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RESSIGNIFICANDO A CIDADANIA CONTEMPORÂNEA A PARTIR DAS CONCEPÇÕES DE GÊNERO: uma intersecção entre exclusão e subalternidade

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RESSIGNIFICANDO A CIDADANIA CONTEMPORÂNEA A PARTIR DAS CONCEPÇÕES DE GÊNERO: uma intersecção entre exclusão e subalternidade

Mariane Camargo D’Oliveira1 Maria Aparecida Santana Camargo2 Marcele Camargo D’Oliveira3

Resumo: Na tendência de ressignificação da inclusão social, é necessário repensar os

delineamentos da materialização dos direitos fundamentais, especialmente a partir da desconstrução de muitos dos cânones que se pautam na diferença em detrimento do fomento da diversidade, ao subjugar e objetificar os sujeitos que não se enquadram na matriz heteronormativa. Sob tal perspectiva, em decorrência dos modelos patriarcais firmados sobre esquemas hegemônicos construídos histórica e socialmente pelo poder masculino, foi essencial a vindicação por um espaço mais igualitário viabilizado pela cidadania, possibilitando aos grupos subalternizados conquistar espaço, vez e voz ativa. Em contrapartida, as relações assimétricas de gênero ainda encerram potenciais desigualdades, notadamente ao se considerar que as diferenças sexuais continuam servindo de parâmetros para legitimar o processo de marginalização social. Entende-se pertinente verificar, assim, o quanto a intersecção entre exclusão e subalternidade enseja o revigoramento de modelos sustentados no preconceito, na violência e na aversão ao diverso. Logo, à medida que se pretende, cada vez mais, uma transição paradigmática, a cidadania se configura em mecanismo indispensável para se reflexionar acerca dessas concepções de gênero.

Palavras-chave: Diversidade. Inclusão. Patriarcado. 1 Introdução

A centralidade da discussão a respeito da cidadania feminina decorre do fato de que, mesmo na atualidade, são constantemente buscados mecanismos efetivos para contrapor a subalternidade das mulheres, ao considerar que muitos paradigmas de gênero ainda perduram

1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social, com concentração na

área de Políticas Públicas e Inclusão Social, da Universidade FEEVALE (Novo Hamburgo/RS). Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC/RS). Graduada em Direito pela Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ/RS). Integrante do Grupo de Pesquisa em Estudos Humanos e Pedagógicos da UNICRUZ. Bolsista PROSUP/CAPES. Advogada. E-mail: maricamargod@gmail.com

2 Doutora em Educação (UNISINOS/RS). Professora da UNICRUZ. Integra o corpo docente do Programa de

Pós-Graduação em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social – Mestrado – da UNICRUZ. Coordenadora do Núcleo de Conexões Artístico-Culturais (NUCART) e Líder do Grupo de Pesquisa em Estudos Humanos e Pedagógicos, ambos da UNICRUZ. Artista Plástica. E-mail: cidascamargo@gmail.com

3 Acadêmica do 10º período do Curso de Direito da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ/RS). Integrante do

Grupo de Pesquisa em Estudos Humanos e Pedagógicos (GPEHP) e do Grupo de Estudos Linguísticos (GEL), ambos da UNICRUZ. Bolsista PROBIC/FAPERGS/UNICRUZ. Estagiária da Procuradoria da República no Município de Cruz Alta/RS. E-mail: marcelecamargod@gmail.com

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sustentados na exclusão, no preconceito e na discriminação, bem como na violência e na aversão ao diverso. Dessa forma, entende-se pertinente explicitar o quanto o fomento da cidadania, a partir de uma perspectiva de gênero, pode se constituir em agente catalisador para o empoderamento feminino como contraposto ao processo de exclusão vivenciado pelos sujeitos que se encontram em condição de subjugação, sendo preteridos do contexto social.

Sob o enfoque de que a cidadania não foi alcançada por todas as mulheres, é necessário compreender o entrelaçamento sociocultural e histórico existente entre identidade, poder e submissão. Isto porque a cidadania deve ser analisada como um processo de inclusão total, estando atrelada, também, à participação dos indivíduos nas esferas sociais, políticas e de poder, tanto formal quanto informal. Os direitos de cidadania não abarcam, portanto, tão somente os direitos políticos, que concernem aos direitos de votar e de ser votado.

