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ROSANGELA SILVA DO VALE

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE BACHARELADO EM HISTÓRIA

ROSÂNGELA SILVA DO VALE

UMA HISTÓRIA DO BAIRRO MOCINHA MAGALHÃES (1991-2006)

Rio Branco - Acre Maio de 2012

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ROSÂNGELA SILVA DO VALE

UMA HISTÓRIA DO BAIRRO MOCINHA MAGALHÃES (1991-2006)

Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado em História da Universidade Federal do Acre – Ufac, como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Historia, sob a orientação da Msc. Geórgia Pereira Lima.

Rio Branco - Acre Maio de 2012

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VALE, R. S. 2012.

VALE, Rosângela Silva. Uma história do bairro mocinha Magalhães (1991-2006). Rio Branco, 2012. 61 f. Monografia (Graduação em História) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal do Acre, Rio Branco. 2012.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UFAC

Bibliotecária:Vivyanne Ribeiro das Mercês Neves CRB-11/600

V149h Vale, Rosângela Silva do,

Uma história do bairro Mocinha Magalhães (1991-2006) / Rosângela Silva do Vale. – 2012.

61 f.: il.; 30 cm.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Acre, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Curso de Bacharel em História. Rio Branco, 2012.

Inclui Referências bibliográficas Orientador: Msc. Geórgia Pereira Lima.

1. Mocinha Magalhães (Bairro) – Rio Branco (AC) – História. 2. Mocinha Magalhães (Bairro) – 1991-2006 – História. 3. Mocinha Magalhães (Bairro) – Urbanização. I. Título.

CDD: 981.12

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ROSÂNGELA SILVA DO VALE

BAIRRO MOCINHA MAGALHÃES

Monografia apresentada ao curso de Bacharelado em História da Universidade Federal do Acre-Ufac, como requisito básico para a obtenção do título de bacharel em História.

Banca Examinadora:

...

Prof. Msc. Doutoranda. Geórgia Pereira Lima Orientadora

...

Prof. Dr. Airton Chaves da Rocha Examinador

...

Prof. Dr. José Dourado de Souza Examinador

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus que me deu a capacidade, perseverança e inteligência para concluir este trabalho. As minhas amigas e companheiras de jornada Suziane Alves e Maikella Almeida que sempre estiveram comigo durante esses anos. Aos professores pela disciplina que me encheram de conhecimento. E por fim a minha família, em especial Maria do Socorro (tia) e Antônia Maria Flores da Silva (mãe) que são as pessoas que me ensinaram e sempre incentivaram os meus estudos, e contribuíram para minha formação moral.

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é retratar primeiramente buscando o processo histórico do bairro até o advento da execução do Projeto financiado Pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, como também as obras de revitalização urbanística ocorridas no bairro de 2000 a 2006. Para se conhecer o bairro, buscou-se um estudo anterior à urbanização como nos anos iniciais de sua formação, conhecendo e analisando os processos históricos vivido por seus moradores, por isso este trabalho possui uma linha cronológica de 15 anos, percebendo também como se encontrava a malha urbana da cidade de Rio Branco. Recompor o passado conquistado por esses moradores, que vivenciaram todos os processos de mudanças, principalmente buscar suas lembranças, que evidencia os lugares da memória do ocorrido, possibilitando a construção dessa fonte e transformando-as em produção do conhecimento científico, estas memórias foram utilizadas como fonte, como objeto de estudo. Neste intuito os conceitos utilizados são de Cidade, urbanismo e moradia, e as fontes utilizadas são os documentos, os Jornais a Gazeta e Página 20, imagens que noticiaram o período das obras, os gráficos e tabela com apontamentos sobre a densidade demográfica, valorização imobiliária e entrevista oral e com levantamento de dados. O que nos leva a conhecer os moradores sua lembranças e suas vivência através do recontar das suas experiências.

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ABSTRACT

The objective of this work is primarily seeking to portray the historical process of the district until the advent of the execution of the Project funded By the Interamerican Development Bank, as well as the works of urban revitalization occurred in the district from 2000 to 2006. To know the neighborhood, we searched for a previous study of urbanization and the early years of their training, learning and analyzing the historical processes experienced by its residents, so this work has a timeline of 15 years, seeing as it was also the urban fabric of the city of Rio Branco. Reconstitute the past gained by these residents, who experienced all change processes, mainly to pick up their memories, which shows the places of memory of the incident, allowing the construction of this source and transforming them into production of scientific knowledge, these memories were used as source, the object of study. To this end the concepts used are City, town planning and housing, and the sources used are the documents, newspapers and the Gazette page 20, reported images that work was being done, the graphics and table with notes on population density, real estate valuation and oral interview and survey data. Which brings us to know the residents their memories and their experiences through the retelling of their experiences.

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Imagens

Tabela 1. Evolução Demográfica de Rio Branco...11

Gráfico 1. Densidade demográfica 1940 a 1996...12

Gráfico 2. Tipos de Moradia...28

Gráfico 3 . Valores da moradia com o passar dos anos...49

Imagem 1 e 2. Rua da Ingá inicio das obras...19

Imagem 3 e 4. Baixada da Ingá e rua da Laranja com poças d’água e muita lama...21

Imagem 5 e 6. Rua do Limão...23

Imagem 7. Mapa do bairro...26

Imagem 8. Rua da Laranja...29

Imagem 9 e 10. Casa de Madeira...30

Imagem 11. Imagem aérea do espaço do bairro...30

Imagem 12.Mapas dos becos e vilelas...31

Imagem 13.Modulos habitacionais do projeto Mocinha Magalhães...33

Imagem 14. Escritório do Projeto Mocinha, antes funcionava um modulo de saúde...33

Imagem 15. Módulo de saúde construído no ano de 2005...33

Imagem 16. Creche irmãos Mi e Bino...34

Imagem 17 e 18. Prefeito em discurso na entrega dos termos de uso e concessão do solo e moradores passando com seus respectivos termos...35

Imagem 19. Paralisação em frente TCU...37

Imagem 20. Logomarca do Projeto Mocinha Magalhães...42

Imagem 21.Moca fantasiada para conscientização ambiental...43

Imagem 22, 23, e 24. Praça localizada na baixada da Ingá...45

Imagem 25 e 26. Baixada da Ingá antes e depois, local onde se encontra a quadra...46

Imagem 27. Construção dos módulos habitacionais...52

Imagem 28.Alagação Rua da Ingá...56

Imagem 29. Morador acompanhando a entrada da Prefeitura no terreno de Neli Rodrigues..56

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 10

CAPITULO I ... 13

UM BAIRRO SOBre alguns OLHARES: A MODERNIDADE URBANA E AS CENAS DE UM COTIDIANO SOCIAL. ... 13

1.1. A FORMAÇÃO DO NOVO TECIDO SOCIAL DE ESPAÇOS DESIGUAIS NA CIDADE DE RIO BRANCO. ... 14

1.2 O BAIRRO MOCINHA MAGALHÃES: ENTRE OLHARES DO PODER PÚBLICO E AS EXPERIÊNCIAS SOCIAIS. ... 18

1.3 CENAS DO COTIDIANO SOCIAL DO BAIRRO MOCINHA MAGALHÃES. ... 24

CAPITULO II ... 28

RECOMPONDO PASSADOS ... 28

2.1 A HISTORICIDADE DO BAIRRO MOCINHA MAGALHÕES. ... 28

2.2 LUTAS E RESISTÊNCIAS ... 39

CAPITULO III ... 43

DE ZONA DE RISCO SOCIAL A MODERNIDADE URBANÍSTICA: OS DIVERSOS LUGARES DA MEMÓRIA ... 43

3.1 O ECO DISCIPLINADOR DA MODERNIDADE: O DISCURSO OFICIAL NA FALA DOS MORADORES ... 43

3.2 – AS MEMÓRIAS SUBTERRÂNEAS ... 50 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 60 REFERÊNCIAS ... 61 Pesquisa em documentos ... 61 Entrevistas realizadas ... 61 Pesquisas em Jornais ... 61

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INTRODUÇÃO

O tema da presente monografia intitulada “Bairro Mocinha Magalhães (1991-2006) foi escolhido em decorrência de varias razões.

