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Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DOS ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Marlon Schenkel

Ijuí, RS, Brasil

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRÍCULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Marlon Schenkel

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária, área de Clínica de Grandes Animais, da

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

(UNIJUI, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de

Médico Veterinário

Orientadora: Prof. Denize da Rosa Fraga

Ijuí, RS, Brasil

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DOS ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

aprova o Relatório de Estágio Supervisionado

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

MEDICINA VETERINÁRIA

elaborado por

MARLON SCHENKEL

como requisito parcial para obtenção de

Médico Veterinário

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________

Denize da Rosa Fraga, MSc. (UNIJUÍ)

(Orientadora)

__________________________

Maria Andréia Inkelmann, Dra. (UNIJUÍ)

(Banca)

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RESUMO

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado

Curso de Medicina Veterinária

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

RELATÓRIO

DE

ESTÁGIO

CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

– ÁREA

DE CLINICA DE GRANDES ANIMAIS

AUTOR: MARLON SCHENKEL

ORIENTADORA: DENIZE DA ROSA FRAGA Data e Local da Defesa: Ijuí, 03 de Dezembro de 2013.

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, com sede em Ijuí - RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013, perfazendo 150 horas, sob orientação da Profª Médica Veterinária MSc. Denize da Rosa Fraga e supervisão do Médico Veterinário Jorge Luis de Lima Schiffer. Durante este período foram acompanhadas atividades em Medicina Veterinária Preventiva, Atendimentos Clínicos, Procedimentos Cirúrgicos, Atendimentos Obstétricos e atividades referentes a Reprodução Animal. Além disso, foram redigidos dois relatos de caso acompanhados no decorrer do estágio, sendo o primeiro “Tratamento Clínico e Cirúrgico do Deslocamento de Abomaso a Esquerda” e o segundo de “Leucose Bovina”. O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária vem a complementar o aprendizado teórico e prático recebido durante a graduação e com isso familiarizar o graduando com as atividades rotineiras de um Médico Veterinário em seu campo de trabalho, capacitando-o da melhor forma possível a enfrentar a rotina profissional do dia-a-dia.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resumo das Atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijuí, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013... 11 Tabela 2 - Atividades em Medicina Veterinária Preventiva desenvolvidas

durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijui, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013... 12 Tabela 3 - Atividades realizadas em reprodução bovina durante o Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijuí, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013... 12 Tabela 4 - Atendimentos e procedimentos Clínicos realizados durante o

Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijuí, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013... 13 Tabela 5 - Procedimentos Cirúrgicos realizados durante o Estágio Curricular

Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijuí, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013... 14 Tabela 6 - Atendimentos obstétricos realizados durante o Estágio Curricular

Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijuí, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013... 14

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Resultado do teste sorológico para Leucose Bovina acompanhado durante o Período de Estágio Curricular Final em Medicina Veterinária, na Cooperativa Agropecuária e Industrial – COTRIJUI, Ijui – RS, de 19 de agosto a 23 de Setembro de 2013... 19

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LISTA DE ANEXOS

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 11

2.1 Atividades em Medicina Veterinária Preventiva ... 11

2.2 Atividades em Reprodução Animal ... 12

2.3 Atendimentos Clínicos ... 12 2.4 Procedimentos Cirúrgicos ... 13 2.5 Atendimentos Obstétricos ... 14 RELATO DE CASO 1 ... 15 RELATO DE CASO 2 ... 22 3 CONCLUSÃO ... 30 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 31 5 ANEXOS ... 33

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1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Cooperativa Agropecuária e Industrial – COTRIJUI localizada na Rua das Chácaras, 1513, na cidade de Ijuí/RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013, totalizando 150 horas.

A COTRIJUI esta distribuída em mais de 42 municípios no Rio Grande do Sul, tem sedes em Ijuí e Porto Alegre, frigorífico em São Luiz Gonzaga, pólo arrozeiro em Dom Pedrito e participação acionária no terminal do Porto de Rio Grande.

Fundada dia 20 de julho de 1957, em Ijuí, por pioneiros, e inicialmente se chamava Cooperativa Regional Tritícola Serrana Ltda – COTRIJUI, posteriormente passou a chamar-se, Cooperativa Agropecuária & Industrial - COTRIJUI. Atua no ramo de beneficiamento, industrialização e comercialização de produtos agropecuários com mais de 19.200 associados. Atualmente recebe mais de 800 mil toneladas de produtos agrícolas, presta assistência à cerca de 1.500 produtores de leite, que somados produzem aproximadamente 70 milhões de litros de leite por ano, além de o seu frigorífico abater anualmente cerca de 360 mil cabeças de suínos

A Cooperativa tem como missão desenvolver as atividades agropecuária e comercial, oferecendo produtos e serviços com qualidade, a fim de construir o caminho da satisfação dos associados, funcionários e clientes.

O estágio foi supervisionado pelo Médico Veterinário Jorge Luis de Lima Shiffer que trabalha com clínica de grandes animais além de fomento a produção de leite, e ocorreu sob a orientação da MSc, Med. Veterinária Denize da Rosa Fraga.

Na escolha do local de estágio, levou-se em conta a qualidade dos serviços prestados pela instituição, de excelente qualidade, bem como a infra-estrutura disponível e a qualidade dos profissionais que atuam junto a ela, para que o estagiário pudesse aproveitar o conhecimento disponível e assim tornando-se um profissional de qualidade, pronto a enfrentar o mercado de trabalho.

No decorrer do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foram acompanhados Atendimentos Clínicos, Procedimentos Cirúrgicos, Atendimentos obstétricos e Atividades referentes à Reprodução Animal, e com isso pode-se comparar conhecimentos teóricos ministrados pelos professores em sala de

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aula as técnicas utilizadas a campo, e assim definir a melhor conduta a ser adotada, melhorando a qualidade dos serviços prestados.

