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INSS. Direito Previdenciário Apostila Aula 1. Prof. Eduardo Tanaka. I Seguridade Social

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Atualizada 04/05/2010 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores

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Título: Direito Previdenciário

Sub-título: Parte Geral, Custeio e Benefícios. Englobando toda matéria exigida pelo edital da última prova da Receita Federal do Brasil realizada em 12/2005 (AFRFB) e 02/2006 (TRF).

Notas do Autor

Esta apostila tem como por objetivo servir para o estudo da previdência social. Mais especificamente àqueles interessados em concursos públicos para Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil.

Através de uma linguagem objetiva e exemplos claros, procurei tratar a matéria, assim como faço em minhas aulas, de modo ilustrativo, a cada ponto abordado, de forma a passar todo o conteúdo exigido para lograr sucesso em concursos públicos da Receita Federal do Brasil, Polícia Federal, INSS, entre outros.

Também, procurei organizar os exercícios que serão realizados em sala de aula de forma a proporcionar um aprendizado crítico e sedimentado do Direito Previdenciário.

Prof. Eduardo Tanaka

“Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho

e sobre ele lança a força de sua alma... Todo o universo conspira a seu favor!” Goethe “Viver, e não ter a vergonha de ser feliz;

cantar, e cantar, e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz.

Eu sei que a vida devia ser bem melhor, e será; mas isso não impede que eu repita,

é bonita, é bonita e é bonita” Gonzaguinha.

I – Seguridade Social

Origem e evolução legislativa no Brasil

A proteção social no Brasil surgiu primeiramente com a iniciativa privada, cuja adesão era voluntária. Seguiu-se então, com a intervenção crescente do Estado.

No Brasil, uma das primeiras manifestações de Seguridade Social são as santas casas, em 1543 e o montepio para a guarda pessoal de D. João VI, em 1808. Montepio é uma instituição formada com o objetivo de prover a subsistência daqueles designados por seu filiado, através do pagamento de pensão, quando este vier a falecer.

A primeira Constituição do Brasil, de 1824, preconizava a constituição dos socorros públicos.

Em 1835 foi criado o Montepio Geral dos Servidores do Estado (Mongeral). Era de natureza privada e previa um sistema típico do mutualismo.

Mutualismo é um sistema por meio do qual várias pessoas se associam e vão se cotizando para a cobertura de certos riscos, mediante a repartição dos encargos com todo o grupo.

LEI ELOY CHAVES – O marco da Previdência Social no Brasil – (Decreto Legislativo n. 4.682 de 24/01/1923). Esta Lei criou as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) para os ferroviários, em nível nacional. Previa aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária (equivalente à aposentadoria por tempo de contribuição), pensão por morte, medicamentos com preço especial e socorros médicos. Devido a todos estes benefícios concedidos, considerou-se esta Lei como sendo o marco da Previdência Social no Brasil. A partir daí foram surgindo outras Caixas de Aposentadoria e Pensões, sempre por empresa.

As CAPs eram de natureza privada, caráter voluntário e organizadas por empresas. No início foram criadas para os ferroviários. No entanto, posteriormente outras categorias profissionais passaram a ser beneficiadas, como por exemplo: o pessoal das empresas de serviços telegráficos e radiotelegráficos (Lei 5.485/1928), os empregados nos serviços de força, luz e bondes (Decreto 19.497/1930).

Instituto de Aposentadorias e Pensões (IAPs)

A formação dos IAPs deu-se no início do governo de Getúlio Vargas.

As IAPs eram autarquias (portanto, de natureza estatal) organizadas por categorias profissionais, com atuação nacional. Eram subordinadas diretamente à União, em especial ao Ministério do Trabalho e, conseqüentemente, o controle passa a ser do Estado.

Temos como primeiro IAP o dos marítimos, seguidos pelos bancários, comerciários, industriários, transportadores de carga, ferroviários e empregados em serviço público. O IAPs foram originados de Decretos e Leis diferentes. Cada IAP operava de forma autônoma em relação aos outros.

Na Constituição de 1934, a palavra “previdência” é usada pela primeira vez, embora não a adjetivasse de “social”. Estabelece-se a tríplice forma de custeio com a participação dos empregados, empregadores e União. A contribuição social torna-se obrigatória. Os funcionários públicos eram aposentados aos 68 anos compulsoriamente.

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A Constituição de 1937 é muito sintética em matéria previdenciária. Não evoluiu em relação às anteriores. Emprega a expressão “seguro social”, em vez de previdência.

