícia,

um

padre,

um

professor

titular? Umestudante de

jornalismo.

Isso simdariaumsamba.

Parafazer

jornalismo

com oque não

muda,

comfenômenos

incorpo­

rados àrotina,ouníveismoderados de

transgressão

a

pesquisa

básica é umbompontode

partida.

Nãoéo

ponto

de

chagada.

Ese otemaé

chato,

é

preciso

criatividade tambémna

linguagem.

Aconteceutantacoisa

importante

einusitadanomêsem

Floripa,

no

Brasil,

no mundonos últimostrintadias.Nãoseriamas pautasatem­

porais

doZerotambém umaforma

elegante

de

fuga?

Umamodalidade de

jornalismo

talvez

importante,

quando

tratade

problemas

estruturais,

mascertamentecômoda demais?

Físicoejornalista,é doutoremComunicaçãoepós-doutor pelaUniversityof London.

Por maisdevinteanos, lecionounaUniversidadede SãoPaulo,ondeseaposentouhá cincoanos.Entre2003e2006,foiassessorespecialda Presidência daRepública,em

assuntosdecomunicação. Éprofessorvisitanteda UFSC.

Oselo doZero

Convergência

estánas

reportagensque também têm conteúdo

extranaweb!

zeroconvergencia.ufsc.br

JORNAL

LABORATÓRIO

ZERO AriaXXX- N° 7- Junho de 2012REPORTAGEMAmanda

Melo,AnaCarolina Paci,AriannaFonseca,DanielGiovanaz, Ediane Mattos, JoséFontenefe,Juliana Ferreira,LucasPasqual,MaílaDiamante,Manuela Lenzi,MarianaPitasse, MarleneVentura,Marina Empinotti,

�atheus

LoboPismel,MiltonSchubert,MireneSá,Nathan MattesSchafer,

RafaelaBlacutt, RafaeflaCoury, Rodrigo Chagas, SendyLuz, ThoméGranemanrieVictorHugoBittencourt

EDIÇAO

Alécio Clemente; BárbaraLino,CamilaGarcia,CarolinaDantas,Rodolfo

Conceição,RosielleMachado,Tufio KruseeWesleyKlimpel

DIAGRAMAÇÃO

AmandaMelo,PatriciaPampfona,Rafaela Blacutte Vinicius

Schmidt_FOTOGRAAA

MarinaEmpinotti, Sendy Luz,

VictorHugo BittencourteWesley KlimpelCAPAMorganaHoefellNFOGRAAALucasPasqualeNathale EthelFragnani

PROFESSO�ES

RESPONSAVEIS

Rogér�o

ChristofolettiMTbjSP25041

eSamuel LimaMTb/SC00383MONITORIAPatricia PamplonaeVinicius Schmidt

IMPRESSÃO

DtárioCatarinenseTIRAGEM5milexemplares

DISTRIBUIÇAO

Nacionql

FECHAMENTO31

de maio

-rio- I PrêmioFoc listas de se 2'000

••••••

áfica SetUQíver

,

1990,

1991.;

.

Junho de

2012

(3)

WancrMaia

PÁGINAZERO

PRIMEIRAS

LINHAS

deriasermais

cristalina;

mostravaaatriznos

braços

do

candidato tucano,

seguida

da

legenda

"Aatrize seu

galã:

beijim-beijim,

tchau-tchau".

Acobertura do último

comício,

na

página

7,

seguia

a

mesmalinha da manchetede capa.Iniciavadizendo que

os 30 milcatarinenses

espremidos

no

Largo

da Alfânde­

gahaviam dadoa

"prova

definitiva" dequeestavam ao

ladode Lulaedestacavaas

palavras

doentãocandidato

aosubirno

palanque.

"Issonãoéumcomício.Isso

aqui

éuma

pós-graduação

em

Sociologia

Política". O

relato,

depersonagenscomo o

pai

que levaabebê de colo ao

comício,

osfuncionários da empresa

Cipla

embusca da

intervenção

doentãocandidatoa

presidente

emproces­ sos

trabalhistas,

se encerrademaneiracatártica."No fim

do

comício,

Lulaafirma quevai provar queumtorneiro mecânico é capaz de fazer

política

melhor do queaque vemsendofeitaaté agora. Amultidão

aplaudiu

comen­

tusiasmoemuita

esperança".

As centrais iniciavam com a

reprodução

de um

textodo

jornalista

MinoCarta,editor deCarta

Capital,

sobre o Lula que conhecera em 1978. Carta escreve

que

"enxergávamos

[Bernardo

Lerere Mino

Carta]

em

Lula uma

figura

de

grande

porte, destinada a crescer.

QI muito

alto, vocação

política pronunciadíssima,

destino de

líder,

ideias

simples

e

límpidas,

sentimento idem. Um

protagonista.

Para a ribalta". Em

seguida,

um

perfil

do

ex-metalúrgico

que refazia sua

trajetória

política,

do sindicalismo à

presidência,

"Finalmente o

povo

elege

umtrabalhador para

presidente".

As outras

duas

matérias,

em menor

destaque,

enumeravam as

produções cinematográficas

baseadas em suavida e o

recentetítulo de "DoutorHonorisCausa",concedidopor duas universidades nordestinasaLula.Namatéria sobre

aconcessãodo

título,

oZeromostravamaisuma veznão

terpapas na

língua.

