• Nenhum resultado encontrado

Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária"

Copied!
50
0
0

Texto

(1)

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

ORIENTADORA: PROF

a

. MSc. CRISTIANE BECK

SUPERVISOR: MED. VET. MSc. RICARDO PIMENTEL OLIVEIRA

Cristina Beatriz Manjabosco

Ijuí, RS, Brasil

2014

(2)

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Cristina Beatriz Manjabosco

Relatório do Estágio Curricular Supervisionado na área de Clínica

Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais apresentado ao curso de

Medicina Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado

do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para

obtenção do grau de

Médica Veterinária

Orientadora: Prof

a

. MSc. Cristiane Beck

Ijuí, RS, Brasil

2014

(3)

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do

Sul

Departamento de Estudos Agrários

Curso de Medicina Veterinária

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório do

Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO

elaborado por

Cristina Beatriz Manjabosco

como requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária

COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________ Cristiane Beck (Orientadora) _____________________________________ Cristiane Elise Teichmann (UNIJUÍ)

(4)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha “mulher maravilha” Tere Manjabosco, e ao meu “anjo super herói” Mário Manjabosco, razões da minha vida.

(5)

AGRADECIMENTOS

À Deus, por ter me dado à vida, e juntamente dela, o dom especial que é ser Médica Veterinária, tendo o privilégio de amar, respeitar e cuidar dos animais. E também por me carregar no colo nos momentos difíceis e depois me mostrar a trilha, dando coragem para eu andar.

À minha mãe Tere, por sempre abdicar dos seus sonhos para realizar os meus, pelo carinho, dedicação, apoio, por sempre acreditar em mim e na minha capacidade, e por me mostrar com exemplos de vida que a simplicidade e a força de vontade são capazes de mudar o mundo.

Ao meu pai Mário, que mesmo hoje estando em um plano diferente, sempre foi minha luz inspiradora, minha proteção, e que me deixou um legado de que a árvore morre, mas deixa dentro de seus frutos a semente da vida.

Aos meus irmãos, Ana Paula e João Artur, pela ajuda e incentivo constante, pela diversão, companheirismo, amizade e pelos exemplos de pessoas e profissionais que são.

Ao meu companheiro, amigo e namorado Guilherme, que muitas vezes foi o abraço que eu precisava, o carinho que faltava, o apoio necessário, e principalmente pelo seu amor e cumplicidade.

Aos “enxertos” da família, Ana Carolina e Leonardo, por completarem e somarem alegrias, sorrisos, conforto, conhecimentos e incentivos, além do nosso mais novo membro da família, meu sobrinho e afilhado João Artur Manjabosco Filho, que recentemente veio ao mundo preenchendo nossas vidas com muito amor e felicidade.

A minha orientadora Cristiane Beck, pela formação profissional que me transmitiu enquanto professora, médica veterinária, orientadora e amiga, pelos ensinamentos, auxílio e dedicação, durante estes cincos anos de graduação.

A todos os demais professores e funcionários da UNIJUI que fizeram parte da minha formação acadêmica, pelos incentivos, conhecimentos partilhados e por me transformarem em uma profissional.

À todas as minhas amigas e amigos pelo companheirismo, pelos momentos compartilhados, tardes de estudos, e pela amizade construída.

(6)

A todos que de uma forma ou de outra, me apoiaram e torceram pelo meu sucesso, o meu muito obrigada.

(7)

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

MEDICINA VETERINÁRIA

– ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E

CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

Autora: Cristina Beatriz Manjabosco

Orientadora: Cristiane Beck

Data e Local da Defesa: Ijuí, 05 de dezembro de 2014.

RESUMO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (HV-UPF), localizado na cidade de Passo Fundo, RS. O estágio teve supervisão interna do Médico Veterinário MSc. Ricardo Pimentel Oliveira e orientação da professora MSc. Cristiane Beck, durante o período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014, totalizando 150 horas. Durante a realização do estágio foram acompanhadas diversas atividades, como atendimentos clínicos e cirúrgicos, colheita de material para exames complementares, auxílio nas atividades realizadas no setor de internação, auxílio na contenção de animais para realização de ultrassonografia e raio-x. Estas atividades serão expressas em forma de tabelas, para melhor explanação. Posteriormente serão descritos e discutidos dois casos clínicos acompanhados durante a execução do estágio. O estágio apresenta-se como um dos momentos de maior importância dentro da formação acadêmica do médico veterinário, pelo fato de ser o momento onde os conhecimentos adquiridos durante os cinco anos de graduação, passam a ser aplicados na prática, tendo como resultado a ampliação dos conhecimentos e a associação da teoria com a prática.

(8)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Procedimentos ambulatoriais específicos realizados e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014. ... 15 Tabela 2 - Atendimentos clínicos classificados por sistema orgânico e doenças infectocontagiosas acompanhadas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014. ... 16 Tabela 3 - Diagnósticos estabelecidos das afecções envolvendo o sistema cardiovascular, respiratório, endócrino e doenças infectocontagiosas acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014. ... 16 Tabela 4 - Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema digestório acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014. ... 17 Tabela 5 - Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema musculoesquelético, nervoso e oftálmico acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014. ... 17 Tabela 6 - Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema reprodutivo e urinário acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014. ... 18

(9)

Tabela 7 - Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema tegumentar e anexos acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014. ... 18 Tabela 8 - Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014. ... 19 Tabela 9 - Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014. ... 19

(10)

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% = porcentagem

®

= marca registrada °C = graus Celsius

ADH = hormônio anti-diurético ALT = alanina aminotransferase AV = atrioventricular

BID = duas vezes ao dia bpm = batimentos por minuto

CAVD = cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito CMB = cardiomiopatia do boxer

CMD = cardiomiopatia dilatada DRC = doença renal crônica

ECA = enzima conversora de angiotensina ECG = eletrocardiografia

FA = fosfatase alcalina

FeLV = vírus da leucemia felina FIV = vírus da imunodeficiência felina H2 = histamina

HV-UPF = Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo ICC = insuficiência cardíaca congestiva

ICCD = insuficiência cardíaca congestiva direita ICCE = insuficiência cardíaca congestiva esquerda IRA = insuficiência renal aguda

IRC = insuficiência renal crônica Kg = quilograma

mg = miligramas

mg/dL = miligrama / decilitro mg/kg = miligrama / quilograma mpm = movimentos por minuto MSc = Mestre em ciência PTH = hormônio paratireoidano SID = uma vez ao dia

SRAA = sistema renina-angiotensina-aldosterona TGF = taxa de filtração glomerular

TGI = trato gastrointestinal TID = três vezes ao dia

TPC = tempo de perfusão capilar TUI = trato urinário inferior

(11)

LISTA DE ANEXOS

Anexo A – Hemograma do paciente com doença renal crônica... 41

Anexo B – Perfil bioquímico do paciente com doença renal crônica... 42

Anexo C – Hemograma do paciente com doença renal crônica ... 43

Anexo D – Perfil bioquímico do paciente com doença renal crônica... 44

Anexo E – Laudo de ultrassonografia do paciente com doença renal crônica... 45

Anexo F – Laudo de ultrassonografia do paciente com cardiomiopatia dilatada... 47

Anexo G – Laudo da radiografia do paciente com cardiomiopatia dilatada... 49

(12)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 13

1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 15

2. DISCUSSÃO ... 21

2.1 Doença renal crônica em um canino da raça daschund ... 21

2.2 Cardiomiopatia dilatada em um canino da raça boxer ... 29

CONCLUSÃO ... 37

REFERÊNCIAS ... 38

(13)

INTRODUÇÃO

A Medicina Veterinária vem crescendo potencialmente em função dos animais de estimação terem assumido o papel de membros familiares. Isso faz com que, Médicos Veterinários busquem sempre novas tecnologias, diagnósticos, tratamentos que resultarão em respeito e confiança para com os animais e consequentemente seus proprietários. O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária apresenta-se como um momento de vital importância na formação acadêmica do profissional, pois, é possível colocar em prática o aprendizado adquirido durante a graduação, além de que, o conhecimento passa a ser a peça chave dos atendimentos, da interpretação de exames, da realização do correto tratamento, e também, da conduta perante ao proprietário.

