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Aula 07 SOLUÇÃO DE LITÍGIOS INTERNACIONAIS

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Academic year: 2021

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Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.

Turma/Ano: Direito Internacional Público (2015)

Matéria/Data: Solução de Litígios por Meios Coercitivos. Guerra. Domínio Público Internacional (16/09/15) Professor: Luiz Oliveira Castro Jungstedt

Monitora: Márcia Beatriz

Aula 07

SOLUÇÃO DE LITÍGIOS INTERNACIONAIS Meios Judiciais (continuação)

As sentenças proferidas por tribunais internacionais dispensam homologação pelo ordenamento interno, uma vez que o país onde estas deverão ser cumpridas aderiu às suas jurisdições.

O mesmo não ocorre com as decisões oriundas do Direito Estrangeiro que necessitam de mecanismo de cooperação jurídica internacional para que produzam efeitos internamente. Nestes casos, é indispensável a homologação pelo Superior Tribunal de Justiça – tal competência lhe foi transferida pela EC 45/04 (art. 105, I, i, CRFB).

Assim, a sentença estrangeira, ou seja, aquela decisão judicial proferida por outro Estado soberano, não é isoladamente válida no Brasil (em virtude da ausência de jurisdição do prolator da sentença). O procedimento de homologação, objeto de estudo do Direito Internacional Privado1, é também

disciplinado pelo CPC/15 nos seus arts. 21 a 24.

Visando a validação nacional da decisão externa, deve o interessado ingressar com uma ação constitutiva no STJ que irá verificar os requisitos indispensáveis à homologação, quais sejam: -Tradução juramentada;

- Autenticação consular; - Trânsito em julgado;

- Devido processo legal: citação válida, juízo competente e respeito a contraditório e ampla defesa; - Não ofensa da ordem pública brasileira pelo objeto da decisão.

Importante ressaltar que o Tribunal da Cidadania fará apenas um juízo de delibação, ou seja, o STJ somente verificará a compatibilização da sentença com o ordenamento pátrio – ele não reexamina o mérito da decisão prolatada, apesar de seu parecer ser expresso por meio de sentença.

1 Para maior aprofundamento do assunto, ver aula 02 de Direito Internacional Privado ministrada por

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Meios Coercitivos

Quando as negociações diplomáticas não resolvem a controvérsia internacional ou quando não há aceitação das soluções judiciais, os Estados se utilizam de meios coercitivos em resposta à contrapartida negativa.

Por serem atos anteriores a guerra, são considerados meios pacíficos – não obstante, alguns sejam agressivos ou não mais aceitos. São meios de coerção internacionais:

- Retorsão: também conhecida como retaliação, é a resposta imediata, na mesma proporção, em face de atos que apesar de lícitos são considerados impróprios e inconvenientes. Ex.: excesso de burocracia na identificação de seus nacionais, em resposta ao tratamento análogo dado aos brasileiros no ingresso nos Estados Unidos e Espanha;

- Represálias: resposta com ilicitude de igual teor – não mais são aceitas violências físicas nem bélicas, apenas ilícitos morais. Ex.: medidas de compensação em face de subsídios concedidos; - Embargo: sequestro de navios e cargas ancorados em seus portos ou em trânsito nas águas territoriais. Este meio violento não é mais admitido pelo Direito Internacional;

- Boicote: interrupção bilateral das relações comerciais realizadas tanto pela iniciativa privada quanto pelo Estado. Ex.: crise entre Brasil e Canadá decorrente do duelo entre Embraer e Bombardier que levou o Canadá a proibir a importação de carne bovina (sob a falsa alegação de vaca louca) e consequente suspensão de todos acordos comerciais pelo Brasil.

- Bloqueio pacífico: tido como uma evolução do boicote, pois trata-se de interrupção generalizada das relações comerciais – os demais Estados assim acordam ou são impedidos unilateralmente de negociar por outro país que faz uso de forças armadas. Ex.: Israel proibiu o acesso de água e alimentos na Faixa de Gaza.

- Rompimento das relações diplomáticas: retirada da missão diplomática daquele territórios, sendo portanto, a última alternativa antes da declaração de guerra.

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Direito de Guerra

Até a primeira metade do século XX, a opção pela guerra era considerada como ação lícita (jus in bello – direito de guerra, jus ad bellum – direito à guerra).Quando as guerras eram instauradas, regras costumeiras oriundas de cartéis e capitulações entre os países em guerra norteavam o conflito. Versavam principalmente sobre regras humanitárias que protegiam feridos e enfermos, médicos, enfermeiros e capelães, hospitais, prisioneiros de guerra e população civil.

A convenção mais conhecida é a de Haia de 1907 que basicamente limitava a liberdade de ação dos beligerantes em três frentes:

- ratione personae: advertência para poupar não combatentes; - ratione loci: restrição de ataques a alvos militares;

- ratione conditionis: limitação dos métodos e armas de sofrimento excessivo.

