PONTOS
TRATADOS
PELO
AUCTOR
SECÇÃO CIRÚRGICA * 'Histologiadosrins esuasalterçõesmórbidasnaalbuminúria
enamoléstia de Brigbt(Dissertação*.
Hemorrhagias traumáticas (Proposições)
SECÇÃOMEDICA
Qualomelhortratamento dasfebres pernioio3as?(Proposições SECÇÃO ACCESSORIA
Comoreconhecer-se que houveabortoemumcaso 'medico-legal? (Proposições)
DE
AGRÍPPINO
RIBEIRO
PONTES
—
—
—
7l*
/
/
/az?
FACULDADE
DE
MEDICINA
DA
BAHIA
THE
SE
O
DOUTORAMENTO
AGRIPPINO
RIBEIRQJQHTES
NATURALDA PBOVIKCIA DKSERGIPE
Unetheseexcellente,outout marelioet sc suit,
N'estpas decestravauxq'ua caprlce produit;
IIfautdeterups,dessoins,etcepénibleouvrage Jamaisd'nn étudiantaefut 1*apprentissage
BAHIA
IMPRENSA
ECONÓMICA
22
—
BuadosAlgibcbes—
2r>FACULDADE
DE MEDICINA D
A BAHIA
DIRECTOR
OExm.Sr.Conselheiro Dr.ANTONIO JANUÁRIO DEFARIA
VICE-DIRECTOR
O Exm. Sr.Conselheiro Dr. VICENTE FERREIRA DEMAGALHÃES LENTES PROPRIETÁRIOS
OsIllms.Srs.Drs. IoAnno
1 Phvsicaemgeral, e
particularmente
Cons. Vicente Ferre'rade Magalhães.
j e
J
m
guag applicaçoesámedicina.FranciscoRodrigues daSilva Chimica minerale mineralogia.
Barão de Itapoau Anatomia doscnptiva.
2o Anno
Antonio de CerqueiraPinto Chimicaorgânica.
JeronymoSodréPereira Physiologia.
Antonio Marianno doBomfim Botânicae Zoologia.
Barão de Itapoan Repetição de Anatomia descripttva.
3o Anno
Cons.EliasfJoséPedrosa Anatomia geral ePathologka.
" Pathologiageral.
JerosymVsòdré'Pereira Continuação dePhysiologia.
4o Anno
DomingosCarlosdaSilva Pathologiaexterna.
Demétrio Cyriaco Tourinho Pathologiainterna. ,
d
1 Partos,moleshas de mulneies pe]aua
Cons. Mathias Moreira Sampaio....
J edememn0s
recem-nascidos.
5oAnno
Demétrio Cyriaco Tourinho Continuação de Pathologia interna-Lute AlvaresdosSantos Matéria medica eTherapeuUca
1 Anatomia topographica, Medicina
JoseAntonio deFreitas
J operatória e
Apparelhos.
6oAnno
Rozendo AprígioPereiraGuimarães.. Pharmacia.
Cons. Salustiano FerreiraSouto MedicinaLegal.
DomingosRodriguesSeixas Hygiene,
Jesé AffonsoParaizo deMoura Clinica externa,do3°e 4oanno.
Antonio Januário dc Faria Clinica interna,do6»e6»anno.
OPPOSITORES
Ignacio Jose daCunha \
PedroRibeirod'Araujo /
José Ignacio deBarros Pimentel .... >Secção accessoria.
VirgilioClímacoDamásio 1
JoséAlves de Mello ;
Augusto Goncalves Martins I
AntonioPacifico Pereira >Secçãocirúrgica.
AlexandreAffonsode Carvalho V
JoséPedro de SouzaBraga J
Claudemiro AugustodeMoraesjCaldas \
RamiroAffonsoMonteiro
j
EgasCarlosMonizd'Aragão >Secçãomedica.
ManoelJoaquimSaraiva....í \
JoséLuiz de Almeida Couto /
SECRETARIO
O Sr. Dr. CINCINNATO PINTO DA SILVA
OFFICIAL
DA
SECRETARIA OSr.Dr.THOMAZD'AQUINOGASPARAFaculdadena"o approvanemreprova asopiniõesemittidas nasthesssqueIhis53
SECÇÃO
CIRÚRGICA
HISTOLOGIA
DOS
RINS
E
SUAS
ALTEEAÇÕES
MÓRBIDAS
NA
ALBUMINÚRIA
E
NA
MOLÉSTIA
DE
BRIGHT
PRIMEIRA PARTE
ANATOMIA
HESCRIPTIVA
Vs kins sãoparencliymas não glandulares destinados a separar do sangue os princípios constituentes da ourina.
Estes órgãos ficam situados profundamente na região lombar do abdómen,
um
á direita, outro á esquerda, aos lados da columna vertebral e do musculo psoas, na altura das duas ultimas vértebras dorsaes e das duas primeiras lombares ; entre o peritoneo e omus-culo quadrado dos lombos. N'estaposição acham-se envolvidos por
uma
grande quantidade detecido cellular e adiposo.O
rim direito,em
consequência, provavelmente, dorecalcamentoque soffre do fígado, órgão muito volumoso, se acha
em
um
nivelum
pouco inferior ao do esquerdo.Apezar de fixamente mantidos no logar queoccupam, pelo tecido cellular queos envolve, peloperitoneo epelos vasos renaes, os rins apresentam algumas vezes anomalias deposição. Estas ou são
con-genitas, ou accidcntaes; sendoas primeirasmais frequentes. Assim,
tem-se algumas vezes visto os dous rins situados no
mesmo
nivel, oumesmo
o direitoum
pouco mais elevado que o esquerdo.Não
6muito raro encontrar-se
um
dos rins, ou ambos, occupando outrasregiões que não aquellas
em
quehabitualmente se acliam,como
afossa iliacainterna, ou
mesmo
a excavação da bacia.Quando
não são congénitas, as deslocações dos rins observam-sede preferencia sobre o rim direito e mais frequentemente nas
mu-lheres que
usam
de espartilhos muito apertados. Taes anomaliastêm
sua explicação na pressão que sobre o fígado exerce oesparti-lho, fazendo
com
que seja o rim expellido daexcavação ou espéciede loja que occupa na faceinferior daquelle órgão.
É
mais frequente encontrar-se os dousrinsreunidosem
um
só ecollocados transversalmente ou
em
direcçãoum
pouco obliqua, na parte anterior da columnavertebral, tendo o bordo concavo mais oumenos
exactamente voltadopara cima; ou entãoem uma
ououtra das regiões lombares, e até nacavidade pelviana.
Os
rins sãoem
numero
de dous, ordinariamente. Ha, entretanto, casosem
queum
só rimexiste,mas
sempre hypertrophiado,pare-cendo resultardafusão dos dous rins de
volume
normal,como
de-nota a existência simultânea de dous uretéres. N'estas condições
o rim occupa a suaposiçãonormal ou outra qualquer indeterminado;
ea sua hypertrophiaé
um
factoprovidencial, poistem
por fimcom-pensar a ausência do outro rim, ausência que de outro
modo
trariaao organismo perigosas consequências.