"Além de

presidente

da

República,

LuizInácioLula da Silvaserádoutor.Numgestoque

pode

serencaradocomo

homenagem

aoconhecimento não­

acadêmico,

ou ainda

'puxa-saquismo',

a Universidade

Federal da Bahia

(UFBA)

e a Universidade Federal de

Pernambuco

(UFPE)

decidiram concederao

presidente

eleitootítulo de 'DoutorHonorisCausa' ".

Na

opinião

dos

ex-alunos,

a

independência

do

jornal

proporcionava

umolharmaiscrítico."Eraumapostura

defendida

pelo

Barreto",lembra

Boschi,

e

conclui,

"acho

importante

oZero ter uma cara, quenão

precisa

ser

sempre amesma,edefendê-la".Martins também argu­

mentaquealinha editorialera,em

grande

parte,reflexo

do

professor

que coordenavao

jornal-laboratório.

"Era

tudo centralizado no Barreto.

Sugeríamos

pautas, ele aprovavaedava direcionamentos. Tudo tinhaaaprova­

ção dele,

quelia todoo

jornal".

Lula sob

um

olhar

crítico

Otimismo

e

esperança

marcaram a

edição

de 2002

Até

meados dosanos90oCurso de

Jornalismo

da UFSC tinha entrada

própria,

à parte do Centro de

Comunicação

e

Expressão (CCE).

Por conta

disso,

era normal que os fecha­

mentos do Zero corressem noite

adentro,

regados

avinhoeotrascasitasmás.

Alguns

anos

depois,

em novembro de 2002,com o CCE

reformado e sem aentrada

exclusiva,

aturmaque

produzia

o

jornal

re­

solveu relembrar avelha

tradição

em um fechamento.

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l

fechando o Zero, a

gen-v

te tinha que aceitar ficar

i

trancado lá dentro". Wendel

t

Martins, também

daque­

la turma, conta que "um

aluno teve que pegar uma.

escada para buscar man­

timentos:

cerveja

e

pizza.

Um segurança viu tudo e

foi uma discussão. No

fim,

oBarreto

[Ricardo

Barreto, editor do

jornal

na

época]

subiuna escadae ficoues­

bravejando

com ocara". A

edição

comemorava

discretamenteos20anosdo

Junho

de 2012

Zero: um pequeno selo na

capa,decercade 3 centímetros

quadrados,

e oeditorial

indicavama novaidade do

jornal.

O motivoda

discrição,

porém,

erapuramente

jornalístico:

em27 de outubroLuiz InácioLula daSilva fora

eleito,

em

segundo

turno,

presi­

dente da

república

com

aproximadamente

53 milhões de

votos.A capa

daquele

mêstraziauma

grande

foto dopre­

sidente

eleito,

seguida

damanchete: "O triunfo daespe­ rançasobreomedo".No

editorial,

"Os20anos e oséculo

21",o

professor

escrevia:

"Apesar

doscostumeiros revezes, tivemosum anoextraordinárioao

conquistar

uminédito

pentacampeonatomundial defutebol

(sem

esquecerines­

quecíveis

vitóriasemoutroscampose

esportes)

e

eleger

umlíder

metalúrgico

paraa

presidência

da

República".

Dasdezesseis

páginas

daquele

Zero, quatrosedebru­

çavamsobrea

eleição presidencial.

Umaeradedicadaa

José

Serrae seu

principal cabo-eleitoral,

aatriz

Regina

Duarte;a

seguinte

tratavado último comício de

Lula,

no

Centrode

Florianópolis;

e ascentrais traziamuma

espé­

ciede

perfil

do

presidente

eleito.

Para quem nãoconheciaaposturaeditorial do

jornal,

bastava leracartola da

página 6,

queironizavaaderrota

deSerra:

Réquiem.

Namesma

página,

amatéria

"Regina

Duartefracassacomo

patrulheira",

não poupavacríticas

à"namoradinha do Brasil". Chamava-ade

"porta-voz

do medo da elite". Afoto que ilustrava amatéria não

po-ZERO

Nathan Mattes Schafer

(4)

ZERO ENTREVISTA

ANTÔNIO

CARLOS

MAFALDA

Fotos:Wesley Klimpel

"Medo é

coragem,

eu

sempre

defini

isso.já

estive

sozinho,

cara.

Eu,

a

máquina

e

Deus"

Fotojornalista

que cobriu guerras,

revoluções, Copa

do Mundo

e

visita de papa fala

ao

Zero

comopaudeluz

[iluminador].

Grava­

va uma

novela,

AssimnaTerracomo

noCéuetrabalhei tambémnalrmãos

Coragem [novelas

exibidasem

1970].

Eusabiamontarmuitobemecuidava do cavalodo Tarcísio Meira. Um

dia,

faltou um cara que tinha que fazer

uma cena e mechamaram:

"Gaúcho,

monta

aqui

essecavaloque você vai vir

correndo,

seatiraemorre".Sabecomo

é,

comcachê...Fizessa cena nanovela

e uma

rápida

passagemcom oTarcísio

Meira, Glória Menezes, Cláudio

Mar-zo eváriosoutrose

fiquei

conhecido.

Também trabalhei com o Chacrinha na

seleção

daspessoas,masaí

esta­

vacaminhando parao

jornalismo.

Vocêtemquase 50anosdecarrei­ ra

fotojornalística.

Comofoio seu

iníciona

profissão?

Na

época,

os

jornais

nãonosfalavam

oqueagentetinha que

fazer,

nãonos

davam

instruções.