Na Constituição de 1946 a expressão “Previdência Social” é usada pela primeira vez, substituindo a expressão “Seguro Social”.

Instituto Nacional de Previdência Social – INPS

Com a criação de diferentes IAPs, por diferentes legislações, administrados por diversas autarquias, houve a necessidade da uniformização da legislação e unificação administrativa. A partir de 1945, várias tentativas foram realizadas.

Em 28/08/1960 houve a uniformização da legislação previdenciária, através da Lei n. 3.807, chamada de Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS). E em 21/11/1966, por meio do Decreto-Lei n. 72, todos os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) foram fundidos em um só, formando-se o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que foi realmente implantado em 02/01/1967.

Com esta unificação, o INPS constituía entidade da administração indireta da União, com personalidade jurídica de natureza autárquica e gozava, em toda sua plenitude, inclusive no que se refere a seus bens, serviços e ações, das regalias, privilégios e imunidades da União (conforme artigo 2º do referido Decreto-Lei). O INPS é considerado como sendo a raiz do atual INSS.

Com a Lei n. 6.439/77, cria-se o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – o SINPAS – sob a orientação, coordenação e controle do Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS, com a finalidade de integrar as funções atribuídas às entidades, as quais passamos a descrevê-las:

- INPS - Instituto Nacional da Previdência Social. Função: conceder e manter os benefícios e outras prestações em dinheiro. Ou seja, o INPS fica apenas com a parte de concessão e manutenção de benefícios, semelhante ao que é o atual INSS.

- IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência Social. Função: promover a arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições e demais recursos destinados à previdência e assistência social. Ou seja, exercia a função do custeio, semelhante à atual Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), no que diz respeito à arrecadação das contribuições previdenciárias.

- INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social. Função: prestar assistência médica. Atualmente, esta competência pertence ao Sistema Único de Saúde (SUS).

- CEME – Central de Medicamentos. Função: distribuir medicamentos às pessoas carentes. Atualmente, esta competência pertence ao Sistema Único de Saúde (SUS). - LBA – Fundação Legião Brasileira de Assistência. Função: prestar assistência às pessoas carentes. Atualmente, esta função pertence ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

- FUNABEM – Fundação Nacional do Bem-estar do Menor. Função: prestar assistência ao bem-estar do menor.

- DATAPREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social. Função: prestar serviço de processamento de dados.

A Constituição Federal de 1988, nossa atual, mostrou sua atenção com o bem-estar social, conferindo um capítulo

que trata da Seguridade Social, nos artigos 194 a 204. Tendo com espécies do gênero Seguridade Social: a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde. Instituto Nacional do Seguro Social – INSS

Em 1990, o SINPAS é extinto. A Lei n. 8.029/90 cria o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), como autarquia federal, mediante fusão do Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social (IAPAS), responsável pelo custeio, com o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), responsável pelo benefício. Desta forma, custeio e benefício unem-se em uma única entidade, o INSS.

O INAMPS, LBA, FUNABEM e a CEME foram extintos. A DATAPREV (Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social) é uma empresa pública vinculada ao MPS (Ministério da Previdência Social). Atualmente, está em atividade prestando serviços ao INSS e à Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB).

Criação da Secretaria da Receita Previdenciária - SRP. A Lei 11.098 de 13 de janeiro de 2005 atribui ao Ministério da Previdência Social competências relativas à arrecadação, fiscalização, lançamento e normatização de receitas previdenciárias. Autoriza, também, a criação da Secretaria da Receita Previdenciária no âmbito do referido Ministério.

Conseqüentemente, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) passa a ser apenas responsável pelo benefício. O custeio deixa de ser competência do INSS e passa a ser do Ministério da Previdência Social, exercida através do órgão Secretaria da Receita Previdenciária.

Desta forma, voltou-se à forma anterior em que o benefício (INPS) era separado do custeio (IAPAS). Entretanto, é bom lembrar que a Secretaria da Receita Previdenciária - SRP, ao contrário do INSS não era uma autarquia e sim um órgão do Ministério da Previdência Social.

Fusão da Secretaria da Receita Previdenciária com a Secretaria da Receita Federal.

A Lei 11.457 de 16 de março de 2007 extinguiu a Secretaria da Receita Previdenciária e criou a Secretaria da Receita Federal do Brasil, conhecida como a “Super-Receita”. Na prática, a criação da Secretaria da Receita Previdenciária, a partir do INSS, foi um preâmbulo para a criação da SRFB. Assim, todas as contribuições sociais, inclusive as contribuições previdenciárias, passaram a ser arrecadadas por esta secretaria.

