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Coleta seletiva solidária: um estudo de caso no INSA à luz do decreto nº 5.940/2006

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(1)UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - UEPB CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - CCJ. MARIA AGRICÉLIA DE ARAÚJO MARQUES. COLETA SELETIVA SOLIDÁRIA – UM ESTUDO DE CASO NO INSA À LUZ DO DECRETO N. 5.940/2006. CAMPINA GRANDE 2011.

(2) COLETA SELETIVA SOLIDÁRIA – UM ESTUDO DE CASO NO INSA À LUZ DO DECRETO N. 5.940/2006. Trabalho de conclusão de curso apresentado como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Área: Direito Ambiental.. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Ferreira de Araújo.. CAMPINA GRANDE 2011.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL – UEPB. M357c. Marques, Maria Agricélia de Araújo. Coleta seletiva solidária- um estudo de caso no INSA à luz do decreto nº 5.940/2006 [manuscrito] / Maria Agricélia de Araújo Marques.− 2011. 54 f. Digitado. Trabalho Acadêmico Orientado (Graduação em Direito) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Ciências Jurídicas, 2011. “Orientação: Profa. Dra. Maria de Fátima Ferreira de Araújo, Departamento de Ciências Biológicas”. 1. Direito ambiental. 2. Resíduos sólidos. 3. Coleta seletiva. I. Título. 21. ed. CDD 344.046.

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(5) AGRADECIMENTOS A Deus por escutar as minhas preces e atender aos meus pedidos, por me manter no caminho do bem e por me ajudar a superar as dificuldades da vida. Aos meus pais (in memorian), pelo carinho, dedicação e apoio incondicional enquanto estiveram presentes na minha vida, contribuindo, de forma decisiva, para a construção do meu caráter. Não existem palavras para expressar a minha gratidão e saudades. Ao meu esposo, pelo companheirismo e grande incentivo, além da contribuição intelectual e das longas conversas, que tanto me engrandecem enquanto pessoa. Aos meus filhos, pela ajuda na realização deste trabalho, mas, sobretudo, pelo amor e afeto nas horas mais difíceis. Aos verdadeiros amigos, pelas muitas risadas ao longo desses cinco anos de convivência acadêmica. E em especial ao amigo Paulo Ramon, que apesar da pouca convivência, guardo sempre sua fraterna amizade. A minha orientadora professora Maria de Fátima Ferreira de Araújo, pela dedicação, mas principalmente por acreditar no meu potencial, me estimulando sempre na busca do conhecimento de forma incansável e por despertar em mim uma preocupação com as causas ambientais. Ao Prof. Hélio Santa Cruz Almeida Junior que com a dedicação de um verdadeiro educador me fez entender a grande importância do Direito Ambiental. Ao professor Valdeci Feliciano Gomes que prontamente aceitou o meu convite para participar da banca de defesa de meu TCC. Enfim, a todos que acreditaram e contribuíram de alguma forma para a minha formação acadêmica, os meus mais sinceros agradecimentos..

(6) “A civilização tem isto de terrível: o poder indiscriminado do homem abafando os valores da natureza. Se antes recorríamos a esta para dar uma base estável ao Direito (e, no fundo, essa é a razão do Direito Natural), assistimos, hoje, a uma trágica inversão, sendo o homem obrigado a recorrer ao Direito para salvar a natureza que morre.” (Miguel Reale Jr.).

(7) RESUMO O reconhecimento de novos direitos e a crescente conscientização acerca da necessidade de oferecimento, por parte do Estado, de mecanismos aptos a propiciarem uma proteção efetiva do meio ambiente impulsionaram a elaboração do presente trabalho, que tem como escopo apresentar o cumprimento do Decreto n° 5.940/06, que instituiu a obrigatoriedade da coleta seletiva solidária nos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta em benefício de associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis como importantes ferramentas, na inclusão social desta categoria. Enfatizou-se, sobretudo, a aplicação do decreto supracitado nas dependências do Instituto Nacional do Semi-Árido – INSA, localizado na cidade de Campina Grande, Paraíba. Tratou-se, primeiramente, do estudo dos resíduos sólidos, tecendo considerações sobre sua produção e aspectos históricos. Como decorrência natural foram analisados a classificação do lixo urbano e sua implicação na degradação ambiental. Procurou-se fazer uma reflexão sobre essa problemática no Estado da Paraíba, abordando, principalmente, a falta de políticas públicas na destinação correta desses resíduos; ademais buscou-se teorizar e explicar o Decreto n° 5.940/06. Quanto às instituições públicas federais da cidade de Campina Grande, que aderiram à coleta seletiva solidária por força do decreto, foi observado que as mesmas realizaram fóruns, os quais contribuíram para a conscientização dos seus servidores acerca dessa questão; discorreu-se sobre o alcance de tal instituto jurídico fora do âmbito dos órgãos federais, onde representantes das instituições públicas se reuniram com o poder público municipal a fim de traçarem estratégias que pudessem viabilizar melhores condições para os catadores de materiais recicláveis. Abordouse ainda sobre a Lei n. 12.305/10 da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a qual complementa o referido Decreto, uma vez que esta veio para disciplinar à coleta, o destino final e o tratamento de resíduos urbanos, perigosos e industriais. E, ainda, registrou-se a importância dos catadores de materiais recicláveis para o meio ambiente. Por fim, foi explicitado a caracterização do INSA, seus objetivos e projetos, sua importância na construção da educação ambiental, através do repasse para a população da prática do cultivo, preservação e uso correto dos recursos naturais. Concluindo, mostrou-se a efetivação do cumprimento do Decreto nas dependências da referida instituição que com atitudes socialmente justas e ecologicamente corretas sela seu compromisso com a preservação ambiental e preocupação na sustentabilidade do planeta. Palavras-chave: Resíduos sólidos. Coleta Seletiva. Decreto 5.940/06. INSA. Preservação ambiental..

(8) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO. ............................................................................................................ 07. 2 OS RESÍDUOS SÓLIDOS E O DECRETO N° 5.940 DE 25 DE OUTUBRO DE 2006 ......................................................................................................................... 2.1 Produção de resíduos sólidos: aspectos históricos ................................................. 2.2 Lixo urbano: consequências e classificação ........................................................... 2.3 A problemática dos resíduos sólidos na Paraíba ..................................................... 2.4 O decreto n° 5940 de 25 de outubro de 2006 …...................................................... 3 AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS FEDERAIS QUE ADERIRAM AO DECRETO N° 5940/06 NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE …............................ 3.1 O decreto n° 5940/06 além do âmbito institucional ................................................ 3.2 A lei n° 12305/10 complementa o decreto n° 5940/06 ........................................... 3.3 A importância dos catadores de materiais recicláveis para o meio ambiente …......................................................................................... 10 10 13 16 18 22 25 27 29. 4 CARACTERIZAÇÃO DO INSA .................................................................................. 33 4.1 O papel do INSA na educação ambiental …........................................................... 35 4.2 O INSA no cumprimento do decreto n° 5940/06 …............................................... 37 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 49 ANEXOS. …........................................................................................................................ 53.