Não
são raros os casosem
que individuos apresentam trcs rins;então parece que dous delles, sempre menores que o terceiro, resul-taram dabisecção de
um
dos rins normaes, porque ordinariamenteoccupam
um
só emesmo
lado da columnavertebral.Alguns auctores faliam da ausência absoluta dos rins;
mas
oscasos citados
em
apoio de asserção destaordem
são destituidos do« elementos necessários para sua credibilidade, attendendo-se aque os rins são órgãos essenciaes ao funccionalismohumano,
quesem
elles nãopoderia trabalhar.Pouco susceptível de variações, o
volume
do rim é,em
media, pouco inferior ao do punho, eproporcionalmente mais considerávelno menino que no adulto, na mulher que no
homem,
nosindiví-duos
lymph
áticos do que naquelles que são dotados deum
tempe-ramento bilioso ou sanguíneo.Suas dimensões ordinárias são:
—
comprimento 10 a 12
centíme-tros, largura 5 aG centímetros, espessura3 a
4^
centímetros.O
rimesquerdo é ordinariamente maislongoemais espesso que o direito.
Cada
rimtem
de peso 64 a 128grammas,
segundo Cruveilhier; o anatomistainglezGray
* assigna-lhe4^a6
onças (135 a 180grammas)
nohomem
adulto, e 4 a 5 onças (120 a 165 gram-mas) na mulher.O
mesmo
auctor estabelece a proporção de 1:240 para o peso do rimem
relação ao de todo o corpo, e diz que o rimesquerdo é mais pesado que o direito cerca de duas drachmas ou oitavas (8 grammas).
A
suaforma, que é a deum
ovóide comprimido sobre suasduasfaces e chanfrado
em
seu bordo interno, é análoga, portanto, a deum
caroço de feijão.O
tecido do rim, ordinariamente compacto,porém
aomesmo
tempo
frágil, é deuma
cor vermelho-escura, quetem
sidocompa-rada á que apresenta a borra do vinho, ou, talvez mais
propria-mente, adalinhaça.
Porissoque são achatados, os rins apresentam duas faces:
uma
anterior, muito convexa e voltada
um
pouco para fóra, e outrapos-terior,
também
convexa,porém
não tanto quanto a primeira evol-tada para dentro: duas
extremidades
arredondadas, das quaes asuperior émais volumosa quea inferior; dous bordos,
um
externo, espesso,convexo, semi-elliptico, e outro interno dirigidoparadiante,apresentando
em
seu terço médiouma
chanfradura profunda,naqual se nota
um
sulco ou scisura (hilo do rim) de 30 a 36millime-tros de altura, limitado por douslábios, dos quaes o posterior é
or-dinariamente mais saliente.
Não
é raro encontrar-se o hilo dorim na suaface anterior, oumesmo
na posterior.A
face anterior do rim direito é cobertaem
seuterçomédiopelo cólon ascendente, algumas vezes pelo peritoneo somente, ficando o cólonpara dentro;em
seu terço superiorella corresponde á porção verticaldo duodeno edo fígado, que no seu lóbulodireito apresentauma
depressão (fossetarenal) parareceber o rim.Em
algunscasosem
que está recalcado parabaixo, o rim perdeas suasrelaçõescom
o diaphragma,.que o separa das duas outres ultimas costellas,
com
o musculo quadrado dos lombps, do qual se acha separado pela follia anterior da aponevrose do transverso abdominal, e
com
o psoas,que se achaentre ella ea columna vertebral.A
extremidade superior é mais oumenos
immediatamente abra-çadapelacapsulasupra-renal; ellainclina-se parao rachis, demodo
que os rins ficam mais approximaclos por suas extremidadessupe-riores, do que pelas inferiores.
As
vezes estabelece-seuma
espéciede ponte de tecido renal entre as duas extremidades superiores dos
dous rins, que assim ficam ligados,ficando o resultante
com
afor-ma
deuma
ferradura.No
rim direitoa extremidade superiorcorresponde ao bordosupe-rior da undécima costella; no rim esquerdo ao bordo inferior do
mesmo
osso.A
extremidade inferior, mais afastada da columna vertebral, avisinha-se da cristailiaca, de que é separada porum
pequeno es-paço.O
bordo interno é contíguo aomusculo grande psoas.O
bordo externo é dirigido para a parte posterior da cavidade abdominal.Cálices,
baeineta
e
uretéres
—
No
nivel da chanfradura profunda que apresenta obordo posterior dohilo renal, por detrazda artéria odasveias renaes, vê-se
uma
pequenabolsamembranosa,
exactamente infundibuliforme,um
pouco alargada de diante paratraz, equeestreita-se logo depois de suaorigempara continuar
com
um
canal longo, dirigido para baixo e para diante: a bolsa éNa
bacineta desembocam, fazendocom
ella continuidade, peque-nos canaes membranosos, cylindricos, deum
centímetro de altura, que poruma
de suasextremidades abraçamuma
ou muitas daspa-pillas da substancia tubulosa do rim, e pela outra despejam na
bacineta a ourina que recebem. Estes canaes, que se
acham
cerca-dos por
uma
quantidade considerável de gordura e pelas divisões da artéria e das veias renaes, são os cálices.O
seu numero,ordi-nariamente de 6 a 12 (ou de7 a13, segundo Gray), variaalgumas
vezes
como
o dos mamillos, emesmo
mais, pois que succede quedous ou mais mamillos visinhos se
abram
em
um
mesmo
cálice.Qualquer que seja, entretanto, o seu numero, os cálices se
reúnem
em
dous outres troncos volumosos ecurtos (infundibula)um
supe-rior,um
médio e outro inferior, os quaes, por sua vez,também
reunem-se para formara bacineta.O
ureter
éum
tubo cylindrico, de paredes esbranquiçadas,del-gadas epouco extensiveis: seu comprimento é de 2
%
a3 decíme-tros; sua grossuraécomparável á deuma
penna de ganso.Este canalédirigido obliquamente de cimapara baixo, e de fóra
para dentro, dabacineta até abexiga.
Ordinariamente
um
para cadarim, o uretéréalgumas vezesdú-plice. Isto succede, ou quando os dous rins se acliam reunidos
em
um
só, ou nos casosem
que, existindo os dous rins,um
delles édividido
em
duas porções distinctas, sendo que neste caso muitasvezes os dousuretéres do
mesmo
rim sereúnem
em
um
só no meio da extensão de seu trajecto, ou nasua parte superior, a algunscen-tímetros de sua origem, ou somente na porção vertical. Nestes
casos não existe bacineta propriamente dita, e os dous uretéres
podem
ser consideradoscomo
prolongamento de dous troncosou
cálices.Da
bacineta até a base do sacrum,o uretér costeia obordo anterior do musculo psoas; é coberto pelo peritoneo e,no
homem,
pelosvasos espermaticos, que ocruzam muito obliquamente, ou, na
in-terno.
Ao
nivel da base do sacrum os ureteres cruzam a artéria eveia iliacasprimitivas, e depois osvasos ilíacos externos.
Na
bacia o uretér é applicado sobre as partes posterior e lateraldesta cavidade ; e, coberto pelo peritoneo, cruza successivamente
a artéria umbilical, ou o cordão fibroso que a substitue, os vasos
ob-turadores, o canal deferente, no
homem,
a parte superior e lateralda vagina, na mulher.
Na
sua porção vesical ouretér corresponde ao collo do útero. Esta importante relação explica o facto de serem os cancros docollo uterino acompanhados de retenção de ourina.
A
superfície interna dos cálices, da bacineta e dos uretéres ébranca, lisa e apresenta rugas longitudinaes,que desapparecem pela distenção.