1 – SEGURIDADE SOCIAL - CONCEITUAÇÃO: Conforme a Constituição Federal, artigo 194:

“A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.”

A partir daí, Sérgio Pinto Martins conceitua o termo “Direito da Seguridade Social”:

“O Direito da Seguridade Social é um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e

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da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à

saúde, à previdência e à assistência social.” 2 – SEGURIDADE SOCIAL - ORGANIZAÇÃO

Analisando-se o conceito de Seguridade Social, percebemos que ela é gênero do sub-grupo: previdência social, assistência social e saúde.

Desta forma, podemos esquematizar da seguinte forma:

Entretanto, apesar de comporem a seguridade social, a previdência social, a assistência social e a saúde são administradas e coordenadas por autarquias, órgãos e ministérios diversos. Suas atuações são independentes, mas regidos pelos mesmos princípios da seguridade social.

O objeto desta obra (Direito Previdenciário) é o estudo detalhado da Previdência Social. Porém, é interessante, agora, fazer uma sucinta diferenciação:

- A Previdência Social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Sobre ela é que versará nosso estudo. Pode ser dividida em 2 partes: Benefício e Custeio. O Benefício é regido pelo INSS, autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social, que está relacionada com a concessão de benefícios, como, por exemplo: aposentadorias, pensões, salário-maternidade, salário-família, etc. Já o Custeio é regido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão subordinado ao Ministério da Fazenda e responsável pela arrecadação e fiscalização das contribuições sociais como as contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento, o COFINS, a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL).

- A Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à

adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Desta forma, notamos que a Assistência Social é devida somente às pessoas necessitadas, que realmente precisam do benefício para sua subsistência, e não é

necessária nenhuma contribuição prévia para a Seguridade Social. Esta missão cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) que é o responsável pelas políticas nacionais de desenvolvimento social, de segurança alimentar e nutricional, de assistência social e de renda de cidadania no país.

Como exemplos, podemos citar: Fome Zero, Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS). - A Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

A saúde, cujas ações partem do Sistema Único de Saúde, é acessível a todas pessoas, independentemente de classe social (pobre e ricos têm acesso) e não há necessidade de contribuição para Seguridade Social. Assim, podemos fazer um quadro que resume sinteticamente suas características e diferenças:

Espécies da Seguridade Social: Quem tem direito? Exemplo: Previdência Social Quem contribuiu (pagou) para o INSS e seus dependentes. Aposentadorias, Salário-Maternidade. Assistência Social Pessoas de baixa renda.

Fome Zero, Bolsa Família.

Saúde Todos. Sem

distinção de renda.

Atendimento

hospitalar pelo SUS.

3 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE SOCIAL

Estudaremos, aqui, os Princípios Constitucionais da Seguridade Social. Estes encontram-se elencados nos artigos 194, parágrafo único, incisos I a VII da Constituição Federal, os quais constituem objetivos na organização da Seguridade Social. Também estudaremos os princípios constitucionais gerais aplicados à Seguridade Social.

Os princípios poderiam ser divididos, segundo Sérgio P. Martins, em:

a) gerais, que se aplicam não só à Seguridade

Social, como a outras matérias;

b) específicos, aplicados à Seguridade Social.

3.1 PRINCÍPIOS GERAIS 3.1.1 IGUALDADE

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...” artigo 5º, caput, da Constituição Federal. Segundo Rui Barbosa, em Oração aos moços:

“A regra da igualdade consiste senão em aquinhoar desigualmente os desiguais, na medida em que sejam desiguais. Nessa desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. Tratar como desiguais os iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real”.

O que Rui Barbosa quis dizer, resumidamente, foi: “tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais, na exata proporção de suas desigualdades”. Ou seja, a SEGURIDADE SOCIAL PREVIDÊNCIA SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL SAÚDE

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verdadeira igualdade está presente quando procuramos diminuir as desigualdades sociais.

3.1.2. LEGALIDADE

“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, assim diz o inciso II do artigo 5º da C.F.

Vivemos em um Estado de Direito e somente a lei poderá, por exemplo: obrigar ao pagamento de contribuições sociais, proporcionar a concessão de benefícios, conceder isenções. As pessoas podem fazer tudo o que a lei não proibir e devem fazer tudo o que a lei mandar.

3.1.3 DIREITO ADQUIRIDO

O inciso XXXVI do artigo 5º da Constituição Federal diz que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.

E o que é direito adquirido? Oras, direito adquirido é aquele em que foram cumpridas todas as condições para seu implemento, mesmo que não haja seu exercício. Que tal um exemplo?