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (HV-UPF), no período de 19 de agosto de 2014 a 22 de setembro de 2014, somando um total de 150 horas, sob a supervisão interna do Médico Veterinário MSc. Ricardo Pimentel Oliveira e orientação da professora MSc. Cristiane Beck.

O referido hospital está localizado na rodovia BR-285, Km 171, bairro São José, da cidade de Passo Fundo, estado do Rio Grande do Sul. Trata-se de um hospital escola, além de ser uma instituição comunitária prestadora de serviços, que dispõe de atendimentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, 24 horas por dia. A rotina hospitalar é acompanhada por 28 médicos veterinários, além de, médicos veterinários residentes, técnicos de enfermagem, farmacêutica, auxiliares de farmácia e alunos estagiários.

A estrutura física do HV - UPF conta com uma secretária, responsável pelo cadastro dos pacientes e seus proprietários, uma sala de espera, quatro ambulatórios, sendo um deles exclusivo para atendimento de suspeitas de doenças infectocontagiosas, um didático onde são realizadas as aulas práticas de clínica de pequenos animais, e outros dois que estão disponíveis para atendimentos da rotina clínica do hospital veterinário. Além disso, o HV-UPF possui o setor de internação que é composto por uma sala de emergência, um centro de tratamento intensivo

(14)

(CTI) destinado a internação dos pacientes que necessitam de maiores cuidados, um gatil e quatro canis. Também é composto por um posto de enfermagem, um solário e um setor de isolamento onde são internados os pacientes com suspeita ou diagnóstico de doenças infectocontagiosas. Todo o setor de internamento e isolamento é assistido por uma equipe formada por médicos veterinários residentes, técnicos de enfermagem e alunos estagiários do curso de medicina veterinária.

A estrutura ainda soma um bloco cirúrgico, composto de três salas e uma farmácia interna, além de ter outra farmácia no setor externo ao bloco. Os serviços de diagnósticos do HV-UPF incluem um setor de diagnóstico por imagem, onde são realizados exames radiográficos e ultrassonográficos executados por técnicos em radiologia e interpretados e laudados por Médico Veterinário técnico. Os exames laboratoriais abrangem análises clínicas, virologia, parasitologia, bacteriologia, reprodução e patologia animal, sendo que em todos os setores a coordenação é realizada por médicos veterinários técnicos e laboratoristas.

Haja vista tamanha estrutura corporativa, médica e ambulatorial, optou-se em realizar o Estágio Curricular Supervisionado no Hospital Veterinário da Universidade Passo Fundo em razão de ser um hospital referência entre os hospitais veterinários no Rio Grande do Sul, e também pela vasta casuística e rotina que o mesmo compreende. A área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais foi escolhida tendo em vista a crescente evolução da Medicina Veterinária e o maior apego dos proprietários com seus animais de estimação, fazendo com que a profissão Médico Veterinário se torne cada vez mais necessária e valorizada.

O estágio desenvolvido objetivou ampliar os conhecimentos teóricos e práticos, complementando a formação acadêmica, além de, aprender aplicar a teoria na prática, tendo a oportunidade de discutir os diversos tipos de diagnósticos, tratamentos e também como proceder frente as diferentes situações que lhe foram demonstradas e apresentadas. Proporcionando então, o intercâmbio acadêmico pela troca de experiências entre os profissionais, princípio básico para o desenvolvimento de um profissional completo, ciente de suas responsabilidades e busca incessante pela melhoria e aprimoramento profissional contínuo.

(15)

1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As principais atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo compreenderam o acompanhamento de atendimentos clínicos e de cirurgias, coleta de material para exames complementares, auxílio nas atividades realizadas no setor de internação, auxílio na contenção de animais para realização de ultrassonografia e raios-x. Os atendimentos clínicos estão explanados a seguir em tabelas, divididos pelos sistemas orgânicos correspondentes, além de, demonstrarem os exames complementares e os procedimentos ambulatoriais acompanhados.

Tabela 1 - Procedimentos ambulatoriais específicos realizados e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014.

Procedimento Cães Gatos Total %

Abdominocentese 2 0 2 0,97 Acesso venoso 26 8 34 16,43 Coleta de sangue 69 12 81 39,13 Confecção de tala 6 0 6 2,90 Curativos 26 14 40 19,32 Drenagem torácica 0 1 1 0,48 Enema 3 1 4 1,93 Lavagem vesical 6 0 6 2,90

Limpeza de fixadores externos 3 0 3 1,45

Quimioterapia 2 0 2 0,97

Remoção de pontos cirúrgicos 5 3 8 3,86

Remoção de fixador externo 0 1 1 0,48

Sondagem uretral 11 4 15 7,25

Sutura bolsa de tabaco 1 0 1 0,48

Sutura de pele 2 0 2 0,97

Vermifugação 1 0 1 0,48

(16)

Tabela 2 - Atendimentos clínicos classificados por sistema orgânico e doenças infectocontagiosas acompanhadas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014.

Atendimento Cães Gatos Total %

Cardiovascular 8 0 8 8,25 Doenças infectocontagiosas 13 0 13 13,40 Digestório 13 1 14 14,43 Endócrino 2 0 2 2,06 Musculoesquelético 12 2 14 14,43 Neurológico 2 0 2 2,06 Oftálmico 2 0 2 2,06 Reprodutivo 15 2 17 17,53 Respiratório 1 0 1 1,03 Tegumentar e anexos 13 2 15 15,46 Urinário 4 5 9 9,28 Total 85 12 97 100

Tabela 3 - Diagnósticos estabelecidos das afecções envolvendo o sistema cardiovascular, respiratório, endócrino e doenças infectocontagiosas acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Cardiomiopatia dilatada 1 0 1 4,17

Cinomose 8 0 8 33,33

Colapso de traquéia 1 0 1 4,17

Hiperadrenocorticismo 2 0 2 8,33

Insuficiência cardíaca congestiva 7 0 7 29,17

Parvovirose 5 0 5 20,83

(17)

Tabela 4 - Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema digestório acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Corpo estranho gastrointestinal 2 0 2 14,29

Doença Periodontal 2 0 2 14,29

Fecaloma 2 1 3 21,43

Gastroenterite 2 0 2 14,29

Giardíase 1 0 1 7,14

Intoxicação por paracetamol 1 0 1 7,14

Prolapso de reto 1 0 1 7,14

Tumor oral 1 0 1 7,14

Úlceral oral 1 0 1 7,14

Total 13 1 14 100

Tabela 5 - Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema musculoesquelético, nervoso e oftálmico acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Artrose de cotovelo 1 0 1 5,56