Francisco Rezek alerta para a existência da cláusula si omnes segundo a qual, o conjunto de normas de solidariedade só teria validade quando todos os Estados envolvidos na guerra fossem signatários da convenção. Ex.: o envolvimento da Libéria na primeira guerra mundial e da Itália na segunda guerra mundial afastou a aplicação da convenção.

A neutralidade adotada por alguns países também foi regulada pela Convenção de Haia de 1907. Ela dispunha que eram direitos dos Estados neutros a inviolabilidade do território e o livre comércio com os beligerantes, mas também os deveres de imparcialidade via tratamento igual e abstenção de qualquer envolvimento – no entanto nada impede a manifestação dos nacionais. Ao final da primeira guerra houve uma evolução quanto à proibição de guerra. O Pacto da Sociedade das Nações (1919) em seu artigo 12 não vetou formalmente a guerra, mas a colocou como último recurso 2.

Foi somente ao final da segunda guerra mundial, com a Carta das Nações Unidas (1945) que houve expressamente a proscrição da guerra. Pela redação do art. 2º, §4º deste documento, os países membros devem se abster de recorrer à ameaça ou ao uso da força em suas relações internacionais. Com a Convenção de Genebra (1949) houve uma atualização do acervo normativo, visto que muitas convenções anteriores, notadamente a de Haia, caducaram (a guerra não é mais admitida).

2 Art.12. Todos os Membros da Sociedade convêm que, se entre eles houver um litígio que possa trazer rompimento, o submeterão ao processo de arbitragem ou ao exame do Conselho. Convêm mais que, em nenhum caso, deverão recorrer à guerra antes de expirar o prazo de três meses depois da sentença dos árbitros ou do parecer do Conselho.

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No entanto, algumas disposições se mantiveram como: a obrigatoriedade de tratamento diferenciado a soldados feridos, enfermos e náufragos, redação de um estatuto dos prisioneiros de guerra, respeito a médicos, enfermeiros, capelães e administradores e defesa da população civil. Domínio Público Internacional

São áreas de domínio público internacional: Polo Norte e Antártida, Mar, Rios internacionais, Espaço aéreo e Espaço extra-atmosférico (cosmos).

Polo Norte e Antártida

Enquanto o Polo Norte possui escasso interesse econômico em virtude do fato de ser apenas mar congelado (não há massa de terra), na Antártida há grande interesse econômico e estratégico, pois o gelo cobre uma gigantesca ilha.

Desta feita, dois acordos internacionais regulam as atividades no continente de gelo: - Tratado da Antártida (Washington - 1959): não militarização;

- Protocolo de Madrid (1991): não exploração econômica – especialmente recursos minerais.

Mar

A principal normatização sobre os domínios marítimos encontra-se na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Montego Bay) que apesar de ter sido assinada em 1982, somente entrou em vigor em 1994 quando a exigência de quórum de sessenta países foi atingido – o Brasil ratificou-a em 1988.

Esta Convenção promoveu a divisão do mar pela denominada teoria dos setores:

- águas interiores: são as águas situadas no interior da linha de base do mar territorial (art. 8º); - mar territorial: extensão do território nacional por até 12 milhas marítimas, medidas a partir de linhas de base (arts. 2 a 7da Convenção de Montego Bay Lei n. 8.617/93 arts. 1º ao3º);

- zona contígua: espaço de até 24 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base, sobre o qual o Estado costeiro poderá tomar medidas de fiscalização para controle alfandegário, de imigração ou sanitário(art. 33 da Convenção e Lei n. 8.617/93 arts. 4º e 5º);

- zona econômica exclusiva: zona situada em até 200 milhas marítimas e sobre a qual o Estado costeiro exerce direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais e ainda fiscalização e jurisdição(arts 55 a 75da Convenção e Lei n. 8.617/93, arts. 6º ao10);

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- plataforma continental: compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância. (arts. 76 a 85da Convenção e Lei n. 8.617/93 arts. 11ao 13);

- alto mar: abrange todas as partes do mar para além da zona econômica exclusiva. Esta zona é aberta a todos os Estados (res communis) que têm liberdade de navegação, sobrevoo, colocação de dutos e cabos, construção de ilhas artificiais, pesca e investigação científica (arts. 86 a 120da Convenção).

Observação1: Linha de base é o limite demarcador da parte terrestre do Estado, ignorando-se para tanto todos os recortes e entrâncias. Existem vários métodos para defini-la, podendo estes inclusive ser combinados(art. 14 da Convenção de Montego Bay).

Observação2:Não se deve entender por águas interiores os rios dentro de um Estado. Em verdade, elas correspondem às águas de mar aberto situadas aquém da linha de base e por este motivo o Estado costeiro exerce soberania ilimitada. Ex.: Baía de Guanabara.