- Você sabia que um homem pode se aposentar por tempo de contribuição se tiver 35 anos de contribuição? Sendo assim, atingido os 35 anos de contribuição ele pode escolher receber sua aposentadoria agora ou mais pra frente. Então, vamos supor que ele resolva se aposentar mais tarde. Sendo assim, mesmo que fique desempregado por longo período, ele tem o direito adquirido e pode se aposentar no futuro, no momento que quiser, pois a condição da aposentadoria (35 anos de contribuição) já fora cumprida anteriormente.

Desta forma, a Constituição Federal protege o direito adquirido, cujo princípio deve ser obedecido por toda legislação, principalmente no caso de concessão de benefícios.

3.1.4 SOLIDARIEDADE

Constituem objetivos fundamentais da República

Federativa do Brasil: - construir uma sociedade livre, justa e solidária. Assim

preconiza o artigo 3º, inciso I da Constituição Federal. Desta forma, todos aqueles que produzem, que trabalham, devem contribuir com parte de seus ganhos para com os que precisam de alguma assistência.

Por exemplo, todo mês é descontado na folha de pagamento do empregado um percentual que será destinado à previdência social. Este dinheiro será usado imediatamente para pagar os aposentados de hoje. Por isso, que se fala que nosso sistema é contributivo de repartição simples: as empresas e os trabalhadores de hoje “pagam” o aposentado de hoje.

3.2 PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS

O Título VIII que fala “Da Ordem Social” na Constituição Federal, dispõe em seu art. 193 que “A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.”

Logo após, seu artigo 194 assim preconiza:

“Art. 194 A seguridade social compreende um conjunto

integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos

da lei, organizar a seguridade social, com base nos

seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços

às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos

benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.” Passaremos a tratar sobre estes objetivos da Seguridade Social contidos nos incisos I a VII acima.

3.2.1 – UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO

Segundo Martins, “a universalidade da cobertura deve ser entendida como a necessidade daquelas pessoas que forem atingidas por uma contingência humana, como a impossibilidade de retornar ao trabalho, a idade avançada, a morte, etc. Já a universalidade do atendimento refere-se às contingências que serão cobertas, não às pessoas envolvidas, ou seja , às adversidades ou aos acontecimentos em que a pessoa não tenha condições próprias de renda ou de subsistência.”

Sendo assim, todas as pessoas têm o direito de estarem cobertas pela Seguridade Social e todas as contingências humanas devem ser atendidas pela Seguridade Social. 3.2.2 - UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS

Seguindo-se o princípio da igualdade, deve-se haver um tratamento equânime entre as populações urbanas e rurais.

Uniformidade diz respeito aos tipos de benefícios existentes. Por exemplo: tanto o trabalhador urbano como o rural têm direito aos mesmos benefícios.

Equivalência diz respeito ao valor dos benefícios, que, em regra, não será menor que um salário mínimo.

3.2.3 – SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS

Deve haver uma seletividade séria e consciente, escolhendo-se criteriosamente, dentro da legalidade, quais as pessoas que realmente têm o direito na prestação dos benefícios e serviços da Seguridade Social.

A distributividade diz respeito ao caráter social de distribuição de renda.

3.2.4 – IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS

O valor do benefício não pode diminuir, pelo contrário, deve ser preservado conforme dispõe o artigo 201, parágrafo 4º, da Constituição Federal, que passaremos a transcrevê-lo: “É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.”

3.2.5 – EQÜIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO E CUSTEIO

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Este princípio pode ser entendido como: “quem tem mais,

paga mais; quem tem menos, paga menos e quem nada tem, nada paga.”

Quando falamos em custeio, estamos falando em pagamento. Um pagamento equânime é um pagamento justo.

3.2.6 – DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO Este princípio ordena que o dinheiro que entra para financiar a Seguridade Social deverá vir de diversas fontes.

E de onde vêm as Receitas da Seguridade Social? O artigo 195 da Constituição Federal assim diz:

“A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da

previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.”

Além das receitas citadas, uma lei complementar pode instituir nova contribuição social desde que sseejjaamm nnããoo- -c cuummuullaattiivvooss ee nnããoo tteennhhaamm ffaattoo ggeerraaddoorr oouu bbaassee ddee c cáállccuulloopprróópprriioossddaassccoonnttrriibbuuiiççõõeessssoocciiaaiissjjáápprreevviissttaassnnaa C CoonnssttiittuuiiççããooFFeeddeerraall11. . 3.2.7 – CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA ADMINISTRAÇÃO, MEDIANTE GESTÃO QUADRIPARTITE, COM PARTICIPAÇÃO DOS TRABALHADORES, DOS EMPREGADORES, DOS APOSENTADOS E DO GOVERNO NOS ÓRGÃOS COLEGIADOS.