Não
existem válvulas,nem
na embocadura dabacineta no uretór,SEGUNDA PARTE
ESTRUCTURA
DOS
RINS
jTÃ^\esprovido de envolucro peritoneal, o rim está
como
queim-d^èf
merson'uma camada
espessa de tecido adiposo (capsulaadi-posa, athmosphera gordurosa do rim). Tiradaesta, encontra-se orim envolto
em
uma
membrana
semi-transparente, lisa, de naturezafi-brosa; pouco extensivel ebastante resistente ;
menos
espessa que ado baço emais do que a do fígado; unida por sua face externa ao
tecido adiposo, por meio de laminas fibrosas que o atravessam, e
adherente por sua face interna ao parenchyma renal, por meio de
um
grandenumero
de filamentos cellulo-fibrosos, teimes e muitofrágeis, e por algumas ramificações vasculares : é a túnica,jjropria
do rim, túnica albuginea.
No
nivel do hilo estamembrana
sepro-longa pelointerior dacavidade, cujas paredes forra, e reflecte-se
so-bre os vasos que penetram no órgão, aos quaes,
bem
como
ássub-divisões dos cauaes excretores, envia prolongamentos ténues muito
numerosos, fornecendo-llies assim
uma
espécie debainha.A
túnica proppria do rim é formada de tecido conjunctivo unido a algumas fibrastelasticas.Se, por meio de
um
corte parallelo ás suas faces, dividirmos o rim, veremos,examinando qualquer das superfícies de secção, que operenchyma deste órgão, compacto e friável, compõe-se de duas substancias de aspecto, côr e natureza diíferentes, a que se
tem
da-do-os
nomes
desubstancia corticale substanciamedullar ou striada.A
primeira, de apparenciagranulosa, molle, avermelhada, algumas vezesum
pouco amarellada, facilmente dilaceravel, occupa asuper-fície do rim, immediatamente abaixo da
membrana
d'envolucro;euvolvendo a segunda porção, forma
em
toda aperipheriadoórgãouma
camada
de quatro acinco millimetros de espessura, que envia prolongamentesem
forma de septos (columnas de Bertin) poren-tre porções cónicas de substancia medullar.
Na
sua superfície notam-se, disseminados, corpúsculosnumero-sos,
mui
diminutos, formandopontos vermelhos, que mais tarde ve-remos serem os corposde Malpighi.A
substancia medullar é deum
vermelho mais carregado que a precedente ; a superfície de sua secçãotem
o aspecto de striasfi-brosas, que, partindo da peripheriado rim, vão convergindo para o
hilo, formandogrupos de formapyramidal, cujos vértices terminam no
mesmo
hilo,convergindo por sua vez paraos vértices das outras pyramides. Estas pyramides,em
numero
de dez avinte (oito adez-oito, segundo Gray^) são conhecidas sob o
nome
depyramides ou conesde Malpighi. Elias são constituídas por tubosou canaesdiri-rigidos do vértice para a base, denominados canaliculos unniferos, tubos de Bellini ou tubospróprios do rim (tubuliuriniferi).
As
pyramides são envolvidasem
sua base e partes lateraes poruma
camada
de substancia cortical, ficando livres os vértices, que aífectam a forma de 7na?nillos oupapillas, e fazem saliência para a cavidade dos cálices, onde apresentam, cadaum,
uma
superfícieli-sa e regular, sobre a qual se conta quinze a vinte orifícios de cinco
décimos de millimetro de diâmetro, que recebem o
nome
de lacunaspapillares.
ori-ficios;
mas
quer nosparecer que ha nisto exagero notável e talvezcensurável.
Sendo variável o seunumero,
como
o é onumero
das pyramides,as papillas são tanto maisvolumosas,quanto
menos
numerosas.Al-gumas
vezesuma
grossa papilla apresentaem
sua superfícieum
sulco,indicando que elle resulta da fusão de duas ou tres papillas simples, particularidade esta que se nota de preferencia nas papil-las que
occupam
as extremidades do diâmetrovertical da scissura.Cada
pyramide de Malpighi,com
seu envolucro de substanciacortical,representa
um
lóbulorenal. Esteslóbulos sãoperfeitamen-te distinctos no féto
humano,
emesmo
até o terceiro anuo davidaextra-uterina *
, e conservam suaindependência no maior
numero
dos animaes. D'aqui se segue que o rim não
vem
aser mais do queo resultado daagglomeraçãode
uma
quantidademais oumenos
con-siderável de pequenos rins ou lóbulos, unidos entre si e envolvidos por
uma
membrana
commum
; idéa quediversos auctorestêm
con-venientemente desenvolvido.
Assim,para termos conhecimento daestructura dorim,basta-nos
fazer o estudo daestructura de
um
de seus lóbulos.Suppondo que os canaliculos ouriniferos ou tubos de Bellini,
co-mecem
nas lacunas papillares, vemo-los internarem-seem
linhas rectas edivergentes naespessurada substancia medullar, onde, de-pois deum
pequenotrajecto,dividem-seesubdividem-sedichotomi-camente e
em
ângulos agudos, para formar as pyramides de Mal-pighi.Chegados á substancia cortical, os tubos deBellini, que ahi
to-mam
onome
de tubos deFerrein, formam, por suareunião, as py-ramides de Ferrein, quetêm
truncadoo vértice,em
contactocom
a substanciamedullar.As
pyramides de Ferrein, portanto, nãovêm
a ser mais do que o prolongamento das pyramides de Malpighi na
*X.ao óraro ver-seadistincçftodos lóbulos persistirate aosnove ou dezannos, emesmo
durante a vidainteira.
Vê-se apparecer a disposiçãolobulada quando o rimé asede de moléstias, principalmente
—
10—
substànoiacortical. Elias são separadas entre sipor substancia cor-tical verdadeira.
Se, agora,
acompanharmos
os canaliculos ouriniferos desde oscorpúsculos de Malpighiaté. alacuna papillar, encontraremos a
di-sposição seguinte, descriptaminuciosamentepelos histologistasmais modernos: a principio o canaliculo é ílexuoso (canalcontornado);
depois envia
uma
voltaquedesce atéencontrar a substancia medul-lar,e sobedenovoá substancia cortical (canalem
aza,ouem
volta) ;allidobra-se de novo (canaldfunião ) para lançar-se nos canaes
rectos, que por sua reunião
formam
um
canalcommum
ou canalpa-pillar, aberto nalacuna papillar.
Quantoà sua estructura, cada tubo compõe-sede
uma
membrana
própria, transparente,elástica,completamente
homogénea
ehyalina,de
um
millesimo de millimetro de espessura, forrada interiormente porum
epithelio que variaconforme a porção do tubo que se estu•da,
mas
geralmente pavimentoso, e occupa quasi dous terços do diâ-metro domesmo
tubo, diâmetro que variade 1 a 6 centésimos de millimetro noadulto, podendo chegar até 1 ou 2 décimos de milli-metroao approximar-se dapapilla.Na
descripçãoquevamos
fazerdaestructura do lóbulorenal, con-sideraremosem
primeiro logar oscorpúsculos de Malpighi,em
se-guidaos canaes contornados ou canaes
em
aza, os canaes d'uuião, os canaes rectos, e, finalmente, os canaes excretorescommuns
;
n'este procedimento seguimos a opinião de
Bowmann,
que diz que« os canaliculos ouriniferos
começam
na>ubstanciacortical
como
ca-psulas
membranosas, pequenas e dilatadas : são as capsulas dos c<corpos de Malpighi».
Os
corpúsculos de Malpighi, situados na parte granulosa dasub-stancia renal, são constituídos por
uma
ampôla pequena, de 1 a 2millimetros de diâmetro,
chamada
capsula de Muller ou de Malpi-ghi, contendo ramúsculosvasculares, dispostosem
formade novello
ouglomerulo: estaampôlaé a terminação
em
fundo de sacco do ca-naliculo, na parteem
que elle écontornado.e apresenta
em
sua paredeuma
abertura por onde passam os vasosdo glomerulo.
