• Nenhum resultado encontrado

Geometria Analítica - Parte II - No Espaço (Notas de Aula - Frensel e Delgado - IM-UFF)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Geometria Analítica - Parte II - No Espaço (Notas de Aula - Frensel e Delgado - IM-UFF)"

Copied!
134
0
0

Texto

(1)

1.

Coordenadas no Espaço

Seja E o espaço da Geometria Euclidiana tri-dimensional.

Umsistema de eixos ortogonaisOXY Z em E consiste de três eixos

ortogonais entre si OX, OY e OZ com a mesma origem O (figura 1).

Fig. 1: Sistema de eixos ortogonais no espaço. Fig. 2: Planos cartesianos no espaço.

Tendo estabelecido um sistema de eixos ortogonaisOXY Z no espaço E, osplanos cartesianossão (figura 2):

πXY: plano que contém os eixosOX e OY .πXZ: plano que contém os eixosOX e OZ.πY Z: plano que contém os eixosOY e OZ.

Um sistema de eixos ortogonaisOXY Z no espaço E permite estabe-lecer uma correspondência entre os pontos de E e os ternos ordenados de números reais (x, y, z), de modo que a cada ponto corresponde

(2)

exa-144 Geometria Analítica - Capítulo 9 tamente um terno ordenado de números reais e a cada terno ordenado de números reais corresponde exatamente um ponto de E.

Assim, seP está em correspondência com o terno (x, y, z), dizemos que x, y e z são ascoordenadas deP em relação ao sistema de eixos

ortogonais OXY Z. Essas coordenadas são obtidas da seguinte forma:

• coordenadax: coordenada no eixoOX do ponto de intersecção desse

eixo com o plano π0que passa pelo pontoP e é paralelo ao plano π

Y Z.

• coordenaday:coordenada no eixoOY do ponto de intersecção desse

eixo com o plano π00 que passa pelo pontoP e é paralelo ao plano π

XZ.

• coordenadaz: coordenada no eixoOZ do ponto de intersecção desse

eixo com o plano π000 que passa pelo pontoP e é paralelo ao plano π

XY.

Fig. 3: Coordenadas do pontoP no espaço. Fig. 4: Determinando as coordenadas do pontoP . Uma vez escolhido um sistema de eixos ortogonaisOXY Z no espaço E, todo pontoP ∈ E é identificado pelas suas coordenadas (x, y, z) em relação a esse sistema de eixos e escrevemos:

P = (x, y, z) Com essa identificação, observamos que:

• a origem do sistema de eixos ortogonais é o pontoO = (0, 0, 0). • os eixos do sistema são os conjuntos:

eixo−OX = {(x, 0, 0) | x ∈ R}

eixo−OY = {(0, y, 0) | y ∈ R}

eixo−OZ = {(0, 0, z) | z ∈ R}

(3)

• os planos cartesianos são os conjuntos:

πXY = {(x, y, 0) | x, y ∈ R}, ou seja, πXY :z = 0

πXZ = {(x, 0, z) | x, z ∈ R}, ou seja, πXZ :y = 0

πY Z = {(0, y, z) | y, z ∈ R}, ou seja, πY Z :x = 0

Fixado um sistema de eixos ortogonaisOXY Z, obtém-se umsistema

de coordenadas cartesianas no espaço E que permite descrever todos

os subconjuntos do espaço por meio de suas coordenadas. Por exem-plo, vejamos como caracterizar outros planos por meio de equações que envolvem as coordenadas dos pontos neles contidos.

Definição 1

Um plano π é chamadohorizontal quando coincide ou é paralelo ao planoπXY.

Fig. 5: Planoπ horizontal, paralelo ao plano πXY.

Se c ∈ R é a terceira coordenada do único ponto onde π intersecta o eixo−OZ, qualquer ponto P ∈ π terá a sua terceira coordenada igual a c, ou seja,

π = {P ∈ E | P = (x, y, c)} Assim, descrevemos o plano π pela equação:

π : z = c

(4)

146 Geometria Analítica - Capítulo 9

respectivamente, por equações da forma y = b e x = a, com b 6= 0 e a 6= 0.

Fig. 6: Planoπ : y = b, b 6= 0, paralelo ao plano πXZ. Fig. 7: Planoπ : x = a, a 6= 0, paralelo ao plano πY Z.

Observação 1

Uma reta r no espaço que é paralela a um dos eixos coordenados in-tersecta o plano complementar em apenas um ponto. As coordenadas desse ponto determinam as coordenadas de todos os pontos da retar .

Fig. 8: Retasr1,r2er3paralelas aos eixos coordenados.

Por exemplo, sejam r1 uma reta paralela ao eixoOZ e r1∩πXY = {Q1}.

SeQ1 =(a, b, 0), então qualquer outro ponto Q = (x, y, z) ∈ r1satisfaz:

x = a, y = b e z ∈ R (veja a figura 9). Portanto, as equações da retar1 sãor1 :

 x = a y = b.

(5)

Definição 2

Um planoπ é chamadoverticalquando contém ou é paralelo ao eixo−OZ. Isto é,π é um plano vertical se, e somente se,

eixo−OZ ⊂ π ou eixo−OZ ∩ π = œ.

Fig. 9: Planoπ paralelo ao plano πXYer = π ∩ πXY.

Por exemplo, os planos π : x = a, a ∈ R, assim como os planos π : y = b, b ∈ R, são planos verticais.

Um plano vertical π intersecta o plano πXY ao longo de uma reta r . A reta r , vista exclusivamente no plano πXY : z = 0, é dada por uma equação da forma αx + βy = d.

Mas, no espaço, a retar = π ∩ πXY é dada por duas equações: r :

(

αx + βy = d z = 0 .

Ou seja, um ponto pertence à reta r se, e somente se, as suas coor-denadas satisfazem, simultaneamente, as duas equações acima.

Por outro lado, como a direção do eixo-OZ é parelela ao plano π , π é formado pela união das retas paralelas ao eixo-OZ que passam por um ponto de r .

Portanto, pela Observação1, π = (x, y, z) ∈ R3

(x, y, 0) ∈ r e z ∈ R = (x, y, z) ∈ R3

(6)

148 Geometria Analítica - Capítulo 9 Por causa disso, dizemos que a equação do planoπ é dada por:

π : α x + β y = d

Observação 2

Não confunda! No espaço, uma equação da forma αx + βy = d

repre-senta um plano vertical, enquanto que, no plano de coordenadas XY , essa equação representa uma reta.

Procedendo de forma análoga com os outros dois eixos, concluímos que as equações dos planos paralelos aos eixos coordenados são:

π k eixo − OX ⇐⇒ π : βy + γz = d, onde β, γ ∈ R , e β2+γ2 6=0;

π k eixo − OY ⇐⇒ π : αx + γz = d, onde α, γ ∈ R , e α2+γ26=0;

π k eixo − OZ ⇐⇒ π : αx + βy = d, onde α, β ∈ R , e α2+β26=0.

2.

Distância entre dois pontos do espaço

SejamP = (a, b, c) e Q = (a0, b0, c0) dois pontos no espaço E.

Come-çamos observando que, seP e Q estão sobre uma reta paralela a um dos eixos coordenados, então eles têm duas coordenadas iguais e a distância entre eles é o módulo da diferença das coordenadas diferentes.

Suponhamos queP e Q não estão numa reta paralela a um dos eixos coordenados.

Para o cálculo da distância de P a Q são considerados os pontos auxiliares (figura 10):

R = (a, b, c0), S = (a, b, 0), T = (a0, b0, 0) e U = (a0, b, 0).

Pela observação feita anteriormente,

d(S, U) = |a0a| e d(U, T ) = |b0b|.

Usando o Teorema de Pitágoras no triângulo retângulo 4SUT , obte-mos:

d(S, T )2=d(S, U)2+d(U, T )2= |a0a|2+ |b0b|2=(a0a)2+(b0b)2.