Calcificação de disco intervertebral 1 0 1 5,56

Catarata 1 0 1 5,56

Displasia coxo femoral 2 0 2 11,11

Doença do disco intervertebral 1 0 1 5,56

Epilepsia 1 0 1 5,56 Espinha bífida 0 1 1 5,56 Fratura de cauda 0 1 1 5,56 Fratura de fêmur 2 0 2 11,11 Fratura de rádio/ulna 1 0 1 5,56 Hidrocefalia 1 0 1 5,56 Luxação de patela 2 0 2 11,11

Protrusão de disco intervertebral 1 0 1 5,56

Protrusão ocular 1 0 1 5,56

Traumatismo crânio encefálico 1 0 1 5,56

(18)

Tabela 6 - Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema reprodutivo e urinário acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Cálculo vesical 1 0 1 3,85

Cistite 1 3 4 15,38

Distocia 1 0 1 3,85

Doença do trato urinário inferior dos

felinos 0 1 1 3,85

Doença renal crônica 1 0 1 3,85

Gestação 2 1 3 11,54 Obstrução uretral 1 0 1 3,85 Pielonefrite 0 1 1 3,85 Piometra 2 1 3 11,54 Tumor de mama 9 0 9 34,62 Tumor uterino 1 0 1 3,85 Total 19 7 26 100

Tabela 7 - Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema tegumentar e anexos acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Abscesso por mordedura 0 1 1 6,67

Carcinoma de glândula apócrina 1 0 1 6,67 Dermatite alérgica a saliva da pulga 2 0 2 13,33

Ferida lacerada 3 1 4 26,67

Histiocitose cutânea 1 0 1 6,67

Laceração cutânea 1 0 1 6,67

Necrose de membro torácico 1 0 1 6,67

Otite 3 0 3 20,00

Piodermite bacteriana 1 0 1 6,67

(19)

Tabela 8 - Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014.

Procedimento Cães Gatos Total %

Amputação 2 0 2 7,14

Debridamento de ferida e enxerto de

cartilagem auricular 1 0 1 3,57

Enucleação 1 0 1 3,57

Exérese de neoplasma cutâneo palpebral 4 0 4 14,29

Exérese de nódulo cutâneo 1 0 1 3,57

Exérese de linfonodo submandibular 1 0 1 3,57

Faringostomia 1 0 1 3,57 Hemilaminectomia 1 0 1 3,57 Hemimandibulectomia 1 0 1 3,57 Mastectomia 2 0 2 7,14 Orquiectomia eletiva 3 0 3 10,71 Ovariosalpingohisterectomia eletiva 8 0 8 28,57 Osteossíntese de côndilo umeral 1 0 1 3,57

Osteossíntese de rádio e ulna 1 0 1 3,57

Total 28 0 28 100

Tabela 9 - Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, no período de 19 de agosto a 22 de setembro de 2014.

(continua)

Exame Cães Gatos Total %

Alanina aminotransferase 27 3 30 11,58

Albumina 20 2 22 8,49

Citologia aspirativa por agulha fina 4 0 4 1,54

Citologia de pele 1 0 1 0,39 Colesterol 1 0 1 0,39 Creatinina 22 2 24 9,27 Dosagem de cálcio 1 0 1 0,39 Dosagem de fósforo 1 0 1 0,39 Dosagem de potássio 2 0 2 0,77 Ecocardiograma 3 0 3 1,16 Fosfatase alcalina 7 0 7 2,70 Glicose 1 0 1 0,39

(20)

total

Hemograma 58 6 64 24,71

Parasitológico de pele 3 0 3 1,16

Radiografia 25 3 28 10,81

Snap test cinomose® 9 0 9 3,47

Snap test FIV/FELV® 0 2 2 0,77

Snap test parvovirose® 11 0 11 4,25

Triglicerídeos 1 0 1 0,39

Ureia 9 0 9 3,47

Ultrassonografia 17 4 21 8,11

Urinálise 5 1 6 2,32

(21)

2. DISCUSSÃO

2.1 Doença renal crônica em um canino da raça daschund

RESUMO

A doença renal crônica (DRC) consiste na presença de lesão renal persistente e irreversível, com perda da função excretora, secretora, e concentradora dos rins. Acomete principalmente cães idosos, não apresentando predisposição sexual. Os sinais clínicos vão depender da gravidade em que a doença se apresenta, porém, sabe-se que, os primeiros sintomas consistem em poliúria, polidipsia, vômitos, anorexia e apatia. O diagnóstico é baseado na anamnese, nos sinais clínicos, resultados da patologia clínica, urinálise, biópsias, radiografias e ultrassonografias. O tratamento consiste em amenizar os distúrbios responsáveis pela progressão da doença, aumentando consequentemente a expectativa de vida do paciente.

PALAVRAS-CHAVE: cão, falência, lesão, nefropatia.

INTRODUÇÃO

A doença renal é considerada uma patologia comum em cães e gatos, e a DRC é definida como uma falência renal que persiste por um período prolongado de tempo que pode ser de meses a anos, com ou sem alteração da filtração glomerular. Independente da causa primária, apresenta lesões estruturais renais irreversíveis causando uma série de alterações metabólicas. Tem-se um quadro de DRC, quando cerca de 75% dos néfrons de ambos os rins perdem sua capacidade funcional, tendo como consequência futura a incapacidade dos rins exercerem suas funções fisiológicas (POLZIN et al., 2004). Já Cambraia (2011), relata que atualmente o termo DRC é melhor definido como uma situação onde os exames de imagens, principalmente a ultrassonografia, revelam a presença de lesão renal com características crônicas irreversíveis, manifestadas pela má definição entre as regiões corticais e medulares e perda da relação entre as duas.

Segundo Forrester e Grant (2008), em animais mais velhos a incidência da patologia é maior, sendo que, a idade média varia de seis e meio a sete anos, podendo ocorrer em cães jovens. Os sinais clínicos vão depender da condição do

(22)

rim, ou seja, da gravidade em que a doença se apresenta (GRAUER, 2010). Segundo Nakasato et al. (2005), em fases iniciais de DRC os pacientes podem apresentar-se assintomáticos, sendo que a poliúria e a polidipsia compensatória estão entre as primeiras manifestações clínicas relatadas pelos proprietários.

Este trabalho tem como objetivo principal relatar um caso clínico de um canino, macho, da raça Daschund, de 15 anos de idade, diagnosticado com doença renal crônica acompanhado durante a realização do Estágio Supervisionado em Medicina Veterinária.

METODOLOGIA

Foi atendido, no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, um canino, da raça Daschund, de 15 anos de idade, pesando 7,9kg. A queixa principal do proprietário era hiporexia, vômitos e presença de tártaros. Na anamnese foi constatado que o animal apresentava polidipsia, poliúria, vômito, perda de peso, além de que, três dias antes o animal havia recebido um comprimido de paracetamol 500mg, em função de ter apresentado sangramento na gengiva decorrente da grande quantidade de tártaros.

