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DA FLORESTA PARA AS ÁGUAS DA BAÍA DE GUARATUBA: INOVAÇÕES NA EXTENSÃO DA UFPR PARA USO TURÍSTICO DE CANOAS CAIÇARAS

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Academic year: 2021

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DA FLORESTA PARA AS ÁGUAS DA BAÍA DE GUARATUBA: INOVAÇÕES NA EXTENSÃO DA UFPR PARA USO TURÍSTICO DE CANOAS CAIÇARAS

Trabalho Coordenador da atividade: Beatriz Leite Ferreira CABRAL 1

Universidade Federal do Paraná (UFPR) Autores: Beatriz Leite Ferreira CABRAL2; Marilia Hermes FLORES3.

Resumo

Desde o ano de 2015, diversas ações de extensão universitária promovidas pela Universidade Federal do Paraná propiciaram o fortalecimento do Turismo de Base Comunitária (TBC) em comunidades caiçaras do litoral Paranaense, sobretudo em Guaratuba, onde o Grupo Guarapés oferta roteiros e experiências turísticas aos visitantes. As ações foram realizadas através de um arranjo institucional que envolveu projetos de extensão da UFPR, órgão ambiental gestor do Parque Nacional Saint-Hilaire Lange, Grupo Guarapés e Associação Aguamar promoveram inovações relacionadas à extensão universitária. O objetivo da apresentação do vídeo disponível no canal do Youtube é demonstrar como as supracitadas ações extensionistas promovidas pela UFPR contribuíram para a inserção de uma tecnologia social na região e na formação dos estudantes extensionistas dos projetos desenvolvidos. Para tanto, foram consultados os relatórios técnicos das ações extensionistas realizadas, bem como analisado o impacto do vídeo publicado. Com isso espera-se contribuir para uma reflexão sobre a importância da ação universitária inovadora, para fortalecimento do turismo de base comunitária associado à promoção da cultura caiçara dos anfitriões. Também pretende-se que a compreensão integrada dos temas abordados possa impulsionar a organização de TBC analisada.

Palavra-chave: Grupo Guarapés de Turismo de Base Comunitária; Litoral do Paraná; Extensão Universitária na UFPR.

Introdução

“Os barcos e as canoas do Brasil estão entre os patrimônios culturais mais ameaçados de extinção e estima-se que somente durante o século XX desapareceram perto de uma centena de tipos de embarcações em todo o país” (VIEIRA, 2003: 3).

Construir embarcações com um único tronco de madeira é uma habilidade que marca a cultura caiçara, conforme explica Sr. Aroldo Cordeiro de Freitas, mestre canoeiro que reside nas intermediações da Baía de Guaratuba em município do mesmo nome.

1 Beatriz Leite Ferreira Cabral, Servidora Docente, Meio Ambiente e Desenvolvimento. 2 Beatriz Leite Ferreira Cabral, Servidora Docente, Meio Ambiente e Desenvolvimento. 3 Marilia Hermes Flores, Estudante, Tecnologia em Agroecologia.

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Segundo o Sr. Aroldo, no passado as comunidades da região utilizavam canoas como meio de mobilidade, para levar a produção da roça que seria vendida na centro da cidade de Guaratuba, para ir e vir do sítio ou da casa dos parentes, para participar das festas da região. Na atualidade, as canoas vêm sendo substituídas por barcos motorizados de alumínio ou fibra e, conforme explica Sr. Aroldo Cordeiro de Freitas, morador da comunidade de Cabaraquara- Guaratuba (PR) e um dos dois únicos habitantes da região que conhecem o processo de construção da canoa a diminuição número de praticantes do ofício também se deve ao fato de “as restrições ambientais que proíbem a retirada das madeiras de maior durabilidade faz com que muitos mestres não construam as embarcações por medo de retaliações”. Portanto, a fragilidade do uso e fabricação das canoas tradicionais coloca em risco a difusão e prática dos conhecimentos associados à fabricação de embarcações tradicionais, gerando perdas culturais lastimáveis.