(7)

Os segmentosST e RQ são lados opostos de um retângulo. Logo, d(R, Q)2=d(S, T )2=(a0a)2+(b0b)2.

Fig. 10: Os triângulos 4P RQ e 4SUT são retângulos e o quadrilátero RST Q é um retângulo. Além disso,d(P , R) = |c0c|, pois os pontos P e R estão sobre uma

reta paralela ao eixoOZ.

Portanto, como o triângulo 4P RQ é retângulo,

d(P , Q)2=d(P , R)2+d(R, Q)2= |c0c|2+(a0a)2+(b0b)2.

Assim, a distância deP a Q é: d(P , Q) =

q

(a0a)2+(b0b)2+(c0c)2

Fig. 11: Esfera de centroC = (a, b, c) e raio r .

Definição 3

Aesfera S de centro no ponto

C e raio r > 0 é o conjunto

dos pontos P ∈ E cuja distân-cia ao centroC é igual a r :

S = {P ∈ E | d(P , C) = r }

SejamC = (a, b, c) e P = (x, y, z) ∈ S as expressões do centro C de S e de um ponto genéricoP ∈ S em relação ao sistema de eixos ortogonais OXY Z.

(8)

150 Geometria Analítica - Capítulo 9

EntãoP ∈ S ⇐⇒ d(P , C) = r ⇐⇒q(x − a)2+(y − b)2+(z − c)2 =r .

Elevando ao quadrado ambos os lados dessa última identidade obte-mos a equação da esfera S no sistema OXY Z:

S:(x − a)2+(y − b)2+(z − c)2=r2

Exemplo 1

Mostre, completando os quadrados, que a equação de segundo grau z2+x2+y22x + 4y − 6z = 1,

representa uma esfera S. Determine o centro e o raio de S. Solução.

Completando os quadrados na equação, temos: z2+x2+y2−2x + 4y − 6z = 1 ⇐⇒ (x2−2x) + (y2+4y) + (z2−6z) = 1

⇐⇒ (x2−2x+1) + (y2+4y+4) + (z2−6z+9) = 1+1+4+9 ⇐⇒ (x − 1)2+(y + 2)2+(z − 3)2=15.

Portanto, S é a esfera de centro C = (1, −2, 3) e raio r =√15. 

Observação 3

A esfera

S:(x − a)2+(y − b)2+(z − c)2=r2

de centro no ponto C = (a, b, c) e raio r > 0 divide o espaço E em duas partes que têm por bordo comum a esfera. Essas partes são:

o interior da esfera S: B(C, r ) =P = (x, y, z) ∈ E (x − a)2+(y − b)2+(z − c)2 < r2 • o exterior da esfera S: P = (x, y, z) ∈ E (x − a)2+(y − b)2+(z − c)2> r2

O interior B(C, r ) é chamado também bola aberta de centro C e raio r > 0.

(9)

Exemplo 2

Ponto médio de um segmento no espaço. Determinar as coordenadas

do ponto médio do segmento que liga os pontos A = (a, b, c) e B = (a0, b0, c0).

Solução.

Na figura 12 mostramos um segmentoAB genérico e o seu ponto médio M = (ma, mb, mc). Por hipótese, d(A, M) = d(M, B), ou seja, AM ' MB. Apelando para o critérioALA de congruência de triângulos, temos 4ACM ' 4MDB. Em particular, CM ' DB. Logo, F G ' CM ' DB ' GH.

Fig. 12: Ponto médio de um segmento no espaço.

Aplicando de novo o critério ALA, vemos que os triângulos 4F IG e 4GJH são congruentes. Em particular, F I ' GJ e, portanto, ma= a + a0 2 . Analogamente,IG ' JH; donde, mb= b + b0 2 .

Também da congruência 4ACM ' 4MDB obtemos: KN ' AC ' MD ' LP . Logomc =

c + c0

2 , e o ponto médioM do segmento AB tem coordenadas:

M = (ma, mb, mc) = a + a0 2 , b + b0 2 , c + c0 2  

(10)

152 Geometria Analítica - Capítulo 9

Exemplo 3

Determinar o conjunto

M = {P ∈ E | d(P , A) = d(P , B)} ,

dos pontos que são equidistantes de dois pontos distintos A e B do espaço.

Solução.

Note que o ponto médio M do segmento AB pertence ao conjunto M. Consideremos, agora, um sistema de eixos ortogonaisOXY Z no espaço tal que M seja a origem (M = O) e o segmento AB esteja contido no eixo OX, com A à direita de B.

Com essa escolha, as coordenadas dos pontos A e B são da forma: A = (r , 0, 0) e B = (−r , 0, 0), para algum número real r > 0.

Fig. 13: Pontos equidistantes de dois pontos dados.

Assim: P = (x, y, z) ∈ M ⇐⇒ d(A, P ) = d(B, P ) ⇐⇒ d(A, P )2=d(B, P )2 ⇐⇒ (x − r )2+(y − 0)2+(z − 0)2 =(x − (−r ))2+(y − 0)2+(z − 0)2 ⇐⇒ x22xr + r2 =x2+2xr + r2 ⇐⇒ −2xr = 2xr ⇐⇒ 4xr = 0 ⇐⇒ x = 0(poisr 6= 0) ⇐⇒P = (0, y, z) ∈ πY Z.

Logo, M = πY Z. Portanto, o conjunto M é o plano perpendicular ao segmentoAB que passa pelo ponto médio desse segmento. 

(11)

3.

Vetores no espaço

Vamos agora abordar a noção de vetores no espaço. A definição é a mesma dada no plano, assim como as principais propriedades, salvo alguns acréscimos.

Para definir a relação de equipolência no espaço, começamos obser-vando que duas retas são paralelas quando estão contidas no mesmo plano e não se intersectam.

De fato, há situações em que duas retas no espaço não se intersectam, mas não são paralelas. Pense, por exemplo, em duas ruas, sendo que uma delas é um viaduto que passa por cima da outra transversalmente!

Definição 4

Os segmentos orientadosAB e CD no espaço sãoequipolentes, e escre-vemos AB ≡ CD, quando satisfazem as seguintes condições:

AB e CD têm igual comprimento: |AB| = d(A, B) = d(C, D) = |CD|.

AB e CD estão contidos em retas paralelas ou na mesma reta.

AB e CD têm o mesmo sentido.

Fig. 14: ParalelogramoABDC no espaço, AB ≡ CD.

A terceira propriedade significa, no caso em queA, B, C e D não são colineares, queABDC é um paralelogramo contido no plano que contém os pontosA, B, C e D.

(12)

154 Geometria Analítica - Capítulo 9 Da mesma forma como foi feito no plano, se demonstra que

AB ≡ CD ⇐⇒ o ponto médio de AD coincide com o ponto médio de BC A relação de equipolência entre segmentos do espaço é umarelação de equivalência, isto é, satisfaz as seguintes propriedades:

1. Reflexividade: Todo segmento é equipolente a si próprio: AB ≡ AB.

2. Simetria: SeAB ≡ CD, então CD ≡ AB.

3. Transitividade: SeAB ≡ CD e CD ≡ EF , então AB ≡ EF .

Estas propriedades são verificadas usando a Proposição1abaixo. Por causa disso, podemos dividir o conjunto de todos os segmentos orientados do espaço em subconjuntos especiais, chamados classes de

equivalência pela relação de equipolência, ou simplesmente, classes

de equipolência. Cada classe de equipolência é denominada um vetor

do espaço.

Usamos a mesma notação adotada para vetores no plano ---v =AB---→ para designar o conjunto de todos os segmentos orientados que são equipolentes ao segmentoAB:

Fig. 15: PontoP é origem de um representante de ---v =AB .---→ ---→

v =AB = {CD | AB ≡ CD}---→ Note que,

AB ≡ CD ⇐⇒AB =---→ CD---→ Também, como no plano, o vetor representado por um segmento cuja origem é igual à extremidade é chamado

ve-tor nulo ouvetor zero:

-→

0 =AA =---→ BB =---→ CC = . . ..---→

Além disso, todo ponto P do espaço é a origem de um segmento orientado representante de um vetor dado ---v =AB qualquer (figura---→ 15).