O estágio teve por objetivo a vivência profissional das atividades de um Médico Veterinário, a fim de complementar o conhecimento teórico e prático ministrado durante as aulas de graduação, bem como familiarizar o aluno a sua futura profissão.

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2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritas resumidamente na Tabela 1.

Tabela 1– Resumo das Atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijuí, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013.

TIPO DE ATIVIDADE n %

Atividades em Medicina Veterinária Preventiva 212 50,12 Atividades Referentes a Reprodução Animal 137 32,39

Atendimentos Clínicos 45 10,64

Procedimentos Cirúrgicos 23 5,44

Procedimentos Obstétricos 6 1,41

TOTAL 423 100

2.1 Atividades em Medicina Veterinária Preventiva

As atividades desenvolvidas na área de Medicina Veterinária Preventiva durante o período do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária encontram-se resumidas na Tabela 2.

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Tabela 2 - Atividades em Medicina Veterinária Preventiva desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijuí, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013.

ATIVIDADES nº %

Vacinação contra Clostridiose 90 42,45

Vacinação contra Febre Aftosa 50 23,58

Vacinação contra Leptospirose 40 18,87

Vacinação contra Brucelose 32 15,10

TOTAL 212 100

2.2 Atividades em Reprodução Animal

As atividades desenvolvidas na área de reprodução de bovinos encontram-se descritas na Tabela 3.

Tabela 3 - Atividades realizadas em reprodução bovina durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijuí, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013.

ATIVIDADES n %

Ultrassonografia Bovinos 105 76,64

Exame Ginecológico 20 14,60

Protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) 11 8,03

Cisto Folicular 1 0,73

TOTAL 137 100

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Os atendimentos clínicos realizados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária encontram-se resumidos da Tabela 4.

Tabela 4 – Atendimentos e Procedimentos Clínicos realizados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijuí, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013. ATIVIDADES n % Leucose Bovina 16 35,56 Hipocalcemia Pós Parto 7 15,57 Infecção Uterina 7 15,57 Diarréia 3 6,66 Casqueamento 2 4,44 Pneumonia 2 4,44 Laminite 1 2,22

Necropsia suspeita de Tuberculose 1 2,22

Timpanismo 1 2,22

Tristeza Parasitária Bovina 1 2,22

Tumor Vaginal 1 2,22 Punção de Abscesso 1 2,22 Indigestão Simples 1 2,22 Mastite 1 2,22 TOTAL 45 100 2.4 Procedimentos Cirúrgicos

Os procedimentos cirúrgicos desenvolvidos durante o período do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária encontram-se na Tabela 5.

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Tabela 5 - Procedimentos Cirúrgicos realizados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijuí, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013.

TIPO DE PROCEDIMENTO n %

Amochamento Térmico 14 60,86

Orquiectomia em Bovino 4 17,39

Deslocamento de Abomaso à Esquerda 2 8,70

Remoção de 3º Pálpebra 1 4,35

Remoção de Papilomas 1 4,35

Reconstituição de laceração na veia mamária 1 4,35

TOTAL 23 100

2.5 Atendimentos Obstétricos

Os atendimentos obstétricos realizados durante o período do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária encontram-se descritos na Tabela 6.

Tabela 6 - Atendimentos obstétricos realizados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cooperativa Agropecuária e Industrial - COTRIJUI, Ijuí, RS, no período de 19 de agosto a 23 de setembro de 2013.

ATIVIDADES n %

Auxílio Obstétrico 5 83,33

Fetotomia 1 16,64

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RELATO DE CASO 1

Leucose Bovina, como diminuir a sua ocorrência.

Marlon Schenkel, Denize da Rosa Fraga, Jorge Luis de Lima Schiffer

Estudos epidemiológicos e experimentais através dos anos esclareceram o fato de que haviam diversas formas clínicas da Leucose Bovina, mas só uma era transmissível, esta forma contagiosa foi denominada de Leucose Enzoótica Bovina e as demais formas foram agrupadas sob o nome genérico de Leucose Esporádica Bovina (MILLER e Van Der MAATEN, 1982 appud TOSTES 2005).

Segundo Agottani (2001),a Leucose Enzoótica Bovina se caracteriza pelo desenvolvimento de duas formas clínicas, a forma maligna tumoral e fatal com formação de linfossarcomas em quase todos os linfonodos e órgãos e a forma benigna, caracterizada apenas pelo aumento geral do número de linfócitos sanguíneos, denominada de linfocitose persistente. Silva et al. (2008) relata que aproximadamente 30% dos animais infectados por este vírus desenvolvem uma linfocitose persistente e apenas 0,1 a 0,5% dos animais infectados, com idade entre 4 e 8 anos, desenvolvem linfossarcomas, caracterizando a forma clínica da doença.

Leucose Bovina Esporádica ocorre em bezerros ou animais jovens, sendo denominada de linfossarcoma juvenil ou do bezerro, animais com duas semanas a seis meses de idade com sinais de perda gradual de peso e infartamento abrupto de todos os linfonodos, depressão e fraqueza Radostits et al (2010). Outra forma é o Linfossarcoma tímico do rebanho jovem, onde ocorre a infiltração do timo ocorrendo nos animais até dois anos de idade, caracterizando-se pelo infartamento tímico maciço, bem como lesão na medula óssea e linfonodos regionais. Pode também ocorrer a forma cutânea que manifesta-se por placas cutâneas que aparecem sobre o pescoço, dorso, garupa e coxas.

A Leucose Enzoótica Bovina é uma doença infecciosa altamente contagiosa, de evolução crônica, que acomete bovinos, principalmente o rebanho leiteiro, causando prejuízos econômicos consideráveis, com capacidade de ocasionar, após longos períodos, (1 a 8 anos) uma proliferação de linfócitos infectados com a formação de linfossarcomas (SILVA et al, 2008).