Com suporte em tais premissas, o presente estudo pretende investigar o fortalecimento do exercício da cidadania feminina tendo como embasamento principal as visões de gênero no viés da teoria queer e da própria reformulação das concepções de cidadania, no sentido de participação sociopolítica feminina. Visualiza-se que as relações assimétricas de gênero, mediante o manejo da cidadania, podem ser mais facilmente modificadas, embora toda a complexidade existente para enfrentamento desta que é uma problemática urgente.

2 As Visões de Gênero no Viés da Teoria Queer

É conveniente precisar o sentido das concepções que são utilizadas visando concatenar as bases conceituais e metodológicas que se fazem presentes para elucidar a temática aqui proposta. Nesse sentido, a categoria gênero surgena década de 1970, de forma incrustada no interior do pensamento/teoria feminista ao propor gênero como categoria que, ao permitir a compreensão da desigualdade social entre homens e mulheres como uma construção social e historicamente situada, apresentava demarcação incisiva contra o determinismo biológico, seja pela superação da ideia de esferas separadas para um e outro sexo, seja através da perspectiva relacional: as concepções e vivências das masculinidades e feminilidades são constituídas por meio de interações sociais. De modo resumido, é mister que o gênero seja tomado como “processo histórico e prática social” vivenciados tanto nas relações cotidianas carregadas de poder como nas reformulações identitárias que os sujeitos vivenciam ao longo da vida, no entendimento de Couto e Schraiber (2013, p. 48).

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A emergência do gender representou, pelo menos para aquelas e aqueles que investiram na radicalidade que ele sugeria, uma virada epistemológica. Ao utilizar gênero, deixava-se de fazer uma história, uma psicologia, ou uma literatura das mulheres, sobre as mulheres e analisava-se a construção social e cultural do feminino e do masculino, atentando para as formas pelas quais os sujeitos se constituíam e eram constituídos, em meio a relações de poder. O impacto dessa nova categoria analítica foi tão intenso que, mais uma vez, motivou veementes discussões e mesmo algumas fraturas internas. Também as relações de gênero passaram a ser compreendidas e interpretadas de muitas e distintas formas, ajustando-se (a) ou interpelando referenciais marxistas, psicanalíticos, lacanianos, foucaultianos, pós-estruturalistas, na lição de Louro (2002, p. 15).

Sob tal ótica, as concepções de gênero, como as formuladas pelas feministas no decorrer dos anos 1970, emergem como “desnaturalizadoras” do que é socialmente construído. É, portanto, um conceito eminentemente político que serve para demonstrar que as diferenças existentes não geram a desigualdade verificada, mas, ao contrário, são empregadas para naturalizá-las. Nesse aspecto, esclarece Scott (2010, p. 91-92) que “a separação conceitual entre gênero (cultural) e sexo (natural) permitiu a compreensão de que as relações sociais sustentadas na diferença sexual eram sociais e não naturais”. Acrescentando, Scott (1990, p. 21-22) menciona que o núcleo essencial da definição de gênero suporta-se na conexão integral entre uma forma primeira de significar as relações de poder e um elemento constitutivo das relações sociais sustentadas nas diferenças percebidas.

A partir deste prisma, em consonância com o que elucida Bourdieu (2007; 2014), as relações sociais de dominação e de exploração que estão instituídas entre os gêneros se inscrevem, assim, progressivamente, em duas classes de habitus diferentes, sob a forma de

hexis corporais opostos e complementares e de princípios de visão e de divisão, que levam a

classificar todas as coisas do mundo e todas as práticas segundo distinções redutíveis à oposição entre o masculino e o feminino. Esta polarização entre o homem em detrimento da mulher resultou em severas críticas contra o sistema estruturado na diferenciação sexual.

Tal conceitualização, segundo Scott (2010, p. 92), propiciou a emergência da teoria

queer, que argumenta que brincar com gênero não apenas desorganiza a associação deste com

sexualidade e identidade, mas também sua definição binária, facilitando, desse modo, o fim de sua existência como categoria social significativa. Há, inclusive, um debate em curso sobre a eficácia dessa estratégia no rompimento das relações de poder dominadas por gênero e heterossexualidade, argumentando alguns que a transgressão serve para reforçar tal poder.

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A teoria queer emergiu nos Estados Unidos no final dos anos 1980, visando analisar a dinâmica da sexualidade e do desejo na organização das relações sociais. Nesse ponto, os estudos queer, de acordo com Miskolci (2009, p. 154), sublinham a centralidade dos mecanismos sociais relacionados à operação do binarismo hetero/homossexual para a organização da vida social contemporânea, dando mais atenção crítica a uma política do conhecimento e da diferença. Para Seidman (1996, p. 13), o queer seria o estudo “daqueles conhecimentos e daquelas práticas sociais que organizam a ‘sociedade’ como um todo, sexualizando (heterossexualidando/homossexualizando) corpos, desejos, atos, identidades, relações sociais, conhecimentos, culturas e instituições sociais”.