(9) 7. 1 INTRODUÇÃO Atualmente existe uma crescente preocupação da sociedade com o meio ambiente e os vários aspectos relacionados à recuperação, conservação e preservação dos recursos naturais têm sido amplamente discutidos. Um dos tópicos principais é a destinação do lixo. A coleta seletiva e a reciclagem de lixo têm um papel de muita importância para a preservação do planeta. Por meio delas, recuperam-se matérias-primas que de outro modo seriam tiradas da natureza. A ameaça de exaustão dos recursos naturais não renováveis aumenta a necessidade de reaproveitamento dos materiais recicláveis que são separados na coleta seletiva, pois além de gerar renda para milhões de pessoas e economia para as empresa, traz um grande benefício para o meio ambiente diminuindo a poluição dos solos e rios. O lixo tornou-se um incômodo, e isto deve-se a toda uma evolução ocorrida através dos tempos. Na Antiguidade os resíduos eram facilmente assimilados pelo meio ambiente, devido a sua composição ser basicamente orgânica. Após a Revolução Industrial, com desenvolvimento tecnológico, o crescimento das cidades acelerou e, consequentemente, a produção de lixo cresceu significativamente. No entanto, as pessoas começaram a depositar o lixo em algum lugar fora de suas vistas, dando origem aos lixões. De acordo com a História, a divisão do tempo era feita da seguinte maneira: Era da pedra lascada, Era da pedra polida e Era dos metais. Atualmente, alguns autores, como Mari (2000), propõem a denominação de “era do descartável” ou “era do plástico”; outros, assim como Liebmann (1976), mais radicais ante o desenvolvimento tecnológico, têm chamado este período de “era do lixo”. Através da criatividade e da propaganda, consegue-se fazer com que a população acredite que os bens que as empresas desejam produzir sejam imprescindíveis à sua existência. Segundo Galeano (1994), a criação de novas necessidades de consumo, de lazer, entre outras, vem acompanhada de datas específicas para a renovação deste ritual, e a valorização crescente da propriedade, em detrimento do ser e sentir humano, tem alimentado um pensamento de que “consumindo mais, teremos nossa vida enriquecida”. Vivemos em um mundo socialmente desigual. A produção de resíduos varia de acordo com as condições econômicas que vivem cada sociedade, pois enquanto no Brasil cada pessoa produz aproximadamente 1 kg de resíduo por dia, nos Estados Unidos essa quantidade chega a dobrar. O que ocorre, segundo Lacoste (1985) é que nem todos podem consumir igualmente e, mesmo se conseguissem, nosso planeta não suportaria. Alguns setores da sociedade dos países desenvolvidos estão convencidos disto e já.

(10) 8. aceitaram que o desenvolvimento a qualquer custo está com os dias contados. Uma alteração nos modos de vida parece estar em andamento. Neste sentido é que ganha força a ideia de Montibeller (2000) de considerar o “desenvolvimento sustentável” como sendo o desenvolvimento de um novo modo de vida e ou de produção baseado em cinco sustentabilidades básicas: a social, a econômica, a cultural, a espacial e a ambiental. Dentro da perspectiva de reciclar para economizar, começando pela prática da coleta seletiva, este trabalho tem como objetivo analisar o cumprimento do Decreto nº 5.940 de 25 de outubro de 2006, pelo qual o governo federal instituiu a obrigatoriedade da Coleta Seletiva Solidária executada pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, conforme o art. 1º do referido decreto. Para analisar o cumprimento do Decreto no INSA em Campina Grande/PB, foram realizados estudos e pesquisas, nas dependências da referida instituição, por meio de entrevistas que revelaram informações e sugestões que apontam soluções para o problema ambiental, como, por exemplo, a prática da redução, reciclagem e reutilização dos materiais descartados pela instituição. O programa “Coleta Seletiva Solidária”, implantado nas dependências do INSA, tem como meta: realizar a destinação dos resíduos sólidos descartados reutilizáveis aos catadores de materiais recicláveis, absorvendo estes dentro de uma atividade mais rentável e com condições de salubridade controlada; poupar recursos naturais, muitas vezes não renováveis; gerar empregos e diminuir a degradação do meio ambiente. Com esse intuito, o governo reafirma a necessidade de oferecer aos catadores uma forma de trabalho digno, uma vez que o programa gera renda aos excluídos e insere novamente na cadeia produtiva o que é considerado lixo, através da reciclagem. Em Campina Grande existem duas cooperativas, a Cooperativa de Trabalhadores de Materiais Recicláveis (COTRAMARE) e a Cooperativa de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis de Campina Grande (CATAMAIS), que foram criadas para ajudar os catadores na comercialização dos materiais e na visão de seus direitos diante da sociedade e dos poderes públicos. É nesse contexto que vem ganhando força a iniciativa de buscar incorporar os catadores na atividade de reciclagem, através de políticas pública em prol do desenvolvimento sustentável. Nas cooperativas, beneficiadas com a destinação dos materiais recicláveis separados na fonte geradora (INSA), verificou-se que a doação desse material tem contribuído para a inclusão social dos cooperados, melhorando os preços de comercialização dos materiais, o que reflete positivamente na sua renda. Sendo assim, verifica-se que são com atitudes socialmente justas e ecologicamente corretas que o INSA procura cumprir o Decreto nº.

(11) 9. 5.940/06. O presente trabalho tecerá, num primeiro momento, os aspectos históricos, consequências e classificação da produção de resíduos sólidos, constatando-se que no passado as primeiras comunidades de nômades geravam resíduos através da coleta direta dos alimentos, mas parecia haver um equilíbrio entre a produção de rejeitos e a capacidade de sua absorção e transformação pelo ambiente. Nas palavras de Alves (1999): “O lixo estava integrado à vida”. Abordaremos também a questão dos resíduos sólidos na Paraíba e especialmente em Campina Grande e enfatizaremos a importância da criação do Decreto. No capítulo dois, analisaremos o papel fundamental que outras instituições públicas. federais localizadas em Campina Grande tiveram a aderirem ao já citado Decreto. Também trataremos da extensão deste além do âmbito institucional e sua complementação com a Lei 12.305/10 e a importância dos catadores para o meio ambiente. No capítulo três, caracterizaremos o INSA, que escolhemos como ator principal para atuar nesse cenário, entre tantas outras instituições federais, por se tratar de um o órgão que está diretamente envolvido com a educação e as questões ambientais. Em seguida, faremos um paralelo entre o Decreto a as ações realizadas pelo INSA na execução da Coleta Seletiva Solidária. Para obtenção das informações pertinentes ao caso, foram utilizados, principalmente, livros, artigos e textos pesquisados na internet. Quanto aos procedimentos, este trabalho. caracterizou-se como uma pesquisa exploratória, envolvendo levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudo de caso no INSA. Os resultados apontam para o cumprimento do Decreto nas suas dependências, onde ficou comprovada a prática da separação dos resíduos recicláveis e a entrega desses materiais às cooperativas de catadores que estão habilitadas de acordo com as disposições do art. 3º, I, II, III, IV deste Decreto. Nessa perspectiva, nosso objetivo será alcançar uma conscientização social sobre a importância da Coleta Seletiva não só no âmbito institucional, mas na sociedade de um modo geral. Para tanto procuraremos identificar os problemas ambientais causados pela disposição incorreta dos resíduos e as possíveis soluções para o caso. Demonstradas as considerações, almeja-se que o leitor seja apresentado ao debate aqui fomentado, no sentido de que, de posse das informações adquiridas, tenha o seu campo de conhecimento alargado e que possa, de alguma forma, contribuir para a preservação ambiental do nosso planeta..