No exame clínico foi constatado apatia, prostração, dor abdominal, temperatura retal de 38,6°C, frequência respiratória de 24mpm, frequência cardíaca de 110bpm, mucosas rosadas, e TPC de 2 segundos. O paciente foi submetido a realização de hemograma completo, perfil bioquímico e ultrassonografia. Após os resultados dos exames confirmou-se a DRC, e o paciente permaneceu internado, recebendo fluidoterapia com ringer lactato® 100ml/kg/h sob infusão contínua, buscopan composto® 10 mg/kg TID, enrofloxacina 5mg/kg BID, metoclopramida 0,5mg/kg TID, sucralfato 25mg/kg TID, ranitidina 2mg/kg SID até o mesmo voltar a se alimentar e beber água e então, após 5 dias de internação, recebeu alta. Um mês após o paciente retornou ao HV-UPF para reavaliação e realização de novos exames complementares, como o hemograma e o perfil bioquímico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os rins exercem diferentes funções no organismo animal, e estas são de extrema importância para a manutenção da homeostase, além de que, sua função é considerada vital (CREPALDI et al., 2011). Através da função excretora, os rins eliminam os produtos considerados indesejáveis do metabolismo, pela função

(23)

reguladora, são capazes de controlar o volume e a composição dos fluidos corporais, e com a função endócrina, produzem determinados hormônios como a eritropoietina, renina e prostaglandinas (CASTRO, 2005 apud AUGUSTO, 2009). O termo DRC, não deve ser confundido com IRC, pois a insuficiência é a evolução da doença renal, sendo diferenciada apenas pelo tempo de evolução das lesões, sua severidade, e principalmente, a quantidade de parênquima renal afetado (CAMBRAIA, 2011).

A fisiopatologia da DRC consiste em perda de néfrons e diminuição TFG, que por sua vez, resulta em aumento das concentrações plasmáticas de substâncias que são normalmente eliminadas do organismo pela excreção renal, como aminoácidos, creatinina, glucagon, hormônio do crescimento, PTH, renina, uréia, entre outros. Essas substâncias em quantidade aumentada, são capazes de causar diversos sintomas, conhecidos como síndrome urêmica, que se caracteriza por desequilíbrio no metabolismo de sódio e água, anemia, distúrbios neurológicos, distúrbios do TGI, osteodistrofia, disfunção imunológica e alterações metabólicas (GRAUER, 2010).

A etiologia da DRC pode ser congênita, familiar ou adquirida. Nos casos de DRC congênitas ou familiares, deve-se levar em conta a raça, o histórico familiar, a idade de surgimento da afecção, ou através de achados radiográficos e ultrassonográficos. Já a doença renal adquirida pode resultar em função de qualquer alteração, sejam elas, lesões glomerulares, tubulares, intersticiais e ou da vasculatura renal, que desencadeie uma lesão irreversível em qualquer estrutura dos néfrons (POLZIN et al., 2004). A grande maioria das doenças glomerulares é causada pela deposição de imunocomplexos na parede dos glomérulos, provocando a perda de macromoléculas e diminuição da TFG, resultando em azotemia e DRC (CAMBRAIA, 2011).

Polzin et al. (2004), relatam que o início e o espectro dos eventos clínicos em pacientes com DRC, podem variar de acordo com a natureza, a gravidade, duração, taxa de progressão, presença de outra patologia não relacionada, idade, espécie e administração concomitante de medicamentos. No presente relato o paciente já apresentava alguns dos sinais clínicos condizentes com DRC, além das alterações nos exames laboratoriais, nos comprovando que a enfermidade por ele apresentada, é crônica em estágio avançado pelo fato dessas alterações estarem aumentando gradativamente. O paciente também apresentou-se apático, prostrado e com intensa dor a palpação abdominal, o que segundo Silva et al. (2011), ocorre em casos de

(24)

DRC avançada, pois pode ocorrer disfunção do sistema nervoso, causando sinais de apatia, sonolência, tremores, convulsões e até o coma, decorrentes da uremia ou secundários ao hiperparatireoidismo.

A presença da poliúria e da polidipsia compensatória estão entre as primeiras manifestações clínicas da DRC relatadas pelos proprietários de cães (POLZIN et al., 2004). O paciente em estudo, estava apresentando poliúria e polidipsia, que segundo Polzin et al. (2004), são sinais provocados pela incapacidade do rim em concentrar a urina, em decorrência de vários fatores, incluindo sobrecarga de solutos por néfrons sobreviventes, alteração da arquitetura medular, comprometimento da resposta ao ADH, e a polidipsia é compensatória a poliúria.

O paciente em estudo neste relato, também apresentou vômitos, hiporexia e perda de peso que segundo Polzin et al. (2004), pode ser explicado pelo fato de que as alterações gastrointestinais são muito frequentes em pacientes com síndrome urêmica. O apetite do paciente pode ser seletivo a certos tipos de alimentos, e a perda de peso é consequência dessa seletividade, além de que, pode ser decorrente da ingestão calórica inadequada, dos efeitos catabólicos da uremia, e da má absorção intestinal de baixa intensidade, característica da gastrenterite urêmica. Os rins são responsáveis por metabolizar 40% da gastrina circulante, esta por sua vez, induz a produção da secreção de ácido gástrico. Quando se tem perda da função renal, pode haver uma hipergastrinemia, tornando o TGI um ambiente muito ácido, favorecendo o aparecimento de gastrite e úlceras orais, consequentemente náuseas e vômitos (POLZIN et al., 2004).

No presente relato, o paciente havia recebido a três dias um comprimido de paracetamol, com o intuito de amenizar a apatia e aliviar os sinais de desconforto e de dor causada pelo sangramento gengival secundário a grande quantidade de tártaros presentes na cavidade oral do animal. Segundo Riboldi (2010), cães são sensíveis ao paracetamol, pela capacidade limitada de conjugação dos mesmos, sendo que a dose letalpara a espécie é de 150mg/kg a 600mg/kg. O mesmo autor ainda relata, que esse anti-inflamatório causa êmese, dor abdominal e gastrite. Fatores estes, que em conjunto com a DRC apresentada pelo paciente em estudo agravaram os sinais clínicos piorando o estado geral do animal.

O diagnóstico da DRC segundo Polzin et al. (2004), é embasado na anamnese, nos sinais clínicos compatíveis, nos achados do exame físico, resultados da patologia clínica, urinálise e, ainda, pela presença de lesões estruturais nos rins,

(25)

observadas por biópsias, radiografias e ultrassonografias. Sendo que, os achados laboratoriais mais comuns consistem em aumento das concentrações séricas de uréia e creatinina, hiperfosfatemia, alterações eletrolíticas, acidose metabólica, hipoalbuminemia, anemia não regenerativa e aumento sérico de amilase e lipase. A urinálise, segundo Forrester e Grant (2008), fornece dados relativamente importantes para o diagnóstico da DRC, sendo a alteração na densidade urinária e proteinúria os achados mais comuns. A densidade urinária apresenta-se baixa devido a incapacidade de concentração urinária e consequente isostenúria. Já a proteinúria é considerada como um dos principais indicadores de lesão e disfunção glomerular, e está associada a diferentes causas de lesão renal, como por exemplo a hipertensão arterial, glomerulonefrite, inflamação ou infecção do TUI.

No presente relato, o resultado do eritrograma demonstrou-se normal, não apresentando alterações significativas. Já o leucograma, apresentou leucocitose associado a neutrofilia. Segundo Fettman e Rebar (2007), estas alterações ocorrem em função da necrose tecidual e severa inflamação que o rim apresenta. Porém, Forrester e Grant (2008), nos afirmam que o achado mais comum no hemograma é a presença de anemia não regenerativa, que segundo Grauer (2010), resulta da queda na produção da eritropoietina, redução do tempo de vida das hemácias, perda sanguínea pelo TGI e dos efeitos das toxinas urêmicas sobre a eritropoiese. O resultado do perfil bioquímico, demonstrou aumento na uréia e na creatinina, o que segundo Castro, (2005 apud Augusto, 2009), é o principal achado laboratorial em animais portadores da DRC. A uréia e a creatinina apresentam-se aumentadas em razão da perda de néfrons e consequente diminuição da TGF (FETTMAN; REBAR, 2007). A ultrassonografia revelou que ambos os rins apresentavam o limite córtico-medular irregular, o que é sugestivo de injúria renal aguda. Confirmando assim, a suspeita de lesão renal. Segundo Grauer (2010), geralmente o exame ultrassonográfico revela o córtex renal hiperecóico com perda do limite córtico-medular, devido a substituição de néfrons lesionados por tecido fibroso cicatricial.