Ainda na elaboração do projeto me ocorreu essa ideia de fazer um estudo das transformações estruturais do bairro, pois naquele período no ano de 2007, o bairro encontrava-se com melhorias em sua uma infra-estrura, o que outrora não tinha. Eu conhecia essa realidade, pois anos antes da urbanização eu morei no bairro e sabia o quanto era difícil a acessibilidade nos períodos chuvosos. Conhecer essas duas realidades me motivou a escolher este tema, por isso a escolha temporal me remeteu a um estudo dos 10 primeiros anos de existência do bairro, assim como percebendo as diversas mudanças ocorridas ao longo dos anos, e como historiadora, me proponho a apresentar o cotidiano, as experiências, as vivencias dos moradores desse bairro.

Esta pesquisa apresenta um diferencial em relação aos outros estudos de bairro, pois em sua maioria abordavam formações de bairro na década de 70, no entanto, o presente trabalho aborda a cidade de Rio Branco na década de 90, sobre novos signos ambientais e sociais, novos sujeitos, crescimento populacional maior em relação à área urbana menor na área rural, sujeitos expropriados urbanos. Por esse motivo o trabalho torna-se relevante para o âmbito acadêmico devido a essa nova abordagem no estudo de bairro.

Outro fator que contribuiu para escolha do tema foi à acessibilidade as fontes, pois a obra realizada no bairro foi relevante para os discursos políticos da época, e devido o destaque nas noticias jornalísticas, logo nos possibilitaria encontrar os documentos sem muitas dificuldades.

Nesta pesquisa procurei compreender como se originou o bairro, sua formação e as mudanças marcadas pelo urbanismo moderno configurado no projeto urbanístico do Estado e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Neste intuito, discorri a década de 90, para uma compreensão da formação dos novos tecidos sociais, apresento desta forma uma visão da rede urbana de Rio Branco, o crescimento demográfico, a partir de dados do IBGE e os mapas desse período. A pesquisa baseia-se em bibliografias acerca do tema, para construção dos conceitos de bairro, periferia e urbanização, encontrados nos autores Milton Santos, Domingos Nascimento, Ana Fani, Maria Encarnação, Verena Alberti e Alessandro Portelli.

Ao analisar a rede urbana da cidade, também apresento o projeto ambiental e o relatório de urbanização fornecido pelo SEDOP (Secretaria Estadual de Desenvolvimento de

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Obras Públicas) visando explicar os fatores que contribuíram para o poder público e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) através do Programa Habitar Brasil a escolherem o bairro.

As contribuições que essa pesquisa oferece se insere nos aspectos sociais e políticos, na qual buscou-se analisar o mesmo bairro do ponto de vista do poder público e das experiências sociais que são relatos dos próprios moradores, contextualizando essa modernidade urbanística realizada pelo poder público, num espaço social na qual os elaboradores do projeto denominaram de origem “subnormal” 1, caracterizado pelo alto índice de riscos sociais do cotidiano do bairro. Portanto, analisamos os discursos de revitalização, nos jornais e nos documentos fazendo levantamentos do espaço social do bairro, utilizando o projeto e o relatório, compreendendo as mudanças e permanências.

Esta pesquisa possibilitou que os moradores do bairro relatassem suas experiências através de entrevistas e questionários, proporcionaram a analise e compreensão da formação do bairro caracterizado pelos mais diversos motivos, consequentes do processo de transformações da cidade. Ao estudar as experiências sociais através do instrumento da historia oral, nos possibilitou fazer um documento de analise que não encontraríamos nos documentos oficias, e também desconstruir “verdades” cristalizadas quantos aos olhares instituídos a respeito do bairro.

Decerta forma, cenas do cotidiano social do bairro Mocinha Magalhães, alguns olhares, internos e externos, que retratam uma experiência social resultante do crescimento demográfico e da desigualdade social urbana da cidade de Rio Branco, como reportagens do jornal entre 1991 a 2006, fotos antigas e novas (inclusive no ato da urbanização). Após a compreensão do processo urbanístico realizado pelo poder público, busquei uma das questões inquietantes do trabalho, que são os fatores que explicam a evasão de moradores, principalmente os considerados grupos de risco social, ocorrida após a essa revitalização que segundo os jornais e o relatório ofereceu muitas melhoras na vida dos moradores.

No segundo capitulo apresentei a dimensão social e oficial na historicidade do bairro Mocinha Magalhães, trazendo a história do bairro em sua formação, como também a execução do projeto, dialogando com imagens desse período.

A pesquisa apresenta os diversos lugares da memória, o que os sujeitos sociais têm a nos apresentar sobre suas experiências, sobre sua história de vida em um bairro que não tinha

1 Subnormal é o descontrole e desordenamento dos espaços, que tem como características áreas desprovidas de

infra estrutura-minima, promotoras de degradação ambiental e de situações de risco. PROJETO AMBIENTAL

RECUPERAÇÃO DE AREAS DEGRADADAS VOLUME VI. PREFEITURA DE RIO BRANCO. SEDOP.

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nenhuma infra-estrutura e que acaba sendo transformado. O relato através de entrevista é a principal ferramenta para se perceber o discurso modernizador em suas falas, que de certa forma estava presente antes, durante e após a execução do projeto. As entrevistas possibilitam a oportunidade de conhecer um pouco mais do caráter, da experiência e das lutas enfrentadas por moradores e moradoras para constituírem o bairro.

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CAPITULO I

UM BAIRRO SOBRE ALGUNS OLHARES: A MODERNIDADE URBANA E AS CENAS DE UM COTIDIANO SOCIAL.

Ao abordar esse tema Bairro Mocinha Magalhães, pesquisei a formação enquanto era apenas uma ocupação e logo a sua constituição de bairro, ainda quando era apenas um hortifrutigranjeiro, com caminhos feitos pelos moradores. Até passar maquinas para fazerem as ruas, e as ocupações dos novos moradores vindos de bairros vizinhos ou até mesmo distantes, até a mudança marcada pelo urbanismo moderno, que se configura na estrutura básica: ruas, águas, luz, esgoto e moradia.

O bairro Mocinha Magalhães foi formado por moradores tanto na zona rural, quanto da própria cidade, oriundos de bairros vizinhos, que trouxeram suas experiências suas vivencias para essa nova constituição de moradia que seria o bairro, que neste local fizeram suas residências ao seu modo, e as transformações foram ocorrendo, ora quando não possui ruas, somente caminhos, ora quando se fizeram as ruas, no entanto sem asfalto, mas suas primeiras vitórias. Ao constituírem o bairro com características próprias de vizinhanças, com as mercearias ou botequins. E buscarem por melhorias sem ser assistido pelo município.

Encontraram-se até este momento esquecidos pelo poder estatal, então no ano de 2000 um estudo é feito, um levantamento de dados, para a proposta de um projeto que modificaria o bairro, e essa população vivenciará um novo momento, a revitalização. Portanto é relevante se fazer um estudo sobre o bairro, essas mudanças estruturais, acima de tudo como os moradores reagiram a ela. Observando a noticia dos jornais do período, o documento projeto e as fala dos moradores.

A priori para o inicio deste trabalho a proposta é de trazer a historia do bairro, percebendo-o nos âmbitos físico e social, principalmente dialogando com os acontecimentos na cidade de Rio Branco no período de sua formação, conhecendo assim, que são os sujeitos que vieram ocupar o bairro, como encontrava-se a área aonde iria se localizar o bairro, como foi ocorrendo às transformações até a chegada do projeto de Reurbanização do bairro, através dos vários olhares, jornais, fotos, documentos e entrevistas, obtendo assim uma visão maior do que era e no que estava se transformando o bairro.

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1.1. A FORMAÇÃO DO NOVO TECIDO SOCIAL DE ESPAÇOS DESIGUAIS NA CIDADE DE RIO BRANCO.

A década de 1990 institui na cidade Rio Branco um novo foco de constituição sócio-ambiental, posto pelo plano diretor e no programa de governo de Jorge Viana 1992, que a partir dos anos 2000 a cidade passa por um processo de reestruturação urbanística, vive nesse momento uma nova formação, que já não é a de seringueiros vindo dos seringais, aqui se encontra uma nova geração que pode ser filhos ou netos, mas que estão acostumados ao meio urbano, que de certa forma tem-se hábitos da cidade, ou também em contrapartida são moradores que já viveram na cidade foram para colônias e agora formam novos bairros na cidade de Rio Branco.