Tuera

jornalista,

tu

era oautodidata.Eu,por

exemplo,

me

crieinoZeroHora,dormindoemcima damesada

redação.

Depois

que saífu­

gido

doRioGrande do

Sul,

porcausa

da lutacontrao

regime

quefazia

lá,

fuiparaoRiode

Janeiro,

onde vendia carnê e trabalhava à noitena

Globo,

Antônio

Carlos Mafaldaé ativistadesde os 13 anos de idade.

Nascidoemfamília democratana

época

da

ditadura,

ele

foi

perseguido

noRioGrande do

Sul,

trabalhoucomoiluminador naRede

Globo,

foiator

improvisado

emnovelas daemissorano

ínicío dadécada de 70emembro da

equipe

quefaziaoprogra­ mado Chacrinha. Decidiuretornaraosul do

país

parasetornar

fotógrafo.

Procurou vagano

jornal

Zero HoradePorto

Alegre, aprendeu

emcampoo

ofícioque maistardeodestacaria nacionalmenteeali permaneceupor15

anos. Cobriu

revoltas,

guerras,

Copas

do

Mundo,

Fórmula 1,ditadurana

Argentina, revoluções

naAméricaLatinaeatéavisita do

Papa João

Paulo IIaoBrasil

(de

quem,

inclusive,

alega

terficadoquase

íntimo).

Nestaentre­

vista,o

fotojornalista

contaumpoucodoque viueviveu emmaisdequatro décadasna

profissão.

.

E o que o fez voltar para o Rio Grande do Sul?

Um dia eu tinha que iluminar uma

cena na

piscina,em

Assim na Terra

como no

Céu,

com oFrancisco Cuoco

e a

Regina

Duarte masnãosabia ope­

rar o

equipamento. Liguei

o

negócio

e

a luzficou muito forte. Como a

ma-ZERO

Junho de 2012

(5)

quiagem daquele

tempoera

carregada

porcausade televisão

preto-e-branco,

em cinco minutos começou acair a

base dacaradoCuoco. Ficouumbor­ rão! Odiretorperguntouoquehouvee eudisseque nãosabia.Memandaram embora.

Foi

quando

euvimtrabalharnaZero Hora.

Fiquei

uma tarde inteira para falarcom odono do

jornal

e

conseguir

emprego.Ele chamouo

editor,

pergun­

tousetinha vaga,e

caradisse: "Tem

pra editoria de Polícia...

"

E eu: "Por

favor,

nãome

põe

em

política"

[risos].

Depois,

falou davaga para

fotografia,

perguntouse eu era

fotógrafo.

Eudisse que era, apesardenão

fotografar

nada. Você

chegou

a Porto

Alegre

e na

primeira

tentativa

conseguiu

uma

vaga de emprego.Foifácilseinsta­

larnacidade?

No mesmo dia em que eu entrei no

jornal,

aindaem1970,fuicomer com osenhor MaurícioSirotski

Sobrinho,

o

dono daZeroHora,noBardasPutas, ondeochefe tinhaconta correnteeàs

vezes pagava

cerveja

para o

pessoal.

Fuicomerali

-pão,

salamee uma cer­

vejinha

-esaí

empregado.

Masonde

eu iria morar?

estavasemdinheiro eoMaurício disse"amanhãtucomeça

atrabalhar".Eu

respondi:

"Sefor para começar

amanhã, prefiro hoje.

Vou pegaras

máquinas

edarumatreina­ da".Desciláetinhaasalinha do

Telex,

onde

chegavam

asnotícias das

agên­

cias internacionais. Para dormir ali

temqueestarcommuito sono, porque

é muitobarulho.Ochefe do

lugar

era o

"Sequinho",

para quemeu

perguntei

se

podia

dormir ali. Ele disse:

"Poder,

pode.

Tu tens

cobertor?",

e eu tinha!

'Estavanumamalinha de madeiraque eucarregava. Forrei,

deitei,

puso co­

bertoretirei uma sonecaboa.

Fiquei

sabendo onde tinha

lugar

paratomar

banho,

fiz amizadecom o carado

bar,

o

Aurélio,

etiravacafé da

manhã,

al­ moçoe

janta,

tudo lá.

Evocê permaneceu noZero Hora

por15anos.

Qual

acoberturamais

importante

que vocêserecorda? Imara

[esposa

e também

jornalista]

e eutemosumapassagem

juntos.

Fo­

mos os

primeiros

jornalistas

do Brasil

.

acomeçarahistória dosSem Terrana

fazenda

Sarandi,

Rio Grande do

Sul,

ondeoBrizolafeza

primeira

reforma

agrária

do

país,

em79.Nósfomos à fa­ zenda para cobrirosSem

Terra,

eficar no máximo três

dias,

mas acabamos

ficandoummês.Nossoargumentoera

de queos carasiamsermortossenós

fôssemos emborae o

jornal

nosban­

cou,acreditou. Aí estáa

grande

arma

do

jornalista:

a

confiança.

É

saber que

estáfalandoa

verdade,

semmedo.

Comooconflito foi resolvido?

Mandaram um

capitão

do Exército

para nos

prender. Quando

a Imara

estavafazendoumaentrevista, cerca­

ram-nade

baionetas,

e eu

pensei

que

iam matar a mulher... Subi em uma

cerca de arame e fiz a foto dela no

meiodos

policiais.

Aío caraveiopara

cimade

mim,

disse que estávamos pre­

sos.

Perguntei

oque ele era,eeleres­

pondeu

que era

capitão.