Analisando também por este caminho, enfatiza Butler (2010, p. 25), teórica queer, que o gênero não deve ser meramente concebido como a inscrição cultural de significado num sexo previamente dado, tem de designar também o aparato mesmo de produção mediante o qual os sexos são estabelecidos. Dessa forma, o papel do gênero seria produzir a falsa noção de estabilidade, em que a matriz heterossexual estaria assegurada por dois sexos fixos e coerentes, os quais se opõem como todas as oposições binárias do pensamento ocidental: macho versus fêmea, homem versus mulher, masculino versus feminino, etc. É todo um discurso que leva à manutenção da tal ordem compulsória.

Touraine (2010, p. 58-59), por sua vez, frisa que a destruição da dualidade natural e cultural dos dois gêneros levou em direção à postura queer, a qual se relaciona à ausência de separação global entre homens e mulheres e representa a sexualidade de cada indivíduo como um conjunto de fragmentos de sexualidade diverso que todos os atores vivem, concorde com as circunstâncias e seus parceiros. Em todos os recantos redescobre-se a diversidade das condutas sexuais: gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, king. É, pois, a inter-relação entre as identidades sociais que vão se afirmando de acordo com as práticas culturais de cada conjuntura que se deve analisar a perspectiva de gênero.

A teoria queer, entretanto, como refere Silva (2013, p. 106-107), quer ir além da hipótese da construção social da identidade. Ela quer radicalizar a possibilidade do livre trânsito entre as fronteiras da identidade, a possibilidade de cruzamento das fronteiras. Na hipótese da construção social, a identidade acaba, afinal, sendo fixada, estabilizada, pela significação, pela linguagem, pelo discurso. Com a introdução do conceito de “performatividade”, Judith Butler quer enfatizar o fato de que a definição da identidade sexual não fica contida pelos processos discursivos que buscam fixá-la. Nessa concepção, mesmo que provisoriamente, mesmo que precariamente, nós somos aquilo que nossa suposta

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identidade define que somos. A identidade torna-se uma viagem entre fronteiras. Silva (2013, p. 107-108) torna claro que a teoria queer efetua uma verdadeira reviravolta epistemológica.

Seguindo tal linha de pensamento, Farah (2004, p. 48) aduz que o conceito de gênero, ao enfatizar as relações sociais, permite a apreensão de desigualdades de poder. Nas sociedades ocidentais, é possível constatar que o padrão dominante nas identidades de gênero envolve uma situação de subordinação e de dominação das mulheres, tanto na esfera pública como na privada. Nesta ótica, Touraine (2010, p. 47) esclarece que é necessário afastar toda referência a uma forma ideal ou qualquer palavra com a qual se nomeia. Ademais, em conformidade com Scott (1990, p. 16), as ideias conscientes do masculino e do feminino não são fixas, já que elas variam segundo os usos do contexto. Esse tipo de interpretação torna problemáticas as categorias “homem” e “mulher”, sugerindo que o masculino e o feminino não são características inerentes e sim construções subjetivas. Essa interpretação implica também que o sujeito se encontra num processo constante de construção.

“A construção do gênero pode, pois, ser compreendida como um processo infinito de modelagem-conquista dos seres humanos, que tem lugar na trama de relações sociais entre mulheres, entre homens e entre mulheres e homens”, de acordo com Saffioti (1992, p. 211). De igual modo, as classes sociais se formam na e através das relações sociais. Pensar estes agrupamentos humanos como estruturalmente dados, quando o esquema consiste apenas numa possibilidade, significa congelá-los. Uma das questões fundamentais na teorização de gênero, é que este, enquanto construção social, varia no tempo e no espaço, convivendo e se articulando com outros sistemas de organização das relações de poder, ao constituir sujeitos múltiplos a partir de três eixos básicos de dominação/exploração: gênero, raça/etnia e classe social, ainda em consonância com o que advoga Saffioti (1992).

Tais confrontações servem de suporte teórico para compreender a definição da terminologia gênero, sem ignorar, porém, as críticas feitas a este. É relevante analisar que o discurso reducionista masculino-feminino engendra um processo de alijamento dos sujeitos que não se enquadram nestas condutas, consideradas como “naturais” e “normais”. Consequentemente, pode-se opor o sexo, que é um dado biológico, ao gênero, que é uma prática sociocultural. Assim, rejeitar, explicitamente, as justificativas biológicas é explodir com a noção de fixidade e da permanência eterna da representação binária dos gêneros.