Algumas
vezes,como
faz notar Gerlach, acapsu-lanão está na extremidade do tubo,
mas
sim ao lado, e então o tu-bo terminan'um
verdadeirodêdo de luva.Os
canaescontornados
forniam voltasmuito numerosas napar-te granulosa dasubstanciacortical. São separados do corpúsculo de Malpiglii por
um
estrangulamento; seu calibreé poucouniforme e variade 3 a 4 centésimos de millimetro. Esses canaes são forrados nteriormente porum
epithelio turvo, granuloso, decellulasmal
li-imttadasem
seus contornos.Chegados a certo ponto os canaes contornados, o seu calibre es-treitasseaté 1 centésimo de millimetro: ellestornam-serectos e
de-scem
atéa substanciamedullardaspyramides, d'ondevoltamásub-stanciacortical,alargando-se de novo,
mas sem
attingirem odiâme-troque tinham
em
principio, eformandoassimos canaesem aza
ou tubosde Henle.
O
epithelioqueforraasuperfícieinternadapareded'estes canaes éclaro na porção ascendente, c turvo e granulosona
porção descendente da aza.
Ao
chegar á substanciacortical, oramo
ascendente da azadobra-se de novo para formar os canaes
de
união, os quaes apresentamuma
grande irregularidade de diâmetro evão lançar-se,estreitando-se
um
pouco, no canalrecto.O
epitheliodos canaes d'união é claroetransparente.
Os
canaes rectos estão situados, para a substanciacortical, naspyramides de Ferrem. Esses canaes,
como
indica o seu nome, são mais oumenos
rectilineos; recebemcadaum,
muitos canaes d'união, e vão desembocar no canal excretorcommum.
Seu calibre, de 5centésimos demillimetro,
augmenta
até 1 ou2 décimos demillime-tro,perto dapapilla.
O
epithelioque os forra, claro etransparente,épolygonal á principioecylindrico ao approximar-se dapapilla.
Os
canaescommuns ou
canaes papillares, se abrem, cadaum
em uma
lacunapapillar. Ordinariamantemuitocurtos, ellestêm
um
diâmetro de 2 a3 décimos de millimetro. São constituidos por
uma
—
12—
rim, coberta
em
sua superfície interna porum
epitlielio claro ecy-lindrico.
Além
dos tubos que acabamos de descrever, edos vasose nervos dequevamos
tratar, encontra-se norintecido conjunctivointersti-cial, muito abundante na substanciamedullar e especialmente
per-to das papillas, e
em
pequena quantidade na substancia cortical,onde éperfeitamenteanálogo aotecido reticulado.
Vasos
e nervos.—
Os
rins recebem daaortauma
artéria (artéria renal) muitovolumosaem
relaçãoápequenezd'estesórgãos,e mui-to curta. Antes de chegar ao hilo ella se divideem
muitos ramos, ordinariamente tres ou quatro, que se collocam entre os ramosvenosos e abacineta. Aquellesramos fornecem ramificações aos
ór-gãos contidos nohilo e á
membrana
que forra esta cavidade, e sub-dividem-se, cadaum,
em
muitos ramúsculos, os quaespenetram no tecido do rim entre os cálices e as columnas de Bertin, ecami-nham
sem
se dividirnem
anastomosar entre si até o limite do córtex e da medulla, onde constituem arcadas e formam, por suas anastomoses,uma
rêde, cujas malhas quadriláteras circumscrevem as pyramides de Ferrem. Dessas arcadas partem ramos que vão terásubstanciacortical e á substancia medullar.
Na
substancia cortical nascem, daconvexidade das arcadas eem
distanciasregulares,ramos(ramosglomerulares) que fornecemde
es-paço aespaço, ramúsculos de 2 a 4 centésimos demillimetro, de
diâ-metroquesedestacam
em
angulorectoevão penetrar nos corpúsculosde Malpighi, constituindo os vasos afferentes dos glomerulos.
No
interior dacapsula de Malpighi o vaso afferente se divide
em
dous ou mais troncos, que, subdividindo-se por sua vez, raniificain-seindependentementeuns dos outros, descrevendo numerosas circum-voluções que envolvem
umas
ás outrassem
se anastomosarem, econstituem assim
uma
pequena granulação deum
decimo demilli-metro (glomcrulo renal oude Malpighi) contidanacapsula de Mal-pighi.
As
divisões do vaso afferente, depois de dobrarem-se sobre si—
13—
(vasoefferente)
menor
que o afferente, ao lado doqual sae doglo-merulo, depois deperforar a capsula
em
um
ponto diametralmenteopposto áquelle, onde faz continuidade
com
o canaliculo ourinifero.As
ramificações dos vazos afferentes e efferentes no interior dos corpúsculos de Malpighitêm
aestracturados vasos capillares; sua parede éampla
e semeiada de núcleos ellipticos, reunidos entre si poruma
substancia transparente, que muitas vezes mostra-se naperiplieria das arcadasvasculares.
Segundo algunsauctores, asuperfíciedoglomerulo vascularé
co-berta por
uma
camada
de epithelio distincto do epithelio pavimen-toso que forra a paredeinterna dacapsula de Malpighi; mas,se-gundo
outros, o epitheliodotubo ourinifero se reflecte sobreoglome-rulo,revestindo-o e o separando daluz do tvhuhum.
Alguns
dos vasos efferentes,em
vez de lançarem-se,como
os outros, na rede capillar cortical, vão fornecer arteriolasrectas nasubstancia medullar; arteriolas que
Bowmánn
e Kullikerconside-ram como
sendo a continuação dos vasos efferentes dos glomerulosvisinhos da substancia medullar, ao passo que Arnoldfal-os nascer
da concavidade das arcadas vasculares, qne por sua convexidade
fornecem as ramificações e aque são appensos os glomerulos.
Na
substanciamedullar,como
jâvimos, existem as arteriolasre-ctas, que, dividindo-se,
formam
a rede capillar das pyramides ; algumasformam
voltas, que descem atéperto dovértice dapapilla>podendo porisso serconfundidas
com
os tubosem
azade Henle.As
redes capillares das duas camadas do rimcommunicam
entresi,formando malhas polygonaes no resto do tecido renal.
As
veias dorim, cujo calibre é superior ao dasartériascorrespon-dentes,
provém
darêde capillar das duas camadas, e se lançamem
arcadas venosas análogas ás arcadas arteriaes, das quaes differem
poranastomosarem-se entre si. Veias rectas correspondemás arte-riolas rectas.
Da
rêdecapillarvenosa dasubstancia cortical partem ramostor-tuosos que convergem para
um
ponto, formando plexosestellifor-mes, conhecidos sob o
nome
de estreitas de Verrheyen, e vão se'
abrir
em
um
tronco venoso central, que penetra immediatamente na substancia cortical.Os
vasos hjmphaticos, numerosos,formam
uma
rededelargas ma-lhas,abaixo do envolucro fibroso; estes são os superficiaes: ospro-fundos, estudados por
Zawarkyn
eLudwig, são largos na parteglo-merular da substanciacortical e
mui
finos nas pyramidesde Ferreine na substancia medullar. Elles
saem
do rim pelo hilo e vãoteraos ganglios lombares visinhos.
Os
nervos,mui
numerosos,provém
do plexo renal.Sua
termina-nação não está aindabem
conhecida. Sabe-se apenas queem
seutrajecto apresentam pequenos ganglios microscópicos.