"Tu émuito baixo escalãoparame

prender,

sóme

entregode

major,

coronelparacima!",

e aImarasómeolhavaeconcordava. Essa coragem pegou o cara de sur­

presa,elenãosabiaoquefazer'! Aíos

"A

força

jornalistica

era tão

grande

queeles tinham medo"

Junho de 2012

milicos abaixaramasarmas, viraram as costaseforam embora.Amassade

gentecomeçoua

gritar

-imagina,

300,

400 colonos

gritando

no campo. Tu

enlouquece,

viraaté

Jesus

Cristo. Mas e

depois,

para colocar a foto no

jornal,

nãoeraoutro

problema

naditadura?

Quando

deu essa

história,

eu

tinha

feitomuitafoto.Agentetiravaofilme

da câmeraeentregavaparaomotoris­

ta,que osescondianumcano dentro daBrasíliaepassava

pela

Polícia. Eles

revistavam, mas nuncaencontravam.

Era amutretaque agentetinha.E o

motorista era

jornalista também,

era uma

integração.

Se a censuraestives­

sedentro do

jornal

edissessenão,não tinha como contestar. Por mais que fossem favoráveisao governo,a

força

jornalística

queexistiaeratão

grande

queos carastinham medo.

Eessa

máquina

queosenhortrou­

xepara nósvermos,é

daquela épo­

ca?

Essa

aqui

vive

comigo

há quase

quarentaanos.Todaahistória do fo­

tojornalismo

mundial está

aqui.

Antes

dela,

existiaoRobert

Capa,

oCartier­ -Bressonemaisuns10

fotógrafos

que faziam guerraenão tinham telefotos

[equipamento

detransmissãode fotos atravésdas ondas de

rádio].

Semessa

máquina

paraenviara

foto,

omeiode

transporte,muitas vezes,eram os

pró­

prios

mortosqueeram

transportados.

Quando

os

americanos,

os russos ou

alemãesmorriam e osaviõesvinham buscaroscorpos,os filmesiam enro­

lados nos cadáveres e eles avisavam: "está indoumcadávercom ummonte

defilme".Era

necessário,

porquemui­

tasvezestinha

problemas

parasairdo

país. Depois

que

surgiu

essa

máquina,

o

fotoiomalismo

tomou outra

direção.

Vocênuncatevemedo de trabalhar

duranteaditadura?

Tinhamuitosdesafiossim,houvemo­

mentosem que tive quesermais

rápi­

do queo revólver.Uma vez, um cara

levantou umfuzil para me

atingir

e

perguntouquemeramais

rápido.

Eu fizafoto

primeiro.

Estou

aqui

e afoto delemedeuum

prêmio.

Eletentouati- .

rar,masnãotevecoragem,aívireias

costasefui embora.Omedoéa cora­

gem,eusempre definiisso. Eu

estive

sozinho,

cara. Eu,a

máquina

eDeus. Nuncacriei

imagens negativas,

nunca

pensei negativo.

As

imagens

que eu

criavaeram

imagens positivas.

Entre as várias coberturas

jorna­

lísticas deconflitoseguerras,você noticiou a

queda

do

presídente

uruguaio

Juan

María

Bordaberry.

Comofoia sua

participação

nesta

edição?

Eu estavadormindo naZero Hora e a

campainha

do telexcomeçou a to­

car

desesperada.

Acordei e li a men­

sagem: "Presidente

uruguaio

cai".

Liguei

parao Lauro

Schirmer, editor,

ZERO

Confiraoáudio

completo

da entrevistacomAntônioMafalda

em

zeroconvergencia.

ufsc.br

z

pela

uma da manhã e

passei

a

informação. Já

estavam

impri­

mindo o

jornal

e oSchirmerme mandou parar as

máquinas

-era a coisa que

eu mais

queria

na minha vida:

falar

"parem

as

máquinas!"

Mas

quando

eu

disseisso o cara

começou a rir. Tiveque mandar

denovo,

explicar

a

situação

para ele

parar.Paracolocara

matéria,

eudeve­ riachamaroeditor de

Internacional,

mas como eu

tinhavistoele fazendo

isso, eu mesmo

peguei

o

telegrama,

grudei,

mandei fotolitar e

troquei

a

capa.Acho que foi o único

jornal

da América Latina que deu a manchete queo

presidente

uruguaio Juan

María

Bordaberry

tinha caído. Eraoúltimo

presidente

demo­ crata na América Latina

(Borda­

berry

comandou um

golpe

do Es­ tado em 1973, e permaneceu até

1976).

Quando

começou a sair

aquela

página,

era um troçoini­

maginável!

Tanto para mim, quanto

para osoutrosdomeu lado.

Quando

euconto,éuma

grande

emoção.

Para

mim,amaior

glória

que possoterna

vida é saberqueumdiaeufizisso.

Telefoto: envio de fotos por ondas de rádio

o caraqueia paraguerra,e ocaneti­

nha

[repórter

de

texto]

eraquem dava o

respaldo,

quem assinava embaixo.

Existia um casamento muito

grande

entreo

repórter

canetinhae o

fotográ­

fico,

mas

hoje

não.

Hoje,

aempresa diz

"toma

aqui

essa

máquina

e

fotografe

também".

Nasúltimas

quatro

décadas houve

mudanças

na

parte

tecno­

lógica

e uma democratiza­

ção

no mundo da

fotografia.

Qualquer

pes­

soa

pode

fazer

imagens

e pu­

blicá-las com

muita

facilida-"Me

apontaram

um

fuzil pra

ver

quem

era mais

rápido.