Apesar das divergências, das diferenças políticas e pessoais, da angústia que acompanha os debates feministas dentro e além das linhas raciais/étnicas e sexuais, deve ser encorajada a esperança de que o feminismo continue a desenvolver uma teoria radical e uma

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prática de transformação sociocultural. Para que isso ocorra, entretanto, a ambiguidade do gênero deve ser mantida. Não se pode resolver ou eliminar a incômoda condição de estar, ao mesmo tempo, dentro e fora do gênero, seja por meio de sua dessexualização (tornando-o apenas uma metáfora, uma questão de différance, de efeitos puramente discursivos) ou de sua androginização (reivindicando a mesma experiência de condições materiais para os de uma mesma classe, raça ou cultura), como defende Lauretis (1994, p. 219).

No caso das mulheres, entende-se que ainda está ausente a consciência de gênero, já que este examina variáveis como classe, poder, etnia, idade, orientação sexual, entre outras. Por conseguinte, verifica-se que as múltiplas dimensões do conceito de gênero conduzem à dinamicidade das inter-relações sociais. Como corolário, o termo gênero passa por uma contínua reconceitualização, que transcende à alternativa dual. Infere-se, portanto, que à medida que se operacionaliza a (des)construção das categorias que servem para naturalizar o sistema vigente, é que se está reflexionando acerca dos esquemas de poder que estão postos e, assim, se afirmando identitariamente enquanto sujeitos sexuais, sociais e políticos.

3 O Movimento de Afirmação Identitária Feminina

A edificação identitária é um dos motes cruciais no processo de desfragmentação dos cânones alicerçados na subalternidade, haja vista que se pretende estruturar uma equidade na perspectiva do gênero e da efetiva cidadania feminina. Nesse ponto, inegável que as relações sociais que esquematizam o espaço contemporâneo – relações de classe, gênero, etnia, e intergeracionais, de modo principal – são alvo recorrente de problematização. É que subjacente está a dominação e o poder, o que, paulatinamente, vem sendo naturalizado e reproduzido em um continuum permanente de sedimentação de mitos. Tais relações foram histórica e socialmente construídas sob o jugo de determinados grupos, com o objetivo essencial de coisificação dos sujeitos. Diante deste cenário de manutenção dos indivíduos e, mais especificamente, das mulheres à condição de subservientes, indispensável se mostrou percorrer um longo caminho para que transformações históricas, culturais, políticas e econômicas ocorressem e, desse modo, possibilitassem conquistar espaço, vez e voz ativa feminina na conjuntura social. Tais acontecimentos são, notadamente, produto de um retrospecto de submissão das mulheres ao poder masculino.

Focalizando em tal visão, a subjugação das mulheres serviu como argumento, sustentado pela diferenciação biológica, para justificar que fossem preteridas da convivência

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sociopolítica. Nesse aspecto, Perrot (2010, p. 177) elucida que é um discurso naturalista, que insiste na existência de duas “espécies” com qualidades e aptidões particulares. Aos homens, o cérebro, a inteligência, a razão lúcida, a capacidade de decisão. Às mulheres, o coração, a sensibilidade, os sentimentos. O poder masculino inventou a mulher como a face oculta. A identidade feminina, longe de ser um fato primeiro, é uma interiorização jamais completamente alcançada por essa oposição binária, através da qual o homem fundou seu poder cultural e social sobre a mulher, como destaca Touraine (2010, p. 17).

Indo nesse percurso, é possível constatar que devido a estes modelos construídos, ressaltam Pinsky e Pedro (2003, p. 273) que, o ideal da domesticidade estipulou para as mulheres um modo de vida restrito à administração doméstica: na medida do possível, as filhas de “boa família” deveriam ficar em casa. As mulheres estavam, pois, alijadas do convívio social e, por conseguinte, do poder, sob o infundado argumento de que possuíam uma compleição física mais frágil e radicalmente diferente da dos homens e, por isso mesmo, eram inadequadas para exercê-lo. Esta docilização corporal foi crucial para que a identidade feminina fosse solidificada mediante o manejo de uma ideologia dominante de sujeição.