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Radostits et al(2010) afirma que o agente causal é o vírus da leucemia Bovina, um oncovirus tipo C exógeno da família Retroviridae. A infecção ocorre pela transferência iatrogênica de linfócitos infectados de um indivíduo para outro, sendo seguidos por resposta permanente de anticorpos e, menos frequentemente desenvolvimento de linfocitose persistente ou linfossarcoma. Contudo Agottani (2001) afirma que a Leucose Bovina não é uma zoonose, podendo, o leite e a carne bem como seus derivados, serem consumidos sem preocupação.

O objetivo deste relato é elucidar questões referentes ao manejo de rebanhos acometidos por leucose, que possam diminuir a ocorrência de casos sem que ocorra o descarte imediato de todos os animais soropositivos.

Durante o período de estagio curricular final, foi acompanhado o atendimento em uma propriedade no interior do município de Coronel Barros, onde há 2 anos está sendo realizado o trabalho de manejo de bovinos leiteiros a fim de manter controlada a incidência de leucose bovina, uma vez que a enfermidade encontra-se diagnosticada na propriedade desde 2011.

O fato do gado leiteiro ser muito mais comumente afetado que o de corte e apresentar uma prevalência mais alta de linfoma podem ser explicados pelo confinamento e pela média de idade maior do rebanho leiteiro comparada ao rebanho de corte (TOSTES, 2005).

Neste relato a partir da coleta de dados com os proprietários, identificou-se a situação atual do rebanho, o histórico da doença na propriedade, bem como os manejos adotados a fim de diminuir a ocorrência de novos casos. Assim como, fez-se a coleta de sangue e encaminhou-fez-se para análifez-se a fim de verificar a prevalência da Leucose atualmente na propriedade.

A propriedade tem uma área de 27 hectares, onde a principal atividade é a produção de leite, existem atualmente 41 cabeças de bovinos da raça holandesa, onde 21 são vacas, 7 novilhas com mais de 1 ano, 10 novilhas com menos de 1 ano e 3 machos destinados ao abate. Até a vinda do resultado do teste encaminhado durante o estágio, haviam sete vacas com diagnóstico de Leucose positiva na propriedade.

O primeiro caso diagnosticado na propriedade ocorreu em abril de 2011, onde foi solicitado atendimento clínico a uma vaca holandesa de aproximadamente 500 Kg, estava no período seco com 8 meses de gestação, não estava se alimentando normalmente, ao exame clínico, os parâmetros fisiológicos estavam normais, no

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entanto havia aumento do linfonodo inguinal esquerdo, que estava do tamanho de um ovo de galinha, durante a palpação do mesmo, a vaca demonstrou sensibilidade. De acordo com Radostits (2010) na fase de infecção e linfocitose persistente não há sinais clínicos, já quando há formação de linfossarcomas os animais começam a perder peso, apresentam inapetência, palidez, fraqueza e diminuição da produção de leite. Há também infartamento dos linfonodos, ulceração abomasal, insuficiência cardíaca congestiva, paresia e paralisia devido ao envolvimento neural, e estertor em virtude do infartamento dos linfonodos retrofaríngeos. Outros sinais incluem animal fraco e em decúbito, febre, exoftalmia uni ou bilateral, diarréia e dificuldade respiratória.

Em 2011, esta fêmea foi tratada com 50mL de Oxitetraciclina (dihidratada) 20,0 g1,via intramuscular, 100mL de Acetil DL-Metionina 5,00 g + Cloreto de Colina 2,00g + Cloridrato de Tiamina 1,00g + Cloridrato de Piridoxina 0,04g + Cloridrato de L-Arginina0,60g + Riboflavina0,02g + Nicotinamida 0,50g + Pantotenato de Cálcio 0,20g + Glicose20,00g2, via intravenosa, 500mL de borogluconato de cálcio 22,40g + borogluconato de magnésio 6,75g + Cafeína 1,00g + Glicose 10,00g + Cianocobalamina (Vit. B12) 1.000,00mcg3, via intravenosa. Nesta época ainda não se tinha a confirmação de que se tratava de leucose.

Radostits (2010) diz que por causa da série muito ampla de achados clínicos, um diagnóstico definitivo da leucose é freqüentemente difícil, já que os sinais clínicos são comuns de várias outras doenças, por isso deve-se atentar a insuficiência cardíaca congestiva decorrente de pericardite traumática, tuberculose e actinobacilose.

Silva et al.(2008) afirmam que não existe tratamento específico para a Leucose Enzoótica Bovina, por se tratar de uma doença causada por vírus. O que se pode fazer é a aplicação de terapia de suporte a fim de melhorar o quadro geral do animal e consequentemente estimular o sistema imune a combater o vírus. Um cuidado que se deve ter é quanto a administração de corticóides, pois estes podem agravar o quadro em função da imunossupressão que desencadeiam. Neste caso, não se administrou corticóide e após a realização da aplicação dos medicamentos a vaca melhorou, no entanto suspeitou-se de leucose e para confirmação do diagnóstico fez-se a coleta de sangue, e enviou-se o soro ao laboratório de Virologia da Universidade Federal de Santa Maria, que confirmou a suspeita.

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Desde 2011, a cada 6 meses, são coletadas amostras de sangue dos animais da propriedade a fim de diagnosticar os animais positivos para leucose, e desta forma é possível adequar o manejo dos animais e o esquema de descarte dos animais positivos. Os manejos utilizados dentro da propriedade a fim de diminuir o risco de contaminação e a disseminação da doença incluem não fornecimento do colostro as filhas de mães positivas, troca de luvas de toque retal após palpação de cada vaca, controle de insetos e vetores que possam transmitir a doença de uma vaca a outra,esterilização de materiais usados em cirurgias, cuidado na aplicação de medicação nos animais, sendo que cada animal deve ter uma agulha e seringa individual, descarte de animais positivos sempre que possível após o diagnóstico da doença.