Dessa forma, ao se analisar a malha do urbanismo da cidade de Rio Branco podemos conceber três momentos históricos diferenciados que constituem o processo de urbanidade: na década de 1970 que se caracteriza por uma cidade sem nenhuma infra-estrutura para absorver o êxodo rural evidenciado nesse período por trabalhadores rurais e seringueiros expropriados o que podemos chamar de ressignificação dos espaços urbanos, na década de 1980 a 1990, no bairro de Taquari procurando entender como os ex-seringueiros constituíram suas vivencias sociais, portanto, os bairros ainda são caracterizados como uma reapropriação de seringais em espaços urbanos.

Na tabela abaixo podemos observar a diferença no contingente populacional entre zona rural e zona urbana.

Tabela 1: Evolução Demográfica do Município de Rio Branco

Década 1980 1991

Zona Rural 29.370 28.697

Zona urbana 87.633 168. 679

Total 117.103 197.376

Fonte: IBGE Censo Demográfico, extraído (Souza, 1998, p-35) e (Barsa Planeta Ltda)

Observando esta tabela obtemos a informação que na década de 80 era em maior número a população rural em relação à zona urbana, no entanto, em 1991 o contingente

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populacional de zona urbana está bem maior que na zona rural, isso explica o interesse migração maior para cidade, e a formação dos novos bairros.

A análise da rede urbana da cidade de Rio Branco apresenta-se como um dos fatores de explicação para o desenvolvimento de políticas pública relacionados à situação de habitação e segurança pública sendo que o numero total da área do Estado do Acre e de 153.149,90 deste o município de Rio branco possui 9.962,40 km, sendo na área urbana o equivalente a 65,51km.

A situação da área urbana implica no processo de crescimento demográfico, que a cidade de Rio Branco apresenta desde a década de 1940 e seu gradual crescimento até os dias atuais. Ao observarmos o gráfico torna-se explicito no que abrange a área urbana.

Gráfico 1: Densidade Demográfica 1940 a 1996

4.945 9.371 17.104 35.578 87.633 168.679 201.347

Densidade demográfica do município de Rio

Branco 1940 a 1996

1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996

Fonte: FIBE - CENSOS DEMOGRÁFICOS

Conforme o gráfico acima, podemos observar que em 1940 representado pela área azul escuro o contingente populacional é de 4.945, já entre a os anos de 1970 e 1980 áreas lilás e azul, há um acréscimo de quase 53 mil habitantes, este período culmina com a vinda dos ex-seringueiros que vieram tentar uma vida nova na capital.

Entretanto, a década de 1990 se apresentando sob signo sócio-ambiental traz em seu bojo um contingente social, também expropriado, desta vez uma expropriação urbana percebida pelo crescimento demográfico da cidade de Rio Branco, e é justamente nesses crescimentos que surge outros bairros.

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A maior parte dos bairros são formados sem mínimas estruturas básicas, na qual são os próprios moradores que criam seus meios de subsistência, como os caminhos, as divisões dos lotes, os poços e banheiros, a qual traz semelhanças das primeiras formações, as de seringueiros que vieram para cidade e formaram seus bairros ao redor ou mais longe do centro, isso na década de 1970, no entanto, aqui os moradores e as situações de formação são outras.

A cidade de Rio Branco na década de 90 sofria mudanças em sua estrutura, com vários bairros oriundos de ocupação, sem infra-estrutura e com desejo de melhorias por parte dos moradores. Porém, à medida que os anos passam e as condições estruturais do bairro melhoram, o valor da terra aumenta, mesmo que seja oriundo de ocupações.

Partindo desse pressuposto de especulação imobiliária, devemos compreender que para se ter acesso a um pedaço de terra é necessário pagar por ela, isso é expressão do seu valor, o espaço-mercadoria, na qual o espaço apropriado aparece como propriedade de alguém e também como diferenciação de classe, de seu poder econômico, político e social, por esse motivo a maioria dos bairros considerados “periféricos” é cheio de carências materiais. E na maioria das vezes as pessoas não podem comprar em um lugar com infra estrutura melhor, pois não tem condições financeiras.

Nessa perspectiva a parcela da população de menor poder aquisitivo buscam as em que os terrenos são mais baratos, no entanto, estes são mais baratos devido à ausência de infra-estrutura.

Ao analisar as grandes metrópoles e cidades brasileiras percebemos como os bairros considerados periféricos localizam-se afastados dos grandes centros comerciais.

Este que nos permite considerar que a periferia constituída na Cidade de Rio Branco tenha em seu processo histórico, características de elementos sócio-estruturais que podem ser identificadas como: falta de saneamento básico, atendimento médico-hospitalar, escola, coleta de lixo, se existentes, apresentam precárias condições de uso e serviços. Bem como, situação de carências socioeconômica da maioria dos moradores de bairros periféricos.

Porquanto, o que caracteriza um bairro periférico na cidade de Rio Branco não é a distância geográfica entre este em relação ao Centro comercial, mas as condições sócio-estruturais que se apresentam nesse espaço urbano.

A cidade é cheia de contraste na forma de morar e nos modos de vida, e em alguns locais o espaço é ordenado e em outro totalmente desordenado, na qual se reproduz de forma desigual e contraditória do ponto de vista das classes, onde se fundem os interesses do Capital, do Estado e a luta dos moradores como forma de resistência e luta pelo direito a

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cidade.

A autora Arlete Moysés em seu livro “Moradia nas Cidades brasileiras” discorre sobre a importância do Estado marcando presença nos consumos coletivos, neste trabalho foi denominado de infra-estrutura básica, e nos leva a perceber que na realidade é a ausência desses elementos que concebe o que chamamos de periferia, começando pela ausência dos agentes que produzem o espaço urbano.

Dentre os vários agentes que produzem o espaço urbano, destaca-se o Estado, que tem presença marcante na produção, distribuição e gestão dos agentes de consumo coletivo a vida na cidade. Entre os consumos coletivos mais importantes no atual contexto histórico, destacam-se: o abastecimento de água, luz, telefone, e a instalação de redes correspondentes: sistema viário e transporte coletivo; espaços coletivos de lazer e esporte, equipamentos e serviços de saúde, educação e habitação para as chamadas classes populares” ( RODRIGUEZ,2001, P.

20)

Este trecho nos apresenta o que autora chama de consumo coletivo, e que no decorrer do trabalho apresento como infra-estrura básica. Esta que por sua vez, os moradores do bairro Mocinha Magalhães desconheciam em seu cotidiano, onde o município, a qual a autora denomina agentes que produzem o espaço urbano, não tiveram presença marcante, logo o bairro sofre essas carências e seus moradores iniciam a busca para obter melhorias.

Nessa busca por melhorias, os moradores fazem manifestações das mais diversas formas, e o agente, denominado neste trabalho como prefeitura, é obrigada a responder a essas ações, para ouvir, justificar ou prometer soluções. Os moradores do bairro Mocinha Magalhães, a exemplo de outros, buscaram suas melhorias, pediram condições para se morar dignamente.

No entanto, os moradores do bairro mocinha Magalhães foram atendidos com benefícios mínimos, como luz, coleta de lixo escola e modulo de saúde com funcionamento em condições precárias. Somente 10 anos depois de sua formação, os moradores receberam a noticia de que foi elaborado um projeto que beneficiaria a estrutura ambiental e física do bairro.

Esse projeto foi financiado pelo BID através do Programa habitar Brasil, que visava melhorar a os padrões de habitabilidade e qualidade de vida dos moradores, principalmente os que moravam em área de risco e de preservação ambiental. Para isso foi realizado um diagnóstico sócio-econômico do bairro, e apartir dele foi elaborado o projeto e o recurso foi liberado, que segundo o Jornal A Gazeta, datado do dia 4 de Abril de 2002, a prefeitura de Rio Branco recebeu 8 milhões do BID para a realização das obras, que foi além dos consumos

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coletivos básicos traz a reordenação do espaço e a preocupação ambiental.

Neste mesmo período outros bairros sofriam mudanças, como obras de duplicação da BR 364, Parque do Tucumã, asfaltamento das ruas de vários bairros e da estrada do Calafate. Desta forma percebemos que as obras do Mocinha não estavam desvinculada das mudanças que ocorriam na Cidade de Rio Branco.