Em consonância com o que expressa Foucault (2000, p. 147), “o corpo é uma das peças importantes, senão essenciais. Na verdade, nada é mais material, nada é mais físico, mais corporal que o exercício do poder”. Nesse plano, o poder se exerce à proporção que se instituem tecnologias de controle, de autoridade, de produção das verdades, de docilidade do corpo e da identidade, estabelecendo o que é normal, o que é patológico e o que deve ser regulado, proibido e reprimido. Indissociável, portanto, a ideia de corpo e identidade social. Sob o paradigma científico, a condição feminina foi sempre explicada por este viés reducionista, uma vez que a enquadravam apenas nas funções reprodutivas e maternas, elementos estes associados ao próprio corpo feminino. Logo, a explicação biológica para as diferenças sociais era alicerçada na natureza dos corpos.

Tal processo de construção das identidades de gênero perpassa por muitas complexidades, especialmente em razão dos grupos queer, em que não há uma redução teórica à antinomia masculino-feminino, mas sim uma multiplicidade de condutas definidas tanto pela natureza quanto pelas relações estabelecidas. A teoria queer mostra que identidades são inscritas através de experiências culturalmente construídas em relações sociais e o êxito de investigações que busquem articular estas esferas dependerá do desenvolvimento de metodologias que não apenas permitam estudar cada um dos componentes dos processos sociais de constituição das identidades, mas, sobretudo, analisem as interdependências entre

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as categorias, de forma que não resultem na soma de opressões, em consonância com o pensamento de Miskolci (2009, p. 175-176). A identidade é, ao mesmo tempo, material e abstrata: está em um corpo físico povoado por símbolos e significados.

É claro que, segundo Stearns (2012, p. 18), tanto os papéis de gênero como os contatos culturais são partes vitais da história da humanidade. Valores de gênero são profundamente pessoais, parte da identidade individual e social. As pessoas podem ser particularmente relutantes em substituir padrões que definem feminilidade e masculinidade, mesmo quando pressionadas por uma sociedade que parece excepcionalmente poderosa e bem-sucedida, ou podem buscar formas de compensar quaisquer concessões que sejam obrigadas a fazer. A categoria “mulher” contém especificidades, singularidades e subjetividades como resultado dos valores introjetados. A passagem do sujeito submisso a sujeito livre supõe o questionamento das formas do poder que se exerce. O poder de dizer “eu” é também uma luta contra as formas de sujeição de que as mulheres são especialmente vítimas, conforme complementa Riot-Sarcey (2009, p. 187).

Sob esta ótica, explica Alves (1980, p. 127-128) que a mulher internalizou a imagem de si mesma feita pelo homem, tornando-se incapaz de criar sua própria autoconsciência, que a levaria a questionar as raízes de sua inferiorização. A ideologia do sexo dominante, pela mitificação destas relações de poder, impediu-a de compreender as contradições implícitas na divisão de papéis por sexo. Com relação a este enfoque, assevera Touraine (2010, p. 41) que as mulheres ainda estão muito presas ao mundo feminino tal como ele foi criado pelos homens para formar um gênero, que as submeteu ao interesse superior da binaridade homem-mulher e, consequentemente, da heterossexualidade. Ser uma homem-mulher para si, construir-se como mulher é, ao contrário, transformar esta mulher-para-o-outro em mulher-para-si.

Nesse âmbito, a subalternidade aparece como um instrumento que potencializa a subserviência feminina. Assim, considerando que o processo de historicização fez com que a ordem masculina fosse continuamente reproduzida através dos tempos, é mister que haja a desfragmentação deste discurso, visto que, na visão de Bourdieu (2007, p. 100-101), ao trazer à luz as invariantes trans-históricas das relações entre os gêneros, a história se obriga a tomar como objeto o trabalho histórico de des-historicização que as produziu e reproduziu continuamente, o trabalho constante de diferenciação a que homens e mulheres não cessam de estar submetidos e que os leva a distinguir-se masculinizando-se ou feminilizando-se.

Dessa forma, Touraine (2010, p. 47) sustenta que a construção da subjetividade feminina é fundada sobre aquilo que resiste à identidade social, sobre uma natureza que não

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se reduz a uma cultura ou organização social. É assim que as mulheres vão se erguendo até chegar à afirmação de sua singularidade e de sua liberdade de escolher a própria vida, definida por oposição a toda definição imposta de fora. Uma das questões que se colocam e que é particularmente relevante para esta discussão concerne, de acordo com Biroli (2013, p. 85), às percepções individuais, as quais podem resultar de formas de opressão que mobilizam e naturalizam valores que, mesmo sendo desvantajosos e colocando os indivíduos em posições de subordinação, estão na base de suas identidades e de como percebem seus interesses e elaboram suas preferências.