O vírus geralmente é transmitido através do sangue de um animal infectado. A transmissão horizontal ocorre através de agulha ou seringa reutilizada, descornador, tatuagem, equipamento de castração, transfusão de sangue, utilização da mesma luva de toque retal para diversos animais, mesma argola (em touros) e monta natural. Animais confinados estão mais suscetíveis a se infectarem através de secreções nasais, saliva, urina, fezes e descargas uterinas. Ja a transmissão vertical, que é a transmissão para os fetos pela placenta é possível, mas ocorre apenas em 4 a 8% dos casos. Quando bezerras são alimentadas com leite ou colostro de mães infectadas, a transmissão horizontal pode ser menor, pela presença de anticorpos anti-VLB na secreção. Para evitar a possibilidade de transmissão para o neonato através do colostro ou leite de vacas infectadas preconiza-se o aquecimento desta secreção láctea a 56ºC por 30 minutos, ou a utilização de um banco de colostro proveniente de vacas negativas, conservado a – 20ºC em freezer. A pasteurização destrói facilmente o vírus (AGOTTANI, 2001).

A fim de confirmar o número de animais positivos atualmente na propriedade, realizou-se a coleta de sangue dos animais, no dia 03 de setembro de 2013, através de agulha e tubos de vacutainer, individualmente identificados com o número ou nome da vaca, com capacidade de 10mL de sangue sem anticoagulante. A coleta de sangue foi feita na veia caudal dos bovinos, após a limpeza do local. Ressalta-se que no dia da coleta das amostras nenhum animal apresentava sinais clínicos da enfermidade, assim como a proprietária relatou que no último ano nenhum animal manifestou a doença de forma clínica.

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O teste sorológico utilizado foi o IDAG (Imunodifusão em Gel de Agar), sendo de acordo com Radostits et al. (2010) um bom teste para determinar a infecção de um animal ou rebanho, já que tem especificidade estimada em 99,8%, e a sensibilidade de 98,5%. Resultados positivos falsos e negativos falsos podem ocorrer, devido a variabilidade do sistema imune ou por erro humano. O Teste IDAG é o teste oficial (do Escritório Internacional de Epizootias e da Comunidade Européia) para testagem dos animais importados. Outro teste que pode ser realizado é o ELISA, que pode ser realizado com o soro do animal ou através de amostra do leite dos animais acometidos pela doença.

No quadro 1 esta descrito o resultado do teste sorológico dos animais. Observa-se que atualmente dos dezesseis animais dois são positivos (12,5%), dois suspeitos (12,5%) e doze negativos (75%). De acordo com o laboratório ao qual foram enviadas as amostra de soro, animais dados como suspeitos, são animais que podem ter sido infectados com a doença a pouco tempo e não desenvolveram ainda anticorpos suficientes, ou pode haver alguma falha no teste, desta forma, nestes casos deve-se realizar novo teste nos animais após intervalo de 30 a 40 dias.

Quadro 1: Resultado do teste sorológico para Leucose Bovina acompanhado durante o Período de Estágio Curricular Final em Medicina Veterinária, na Cooperativa Agropecuária e Industrial – COTRIJUI, Ijui – RS, de 19 de agosto a 23 de Setembro de 2013

Nome e Nº Categoria Animal 1º Teste

(Outubro 2012) 2º teste (Março 2013) 3º teste 03/09/2013

Sereia 36 Novilha - - Negativo

Fama 35 Novilha - - Negativo

Monalisa 34 Novilha - - Positivo

Estrela 33 Novilha - - Negativo

Hortência 32 Novilha - - Suspeita

Salina 31 Novilha - - Negativo

Cigana 30 Vaca Negativo - Negativo

Maravilha 29 Vaca Negativo - Negativo

Laisa 28 Novilha - - Negativo

Lola 26 Vaca Negativo - Negativo

Mimosa 25 Vaca Negativo - Negativo

Volumosa 24 Vaca Negativo Negativo Negativo

Babona 23 Vaca Negativo Negativo Negativo

Lady 22 Vaca Negativo Negativo Suspeita

Tebana 21 Vaca Negativo Suspeita Negativo

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De acordo com a proprietária os animais são submetidos a três testes sorológicos consecutivos, de seis em seis meses, os que são confirmados com a doença não são descartados imediatamente, já que isso não é possível em função do número alto de animais positivos (22%) na propriedade em relação ao total entretanto estes são sempre os primeiros a serem descartados quando possível.

O descarte é realizado através da venda dos animais para abate, pois a doença não é uma zoonose, porém animais que apresentam sinais clínicos da doença podem ter a carcaça condenada. Outro cuidado importante tomado neste caso é que não são vendidos animais da propriedade para outra que queiram animais para produção, uma vez que isso é um fator de risco a disseminação da doença.

De acordo com Radostits et al (2010) nos rebanhos com alta prevalência da infecção, o método de erradicação de teste seguido de abate não é economicamente viável quando os animais tiverem um alto valor econômico por causa do potencial genético superior, e nos casos onde a percentagem de animais acometidos é grande implicando na diminuição da renda do proprietário.

Uma vez constatada na propriedade a presença de animais sorologicamente positivos ou animais apresentando forma clínica da doença, recomenda-se: testar o rebanho a cada três a seis meses até que todos os animais positivos sejam identificados, em casos de alta prevalência de animais positivos, separar os animais positivos dos negativos em dois lotes no campo, deixando-os em diferentes pastagens com distância mínima de 150 metros entre elas, evitando assim a possibilidade de transmissão mecânica por insetos hematófagos; ordenhar os animais soronegativos antes dos soropositivos; jamais utilizar instrumentais, utilizados no rebanho positivo em animais do rebanho negativo, sem prévia desinfecção; instituir um banco de colostro na propriedade, combater os insetos hematófagos e eliminar do rebanho os animais com sinais clínicos da doença (AGOTTANI, 2001).