Podemos analisar assim esse processo de urbanização como uma forma de ocupação concentrada na área urbana, e logo de mudanças estruturais do espaço. É esse sentido da palavra urbanização que foi utilizado na apresentação desta pesquisa, de mudanças estruturais e física do espaço estudado.

Diante disso temos uma compreensão acerca do conceito de bairro periférico tendo uma visão da rede urbana na década de 90, inclusive as mudanças em outros locais da cidade, para perceber que o bairro Mocinha fazia parte de uma malha que estava modificando-se estruturalmente na cidade de Rio Branco. Diante disso percebemos que o projeto de reurbanização do bairro Mocinha Magalhães teve um diferencial de outras obras públicas que ocorreram até os dias atuais, pois houve um estudo e um planejamento.

1.2 O BAIRRO MOCINHA MAGALHÃES: ENTRE OLHARES DO PODER PÚBLICO E AS EXPERIÊNCIAS SOCIAIS.

Esta pesquisa faz uma analise de três momentos vividos no bairro, o da ocupação, da execução das obras e após as obras. No entanto neste item, busquei contextualizar e analisar os olhares acerca do projeto e sua execução, utilizando fontes do Jornal a gazeta, o projeto e fotos do bairro.

O bairro em questão sofreu muitas mudanças em sua estrutura, de certa forma uma modernidade urbanística, percebemos quando observamos sua estrutura atual, nas ruas, nas residências, no saneamento básico, ou seja, tanto pelo contexto do crescimento demográfico, quanto pela intervenção e organização do espaço.

No entanto nem sempre foi assim, as terras na qual hoje esta situado o bairro, eram matas inexploradas, que não possuía estrutura nenhuma. Com a chegada dos primeiros moradores que dividiram os lotes entre si, e ali constituíram suas moradas, fazendo seus lotes e residências, esse espaço tornou-se para muitas famílias um tipo de chácara, no entanto não tinha aspecto de bairro, pois além da divisão ser enorme (100x100), as famílias para seu sustento tinha plantações hortifrutigranjeiras em seus quintais, como também criação de galinha, porcos entre outros.

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levando em conta que a cidade de Rio Branco já havia sofrido diversas mudanças urbanísticas na paisagem estrutural. De certa forma há esse dinamismo campo-cidade-campo, o que o autor Milton Santos traz em seu estudo sobre a urbanização brasileira, onde as regiões

agrícolas contêm cidade: as regiões urbanas contêm atividades rurais2.

Segundo os relatos dos primeiros moradores esse local era de difícil acesso em sua formação devido ter muitas matas, embora o bairro estivesse localizado próximo ao Conjunto Tucumã e Distrito Industrial, que já eram urbanizados, essas pessoas enfrentaram Igapós e a mata, construindo suas vidas, e assim mudanças foram ocorrendo em sua estrutura. No entanto, todo bairro precisa de ruas, luz, água, e deve ser assistido pelo poder estatal, o que no bairro não ocorreu ate o ano de 2001, com a intervenção.

Os moradores ouviam muita promessa de seus governantes, sobre melhorias no bairro, como asfaltamento nas ruas que era a maior reclamação dos moradores, esta só foi realizada com a execução do projeto financiado pelo BID na qual foi chamado Projeto Bem viver. Em relação às promessas, o jornal a gazeta do dia 3 de Maio de 2000, intitulado

Urbanização da periferia, ainda no mandato do Prefeito Mauri Sergio, falava da operação de

urbanização da cidade de Rio Branco, e se reunia com os moradores do bairro Mocinha para falar que o bairro fora incluído.

Um dos bairros incluídos no cronograma será o bairro Mocinha Magalhães, onde moram cerca de 2 mil famílias. O bairro foi fundado a cerca de 8 anos e não recebeu nesse período nenhum beneficio da administração municipal. O prefeito garantiu o acesso de inverno e verão na rua principal do bairro, atendendo toda a comunidade com o transporte coletivo. 3

Neste trecho podemos perceber que o bairro foi fundado a mais de oito anos e não recebeu nenhum beneficio da administração municipal, em outras palavras, o bairro cresceu sem ser assistido pelo município que é um dos representantes do Estado, que por sua vez é responsável e agente produtor do que chamamos de infra-estrutura básica. E o prefeito garantiu o acesso na rua principal, pois até então não era asfaltada, o que dificultava o acesso no inverno. Na continuação dessa matéria o presidente do bairro reafirma as promessas que o prefeito fez aos moradores.

“Eu considero a reunião positiva até por que o prefeito falou sem arrodeios (sic) e garantiu dar condições para a rua principal do bairro. Se tivesse prometido intervir em todas as ruas nós ficaríamos preocupados”. Disse o presidente

2 SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. Hucitec. São Paulo, 1993.p. 17 a 23 e 65 a 68 3 Jornal A Gazeta, N° 4.312, Rio Branco-Acre, 3 de Maio de 2000: Urbanização da periferia. p. 6

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da associação de moradores do Bairro Mocinha Magalhães.4

No entanto, essas promessas não se concretizaram, as ruas permaneceram da mesma forma que fora ao longo de oito anos, cheia de promessas. Em abril de 2002 o jornal A gazeta noticia que a prefeitura recebe de 8 milhões de reais do BID para obras e a assinatura é feita pelo então Prefeito Flaviano Melo e o representante da secretaria especial de Desenvolvimento urbano, Ambrósiono de Serpa Coutinho na escola Ilka Maria de Lima, localizada no bairro.

Para a Prefeitura de Rio Branco levar água, esgoto e pavimentação a população urbana é um grande desfio, mas a administração espera apresentar até o final de 2003 um modelo de habitação com qualidade. Parte desse objetivo se consolida hoje com o repasse entre prefeitura de Rio Branco e Secretária Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República para a urbanização do Bairro Mocinha Magalhães. Rio Branco é um dos 100 municípios beneficiados com recursos do projeto Habitar/BID(...).A cidade com quase 50% dos habitantes do Acre tem garantido mais de R$ 8 milhões.5

Na realidade, para prefeitura não seria um grande desafio levar agua, esgoto e pavimentação, mas o real problema seria a administração apresentar esse modelo de habitação até o final do ano de 2003.

Antes desse repasse da verba entre a prefeitura de Rio Branco e a secretaria Especial de Desenvolvimento urbano da Presidência da Republica destinado ao bairro, foram feito diagnósticos sócio-econômico, cultural e ambiental com os moradores através de pesquisa, elaborando um Projeto de reurbanização com seis volumes: Urbanístico, de hidrologia, de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de Drenagem pluvial e ambiental. Esses projetos foram concluídos em Dezembro de 2001, no entanto somente em 28 de janeiro de 2003 o Projeto foi apresentado.

O projeto completo das obras de urbanização do bairro Mocinha Magalhães, um dos mais carentes de Rio Branco e que beneficiará 773 famílias das quais 72,72% tem uma renda familiar de apenas três salários mínimos por mês, será apresentado as quatro horas da tarde de hoje, no auditório da prefeitura ao prefeito Isnard Leite, vereadores, secretários e a imprensa.6

Em 2002 o ex-prefeito Flaviano Melo assinava o recebimento da verba para as obras, em 2003 quem apresentou o projeto foi o prefeito Isnard Leite e em seu mandato é dado inicio

4 Jornal A Gazeta, N° 4.312, Rio Branco-Acre, 3 de Maio de 2000: Urbanização da periferia. p. 6 5

A Gazeta, N°: 4.883, Rio Branco-Acre, 4 de Abril de 2002: Prefeitura recebe R$ 8 milhões do BID para obras. p. 8

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as obras, já com valor maior, e que segundo o jornal foi oferta do próprio BID como premiação.

As obras, que por sinal já foram iniciadas, tem previsão de onze meses para ser concluídas. Elas consumirão R$7.198.045,00, quando a estimativa era de seis milhões, mas foi aumentada por oferta da própria consultoria do banco Interamericano de construção (BID) como premiação pelo projeto inicialmente elaborado pela equipe municipal. O financiamento faz parte do programa Habitar-BID, que em Rio Branco, no caso especifico do Bairro Mocinha Magalhães leva o nome de projeto Bem Viver.7

As obras do projeto bem viver tinha estimativa de consumir seis milhões, mas o BID decidiu aumentar esse valor. No entanto o valor destinado não era de 8 milhões? Aumentou quanto então? As obras tinham previsão de onze meses para ser concluída, entretanto nesse mesmo ano foi paralisada.