Na Baía de Guaratuba, com o apoio das ações extensionistas desenvolvidas pela UFPR, foi promovido o uso turístico das canoas caiçaras pelo Grupo Guarapés, de modo a possibilitar o fortalecimento das atividades produtivas tradicionais e geração de renda para famílias que promovem “remadas” de canoa no estuário. A possibilidade de remar em canoas caiçaras na companhia de anfitriões nativos da Baía de Guaratuba constitui uma opção de vivenciar o Turismo de Base Comunitária (TBC) em território caiçara.

Vale atentar que esta modalidade de turismo é inovadora em um destino como Guaratuba, onde o turismo de sol e praia e a náutica estão consolidados. Ademais, o TBC possui peculiaridades que o tornam por si, uma forma diferente de interagir com as comunidades receptoras. Gómez et al. (2015), afirmam que o TBC é inovador para os turistas, na medida em que proporciona diferentes modos de convivência e de interação do cotidiano dos anfitriões; e também é inovador, na medida em que pressupõe modos de governança diferenciados, em que as organizações estão vinculadas à cultura local.

Um dos desafios para alavancar este tipo de turismo é alcançar o público adequado que venha a consumir os roteiros ofertados pelo Grupo Guarapés. Face a este desafio identificado entre as famílias que integram a organização comunitária e os estudantes extensionistas do projeto, diversas estratégias de comercialização e promoção turística foram definidas pela UFPR, entre elas a produção de vídeos para divulgação do TBC na Baía de Guaratuba.

O vídeo a ser apresentado evidencia um conjunto de ações extensionistas inovadoras com o objetivo de fomentar o Turismo de Base Comunitária na região. Ele vincula o resultado das ações do Projeto Mutirão UFPR, cujo proponente foi a

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UFPR e teve como órgão financiador o então Ministério da Cultura entre 2015 e 2019; o Projeto “Fortalecimento do empreendedorismo, inovação e gestão familiar do turismo na Baía de Guaratuba”, entre 2014 e 2018; e o Projeto Turismo de Base Comunitária como Tecnologia Social no Litoral do Paraná, iniciado em 2019 e com vigência até 2021.

Assim, o nosso objetivo é, com a apresentação do vídeo, demonstrar como as supracitadas ações extensionistas promovidas pela UFPR contribuíram para a inserção de uma tecnologia social na região e na formação dos estudantes e área de atuação do Grupo Guarapés.

Metodologia

O desenvolvimento das ações a serem apresentadas ocorreu no Estuário da Baía de Guaratuba onde atuam famílias de anfitriões do Grupo Guarapés, organização comunitária informal de Turismo de Base Comunitária, fundada em 2016. Essas famílias fazem parte do contexto descrito por Mellinger (2013) e Cabral (2015) em que desenvolveram no passado a agricultura de coivara, extrativismo vegetal e florestal e pesca e que atualmente tiveram suas dinâmicas alteradas, sendo o turismo de sol e praia e a náutica fenômenos que propiciaram inúmeras transformações sociais.

A metodologia adotada para realização das ações extensionistas a serem apresentadas segue a vertente sócio-crítica, na modalidade de pesquisa-ação, em que a produção do conhecimento sobre relações e condições humanas entrelaça-se ao compromisso dos pesquisadores com os sujeitos e, promovendo sua participação, busca-se a transformação da realidade (ou a inovação organizacional).

Os dados das ações extensionistas provém da pesquisa documental realizada por meio de análise dos relatórios técnicos associados às ações extensionistas apresentadas e os relatórios individuais emitidos pelos estudantes durante o período realizado. Ademais, serão analisados os dados vinculados à promoção do vídeo em canal do Youtube da Rede Anfitriões do Litoral, no Facebook dos Anfitriões do Litoral e facebook do Grupo Guarapés.

A pesquisa seguiu a seguinte etapa: identificação das ações que tiveram relação com a produção do vídeo, seja anterior ou posteriormente à publicação do mesmo; análise das relações entre as ações extensionistas e o caráter inovador das mesmas; e análise de como as ações influenciaram na formação dos mais de 20 estudantes extensionistas (bolsistas e voluntários) que participaram entre 2015 até maio de 2019; bem como os efeitos das ações extensionistas no contexto do turismo da Baía de Guaratuba.