(12) 10. 2 OS RESÍDUOS SÓLIDOS E O DECRETO Nº 5.940 DE 25 DE OUTUBRO DE 2006 2.1 Produção de resíduos sólidos: aspectos históricos No período da Pré-história, o homem vivia em pequenos grupos que se abrigavam em cavernas e se alimentavam de caças, pescas e frutos; eram nômades e quando a comida começava a escassear, mudavam-se com frequência à procura de mais recursos para se alimentarem. Segundo Jorge Rios1, com este modo de vida, nunca acumulavam muito lixo e o pouco que produziam eram compostos basicamente de produtos de origem natural (ossadas, estacas, couro, cerâmica e objetos de pedra); portanto, por não sofrerem transformações químicas, a decomposição desses resíduos era bem mais fácil, não gerando, assim, grandes impactos ambientais. Neste período, parte dos resíduos gerados pelo homem eram basicamente excrementos. À medida que o homem deixa de ser nômade e passa a sedentário, começa então a desenvolver hábitos como construção de moradias, criação de animais, cultivo de alimentos, etc. Surgem, assim, os primeiros vilarejos, que ao longo do tempo se transformaram em cidades, aumentando a concentração de pessoas e, consequentemente, de resíduos produzidos por elas, o que representa um problema de difícil solução. Em Atenas, na Grécia, surgiram os primeiros lixões que, por consequência, atraíam ratos, baratas e insetos peçonhentos. Os gregos passaram então a cobrir o lixo com camadas de terra e criaram, em 500 a.C., o que hoje chamamos de aterro controlado. Entretanto, naquela época, o lixo era composto basicamente por restos de comida, ou seja, material orgânico, de fácil decomposição. Durante a Idade Média, com a formação dos burgos, a concentração de pessoas nas cidades foi aumentando consideravelmente e, por conseguinte, aumentou-se também o volume dos resíduos que se formavam nas ruas estreitas, como restos de comida, excrementos humanos e de animais. Tudo isso criava um ambiente propício para a proliferação de ratos e a manifestação de doenças e epidemias (a mais grave foi a peste negra, que, entre 1347 e 1351, causou 25 milhões de mortes, cerca de um terço da população européia). O lixo era despejado nas ruas e arrastado pelas águas das eventuais chuvas. Até que isso ocorresse, formavam-se montes de detritos, revirados por cães e porcos. A água dos rios e poços que abasteciam a 1. RIOS, Jorge. Lixo: problemas que os resíduos podem gerar. In: Câmara Multidisciplinar de qualidade de vida. Disponível em: <http://www.cmqv.org/website/artigo.asp?cod=1461&idi= %201&moe=212&id=15177>. Acesso em: 01 out. 2010..

(13) 11. cidade era frequentemente contaminada, ocasionando constantes surtos de tifo.2 Na modernidade, mais precisamente, a partir da Revolução Industrial, século XVIII, houve um salto na produção em série de bens de consumo e o mundo passou por intensas evoluções tecnológicas e científicas. Segundo Rodrigues e Cavinatto, “as fábricas começaram a produzir objetos de consumo em larga escala e a introduzir novas embalagens no mercado, aumentando consideravelmente o volume e a diversidade de resíduos gerados nas áreas urbanas”3. Além disso, houve a dispersão de empresas transnacionais pelo mundo e essas incentivaram o consumo em massa, lançando produtos e atrativos aos consumidores. A partir daí, gerou-se uma intensificação da migração dos trabalhadores do campo para a cidade, o que fez aumentar as dificuldades referentes à destinação adequada dos variados tipos de lixos produzidos (domésticos, industriais, serviços de saúde etc), os quais se constituíram em uma das principais fontes de degradação do meio ambiente. Antes, eram empregadas máquinas a vapor, utilizadas para movimentar teares na confecção de tecidos, mas com a ampliação da produção industrial, foram trocadas por equipamentos mais avançadas, movidos a eletricidade. Posteriormente, as indústrias se modernizaram ainda mais e hoje fabricam produtos nem sequer imagináveis naquela época. Rodrigues e Cavinatto complementam: A descoberta sucessiva de novas tecnologias vem rapidamente tornando ultrapassados modelos e versões desses aparelhos. Os computadores, por exemplo, vêm sofrendo tantas modificações que, no Japão e em outros países desenvolvidos, já formam enormes depósitos de sucata, mesmo ainda quando funcionam.4. Com o avanço da modernidade, o sistema capitalista vem cada vez mais se consolidando e para este sistema o maior objetivo é o lucro. Sendo assim, os donos dos meios de produção colocam no mercado um arsenal de novidades para atraírem mais e mais compradores, mas todas essas mercadorias dispostas para o consumidor requer a retirada de recursos da natureza e também produzem resíduos que se perpetuam por anos, degradando e contaminando o solo, o ar e as águas. E foi com esse desenvolvimento tecnológico que a geração e o descarte de lixo tiveram grande impulso. De acordo com Jairo Augusto Nogueira Pinheiro, do Centro de Meteorologia da UFPA, “um dos problemas mais sérios que qualquer 2. 3. 4. Afinal, o que é lixo? Recicloteca: Centro de Informações sobre reciclagem e meio ambiente. Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/Default.asp?Editoria=2&SubEditoria=1>. Acesso em: 03 out. 2010. RODRIGUES, Francisco Luiz; CAVINATTO, Vilma Maria. Lixo: de onde vem? Pra onde vai? 2. ed. reform. São Paulo: Moderna, 2003. p. 06. Idem; ibidem. p.08-09..

(14) 12. cidade enfrenta, mas que é particularmente grave nas enormes aglomerações urbanoindustriais, é o lixo sólido”.5 Sobre esse contexto, observa-se que a mídia incentiva o consumidor a adquirir vários produtos substituindo os antigos pelos mais modernos. Atualmente, nos países europeus, nos Estados Unidos e recentemente no Brasil, com a nova e emergente classe média, o número de automóveis aumentou consideravelmente, o que propicia mais fabricações e, como o resultado, temos o uso cada vez maior dos recursos naturais não renováveis. Com a constante inovação de modelos, o consumidor é incitado a adquirir os últimos lançamentos do mercado, deixando para trás seu antigo carro que em poucos anos termina em uma sucata, formando, assim, verdadeiros “cemitérios de automóveis”. Dados lembrados por Rodrigues e Cavinatto: “Enquanto no Brasil um carro chega a durar mais de vinte anos, nos países europeus sua vida útil é de apenas dez anos. Calcula-se que, anualmente, mais de 12 milhões de automóveis são inutilizados no continente europeu”.6 O mais preocupante é saber que a produção de lixo é um fenômeno cada vez mais crescente, uma vez que, à medida que aumenta a população, cresce também a oferta de produtos que necessita de um público alvo para consumi-los e fazer valer o perfeito equilíbrio entre a oferta e procura. Nessa lógica, os fabricantes não têm a preocupação e nem interesse de fabricarem produtos que tenham maior durabilidade, pois, na maioria das vezes, um eletrodoméstico se quebra e, ao ser levado para o conserto, a peça danificada tem um alto custo, chegando a não ser compensatório para seu dono trocá-la e, assim, termina preferindo comprar um aparelho novo e mais sofisticado, descartando o produto antigo, que se torna lixo. Ressalta-se que a busca de soluções para a problemática do acúmulo de lixos passa necessariamente pela mudança de hábitos e atitudes que devemos tomar em relação ao desperdício e ao consumo desenfreado que o capitalismo nos leva, pois não se deve esquecer que, no Brasil, há 30 anos, cada pessoa produzia entre 200 a 500 g de lixo por dia, enquanto hoje pode-se chegar até mais de 1 kg, dependendo do poder aquisitivo e local em que mora. Já o padrão americano é mais assustador, pois chega a ser o dobro. Esses dados mostram o retrato de uma sociedade que confunde qualidade de vida com aquisição cada vez maior de bens de consumo. Se faz necessário rever os valores e enxergar o mundo de outra forma mais solidária e consciente da gravidade dos problemas ambientais. A simples mudança de hábito diário de se jogar no lixo produtos aparentemente inúteis colabora para melhorar a qualidade ambiental e ao mesmo tempo abrir novas perspectivas de trabalho e melhoria de vida para 5. 6. PINHEIRO, Jairo Augusto Nogueira. Lixo urbano. Disponível em: <http://www.webartigos.com> Acesso em: 03 out. 2010. RODRIGUES, Francisco Luiz; CAVINATTO, Vilma Maria. op. cit., nota 3, p. 09-10..