Nesse viés, do ponto de vista sociológico, Castells (2010, p. 23-24) confirma que toda e qualquer identidade é construída, acrescentando que esta construção social sempre ocorre em um contexto marcado por relações de poder e propõe uma distinção entre três formas e origens de construção de identidade: identidade legitimadora, identidade de resistência e identidade de projeto. Esta identidade de projeto é a nova identidade a ser conquistada, haja vista que cada tipo de processo de construção de identidade leva a um resultado distinto no que tange à constituição da sociedade.

“Filha”, “esposa”, “mãe”, há muito tempo deixaram de ser as únicas identificações valorizadas da mulher na sociedade. Já há algumas décadas reconhece-se que as brasileiras ultrapassaram os espaços tradicionalmente reservados ao dito “sexo frágil” e desempenham, hoje, papéis e funções sequer sonhados por suas bisavós e avós. Foi uma longa estrada percorrida, com percalços e desvios, mas que se mostra, aparentemente, sem volta, nas palavras de Scott (2012, p. 15).

A partir desta visão, defende Touraine (2010, p. 43-44) que o mais importante não é que a imagem da mulher tenha se transformado e tornado mais positiva, mas que passaram da consciência de objetos à de sujeitos. Estas dão um sentido muito preciso aos objetivos que procuram alcançar: a construção de si mesmas. Isto consiste em afirmar-se como mulheres e não somente em libertar-se de uma feminilidade imposta pelos homens, ainda que elas rejeitem toda forma de dependência. Assim, como informam Couto e Schraiber (2013, p. 49), aspectos como a expansão da presença feminina no mercado de trabalho, a ampliação da escolarização e da participação das mulheres no domínio da política, a separação entre o exercício da sexualidade e a reprodução (com a disseminação da contracepção hormonal), entre outros, são destacados como impulsionadores de uma (re)configuração identitária.

Expor a polarização destes impasses que perpassam a edificação da identidade feminina é tarefa complexa, mormente porque inúmeros são os esquemas, os discursos, as

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ideologias e os significados implícitos e dominantes nas relações sociais antagônicas. É imprescindível, desse modo, entender a inter-relação entre práticas identitárias e gênero para que se possa contrapor a subserviência. Depreende-se, portanto, que a construção da identidade dialoga com a história, com os sentimentos e as relações interpessoais, estando em permanente reformulação, sendo essencial viabilizar a transposição de cânones obsoletos embasados na subalternidade das mulheres, através de um verdadeiro protagonismo feminino a partir da construção e afirmação identitária.

4 A Cidadania Feminina Ressignificada

Ao se questionar sobre as conceitualizações da cidadania, pode-se inferir que esta é mais do vindicar direitos, é efetivamente salvaguardá-los. Nessa direção, a cidadania não pode ser resumida apenas ao conjunto de direitos sociais, políticos, civis e culturais, mas também à possibilidade de utilizá-los como ferramentas para potencializar a condição de cidadãos. A cidadania é, pois, um meio de instrumentalizar a efetivação dos direitos já garantidos e os que ainda serão conquistados.

Para tanto, a cidadania pode ser concebida como uma organização de princípios que servem de base às concepções de justiça social. É um conjunto de propostas sobre como os indivíduos deveriam ter direitos e deveres políticos, civis e sociais para serem capazes de realizar, plenamente, seu potencial humano. É uma aspiração nobre com uma longa história. Embora tome diferentes formas em diferentes lugares, é frequentemente reivindicada como um ideal universal da contemporaneidade, conforme explica Walby (2004, p. 169).

Já, segundo Scott (2010, p. 41), em termos estritamente legais, a ideia de cidadania diz respeito às regras segundo as quais é conferida a pertença nacional, que podem ser baseadas na linhagem (jus sanguinis), no território (jus soli) ou numa combinação de ambos. É de se enfatizar, de antemão, que democracia, cidadania e direitos estão sempre em processo de construção. Conquanto, as mulheres foram, ao longo da História, alijadas deste processo participativo, negando-se-lhes, inclusive, o reconhecimento de seus direitos específicos.

No Brasil, retomando as diversas manifestações do feminismo das primeiras décadas da República, pode-se concluir que houve de fato, se não um movimento feminista na época, uma movimentação feminista que se expressou de diferentes ideologias. O centro da questão feminista era, sem dúvida, a luta pelos direitos políticos, concretizados no direito de votar e

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ser votada. Esta foi a porta de entrada das mulheres na arena de luta por seus direitos, não só no Brasil mas em todo o mundo ocidental. Na verdade, essa primeira luta era pela cidadania em seu nível mais básico, de acordo com Pinto (2003, p. 38).