Observação3: O Estado costeiro exerce soberania sobre agua, leito do mar, subsolo e espaço aéreo localizados no mar territorial. Entretanto, esta soberania não é absoluta, pois é garantido o direito de passagem inocente, também chamado de direito de passagem inofensiva (arts. 17 a 26 da

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Convenção de Montego Bay), independentemente de autorização, desde que contínua e rápida e ainda que os submarinos naveguem na superfície e arvorem suas bandeiras.

Da mesma forma, estará restrita a jurisdição penal e civil do Estado costeiro sobre o mar territorial quando embarcações estejam em passagem inocente (arts. 27e 28 da Convenção de MontegoBay). Observação4: O controle de um Estado pode ser naturalmente prolongado quando a plataforma continental ultrapassa a metragem da zona econômica exclusiva (200 milhas marítimas). Nestes casos, os direitos econômicos do Estado costeiro sobre a plataforma continental são exclusivos – a jurisdição e soberania se estenderão até 350 milhas.

Rios Internacionais

São os cursos d’água que banham mais de um Estado soberano. Podem ser limítrofe (contíguos ou de fronteira) ou de curso sucessivo (provém ou se destina a um país estrangeiro). Os mais importantes rios internacionais ostentam as duas características.

As convenções regulando rios internacionais se limitam ao continente europeu. Ex.: Convenção de Barcelona (1921) disciplinou as vias d’água de interesse internacional, inclusive certos lagos, sob a égide dos princípios da liberdade de navegação e igualdade de tratamento a terceiros.

No continente americano o princípio da liberdade de navegação por terceiros nunca foi adotado. A regulamentação dos rios Amazonas, Paraguai, Paraná e Uruguai encontra-se na Convenção de Brasília de 1079 (bacia Amazonas), na Convenção de Brasília de 1969 (Bacia do Prata) e no Decreto Imperial n. 7 de dezembro de 1866 (abertura da navegação aos navios mercantes de todas as bandeiras).

Espaço Aéreo

Diferentemente do mar territorial, no espaço aéreo não há passagem inocente, logo são indispensáveis tratados ou permissões avulsas sobre o tema. Ademais o Estado exerce plena soberania sobre os ares situados acima de seu território e mar territorial.

As principais normas sobre aviação civil são a Convenção de Varsóvia (1929 - responsabilidade civil) e Convenção de Chicago (1944 – diversos temas, em especial criação da organização da aviação civil internacional).

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Espaço Extra-Atmosférico

Espaço sideral, cósmico ou extra-atmosférico – sobre esse tema é importante observar as convenções da ONU. As convenções da ONU têm como preocupação a utilização dos cosmos. As mais importantes são:

- Tratado sobre Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico, Inclusive a Lua e Demais Corpos Celestes (1967): Uma das regras reguladoras é sobre a exploração científica e a proibição de apropriação de corpos celestes.

Artigo 2o

1 - Quando um objeto espacial é lançado em órbita em torno da Terra ou mais além, o Estado lançador deverá inscrevê-lo num registro adequado que ele próprio manterá. Cada Estado lançador informará o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas da criação deste registro.

2 - Quando houver dois ou mais Estados lançadores relacionados com qualquer objeto espacial, eles decidirão, em conjunto, qual deles registrará o objeto, em conformidade com o Parágrafo 1o deste Artigo, levando em consideração o disposto no Artigo 8o do Tratado sobre os Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico, inclusive a Lua e demais Corpos Celestes, sem prejuízo dos acordos concluídos ou a serem concluídos entre Estados lançadores sobre a jurisdição e o controle do objeto espacial e qualquer de seus tripulantes.

3 - O conteúdo de cada registro e as condições de sua administração serão determinados pelo respectivo Estado de registro.

Artigo 4o

1 - Cada Estado de registro deverá fornecer ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, no mais breve prazo possível, as seguintes informações sobre cada objeto espacial, inscrito em seu registro:

a) Nome do Estado ou Estados lançadores;

b) Uma designação apropriada do objeto espacial ou seu número de registro; c) Data e território ou local de lançamento;

d) Parâmetros orbitais básicos, incluindo: (i) Período nodal;

(ii) Inclinação; (iii) Apogeu; e

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(iv) Perigeu;

e) função geral do objeto espacial.

2 - Cada Estado de registro poderá fornecer, de tempos em tempos, ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas informações adicionais sobre um objeto espacial inscrito em seu registro.

3 - Cada Estado de registro deverá notificar o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, na maior medida possível e no prazo mais rápido que puder, sobre os objetos espaciais, a respeito dos quais ele tenha, antes, prestado informações, e que, tendo sido colocados em órbita, já não se encontram nesta órbita.

- Recolhimento de Astronautas (1968);

- Responsabilidade por Danos Causados por Engenhos Espaciais (1972); - Registro na ONU de Objetos Lançados ao Espaço (1975);

- Tratado da Lua (1979).

As convenções da ONU têm como objetivo a utilização pacífica da Lua. Na órbita da Terra e da Lua só existe proibição para armas nucleares e de destruição em massa.

Referências

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