A administração deve ser exercida por órgão colegiado, ou seja, com a participação dos diferentes representantes e interessados na gestão da Seguridade Social. E é chamada de quadripartite (quatro partes) por haver quatro tipos de representantes, que têm interesse com relação à Seguridade Social, são estes: trabalhadores, empregadores, aposentados e governo.

No âmbito da Previdência Social, a Lei 8.213/91 em seu artigo 3º instituiu o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS). Sendo que a gestão quadripartite é assim distribuída:

- seis representantes do Governo Federal;

- três representantes dos aposentados e pensionistas; - três representantes dos trabalhadores em atividade; - três representantes dos empregadores.

3.2.8 – PREEXISTÊNCIA DO CUSTEIO EM RELAÇÃO AO BENEFÍCIO OU SERVIÇO

1

Conforme art. 195, parágrafo 4o, combinado com art.

154, I da Constituição Federal.

O artigo 195, parágrafo 5º da Constituição Federal diz: “Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.”

3.2.9 – PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL ou NOVENTENA:

Sabe-se que a anterioridade, considerada um direito fundamental, tem o objetivo de evitar a surpresa e dar tempo para que as pessoas possam se preparar para pagar um novo ou um aumento de tributo.

A palavra nonagesimal ou noventena vem do número 90 (noventa). O Art. 195, § 6º da Constituição Federal preconiza que as contribuições sociais de que trata o próprio artigo 195 só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado.

É importante ressaltar, que no caso das contribuições sociais, ao contrário dos impostos, taxas e contribuições de melhorias, não necessariamente deve ser cobrada a partir do ano seguinte (exercício financeiro seguinte). Basta que se passem os “noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado”.

3.2.10 - PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE

CONTRATAR OU RECEBER BENEFÍCIOS.

A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

C Coommoosseeppeerrcceebbee,,eesstteeééuummmmeeccaanniissmmooccoonncceeddiiddooppeellaa C Coonnssttiittuuiiççããoo FFeeddeerraall ppaarraa ssee eevviittaarr aa iinnaaddiimmppllêênncciiaa p peerraanntteeaasseegguurriiddaaddeessoocciiaall..

3.2. Artigo 195 da Constituição Federal.

A seguir, citaremos demais parágrafos do art. 195 da Constituição Federal, os quais são muito cobrados pelas bancas de concursos públicos. Alguns destes parágrafos serão explicados com maior profundidade nos capítulos que se seguem:

1. Receitas Destinadas à Seguridade Social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios - Art. 195, § 1º: “As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.”

2. Proposta de Orçamento da Seguridade Social - Art. 195, § 2o:

“A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.”

3. Criação de Novas Contribuições Sociais - Art. 195, § 4o:

“A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.”

Este parágrafo diz respeito à possibilidade de criação de novas contribuições sociais pela União.2 De modo que,

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Conseqüência da competência tributária residual da

União.

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para se criar nova contribuição social é necessário seguir as regras do art. 154, inciso I, da Constituição Federal que diz:

“Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição”

4. Imunidade (isenção) de Contribuições Sociais – Art. 195, § 7º:

“São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.”

5. Segurado Especial – Art. 195, § 8º:

“O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.”

6. Alíquotas ou Bases de Cálculo Diferenciadas – Art. 195, § 9º:

“As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo (contribuição previdenciária das empresas sobre pagamentos a pessoas físicas que lhe prestem serviços) poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.” 7. Transferência de Recursos – Art. 195, § 10:

“A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.”

8. Vedação de Concessão de Remissão ou Anistia – Art. 195, § 11:

É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo (contribuições previdenciárias - estas são relativas à folha de salário), para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar.

Remissão extingue o crédito tributário, é o perdão da dívida e somente a lei pode autoriza-la.

Anistia é a exclusão do crédito tributário referente a infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede. Ou seja, a anistia é concedida por lei após o fato gerador, impedindo o lançamento tributário.

9. Não-Cumulatividade – Art. 195, § 12:

“A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b (contribuição da empresa sobre o faturamento – ex. COFINS) ; e IV (contribuição do importador) do caput, serão não-cumulativas.”

2.3.3.10. Previsão de Substituição da Contribuição Previdenciária da Empresa pelo COFINS – Art. 195, § 13: “Aplica-se o disposto no § 12 (não-cumulatividade) inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a

(contribuição previdenciária da empresa), pela incidente sobre a receita ou o faturamento (COFINS).”

II – LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA 1 – Conteúdo, Autonomia

“Entende-se como legislação previdenciária o conjunto de leis e atos administrativos referentes ao funcionamento do sistema securitário”.3

O Direito Previdenciário é uma disciplina autônoma frente aos outros ramos do Direito. Segundo Fábio Zambitte Ibrahim, “a autonomia do Direito Previdenciário é conseqüência do conjunto de princípios jurídicos próprios deste ramo, além do complexo de normas aplicáveis a este segmento. Ainda, pode-se encontrar conceitos jurídicos exclusivos do Direito Previdenciário, como, por exemplo, o benefício ou o salário-de-contribuição, os quais são estranhos a outros ramos do Direito”.

2. Fontes

Quando falamos em fonte, nos vem a imagem do local onde brota a água. E é neste sentido metafórico que falamos sobre a Fonte do Direito. É lá que iremos buscar as normas que irão regrar o Direito Previdenciário. Portanto, temos como fontes do Direito Previdenciário: - Constituição Federal

Segundo José Afonso da Silva, Constituição “é um sistema de normas jurídicas que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua ação”.

A norma constitucional é superior a qualquer outra norma legal. Ou seja, todas as leis estão subordinadas a ela e nada pode contrariá-la.

Nossa atual Constituição Federal é de 1988. Há um capítulo específico para a Seguridade Social – Capítulo II, do Título VIII, “Da Ordem Social”, a partir do artigo 194. - Leis

Estão hierarquicamente situadas logo abaixo da Constituição Federal. Existem, basicamente, quatro tipos de leis: lei ordinária, lei complementar, lei delegada e medida provisória.

As principais leis da Previdência Social são: Lei 8.212/91 – custeio da Previdência Social. Lei 8.213/91 - benefício da Previdência Social.

Lei 10.666/03 - dispõe sobre a concessão da aposentadoria especial ao cooperado de cooperativa de trabalho ou de produção e dá outras providências

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IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito

Previdenciário. p.112.

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Já, a lei que trata da organização da Assistência Social é

a Lei 8.742/93. E a lei que trata da saúde é a Lei 8.080/90.

A Lei complementar 109, de 29/05/01, determina regras sobre a Previdência Privada Complementar.

- Atos Administrativos Normativos

São atos do Poder Executivo, com conteúdo parecido com o das leis, cuja função é possibilitar a correta aplicação das leis, explicitando o conteúdo das leis que regulamentam. É importante ressaltar que esses atos não podem criar direitos ou deveres para os administrados que não se encontrem previstos em uma lei. São exemplos: decretos, regulamentos, instruções normativas, regimentos.

O principal decreto da Seguridade Social é o 3.048/99, que trata do Regulamento da Previdência Social.

- Normas Coletivas e Regulamentos de Empresa

Os trabalhadores e empregadores podem elaborar normas coletivas jurídicas que o Estado reconhece como legítimas através de negociações coletivas do trabalho. Estas normas coletivas podem criar complementações de benefícios previdenciários para os trabalhadores.

Da mesma forma, o próprio regulamento da empresa pode, também, criar complementações de benefícios previdenciários para os empregados.

- Jurisprudência

É fonte secundária do Direito, consiste em aplicar, a casos semelhantes, orientações uniformes dos tribunais. - Doutrina

É o conjunto de proposições expressando uma concepção sobre determinado tema do Direito, feito por estudiosos desta ciência.

3 – APLICAÇÃO DAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS Muitas vezes nos deparamos com situações em que existem duas ou mais normas que seriam aplicáveis ao mesmo caso. E, conseqüentemente, surge o problema de qual delas deve ser aplicada.

Em razão disto, existem regras que orientam a correta aplicação e interpretação das normas, e que iremos tratar a seguir.

3.1 Vigência

Está relacionada com a entrada da lei em vigor, ou seja, sua eficácia. Desta forma está apta a produzir efeitos. Com a entrada da lei mais nova em vigor, revoga-se (substitui-se) a mais antiga.

Geralmente, a própria lei contém um artigo dizendo qual o momento de sua entrada em vigor, que, na maioria das vezes, ocorre na data de sua publicação no Diário Oficial. Caso não haja disposição expressa na lei, esta começará a vigorar 45 dias após oficialmente publicada.

3.2 Hierarquia

Apesar da Constituição Federal não mencionar a existência de hierarquia entre uma ou outra norma, a doutrina classifica as normas segundo sua importância.