Cálices,
bacineta
e
uretéres
—
Cada
uma
destas partes doconductovector da ourinacompõe-sedetres túnicas: túnicaexterna,
fibrosa, formada de tecido conjunctivo, cujas fibras são
em
geral longitudinaes e de fibras.-elásticas, e que nabase das papillascon-tinua
com
a capsulafibrosa dorim;uma
camada
media,espessa, denatureza muscular,
mas
defibras davida orgauica,sem
disposição regular, segundo Sappey, e segundo outros auctores, dispostasem
duas subcamadas,
uma
circular, externa, constituindo aonivel dos mamillos,um
sphincter, euma
longitudinal, profunda,em
relaçãocom
aterceira camada; esta éuma
túnicamucosa, delgada, poucoadherente á
camada
subjacente, vascularisada, coberta de epitheliode todasas variedades,
com
excepção do de ciliosvibrateis.Conhecidaassim a contextura do rim,
podemos
com
alguma
se-gurança entrar no desenvolvimento da segunda parte do enunciado de nosso ponto.
i
TERCEIRA
PARTE
ALTERAÇÕES
DO RIM
NA ALBUMINÚRIA
E
NA
MOLÉSTIA
DE BRIGHT
conhecimento da existência de albumina na ourina é de
ori-gem
moderna, porque data do século ultimo.Nem
podiadeixarde serassim, desde que somentea analyse chi-micarigorosa,applicada ao estudo dos líquidos do organismo,parti-cularmente da ourina, é de recente data, e so ella pode permjttir reconhecer-se neste liquido
um
principio que os auctores antigos po-diam tersuspeitado,irias não descoberto nelleou nas outras.Ha
pouco mais decem
annos, Cotugno descobriu, ap^icando-sc aoexame
cliimico dos diversos liquidos da economia,um
principiocoagulavel na ourina.
E
como
o doente, cuja ourina serviu para o exame, era hydropico, Cotugno immediatamente assignaíoucomo
regra a presença da albuminanaourina dos hydropicos.
Depois de Cotugno, Cruisksbank analysando a ourina de
diabé-ticos, encontrou nella o principio coagulavel de Cotugno
—
aalbu-mina.
Os
achadosdessesdousobservadores,foram confirmadosmais—
16—
Depois ainda Blackhall, estudando a marclla, etiologia e anas tomia pathologica das hydropisias, acceitou
como
definitivamentefundadaadivisão dashydropisias
em
duas classes, conforme asou-rinas contêm, ou não, albumina.
Em
1827, Briglit, medico do Guy-hospital,em
Londres,in-troduziu no nuadro nosologico
uma
espécie nova, e que hojetem
oseu nome, caracterisada essencialmente pela presença da albumina
naourina, ligada a
uma
alteraçãogranulosa particular naestructu-ra ciorim, e causa única, segundo esse auctor, daalbuminúria.
Em
1829, Christisonassignalou a existência de albumina naou-rinadeindivíduosque soífriam de alterações do coração edofígado. Copland
em
1839, recusando admittir que só alesão orgânicadorim podesse explicar a albuminúria,e acreditando napreexistência
d'uma
alteração do sangue, insistiasobre a grande frequência da urinaalbumiuosanos meninos,em
consequência defebres eruptivase
sem
que houvesse alteração do tecido renal. Então a questão daalbuminúria, que até esse
tempo
estivera entregue aos médicos in-glezes,passou a sertratada naFrança.Estava
em
plenodomínio a doutrina de Broussais contra aespe-cificidade das entidades mórbidas, e não foimuito difficilver-se no
granulai kydney de Bright, as consequências de
um
trabalhoin-ílammatorio. Becouheceu-se então a existência de
uma
nephriteál-bum
inosa, e que a albuminúria pode corresponder áuma
simples flu-xão inílammatoria, ou,çdmo
se diz modernamente,áhyperemia re-nal,ou á acção deuma
causa irritante qualquer. Tratou-se de estu-dar melhor a anatomia pathologica dos estados mórbidos quepodem
apresentar ourinas albuminosas e ossymptomas
que osac-companham,
e de dar mais precisão aos factos até então colhidos, ejulgadoscom alguma
precipitação.Depois de Tissot, Sabatier, Monassot, Désir sustentou
em
suathese de 1835, que aalbuminúria apresenta-se
em
muitas moléstiasagudas ou chronicas dosrins, dos cálices, da bacineta e
em
todas as moléstiasqueproduzem
ahydropisia.Bouillaud mostrou e Forget confirmou depois, que a
albumi-nuria seapresenta
em
muitas moléstias agudas.Em
1839 Martin Sólon mostrou,com
a opinião de Graves e Gre-gory,queaalbuminúriapode existirsem
aminima
alteraçãodorim;equeafuncçãorenal pode ser modificada por
um
embaraçoda cir-culação nas moléstias cardiacas.No mesmo
tempo
sustentava Graves, queaalbuminúria deve ser distincta da moléstia de Brightequeéa causae nãoo eífeito daal-teração granulosadorim.
Ainda
namesma
epoclia, Addisonindicou a eclampsia albuminurica.Finalmente,
uma
nova era começou para o estudo das moléstiasdorim, e daalbuminúria,
com
apublicação,em
1840, daobra,hojeclássica, de Rayersobreas moléstias dorim. Este auctortratou
com
cuidadoda nephrite albuminosa na pericardite e na endocardite,na hypertropliia e nasoutras moléstias orgânicas'do coração, nas
mo-léstias dasveias, na bronchite,pneumonia, pleurisia,phthysicapul-monar, angina diphtheriça, moléstias do estômago, dos intestinos, dofígado, dobaço edapelle; nasyplrilis e nascrofulose, na scaria-tina e naprenhez.
Seguiram-se
uma
multidão de trabalhos de todo ogénero sobre a albuminúria, trabalhosquetêm
feito caminhara passos agigantadoso estudo das moléstias do rim e das alterações daourina,
concor-rendo igualmente paraos progressos dapathologia geral e especial.
Do
rápido esboço histórico que acabamos detraçar, vê-se que aalbuminúrianão pôde sermais considerada,
como
o foi antigamente,como
entidade mórbida distincta, de existência independente ;vê-se queella não é
mesmo
um
symptoma
especial a certo grupodemoléstias,
como
as alterações do rim; que, pelo contrario, éum
phenomeno
que se manifestaem
muitos estados mórbidos differen-tesem
sua essência, e que não pôde caracterisar anenhum
delles,sendo, comtudo,
symptoma
necessário, ou aomenos
esperado, dealguns.
—
18—
presença de albumina naourina, quando temos de estudareste facto
em
suas causas proxmias,vemos
que estaspodem
filiar-se a dousgrupos, cuja influencia nos explicará satisfatoriamente a
manifes-tação albuminurica.
Sea ourina éo resultado
d'uma
funcção, aexistênciade albumina neste liquido é o resultado deuma
perturbaçãofunccional, ea causadaperturbação não pôde deixar de residir
em
um
dos douselemen-tos que concorrem para a função, ou
em
ambos
aomesmo
tempo:o sangue, que fornece os materiaes para a secreção, e o órgão que
trabalha utilisando os materiaes do sangue.