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Desenvolvimento e processos avaliativos

Em 2015, as pesquisas realizadas pelo projeto em vigência na época, identificaram uma série de fatores culturais e ambientais que revelaram o potencial da região para o desenvolvimento do Turismo de Base Comunitária. Para viabilizar as ações do projeto, como a realização do Curso de Extensão Anfitriões da Baía de Guaratuba, em 2016, que visava a formação de pessoas das comunidades do entorno da Baía de Guaratuba para trabalhar com o TBC, o aporte financeiro do Projeto Mutirão UFPR (MINC/MEC) foi fundamental para viabilizar a itinerância entre 06 comunidades de Guaratuba, a estrutura e apoio logístico adequado para realização do curso de 120h, distribuídas em encontros semanais. Ao final do curso, foi constituído o Grupo Guarapés, que envolvia cerca de 10 anfitriões cuja faixa etária é de 30 a 65 anos, de famílias caiçaras das comunidades Porto de Passagem, Cabaraquara, Caieiras e Parati.

Conforme os encontros e diálogos ocorriam, identificou-se a inexistência de canoas caiçaras próprias para o uso turístico na baía de Guaratuba, e para tanto foi promovida a realização da Oficina de Confecção de Canoa de um Pau Só, promovidas pelo mestre canoeiro e que envolveu cerca de 50 moradores das comunidades da região. As oficinas foram entre agosto e outubro de 2017, nas cidades de Matinhos e Guaratuba, Paraná. Para utilização do tronco caído na mata a UFPR fez diálogos com o órgão ambiental ICMBio, gestor da unidade de conservação Parque Nacional Saint - Hilaire/Lange, mediante troca de ofícios em setembro e outubro de 2016, para que o mesmo concedesse autorização para uso da madeira. Conforme o relato de Sr. Aroldo, o mestre canoeiro, aquele momento de trabalho organizado por ele teve caráter histórico pois reuniu moradores da região que nunca haviam presenciado a feitura de uma canoa caiçara e trabalhavam avidamente mesmo sem remuneração em prol da atividade.

Observando-se o crescente interesse das comunidades em desenvolver o TBC, aliado ao anseio por receber mais turistas e divulgar o trabalho que vinha sendo construído, algumas estratégias de marketing para a promoção do TBC na região foram elaboradas no ano de 2017. Estas estratégias incluiram ações como a formatação de 03 roteiros turísticos que promovem o uso de canoas caiçaras; a realização do curso de extensão “Turismo na Rede!”, para qualificação na utilização das redes sociais com fins de promoção turística; e a elaboração do vídeo “Da Floresta Para as Águas da Baía de Guaratuba” com empresa contratada pelo Projeto Mutirão, para divulgação da canoa caiçara. Também foi realizado na comunidade do Cabaraquara o evento BIKE+CANOA em que houve a divulgação do

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novo atrativo de passeio turístico com canoa caiçara através da comercialização de pequenos passeios demonstrativos pela Baía a valores acessíveis.

Ao analisar os relatórios dos estudantes voluntários e bolsistas que participaram do projeto neste período em que foram desenvolvidas as ações extensionistas foi possível constatar que houve um impacto considerável na formação discente. Os estudantes alegaram que a participação nos projetos proporcionou a eles contato com realidades que não são acessadas em seus cursos e modos de vida. A participação dos docentes no projeto contribuiu para consolidar habilidades inerentes a um projeto de extensão, além de propiciar aos mesmos a ampliação da compreensão sobre o território do litoral do Paraná. A equipe, constituída por estudantes de diferentes áreas, também exige dos estudantes a capacidade de dialogar com perspectivas e saberes diferenciados do habitual. Outras questões imprescindíveis para este tipo de projeto estão associadas à conduta nas comunidades, gestão de pessoas, recursos e projeto.