Após 35 dias o paciente retornou ao HV-UPF, sendo submetido novamente a realização de hemograma completo e perfil bioquímico, sendo que, os exames já demonstraram uma melhora significativa. O hemograma não demonstrou alterações, tanto na série branca quanto na série vermelha. O perfil bioquímico apesar de apresentar alteração na uréia e creatinina, diminuíram, podendo constatar que o

(26)

tratamento realizado demonstrou-se eficaz, pois o paciente já estava se alimentando melhor, não estava mais apático e prostrado.

Grauer (2010), afirma que apesar da DRC ser irreversível, é possível amenizar a gravidade das manifestações clínicas e prolongar a vida do animal, sendo assim, o tratamento objetiva amenizar os distúrbios responsáveis pela progressão da doença, baseando-se em minimizar sinais como vômitos, anorexia, anemia, hiperparatireoidismo secundário renal, hipertensão arterial, acidose metabólica, infecções urinárias, entre outros. Também, é de extrema importância tentar combater as possíveis causas que eventualmente forem identificadas (CASTRO, 2005 apud AUGUSTO, 2009).

O tratamento indicado no presente relato, mostrou-se eficaz, pois os níveis séricos de uréia e creatinina diminuíram, além da melhora do estado geral após a realização do tratamento. A fluidoterapia é a alternativa mais importante durante o tratamento da DRC, pois ela vai corrigir os distúrbios eletrolíticos, estimula a diurese e principalmente reduz a azotemia, sendo que o mesmo só poderá ser interrompido quando o animal voltar a se alimentar, beber água e os vômitos estiverem controlados (BELONE, 2008). O antiemético metoclopramida é o fármaco de escolha para minimizar a ação das toxinas urêmicas que estimulam o centro do vômito. A hipergastrinemia poderá ser interrompida pela administração de antagonistas dos receptores de H2, como a ranitidina. O uso do sucralfato é uma medida adicional e

eficaz, pois cria uma barreira protetora sobre a superfície da mucosa gástrica (POLZIN et al., 2004). A antibioticoterapia, segundo Grauer (2010), deve ser extremamente cuidadosa, pois cães com DRC estão mais propensos a infecções em consequência da imunidade baixa. Além disso, deve-se evitar antibióticos nefrotóxicos, pois os mesmos vão ter acúmulo na circulação sanguínea. O buscopan composto® foi administrado no intuito, de amenizar a dor, pois ele atua como um potente analgésico. Além disso, foi recomendado o uso de ração renal, pois segundo Forrester e Grant (2008), a dieta para cães com DRC, consiste na moderada restrição de proteína, fósforo e sódio, no intuito de prevenir e reduzir sinais e consequências da uremia.

A DRC pode acarretar diversas complicações dentre elas alterações metabólicas, como a acidose, hiperfosfatemia, hipocalemia, proteinúria, além de causarem hipertensão arterial, anemia, hiperparatireoidismo. A acidose metabólica é uma anormalidade frequente em casos de DRC, e ocorre em razão da incapacidade

(27)

do rim em manter a regulação de equilíbrio ácido básico (FORRESTER; GRANT, 2008). A hipertensão arterial, também é um achado frequente em casos de DRC, pois ocorre diminuição da excreção renal de sódio e também há falhas no SRAA, pois os rins são responsáveis pela produção da renina (GRAUER, 2010).

O prognóstico de pacientes que apresentam DRC é de reservado a mau. E embora esta patologia seja incurável, é possível que o animal conviva com a doença por um determinado período de tempo, variando de meses a anos. Porém para isso ocorrer, é de extrema importância, o diagnóstico precoce, o início mais rápido possível da realização do tratamento, além da conscientização dos proprietários de que o tratamento deve ser acompanhado diariamente, e que o mesmo se prolonga pelo resto da vida do animal (POLZIN et al., 2004).

Com a revisão da literatura, pode-se constatar que somente com os achados da patologia clínica e da ultrassonografia encontrados neste caso não ocorre a diferenciação exata entre DRC e IRA, pois um dos exames considerado importante para auxiliar nessa diferenciação, é a urinálise, que não foi solicitada neste caso. Ao comparar os sinais clínicos, os achados hematológicos e ultrassonográficos apresentados pelo paciente em estudo, com a literatura e o diagnóstico da DRC alguns resultados não entram em acordo.Portanto apesar do paciente ser um animal idoso, fator considerado pré disponente a DRC, o mesmo apresentou os sinais mais condizentes com um caso de IRA, podendo ser o diagnóstico definitivo.

CONCLUSÃO

A DRC é uma doença de caráter progressivo, com comprometimento da excreção renal de substâncias consideradas tóxicas para o organismo, causando o acúmulo gradativo destes componentes na corrente circulatória, tendo como consequência complicações secundárias que podem levar o paciente ao óbito. O diagnóstico precoce é de extrema importância, pois impede a progressão rápida da doença além de permitir o acompanhamento e a realização do tratamento para melhorar a qualidade de vida do animal.

REFERÊNCIAS

AUGUSTO, A. N. S. Doença Renal Crônica em cães. 2009. 59f. Monografia. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, São Paulo, 2009.

(28)

Disponível em: <http://arquivo.fmu.br/prodisc/medvet/ansa.pdf>. Acesso em: 23 out. 2014.

BELONE, S. N. E. Terapêutica do Sistema Renal. In: ANDRADE, S. F. Manual de Terapêutica Veterinária. 2008. 3.ed. São Paulo: Editora Roca, 2008. p. 348-355.

CAMBRAIA, J. Doença Renal Crônica. 2011. 14f. In: Informativo Científico Editado por Farmina Vet Research. Edição especial. Editora Farmina Vet, 2011. p. 4-13.

CREPALDI, N. C. B. et al. Estudo da Insuficiência Renal. 2011. 6f. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/fhoGEHUHOWqDph8 _2013-5-29-10-17-18.pdf>. Acesso em: 24 out. 2014.

FETTMAN, M. J.; REBAR, A. Avaliação Laboratorial da Função Renal. In: Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. 1.ed. São Paulo: Editora Roca, 2007. p. 285-296.

FORRESTER, S. D.; GRANT, D. Doenças de Rim e Ureter. In: BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders Clínica de Pequenos Animais. 3.ed. São Paulo: Editora Roca, 2008. p.881-906.

GRAUER, G. F. Insuficiência Renal Aguda e Doença Renal Crônica. In: NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 4.ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier 2010. p. 656-661.

NAKASATO, F. H. et al. Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos: Revisão

de Literatura. 2005. 5f. Disponível em:

<http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/53wOQ42qytQT7iV_2 013-5-20-12-1-29.pdf> Acesso em: 23 out. 2014>. Acesso em: 29 out. 2014.

POLZIN, D. J. et al; Insuficiência Renal Crônica In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5.ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2004. p. 1721-1749.

RIBOLDI, E. O. Intoxicação em Pequenos Animais: Uma Revisão. 2010. 118f. Monografia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

Disponível em: <

http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/39019/000792167.pdf>. Acesso em: 24 de out. 2014.

SILVA, D. et al. Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos. 2008. 5f.