Em
uma
palavra, o rim ouo sangue, ouambos
aomesmo
tempo, trazemem
simesmos
a causa efficiente daalbuminúria.Segundo Gubler, o excesso de albumina no sangue, hyper-albuminose oukyper-feucomatia, é acausa determinante da
albumi-núria, sendo causa próximacerta modificaçãofunccional do rim; a
primeira causa não
tem
acção, se nãoencontrano rimuma
modifi-cação nutritiva, que pôdeir desde a simples irritação até ainílam-mação
chronica; a super-actividade funccionalactúaalgumas vezes por si só.Alguns auctores,estudandoascondiçõespathogenicas da
albumi-núria, agrupam-n'as
em
cinco classes :1.a
—
Presença da albumina não assimilada ou não assimilável, que se acha,ouem
um
estado particular, ouem
excesso, no sangue.Todas as substancias albuminóides
em
circulação no sangue,pos-suem, seguudo Funke, a propriedade defiltrar-seatravez dos póros das paredes orgânicas.
2.°
—
A
excitação do rim porsubstanciasirritantes e diuréticas, terebenthina, álcool, copahiba, cantharidas, e os casos
em
que <>rim
tem
uma
super-actividade funccional prolongada,como
no friointensoe demorado.
3.»
—
Uma
hyperemia activa ou passiva do rim nas moléstias•
—
19—
haveralteração das qualidades do sangue por venenos orgânicos ou inorgânicos.
A
esta classepodem
ser filiados os casos de suppressão repentina de secreções ou excreções, da transpiração, etc.4n
.
O
augmento
de pressão do sangue sobre o rim,qual-quer quesejaa causa desse augmento, (moléstias orgânicas do co-ração e dofígado, phlebites renaes, gravidez, e aindao frio).
5."Finalmente,lesões orgânicas dorim (nephrites diversas, tubér-culos, cancros, hydatides, etc.
)
Jaccoud classificado
modo
seguinteas albuminurias, sobo ponto de vista pathogenico :Albuminúriapor modificação nas condições meclianicas da
circu-lação renal; albmninuria por alteraçãodo sangue,
com
ousem
lesão renal ; albuminúria por lesões renaes.Todavia o auctor citado considera
como
provisória adistinc-ção de albuminúria por alteração do sangue, ou
sem
lesãore-nal : porque o rim sendo solidário
com
os demais apparelbosde-puradores, na perturbação geral que
provém
das alterações do san-gue,não podehaveruma
alteraçãodestaordem
no liquido nutritivo,som
que o tecido própriodo rim venhaasoffrerem
suanutrição.Seja
como
fôr, admitte-se geralmentequea albuminúria passagei-ra pode ser devida unicamente áuma
perturbaçãoda circulaçãore-nal
sem
alteração destaviscera, ou podeser, e é ordinariamente, devida auma
lesãomaterial dorim.Quantoá albuminúria confirmada, persistente, ellanãopode exis-tir senão havendo
uma
alteração anatómica, somática, do tecidodorim.
Qualquer quesejasuaorigem,aalbuminúria não podeproduzir-se, não pode principalmente persistir, senão
em
certas condicções ana-tomo-pathologicas, sempre idênticas.Segundo
BecquereleVernois, sempre que nãohouver moléstia de Bright propriamente dita reconhecivelpor seus carcateres distinc-r tivos c a presença cie albumina noliquido ourinario não poder sequalquer queseja a circumstancia
em
queella seache desenvolvida,seja qual for a aífecçãoagudaou chronicaqueellacheguea
compli-car, deve sempre ser attribuida á infiltraçãogranulosa dascellulas epitheliaes de alguns tubos ; á destruição destas cellulas eá
trans-sudaçãodo soro do sangue através das paredes desorganizadas dos
canaliculos ouriniferos.
Para os referidos auctores,todasessas alterações são susceptíveis
de curar ;
mas podem
conduzir o tecido ^enala modificações maisgraves, que constituem o caracter anatómico damoléstia de Bright, propriamente dieta.
Frerichs, queécontado cA
mo
um
dos melhoresnephro-patholo-gistas modernoseque traçou
com
verdadeiramão
de mestre os ca-racteresanatomo-pathologicos da albuminúria, qualquer que seja a sua procedência ou causa remota, descreveáestamanifestaçãomór-bida tresperíodos ouestádios,sob oponto devistadas alterações do rim que
com
ellacoincidem.O
primeiro período é o da hyperemia oU cx.sudação incipiente.O
•rim apresenta-se túrgido, inchado, mollé, avermelhado,
principal-mente
na substanciacortical:com
osvasosrêffôreritanão de sansnié.Seuvolume epeso elevam-se ao duplo do norrmal;oenvolucro
pró-prio injectado, deixa-se arrancar facilmente da superfície que elle
cobre.
A
superfície de secção deixa marejarum
liquido viscoso, san-guinolento.Os
cálices e as bacinêtas, muito injectados, contémum
liquidovermelho,turvo, sanginolento.Esta hyperemiaestende-sea todos os elementos anatómicos do
rim
; os corpúsculos de Malpighi estãocongestos, empastados, fazendo saliênciana superfície de secção da
substanciacortical, soba formade pontos vermelhos.
Notãm-se
no parenchyma renal focos hemorrhagicas dispersossem
ordem
nas capsulas de Malpighi enos tubos ouriniferos.Nesteperíodo, que corresponde á «nephoritecroupab ou«molesti
a
de Brightaguda»deNiemeyer,
ha hyp
eremiaehyper-secreção,mas
não
ha
aindaalteraçãoorgânicadotecidodorim;e,tovavia,aalbumi" najácomeçaapassarpara aourina.Pouco
depois, ostubosourinife"roS,acomeçarpelasubstanciacortical, enchem-sedecylindros
trans-parentes, homogéneos, amorphos,
porém
moldadas sobre os tubose tendo presas algumas cellulas de epithelium, que
começam
adescamar-se mais ou
menos
completamente ; os cylindros sãocon-stituídos pela fibrinado sangue, que transudou através dasparedes
dos canaliculos.
A
albuminúria que se estabelece neste primeiro período, ainda temporária, pode, oudesapparecercom
aresolução danephrite, ou progredir, para alterarprofundamente o parenchyma renal, econ-stituir
uma
das formasdamoléstia de Briglit. Este primeiroperíodoé de todos o
menos
frequente.O
segundo período assignalado por Frerichs ás perturbações quepodem
produzir a albuminúria, é caracterizado pela exsndação inílammatoria e transformação dos exsudatos.A
fluxâotem
desapparecido; entretanto, continuacváeaté aofim a descamação do epithelio, assimcomo
a exsndação, que invade osglomerulos,ostubosouriniferos ea substanciacorticalintermediaria (columuas de Bertin).
Chegadas as cousas a este ponto, começa a
metam
orphose dos productos dainflammação: ascellulas epitheliaes tornam-segranu-losas; a fibrina que enche os tubos, altera-se; granulações
gorduro-sas apparecem; atrophiam-se alguns vasos,
em
quanto outrosaugmentam
decalibre; a fibrina intersticial soífre a degeneração gordurosa; torna-se granulosa, dispersosem
alguns pontos,appare-cem
ainda intactos alguns corpúsculos de Malpighi.Na
porção cortical, as cellulas epitheliaes dos tubulitornam-seglobulosas, e carregam-se degottas de gordura, queas obstruem.
Assim
cheios e distendidos, os tubos atrophiam-seem
alguns pontos e dilatam-seem
outros, ficandocomo
varicosos ou monili-formes; sua distencsão traz acompressãodos vasos, a difficuldade na circulaçãodo sangue, e,portanto, a anemia.E
particularmente acamada
cortical, aquellaonde mais frequen-temente, quasi exclusivamente, se localisa o processomórbido de22
descora-se particularmente no córtex e torna-se granuloso
—
é o« rim granuloso » de Bright.