(15) 13. muitas pessoas.7 O grande problema em torno do destino do lixo se dá, em primeiro lugar, por sua característica de inesgotabilidade, comprometendo, desta forma, grandes áreas; depois, a sua complexidade estrutural também preocupa, devido à grande heterogeneidade de materiais, desde substâncias inertes a substâncias altamente tóxicas. Neste diapasão, Jairo Pinheiro conceitua a heterogeneidade do lixo dizendo: A heterogeneidade é uma das características principais dos resíduos sólidos urbanos, que apresentam uma composição qualitativa e quantitativa muito variada. Essas variações ocorrem geralmente em função do nível de vida e educação da população, do clima, dos modos de consumo, das mudanças tecnológicas, etc.8. Com o constante anseio de substituir um objeto por outro mais moderno, o ser humano passou a viver, então, a era dos descartáveis. As embalagens de alimentos e bebidas descartáveis são produzidas em maior escala, substituindo os recipientes que antes podiam ser reutilizáveis como, por exemplo, as garrafas de cerveja e de refrigerante feitas de vidro. 2.2 Lixo Urbano: consequências e classificação Atualmente, a radiografia brasileira que se tem sobre a coleta seletiva é assustadora. Conforme dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 5.565 municípios brasileiros, somente 994 possuem coleta seletiva. Destes, apenas 536 contam, para a coleta, com a participação das cooperativas que contribuem com a separação e utilizam o material reciclado como meio de geração de renda para os catadores. Ainda são aguardados dados atualizados do censo demográfico sobre quanto lixo comercial e residencial o Brasil coleta. Segundo levantamentos anteriores, eram 240 mil toneladas por dia, das quais 59% iam para lixões a céu aberto (irregulares). Menos de 20% do lixo reutilizável era, de fato, aproveitado. Sem falar que muitas cidades estão com aterros sanitários esgotados e precisam "exportar" lixo para áreas mais afastadas.9 Com o aumento significativo da população, e consequentemente o crescimento acelerado das metrópoles – processo que teve um enorme incremento após a Segunda Guerra 7. 8 9. LUAESTRELA. Programa de Coleta Seletiva – Guia de Implantação. In: Sunnet notícias. Disponível em: <http://www.sunnet.com.br/home/Noticias/Programa-de-coleta-seletiva-Guia-de-implantacao.html>. Acesso em: 10 set. 2011. PINHEIRO, op. cit. CAVALCANTE, Hylda. O lixo nosso de cada dia. In: Revista do Brasil, ed. 58, abr. 2011. Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/58/o-lixo-nosso-de-cada-dia>. Acesso em: 20 out. 2011..

(16) 14. Mundial (1939 a 1945), quando ocorreu um engrandecimento da quantidade de lixo e uma diversificação em sua composição –, as áreas disponíveis para colocar o lixo se tornaram escassas, acumulando ainda mais sujeira e aumentando a poluição do solo, das águas e piorando as condições de saúde das pessoas em todo o mundo, especialmente nas regiões menos favorecidas economicamente. O lixo urbano, na atualidade, se constitui em um grande problema ambiental, uma vez que a sociedade está cada dia consumindo mais e isso leva a um aumento contínuo e exagerado na quantidade de resíduos produzidos. Reforçando essa ideia, os autores Rodrigues e Cavinatto citam o seguinte exemplo: Se o Estádio do Morumbi fosse usado como depósito do lixo produzido em uma metrópole como São Paulo, ele ficaria completamente cheio em apenas uma semana. Diariamente a cidade de São Paulo acumula mais de 12 mil toneladas de lixo, o suficiente para encher a carroceria de aproximadamente 1.700 caminhões.10. A pesquisadora Rosely Souza11 diz que a ampliação da quantidade de resíduos vem acontecendo de forma descontrolada e, na maioria das vezes, esses detritos não são coletados corretamente. Calcula-se que de 30% a 50% de todo o lixo produzido nas cidades não são recolhidos. Entretanto, esse percentual de coletagem varia entre as regiões do país, dependendo também do nível social da população. Percebe-se que a falta de coleta nas casas localizadas nas áreas mais pobres das grandes cidades leva os moradores a depositarem seus resíduos domiciliares em canais, encostas e pontos de lixo clandestinos. O problema do lixo não se resume à esfera ambiental, somam-se a este os problemas de saúde e a má qualidade de vida das pessoas que moram próximo e/ou que trabalham nos lixões. A presença do lixo nas periferias das grandes cidades, em áreas desabitadas, como já mencionado, fica mais evidente nos países subdesenvolvidos onde, na maioria das vezes, não existe um sistema adequado de coleta e isso termina acarretando enchentes e assoreamento de mananciais; disseminação de insetos, causadores de doenças; decomposição de matéria orgânica, que gera odor desagradável e produz um líquido ácido de cor escura denominado chorume (substância dez vezes mais poluente que o esgoto) que contamina o solo, os rios, os lagos e águas subterrâneas; acarreta ainda, deslizamentos de encostas e armazenamento de matérias que não são biodegradáveis. É sabido que o lixo exposto ao ar livre atrai inúmeros animais, vetores das mais 10 11. RODRIGUES; CAVINATTO, op. cit., p. 12 SOUZA, Rosely M. Resíduos sólidos urbanos. In: Cola da Web. Disponível em: <http://www.coladaweb.com/biologia/ecologia/residuos-solidos-urbanos-%28rsu%29>. Acesso em: 03 out. 2010..