Sob esta perspectiva, Manzini-Covre (2006, p. 29-30) alega que a cidadania não é uma categoria burguesa no sentido estrito. É uma categoria que pode também ser elaborada, apropriada e utilizada pelos trabalhadores, como o foi pela burguesia revolucionária, depois, pela burguesia dominante no sentido que lhe conveio, e novamente reedificada pelos capitalistas tecnocratas. Na sua concepção, a cidadania pode ser reestruturada pelos trabalhadores para fazer valer universalmente os direitos civis, sociais e políticos.

Nesse ponto, a cidadania se manifesta por meio das relações sociais, por meio do exercício de produzir coletividade e poder de relacionamentos continuados em favor da vivência dos direitos e deveres dos indivíduos nos grupos sociais. Um relacionamento compartilhado e participativo é condição necessária para o exercício da cidadania. A atualidade do debate atinente à cidadania e às relações sociais de gênero também se deve aos estudos sobre o Estado providência e às políticas sociais. Nestas concepções, a cidadania requer a existência de um Estado democrático e liberal que garanta os direitos sociais, conferido, assim, a cada membro da comunidade um estatuto que lhe dá o sentimento de ser um verdadeiro cidadão, capaz de participar da vida em sociedade e se integrar nela.

Igualmente analisando nesse aspecto, Vieira (2001, p. 224-225) constata que não há cidadania sem participação nas decisões políticas da pólis, e sem solidariedade entre seus membros. Ora, participação e solidariedade são dois elementos que estão sendo enfraquecidos, mas há novas formas de ativismo e militância política. Esse retorno ao tema da cidadania, que se apresenta de forma tópica – pobreza e exclusão, gênero, identidade nacional, democratização, minorias étnicas, globalização, instituições internacionais, meio ambiente, etc. – está relacionado a pelo menos duas razões principais. A primeira é de natureza teórica e diz respeito aos desdobramentos do debate aberto na filosofia política, especialmente entre liberais e comunitaristas. A segunda refere-se aos próprios eventos políticos que aconteceram em distintas partes do mundo e suscitaram o interesse pela problemática da cidadania.

Verifica-se, assim, que a elaboração da cidadania gera inclusões e exclusões associadas às condições que presidem à perpetuação dos mecanismos de exclusão/inclusão: simultaneamente, no decorrer temporal, torna-se um terreno formidável para pôr novamente em questão estes mecanismos, cada vez mais difíceis de se conciliarem com a dimensão

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universalística e “aberta” adquirida pela cidadania, sobretudo a partir da Revolução Francesa, como menciona Bonacchi (1995, p. 39).

Dessa forma, a cidadania pode ser compreendida sob vários ângulos, de acordo com as condições históricas, jurídicas, econômicas, sociais e culturais das sociedades, englobando em seu conceito elementos de diversos matizes ideológicos, surgidos no decorrer dessa evolução. Logo, não existe um conceito certo ou errado de cidadania, mas sim uma teorização que melhor se coaduna com as ideologias, objetivos e interesses de quem o usa, apresentando apenas contornos gerais comuns (exercício de direitos e deveres por meio da participação), conforme elucida Silva (2009, p. 45).

Touraine (1992, p. 881), destaca, mais uma vez, que o conteúdo da cidadania, em seu significado mais geral, correlaciona-se com a consciência de pertencer à sociedade, com a capacidade do indivíduo de se sentir responsável pelo bom funcionamento das instituições e com a obrigação das instituições de respeitar os direitos de homens e mulheres. Depreende-se, portanto, que as reformulações da cidadania perpassam, sobremaneira, pelo novo sentido de se pensar e repensar a intersecção entre identidade, solidariedade e participação.

Sob este ponto de vista, as múltiplas identidades femininas redefinem os modos de ser com base nas experiências, vividas ou fantasiadas, das mulheres. Além disso, suas lutas pela sobrevivência e pela dignidade capacita-as, subvertendo desse modo a mulher patriarcalizada, que recebeu esta definição precisamente por causa da sua submissão. O feminismo dilui a dicotomia patriarcal homem/mulher na maneira como se manifesta, de formas diferentes, por caminhos diversos, nas instituições e práticas sociais. Agindo assim, o feminismo constrói não uma, mas muitas identidades, e cada uma delas, em suas existências autônomas, apodera-se de micropoderes na teia universal tecida pelas experiências adquiridas no decorrer da vida, na lição de Castells (2010, p. 237-238).