Na apresentação do projeto bem viver o prefeito Isnard Leite e sua equipe falaram sobre os motivos de escolha, quais prioridades para a execução das obras e problemas possíveis a ser enfrentado, e falou sobre os 350 empregos que seriam gerados.

Além disso, a obra deverá impregnar uma média de 350 pessoas durante todo o período, havendo momentos em que esse numero deverá atingir 500 trabalhadores. Considerando os dados sócio-econômicos da comunidade há orientação de que a empresa utilize o máximo possível de moradores do próprio bairro.( continuação da

matéria)8

Nestes meses iniciais as obras estão aparentemente sendo executada, inclusive em Fevereiro de 2003 o jornal intitula os moradores do mocinha comemoram obras e fala dos benefícios que

Até o final do ano, o bairro Mocinha Magalhães terá 100% de ruas pavimentadas e os moradores, agua tratada. O bairro também será o primeiro em todo o Acre a contar com um sistema de coleta e tratamento de esgoto, que hoje é lançado diretamente, no igarapé São Francisco. As unidades domiciliares terão um excelente padrão de qualidade. Além de reconstruir casas de famílias que moram em área de risco de desabamento, a prefeitura vai distribuição kits de construção para pequenas reformas.9

Porém em abril do mesmo ano, o jornal noticia o atraso do repasse de recursos do projeto pela Caixa Econômica Federal, que obrigou a construtora Slump engenharia a suspender mais de 20 dias as obras de construção. O proprietário da Slump engenheiro Ricardo Melo se justificou:

7

Idem

8 Idem

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“Começamos a trabalhar em janeiro e até agora não recebemos nenhum centavo da Caixa Econômica Federal que é o órgão gestor financeiro da obra. Com esse atraso a conclusão das obras que estava prevista para o final do ano, o prazo para entrega será ampliado até o ano que vem”. Frisou10.

Segundo o engenheiro, a empresa Slump não havia recebido o devido pagando, que já havia desembolsado 800 mil reais, por isso paralisaria as obras até pelo menos o pagamento da primeira parcela, e isso acabou gerando atraso no término das obras. E acabaram dando a previsão para final de 2004, e enquanto o repasse não era destinado a empresa as obras ficaram paralisadas, algumas buracos que foram abertos para a instalação das redes de esgoto ficaram sem serem concluídos causando muitos transtornos aos moradores.

Nas fotos a seguir extraídas do próprio Jornal A Gazeta de 11 de abril de 2003 em relação à suspensão das obras, podemos observar como se encontrava algumas ruas que estavam sendo feito as redes de esgoto.

Nas fotos 1 e 2 podemos observar o tamanho dos buracos nas ruas que dificulta até o trafego de veículos, essa paralisação causou revolta nos moradores, que moravam em um bairro que sempre foi intrafegável nos períodos chuvosos e com essas verdadeiras valas sua preocupação aumentava principalmente os comerciantes, que impossibilitava de qualquer carro passar, e os moradores acabavam se sentido prejudicado no seu direito de ir vir.

As obras foram retomadas 3 meses depois em julho de 2003, mais uma vez foi

10 A Gazeta, N° 5.167, 11 de Abril de 2003: Atraso de recursos suspendem obras em bairro modelo. p. 9

. Fonte: Jornal a Gazeta.

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necessário explicar a paralisação e o custo final aumentou de 8 milhões para 12 milhões.

A obra, iniciada em meados de 2002, ficou paralisada de Março a junho deste ano por pequenas divergências técnico-administrativas entre a prefeitura de Rio Branco e a caixa Econômica Federal, órgão responsável pela fiscalização e repasse de parte dos recursos do financiamento do mais audacioso projeto da administração Isnard Leite. O projeto da infra-estrutura de um dos bairros mais carentes de Rio Branco.O custo final da obra será de R$12 milhões.11

Segundo o relatório12 cedido pelo SEDOP, a Empresa SLUMP Engenharia vencedora do certame para execução das obras, teve varias dificuldades, paralisando as obras por 3 vezes durante o período de janeiro de 2003 a Dezembro de 2004, onde a principal alegação da empresa era a demora no pagamento dos serviços, e a mesma executou apenas 19% do contrato.

Em Janeiro de 2005, a empresa SLUMP dar lugar a 3 novas empresas ETENGE, ADINN construção e SEC SERV de Engenharia e construção LTDA, e quem assume essa nova fase do Projeto é o Prefeito Raimundo Angelim, em 21 de Junho de 2005 ele discursa sobre atraso na gestão anterior.

“Em nossa gestão não vamos nunca esconder nada de ninguém, nem queremos enganar ninguém nos bairros com promessas que não podemos cumprir”, destacou o prefeito, ressaltando que desde novembro do ano passado, antes mesmo da nova administração já trabalhava na viabilização do projeto. Pelo prazo original, ele deveria estar concluído em Dezembro de 2003 e esta condição obrigou aos novos gestores a refazê-lo totalmente.” Desde novembro vimos tentando desatar nós por ingerência dos administradores anteriores”, frisou Angelim.13

Esse projeto já estava em vias de cancelamento, que segundo o relatório a equipe da UEM (Unidade Executora Municipal) tentava resolver pendências apontadas pela Caixa, depois de resolvidas as obras foram retomadas.

Diante disso, percebemos como se realizou o processo de urbanização no bairro Mocinha Magalhães, onde o projeto passou por quatro diferentes administrações, a de Flaviano Melo, Mauri Sergio, Isnard Leite e Raimundo Angelim. Atraso de recursos e como consequência atraso nas obras. São olhares, maneiras de executar, formas de lidar e prometer diferentes. Mas em um ponto estes são parecidos, no que tange a verba do projeto que foi destina a cidade de Rio Branco e passou pela Prefeitura.

11 A Gazeta, N° 5.25, 25 de julho de 2003: Obra de reconstrução do bairro Mocinha Magalhães está em ritmo

acelerado. p. 6

12 Este relatório fez uma avaliação mostrando os as metas, as dificuldades e os objetivos alcançados na obra. 13 A Gazeta, N°: 5.902, 21 de Junho de 2005. Obras do Mocinha Magalhães podem começar em 20 dias. P. 7

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1.3 CENAS DO COTIDIANO SOCIAL DO BAIRRO MOCINHA MAGALHÃES.

A partir de estudos e leituras de jornais, documentos oficiais e nos relatos dos moradores, procurei entender as cenas do cotidiano que retratam as experiências e desigualdades sociais resultante do crescimento demográfico na cidade de Rio Branco.

O bairro Mocinha Magalhães apresentou melhoras significativas no que se diz respeito ao modelo de urbanismo, os jornais nesse período chamaram-no de Bairro Modelo, ainda se pode perceber a mudança social em razão das mudanças estruturais e ambiental, realizadas pelo poder público. .

Até o ano de 2004 as ruas do Bairro Mocinha Magalhães em períodos chuvosos eram intrafegáveis, locais próximo aos igarapés inundavam, corriam o risco de doenças devido ao acumulo dessas águas que muitas vezes traziam a sujeira dos banheiros sanitários, que por sua vez não tinha fossa, e essas famílias acabavam expostas a esses perigos e também de animais peçonhentos. Podemos observar isso nas seguintes fotos:

A imagem 3 é da rua da baixada da Ingá, uma da áreas considerada de risco ambiental por se encontrar localizada próxima ao Igarapé São Francisco, e a imagem 4 é a rua da Laranja ainda de barro e com algumas casas em construção, inacabada. As duas fotos apresentam os períodos mais complicados para os moradores que necessitavam trabalhar, estudar e passear, e devido os moradores terem que conviver com essa situação, de muitas vezes passar por dentro de poças d’água, ou mesmo ter suas casas e ruas inundadas, foi um dos fatores para considerar a área como subnormal.

Fonte: Slide Regularização fundiária, SEDOP.

Imagem 3. Baixada da Ingá alagada Imagem 4. rua da Laranja com poças d’agua e

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Outra característica de origem subnormal, são as ocupações desordenadas as margens de rios e igarapé, como ocorreu com muitos bairros periféricos e ainda ocorre nos dias atuais, de certa forma contribuindo para o alto índice de riscos sociais.