Disponível em:

<http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/2sUdya3EceA8QvQ_ 2013-6-13-15-58-52.pdf>. Acesso em 23 out. 2014.

(29)

2.2 Cardiomiopatia dilatada em um canino da raça boxer

RESUMO

A cardiomiopatia dilatada é uma doença caracterizada por redução acentuada da contratilidade miocárdica e dilatação das câmaras cardíacas no intuito de compensar o acúmulo sanguíneo causado em função da falha na contratilidade. Cães de porte grande e gigante, machos, com faixa etária entre quatro e oito anos são mais suscetíveis a apresentarem a patologia, sendo que os cães da raça Boxer possuem um padrão de herança autossômica dominante que os predispõe a apresentarem a CMD. Os sinais clínicos, dependem do grau e da severidade da patologia, mas comumente são observados tosse, dispneia, cianose, síncopes, cansaço fácil e distensão abdominal. O diagnóstico é baseado na anamnese, exame clínico, radiografia, eletrocardiograma e ecocardiograma. Já o tratamento deverá objetivar a melhora na qualidade de vida permitindo assim que a sobrevida do paciente aumente. O prognóstico é de reservado a mau, em função de ser uma afecção que causa diversos problemas secundários, além de ser considerada fatal. PALAVRAS CHAVE: cães, coração, insuficiência.

INTRODUÇÃO

O termo cardiomiopatia advém de anormalidades estruturais ou funcionais do miocárdio que podem resultar em alterações da contratilidade e/ou preenchimento ventricular, concomitante ou não a arritmias cardíacas. São classificadas em cardiomiopatias primárias, idiopáticas ou secundárias a distúrbios endócrinos, infecciosos, tóxicos, inflamatórios ou infiltrativos (SISSON et al., 2004). A CMD é uma doença caracterizada por redução acentuada da contratilidade miocárdica e dilatação das câmaras cardíacas no intuito de compensar o acúmulo sanguíneo causado em função da falha na contratilidade (MALVA, 2007).

As raças consideradas de grande porte e gigante incluindo Doberman Pinschers, Dogue Alemães, São Bernardos, Boxers, Terranovas e Dálmatas, e as raças de porte médio como Cocker Spaniels e os Buldogues são as raças mais frequentemente acometidas, apesar de cães da raça Boxer ter alta prevalência de apresentarem a cardiomiopatia do Boxer, também conhecida como cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito, sendo esta incomum em outras raças (WARE,

(30)

2010). Segundo Sisson et al. (2004), a prevalência da CMD é quatro vezes maior em machos do que em fêmeas, e mesmo que cães de qualquer idade possam apresentar a patologia, a faixa etária média é dos quatro aos oito anos de idade.

Os sinais clínicos comumente observados na CMD, são tosse, dispneia, cianose, síncopes, cansaço fácil e distensão abdominal. O diagnóstico é baseado na anamnese, exame clínico, radiografia, eletrocardiograma e ecocardiograma. Já o tratamento deverá objetivar a melhora na qualidade de vida permitindo assim que a sobrevida do paciente aumente (MALVA, 2007).

Este trabalho tem como objetivo principal relatar um caso clínico de um canino, macho, da raça Boxer, de 6 anos de idade, apresentando os sinais clínicos condizentes com cardiomiopatia dilatada acompanhado durante a realização do Estágio Supervisionado em Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ.

METODOLOGIA

Foi atendido no dia 15 de setembro de 2014, no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, um canino, da raça Boxer, de 6 anos de idade, pesando 22kg. A queixa principal relatada pelo proprietário era tosse seca que o paciente começou apresentar há 20 dias, e piorou com o passar do tempo. Na anamnese foi constatado que o animal apresentava tosse, que aumentava em períodos de excitação, cansaço e consequente intolerância a exercícios, e que a alimentação fornecida ao paciente era ração e sobras de alimentação humana.

No exame clínico foi constatado dispneia, taquicardia, secreção aquosa na cavidade nasal, temperatura retal de 38,3°C, frequência cardíaca de 125bpm, frequência respiratória de 27mpm, tempo de perfusão capilar de 2 segundos, mucosas rosadas, sendo que, na ausculta cardíaca o paciente apresentava um leve sopro cardíaco. Por suspeitar-se de CMD, devido à idade, porte e o sexo o paciente foi submetido primariamente a realização de radiografia torácica e ecocardiografia onde foi observado pela Médica Veterinária a dilatação das câmaras cardíacas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O coração, através do sistema circulatório, é responsável pelo transporte de oxigênio e nutrientes aos tecidos e órgãos do organismo animal sendo os ventrículos

(31)

responsáveis pela disseminação do sangue. O ventrículo direito bombeia sangue para os pulmões onde ocorre a troca gasosa, retornando sangue arterial ao átrio esquerdo e consequentemente para o ventrículo esquerdo, que por sua vez bombeia sangue para os demais órgãos do corpo, ocorrendo assim, o transporte necessário. Em casos de anormalidades que possam afetar essas funções, dentre elas, anormalidades do miocárdio, e anormalidades AV ocorrem as chamadas disfunções cardíacas, tendo consequências sistêmicas no organismo (WARE, 2010).

A CMD é uma afecção cardíaca onde ocorre dilatação biventricular do coração, acompanhado por uma leve hipertrofia excêntrica. As artérias coronárias permanecem normais, e as válvulas AV podem permanecer fisiológicas ou apresentam leve alteração (TEIXEIRA, 2009). A contratilidade miocárdica diminuída, também conhecida como disfunção sistólica, é o principal defeito funcional em cães com CMD e, conforme a função de bomba sistólica e o débito cardíaco pioram, os mecanismos compensatórios são ativados, consequentemente ocorre remodelamento das câmaras cardíacas, ou seja, desenvolve-se dilatação progressiva das câmaras (WARE, 2010).

Mecanismos compensatórios são ativados para contra-atacar o prejuízo na função miocárdica e a diminuição no débito cardíaco. A manutenção da pressão arterial e do volume plasmático são prioridades para o sistema cardiovascular, e em resposta imediata ocorre aumento do tônus simpático, causando taquicardia, vasoconstrição que por sua vez desvia o sangue principalmente para os tecidos essenciais, ou seja, coração e cérebro. Os sistemas neuroendócrinos, como o sistema nervoso simpático, sistema de fluído corporal e o SRAA também entram em ação para tentar manter o débito cardíaco em nível razoável, cumprindo assim as exigências teciduais. Em conjunto, todos estes fatores aumentam a carga de trabalho para o coração, elevando o volume circulante, com consequente aumento de retorno venoso e, com isso, ocorre elevação a pressão cardíaca de preenchimento (SISSON et al., 2004).

Em consequência da dilatação das câmaras cardíacas, ocorre a dilatação do ânulo atrioventricular fibroso que sustenta as cúspides valvulares atrioventriculares. A dilatação do ânulo valvular AV ou as alterações geométricas dos músculos papilares, resultam frequentemente em insuficiência valvular mitral ou tricúspide, e também, devido a disfunção miocárdica os animais com CMD podem exibir sinais de insuficiência do débito baixo, além de, ICC, associada com regurgitação sanguínea

(32)

no interior dos átrios (BONAGURA; LEHMKUHL, 2003). Além disso, a dilatação leva ao esticamento do músculo cardíaco ocorrendo diminuição na espessura da parede miocárdica e consequente aumento do raio ventricular, fazendo com que a quantidade exigida de energia para elevar a pressão dentro do ventrículo, aumente (SISSON et al., 2004).