Eu fiz

a

foto

primeiro"

Hoje,

é muito comum encontrar

funcionários

polivalentes

nas em­

presas

jornalísticas.

O

surgimento

de meios multimídias

exige

que o

repórter

entreviste,

escreva a ma­

téria e

faça

as fotos. Como você avaliaessanecessidade do merca­

dono

fotojornalismo?

Vouanalisaro

repórter

fotográfico

do

passado

e o de

hoje,

queeuachoque

são raros. Existeum cara que opera

uma

máquina

digital

e o outro, que

é

fotógrafo.

E essa

diferença

não é

preconceituosa,

por favor! Não tenho nenhum

preconceito

pelo

cara que é

operador

de

máquina,

até porque eu

fui um delesemcertos momentos. O

repórter

fotográfico

éo cara que vai buscar a

informação.

Afoto dele é a

informação.

Ele é um

caçador,

um

garimpeiro

de

imagens,

quesai paraa ruaparafazerumareportagemetem

na

cabeça

que

precisa

resumir uma

história em uma

imagem.

O

profis­

sional, hoje,

levano mínimouns 10,

15 anos para se tornar um

repórter

fotográfico,

mas eletem que ter essa

vocação.

Tem que ter uma sensibili­ dademuito

grande,

umaleitura muito boa das

imagens

e

precisa

saberoque

temquefazer.Naminha

época,

o re­

pórter fotográfico

era

ponta

de

lança,

de. Isso

pode

serconsiderado

jor­

nalismo?

Eu

vejo

o

seguinte,

houve uma mis­

tura.

É

impossível hoje

uma foto de

alguém

queestavano

lugar

certona

horacerta.nãoentrarem um

jornal,

porque todo mundo está

fotografando.

Omundoestá

fotografando,

queas

coisas estão banais. Não tem sentido

alguém

falar

"ah,

eu vou

fotografar

o

Bush",

porque ele está sendo

fotogra­

fado decincoemcinco

segundos,

onde ele passa.

Sempre

vão estar

fotogra­

fandoo cara.Por

quê?

Porque

ele está sendovistoporquantosolhos? Milhões de

olhos,

milhões de

máquinas

foto­

gráficas.

Com uma carreira tão diversifi­

cada, qual

o

tipo

de fotoquevocê maisgostade fazer?

Oqueeumaisgostoemminhas fotos

são as pessoas. As fotos

precisam

de

gente para representar a realidade.

Mas

ultimamente,

tenho mudado um

pouco, comecei a fazer

montanhas,

praias,

litorais..

, Acho que descobri

umaoutraveiaemmim,paraa

qual

eu não sabia que tinha

paciência.

É

bom,

mas eugostoédegente.

Ediane Mattos edimattos@gmail.com José Fontenele j.fontenele@yahoo.com.br SendyLuz sendydaluz@gmail.com ThoméGranemann granemannrosa@gmail.com

(6)

CONEXÕES

liNKS

PARA A VIDA SOCIAL

Pouca

estrutura aumenta

espera

na

adoção

Número de

funcionários

na

Vara da Infância da

capital

é insuficiente para atender à demanda

A

Campanha Adoção

-Laços

de

Amor,realizadaem SantaCatari­ na,

completou

umanodesdeo seu

lançamento

e

apresenta falhas no sistema. O relatório

divulga­

do no mês de maio

pelo

Cadastro Nacional de

Adoção

(CNA)

identificouanecessidade de

agilizar

os processos e

ampliar

o

quadro

de

profissionais

(psicólogos,

assistentes sociais,

pedagogos,

técnicos)

envolvidos. O

principal

questionamento

feito porquemestánafilade

espera paraadotar é sobre otempo queleva todooprocesso,

geralmente

muito

longo.

As­

sim,éum

paradoxo:

háuma

campanha

para

despertar

eaumentarointeresse,mas oEstado

aindanão

possui

estruturanemfuncionários

suficientesparaatenderademanda.

Estaéa

grande reclamação

dejoseanaAn­ dreaFonseca,que quer adotar duas

crianças

comidadeentredoiseseis anos,desde 2009.

Na

época,

Fonseca e omarido moravam em

São

José

e souberamqueláo processo seria

rápido

devidoao

perfil desejado,

duas

crianças

mais velhas. "Como estávamos de

mudança

para

Florianópolis,

decidimos

primeiro

nos

estabilizar para

depois

receber as

crianças",

explica.

Ocasalentroucom o

pedido

em2011, na

capital,

esóemabril desteanorealizaram

ocurso

preparatório,

constatando queopro­

cesso

aqui

é mais

lento, principalmente

por­

que há apenas uma

psicóloga

cuidando des­

tes casos. "Ela é muito

engajada,

se

importa

mesmo com oque faz.Se nãofosseisso,acho

que

teriadesistido"

elogia

Fonseca."Eu

re-• • • •

"

Adoção

no

Brasil

Itl

almente nãoacho que

seja

falta de compro­

metimentoda

equipe.

Masse oEstadonãodá estrutura,não é

possível

atingir

um

objetivo",

complementa.

Michelli Rabuske é aúnica

psicóloga

da Varada Infância de

Florianópolis

desde

janei­

rode2009.Elaequatroassistentes sociais são

responsáveis

portodos osprocessosdavara

-.

não apenas em casosde

adoção,

como tam­

bém nosdemaustratos,

quando

as

crianças

sãoretiradas dos

pais.