(13)

Ou seja, dado um vetor ---v =AB e um ponto P ∈ E, existe um único---→ ponto Q ∈ E tal que ---v =P Q .---→

Para verificar essa propriedade, quandoA, B e P não são colineares, basta considerar um plano que contém os pontos A, B e P . Nesse plano, o problema de determinar o ponto Q já foi resolvido quando foram es-tudados os vetores no plano.

Notação: Dado o ponto P no espaço e o vetor ---v , designamos o único

ponto do espaço tal que ---v =P Q como:---→ Q = P + ---v

Proposição 1

Seja OXY Z um sistema de eixos ortogonais e sejam A = (a, b, c), B = (a0, b0, c0), C = (x, y, z) e D = (x0, y0, z0) pontos do espaço.

Então os segmentos AB e CD são equipolentes se, e somente se, a0a = x0x , b0b = y0y e c0c = z0z .

Prova.

Como AB ≡ CD se, e somente se, o ponto médio MAD coincide com o ponto médioMBC, ou seja, se, e só se:

 a + x0 2 , b + y0 2 , c + z0 2  =  a0+x 2 , b0+y 2 , c0+z 2  ⇐⇒ a + x 0 2 = a0+x 2 , b + y0 2 = b0+y 2 e c + z0 2 = c0+z 2 ⇐⇒ a + x0=a0+x , b + y0=b0+y e c + z0=c0+z ⇐⇒ a0a = x0x , b0b = y0y e c0c = z0z ,

generalizando, assim, o resultado já conhecido no plano. 

Definição 5

Sejam A = (a, b, c) e B = (a0, b0, c0) pontos do espaço. Os números reais

(14)

156 Geometria Analítica - Capítulo 9

eixosOXY Z, ou seja, o vetor AB , em coordenadas, é representado por:---→ ---→

AB = (a0a, b0b, c0c)

Observação 4

Pela proposição anterior, as coordenadas de um vetor podem ser cal-culadas usando qualquer segmento representante do vetor.

Em particular, dado um vetor v = (α, β, γ)---→ , o ponto P = (α, β, γ) satisfaz

---→

v =OP .---→

O vetorOP---→é chamado orepresentante na origemdo vetor ---v .

Exemplo 4

Sejam A = (1, 4, 0), B = (−1, 1, −1) e C = (3, 5, −10). Determinar as coordenadas do vetor ---v =AB , do ponto D tal que ------→ v =CD , e do---→ pontoP tal que ---v =OP .---→

Solução.

Temos ---v =AB = (−1 − 1, 1 − 4, −1 − 0) = (−2, −3, −1) .---→ SejaD = (x, y, z) o ponto procurado.

Temos queAB =---→ CD ⇐⇒ AB ≡ CD. Portanto, pela proposição anterior:---→ −1 − 1 =x − 3 , 1 − 4 =y − 5 −1 − 0 =z − (−10) ,

ou seja, x = 1, y = 2 e z = −11. Assim, D = (1, 2, −11).

E pela observação acima, o pontoP tal que ---v =OP é (−2, −3, −1).---→ 

(15)

1.

Operações com vetores no espaço

Vamos definir agora as operações de adição de vetores no espaço e multiplicação de um vetor espacial por um número real. O processo é análogo ao efetuado para definir essas operações com vetores no plano e as propriedades são basicamente as mesmas, por isso muitos detalhes serão omitidos.

Definição 1

Sejam ---u e ---v vetores no espaço E. Seja A ∈ E um ponto qualquer esejam AB e BC segmentos orientados representantes dos vetores ---u e

---→

v respectivamente.

Fig. 1: Soma de vetores no espaço.

O vetor soma dos vetores ---u e ---v ,que designamos por ---u + ---v , é, por de-finição, o vetor representado pelo seg-mento orientadoAC.

Note que a definição da soma de dois vetores recai na situação já estu-dada no plano, pois os pontosA, B e C estão contidos num mesmo plano π .

De forma análoga ao que foi feito para vetores no plano, podemos verificar que a definição do vetor soma não depende da escolha do ponto A ∈ E. Isto é, o vetor soma está bem definido.

(16)

158 Geometria Analítica - Capítulo 10 Na prática, a adição de vetores se efetua em relação às coordenadas dos vetores parcelas num sistema de eixos ortogonais escolhido.

Assim, fixemos um sistema de eixos ortogonais OXY Z, e, com res-peito a esse sistema, sejam ---u = (a, b, c) e ---v = (a→ 0, b0, c0).

Então o vetor soma ---u + ---v é dado em termos de coordenadas por:→ ---→

u + ---v = (a, b, c) + (a→ 0, b0, c0) = (a + a0, b + b0, c + c0)

A demonstração deste fato se faz de modo análogo ao feito para vetores no plano.

Exemplo 1

Sejam A = (3, 2, 0), B = (0, 3, −2) e C = (4, 3, 2) pontos do espaço. Determinar o ponto D tal que: AD =---→ AB +---→ AC .---→

Solução. Temos, ---→ AB = (0 − 3, 3 − 2, −2 − 0) = (−3, 1, −2), e ---→ AC = (4 − 3, 3 − 2, 2 − 0) = (1, 1, 2). Logo, ---→ AB +AC = (−3, 1, −2) + (1, 1, 2) = (−2, 2, 0).---→ Fig. 2: Exemplo 1. Além disso, seD = (d1, d2, d3) é a extremidade do represen-tanteAD do vetor somaAB +---→

---→

AC com origem no ponto A, então: d1−3 = −2,d2−2 = 2

ed3−0 = 0.

Portanto, D = (1, 4, 0). 

(17)

Propriedades da adição de vetores no espaço

A operação de adição de vetores no espaço possui as mesmas propri-edades que a operação de adição de vetores no plano, que são herdadas das correspondentes propriedades da adição de números reais.

Sejam ---u , ---v e ---w vetores no espaço.→ 1. Comutatividade: ---u + ---v = ---v + ---u→.

4. Associatividade: Dados três vetores ---u , ---v e ---w , temos:→  ---→u + ---v→

+ ---w = ---u +→  ---→v + ---w→.

Fig. 3: Associatividade da adição de vetores.

2. Existência de elemento neutro: O vetor zero, →0 =- AA =---→ BB = . . .---→ , representado por qualquer segmento nulo, é o único vetor que satisfaz:

---→

u +→0 = --- u→qualquer que seja o vetor ---u .→ Em termos de coordenadas,→0 =- (0, 0, 0).

3. Existência de inversos aditivos: Dado o vetor ---u , existe um único→ vetor, que é designado− ---u→e chamadoinverso aditivo(ou simétrico) de

---→

u , tal que: u + (− ------→ u ) =→ →0 .

-Note que se ---u =AB , então − ------→ u =BA .---→

Observação 1

A subtração do vetor ---v pelo o vetor ---u é a soma de ---v com o inversoaditivo − ---u do vetor ---u . O vetor ---v + (− ---u ) se escreve, abreviadamente,como v − ------→ u.

(18)

160 Geometria Analítica - Capítulo 10

Por exemplo, na figura3, o vetorBD é exatamente o vetor que devemos---→ adicionar aAB para obter---→ AD . Ou seja,---→ AD −---→ AB =---→ BD .---→

Observação 2

Já sabemos que se A, B, C são pontos não-colineares do plano, então o pontoD faz do quadrilátero ABDC um paralelogramo se, e somente se,

---→

AD =AB +---→ AC .---→

Observação 3

SeA, B, C e D são pontos não-coplanares no espaço, então

Fig. 4: Paralelepípedo. ---→ AB +AC---→ = AE ,---→ ---→ AB +AD---→ = AF ,---→ ---→ AC +AD---→ = AG ,---→ e ---→ AB +AC +---→ AD---→ = AH ,---→

se, e somente se, A, B, C, D, E, F , G, e

H são os vértices de um paralelepípedo

no espaço(figura4).