(17) 15. variadas enfermidades (febre tifoide, cólera, diversas diarreias, disenteria, tracoma, peste bubônica, entre outras). As bactérias e os fungos são os primeiros a surgir, em seguida o odor, proveniente da decomposição dos detritos, alastra-se com o vento e atrai baratas, ratos, insetos e urubus, que além de se nutrirem da matéria orgânica presentes no lixo, se proliferam. Para ilustrar tais problemas de saúde que podem ser adquiridos pela má disposição do lixo, têm-se exemplos de enfermidades relacionadas com os resíduos sólidos, transmitidas por macro vetores e reservatórios, conforme tabela 1 (anexo). No tocante à classificação do lixo, o autor Oliveira, em sua obra, assim afirma: Para determinar a melhor tecnologia para tratamento, aproveitamento ou destinação final do lixo é necessário conhecer a sua classificação, pois o lixo possui uma complexa composição, onde atuam diversos elementos de diferentes fontes. O lixo pode ser classificado de acordo com sua natureza física, composição química, origem, riscos potenciais ao meio ambiente, entre outros fatores. Quanto a sua natureza e estado físico, o mesmo pode ser classificado em sólido, líquido, gasoso e pastoso.12. Já quanto aos fatores como umidade, temperatura, presença ou ausência de oxigênio e de microrganismos é que vão determinar o tempo de decomposição de cada material, conforme tabela 2 (anexo). De acordo com Jairo Pinheiro, o lixo, quanto sua origem e produção, classifica-se em: lixo urbano, neste inclui-se os resíduos domésticos, os efluentes industriais domiciliares (pequenas indústrias de fundo de quintal) e resíduos comerciais; lixo domiciliar, formado por muita quantidade de matéria orgânica, plástico, lata, vidro, papéis, etc;. lixo comercial,. composto por matéria orgânica, papéis e plásticos de vários grupos; lixo público, formado por resíduos provenientes de limpeza pública (areia, papéis, folhagem, poda de árvores); lixo especial, constituído por resíduos geralmente industriais, merece tratamento adequado no que diz respeito a manipulação e transporte, são eles: pilhas, baterias, embalagens de agrotóxicos, embalagens de combustíveis, de remédios ou venenos; lixo hospitalar, são formados através dos mais variados tipos de resíduos sépticos, seringas, restos de curativos e de medicamentos que em contato com o meio ambiente poderão ser patógenos ou vetores de doenças. Esses tipos de lixo devem ser incinerados: lixo atômico, são aqueles resultante da queima do combustível nuclear, a elevada radioatividade constituindo-se um grave perigo à saúde da população e por isso deve ser enterrado em local próprio e inacessível; lixo radioativo, são componentes tóxicos e venenosos formados por substâncias radioativas resultantes do 12. OLIVEIRA, A. H. Metais pesados nos arredores de depósitos de lixo de Belém-PA. Belém: Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará, ano?. p.105 (Dissertação de Mestrado)..

(18) 16. funcionamento de reatores nucleares. Por ser perigosíssimo, o lixo radioativo deve ser colocado em tambores ou recipientes de concreto impermeáveis e à prova de radiação e enterrá-los em terrenos estáveis, no subsolo. O referido autor conclui: O lixo invisível é tão ou mais abundante que o domiciliar e industrial. Diariamente são emitidos milhares de toneladas de gases na atmosfera e aumenta diuturnamente a carga de elementos da chamada poluição invisível (compostos orgânicos voláteis).13. Ademais, o manuseio incorreto dos resíduos sólidos, qualquer que seja sua origem, causa grandes desperdícios, colabora de forma significativa para a permanência das desigualdades sociais, configura-se em uma ameaça à saúde pública e aprofunda a degradação ambiental, afetando a qualidade de vida da população, principalmente nas grandes e médias cidades. 2.3 A problemática dos resíduos sólidos na Paraíba Com relação à ineficiência do sistema de coleta dos resíduos sólidos, no Norte e Nordeste a situação é ainda pior. Na Paraíba, 98% do total do lixo coletado vão para os lixões14. Segundo informações da Promotoria do Meio Ambiente de João Pessoa, na Paraíba, dos 223 municípios, apenas seis municípios têm planos definidos de gerenciamento de resíduos, ou seja, estão adequados à Lei Federal nº 12.305 de 2 de agosto de 2010 que determina que todas as cidades brasileiras possuam planos de ação para tratamento correto do lixo, através de ações como coleta seletiva, reciclagem e construção de aterros sanitários. Dados fornecidos pela Autarquia Municipal Especial de Limpeza Urbana (Emlur) mostram que cerca de 500 toneladas de detritos são produzidas por dia na capital paraibana, e apenas 2% desse volume são reciclados. Do restante, apenas 15% é de fato considerado lixo, pois cerca de 90% do material pode ser reciclado. O Diretor da Emlur, Orlando Soares, afirmou que o sistema de coleta seletiva de lixo em João Pessoa teve início em setembro de 2000.15 Sabemos que a questão dos resíduos sólidos urbanos é uma dura realidade, devido à falta de locais adequados para sua disposição final. O lixo produzido por Campina Grande, 13 14 15. PINHEIRO, op. cit. CAVALCANTE, Hylda, op.cit. CAVALCANTE, Alex. Plano de tratamento de lixo é quase zero na PB. Jornal da Paraíba, João Pessoa, 12 nov. 2010. Cidades, p.3..

(19) 17. que é a segunda maior cidade e uma das mais antigas do Estado da Paraíba, é praticamente um esgoto a céu aberto, onde cerca de 450 catadores trabalham na recuperação desses resíduos, inclusive consumindo-os como alimentos numa luta constante pela sobrevivência. O material coletado por eles é vendido para sucateiros e intermediários com preços aleatórios, contribuindo ainda mais para a desigualdade social. Assim, o município de Campina Grande, como tantos outros, também enfrenta esta problemática, visto que o lixo, gerado por sua população, é coletado e descartado, sem que haja nenhuma segregação. No município não existe aterro sanitário, que seria uma das formas mais adequada para a disposição final dos resíduos gerados pela sua população. Também não existe nenhum outro sistema de acondicionamento para estes resíduos que são despejados sem nenhuma triagem no “Lixão do Mutirão”, como é chamado. Neste local, não existe nenhum tipo de controle prévio do que é despejado ali, não há, por parte do poder público, nenhuma preocupação no tocante à saúde pública, principalmente com aqueles que terminam se alojando dentro do próprio lixão. Por falta de emprego e moradia muitos veem no lixão uma alternativa para sobreviver e acabam fazendo da catação de resíduos sua fonte de renda. Atualmente, dezenas de famílias residem no lixão de Campina Grande/PB e, entre estas, inúmeras crianças estão presentes trabalhando na catação de lixo, muitas abandonam a escola para ajudar na renda familiar16. Essa situação retrata a ausência de políticas públicas por parte do poder público municipal, pois se vê o descaso com o cumprimento da Lei nº 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, quando esta, em seu Art. 29, dispõe que “Cabe ao poder público atuar, subsidiariamente, com vistas a minimizar ou cessar o dano, logo que tome conhecimento de evento lesivo ao meio ambiente ou à saúde pública relacionado ao gerenciamento de resíduos sólidos”. Nas palavras de Maglio: Este quadro reflete a ausência de políticas públicas nacionais de gestão de resíduos, mas também reflete a ineficiência da política de comando e controle, que vem sendo praticada pelos órgãos ambientais estaduais e federais, limitados a aplicação de uma estratégia simples de fiscalização e controle.17. De acordo com o levantamento da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos (Sosur), 16. 17. PEREIRA, Suellen Silva; MELO, Josandra Araújo Barreto de. Gestão dos resíduos sólidos urbanos em Campina Grande/PB e seus reflexos socioeconômicos. Taubaté: Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, 2008, p.205. MAGLIO, I. C.; PHILIPPI, JR. A.; COIMBRA, J. A. A. Municípios e Meio Ambiente: perspectivas para a municipalização da gestão ambiental no Brasil. São Paulo: ANAMA,1999, p. 80-85..