Arotinada

equipe

é lon­ gae

geralmente

duramais queo

expediente,

das 12hàs 19h."A gentesededicaao máxi­

mo.Existemdiasemquetrabalhamosà

noite,

fazendo entrevistas e analisando

processos",

afirma Rabuske. Elae a

equipe

tambémfazem visitasàs

instituições

de

acolhimento,

cuidam do cadastro de

crianças,

analisamospreten­

dentes para

adoção

nacionale

internacional,

realizamo curso

preparatório

(em média,

cin­

copor

ano)

eatendemo

público

diariamente. "Seria bomtermaisgente,masisso nãocabe

anós

decidir",

avalia Rabuske.

Asecretária da ComissãoEstadual

Judici­

ária de

Adoção (CEJA),

MeryAnn

Furtado diz que a

CEJA

não tem autoridade para

exigir

mais

pessoal,

que são selecionados através

deconcursos

públicos.

Masacomissão reali­

zamutirões

quando

osnúmeros deprocessos atrasados émuito

grande.

"Trazemospessoas deoutrascomarcasparaaumentara

equipe

e

aceleraroandamento dos

processos",

conclui Furtado.

t5.240

tt28.041

crancas

disponfveis

para

adoção

125

pretendentes

cadastrados

Lrn

2011,

33

crianças

da

Comarca de

Floria-iópoüs

foram adotadas

.g '0 ro Q; c:

9

+

foram

famílias

mandadas para

no

exterior

-c z o o 'O 8 � tl Q) 96

6

a

8

anos:

�tf( ·rt

24

residem

no

Brasil:

o

a

3

anos:

fttttt

e

ttttttt

'S;

3

a

6

anos:

·fttttt�··

tt2128

pretendentes

em se

que a Lei não

permite

separá-los)

e comnecessidades

especiais.

Realizada

por uma

parceria

entre Assembleia

Legislativa,

MP-SC, Ordem dos Advo­

gados

do Brasil

(OAB)

eTribunal de

Justiça

de Santa Catarina, também

teve resultados

positivos:

em âmbito

estadual,

42 novos

pretendentes

ma­

nifestaraminteresseem adotare 18% dos

já registrados

mudaram de

ideia,

passando

aaceitarcriançascommais

detrêsanos.

Na

opinião

de Heloisa

Dallanhol,

que procurauma

criança

de até cin­

co anos, de

qualquer

raça, sexo

e/

ou comdeficiência

física,

odinheiro

investido na

-campanha poderia

ser

utilizadoparaaumentaronúmerode

funcionários envolvidos com o pro­

cesso.Ao fazero curso

preparatório,

soube que o número de

adoções

no ano anterior foi baixo. "Isso desesti-Adoção: aproximação gradativa.

paraconstruirnovasrelações

individualmentee

depois

osdoiscomo um

casal",

esclareceaassistentesocial Danúbia Vieira. A

pesquisa psicosso­

cialnão ésomentepara

averiguar

se a pessoa tem

condições

financeiras para criaruma

criança. Ê

feitatam­

bémuma

avaliação

doambienteonde

viverá,

como será a sua rotina e a

motivação

do interessado em

relação

à

adoção.

"Tudoisso é paradar segu­ rança.

Queremos

evitar ao máximo a

possibilidade

de

rejeição",

declara

Vieira.

Em25 demaio,a

campanha,

que

temcomo

objetivo

diminuironúme­ rode

crianças

eadolescentes

acolhidos em

abrigos

go­

vernamentais,foi

relançada

para continuar a sensibili­

zar acomunidadeatravés de

histórias de

adoção

tardia,

de

crianças

com irmãos

(já

Análise da documentação ro 'O '" � ro E o () in � ---�

Cresce interesse

por

crianças

maiores

de

três

anos

Segundo

a promotora de

justiça

do Ministério Público de Santa Cata­ rina

(MP-SC),

Cristiane

Bõell,

otem­

pomédiopara

adoção

deveriaserde

seismeses.Apartemaisdemoradaéo

estudo

psicossocial,

que

abrange

duas

avaliações

dos

interessados,

umafeita

pela

assistentesocialeoutra

pela

psi­

cóloga.

Seosrelatórios

diferem,

éne­

cessárioumnovo

estudo, prolongan­

do oprocesso. Acomarcada

Capital

recebecercade 50

pedidos

de

adoção

anualmente.Noentanto,90% dosca­ sossãodecasais,tornando aanálise

dupla.

"Ê preciso

estudar cadapessoa

Passo

a

passo do

processo de

adoção:

Se encaixar noperfil: maiores de idadee16 anos amais queoadotado Procuraro Apresentação

fórum dasua dos documentos cidadeou necessários

região

Entrevistaparaavaliar

t,;'t...---""!---�---�--...�"""!"�.. ospretendentes Encontro:ojuizdecide

onde aconteceráo

primeirocontato

Fonte: Portal daAdoção

ZERO

..

mula muito.Acho que a

campanha

prejudica

quem

tinha o interesse de

adotar,

pois

acaba

sobrecarregando

aindamaisa

psicóloga

e asassistentes

sociais",

completa

Dallanhol. A promotora de

justiça

Cristiane Bõell

explica

que

se o bebê é

en-"Dinheiro da

tregue

pela

mãe ainda

recém-h

-nascido,

eles

ca m

pa

n

a

���:::�o

o

p�:

poderia

ser

usado

até 15 dias. Ana

para

contratar

apromotora:"Nãoécorretodizer que

as

crianças

estão abandonadas. Pelo

contrário,

elasestão

felizes,

estão

bem,

precisam

deumafamília".Ocasal não

pode

terfilhose,a

princípio,

que­

riam adotarumameninade até três

anos.