• A operação de multiplicaçãode um número real por um vetor no es-paço é definida da mesma forma que no plano.

Definição 2

SejamAB um vetor do espaço e λ ∈ R. O---→ produto deλ porAB---→é o vetor ---→

AB0 =λ ·AB , onde os pontos A, B e B---→ 0 são colineares e satisfazem:

• |AB0| =d(A, B0) = |λ| · d(A, B) = |λ| · |AB| .

os segmentos AB e AB0 têm o mesmo sentido se λ > 0 e sentidos

opostos se λ < 0.

Observação 4

Note que se λ = 0, então d(A, B0) = 0 · d(A, B) = 0, isto é, B0 = A e,

portanto, 0 ·AB =---→ AA =---→ →0 .

-Analogamente,λ ·→0 =- →0 qualquer que seja- λ ∈ R.

(19)

Na prática, a multiplicação de um escalar por um vetor se efetua em relação a um sistema de coordenadas cartesianas ortogonais da mesma forma que foi feito no plano. Ou seja, se ---u = (a, b, c) é um vetor do→ espaço e λ ∈ R, então:

λ · ---u = λ(a, b, c) = (λa, λb, λc)

Exemplo 2

Sejam A = (1, 2, 1) e B = (2, 3, 3). Determinemos as extremidades D, D0

eD00dos representantesCD, CD0 eCD00 dos vetoresAB , −2---→ AB e 2---→ AB---→

com origem no pontoC = (1, 1, 0). Solução.

Em termos de coordenadas, temos AB = (2 − 1, 3 − 2, 3 − 1) = (1, 1, 2).---→ Logo,

−2AB = (−2 · 1, −2 · 1, −2 · 2) = (−2, −2, −4), e 2---→ AB = (2, 2, 4) .---→

Fig. 5: Exemplo 2.

Como C = (1, 1, 0), as coordenadas dos pontos,D = (d1, d2, d3), D0=(d01, d02, d03) e D00=(d00 1, d002, d003), satisfazem: ---→ CD =AB ⇐⇒---→        d1−1 = 1 d2−1 = 1 d3−0 = 2 ; ---→ CD0 = −2AB ⇐⇒---→        d0 1−1 = −2 d0 2−1 = −2 d0 3−0 = −4 ---→ CD00 =2AB ⇐⇒---→        d001 −1 = 2 d002 −1 = 2 d003 −0 = 4 . Portanto, D = (2, 2, 2), D0=(−1, −1, −4) e D00 =(3, 3, 4).

(20)

162 Geometria Analítica - Capítulo 10 Propriedades da multiplicação de escalares por vetores

Sejam ---u , ---v e ---w vetores do espaço e λ, µ ∈ R. A multiplicação de→ escalares por vetores satisfaz as seguintes propriedades.

1. Associatividade: λ · (µ · ---a ) = (λ · µ) · ---a ;→ 2. Distributividade:      λ · ( ---a +b ) = λ · ------→ a + λ ·b---→ (λ + µ) · ---a = λ · ---a + µ · ---a→ ;

3. Elemento neutro multiplicativo: O número 1 ∈ R satisfaz1 · ---a = ---a .

Observação 5

Essas propriedades são verificadas escrevendo em un sistema de eixos ortogonais os vetores envolvidos.

Observação 6

Se ---u é um vetor do espaço, então o seu inverso aditivo − ---u é obtidomultiplicando ---u por −1. De fato, ---u +(−1) ---u = (1+(−1)) ---u = 0 ---u =→ →0 . -Aplicações da soma de vetores e do produto de um vetor por um escalar.

Exemplo 3

Seja = 4ABC o triângulo de vértices A, B e C e seja O um ponto qualquer no espaço.

O centro de massa oucentro de gravidadedo triângulo ∆ é o ponto G

definido pela relação ---→ OG = 1 3 ---→ OA +OB +---→ OC---→ Mostre que:

(a) A definição do pontoG não depende da escolha do ponto O. (b)O pontoG é caracterizado pela relação

---→

GA +GB +---→ GC =---→ →0

(21)

Solução.

(a) SeO0 é outro ponto qualquer, temos:

---→ O0G = O---→0O +OG---→ = O---→0O + 1 3 ---→ OA +OB +---→ OC---→ = 31 3 ---→ O0O + 1 3 ---→ OA +OB +---→ OC---→ = 1 3 ---→ O0O +OA +---→ O---→0O +OB +---→ O---→0O +OC---→ = 1 3 ---→ O0A +O---→0B +O---→0C . Isto é, ---→ O0G = 1 3 ---→ O0A +O---→0B +O---→0C ,

qualquer que seja o ponto O0.

Fig. 6:G independe da escolha de O.

(b)TomandoO como sendo o próprio ponto G, na relação que define G, vemos que ---→ GG = 1 3 ---→ GA +GB +---→ GC---→ , e, sendoGG =---→ →0 , temos: ---→ GA +GB +---→ GC =---→ 0→- . como queríamos. 

(22)

164 Geometria Analítica - Capítulo 10

Proposição 1

Sejam = 4ABC um triângulo, G o centro de massa de ∆, e M , N e P os pontos médios dos lados AC, BC e AB, respectivamente. Então,

---→

BG = 2GM ,---→ AG = 2---→ GN ,---→ e CG = 2---→ GP .---→

Prova.

De fato, comoGA +---→ AM =---→ GM e---→ GC +---→ CM =---→ GM , temos:---→

Fig. 7: Centro de massa como in-tersecção das medianas de∆.

2GM---→ = GA +---→ AM +---→ GC +---→ CM---→ = GA +---→ 1 2 ---→ AC +GC +---→ 1 2 ---→ CA = GA +---→ 1 2 ---→ AC +GC −---→ 1 2 ---→ AC = GA +---→ GC .---→ Da identidade GA +---→ GB +---→ GC =---→ →0 , obtemos ---→ GA +GC = −---→ GB .---→ Logo, 2GM = −---→ GB =---→ BG .---→

As identidades AG = 2---→ GN e---→ CG = 2---→ GP são verificadas de forma---→ análoga. 

Observação 7

A proposição anterior nos diz que o centro de massaG pertence às retas que ligam os vértices aos pontos médios dos lados opostos de ∆. Isto é, G é obaricentro(interseção das medianas) do triângulo∆.

Além disso, pela proposição anterior, temos que a distância de G a um dos vértices é o dobro da sua distância ao ponto médio do lado oposto a esse vértice.

Definição 3

UmtetraedroT é um poliedro com quatro vértices não coplanares, seis

arestas e quatro faces triangulares (veja a figura 8).

(23)

Fig. 8: Tetraedro T .

SejaO um ponto do espaço. Ocentro de massaoucentro de gravidade do tetraedro T de vérticesA, B, C e D é o ponto G definido pela relação:

---→

OG = 1

4 ---→

OA +OB +---→ OC +---→ OD---→

Da mesma maneira como foi feito no caso do triângulo, podemos pro-var que o ponto G não depende do ponto O (figura 9). Em particular, tomandoO = G, obtemos que:

---→

GA +GB +---→ GC +---→ GD =---→ →0

(24)

166 Geometria Analítica - Capítulo 10

Exemplo 4

Sejam A, B, C e D pontos não-coplanares do espaço e seja T o tetraedro que eles determinam. Chame A0 o baricentro da face triangular de T

oposta ao vértice A, B0 o baricentro da face oposta ao vértice B, C0 o

baricentro da face oposta ao vértice C e D0 o baricentro da face oposta

ao vértice D.

Verificar que o centro de massa do tetraedro T coincide com o centro de massa do tetraedro T0 cujos vértices são os baricentros A0, B0, C0 e

D0.

Solução.