No
terceiro período de Frerichs, período atrophico,a descamação estáterminada; resta apenasdoepithelioum
detrito acinzentado.Os
tubos ouriniferos estão atrophiados,achatados, enrugados;—
aatrophia estende-se aosglomerulos de Malpighi, cujos vasos
têm
sido alterados ou comprimidospelo exsudato.O
rim acha-se atrophiadoem
toda a sua extensão eem
todosos seus elementos, diminuiudo de peso e volume, e cheio de elevaçõesseparadas
umas
das outras por sulcos pouco profundos.De
molle, que era nos dons períodos anteriores, o rim torna-se duro,co-riaceo. Suasubstancia cortical
tem
desappareeido na maior parte.A
capsulafibrosaprópria do rim torna-se então muito adherente a substanckcortical, da qual éimpossível separa-la.As
capsulas de Malpighiestão vasias de sangue,cheias de gottas de gordura, substituindo os glomerulos.Desfarte Frerichs descreve graus difTerentes, períodos
successi-vos
d'uma
só emesma
alteração, onde outrosauctoresvêem
formas nosologicas distinctas.As
idéas do pathologista allemão são acceitas por todos o'sauctores seu3 compatriotas, pelos pathologistas inglezes, e na Françapor Becquerel e Vernois. Porem, as alterações descriptas
por Frerichs
como
próprias á albuminúriaem
geral, pertencemparticularmente a
um
estadomórbido dovim, caracterisado poruma
inílammação
bem
apreciável,de resultados anatómicosbem
visíveis,existência prolongada ou indefinida de albuminúria, e cujos dous
últimos períodos constituem a moléstia de Bright propriamente
dita, ou« moléstia de Bright chronica» deNiemeyer, ou «nephrite
parenchymatosa» do
mesmo
auctor.Além
destes estados pathologicos,em
que as lesões somáticasre-velam-se logo á simples inspecção desprevinida, outrosexistem nos
rins, que trazem comsigo aalbuminúria,
embora
estamanifestaçãoseja passageira, e cujo estudo foifeitopor Cornil
em
sua thesede 1864—
Este distincto pathologista estabeleceu duas formas dein-flanimação do rim dando
em
resultado a albuminúria passageira:
sãoa simples congestão renal e nephrite albuminosapassageira, ou
a « nephrite catarrhal » descripta por
Wirchow
e Rosenstein,Na
hyperemia do rim asuperíicic de secção deste órgão mostrabem
desenhadasem
linhas vermelhas as arteriolas e os papillares>e
em
pontos igualmente vermelhos os glomerulos de Malpighi.A
hyperemia pode ser arterial ou venosa. Comprehende- seque no ultimo casoa pressão sanguíneaintra-renal deve favorecer maisa passagem da albumina nos elementos da ourina.
Na
nephrite catarrhal, o rimcom
o volume normal, raras vezes apresenta-se congesto. Arrancando-se o seuenvolucropróprio, a suasuperfícieapresenta-selisa,decôrcinzenta alvadiae
com
as estreliasde Verheyen habitualmente congestas.
Cortada asubstanciacortical,mostra-se maisespessa,de côr
cin-zenta eopaca.
As
pyramides de Malpighi apresentamuma
côrver-melha
escura. Espremeudo-se a papilla, vê-se sair d'ellaum
liqui-do opaco esbranquiçaliqui-do, parecido
com
opus ;mas
que realmente, écomposto somente de cellulas epitheliaes mais ou
menos
alteradas esphericas, devolume duplo outriplo do normal, e contendo gra-nulações proteicas.Ao
lado destas cellulas soltas encontram-setambém
cylindros epitheliaes transparentes, ou granulosos.Além
da forma catarrhal que,como
jávimos, épassageira, e dastresformas da moléstia de Bright, das quaes a primeirapode ser
ou não passageira, e as duas ultimas são persistentes, a nephrite albumiuosa persistente pode revestir outras formas. D'entre ellas
distinguiremos, por mais notáveis, a nephritealbumiuosa
com
alte-raçãogranulosa das paredes dos vasos, e a nephrite albumiuosa
com
degeneração amylaceados vasos.Na
primeira, a lesãotem
sua séde especial nas paredes das arte-riolas, no plexo vascular dos glomerulos e nos capillares : óum
atheroma generalisado.
Nas
paredes dos capillares apparecem núcleos egranulações gordurosas, que por sua proliferaçãochegam
a obturaro calibre dos pequenos vasos : estes ás vezes desenham-se
em
uma
secção dorim, porlinhas rígidas, brancas, ouamarella-das, visíveis
mesmo
á olho desarmado.A
substanciamedullar apre-senta-se congesta.Na
nc])hrite albuminosacom
alteração amyloide dos vasos,al-teração melhor
chamada
lardacea ou csrosa, hauma
nephrite pa-renchymatosa, complicada deuma
alteração ])articular das paredesvasculares. Ella começa pelos glomerulos de Malpighi, que ficam entumecidos e maisrefringentes que no estado normal. Depois es-tende-se aos vasos dos glomerulos e aos capillares, cujo calibre se
estreita a ponto de não permittir a mais fina injecção, e que
tor-nam-se transparentes erefringentes, entumecidos por
uma
substan-ciade granulações finas.
Os
rins são, ora volumosos, desuperfícielisa, ora atrophiados, desuperfície mamillada e rugosa. Então as granulações
têm
o aspectolardaceo ou de cerabranca.
Em
qualquer dos casos, o órgãotoma
uma
côr amarella, tirando sobre o branco, torna-se duro, pesado, de consistência análoga á dotoucinho.Tratados por
uma
dissolução diluida d'iodo, os vasos coram-se a principio de azul claro, depois de pardo ; ajuntando-seuma
gottad'acido sulphurico,acôr carrega-se cada vez mais, ou adquire
mati-zes differentes,verde-escuro, azul, vermelho, violeta.
Só
em
casos raros se achará nas paredes dostubos ouriniferos ede seu epithelio a substancia lardacea. Pelas reacções que notou nesta substancia,
Wirchow
comparou-a aoamydon
vegetal ;mas
hoje está provado que ella não é mais do que
umo
substancia albuminóide.O
distinctopathologista Jaccoudfalla-nos ainda deuma
outraal-teração do tecido do rim
em
relaçãocom
a albuminúria e queparaelle é
uma
forma particular domal
de Bright : é a sclerose.Ordinariamente este estado resulta
d'uma
nephrite difFusa; é, portanto, secundário.Outras vezes, porém,
bem
que independented'uma
outralesão re-nal, asceloroseficacircumspcrita auma
porção de tecidoconjunctivointersticial ; eassim nãopodesercausa da albuminúria,
phenomeno
—
25—
particular dos canaliculos ouriniferos.
Não
ha, portanto,nestascle-rose primitiva, logar para a moléstia de Bright.
Finalmente, ao
em
vez de atropliiar-se, pode o tecidoconjunctivo hypertropkiar-se,aomesmo
tempo
quese sclerosa. Compreliende-seque nestes casos pertUrbe-se anutrição dos tubosrenaes e altere-se
o seuepithelio.
A
consequência inevitável é amanifestação daalbu-minúria,
com
todos os seus resultados.Quanto aos tubérculos, cancrose tumores hydaticos, que
podem
localisar-se norim, escusado nosparece dizerqueestesestados mór-bidos, não podendodeixar detrazeruma
alteração profunda note-cido que lhes ésede, não
podem
também
deixardesera a origem deSECÇÃO
DE
SCIENCIÀS
CIRÚRGICAS
HEMORRHAGIAS
TRAUMÁTICAS
PROPOSIÇÕES'
I
A
producção, porum
instrumento qualquer, deuma
solução de continuidadeem
um
ou mais vasos, dandologará saidadosangueforadelles, é oque constitueahemorrhagia traumática.