Após

o cur­

so

preparatório

ampliaram

suas

opções

- aceitam

agora

crianças

de até cinco

anos."A carência

de

pessoal

cau­ sa uma falta de Maria Pereira,

que sempre

quis

adotar um bebê

esclarecimento

mais

funcionários"

muito

grande.

conseguimos

mais

informações

agora,

pois

quem

dáocursoé muito

empenhado,

mes­

moque

haja

falhanaestrutura",pon­

deraAlexandreSantana. Ocasalain­ da afirmaquea

campanha

trazmais esperanças. "Vendoessas

propagandas

ficamosmais ansiosos",contaCristi­ naSantana.

de atéseis meses,

não teveessa sorte. Ficou oitomeses naespera

pelo

cadastroeforam quase

quatroanosatéa

chegada

da

criança.

Hoje

Pereira

esqueceutodoosofri­

mentoda espera: "Valeuapena,a ex­

periência

temsido fantástica". Bõell ainda defendeque,apesar da

demora,

não existe um

prejuízo

real para a

criança.

CristinaeAlexandre

Santana,

que

fizeramocadastroem

janeiro

de2011,

visitaramos

abrigos

econcordamcom

Rafaela Blacutt

rafaelablacutt@gmail.com

RafaellaCoury rafa.coury@gmail.com

Junho de 2012

(7)

CONEXÕES

LINKS

PARA AVIDA SOCIAL

Impasses

políticos

sufocam cultura

em

se

Sem editais

dois

anos,

produtores

e

artistas do estado cobram fim do descaso

com o

setor

Na

semanadodia 23 a28de

abril,

representantes da classe artística catarinense abriram as portas do

Centro

Integrado

de Cultura

(CIC)

para encher os corredores vazios

com

intervenções

culturais.A

intenção

dosma­

nifestanteserachamar

atenção

paraodescaso

do governo e

exigir mudança

no setor.Asrei­

vindicações

foram

apresentadas

em umacarta

encaminhadaao

poder público

e assinadapor

130 entidadesartísticasdo estado.

OCICfoi escolhidoparaoatoporserconsi­ derado símbolo do descaso.

Apesar

deasala de

cinemae oMuseu deArtes deSanta Catarina

(MASC)

terem voltado a

funcionar,

a

princi­

pal

atividade doespaçotemsidootrabalho de

orgãos

dogoverno estadual.

Lá,

funcionam a

Secretariade Estado de

Turismo, Esporte

eCul­

tura

(SOL),

a

Fundação

Catarinensede Cultura

(FCC)

e oConselhoEstadual de Cultura

(CEC).

Entreas

principais

exigências

dos manifes­

tantesestãoa

criação

deumasecretaria

especí­

fica,

mais

transparência

na

execução

de editais e

participação

da sociedade civilna

elaboração

do

plano

estadual de cultura.

Há dois anos o governo não

lança

editais

paraosetor. "O decinemaexiste há dezanos,

mas não foi realizado em quatro

edições.

O Prêmio Cruze Sousa,de

literatura,

eo Salão Victor

Meirelles,

deartesvisuais,não sãolan­

çados

desde 2008 e 2009,

respectivamente.

O

Cocali,

que

prevê

acomprade obras deauto­

rescatarinenses para

bibliotecas,

tambémnão

é

cumprido",

apontao

jornalista

emembro do

CECFifoLima.

Além desses programas, o Edital Elisabete

Anderle,

omaiordo

estado,

comverba de

R$

10 milhõesparaserdistribuídaem

projetos

artís­

ticos,tambémfoi cancelado.

O

presidente

daFCC,

joceli

Souza,

culpa

os

relatores do

decreto,

que teriam insistido em

"questões equivocadas".

Por isso, não teria havido tempo paraa

publicação

no ano pas­

sadoe,nesteano

eleitoral,

não seria

permitida

a

execução

deumeditalnãorealizadono ano

anterior. Souza sugere que

alguns

relatores

causaramconfusãopor

motivações

políticas.

Otextodo editalfoi compostoporuma co­

missão queenvolviaSOL, FCC,CECerepresen­

tantesda classe artística.Umdos

relatores,

Fifo Lima conta que a

equipe

trabalhou durante

meses, com

pelo

menosdoze reuniões presen­ ciais.

"Entregamos

otextofinalemnovembro

para

lançamento

do então secretário Cesar Souza

Junior.

Anão

publicação

se deve a um

desentendimento

político

dentro daFCC", afir­

ma.

Ator ediretor do

Grupo

deTeatro Gats,de

Jaraguá

do

Sul,

eex-conselheiro doCEC,Leone Silva também

participou

da

elaboração.

Segun­

do

ele,

otextofinal do edital foi alterado dentro daCasaCivil. "Talvez

queiram

odinheiro para

outra coisa",

supõe,

enquanto

desqualifica

o

argumentodoanoeleitoral. Silva ressaltaqueo

Tribunal

Superior

Eleitoral

(TSE)

deuparecer favorável. O dinheiro não deixou deser utili­ zada."Foramgastos

R$

2,6

milhõescom aMa­

ratonaCulturale

repassados

R$

380 milpara a

prefeitura

de

Florianópolis

contratara

dupla

VictoreLéo paraoaniversário da

cidade",

lem­ braaatriz LuanaRaiter,do

Grupo

Erro.