Em necropsias realizadas em animais positivos pode-se visualizar aumento generalizados dos linfonodos, ao corte os linfonodos apresentavam superfície branco amareladas sem distinção entre cortical e medular. Massas tumorais com o mesmo aspecto podem ser encontradas no coração, rins, intestinos, abomaso, medula espinhal

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e útero. Histologicamente há uma proliferação das células da linhagem linfocítica com infiltração maciça dessas células nos órgãos afetos (FLORES, 2007 appud CAMERA 2012).

A grande preocupação segundo Silva et al (2008) é que a doença não possui tratamento e o prognóstico é desfavorável. Acredita que as instituições de pesquisa e autoridades devem implantar programas a fim controlar a disseminação da doença, no entanto o autor tem uma visão critica da situação, pois vê que o grande empecilho no controle da patologia é a real conscientização do produtor de leite quanto aos prejuízos decorrentes da enfermidade, pois na maioria das vezes esses prejuízos são inaparentes o que não motiva um manejo de controle dentro da propriedade.

A possibilidade de produção de vacina contra o Vírus da Leucose Bovina foi explorada, no entanto as perspectivas não são boas até o momento, já que a vacina não pode ser infecciosa, não iatrogênica e não deve interferir com os testes sorológicos comumente utilizados para detecção da patologia (RADOSTITS et al , 2010).

Contudo apesar das dificuldades e do aumento de mão de obra e custos com manejos adequados, os proprietários do caso relatado estão conseguindo manter a doença controlada e diminuindo a prevalência da mesma, tendo como objetivo principal livrar o rebanho bovino da patologia.

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RELATO DE CASO 2

Dificuldade na confirmação do diagnóstico clínico de Deslocamento de Abomaso a Esquerda

Marlon Schenkel, Denize da Rosa Fraga, Jorge Luis de Lima Schiffer

A necessidade de intensificação e maximização da lucratividade na produção leiteira mundial, através da otimização dos meios produtivos, desencadearam uma mudança do perfil dos bovinos leiteiros. Esta nova realidade submete constantemente os animais a uma situação de extrema exigência nutricional, produtiva, reprodutiva e sanitária, o que reflete diretamente na ocorrência de doenças no periparto, como cetose, acidose ruminal, retenção de placenta, metrite, hipocalcemia, deslocamento de abomaso e laminite. Estas doenças provocam perda acentuada na produção de leite ou até mesmo a morte do animal, o que gera aumento dos custos (BADO, 2010).

O Deslocamento Abomasal (DA) é a principal doença metabólica que acomete vacas leiteiras de alta produção, sendo que 90% dos casos ocorrem em até 6 semanas após o parto podendo, no entanto, afetar outras classes de bovinos. O deslocamento se dá pela migração da víscera de sua posição anatômica, no assoalho do abdômen, para uma posição ectópica entre o rúmen e a parede abdominal, sendo de 85% a 95% dos casos para o lado esquerdo, mas podendo também ir para o lado direito (CARDOSO, 2011). Radostits et al. (2010) menciona que a causa do deslocamento de abomaso é multifatorial, porém, o pré-requisito para que isso ocorra é a hipomotilidade e a distensão gasosa do órgão.

O objetivo deste trabalho é descrever a dificuldade de confirmação do diagnóstico à campo, bem como as possibilidades de tratamento clínico e cirúrgico para o deslocamento de abomaso à esquerda.

Durante o período de Estágio Curricular Final, foi atendida uma vaca da raça holandesa, com aproximadamente 500Kg, escore de condição corporal 2,5 (escala de 1 a 5), que de acordo com o proprietário não estava se alimentando e havia diminuído significativamente a produção de leite. O produtor revelou que o parto

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havia ocorrido há aproximadamente 30 dias, sem uso de tratamento e quanto a alimentação confirmou fornecer ração, silagem de milho e pastagem de aveia e azevém.

Há alguns fatores de risco para a ocorrência de Deslocamento de Abomaso, como por exemplo, o parto, citado como o fator precipitante mais comum, pois durante as fases finais de gestação, o rúmen é deslocado do assoalho abdominal pelo útero expandido e o abomaso é empurrado para o lado esquerdo e para frente, sob o rúmen. Após o parto, o rúmen desce, prendendo o abomaso, especialmente se ele estiver atônico ou distendido com alimento, como é provável que esteja se a vaca for alimentada com grande quantidade de grãos (RADOSTITS et al., 2010). Já Marques (2003) diz que o declínio na concentração plasmática de cálcio, levando a uma hipocalcemia subclínica no periparto, reduz linearmente a força de contração abomasal, podendo estar também relacionada com atonia e distensão do abomaso.

Outro fator importantíssimo é quanto à alimentação das vacas, o fornecimento de altos níveis de concentrado (grãos) aumenta a passagem ruminal o que causa aumento na concentração de ácidos graxos voláteis que pode inibir a motilidade do abomaso. Eles inibiriam a passagem de ingesta do abomaso para o duodeno acumulando-se. O grande volume de metano e dióxido de carbono encontrados no abomaso após a ingestão de grãos podem ficar presos no abomaso, causando sua distensão e deslocamento (CARDOSO, 2004).

Uma dieta de vacas leiteiras, com concentração de fibras menor do que 16 a 17% também é um fator de risco significativo para a ocorrência do Deslocamento de Abomaso a esquerda. Segundo Radostits et al. (2010) há outros fatores predisponentes como: raça, estação do ano, produção de leite, final de prenhez, doenças concomitantes, hipocalcemia, predisposição genética, cetose, e fatores de risco dos próprios animais, como saltar um sobre o outro.