Os baricentros das faces triangulares são determinados pelas relações: ---→ OA0 = 1 3 ---→ OB +OC +---→ OD---→ , OB---→0 = 1 3 ---→ OA +OC +---→ OD---→ , ---→ OC0 = 1 3 ---→ OA +OB +---→ OD---→ , OD---→0 = 1 3 ---→ OA +OB +---→ OC---→ . Usando essas identidades, temos:

1 4 ---→ OA0 +OB---→0 +OC---→0 +OD---→0  = 14h13OB +---→ OC +---→ OD---→+ 13OA +---→ OC +---→ OD---→ + 13OA +---→ OB +---→ OD---→+ 13OA +---→ OB +---→ OC---→i = 14OA +---→ OB +---→ OC +---→ OD---→ .

Portanto, o centro de massa do tetraedro de vértices A0, B0, C0 e D0 é

igual ao centro de massa do tetraedro de vértices A, B, C e D. 

Proposição 2

O centro de massa G do tetraedro T é o ponto de intersecção das retas que ligam os vértices de T aos baricentros das suas faces triangulares opostas.

Prova.

De fato, seD0 é o baricentro do triângulo 4ABC, temos

---→

D0A +D---→0B +D---→0C =0- .

(25)

Logo,

3GD---→0 = GA +---→ AD---→0 +GB +---→ BD---→0 +GC +---→ CD---→0

= GA +---→ GB +---→ GC −---→ D---→0A +D---→0B +D---→0C 

= GA +---→ GB +---→ GC = −---→ GD =---→ DG .---→

Finalmente, como DG = 3---→ GD---→0 , temos queG pertence à reta que liga os

pontos D e D0, e d(G, D) = 3 d(G, D0).

Fig. 10:G = AA0BB0CC0DD0

Procedendo de modo análogo, podemos provar que AG = 3---→ GA---→0 , BG =---→

3GB---→0 eCG = 3---→ GC---→0 . Veja a figura10.



2.

Colinearidade e coplanaridade de pontos no

espaço

Sabemos que três pontos A, B e C no espaço são colineares se eles pertencem a uma mesma reta.

(26)

168 Geometria Analítica - Capítulo 10 Para isso, precisamos da seguinte definição.

Definição 4

O vetor ---v é um→ múltiplodo vetor ---u quando existe um escalar λ ∈ R talque ---v = λ ---u .

Observação 8

a. Todo vetor é múltiplo de si próprio (neste caso, λ = 1).

b. O vetor zero (0 ) é múltiplo de qualquer vetor. -De fato, dado um vetor arbitrário ---u , temos→ →0 = 0 --- u .

Em contrapartida, nenhum vetor não-nulo pode ser múltiplo do vetor zero. c. Se ---v 6= 0 e ---v = λ ---u , então λ 6= 0 e ---u =→ 1 λ ---→ v .

Proposição 3

Se ---u = (x→ 1, y1, z1) e ---→

v = (x2, y2, z2) são vetores do espaço, então um

dos vetores ---u e ---v é múltiplo do outro se, e somente se,

x1y2−x2y1 =x1z2−x2z1=y1z2−y2z1=0 .

Prova.

Sejam ---u = (x→ 1, y1, z1) e ---v = (x→ 2, y2, z2).

( =⇒)Se ---v é múltiplo de ---u , existe λ ∈ R, tal que ---v = λ ---u .→ Logo,

(x2, y2, z2) = λ(x1, y1, z1) = (λx1, λy1, λz1),

ou seja,

x2=λx1, y2 =λy1, z2 =λz1. (1)

Multiplicando a primeira das identidades (1) pory1 e a segunda por x1,

obtemos

y1x2=λx1y1 =x1y2,

isto é, x1y2−x2y1 =0.

(27)

Multiplicando a primeira das identidades (1) por z1 e a terceira por x1,

obtemos

x2z1=λx1z1=x1z2,

isto é, x1z2−x2z1=0.

Finalmente, multiplicando a segunda das identidades (1) por z1 e a

ter-ceira pory1, obtemos

y2z1=λy1z1 =y1z2,

isto é, y1z2−y2z1=0.

(⇐= )Reciprocamente, suponhamos que

x1y2−x2y1=x1z2−x2z1 =y1z2−y2z1 =0.

Se ---u =→ →0 =- (0, 0, 0), então ---u = 0 ---v , isto é, ---u é múltiplo de ---v .→ Podemos, então, supor que ---u = (x→ 1, y1, z1) 6= (0, 0, 0).

Assim, necessariamente, uma das coordenadas de ---u deve ser diferente→ de zero. Sex1 6=0, sejaλ = x2 x1 . Afirmamos que ---v = λ ---u .

De fato, como x1y2 −x2y1 = 0, temos y2 =

x2 x1 y1. Também, sendo x1z2−z1x2=0, temosz2 = x2 x1 z1 . Logo, λ ---u =x2 x1 x1, y1, z1  =  x2 x1 x1, x2 x1y1, x2 x1z1  =(x2, y2, z2) = ---v .

Os casosy16=0 ez16=0 são tratados da mesma maneira. 

Observação 9

(a) Para mostrar que dois vetores ---u e ---v não são colineares, basta veri-ficar que um dos números

x1y2−x2y1, x1z2−x2z1 ou y1z2−y2z1,

é diferente de zero.

(28)

determi-170 Geometria Analítica - Capítulo 10

nantes 2 × 2 que podem ser formados com as colunas da matriz 2 × 3   x1 y1 z1 x2 y2 z2  ,

em cujas filas aparecem as coordenadas dos vetores ---u e ---v .

Definição 5

Dizemos que dois vetores ---u e ---v não-nulos são→ colinearesquando um deles é múltiplo do outro.

Essa definição está bem justificada, pois se AC = λ---→ AB , então os---→ pontos A, B e C estão sobre uma mesma reta. E, reciprocamente, se A, B e C são pontos distintos de uma reta, então existe λ ∈ R, tal que

---→

AC = λAB . Para isso, basta tomar λ = ±---→ d(A, C)

d(A, B), onde escolhemos o

sinal positivo caso B e C estejam do mesmo lado em relação ao ponto A na reta que os contém, e o sinal negativo caso B e C estejam em lados opostos. Portanto, temos:

A, B e C são pontos colineares ⇐⇒ os vetores AB e---→ AC são múltiplos.---→

Fig. 11: Exemplo5.

Exemplo 5

Determinar se A = (−1, 1, 0), B = (1, 1, 1) e C = (−2, −1, −1) são colineares ou não.

Solução. Como ---→ AB = (x1, x2, x3) = (2, 0, 1), ---→ AC = (x2, y2, z2) = (−1, −2, −1), e det   x1 y1 x2 y2  =det   2 0 −1 −2  =(2)(−2) − (0)(−1) = −4 6= 0, os pontos dados não são colineares. 

(29)

Exemplo 6

Determinar se os pontos A = (0, 1, 0), B = (1, 1, 1) e C = (−2, 1, −2) são colineares ou não.

Solução.

Temos AB = (x---→ 1, x2, x3) = (1, 0, 1) e

---→

AC = (y1, y2, y3) = (−2, 0, −2).

A matriz 2 × 3 que tem por filas as coordenadas desses vetores é   x1 x2 x3 y1 y2 y3  =   1 0 1 −2 0 −2  ,

e os determinantes 2 × 2 formados com as colunas dessa matriz são det   x1 x2 y1 y2   = det   1 0 −2 0  =1(0) − (−2)(0) = 0 , det   x1 x3 y1 y3   = det   1 1 −2 −2  =1(−2) − 1(−2) = 0 , det   x2 x3 y2 y3   = det   0 1 0 −2  =0(−2) − 1(0) = 0 .

Portanto, AB e---→ AC são múltiplos, ou seja, os pontos A, B e C são coli----→ neares. 

Sabemos que três pontos A, B e C não-colineares determinam um único plano π no espaço. O teorema abaixo nos permite saber quando um quarto ponto D pertence ou não a este plano.