De modo que, a norma superior irá regular a criação da inferior.

Poderíamos representar a hierarquia, conforme a seguinte pirâmide, em que vemos a Constituição Federal no topo, como a mais importante, seguido das Leis (ordinária, complementar, delegada, medida provisória), Atos Administrativos, Normas Coletivas, Jurisprudência, doutrina.

E quando estivermos frente a duas normas hierarquicamente iguais, por exemplo, duas leis que emitem dois comandos diferentes para uma mesma situação? Para este caso, temos algumas regras:

A – A norma específica prevalece sobre a genérica. Por exemplo: as principais lei da Previdência Social são a 8.212/91 que trata do custeio e a 8.213/91 que trata do benefício. Se houvesse um conflito entre estas duas leis a respeito de concessão de benefício, a lei que prevalecerá será a 8.213/91 que trata do benefício.

B – In dubio pro misero: em caso de dúvida, a norma deverá ser a mais favorável para o beneficiário.

3.3 Interpretação

A interpretação no Direito é chamada de hermenêutica jurídica. Esta é uma ciência da interpretação de textos da lei, que tem por objetivo o estudo e a sistematização dos processos a serem aplicados para fixar e compreender o sentido e alcance das normas jurídicas, seu conhecimento adequado, adaptando-as aos fatos sociais. Passaremos a abordar as formas de interpretação da norma jurídica:

A - Interpretação gramatical ou literal: verifica-se qual o sentido exato do texto gramatical das normas jurídicas, do alcance das palavras empregadas pelo legislador. Seria a interpretação “ao pé da letra”. O intérprete deve se ater exclusivamente a este limite. Por exemplo: em uma placa, num local público está escrito: “É proibido pisar na grama”. Numa interpretação gramatical perceberemos que só é proibido pisar. Posso deitar, rolar, arrancar, o que for, menos pisar.

Const ituiçã

Leis

Atos Administrativos Normativos

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B – Interpretação lógica: estabelece uma conexão entre os diferentes textos legais, supondo os meios fornecidos pela interpretação gramatical.

C – Interpretação finalística ou teleológica: O legislador ao criar uma norma, o faz com um objetivo, uma finalidade. Pois então, esta interpretação vai buscar qual o fim objetivado pelo legislador. Naquele exemplo: “É proibido pisar na grama”, veremos que o objetivo do legislador era preservar a grama. Portanto, usando-se esta modalidade de interpretação, será proibido deitar, rolar, arrancar ou fazer qualquer coisa que prejudique a grama.

D – Interpretação sistemática: sabemos que a lei não está isolada, mas sim, está inserida em todo um sistema de normas. Portanto, toda esta estrutura deve ser analisada, comparando-se vários dispositivos para se constatar o que o legislador pretende dizer, utilizando diversas normas que tratam da mesma questão.

E – Interpretação extensiva ou ampliativa: amplia-se o sentido da norma a ser interpretada, pois o legislador disse menos do que queria. Por exemplo: num restaurante há uma placa: “É proibido fumar cigarro”. Também será proibido fumar cachimbo, charuto, etc. F – Interpretação restritiva ou limitativa: restringe-se o sentido da norma, pois o legislador usou expressões mais amplas do que seu pensamento e por isso, indesejadas. Ou seja, disse mais do que queria. Usando-se o exemplo anterior, imagine se no restaurante tivesse a seguinte placa: “É proibido fumar cigarro, charuto, cachimbo, maconha, crack.” É lógico que ninguém vai ao restaurante fumar droga, o que torna a expressão “maconha, crack” indesejada.

G – Interpretação histórica: analisa-se a evolução histórica dos fatos, os acontecimentos da época, os valores da sociedade e suas mudanças.

H – Interpretação autêntica, legal ou legislativa: é a interpretação realizada pelo próprio legislador que editou a norma a ser interpretada, através da edição de outra norma jurídica. Em outras palavras, é uma lei criada pelo mesmo órgão, para explicar outra lei.

I – Interpretação Sociológica: O artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil determina que o juiz, ao aplicar a lei, deve ater-se aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Desta forma, é importante que o intérprete busque qual o fim social da norma.

É importante frisar que o artigo 111 do Código Tributário Nacional diz: “Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:

I – suspensão ou exclusão do crédito tributário; II – outorga de isenção;

III – dispensa do cumprimento de obrigações acessórias.” Imagine quantas pessoas não iriam querer se beneficiar para deixar de pagar ou pagar menos contribuições, se fosse permitida a interpretação extensiva.