Ao exame clínico, o animal apresentou temperatura de 39,2ºC, ausculta cardíaca de 80 batimentos por minuto, ausculta pulmonar de 30 movimentos por minuto, as mucosas estavam rosadas, movimentos ruminais de 1 movimento em 2 minutos, durante o exame o animal defecou, as fezes eram escassas e enegrecidas, foi realizada percussão na região do flanco esquerdo onde verificou-se o som de “ping” metálico, no entanto não era totalmente nítido, desta forma suspeitou-se de deslocamento de abomaso à esquerda, mas optou-se pelo tratamento clínico em função da impossibilidade de confirmação clínica do diagnóstico.

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Os sinais de deslocamento de abomaso à esquerda incluem anorexia parcial ou total, desidratação, fezes bem digeridas e escassas, e apresentam queda de 30 a 50% na produção de leite. A queixa principal do proprietário era que o animal não alimentava-se e diminuiu produção de leite”. Segundo Rebhun (2002) a temperatura, frequência respiratória e cardíaca geralmente permanecem normais a levemente aumentadas. Os movimentos ruminais estão presentes, mas sua frequência e intensidade podem estar diminuídas. Um dos sinais característicos, quando se faz a percussão da região suspeita de onde o órgão possa estar, nota-se sons altos e metálicos timpânicos (“ping”) (RADOSTITS et al., 2010). Os sinais clínicos encontrados no animal estão condizentes com a literatura, o que demonstra que o diagnóstico foi correto.

O Deslocamento de Abomaso à esquerda, em geral é acompanhado pela maior protuberância da parede abdominal esquerda e pelo arqueamento dorsal das costelas abdominais esquerdas, sendo que quando o abomaso deslocado se estende para cima, além da última costela, seu cume pode tornar-se visível até na parede anterior da fossa paralombar esquerda (ROSENBERG, 1987). A protuberância da parede abdominal não foi visualizada no primeiro atendimento clínico.

O tratamento consistiu-se de aplicação de 500mL de Cloreto de sódio 592,00 mg + Cloreto de potássio 26,00mg + Cloreto de cálcio 18,00mg + Lactato de sódio 50% 0,25mL + Acetilmetionina 592,00mg + Sorbitol10,00g4, associado a 100mL de Sorbitol 50g5 e 20mL de Flunixina (meglumina) 5g6, via intravenosa, além disso foi aplicado tiossulfato de sódio 90g + hidróxido de alumínio 6g + ácido tânico 4g7 misturado a 1 litro de água morna, via oral, esse ultimo medicamento foi orientado ao produtor repetir no próximo dia.

De acordo com Niehaus (2008, appud Câmara 2011) o objetivo comum nas abordagens clínicas é restaurar a motilidade do abomaso o suficiente para permitir a expulsão do gás e retorno espontâneo do órgão para sua posição anatômica. Juntamente com o tratamento clínico deve-se oferecer feno ou forragem de boa qualidade, mas não grãos, podendo ser evitada a intervenção cirúrgica se o apetite e os movimentos do trato gastrintestinal voltar à normalidade em poucos dias. A terapia clínica inclui, inicialmente, a restauração do equilíbrio hídrico-eletrolítico, já que possíveis desequilíbrios de eletrólitos, principalmente a hipocalcemia, influenciam negativamente a utilização de protocolos com estimulantes de motilidade

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gastrintestinal. Neste caso pode se observar o uso de fármacos que melhoram a motilidade do sistema gastrointestinal do animal, o que de acordo com a literatura é benéfico, já que a atonia abomasal é um dos pré requisitos para o deslocamento de abomaso.

Segundo Winter (2003 appud Silva 2006) o sorbitol é metabolizado no fígado para frutose e como matéria de fácil transformação em energia, protegendo o organismo do desgaste protéico, além de estimular o peristaltismo intestinal pela liberação de enzimas pancreáticas e hepáticas, auxiliando as substâncias absorvidas pelo trato intestinal, para que sejam utilizadas nas sínteses de compostos orgânicos com finalidade de auxiliar no funcionamento gastrointestinal e correção de acidose metabólica.

No outro dia, em retorno a propriedade observou-se que a vaca apresentou pequena melhora do quadro, e ao exame clínico não se notou o “ping” na região do flanco. A vaca se alimentava em pequenas quantidades, duas a três bocadas, porém só ingeria ração, recusando feno e silagem, optou-se então pela sondagem do animal a fim de analisar o pH do liquido ruminal. O resultado de aferição foi de pH 8. Radostits et al (2010) afirmam que provavelmente devido à atonia abomasal, observa-se uma moderada alcalose metabólica nos indivíduos acometidos por deslocamento de abomaso, confirmando o diagnóstico pelo pH 8 do líquido ruminal, que fisiologicamente deve estar entre 6 e 7.

Instituiu-se neste dia a aplicação de 500mL de borogluconato de cálcio 22,40g + borogluconato de magnésio 6,75g + Cafeína 1,00g + Glicose 10,00g + Cianocobalamina (Vit. B12) 1.000,00mcg3, intravenoso, suplemento vitamínico e mineral com probiótico 34g8, via oral, seguida de aplicação de 15mL de Flunixina (meglumina) 5g6 intramuscular. Após este tratamento o animal teve uma pequena melhora, manteve-se então o tratamento clínico a fim de evitar a cirurgia.

O tratamento foi instituído por haver dúvida no diagnóstico em virtude do “ping” metálico não ser audível, optou-se mais uma vez pelo tratamento clínico, Radostits et al. (2010) menciona algumas patologias que devem ser consideradas em um diagnóstico diferencial, como a indigestão simples, cetose primária, reticuloperitonite traumática, indigestão vagal e síndrome da vaca gorda.