Definição 6

Um vetor ---v que é soma de múltiplos dos vetores ---v→1 , ---v→2 , . . . , ---vn é chamado uma combinação linear de ---v→1 , ---v→2 , . . . , ---vn , ou melhor, ---v éuma combinação linear de ---v→1 , ---v→2 , . . . , ---vn se existemλ1, λ2, . . . , λn∈ R tais que

---→

(30)

172 Geometria Analítica - Capítulo 10

Teorema 1

SejamA, B e C pontos não-colineares no espaço e seja π o plano que eles determinam. A fim de que o ponto D pertença ao plano π é necessário e suficiente que o vetor AD seja---→ combinação linear dos vetores AB e---→

---→

AC , ou seja,

D ∈ π ⇐⇒ existem x, y ∈ R, tais queAD = x---→ AB + y---→ AC---→

Prova.

( =⇒)Suponhamos primeiro queD ∈ π .

Seja r1 a reta paralela a AC que passa por D e seja r---→ 2 a reta paralela a

---→

AB que passa por D.

Entãor1 está contida no planoπ e intersecta a reta que contém os

pon-tosA e B num ponto D1.

Analogamente,r2 está contida no planoπ e intersecta a reta que contém

os pontosA e C num ponto D2.

Fig. 12:A, B, C e D coplanares. Como os pontosA, B e D1 são

colinea-res, existex ∈ R tal queAD---→1 =xAB .---→

Também, como A, C e D2 são

colinea-res, existe y ∈ R tal que ---→ AD2 =y

---→ AC .

Sendo AD1DD2 um paralelogramo,

te-mos: ---→ AD =AD---→1 + ---→ AD2 =x ---→ AB + yAC .---→

(⇐= )Suponhamos, agora, queAD é combinação linear dos vetores---→ AB---→ eAC . Isto é, existem x, y ∈ R, tais que---→ AD = x---→ AB + y---→ AC .---→

Escolhemos um sistema de eixos ortogonaisOXY Z no espaço, de modo que a origemO coincida com o ponto A e que os eixos OX e OY estejam sobre o planoπ . Assim, nesse sistema de eixos, πXY =π .

Sendo as terceiras coordenadas deA, B e C iguais a zero e,AD = x---→ AB +---→

(31)

yAC , concluímos que a terceira coordenada do ponto D é também igual---→ a zero (figura 13). LogoD ∈ πXY =π . 

Fig. 13: SistemaOXY Z e D ∈ πXY.

Exemplo 7

Considere os pontos A = (1, 2, 3) , B = (2, 3, 4) , C = (3, 4, 6) , D = (1, 1, 2) e E = (4, 5, 2).

Mostre que:

(a) A, B e C não são colineares e, portanto, determinam um plano π . (b)D não pertence ao plano π .

(c)E pertence ao plano π .

Solução.

TemosAB = (1, 1, 1),---→ AC = (2, 2, 3),---→ AD = (0, −1, −1) e---→ AE = (3, 3, −1).---→ (a)ComoAB e---→ AC não são múltiplo um do outro, pois det---→ 1 12 3

!

=1 6= 0, concluímos que A, B e C não são colineares, determinando, assim, um planoπ .

(b)Pelo teorema1, D ∈ π se, e somente se, existem x, y ∈ R tais que ---→

AD = xAB + y---→ AC .---→ Isto é,

(32)

174 Geometria Analítica - Capítulo 10

(0, −1, −1) = x(1, 1, 1) + y(2, 2, 3) = (x + 2y, x + 2y, x + 3y) . Portanto, os números x e y devem satisfazer as equações:

x + 2y = 0 , x + 2y = −1 , x + 3y = −1 , o que é impossível, pois as duas primeiras implicam que 0 = −1.

Concluímos, então, a não-existência dos números x e y e, portanto, a impossibilidade da relação AD = x---→ AB + y---→ AC . Logo D 6∈ π .---→

(c) De novo, pelo teorema 1, E ∈ π se, e somente se, existem x, y ∈ R tais que

---→

AE = xAB + y---→ AC .---→ Isto é,

(3, 3, −1) = x(1, 1, 1) + y(2, 2, 3) = (x + 2y, x + 2y, x + 3y) . Logox e y devem satisfazer, simultaneamente, as equações:

x + 2y = 3 , x + 2y = 3 , x + 3y = −1 . ou seja, x e y são a solução do sistema

  

x + 2y = 3

x + 3y = −1. Resolvendo o sistema, obtemos,x = 11 e y = −4. Portanto,AE = 11---→ AB − 4---→ AC , e os---→ pontos A, B, C e E são coplanares. 

Provaremos, agora, que quatro pontos não-coplanares A, B, C e D determinam o espaço todo, ou melhor, que todo vetor do espaço se ex-pressa de maneira única como combinação linear dos vetores AB ,---→ AC---→ eAD .---→

Definição 7

Dizemos que os vetores ---u =AB , ------→ v =AC e ------→ w =AD são---→ linearmente

independentes (LI) quando os pontos A, B, C e D não são coplanares,

isto é, não pertencem a um mesmo plano.

Se os vetores ---u =AB , ------→ v =AC e ------→ w =AD não são linearmente---→ independientes, dizemos que eles são linearmente dependientes (LD). Nesse caso, os pontos A, B, C e D são coplanares.

(33)

Teorema 2

Sejam ---v→1 , ---v→2 e ---v→3 três vetores linearmente independentes no espaço.

Então, para cada vetor ---w do espaço, existem escalares únicos x, y, z ∈R, tais que:

---→

w = x ---v→1 +y ---v→2 +z ---v→3 (2)

Prova.

Sejam A, B, C, D e P pontos do espaço tais que ---v→1 = AB , ------→ v→2 = AC ,---→

---→ v3 = ---→ AD e ---w =AP . Como os vetores ------→ v→1 , ---→ v2 e ---→

v3 são LI, os pontos

A, B, C e D não são coplanares.

Designamos π1 o plano que contém os pontos A, B e C, π2 o plano

determinado pelos pontos A, B e D e π3 o plano determinado pelos

pontos A, C e D (figura 14).

Sejam agora π10, π20 e π30 os planos que passam pelo ponto P e são

paralelos aos planosπ1, π2 e π3, respectivamente.

Fig. 14: Determinando os pontosB0,C0eD0.

Como a reta que contém os pon-tos A e D não está contida no plano π1, essa reta intersecta o

plano π10 num único ponto D0,

sendo então ---→

AD0 =zAD ,---→

para algum número z ∈ R, o qual é determinado de forma única pelo pontoD0e, portanto,

pelo pontoP .

Analogamente, a reta que passa por A e C não está contida no plano π2,

logo intersecta o plano π20, paralelo a π2, num único pontoC0, de onde

concluímos que AC---→0 = yAC , para algum escalar y ∈ R determinado---→

de maneira única pelo ponto P .

Finalmente, a reta que passa pelos pontos A e B não está contida no planoπ3, intersectando, portanto, o planoπ30 num único pontoB0.

(34)

176 Geometria Analítica - Capítulo 10 Assim, existe um escalarx, determinado de maneira única pelo ponto P , tal queAB---→0 =xAB .---→

Por causa do paralelismo estabelecido entre os planos, os segmentos AB0, AC0 eAD0 são arestas de um paralelepípedo no qual os pontosA e

P são extremidades de uma das diagonais. Assim, concluímos que: ---→ w = AP =---→ AB---→0 +AC---→0 +AD---→0 = xAB + y---→ AC + z---→ AD---→ = x ---v→1 +y ---→ v2 +z ---→ v3 ,

como queríamos provar. 

O Teorema2diz que qualquer vetor do espaço se exprime de maneira única como combinação linear de três vetores LI dados. Por isso dizemos que o espaço tem dimensão três.

Exemplo 8

Considere os pontosO = (0, 0, 0), A = (1, 1, 1), B = (3, 1, 2), C = (2, 0, 1) eD = (1, 0, −1).

(a) Verifique queO, A, B e C são pontos coplanares. (b)Verifique queO, A, B e D são pontos não-coplanares.