II
Aa
hemorrhagiastraumáticas são : arteriaes, venosas,capillares,ou parenchymatosas.
III
O
sangue que sae deuma
artériarotaévermelho, rutilante,e saeem
jorros isochronoscom
o pulsardo coração.IV
l
O
que sae deuma
veia é sangnej negro, e dejorro continuo.V
i^
A
pressão da parte peripherica dovaso faz parar ahemorrhagia—
28—
VI
Em
caso de respiração insufficiente, nas operações feitascom
imminencia de sufíbcação, durante o narcotismo chloroformico, o jorrodo sangue
em uma
hemorrhagiaarterial é quasi negro.VII
O
jorro dosangue étanto mais proporcional á solução deconti-nuidade dovaso, quanto mais calíbroso é este.
VIII
Nos
vasos de pequeno calibre, sendo estes,mais que os outros providos de fibras musculares, a contracção destas faz diminuirtambém
ojorrodo sangue. .IX
A
anemiasúbitaproduzidaporuma
hemorrhagia, pôde porsi só,fazerparar e coagular o sangue no ponto do vaso lesado; d'ahi a
indicaçãodaphlebotomia
em uma
hemorrhagia interna grave.X
A
gravidade deuma
hemorrhagiaestáem
relaçãocom
o calibre dovaso, suasituação, e a promptidão maior oumenor
com
que se% a trata.
XI
A
hemorrahagiadasveias queestãosob ainfluenciadarespiração,é gravíssima, podendo ainspiração fazer penetrar o ar nellas.
XII
Assim
é, diz Billroth, queuma
hemorragia da veiainnominada deve-se considerarcomo
absolutamente mortal.XIII
Na
hemophiliao mais ligeirotraumatismoé sufíiciente parade-terminar grandese graves hemorrhagia^.
XIV
As
hemorrhagias capillaresparam
por siem
tecidos sãos, com-primindo os orifícios abertosaretracção do tecidolesado.XV
As
hemorrhagias das arteriolas e vermlas no interior deum
órgão,nãohavendo, por
um
motivoqualquer, retracçãodesuasfibras,éo que constitue
uma
hemorrhagiaparenchymatosa; tal éaSECÇÃO
DE
SCIENCIÀS
MEDICAS
QUAL
O
MELHOR
TRATAMENTO
DAS
FEBRES
PERNICIOSAS
?PROPOSIÇÕES
I
As
febres perniciosas têm por causaomiasma
palustre.II
As
febresperniciosaspertencem principalmenteás regiões quentes.III
Tomam
ellas certas denominações,que são dependentes da predi-lecção que prestam á este ou áquelle órgão; assim, ha afebre per-niciosapleuritica, pneumónica,nephritica,etc.VI
Scientificamente fallando, ha differença sensível entre
uma
per-niciosaeuma
intermittentegrave.V
Differença-se principalmente
uma
perniciosa deuma
febregra-ve pela anormalidaded'aquella.
IV
f
—
32—
VII
São as preparações quinicas específicos das febres perniciosas.
VIII
Das
preparações quinicas o sulfatode quinino éamais usadaede que mais proveito setem
tirado.IX
O
valerianato de quinino é muitoaproveitável nos casosem
quea febre invade o systemanervoso e o excita.
X
Ha
casosem
que as preparações quinicas, nãopodendo seringe-ridas, ounão sendo supportadaspeloestômago, deverecorrer-se aos
clysteres, ou melhor ainda, aomethodo endermico.
XI
O
sulfatode quinina deve ser dado logo depois doparoxysmo eem
dose deuma
ou duas grammas.XII
O
eucalyptus globulus parece teruma
acção neutralisante do principio miasmatico.XIII
.
A
arborisação dasmargens dos pântanospelo eucalyptus globulusó excellente, já pela razão dada, jáporque obstamechanicamente ás correntes dosmiasmas.
SECÇÃO
DE
SCIEMAS
ACCESSORIAS
COMO
RECONHECER-SE
QUE
HOUVE
ABROTO
ME
UM
CASO
MEDICO-LEGAL
?PROPOSIÇÕES
I
Em
medicinalegaldenominamos
aborto a expulsãocrirninosa-eamenteprovocada do producto da concepção, qualquer que seja a
época dagestação. 1
I
II
O
perito áquem
incumbe declarar se houve, ou não, aborto,deve investigar se oaccidente foi ou não natural, equaesos meios empregados.
III
O
aborto podeser provocado por meios directos ou indirectos.De
todosellessão mais efficazes asmanobraspraticadas nos órgãosda geração.
IV
Todosos signaesde reconhecimento do abortosão fornecidos pela
mulher
epelo producto expellidodoútero.V
|
O
aborto provocado é mais facilmente reconhecidodepois do ter-ceiro mez, época de sua maiorfrequência.—
34—
VI
O
pent- te , obrigação de indagar se havia daparteda mulherou de a..,i
em
õi eresseem
provocar o aborto.VII
O
uso de purgativos e outras substancias reputadas vulgarmente abortivas,sem
prescripção medica, é indiciovehementede intensão criminosa de aborto.VIII
Para operfeito conhecimento do aborto criminos influem muito
as condicoões equaliôlades dos indivíduos suspeitosdocrime.
IX
Não
é criminoso o individuo que no exercício de sua profissãoprovocar o aborto nos casos
em
que elle è absolutamenteindispen-sável.
X
Mas
seprevalecendo-se dos casosem
queo aborto deve serprovo-cado, o profissional oprovocar
com
segunda intencção, não poderájustifica r-sede
um
crime.XI
Em
nenhum
caso iríerecedesculpa amulher quecom
ofim de en-cobrirum
erroprocuraabortar.XII
O
crime de aborto premeditado deduz-se mais das provasteste-munhaes
e da moralidade da accusada, do que dos dadesforneci-dos pelas investigações medico-legaes.
XIII
Nem
sempre oexame
dos órgãos da geração poderá induzir a julgar-se provocado o aborto, salvo a concurrencia de outras-—
35—
XIV
Se o medicolegista for
chamado
muitotempo depois deter havi-do oaborto, difficilmente poderájulga-lo criminoso, ou não.XV
As
penas infringidas ás pessoas quecommettem
o crime deaborto, ou que para elle concorrem, acham-se especificadas nos
arts. 199e 200 do códigopenal brazileiro.
XVI
A
nossa leié pouco severanapunição dosindivíduos queprovo-cam
o aborto.XVII
O
aborto criminoso pode ser praticadosem
consciência daHIPPOCRATIS
APHORISMI
i
Ubi somnus
deliriumsedat, bonum.Sect. I,Aphor. II
Cum
morbus
invigorefuerit, tunc vel tenuissimo victu uti, ne-eesse est.Sect.IV,Aphor.«T.
III
Infebribus, ex somnis pavores, aut convulsiones,
malum.
Sect.VI,Aphor.Tf.
IV
Quibus in urinaarenosa subsident, illis vesicâ calculo laborat. 8ect.V,Aphor. I».
V
Qui sanguinem
spumosum
exspuunt, his ex pulmone talis reje-ctiofit.Sect.V, Aphor.IS.
VI
Mulieri menstruis deficientibus, e naribus sanguinem fluere,