O reconhecimento do conflito paradigmático tem por objetivo precisamente reconstituir o nível de complexidade a partir do qual é possível pensar e operacionalizar alternativas de desenvolvimento da sociedade, conforme elucida Santos (2000). Conclui-se, pois, que as mudanças paradigmáticas ocorrem porque há modificações societais em curso. A transformação se dá sempre da periferia para o centro, ou seja, das bases para o centro. Acrescente-se que o aprofundamento destas reflexões exigidas em tempos de transição paradigmática faz com que sejam buscados, diuturnamente, novos cânones para se estruturar o espaço-tempo da cidadania como um lócus de verdadeira instrumentalização dos direitos.

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Diante de um recorte histórico, visualizou-se que a cidadania é, constantemente, construída, formulada e reconceitualizada mediante os processos de ruptura e transição paradigmática. Nesta conjuntura, Manzini-Covre (2006, p. 72-73) frisa que a proposta da cidadania da etapa atual permite abrir espaço para a retomada daquele exercício de cidadania do período do avanço revolucionário da burguesia. Isso depende de uma condicio sine qua

non: a de que os sujeitos precisam construir o possível nesse campo aberto, lutando por todos

os direitos do cidadão. E lembrando sempre: o que se reivindica tem relação substancial com o modo usado para reivindicar.

5 Considerações Finais

Contrapor a manutenção das relações de poder requer, então, conhecimento acerca das estruturas políticas, culturais e econômicas, para que se possa promover a desfragmentação de esquemas sociais que são consolidados sobre a dominação. Buscar agentes catalisadores na efetivação da cidadania substancial é indispensável para que a práxis cotidiana não naturalize situações díspares, mas inversamente, empodere os indivíduos em seus campos de ação, fazendo com que as relações assimétricas de poder não se perpetuem na esfera social.

É essencial esclarecer que, como elucidam Pinsky e Pedro (2003, p. 294), no intuito de alcançar a cidadania plena e a igualdade de direitos em relação aos homens, inúmeras mulheres investiram em diversas frentes. Lutaram sozinhas ou em movimentos sociais e feministas. A busca da plena cidadania, entretanto, continua em pauta. O percurso cheio de idas e vindas, os tropeços e os recuos, têm mostrado uma luta por direitos instáveis, constantemente ameaçados, como se, do fundo dos tempos históricos, mitos e estereótipos antigos teimassem em retornar, renovados a cada momento, vestidos com novas roupagens, visando assombrar as mínimas conquistas.

Verifica-se, dessa forma, que o fator espaço-temporal influencia, sobremaneira, na concepção de cidadania, a qual é, muitas vezes, confundida com democracia, ou seja, com o direito de participação política, de votar e ser votado. No entanto, nem o voto é uma garantia de cidadania, nem a cidadania pode ser resumida ao exercício do voto, já que, como explicitado, a cidadania é a busca constante pela conquista e garantia de direitos, assim como pelo engajamento político e participação democrática.

Entende-se, assim, a cidadania como toda prática que envolve reivindicação, interesse pela coletividade, organização de associações, luta pela dignidade e pela igualdade.

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Consequentemente, não se pode confundir a cidadania com as soluções individualistas estimuladas pelo próprio sistema de competição hoje vigente, já que um dos grandes problemas para o exercício da cidadania é exatamente o individualismo incentivado pela própria sociedade de consumo e pelo neoliberalismo, potencializando, inclusive, a discriminação e o preconceito, a aversão ao diverso, a exclusão social e, consequentemente, a subalternidade feminina. Ao abandonar a defesa da coletividade, enfraquecer-se-á a cidadania.

A partir destas confrontações, percebe-se que a tarefa indispensável é apontar os limites da cidadania e da democracia, especialmente incentivando o exercício da cidadania nos espaços do cotidiano. É mediante o manejo da afirmação identitária e da participação nas ambiências sociopolíticas e de poder que se poderá e das políticas públicas fortalecer a materialização dos direitos fundamentais. Para tanto, a vindicação por efetiva e substancial cidadania é contínua e permanente. O que se traduz, portanto, em fundamental vigilância e persistência na luta para assegurar as conquistas até aqui obtidas via cidadania feminina, porquanto o silenciamento das mulheres é justamente a principal estratégia da dominação.

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