(c) Escreva o vetor ---w = (2, 6, 5) como combinação linear (soma de múl-tiplos) dos vetoresOA ,---→ OB e---→ OD .---→

Solução.

(a) Observe, primeiro, que os pontosO, A e B não são colineares.

De fato, os vetoresOA = (1, 1, 1) e---→ OB = (3, 1, 2) não são múltiplo um---→ do outro, pois a matriz

 

1 1 1 3 1 2

 possui uma submatriz 2×2,   1 1 3 1   com determinante diferente de zero.

Para verificar que o ponto C pertence ao plano π determinado pelos pontos O, A e B, devemos determinar α, β ∈ R, tais que:

---→

OC = αOA + β---→ OB ,---→

(35)

ou seja:

(2, 0, 1) = α(1, 1, 1) + β(3, 1, 2) = (α + 3β, α + β, α + 2β). Logoα e β devem ser solução das equações:

α + 3β = 2 (3)

α + β = 0 (4)

α + 2β = 1 (5)

Da equação (4), obtemos queα = −β. Substituindo na equação (3), obte-mos −β + 3β = 2, ou seja, β = 1; portanto, α = −1.

A equação (5) também é satisfeita porα = −1 e β = 1.

Assim,OC = −---→ OA +---→ OB e, pelo Teorema---→ 1, C pertence ao plano π . (b)Sabemos que o pontoD = (1, 0, −1) pertence ao plano π que contém O, A e B se, e somente se, existem escalares α e β, tais que:

---→

OD = αOA + β---→ OB .---→ Isto é, em termos de coordenadas,

α + 3β = 1 (6)

α + β = 0 (7)

α + 2β = −1 (8)

Da equação (7), obtemosα = −β. Substituindo na equação (6), obtemos β = 12.

Porém, substituindoα = −β na equação (8), obtemosβ = −1.

Logo, como β não pode assumir dois valores ao mesmo tempo, concluí-mos que não existem escalares α e β que resolvam as três equações simultaneamente.

Portanto, D ∉ π.

(c) Sabemos, do item (b), que os vetores OA ,---→ OB e---→ OD são LI. Logo,---→ pelo teorema 2, todo vetor do espaço se escreve, de forma única, como combinação linear desses vetores.

(36)

178 Geometria Analítica - Capítulo 10 Logo, para ---w = (2, 6, 5), existem números reais únicos x, y e z, tais que

---→

w = xOA + y---→ OB + z---→ OD .---→ Isto é,

(2, 6, 5) = x(1, 1, 1) + y(3, 1, 2) + z(1, 0, −1) = (x + 3y + z, x + y, x + 2y − z) . Dessa identidade, obtemos:

x + 3y + z = 2 (9)

x + y = 6 (10)

x + 2y − z = 5 (11)

Pela equação (10),x = 6−y. Substituindo nas equações (9) e (11), temos:    6 −y + 3y + z = 2 6 −y + 2y − z = 5, ou seja:    2y + z = −4 y − z = −1.

Somando essas duas equações, obtemos 3y = −5, isto é, y = −5 3. Logo, z = y + 1 = −5 3 +1 = − 2 3 e x = 6 − y = 6 + 5 3 = 23 3 . Portanto, ---→ w = 23 3 ---→ OA − 5 3 ---→ OB −2 3 ---→ OD .

é a expressão de ---w como combinação linear deOA ,---→ OB e---→ OD---→

Terminologia: Uma base do espaço é um conjunto ordenado formado

por três vetores LI.

Se B = { ---v→1 ,

---→ v2 ,

---→

v3 }é uma base do espaço e

---→

w é um vetor qual-quer, sabemos, pelo teorema 2, que existe apenas um terno de números reaisx , y e z, tais que

(37)

---→

w = x ---v→1 +y ---v→2 +z ---v→3

Os númerosx, y e z são chamados ascoordenadasde ---w em relação→ à base B, e escrevemos w = (x, y, z)---→ B.

Considerando um sistema ortogonal de coordenadas cartesianasOXY Z, os vetores ---e→1 =(1, 0, 0), ---e→2 =(0, 1, 0) e ---e→3 =(0, 0, 1) são LI.

A base C = { ---e→1 , ---e→2 , ---e→3 } é chamada base canônica do espaço em

relação ao sistemaOXY Z. Note que, se as coordenadas de um vetor ---w→ em relação ao sistema OXY Z são ---w = (x, y, z), então

---→

w = x ---e→1 +y ---e→2 +z ---e→3 .

Isto é, as coordenadas de ---w no sistema OXY Z são exatamente as→ coordenadas de ---w em relação à base canônica C do sistema OXY Z:

---→

(38)
(39)

1.

Equações da reta no espaço

Sejam A e B dois pontos distintos no espaço e seja r a reta que os contém. Então,

P ∈ r ⇐⇒ existe t ∈ R tal que AP = t---→ AB---→

Fig. 1: Retar passando por A e B.

Como o ponto P pode ser visto como a translação do ponto A pelo vetorAP , isto é, P = A +---→ AP , a condição acima também se escreve:---→

P ∈ r ⇐⇒ existe t ∈ R tal que P = A + tAB .---→ Assim, a retar é caracterizada pela equação

r : P = A + tAB ; t ∈ R---→

(40)

182 Geometria Analítica - Capítulo 11 Equação paramétrica da reta em coordenadas

SejaOXY Z um sistema de eixos ortogonais no espaço e considere os pontos A e B em coordenadas: A = (a, b, c) e B = (a0, b0, c0)

Escrevendo o pontoP em coordenadas, P = (x, y, z), temos: P = (x, y, z) ∈ r

⇐⇒ (x, y, z) = (a, b, c) + t(a0a, b0b, c0c) , t ∈ R

⇐⇒ (x, y, z) = (a + t(a0a), b + t(b0b), c + t(c0c)) , t ∈ R

⇐⇒ x = a + t(a0a) , y = b + t(b0b) , z = c + t(c0c) , t ∈ R .

Isto é, P = (x, y, z) ∈ r se, e somente se, suas coordenadas x, y e z satisfazem as equações paramétricas da reta r que passa por A = (a, b, c) e B = (a0, b0, c0) (figura1): r :        x = a + t (a0a) y = b + t (b0b) z = c + t (c0c) ; t ∈ R

Exemplo 1

Determinar as equações paramétricas da reta r que contém os pontos A = (1, 0, 0) e B = (0, 1, 1).

Solução.

O vetorAB tem coordenadas---→ AB = (0 − 1, 1 − 0, 1 − 0) = (−1, 1, 1).---→ Logo, r :        x = 1 + t(−1) y = 0 + t(1) z = 0 + t(1) ; t ∈ R, ou seja, r :        x = 1 − t y = t z = t ; t ∈ R

são as equações paramétricas da reta r . 

Definição 1

Dizemos que uma reta r é paralela a um vetor ---v 6=→ →0 quando, para -quaisquer dois pontos A e B de r , o vetorAB é múltiplo de ------→ v .

(41)

Fig. 2: Vetor ---v paralelo à reta r .→ Assim, o ponto P pertence à

reta r que passa por A e é para-lela ao vetor ---v se, e somente se,→ existe t ∈ R tal que AP = t ------→ v ,→ ou seja,

r : P = A + t ---v ;t ∈ R Em termos de coordenadas, se A = (a, b, c) e ---v = (α, β, γ), as→ equações paramétricas der são:

r :        x = a + α t y = b + β t z = c + γ t ; t ∈ R

Exemplo 2

Determine se os pontos P = (1, 1, 1) e Q = (0, −1, 0) pertencem à reta r que passa pelo ponto A = (1, 1, −1) e é paralela ao vetor ---v = (1, 2, −1).

Solução.

As equações paramétricas da retar são:

r :        x = 1 + t y = 1 + 2t z = −1 − t ; t ∈ R .