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Passados quatro dias após a última consulta, voltou-se a propriedade pois a vaca havia piorado o quadro clínico, ao exame clínico notou-se nitidamente o “ping” na região do flanco esquerdo, então optou-se pela intervenção cirúrgica.

Outras opções ao tratamento não cirúrgico para deslocamento de abomaso seriam o rolamento e a manipulação do animal produzem resultados temporários, exercício violento e o transporte por estradas esburacadas causando recuperação espontânea em algumas ocasiões (RADOSTITS et al., 2010). Porém, neste caso não se tentou nenhuma destas opções alternativas.

Turner et al (2002) mencionam três formas de realização da cirurgia, sendo a técnica de Omentopexia pelo flanco direito, Abomasopexia pelo flanco esquerdo e Abomasopexia paramediana ventral. Neste caso optou-se pela técnica de abamasopexia pelo flanco esquerdo. A grande vantagem desta técnica é de oferecer uma fixação direta do abomaso até a parede corpórea ventral, e a cirurgia é realizada com o animal em pé.

A intervenção cirúrgica iniciou-se com tricotomia ampla do flanco esquerdo, assepsia com Iodo e após foi realizada a anestesia local com Cloridrato de Lidocaína 2g9, utilizando a técnica de “L” invertido sendo necessários 100mL de fármaco para uma anestesia eficiente.

Fez-se a incisão com aproximadamente 25cm de comprimento, incisando pele, subcutâneo, músculo oblíquo externo, oblíquo interno, músculo transverso do abdômen, fáscia transversa e o peritônio, verificou-se então que o abomaso estava deslocado e repleto de gás, com auxílio de um equipo e uma agulha descartável 40x16, fez-se a retirada do gás, com a diminuição de volume do abomaso que já estava retornando a sua posição anatômica, tracionou-se então o abomaso em direção a incisão e nele foi realizada sutura continua simples com fio de Nylon 0,50mm10, deixando cerca de 50cm de sobra de fio em cada ponta, então realizou-se a abomasopexia na região ventral abdominal o mais próximo da localização anatômica do órgão.

Finalizando a cirurgia iniciou-se a síntese da cavidade, o peritônio foi suturado com fio categute Simples número 311 com sutura contínua simples, sobre a sutura foi aplicado pó a base de Estreptomicina12, em seguida fez-se a síntese da musculatura, onde também foi realizada a aplicação de estreptomicina10. Para a síntese da pele utilizou-se fio de Nylon 0,50 mm10, com sutura de Wolff e sobre esta se aplicou spray a base de Fipronil 0,32% + Sulfadiazina de prata 0,09%13. Como

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recomendação, solicitou-se ao produtor repetir a aplicação duas vezes ao dia até a completa cicatrização.

A literatura não descreve benefícios, como cicatrização rápida ou diminuição da contaminação da ferida cirúrgica com o uso de estreptomicina sobre a síntese de peritônio e músculos. O procedimento realizado desde a tricotomia, anestesia até a cirurgia está de acordo com Turner et al. (2002), com divergência em dois pontos, a sutura do abomaso deve ser realizada antes da retirada do gás, evitando assim a tração forçada do órgão com risco de rompimento da estrutura, outro ponto a ser considerado é quanto a fixação do abomaso no assoalho da cavidade abdominal, que dever ser passado cada ponta do fio de sutura individualmente, diferente do que foi realizado.

Como medida preventiva a infecções fez-se o tratamento com 25mL, via intramuscular, de Ampicilina anidra 10g + Colistina 25.000.000 UI + Dexametasona 25mg14, por 4 dias, junto com 20mL de Flunixina (meglumina) 5g6, via intramuscular, com repetição por 3 dias, 100mL de Sorbitol 50g5, via intravenoso.

Câmara (2011) afirma que no manejo pós-cirúrgico deve-se incluir drogas antiinflamatórias não-esteroidais e antibióticos, a fim de prevenir septicemias, principalmente em animais com doenças concomitantes. Já Papich (2009) afirma que a associação de antiinflamatórias não-esteroidais a corticosteróides é um risco, uma vez que pode acarretar em úlceras gastrintestinais e hemorragias e é absolutamente contra-indicada. Apesar da associação utilizada de antiinflamatórias não-esteroidais com corticóides, não foi detectada nenhum efeito colateral. Como recomendação ao proprietário salientou-se cuidado na alimentação do animal, onde se indicou o fornecimento apenas de feno e pastagem, evitando silagem e ração.

O controle desta patologia segundo Cardoso (2004) deve ser feito através da identificação, quando possível, dos fatores predisponentes, já que se trata de uma doença multifatorial. O fator principal a ser considerado é o manejo nutricional do rebanho. Devem-se evitar animais obesos no estágio final de gestação e garantir um manejo efetivo de cocho neste período. Evitar ter animais em balanço energético negativo proporcionando dieta adequada, garantir aos animais uma fonte de fibra efetiva para que o rúmen possa estar sempre repleto tornando-se, portanto, em uma barreira física para o deslocamento de abomaso. Esta dieta deve conter no mínimo 17% de fibra bruta evitando também uma acidose ruminal pelo incremento na ingestão de grãos. Todas as doenças que ocorrem no período pós-parto como

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metrite, mastite, retenção de placenta e cetose, por exemplo, devem ser imediatamente tratados, pois sabe-se que todas levam a diminuição do consumo de alimentos tornando-se também um fator de risco. Qualquer fator que esteja levando a problemas de hipocalcemia deve ser corrigido.

. Para evitar problemas o cirurgião deve ter o máximo de cuidado na realização da cirurgia, sendo estas complicações pós-cirúrgica mencionadas por Wilson (2002, appud Câmara 2011) menciona danos acidentais a veia mamária, encarceramento do omento ou intestino delgado e posicionamento inadequado do órgão ocasionando obstrução parcial do transito. Outras complicações abrangem infecções incisionais, recidiva após a retirada das suturas e desenvolvimento de fistula abomaso-cutânea.