O vídeo expressa o arranjo institucional que é resultado do diálogo e atuação conjunta entre organizações sociais como o Grupo Guarapés; Associação AGUAMAR dos maricultores de Guaratuba; ICMBio, responsável pela administração do Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange; PROEC-UFPR e UFPR-Setor Litoral; e a empresa contratada para confecção do vídeo pelo Projeto Mais Cultura da UFPR - Serafilmes.

Com o apoio do Projeto Mutirão UFPR (2015-2019), foi constituída na região a Rede Anfitriões do Litoral composta pelo Grupo Guarapés, constituído desde 2016, em Guaratuba; Grupo Guaraguatá, formado em 2018, em Guaraqueçaba; e Rede Caiçara, existente desde 2013 em Paranaguá. A existência de tais iniciativas foram recentemente reconhecidas em planos de desenvolvimento territorial, tal como o Plano de Desenvolvimento Sustentável do Litoral - PDS (2018).

O vídeo como instrumento de promoção turística associada ao marketing digital do Grupo Guarapés teve um alcance expressivo de público, totalizando 1,2 mil visualizações no facebook do Grupo Guarapés e 33 compartilhamentos; além do alcance de aproximadamente 500 pessoas no canal do youtube. Portanto, o vídeo representa não apenas um meio inovador de promover o resultado das ações universitárias, como ele em si promove o Turismo de Base Comunitária associado ao uso turístico de canoas caiçaras na Baía de Guaratuba.

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Considerações Finais

O vídeo e as ações extensionistas a ele associadas, descritas no presente artigo, retratam a atuação inovadora da UFPR por conta da expressiva valorização cultural que ocorreu desde a realização da oficina de canoa, até o uso para geração de renda das canoas construídas. Ademais, no mercado turístico o vídeo apresenta-se como uma ferramenta promocional inovadora e de forte alcance do público.

Os passeios de canoa caiçara possibilitam gerar três aspectos favoráveis para moradores e visitantes, pois evidenciam a importância do ecossistema da região através da interação com os anfitriões caiçaras; promove atrativos turísticos singulares que atendem à demanda dos viajantes, por produtos autênticos; e promove uma alternativa de renda associada ao Turismo de Base Comunitária (TBC).

Portanto, como resultado das ações extensionistas analisadas, evidencia-se, por meio dos projetos de extensão realizados, que apresentam indícios de possuírem ocorrências de inovação social, considerando-se, especialmente, a importância das ações para o desenvolvimento de uma modalidade de turismo inovadora na região; os propósitos das ações que foram o atendimento de demandas sociais referentes à qualificação para trabalhar como TBC e inserção no mercado dos roteiros associados ao uso turístico das canoas caiçaras; e os seus resultados, considerando-se a ampla divulgação da cultura caiçara, do TBC e inserção do Grupo Guarapés em novas redes de relacionamentos. Portanto, as estratégias inovadoras adotadas para desenvolvimento das ações extensionistas possibilitaram que a relação da extensão universitária contribui nos processos de inovação social associado ao Turismo de Base Comunitária na Baía de Guaratuba.

Referências

MALDONADO, S. C. Pescadores do mar. Série princípios. São Paulo: Ática, 1986 MELLINGER, L. L. Processos decisórios na gestão dos bens naturais comuns: participação democrática, hibridismos e invisibilidades. Tese de Doutorado. Curitiba: Universidade Federal do Paraná - UFPR, 2013. 201p.

MINAYO, Maria. C. S. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: MINAYO, Maria. C. S (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. p.09-29.

MELLO, 2008, p. 35 In: TARGINO, THIOLLENT, JEAN-MARIE. Metodologia para Projetos de Extensão: Apresentação e Discussão. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – São Carlos: Cubo Multimídia, 2008.

SANTOS, M. P. Extensão Universitária: Espaço de Aprendizagem Profissional e Suas Relações com o Ensino e a Pesquisa na Educação Superior. Extensio: Revista Eletrônica de Extensão, v. 11, n. 18, p. 33-50, 2014.

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