(20) 18. Campina Grande produz atualmente cerca de 350 toneladas de lixo por dia, sendo que, sem um plano de ação para o tratamento do lixo, todo o resíduo coletado é despejado no lixão do município, localizado na Alça Sudoeste, Rodovia BR 230, a 8 km do centro da cidade, ocupando uma área de 35 hectares, local considerado por ambientalistas como inadequado.18 Segundo os dados fornecidos pelo último PNSB – Pesquisa Nacional sobre Saneamento Básico, o município de Campina Grande possui 90,8% dos domicílios atendidos pela coleta dos resíduos domiciliares, 2.6% dos resíduos são queimados, 0.4% são enterrados, 5.5% são jogados em terrenos baldios, 0.3% são jogados nos rios ou lagos e outras formas de descartes somam 0.3%. Por não existir, na grande maioria da população campinense, a prática da coleta seletiva, muitos desses resíduos que são chamados de lixo poderiam ter um destino mais correto, pois se, para alguns, eles são considerados inservíveis, para outros são vistos como produtos recicláveis geradores de rendas que podem modificar a qualidade de vida dos catadores. 2.4 O Decreto nº 5.940 de 25 de outubro de 2006 Coleta seletiva ou recolha seletiva pode ser entendida como sendo a expressão usada para designar o recolhimento dos materiais, possíveis de serem reciclados, selecionados e separados na própria fonte geradora, uma vez que isso impede a contaminação daqueles materiais reaproveitáveis, aumentando o valor destes e diminuindo os custos de reciclagem. Dentre estes materiais recicláveis podemos citar os diversos tipos de papéis, plásticos, metais e vidros.19 A Coleta Seletiva Solidária foi instituída a partir do Decreto Presidencial nº 5.940, de 25 de outubro de 2006, a qual é coordenada e fiscalizada pelo Comitê Interministerial de Inclusão Social dos Catadores de Materiais Recicláveis. Com essa ação o Governo Federal institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta na fonte geradora e sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis. Essa ação contribui para o acesso desse segmento de trabalhadores à cidadania, à oportunidade de renda e à inclusão social, tendo como principal objetivo a geração de trabalho e renda para os catadores. A Coleta Seletiva Solidária pode ser considerada como uma estratégia que tem como 18. 19. MELO, Rostand. Recuperação do lixão em Campina Grande vai custar até R$ 12 milhões. Jornal da Paraíba, João Pessoa, 12 nov. 2010. Cidades, p.2. COLETA seletiva. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Coleta_seletiva> Acesso em: 12 abr. 2011..

(21) 19. objetivo construir uma cultura institucional para um novo modelo de gestão dos resíduos no âmbito da Administração Pública Federal direta e indireta, somada aos princípios e metas estabelecidos pela Agenda Ambiental da Administração Pública Federal (A3P)20. A A3P tem por objetivo estimular os gestores públicos a incorporar princípios e critérios de gestão ambiental em suas atividades rotineiras. Os maiores beneficiados por esse sistema são o meio ambiente e a saúde da população. A reciclagem de papéis, vidros, plásticos e metais, reduz a utilização dos aterros sanitários, prolongando sua vida útil. Se o programa de reciclagem contar, também, com uma usina de compostagem, os benefícios são ainda maiores. Além disso, a reciclagem implica uma redução significativa dos níveis de poluição ambiental e do desperdício de recursos naturais, através da economia de energia e matérias-primas. O impacto causado pelo movimento dos servidores públicos federais, que atuaram como protagonistas na execução de ações sócio-ambientais, promovendo com a sua participação cidadã a transformação de suas cidades e a inclusão social dos catadores de materiais recicláveis, foi vista com ânimo pelos estudiosos do ramo. De acordo com Fábio Cidrin Gama Alves, coordenador da Secretaria-Executiva do Comitê Interministerial de Inclusão Social dos Catadores de Materiais, o impacto teve repercussão no setor econômico, social e ambiental. Na área econômica, vários benefícios foram trazidos, como, por exemplo, a geração de trabalho e renda; a melhoria da competitividade da atividade junto ao mercado, no processo de comercialização; o fornecimento de parâmetros técnicos para orientação de políticas públicas ligadas ao setor de coleta e reciclagem de materiais recicláveis por catadores; a redução do custo da coleta convencional nos municípios; a diminuição do custo de operação dos aterros sanitários e dos custos de energia e matérias primas através do aproveitamento de resíduos sólidos. No âmbito social, estima-se, numa primeira etapa, a geração de 30.000 postos de trabalho em cooperativas para o segmento dos catadores; a criação de novas associações e cooperativas de catadores em todo o Brasil e o fortalecimento das existentes; e, por fim, investimentos públicos da ordem de R$ 170 milhões para políticas públicas de combate à pobreza e de inclusão social. Na esfera ambiental, a coleta seletiva ajuda na preservação de recursos naturais através 20. A Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), é um projeto do Ministério do Meio Ambiente que teve início em mil novecentos e noventa e nove e possui um papel estratégico na revisão dos padrões de produção e consumo e na adoção de novas referenciais em busca da sustentabilidade socioambiental no âmbito da administração pública..

(22) 20. do reaproveitamento de resíduos sólidos; no aumento da vida útil dos aterros sanitários; na redução da emissão de poluentes; e, na ampliação da consciência ambiental da sociedade através de mecanismos geradores de renda e trabalho. O Decreto 5.940/06 teve grande alcance dentro das instituições e entidades da administração pública federal direta e indireta, que somaram-se: 217 órgãos (Ministérios, empresas públicas, institutos, autarquias, universidades), mais de 600 mil funcionários e servidores, além de mais de 10.000 prédios em cerca de 1.400 municípios 21. Entre outras exigências o referido Decreto propõe que as associações e cooperativas estejam habilitadas nas condições conforme preza seu art. 3°22. As associações e cooperativas que estiverem habilitadas poderão firmar acordo, perante a Comissão para a Coleta Seletiva Solidária, que dispõe o art. 5°, para divisão, entre as mesmas, dos resíduos recicláveis descartados. Se não houver acordo, no que se refere a partilha dos resíduos, a Comissão para a Coleta seletiva Solidária poderá realizar sorteio, em sessão pública, entre as respectivas associações e cooperativas devidamente habilitadas, onde estas firmarão termo de compromisso com o órgão ou entidade com o qual foi realizado o sorteio, para efetuar a coleta dos resíduos recicláveis descartados regularmente. De acordo com os § 2° e 3° do art. 4° do Decreto 5.940/06, deverão ser sorteadas até quatro associações ou cooperativas, sendo que cada uma realizará a coleta por um período consecutivo de seis meses. Depois, dentro das habilitadas, outra associação ou cooperativa assumirá a responsabilidade, seguida a ordem do sorteio. Findo o prazo de seis meses da última associação ou cooperativa que fora sorteada, um novo processo de habilitação será realizado. Cada entidade ou instituição pública federal da administração direta ou indireta deve criar, internamente, uma Comissão para a Coleta Seletiva Solidária23 com o fulcro de planejar 21. 22. 23. ALVES, Fábio Cidrin Gama. Coleta seletiva solidária: O papel das instituições federais para a inclusão social dos catadores de materiais recicláveis. Disponível em: <http://www.esa.ensino.eb.br/meioambiente/arquivos/coleta_solidaria.pdf> Acesso em: 10 jan. 2011. Art. 3º Estarão habilitadas a coletar os resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta as associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis que atenderem aos seguintes requisitos: I- estejam formal e exclusivamente constituídas por catadores de materiais recicláveis que tenham a catação como única fonte de renda; II- não possuam fins lucrativos; III- possuam infra-estrutura para realizar a triagem e a classificação dos resíduos recicláveis descartados; e IV- apresentem o sistema de rateio entre os associados e cooperados. Parágrafo único. A comprovação dos incisos I e II será feita mediante a apresentação do estatuto ou contrato social e dos incisos II e IV, por meio de declaração das respectivas associações e cooperativas. A Comissão em cada órgão ou entidade da administração pública direta e indireta é uma exigência legal decorrente da publicação do Decreto 5940/06, que instituiu a obrigatoriedade da separação dos resíduos.