De acordo com Faria (2009) os deslocamentos de abomaso à esquerda trazem enormes perdas aos produtores de leite devido aos custos com o tratamento, queda na produção, aumento dos descartes involuntários e morte. Os custos com o tratamento estão entre R$ 400 a R$ 800 por animal e, mesmo após o tratamento, cerca de 5 a 10% das vacas diagnosticadas com esta doença são descartadas ou morrem. As vacas tratadas produzem cerca de 350 Kg de leite a menos nos meses subsequentes ao deslocamento de abomaso, podendo ocorrer perdas ainda maiores.

A sutura de fixação do abomaso deve permanecer por 4 semanas, este tempo é considerado necessário para permitir o desenvolvimento de aderências suficientes para que um novo deslocamento do abomaso seja evitado (TURNER, 2002). Após 10 dias da cirurgia voltou-se a propriedade para retirada dos pontos de pele e ponto de fixação do abomaso, a vaca estava totalmente recuperada, indicou-se então que poderia novamente fornecer ração e silagem ao animal, porém em pequenas quantidades nas primeiras semanas, a fim de evitar recidivas. Até o final do período de estágio não havia ocorrido recidiva, e a vaca estava alimentando-se normalmente e produzindo leite.

Desta forma, concluí-se que muitas vezes o diagnóstico de deslocamento de abomaso a esquerda é difícil, pois nem sempre todos os sinais clínicos mencionados na literatura estão presentes, além disso, outras patologias gastrointestinais também podem levar a sinais clínicos semelhantes, o que causa dúvida na hora de optar pelo melhor tratamento. Algumas vezes as terapias farmacológicas com estimulantes do sistema digestório, podem acabar levando a melhora clínica do animal, sem que se

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tenha exatidão no diagnóstico de deslocamento de abomaso a esquerda. Entretanto, no caso relatado isso não ocorreu e necessitou-se da intervenção cirúrgica para resolução do caso.

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3 CONCLUSÃO

Ao final do período de estágio, vê-se o quão importante ele é na formação acadêmica, já que proporciona ao aluno praticar o conteúdo teórico e prático ministrado em sala de aula, além de familiarizar-se com o ambiente de trabalho futuro, e a possibilidade da troca de experiências com profissionais da área.

Quanto ao local de estágio é importante destacar que todas as condições foram oferecidas para que um bom trabalho e consequente aprendizado, pudessem ocorrer da melhor forma possível, tornando o trabalho agradável e com isso obtendo-se o máximo de aprendizado possível.

O estágio proporcionou uma vivência prática do funcionamento da clínica de grandes animais focado em bovinos leiteiros, desde a prevenção de patologias até seu controle e profilaxia, sempre visando o bem estar dos animais, proporcionando a lucratividade ao produtor e consequentemente melhorando sua qualidade de vida.

Contudo, o aprendizado durante o período de estágio foi imenso, não só em questões técnica, mas também quanto ao perfil profissional e ao relacionamento interpessoal que há entre técnicos e produtores, onde ambos devem buscar o sucesso em sua atividade profissional.

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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CÂMARA, A.C.L.; AFONSO, J.A.B.; BORGES, J.R.J.; MÉTODOS DE TRATAMENTO DO DESLOCAMENTO DE ABOMASO EM BOVINOS. Acta Veterinária Brasilica, v.5, n.2, 2011. Disponível em: http://periodicos.ufersa.edu.br/revistas/index.php/acta/article/view/2095. Acessado em: 10/10/2013.

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TURNER, A.S; McILWRAITH, C; TÉCNICA CIRÚRGICA EM ANIMAIS DE GRANDE PORTE. 1 ed. São Paulo: Roca, 2002.

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ANEXO A

Fontes de Aquisição

1. Terramicina LA®. . Laboratórios Pfizer Ltda. Fazenda São Francisco. Paulínia SP

2. Mercepton®. Laboratório Bravet Ltda. Rua Visconde de Santa Cruz, 276 – Engenho Novo, Rio de Janeiro – RJ

3. CM-22®. BIOFARM Produtos Veterinários, Av. João Batista Ferraz Sampaio, 710 - 14876-150, Jaboticabal - SP

4. Digevet®. Laboratório Prado S/A. V. Victor Ferreira do Amaral, 388 – Tarumã - Curitiba – PR

5. Sedacol®. Laboratórios Calbos Ltda. Rua Alferes Poli, 2710 – Parolim, Curitiba – PR.

6. Desflan®. Ouro Fino Saúde Animal Ltda. Rod, Anhanguera 330, Cravinhos São Paulo – SP

7. Antóx Pó®. Laboratório Ibasa LTDA. Rua Almirante Tamandaré nº 530, Porto Alegre – RS.

8. Floratop®. PNI Nutrição Animal, Santa Catarina.

9. Anestésico L®. Eurofarma Laboratórios Ltda. Av. Vereador José Diniz, 3465. São Paulo – SP

10. Fio de Nylon.

11. Fio Categute Simples nº3. Sulturbras Indústria e Comércio. Rua Penha, 219 – Chácara. São José dos Campos – SP

12. Estreptomax®. Ouro Fino Saúde Animal Ltda. Rodovia Anhangüera – SP 330, km 298 – Distrito Industrial. Cravinhos – SP

13. Topline®. Merial Saúde animal LTDA. Av. Carlos Grimaldi nº 1701, Campinas – SP.

14. Agroplus®. Virbac do Brasil Indústria e comercio Ltda. Av. Engº. Eusébio Stevaux, 1368 – Santo Amaro, São Paulo – SP

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