LogoP ∈ r se, e somente se, existe t ∈ R, tal que (1, 1, 1) = (1 + t, 1 + 2t, −1 − t),

isto é, se, e somente se, existet ∈ R que satisfaz as identidades 1 = 1 +t, 1 = 1 + 2t e 1 = −1 −t,

simultaneamente. Das duas primeiras obtemos t = 0, mas esse valor é incompatível com a terceira identidade, pois implicaria na identidade 1 = −1.

(42)

184 Geometria Analítica - Capítulo 11 Analogamente,Q ∈ r se, e somente se, existe t ∈ R, tal que

(0, −1, 0) = (1 + t, 1 + 2t, −1 − t),

isto é, se, e somente se, existe t ∈ R que satisfaz, simultaneamente, as identidades

0 = 1 +t, −1 = 1 + 2t e 0 = −1 −t,

Da primeira identidade, obtemos t = −1, valor que satisfaz as outras duas identidades.

Portanto, Q ∈ r . 

2.

Equação simétrica da reta no espaço

Consideremos as equações paramétricas da reta r que passa pelo pontoA = (a, b, c) e é paralela ao vetor ---v = (α, β, γ):

r :        x = a + αt y = b + βt z = c + γt ; t ∈ R .

Quando as três coordenadas do vetor direção ---v são diferentes de

zero, podemos colocar em evidência o parâmetro t em cada uma das

equações: t = x − a α , t = y − b β e t = z − c γ .

Portanto, P = (x, y, z) ∈ r se, e somente se, as coordenadas de P satisfazem: r : x − a α = y − b β = z − c γ

Essa expressão é chamadaequação simétricada retar .

Quando a retar é dada por dois pontos A = (a, b, c) e B = (a0, b0, c0),

o vetor ---v =AB = (a---→ 0a, b0b, c0 c), paralelo a r , terá suas três

coordenadas não-nulas se, e somente se, os pontosA e B não pertencem a um plano paralelo a um dos planos coordenados.

(43)

Isto é,a06=a, b06=b e c06=c.

Nesse caso, podemos expressar a retar através da equação simétrica: r : x − a a0a = y − b b0b = z − c c0c Atenção!

Se a reta r é paralela a um dos planos coordenados, então ela não pode ser representada por uma equação simétrica.

Exemplo 3

Determinar, caso seja possível, a forma simétrica da equação da reta r que passa pelos pontos dados.

(a) A = (1, 2, 3) e B = (2, 3, 4). (b)A = (1, 0, 1) e B = (1, 2, 3).

Solução.

(a) Como o vetor AB = (1, 1, 1) tem todas suas coordenadas diferen----→ tes de zero, a retar se expressa pela equação simétrica:

r : x − 1 1 = y − 2 1 = z − 3 1 , ou seja, r : x − 1 = y − 2 = z − 3 .

(b)Como o vetor AB = (0, 2, 2) é paralelo ao plano π---→ Y Z, pois tem a sua primeira coordenada igual a zero, a reta r não pode ser representada por uma equação simétrica.

As equações paramétricas der são:

r :        x = 1 y = 0 + 2t z = 1 + 2t ; t ∈ R, ou seja, r :        x = 1 y = 2t z = 1 + 2t ; t ∈ R .

Neste exemplo, observe que o vetor ---v = (0, 1, 1) =→ 1 2

---→

AB é também paralelo à reta r . Portanto,

(44)

186 Geometria Analítica - Capítulo 11 r :        x = 1 y = t z = 1 + t ; t ∈ R .

são também, equações paramétricas para a mesma retar . 

Exemplo 4

Sejar a reta que passa pelos pontos A = (1, 0, 0) e B = (0, 0, 1) e seja S a superfície definida pela equação S :z = x2+y2. Determine S ∩r .

Solução.

Como AB = (−1, 0, 1), a equação paramétrica da reta r é:---→ r : P = A + tAB ; t ∈ R .---→ ou seja, r :      x = 1 − t y = 0 z = t ; t ∈ R . Fig. 3: Interseçãor ∩ S = {P1, P2}.

Agora,P ∈ r ∩ S se, e somente se, as coordenadas de P satis-fazem as equações paramétri-cas de r e a equação de S si-multaneamente.

ComoP ∈ r ⇐⇒ P = (1−t, 0, t), para algum t ∈ R, temos que P = (1 − t, 0, t) ∈ S ⇐⇒ ⇐⇒ t = (1 − t)2 ⇐⇒ t = 1 − 2t + t2 ⇐⇒ t23t + 1 = 0 ⇐⇒ t = 1 2  3 ±p9 − 4= 1 2  3 ±p5 , Temos, portanto, duas soluções:

P ∈ r ∩S ⇐⇒              P = 1 − 3 + √ 5 2 , 0, 3 +√5 2 ! ou P = 1 − 3 − √ 5 2 , 0, 3 −√5 2 ! ⇐⇒              P = −1 − √ 5 2 , 0, 3 +√5 2 ! ou P = −1 + √ 5 2 , 0, 3 −√5 2 ! . Logo a retar intersecta a superfície S em dois pontos. 

(45)

3.

Equações paramétricas do plano no espaço

SejamA, B e C três pontos não-colineares no espaço e seja π o plano que os contém. Então,

P ∈ π ⇐⇒ existem s, t ∈ R tais queAP = s---→ AB + t---→ AC ,---→

isto é,P ∈ π se, e somente se, satisfaz a seguinteequação paramétrica do plano π :

P = A + sAB + t---→ AC ;---→ s, t ∈ R

Observação 1

A equação paramétrica de uma reta é determinada a partir da variação de um parâmetro(t ∈ R), enquanto a equação paramétrica de um plano é caracterizada pela variação de dois parâmetros (s, t ∈ R). Por isso dizemos que a reta é uni-dimensionale o plano ébi-dimensional.

Equação paramétrica do plano em coordenadas

Consideremos um sistema de eixos ortogonaisOXY Z no espaço no qual os pontosA, B e C têm coordenadas: A = (a, b, c), B = (a0, b0, c0) e

C = (a00, b00, c00).

Substituindo, na equação paramétrica do planoπ as coordenadas do ponto P = (x, y, z), as coordenadas do ponto A e dos vetores AB =---→ (a0a, b0b, c0c) eAC = (a---→ 00a, b00b, c00c), obtemos que:

(x, y, z)=(a, b, c)+s(a0a, b0b, c0c)+t(a00a, b00b, c00c); s, t ∈ R,

ou seja, asequações paramétricasdo plano π são:

π :        x = a + s (a0a) + t (a00a) y = b + s (b0b) + t (b00b) z = c + s (c0c) + t (c00c) ; s, t ∈ R

Exemplo 5

Determinar equações paramétricas do plano π que contém os pontos A = (1, 0, 0), B = (1, 1, 0) e C = (0, 0, 1).

Referências

Documentos relacionados

Vemos assim que quanto ao primeiro grupo de critérios, que os autores agruparam em termos de quem deve participar, a teoria democrática shapiriana e a correspondente concepção

Nossos parâmetros de rating levam em consideração o potencial de valorização da ação, do mercado, aqui refletido pelo Índice Bovespa, e um prêmio, adotado neste caso como a taxa

9) DA DOCUMENTAÇÃO DOS VEÍCULOS : A documentação dos veículos (CRV e CRLV) será entregue aos arrematantes nos prazos e formas definidas pelos COMITENTES

Altere a quantidade de anotações que serão exibidas por página Esse quadro exibe as suas anotações, aqui você pode salva-las em seu computador, imprimir, ou apagar

Using 9/16” wrench on flats on the Valve Body, loosen and remove tool from Hose Assembly. Reposition tool in vise and carefully grasp on the flats of the

Queremos provar que todo o vector de V se escreve de maneira única como combinação linear dos elementos

O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito de programas nutricionais com a suplementação de diferentes níveis de óxido de zinco com e sem a adição

Parte IX - Trigonometria: arcos e ângulos (medida, relação entre arcos); funções trigonométricas Parte X - Álgebra Linear e Geometria Analítica no plano e no espaço.. Os