Amaratona aconteceuentreosdias 23e25 demarçoem

Florianópolis.

A

primeira

edição,

tambémrealizadaapenasna

capital,

foicria­ da

pelo

então secretário daSOL, Cesar Souza

Junior,

emnovembro doano

passado.

Nofinal defevereiro desteano,o

político

saiudocargo para se

lançar

pré-candidato pelo

Partido

So-Protesto simulafuzilamento deartistas nocentro da

capital

no dia

15/05

cial Democrático

(PSD)

à

prefeitura

da cidade. Para Raiter, isso mostra como a

política

culuraldo

estado,

na

verdade,

éuma

política

deeventos. O

presidente

daFCC,

joceli

Souza, defende o governo. "As pessoas

precisam

en­

tenderqueaFCC nãotrabalha sócomartistas. Museusebibliotecas também são admínístra­ dos

pela fundação.

Aclasse artísticarepresenta apenas 10%dacultura do

estado",

afirmaSou­ za,ilustrandocomo aarteétratadaemSanta Catarina.

Ele ainda provoca o movimento

Ocupa

CIC.

"É preciso respeitar

o campo

democrático. Invadir o centro, ta­

parooutdoor de

divulgação

... Issoé

cultura?Essa éuma área elitizadae essevandalismo é

incompatível

com aclasse".

O ator e ex-conselheiro do CEC

Leone Silva diz que em

Jaraguá

do

Sul,

com

menos de 150 mil

habitantes,

existem nove

grupos de teatro,orquestraseváriasbandase

gruposde

dança.

"Acho queogovernonãoestá dandoadevida

importância

paraomovimento.

É

tudogenteséria quenãofariaumamanífes­

tação

para

perder

tempofazendo

bagunça".

FátimaLima,

professora

deArtesCênicasda

Udesc,

ainda lembra que os artistas também têm

despesas

como

qualquer

outro cidadão.

"Quando

ogovernantecortaum

edital,

elenão pensa queessaspessoas

precisam

comer."

Saiba

quais

estadosaderiram

aoPlano Nacional deCulturae

quais

estão mais

organizados

na

construção

doseu

plano

estadual em

zeroconvergencia.ufsc.br

Governo

propõe

planejamento,

mas

falta

diálogo

Em 2012 foi composta uma co­

missão estadual parasistematizar o

plano

de cultura paraSanta Catari­

na.

É

a

primeira

vez nahistória do estado em que se pensam

projetos

culturais a

longo

prazo. O

planeja­

mento parte das diretrizes estabele­ cidas no Plano Nacional de Cultura

(PNC),

que devemser

adequadas

às realidades de cada

região.

A

presidente

do CEC,

Mary

Eliza­ beth

Benedet,

aponta dificuldades

em entendero material do governo federal. "A

diferença

entreateoriae a

prática,

as

especificidades

do

estado,

a

compatibilidade

com o

plano

na­

cionalentravamotema."

AUniversidade Federal de Santa Catarina

(UFSC)

desenvolveu um

projeto

de

apoio

à

elaboração

dos

pla­

nos estaduais.A

professora

do curso

de

Administração

Eloise

Dallagnelo

é a

responsável pelo plano

decapa­

citação

dascomissões dos 18estados que aderiram ao PNC. Ela salienta

Junho

de 2012

sociedade civil

.

i

não acontece.

Para Fifo Lima,

o

planejamento

vem sendo ela­ borado a portas

fechadas. "Ocor­

reto seria que

no começo deste ano o governo tivesse

produzido

um

grande

deba­ tecom os

produ­

tores culturais e com a

população

de maneira ge-raL" Para

junho

estão

previstos

fóruns nasdez

regionais

paraaela­

boração

dotexto.Osencontrosforam marcados de acordo com a divisão

turística

existentedo estado. Lima

semostra

pessimista.

"Todoeste tra­

balho seráfeitosomenteduranteum

Manifestantesocupam ele e elaboram

cartaexigindo

maior

transparência

anecessidade de

diálogo

em todo o

processo,mesmoque

seja

difícil. "Se houver

sensibilização, divulgação

e

mobilização

vaidar certo,porque as

pessoasqueremserouvidas". Uma das

principais

instruções

determinadas no PNC é

justamente

a

ampla participação

da sociedade

civil.

Apesar

da

presidente

do conse­

lho reconhecero

diálogo

comoponto

fundamental nodesenvolvimento do

projeto,

a conversa entre governo e

ZERO

diaemcada

região.

Nãoacreditoque

oresultado será

significativo."

A gerente de

políticas

decultura da SOL e membro da comissão de desenvolvimento do

plano,

Suzana

Bianchini,

reconhece queoprocesso

está atrasado devido à

mudança

de

secretário,

com a

substituição

deCe­

sarSouza

Júnior

por

José

Natal.Outra dificuldadetemsido

organizar

o ma­

terial

apurado

nasreuniões

regionais

em umúnicotexto.

Até o final do ano o

plano

deve

ser

apresentado

aogovernofederal.A

presidente

doCECachaque não será

possível.

"Precisaremos

pedir

mais

tempoparafazer bem feito."A

profes­

sora

Dellagnelo

assegura queoprazo

ésuficiente. "Nãoestamos

cogitando

que

algum

estadonão

consiga".

MatheusLobo Pismel

matheuslobopismel@gmail.com

Mariana Pitasse

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