A cardiomiopatia do Boxer é um processo lento, de progressiva degeneração, sendo que, características clínicas e histopatológicas são exclusivas da raça. Pode ser definida como uma doença de caráter primário do miocárdio, pois é de origem hereditária causando arritmias ventriculares e síncope na maioria dos casos (SCHWANTES; OLIVEIRA, 2006). Ware (2010), afirma que cães da raça Boxer que apresentam arritmias ventriculares possuem um padrão de herança autossômica dominante que os predispõe a apresentarem a CMD.

Os sinais clínicos podem variar de acordo com a condição, estágio e a gravidade da doença, sendo que em estágio inicial, alguns apresentam-se assintomáticos (BONAGURA; LEHMKUHL, 2003). Porém, Sisson et al. (2004), relatam que comumente observa-se letargia, intolerância ao exercício, anorexia, síncope, fraqueza, dispneia, tosse e distensão abdominal. Nos cães da raça Boxer, há três categorias que diferenciam os estágios da doença. A categoria I, pertencem os animais assintomáticos, onde a doença foi detectada por um exame de rotina, na categoria II, os animais apresentam episódios de tosse e síncopes, sendo que a morte súbita pode ocorrer mesmo o animal não apresentando síncope, e já na categoria III encontram-se os animais que já apresentam sinais de ICC. Neste relato de caso, o paciente apresentava-se na categoria III, pois já estava apresentando sinais de ICCE.

Segundo Sisson et al. (2004), os sintomas de ICCD são predominantes em cães de grande porte, mas os sintomas de ICCE são mais frequentes em cães da raça Boxer e Doberman. A ICCE por sua vez, leva ao edema pulmonar. Este, ocorre em função do aumento da pressão hidrostática secundária a ICCE, produzida principalmente em razão das CMD, ou por sobrecarga de volume decorrente das valvopatias, tais como a insuficiência aórtica e mitral, causando assim, sinais respiratórios (HAWKINS, 2004).

Os sinais respiratórios apresentados pelo paciente estudado, tosse exacerbada em momentos de agitação, secreção aquosa na cavidade nasal e dispneia associada a taquipnéia (27mpm) devem-se ao fato de que o paciente

(33)

apresentava edema pulmonar como consequência da ICCE. O edema pulmonar causa queda na complacência e na elasticidade pulmonar, e consequentemente há um aumento no esforço respiratório. Para compensar o esse aumento, ocorre taquipnéia, na tentativa de ter uma respiração mais superficial e facilitada (HAWKINS, 2004). A alimentação do paciente era a base de ração e sobras de alimentação humana, fato este, que pode ter agravado a situação da doença, pois segundo Bonagura e Lehmkuhl (2003), a alimentação caseira além de possuir quantidade de sódio elevada, também é deficiente em nutrientes necessários para o organismo animal. Na ausculta cardíaca o paciente apresentava um leve sopro cardíaco, que ocorre segundo Sisson et al. (2004), devido a insuficiência valvular AV, causada pela alteração da forma fisiológica do ânulo AV fibroso, consequentemente das válvulas mitral ou tricúspide, e pela cardiomegalia causada pelo acúmulo de sangue.

O diagnóstico da CMD deve se basear no somatório das manifestações clínicas, incluindo anamnese (considerar a espécie, a raça e o sexo), exame físico, achados radiográficos, eletrocardiográficos e ecocardiográficos, sendo a patologia clínica importante para exclusão de outras patologias e instituição do tratamento (SISSON et al., 2004). No presente relato, o paciente foi submetido a radiografia torácica e ultrassonografia abdominal, sendo que, a anamnese associada aos exames complementares nos confirmaram a suspeita clínica de CMD.

O paciente estudado apresentava três fatores chaves para que suspeita-se de CMD, pois apresentava 6 anos de idade, e era um animal de grande porte, fatores estes considerados predisponentes para ocorrência da patologia, além disso era da raça Boxer, sendo que esta possui fatores hereditários para a ocorrência da doença. Estes três quesitos, associados as condições clínicas em que o animal apresentava, nos levaram a suspeitar da patologia e fazer a confirmação da mesma através de exames complementares.

A radiografia demonstrou cardiomegalia, edema pulmonar e traquéia elevada dorsalmente. Sisson et al. (2004), afirmam que em casos de CMD os achados mais comuns são aumento de todas as câmaras cardíacas, onde o coração fica com o aspecto globoso, dilatação das veias pulmonares, e edema pulmonar em casos de ICCE. Cardiomegalia e edema pulmonar ocorrem comumente na ICC avançada. O desvio dorsal da traqueia é outro achado relevante e ocorre em razão da cardiomegalia, e pelo aumento de contato do coração com o diafragma (CHEUICHE,

(34)

2000 apud TEIXEIRA, 2009). Em função do paciente em estudo apresentar as características consideradas mais significativas no exame radiográfico, chegou-se ao diagnóstico de CMD. Exames como a ECG e a ecocardiografia são de extrema importância para o diagnóstico correto, pois a ecocardiografia é utilizada para investigar o tamanho das câmaras cardíacas e a função miocárdica, além de diferenciar as efusões pericárdicas, ou a insuficiência valvar crônica. Já a ECG pode detectar e identificar o tipo de arritmia, dimensões e orientações do coração (WARE, 2010). Segundo Bonagura e Lehmkuhl (2003), o melhor método pelo qual se avalia a severidade e a terapia de arritmias ventriculares na CMD é a monitoração ambulatória de Holter. A ultrassonografia revelou congestão hepática, o que é esperado como alteração na cardiopatia, principalmente em casos de ICCD, pois cães que apresentam sobrecarga de volume, e consequente diminuição do débito cardíaco apresentam hipoperfusão hepática e discreto aumento das enzimas hepáticas (WARE, 2010).

O diagnóstico diferencial consiste em regurgitação mitral causada por doença valvular degenerativa, especialmente em cães de grande porte, doença congênita como persistência do ducto arterioso, estenose aórtica, endocardite bacteriana, doença pericárdica, arritmia cardíaca primária e doenças neurológicas que causem síncope, intoxicações que causem morte súbita (SCHWANTES; OLIVEIRA, 2006).

O tratamento da CMD, consiste no suporte para alívio dos sinais clínicos, promovendo uma melhora na qualidade de vida do animal, e consequentemente aumentando a sobrevida do paciente. Os objetivos do tratamento segundo Ware (2010), são proporcionar débito cardíaco adequado, minimizar a demanda miocárdica por oxigênio, promover alívio dos sintomas, controlar as arritmias e diminuir a frequência cardíaca. O tratamento recomendado ao paciente em estudo foi furosemida 80mg BID por 7 dias VO, após foi reduzido a dose em 25% por mais 10 dias e enalapril 10mg/kg BID VO por tempo indeterminado. Segundo Schwartz et al. (2008), a furosemida é o diurético de escolha em pacientes com ICC, e a mesma é utilizada objetivando a redução do volume plasmático e controle dos sinais congestivos, como o edema pulmonar, em cães com CMD. A dose inicial é de 1,0 a 2,0 mg/kg a cada 8-12h, para controle e prevenção dos sinais congestivos em cães com CMD, e quando o paciente apresentar uma resposta efetiva, esta dose poderá ser diminuída. Já o enalapril, segundo Ware (2010), é um fármaco vasodilatador de ação mista, considerado um inibidor da ECA, que consequentemente atua