Ao analisarmos essa origem subnormal e alto índice de risco social, encontramos algo que vai além da estrutura, chegando à forma de experiências e práticas sociais. O planejamento principio do bairro foram feitos por moradores, e eles que decidiram onde passaria ou onde seria o beco, em que local ficaria a igreja e o campo de futebol.

Os motivos para esses moradores construírem suas casas nestes locais considerados de risco são diversos, um exemplo é a proximidade do rio, remetendo-nos ao beneficio de água e alimentos, reproduzindo suas vivências em colônias, na qual trazem consigo esse modo de vida. Outro exemplo é a exclusão social de outro local.

No entanto a partir do processo de urbanismo, no fazer-se urbano desses moradores, a moradia trouxe novas necessidades, por isso a busca por luz, água, asfalto ao longo dos anos, e o direito para viver dignamente, usufruindo dos bens urbanos.

Percebe-se que esses moradores reproduziram seus modos de vida rural no bairro, no entanto acabam por adaptar a nova forma de vida urbana e a buscarem por melhorias ao local de moradia junto aos governantes. Entretanto as esperanças acabavam em promessas, e quando finalmente esta esperança é depositada em um Projeto financiado por um Banco Internacional, o que nos remete algo de responsabilidade extrema, que deve ser executado com clareza e a contento, a Empresa responsável pelas obras têm problemas com a Caixa Econômica Federal responsável pela liberação dos pagamentos, logo nos primeiros meses de execução.

Os moradores veem nesta execução das obras suas ruas em condições intrafegáveis, como outrora já ocorria sem o projeto, pois a paralisação gerou isso nos moradores. A partir de 2004, e essa obras são retomadas novamente, com elaboração de novas pranchas de projeto com localização de novos pranchas de projetos com localização das unidades habitacionais, levantamento

sócio-econômico, desembaraço de todos os processos de litígios entre outros14. É nesse período que se começa

as reuniões, visita domiciliares, passeatas, pois o projeto ganha uma nova verba para a continuação das obras.

É importante informar que as fotos e gravuras utilizadas neste e nos próximos capítulos, que apresentam as obras, são fontes da nova fase do projeto durante o governo do Prefeito Raimundo Angelim, aqui tomadas como fonte de um slide de apresentação das obras

14 Relatório do projeto de Urbanização, que descreve os objetivos, situação, mobilização financeira, processo e

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utilizado para explicar o projeto aos moradores, e depois das obras concluída foi enviado a Brasília.

Ao percebermos nessas mudanças estruturais ocorridas no bairro fica claro o antes e o depois da urbanização, principalmente na estrutura, as mudanças das ruas, das casas, da forma de ver o próprio bairro e desses moradores se enxergarem.

Nas entrevistas pude estar mais próxima dos moradores de sua realidade, e perceber através de suas falas que, cerca de 43,3% dos entrevistados, que o local de morar é uma de suas identidades. Embora houvesse um beneficio maior, o saudosismo de suas moradas fazia parte de suas lembranças. A foto a seguir foi cedida pela moradora da rua da Cajarana, Quezia Ferreira Vaz, 23 anos, moradora há 16 anos no bairro, ela foi remanejada da rua do Limão porque morava em beco.

Na primeira foto 5 Quezia é a do meio ela tinha seis anos e está com duas amigas, à seta aponta onde era a rua que, mas parecia caminho e na foto 6 ela já com 14 anos de idade, o antigo caminho se tornou uma rua, ainda de barro, a moradora Quezia, aparenta um rosto de felicidade e ausência de sacolas nos pés, já é um registro das mudanças do bairro.

Podemos observar ainda na foto 5 o aspecto físico do bairro, a seta aponta para os chamados caminhos, e não há cercas, que tem características do inicio de ocupação. O local onde as meninas estão fazendo pose para foto é o quintal onde Quesia morava. Na foto 6, no ano de 2000 podemos observar a paisagem modificada, a ruas feitas e os quintais cercados.

Essas duas imagens nos apresentam de uma forma geral, as primeiras mudanças de um bairro que cresce sem ser assistido pelo estado, uma mudança ao longo dos anos, da

Fonte: Fotos pessoal de Quesia Ferreira Vaz

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vizinhança, das formas de habitar.

No inicio da formação e antes do asfaltamento, nos períodos que não era de chuva, as pessoas levavam suas vidas normalmente, por esse motivo o maior desejo dos moradores era o asfaltamento, pois os mesmos não tinham essa visão de proteção ambiental e de risco social, esses benefícios restantes foi o diferencial das outras obras na cidade de Rio Branco, inclusive o valor desta execução foi bem maior do que outros viabilizados nesse âmbito até os dias atuais.

Portanto essas cenas nos apresentam como o bairro Mocinha Magalhães foi resultado do crescimento desigual na Cidade de Rio Branco devido à circunstância de sua formação, a forma de os moradores reproduzirem suas vidas, a própria infra-estrutura do bairro na qual apresentei nas imagens da moradora Quesia.

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CAPITULO II

RECOMPONDO PASSADOS

Neste capitulo o trabalho aborda a historia do bairro desde o momento de sua formação, esse recontar da busca individual e coletiva dos sujeitos pela moradia, onde se reproduz no espaço o seus desejos e modo de vida, um bairro que foi feito pelos moradores sem serem assistido pelo município e 10 anos depois é contemplado com um Projeto de revitalização urbanística do Espaço, sendo que os moradores permaneciam em suas casas, vivendo suas rotinas em quanto às obras aconteciam. Apresentando também sujeitos que foram reordenados, outros que tiveram parte de seus terrenos pedidos pela prefeitura.

Recompor passados é antes de tudo, resgatar a história do presente, onde o passado, que é o objeto de estudo do historiador é tido como realidade histórica, na qual essa prática reproduz discursos, dessa forma “convoca-se para a frente do palco a figura do historiador enquanto subjetividade decisiva para o trabalho artesanal a seu modo, segundo sua leitura recompor um certo passado” 15

.

Para entender e recompor a dimensão social e oficial dos moradores, as fontes utilizadas foram imagens, noticias jornalística e o Relatório de resultado do Projeto, do período proposto. Sendo que este relatório do projeto nos apresenta o valor destinado ao projeto refeito na gestão do Prefeito Raimundo Angelim, conforme vimos no capitulo anterior.

2.1 A HISTORICIDADE DO BAIRRO MOCINHA MAGALHÕES.

O bairro Mocinha Magalhães nos anos de 2001 a 2006 foi revitalizado urbanístico e ambientalmente, comtemplando a estrutura básica: agua, luz, esgoto e moradia. Esse é um processo de urbanização que configura uma infra-estrutura básica que todos os bairros de uma cidade necessitam, no entanto, o bairro outrora em sua formação era desprovido desses itens básicos, o que não quer dizer que o mesmo tenha permanecido estático, ao contrário, modificava-se com o passar dos anos.

Neste capitulo busquei recompor o processo de formação com a ocupação dos primeiros moradores até o advento da execução do projeto no bairro.

O bairro Mocinha Magalhães situa-se entre o conjunto Tucumã e o Bairro Distrito Industrial, sua área equivale a 54 km², e sua população é de 4 mil habitantes. Vejamos sua

15 BOUTIER, Jean; JULIA, Dominique. (Orgs.) Passados Recompostos: Campos e canteiros da história. Trad.

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localização no mapa a seguir:

Fonte: SEDOP

Podemos notar que a sua localização encontra-se entre o Conjunto Tucumã e Distrito Industrial, e a quantidade de ruas que o mesmo possui sendo no seu total 14 ruas, que receberão nome de frutas, são elas: travessa Tucumã, Maracujá, Manga, Laranja, Ingá, Mamão, Melância, Banana, Caju, Do limão, Pitanga e Coco. E atualmente possui passarelas que foram abertas ou que eram antigos becos.

Através de um breve questionário com perguntas direcionadas, para conhecer quem era esses moradores, sua religiosidade, sua opinião acerca da formação e das mudanças ocorridas no bairro.