(23) 21. e organizar a coleta seletiva solidária, no prazo de noventa dias, a contar da publicação do Decreto ora estudado. A comissão deve ser composta por, no mínimo, três servidores designados pelos respectivos titulares de órgãos e entidades públicas, que deverá implantar e supervisionar a separação dos resíduos recicláveis descartados na fonte geradora, bem como a sua destinação para as associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Ademais, esses órgãos e entidades da administração pública federal têm um prazo de 180 dias, contados da publicação deste Decreto, para efetivamente implantarem a separação dos resíduos recicláveis descartados, na fonte geradora, destinados para a coleta seletiva solidária. A Comissão para a Coleta Seletiva Solidária de cada órgão ou entidade da administração pública federal direta e indireta deverá apresentar, a cada seis meses, ao Comitê Interministerial da Inclusão Social de Catadores de Lixo um relatório com a avaliação do processo de separação dos resíduos recicláveis descartados, com a sua respectiva destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis (art. 5°, § 3° do Decreto nº 5.940/2006). Esse comitê é composto por 11 ministérios, pelo movimento nacional dos catadores, por alguns bancos e instituições, e tem a função precípua de identificar as necessidades da categoria, desenvolver e articular ações que promovam a emancipação social e financeira dos catadores, promovendo, desta forma, a inclusão social. Na cidade de Campina Grande, os Gestores Públicos Federais se articularam, através de fóruns, para dar cumprimento ao Decreto nº 5.940/06, o qual institui a Coleta Seletiva Solidária que trata do papel das Instituições Públicas Federais para a inclusão social dos catadores de materiais recicláveis. Este tema será discutido no próximo capítulo.. sólidos descartados na fonte geradora e sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis..

(24) 22. 3 AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS FEDERAIS QUE ADERIRAM AO DECRETO Nº 5.940/06 NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE Várias instituições públicas federais localizadas na cidade de Campina Grande, Paraíba, como a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (Embrapa), a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO), a Advocacia Geral da União (AGU), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), o Instituto Nacional do Semi-Árido (INSA/MCT), o Ministério Público Federal (MPF) e outras, promoveram fóruns dos Gestores Federais, visando pôr em prática o Decreto presidencial nº 5.940 de 25 de outubro de 2006, que regulamenta a Coleta Seletiva Solidária. O Fórum de Gestores Federais teve como finalidade proporcionar, entre os órgãos federais e a sociedade em geral, uma troca de experiências e informações com relação ao destino dado aos resíduos sólidos gerados e a implantação da Coleta Seletiva Solidária, contribuindo, assim, para a definição de um calendário de ações que possa favorecer um posicionamento atuante, por parte dos Gestores Federais, em relação à política de inclusão social dos catadores de materiais recicláveis proposta pelo Governo Federal. Teve também a preocupação de promover a reflexão e proteger a tomada de decisões no que diz respeito à construção de uma rede de agentes sociais comprometidos com as questões de responsabilidade sócio-ambiental. A motivação para o evento é discutir a obrigatoriedade dessas instituições públicas em relação ao tratamento dos resíduos e, mais do que isso, a possibilidade que elas têm de promover a educação ambiental. O 1° Fórum dos Gestores Federais em Campina Grande aconteceu em 04 de junho de 2009. Foi uma realização do INSS em parceria com a Embrapa e fez constar, na programação, o 1° Colóquio sobre Sustentabilidade e Destinação de Resíduos Sólidos. Contando com o apoio da Associação Nacional dos Servidores da Previdência Social, o Fórum reuniu os dirigentes de vários órgãos públicos com atuação em Campina Grande, que patrocinaram o evento. A iniciativa foi da Gerência Executiva do INSS, por meio do Programa de Responsabilidade Sócio-ambiental (RSA). A pauta foi direcionada a palestras, debates e trocas de experiências que contribuíram para a definição de um calendário de ações, planejadas pelos órgãos da administração federal, incluindo os bancos oficiais. Este calendário de ações tornou o fórum itinerante e deliberativo; o encontro também serviu de posicionamento quanto à implementação da política sócio-ambiental, agendada pelo governo.

(25) 23. federal por meio de legislação específica.24 Neste primeiro encontro dos Gestores Federais foi exibido o vídeo da A3P produzido pelo Ministério do Meio Ambiente. A Agenda Ambiental na Administração Pública é uma iniciativa de adesão e um convite ao engajamento individual e coletivo a partir do comprometimento pessoal de cada gestor com a política sócio-ambiental. A Embrapa Algodão, com sede em Campina Grande, sedia o segundo Fórum de Gestores Federais em Campina Grande. Esta edição do fórum tem como tema “Sustentabilidade, Destinação de Resíduos Sólidos” e “Saúde. e Segurança do Servidor. Público”. Esta instituição implantou como modelo o Sistema de Gerenciamento Ambiental, cuja implantação do processo de diminuição do impacto ambiental é meta qualitativa determinada pela Diretoria Executiva da Embrapa no Sistema de Avaliação de Unidades (SAU). Como ferramenta foi utilizada o Processo de Diagnóstico Rápido Participativo, que consta do levantamento das demandas e sugestões para melhoria ambiental e da gestão da empresa através da participação de todos os funcionários. Tal Diagnóstico tem como finalidade a sensibilização, por meio da consolidação de programa educativo e pela mudança de hábitos, como vista à conservação ambiental e ao consumo consciente, reduzindo assim o desperdício de recursos como papel, plástico, água e energia. Vale ressaltar que este Programa de Gestão Ambiental deu início ao cumprimento do Decreto nº 5.940/06 que designa a Coleta Seletiva Solidária e que a Embrapa Algodão pretende estender à comunidade local. A Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) realiza o III Fórum de Gestores Federais que, conjuntamente com a Embrapa Algodão, INSS e o Instituto Nacional do SemiÁrido, pretendem partilhar com os Órgãos Públicos Federais a adoção de políticas sócioambientais e de inclusão social em benefício da sociedade. Neste encontro foi exibido o curta metragem, “Ilha das Flores”, do diretor premiado Jorge Furtado, que mostra o desperdício causado pela classe média. Já o IV Fórum dos Gestores Federais de Campina Grande foi uma realização da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) em parceria com o INSS, Embrapa, UFCG, INSA e UEPB, e também contou com o apoio dos produtores rurais do cariri paraibano. Esta edição do fórum teve como tema “Integrar para Implantar as Comissões de Coleta Seletiva”. Neste encontro, foi exibido o vídeo “O nosso lixo de cada dia”, como também abriu-se espaço para um debate, entre os demais órgãos federais, intitulado 24. ASCON do INSS. INSS debate sustentabilidade ambiental em CG. Portal Correio, 30 mai. 2009. Disponível em: <http://www.portalcorreio.com.br/noticias/matLer.asp?newsId=84157>. Acesso em: 23 fev. 2011..