(35)

diminuindo a atividade da angiotensina II, reduzindo a magnitude dos efeitos da ativação do SRAA. Quando se tem dilatação de câmara, deve-se iniciar o tratamento com inibidor da ECA, pois foi demonstrado que o uso do enalapril na dose de 0,5mg/kg BID, associado ao diurético, reduz significativamente os sinais de ICC e melhora a tolerância ao exercício. Segundo Ware (2010), a administração de um fármaco inotrópico positivo, que aumente a eficiência do débito cardíaco e controle as arritmias é de extrema importância nos casos de CMD. O tratamento oral com pimobendam ou digoxina, também deveria ter sido recomendado ao paciente em estudo, pois os digitálicos atuam melhorando os sinais congestivos, o débito cardíaco e consequentemente as arritmias, sinais estes, já demonstrados pelo paciente. Além disso, foi recomendado ao paciente fornecer ração específica para animais cardiopatas, na tentativa de suplementação de substratos metabólicos, como a carnitina. Segundo Sisson et al. (2004), a deficiência miocárdica de L-carnitina tem sido considerada uma possível causa da CMD, pois ela é responsável pelo transporte de ácidos graxos para dentro da mitocôndria da célula muscular, em casos de deficiência de carnitina ocorre deficiência energética, com consequente disfunção miocárdica e acúmulo de lipídeos intracelulares.

O prognóstico é variável de acordo com a categoria de CMD que o animal apresenta, sendo considerado de reservado a mau, para cães da raça boxer que apresentam complicações secundárias como sinais de ICC, podendo ter sobrevida de três a seis meses, dependendo do estado geral do paciente (WARE, 2010). Porém, animais assintomáticos ou com arritmia controlada podem viver por anos (SCHWANTES; OLIVEIRA, 2006). O paciente em estudo nesse relato, apresenta prognóstico reservado, pois apesar do paciente apresentar estado geral bom e responder bem ao tratamento, a CMD associada a ICC pode ser uma afecção fatal.

CONCLUSÃO

O presente relato conclui que a CMD é uma doença grave que se caracteriza por redução acentuada da contratilidade e consequente dilatação das câmaras cardíacas, apresentando sérias complicações e altos índices de mortalidade. Cães da raça Boxer estão mais propensos a apresentarem a doença em função da herança genética que possuem. Por apresentar várias causas para a baixa da contratilidade do miocárdio, o diagnóstico etiológico se torna difícil. Porém o diagnóstico definitivo da CMD é de fácil descoberta por apresentar sinais bem

(36)

característicos, quando associados a raça, a idade, sexo e realização de exames complementares. O tratamento objetiva a melhora dos sintomas clínicos, permitindo assim, que a sobrevida do paciente aumente.

REFERÊNCIAS

BONAGURA, D. J.; LEHMKUHL, B. L. Cardiomiopatias. In: BIRCHARD, S. J; SHERDING, R. G. Manual Saunders. Clínica de Pequenos Animais. 3.ed. São Paulo: Editora Roca, 2008. p. 1559-1579

HAWKINS, E. C. Doenças do Parênquima Pulmonar. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5.ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2004. P. 1141-1143.

MALVA, J. G. Cardiomiopatia Dilatada em Cães. 2007. 61f. Monografia. Universidade Castelo Branco, São Paulo, 2007. Disponível em: <http://qualittas.com.br/uploads/documentos/Cardiomiopatia%20Dilatada%20em%20 Caes%20-%20Julia%20Grasiela%20Malva.PDF >. Acesso em: 28 out. 2014.

SCHWANTES, V. C.; OLIVEIRA, S. T. Cardiomiopatia do Boxer: Revisão de Literatura. In: Clínica Veterinária, n. 64, p 48-58, 2006.

SCHWARTZ, D. S. et al. Terapêutica do Sistema Cardiovascular In: ANDRADE, S. F. Manual de Terapêutica Veterinária. 2008. 3.ed. São Paulo: Editora Roca, 2008. p. 313-319.

SISSON, D. et al. Doença Miocárdica Primária no Cão. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5.ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2004. p. 925-943.

TEIXEIRA, R. S. Cardiomiopatia Dilatada em Boxer: Revisão de Literatura. 2009. 39f. Monografia. Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Porto Alegre, 2009. Disponível em: < https://www.equalis.com.br/arquivos_fck_editor/monografia_25.pdf >. Acesso em 29 out. 2014.

WARE, W. A. Doenças Miocárdicas do Cão. In: NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 4.ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier 2010. p. 127-134.

(37)

CONCLUSÃO

O período de realização do estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi um momento de grande aprendizado, e de fundamental importância para conclusão da vida acadêmica. Junto ao Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, surgiram oportunidades ímpares, que serão certamente eternizadas e solidificadas nos conhecimentos, rotinas e conhecimentos teóricos e práticos adquiridos durante a graduação.

Como consequência a rápida expansão e o crescimento contínuo do mercado de trabalho das diversas áreas da medicina veterinária, exigem a constante evolução e atualização do profissional que opta por trabalhar com Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais. A busca por profissionais especializados e com um diferencial, se faz necessária, e mais do que dominar a teoria ou a prática, é inerente ao bom profissional buscar pela educação continuada, por novos conceitos e vivências concretizando assim, a confiança do proprietário e promovendo a melhoria da qualidade de vida dos animais.

O estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária abriu portas para novas e diferentes experiências dentro do curso de Medicina Veterinária, proporcionando crescimento profissional, pessoal, além de aprendizados novos frente a conduta ética e raciocínio clínico. A convivência com profissionais experientes e capacitados, funcionários das diversas áreas, em um ambiente diferente da rotina, permitiu grandes desafios, mas ao mesmo tempo, grandes inovações e formas diferentes de abordagem ao paciente e seu proprietário e ao fechamento de diagnósticos.

Desta forma, se finaliza o estágio com resultado positivo, pois novos conhecimentos teóricos, práticos, e éticos na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, se concretizaram. Os objetivos cujo programa curricular propunha, foram atingidos, e junto deles novos objetivos surgiram. Todo este englobamento, prático e teórico solidifica a responsabilidade do profissional Médico Veterinário no mercado de trabalho, zelando sempre pelo bem estar para com os animais e seus proprietários.

Referências

Documentos relacionados

Departamento de Engenharias da Mobilidade decidiu-se pela abertura de concurso para provimento de professor efetivo na área de Engenharia Civil/Estruturas. O formulário~do

Com o objectivo de modelar pelo Método dos Elementos Finitos o comportamento de uma estrutura porticada de um edifício em aço inoxidável em situação de incêndio,

Como foi referido, para que se tenha a representação em Série de Fourier o mais fidedigna possível entre a curva de aproximação e ajuste à curva resultante dos dados

Fixing the thermophysical properties for the initial conditions, we conclude that increasing K leads to higher maximum temperatures and wave propagation velocities,

“SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO CHAVEADO PARA MODULADOR DE PULSOS COM LINHA DE RETARDO APLICADO EM SISTEMA RADAR” “SWITCHING MODE SYSTEM TO SUPPLY PULSE MODULATORS BASED IN PULSE

E m particular, agradece todas as referências bibliográficas de publicações que apresentem u m algoritmo idêntico ao que neste texto se designa por

,9 por elles assaíariados , que igualmente sao encar- 99 regados da sua vigia, plantacáo • e cultura. Em Columbo chove frequentemente , quasi duas vezes em cada mez do anno , pelo

9 A Diretiva Quadro da Água (2000/60/CE), transposta para o Direito Interno Português pela Lei nº 58/ 2005 tem como objetivo que os ecossistemas aquáticos atinjam o bom