Este nos apresentou que a maioria dos moradores não considerava o bairro violento, mas disseram existir roubos e tráfico de drogas em alguns pontos, embora o bairro Mocinha Magalhães pelas folhas jornalísticas fosse considerado violento.

As religiões mais frequentadas pelos moradores atualmente são as Evangélicas e Católicas, no entanto, os moradores considerados evangélicos são maioria. Na formação do bairro a religião católica foi predominante.

O bairro surgiu em 1991, oriundo de ocupação de moradores vindos de colônias, municípios e até de bairros vizinhos, seu espaço era de mata virgem, uma área de muito mato,

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na qual eles tiveram que “limpar terrenos”, assim os primeiros moradores como senhor Epitácio Borges, Carlos Guimarães, Manoel Altino e Raimunda Nonata nos relataram em entrevista, como também nos fazendo perceber que embora os motivos da ocupação diferenciavam-se, porém, acabavam igualando-se no sentido de desejo pela moradia.

O nome do bairro em seu inicio era Edmundo Pinto em homenagem ao governador do período, no entanto, quando o Governador foi assassinado assumia em seu lugar o Vice Romildo Magalhães, e foi com ele que os moradores fizeram uma reunião e lhe pediram energia elétrica, e para aumentar as ruas que eram apenas caminhos, lhes cedeu alguns tratores. Em agradecimento a ajuda proporcionada o nome do bairro mudou para Mocinha Magalhães, nome da mãe de Romildo.

No entanto, para compreendermos a forma de vida e habitação nos anos iniciais do bairro, é preciso dizer que essa estrutura foi uma adaptação dos moradores para viverem na cidade de Rio Branco, esses sujeitos vieram em busca de melhorias de vida, logo se percebe o aumento demográfico como apontamos no primeiro capitulo, na cidade são outras relações e modo de vida. Assim as mesmas criam mecanismos de sobrevivência e adaptação ao ambiente que habitam.

Ao retornamos em um estudo sobre sua formação percebemos que o bairro Mocinha Magalhães possuía uma estrutura rural-urbano, o classificamos assim, devido à divisão dos lotes que pareciam chácaras ou até mesmo colônias - pelas criações de animais, as medidas das terras, as formas de vida – e pela pequena propriedade de produção familiar hortifrutigranjeira16, atividades que contribuíam na alimentação e renda.

Ainda que o bairro ao longo dos anos acabe modernizando-se e caracterizando-se urbano, ainda percebemos resquícios rurais que resistem ante a modernidade, como propriedades grandes que se assemelhavam com chácaras.

Em sua formação as moradias foram improvisadas por esses moradores, as casas eram de madeiras e iluminadas por lamparinas e velas, pois não havia luz elétrica. As ruas eram caminhos topográficos feitos por eles mesmos.

Percebemos assim a diferença em espaço ordenado e desordenado, neste caso o bairro foi criado sem nenhuma infra-estrutura necessária, se construindo de maneira desigual, e à medida que cresce reivindica por melhorias.

Segundo o relato dos primeiros moradores, com dois anos que o bairro existia, eles se reuniram com o governador da época para lhes pedir tratores para fazer as ruas e luz

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Imagem 8. Rua da Laranja

elétrica para o bairro, foi cedido, porém somente a rua principal foi contemplada, então os moradores puxavam fios clandestinos para terem luz, os chamados “gatos”.

Os moradores enfrentavam dificuldades nos períodos chuvosos, pois as ruas devido serem de barro tornavam-se intrafegáveis e com o acumulo de poças de águas, e havia constantes inundações nas ruas próximas ao igarapé São Francisco. Segundo os primeiros moradores, na formação do bairro eles entravam com “água na cintura” para fazer suas casas, ou seja, quem decidiu morar nas partes próximas ao igarapé sabia que “alagava” e posteriormente quem decidiu morar no bairro sabia que suas ruas eram de barro e que ele não tinha infra-estrutura mínima.

Esta foto foi tirada dia 3 de junho de 2005, na rua da melância e apresenta como eram as ruas do bairro nos períodos chuvosos, e segundo as apresentações midiáticas essas obras deveriam ter acabado em 2003.

No ano de 2000 foram realizado levantamentos de aspecto sócio-econômico e ambiental. Diante desses dados podemos ter uma visão geral de como se encontrava o bairro em relação às moradias.

As moradias predominantes são as de madeiras (73,34%), seguidas com as de tijolo (24,60%), as construídas com material aproveitado que inclui lona, madeira reaproveitada, tampas de fogão e papelão de caixa de geladeira (1,32) e outros (0,74%). Vejamos no gráfico a seguir:

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Imagens 9 e 10. Foto Casas de madeiras e rua da laranja com mato Gráfico 2. Tipos de moradia no Bairro Mocinha Magalhães

73,34% 24,60% 1,32% 0,74%

moradias no Bairro

Madeiras Tijolo materiais reaproveitaveis outros

Fonte: Projeto Ambiental recuperação de áreas degradas volume VI

Ao analisarmos esses dados percebemos os tipos de moradias existentes. Em geral essas casas possuíam um cômodo, e compartilhado por muitas pessoas, a maioria dos banheiros eram externos e perto dos poços. E maioria das residências era de madeira, e as ruas de barro, conforme podemos observar na foto abaixo.

Podemos observar que a casa central é de madeira e que ao fundo e ao lado também são casas de madeira, e algumas pessoas de vermelho que são os agentes comunitários fazendo visita às famílias, já na segunda foto podemos perceber matos nas ruas e casas de madeira também.

O projeto de revitalização do bairro tinha como objetivo intervir nessas famílias que

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encontravam-se em área de risco, principalmente de inundações, com objetivo de remover dessas áreas e entregar novas casas, como podemos ver no mapa a seguir, as áreas de risco e que necessitariam de intervenção ambiental.

Igarapé São Francisco

Imagem 11. Imagem aérea do espaço do bairro Mocinha Magalhães

Fonte: Slide, regularização fundiária-Mocinha. V2 Brasília. Cedido pelo SEDOP

Igarapé Mocinha Magalhães Demarcação da intervenção

Observando este mapa, podemos perceber que a lista laranja representa a área que necessitou de intervenção, pois são localizadas próximas ao igarapé Mocinha e São Francisco que nos períodos chuvosos acabam inundando essas áreas, a proposta seria tirar essas famílias deste local e abriga-las nas novas residências nessas áreas de cor verde, que por sua vez pertenciam a outras famílias que seriam indenizadas para cederem partes de seus lotes. O que de certa forma acabou gerando conflitos.

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As famílias que residiam em becos ou próximas a esgoto também foram retiradas, pois também era uma forma de enquadrar no novo desenho estrutural do bairro.

Fonte: SEDOP

Neste mapa encontra-se o local foram os becos e vilelas, podemos ver as ruas do bairro, os pontos azuis são as casas que foram retiradas ou quintais cortados para se fazer os becos, já as linhas verde são os becos. As duas imagens a seguir apresentam o antes e o depois da construção das vilelas, percebemos o caminho alternativo feito pelos moradores e o feito pela prefeitura.

Fonte: SEDOP

Imagem 12. Mapa dos Becos e Vilelas.

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Na foto podemos ter uma noção do que os moradores chamam de caminhos, com esta imagem podemos imaginar como era no inicio do bairro, as pessoas fazendo sua divisão de lote e deixando esse caminho para os vizinhos passarem, as cerca são construídas e aquele caminho por ser pequeno demais, tornam-se becos. Na reurbanização o desenho desse beco modifica-se de acordo com o engenheiro que o projetou, por isso moradores localizados fora do desenho precisaram ser reordenados.

As famílias nas condições acima citadas e outras que moravam de aluguel e se cadastraram foram reordenadas de espaço e beneficiadas com casas de alvenaria.

Esses módulos habitacionais possuíam quarto, banheiro, sala e uma pequena cozinha, essas casas são da rua da laranja.

O bairro sempre possuiu uma única escola chamada Ilka Maria de Lima, reivindicação por parte dos moradores, que foi atendida no ano de 1998 quando os moradores juntos com a presidente do bairro a Sra. Therezinha Maria da Silva reuniram-se para receber o Secretário de Educação da época Alércio Dias, que atendeu a reivindicação. Antes dessa data as crianças estudavam no bairro tucumã, que é o bairro mais próximo.