(26) 24. “Trocando Experiências”. O IFPB, campus Campina Grande, promoveu em 26 de novembro de 2009, o V Fórum dos Gestores Federais, que teve como programação o I Colóquio de Educação Ambiental Solidária. O Fórum reuniu vários dirigentes de órgãos públicos federais com atuação em Campina Grande, além das duas cooperativas de trabalhadores de materiais recicláveis. A preocupação do evento foi discutir a obrigatoriedade das instituições públicas em relação ao tratamento dos resíduos e, mais do que isso, a possibilidade que elas têm de promover a educação ambiental. O evento pautou-se no que preconiza o Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006: a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis. Nesse evento, fizeram parte da mesa de trabalhos, o Instituto Nacional do SemiÁrido/INSA, o Instituto Nacional de Seguridade Social/INSS e o Ministério Público Federal/MPF. Marcou também presença a professora Dra Maria de Fátima Ferreira de Araújo – Diretora do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UEPB, que também foi coordenadora geral do “I Congresso Paraibano de Gestão do Lixo” (ocorrido em Campina Grande, em setembro de 2009), e que há anos trabalha com questões sócio-ambientais. Encerrando este ciclo de eventos, foi promovido pelo Instituto Nacional do SemiÁrido (INSA) o sexto Fórum dos Gestores Federais, que foi coroado com a palestra “Ética e Meio Ambiente”, ministrada pela Dra. Kátia Vicentini25. Estiveram presentes representantes de órgãos e entidades da administração pública federal e outros que trabalham com a problemática do lixo. O Fórum dos Gestores Públicos Federais de Campina Grande é uma realidade que começou deste junho do ano de 2009 e teve suas apresentações com clareza e repercussão positivas na sociedade. A consolidação dos fóruns tem sido construída a cada dia, mas certamente ainda não representam de forma universal as demandas propostas pelo Decreto que são desafiadoras diante da dimensão do problema.. 25. Bióloga, Doutora em Ecologia pela Universidade de Brasília/DF..

(27) 25. 3.1 O Decreto nº 5.940/06 além do âmbito institucional Dando continuidade ao cumprimento do Decreto, representantes de instituições públicas federais e estaduais, preocupados em expandir a coleta seletiva solidária além dos limites dessas instituições, se reuniram com o poder público municipal a fim de traçarem estratégias que pudessem viabilizar melhores condições para os catadores de materiais recicláveis. E, de acordo com as informações fornecidas através de um relatório, registradas por membros da Comissão de Coleta Seletiva Solidária do INSS e INSA – Diana Reis de Oliveira e Rozilene Sousa, respectivamente –, no dia 03 de novembro de 2009, Gestores Federais e membros do grupo de trabalho da Coleta Seletiva Solidária, no âmbito dos Órgãos Públicos Federais, sediados na cidade de Campina Grande/PB, reuniram-se com o prefeito Veneziano Vital do Rego, nas dependências da Secretaria de Planejamento do Município de Campina Grande – SEPLAN, para discutirem os seguintes pontos: a criação de uma Secretaria Municipal de Meio Ambiente; a situação preocupante do “lixão do Mutirão”; a possibilidade de organização da Coleta Seletiva no município; a concepção de políticas públicas para catadores de materiais recicláveis na referida cidade, incluindo dentro destas perspectivas a doação de galpões e carro para as cooperativas de catadores. Estiveram presentes na referida reunião os seguintes representantes: do INSS, Francisco Roberto de Sousa Marques – Gerente Executivo, que apresentou um breve histórico sobre o Fórum dos Gestores Federais –, Eleumar Menezes Sarmento – Chefe da Seção de Saúde do Trabalhador –, Teresa Mayer Ventura da Nóbrega – Presidente da Comissão de Coleta Seletiva Solidária – e Diana Reis de Oliveira – membro da Comissão de Coleta Seletiva Solidária. Do INSA, Roberto Germano Costa – Diretor do Instituto Nacional do Semi-Árido –, falou da possibilidade de geração de renda a partir da implantação de uma política para os catadores de materiais recicláveis e de gestão do lixo, e Rozilene Sousa – membro da Comissão de Coleta Seletiva –, ressaltou que por força do Decreto nº 5.940/2006 os Órgãos Públicos Federais são obrigados a firmar termo de compromisso semestral com as cooperativas. Lembrou, ainda, que a falta de galpões para receber os produtos da coleta inviabilizará todo o trabalho interno dos Órgãos. Da UFCG, Luiza Eugênia da Mota Rocha Cirne – membro da Comissão de Coleta Seletiva Solidária –, mostrou o trabalho que a UFCG vem ampliando no que concerne à conscientização e implementação da Coleta Seletiva, por parte da sociedade, nas instituições, condomínios e residências da cidade de Campina Grande. Ofereceu à Prefeitura de Campina.

(28) 26. Grande um estudo de viabilidade econômica da implementação da Coleta Seletiva Solidária na cidade e ainda enfatizou a dura realidade dos catadores com relação aos galpões, que são alugados, para depósito dos resíduos, e que por falta do pagamento dos aluguéis estão prestes a serem despejados; deixou claro que se a Prefeitura conseguisse o terreno, a verba para construção dos galpões estaria garantida, através de projeto já aprovado pelo BNDES. Da UEPB, Maria de Fátima Ferreira de Araújo – membro da Comissão de Coleta Seletiva Solidária –, destacou a necessidade da gestão municipal atentar para efetivação de uma política de Coleta Seletiva Solidária na cidade e para as necessidades emergentes dos catadores. Lembrou ainda que antes de se construir galpões, faz-se necessário a Prefeitura doar recursos para o pagamento dos aluguéis dos mesmos, pois os catadores desempenham um importante papel na questão sócio-ambiental. Do IFPB, estiveram presentes Hermes de Oliveira Machado Filho – membro da Comissão de Coleta Seletiva Solidária – e Júlio César Ferreira Rolim – Assessor de Comunicação. Já o MPF foi representado por Eimar Araújo Júnior – Coordenador da Procuradoria da República no município de Campina Grande –, que sugeriu a implantação de pontos de coletas nas escolas municipais; da Embrapa Algodão, veio Maria Auxiliadora Lemos Barros – Chefe Administrativa –, e por fim, os representantes da CONAB, entre eles Marcos Antônio Freire Rangel – Diretor Regional –, que ressaltou que a CONAB poderia disponibilizar alimentos para as refeições dos catadores nas cooperativas através da aprovação de projetos, mas para que isso aconteça, é necessário a instalação de cozinhas nas sedes das cooperativas.26 Logo após o término das apresentações os participantes e também organizadores elaboraram um texto de reflexão sobre a temática ambiental: O avanço tecnológico alcançado pelos homens ao longo dos anos, expressado na confecção de bens de consumo produzidos pelos variados setores industriais tem facilitado a vida da população e, paradoxalmente, causando degradação ambiental. As profundas alterações na maneira de explorar os recursos naturais fomentam uma cultura estreitamente ligada à produção para o consumo em massa, buscando possibilidades inimagináveis de exploração da natureza para o conforto e elevação do padrão de vida do homem – acarretando problemas ambientais, como também sociais. Como resultado de toda a destruição da natureza convivemos hoje com relações de comportamento humano de abuso e degradação ambiental no cotidiano de nossas vidas, sendo preciso reverter essa situação com propostas interventivas e sensibilizadoras, voltadas para o avanço da consciência sobre os perigos da exploração do meio ambiente de forma indiscriminada, ampliando e divulgando uma 26. Relatório da Reunião com o Prefeito de Campina Grande/PB. Coleta Seletiva Solidária no Âmbito dos Órgãos Públicos sediados em Campina Grande. Registrado por: Diana Reis de Oliveira e Rozilene de Sousa. Membros da Comissão de Coleta Seletiva Solidária do INSS e INSA, respectivamente, em 03 de out. de 2009..

Referências

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