3.4 INTEGRAÇÃO

Se procurarmos no dicionário, a palavra “integrar” é sinônimo de “completar”, “inteirar”. Por mais normas que existam, o Direito não consegue regrar todas as situações que ocorrem no dia a dia. E assim, em certas ocasiões, vamos nos deparar em situações em que não há norma jurídica prevendo o fato a ser decidido. Pois então, o intérprete ao suprir as lacunas existentes na norma jurídica, utiliza-se da integração, através das técnicas da analogia, aplicação de princípios e eqüidade.

O artigo 108 do Código Tributário Nacional (CTN) assim dispõe:

“Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:

I - a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário;

III - os princípios gerais de direito público; IV - a equidade.”

É importante decorar esta ordem, para concurso público. Sendo assim, seguindo a ordem do Código Tributário Nacional (CTN), passaremos a comentar as técnicas de integração:

I – Analogia

Busca-se preencher a lacuna deixada pelo legislador, utilizando-se de uma norma que se assemelhe com o caso examinado. Portanto, não é uma norma que fale sobre o caso examinado, mas é parecida, análoga.

Existe uma restrição, contudo, para este uso, pois segundo o parágrafo 1º do artigo 108 do CTN, o emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. Isto obedece ao princípio da legalidade em que o tributo somente poderá ser exigido por lei.

II – Princípios gerais de direito tributário

São os princípios presentes no sistema tributário nacional, tais como: princípio da legalidade, da anterioridade, da isonomia, da imunidade tributária, da uniformidade tributária, da irretroatividade da lei, etc.

III – Princípios gerais de direito público

São os princípios do Direito Constitucional, Administrativo, Financeiro, Penal, Processual, etc. Cabe lembrar que o Direito Tributário também é ramo do direito público. IV – Eqüidade

Chamado de “justiça do caso concreto”, o aplicador da lei deverá levar em conta aspectos peculiares de cada caso, norteando-se pelo seu “senso geral de justiça”. Somente dever-se-á utilizar a eqüidade em último recurso, quando for insuficiente ou de impossível solução a aplicação dos anteriores. Prescreveu o CTN no parágrafo 2º do artigo 108 que o emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento do tributo devido.

4. Orientação dos Tribunais Superiores

Tribunais Superiores são órgãos colegiados formado por “juízes”, que se reúnem para julgar causas originárias e recursos de decisões de instâncias inferiores. Como exemplo podemos citar: Superior Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior do Trabalho (TST).

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Os tribunais têm um papel importante na aplicação e

interpretação do Direito da Seguridade Social. Eles formam o que conhecemos como jurisprudência.

Jurisprudência é, segundo Amauri Mascaro Nascimento, “uma palavra empregada como o conjunto de decisões proferidas por um tribunal, reiteradamente e de forma a construir uma diretriz de solução para os casos futuros e iguais.”

No Tribunal Superior do Trabalho, por exemplo, há a “Comissão e Jurisprudência do Tribunal”, integrada por três Ministros, com o objetivo de atualizar e publicar a jurisprudência deste tribunal, sob a fórmula de Súmula, Precedentes Normativos e Orientações Jurisprudenciais. Já, súmula, segundo Motta, “é o resultado do julgamento tomado pelo voto da maioria absoluta dos membros de um tribunal, condensando em um enunciado o que se traduzirá em um precedente, buscando a uniformização da jurisprudência do tribunal.”4

A Emenda Constitucional 45, de 31/12/2004, que acrescentou o artigo 103-A à Constituição Federal, prevê a súmula vinculante, segundo a qual: “o Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.”5

O artigo 131 da Lei 8213/91, prescreve:

“O Ministro da Previdência e Assistência Social poderá autorizar o INSS a formalizar a desistência ou abster-se de propor ações e recursos em processos judiciais sempre que a ação versar matéria sobre a qual haja declaração de inconstitucionalidade proferida apelo Supremo Tribunal Federal - STF, súmula ou jurisprudência consolidada do STF ou dos tribunais superiores.”

Assim sendo, havendo jurisprudência consolidada ou súmula dos tribunais superiores, que vá contra alguma ação do INSS, o Ministro da Previdência Social poderá autorizar a sua desistência, pois estará diante de um processo sem chance de sucesso. Com isso, poupa-se tempo e dinheiro da administração pública.

Os editais de concursos públicos costumam inserir este item, “orientação dos tribunais superiores”. Aconselhamos que o estudo deste seja realizado conjuntamente ao estudo dos respectivos tópicos abordados pelas orientações dos tribunais superiores.

4

Sylvio Motta e William Douglas. Direito Constitucional.

p. 500.

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Referências

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