Em relação à saúde, os moradores buscavam atendimento também no bairro Tucumã, pois não havia posto de saúde. Funcionava um modulo de saúde, mas não tinha capacidade de atender toda a população do bairro, sempre estava faltando materiais e pessoas para o atendimento.

Fonte: SEDOP

Imagem: 13. Módulos Habitacionais do Projeto Mocinha

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Fonte: Página 20

Esta foto foi tirada pelo Jornal página 20 online do dia 9 de junho de 2006, nesta casa e que está com um cartaz Projeto Mocinha funcionava como escritório do Projeto, mas antes da obra localizava-se o Módulo do programa Saúde da Família, implantado em agosto de 2000, mas estava funcionando precariamente, e os moradores necessitavam de um posto de saúde para atendimento como pediatria, por exemplo. Por isso, um Posto de saúde foi construído.

Fonte: SEDOP

Imagem 14: Escritorio do projeto Mocinha, antes funcionava um

modulo de saude.

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Este módulo de saúde localiza-se na rua da banana, mas também é motivo de reclamações entre os moradores, devido à falta de alguns serviços. Em frente do modulo encontra-se a creche irmão Mi e Bino.

Nesta imagem aparece a creche que recebeu o nome de Irmão Mi e bino o ao que foi construída com a revitalização do bairro. Esta creche foi resultada da pesquisa que apontou que no período 40% das mulheres eram chefes de família, que enfrentavam dificuldades por não terem onde deixar suas crianças quando saiam para trabalhar.

As melhorias são visíveis, no entanto, a finalização desta obra não foi linear, houve paralisações, denuncias ao ministério público, contratações de novas empresas e revisão no projeto original. A verba destina originalmente foi de 8 milhões, já na fase final estava orçamentada em 12 milhões, o novo projeto encontrou mais gastos? Ou o anterior deixou um furo muito grande?

O relatório do Projeto Mocinha Magalhães, feito pela gestão do Prefeito Raimundo Angelim, após o fim das obras, apresenta os gastos dos recursos financeiros, onde o valor atualizado em Dezembro de 2008 foi de R$13.101.848, 21, sendo que, 85% foi recurso da União e 15% recurso do Município. Foram aplicados 11.137.224, foram aplicados R$ 6.175.536 nos serviços de Abastecimento de água e ligações domiciliares; Esgotamento Sanitário e ligações domiciliares; Drenagem pluvial; Terraplanagem e pavimentação. Na construção de posto de saúde, creche, centro comunitário, praças, quadras, casas e banheiros

Fonte: SEDOP

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aplicaram R$ 4.714.327,93. Já nas ações sociais de mobilização comunitária, educação ambiental e sanitária foi aplicado R$ 247.360,00. Dos 15% equivalente a 1.964.623,78, foram aplicados 1.262.846,58 em revestimento asfáltico, serviço de arborização e limpeza do córrego, aquisição do projeto, desapropriação do terreno e serviços de supervisão de obras. O restante de 701.777,20 foram recursos de contrapartida financeira pagos proporcionalmente a cada mediação das obras. Uma parte desse valor foi aplicado na Ação social denominado Capacitação Profissional no valor de 119.028,90 executado pelo SEST/SENST.

Essa projeto passou pelas mãos de três prefeitos, o primeiro que assinou foi Flaviano Melo, mas foi na gestão de Isnard Leite que se deu inicio as obras e não foi terminada. No período

Na foto abaixo o prefeito Raimundo Angelim está discursando a finalização das obras e a direita a entrega do termo de uso e concessão do solo as famílias, podemos observar vários moradores ao redor do Prefeito e ouvindo-oele falar, uma rua é tomada para o evento, e a presença da mídia e um câmera na lateral. Na foto a esquerda uma moradora pousando para foto, em suas mãos o termo.

Embora esses moradores tenham recebido esse termo de uso, ate os dias atuais não receberam o título definitivo, 5 anos após a finalização das obras

Portanto, são percebível as melhorias na infra-estrutura do bairro, de como o projeto seria executado, esse recompor de um passado tão presente e que mudou a rotina de seus moradores. Percebi o diferencial desse projeto, embora com seus atrasos e irregularidades da parte que estava responsável por executá-lo, os benefícios são elogiáveis, e esses tipos de

Fonte: SEDOP

Imagem 17. Prefeito em discurso na entrega Imagem 18. Moradores dos termo de uso e

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projeto deveriam abranger a toda a cidade de Rio Branco.

2.2 LUTAS E RESISTÊNCIAS

O bairro Mocinha Magalhães desde sua formação é um resultado de experiências sociais que a medida do tempo acaba se constituindo como um conjunto de vizinhanças e companheirismo na luta pelo espaço de trabalho e moradia.

Essas lutas pelo espaço de moradia tornaram-se visível ao observarmos o bairro que crescia sem planejamento, e os moradores que nele viviam acabavam transformando-o na sua visão de bairro, pois o bairro se constitui por grupo de indivíduos que tem interesse comum na moradia, posteriormente terão desejos no que tange a infra-estrutura e por fim cada um na sua individualidade acaba transformando-o no conjunto.

A autora Arlete Moysés nos apresenta a problemática das moradias, para compreendermos como muitos loteamentos, residências ou terrenos, são realizados, - onde os moradores organizam-se, lutam para obter benefícios como asfalto, transporte coletivo, luz, água, escolas creches postos de saúde, etc.

Se o bairro em seu inicio tinha características rurais, era devido os seus moradores projetarem seu modo de vida para o mesmo, se observamos os bairros que surgem atualmente, percebemos como sua característica já surge urbana, como por exemplo: água, luz, as ruas, os lotes de terra, se na década de 70 e inicio de 90, as formações de bairros oriundos de ocupação sem planejamento do estado (Poder) refletiam o rural, atualmente as reproduções são totalmente urbanas.

Algumas coisas permanecem apesar da nova estrutura, no questionário, observei certas permanências, através das entrevistas com questionários, lhes perguntei se faltou alguma coisa no bairro com essas mudanças, e 66,6% reclamaram da iluminação, ora por vir cara demais, ora por certos lugares ficarem mais perigoso devido à falta de iluminação no local. 6,4% disseram que faltaram incentivo aos Jovens, 10% reclamaram do Posto de saúde que muitas vezes falta medicamento, ou enfermeiros. No entanto, 75% dos moradores reclamaram da falta de um posto policial, e 10%disseram que tudo estava bom.

Diante disso, percebemos que mesmo com uma mudança que previa grandes melhoras no bairro, os moradores ainda sentem que não cumpriram o planejado, pois deixaram sem manutenção, como limpeza das ruas e consertar algumas ruas que estão com buracos, quadras que estão abandonadas, demora na coleta do lixo, algumas ruas sem iluminação, posto de saúde com deficiência.

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bairro modelo, creio que esse nome não deu certo devido às várias paralisações que atrasou as obras, mas sendo ou não um bairro modelo, certas coisas acabam permanecendo, ou mesmo se repetindo como essas reclamações de abandono nas manutenções, o bairro sempre viverá em constante mudanças, independente de serem assistido ou não pelo município. O bairro sempre precisará da atuação do responsável pelos consumos básicos.

Os moradores lutaram para se construir a escola Ilka Maria de Lima, pelo Centro comunitário, pelo asfaltamento, e nessa luta ouviram muitas promessas como do Prefeito Mauri Sergio, conforme apresentei no primeiro capitulo, prometendo asfaltar a rua principal, Travessa Tucumã, ou as várias retomadas das obras que estavam paralisadas.

Essas paralisações incomodaram os moradores, que eram os principais prejudicados com as obras inacabadas.

Fonte Jornal a Gazeta

Esta foto foi tirada do Jornal A gazeta do dia 18 de maio de 2006, onde os moradores protestavam contra essas paralisações das obras em frente ao Tribunal de contas da União (TCU), eles estavam com 1,7 assinaturas e com cartazes que diziam: “chega de confusão, queremos a conclusão do projeto”, e “Queremos Paz”. E o Jornal página 20 desta mesma data explica os motivos:

As obras foram suspensas pelo TCU a pedido do ministério Público Federal por causa de denúncias de má aplicação de recursos que teriam sido realizadas na administração passada. A atual administração renegociou as pendências para liberar o financiamento com as obras sendo realizadas por outra empresa que ganhou a

Referências

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