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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ 4ª CÂMARA CÍVEL - PROJUDI RUA MAUÁ, ALTO DA GLORIA - Curitiba/PR - CEP:

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ 4ª CÂMARA CÍVEL - PROJUDI

RUA MAUÁ, 920 - ALTO DA GLORIA - Curitiba/PR - CEP: 80.030-901 Autos nº. 0002849-94.2018.8.16.0000/0

Recurso: 0002849-94.2018.8.16.0000 Classe Processual: Agravo de Instrumento

Assunto Principal: Violação aos Princípios Administrativos

Agravante(s): FAGNER OLAZAR IRALA (RG: 84887641 SSP/PR e CPF/CNPJ:

007.334.619-56)

Rua Eunápio de Queiroz, 470 - Parque Residencial Morumbi - FOZ DO IGUAÇU/PR - CEP: 85.858-360

ELDER LEANDRO LAGE (CPF/CNPJ: 014.743.539-08)

Rua Paulo Pontes, 465 - Vila Pérola - FOZ DO IGUAÇU/PR - CEP: 85.865-220 DIEGO HENRIQUE BARAÕ DE SOUZA (RG: 97973954 SSP/PR e CPF/CNPJ: 072.823.259-60)

Alameda Celso Benitez Rorato, 90 Jardim Porto Belo FOZ DO IGUAÇU/PR -CEP: 85.867-595

ADÃO CRUZ DA SILVA (RG: 18464810 SSP/PR e CPF/CNPJ: 308.455.489-72) Rua Jaçanã, 627 - Portal da Foz - FOZ DO IGUAÇU/PR - CEP: 85.859-380 AIRTON JOSE CARBONI JUNIOR (CPF/CNPJ: 009.105.399-44)

Rua Marta Freiertag, 170 - Jardim Panorama - FOZ DO IGUAÇU/PR - CEP: 85.856-540

LUIS FABIANO OLAZAR IRALA (RG: 71945537 SSP/PR e CPF/CNPJ: 004.896.409-31)

Rua Osvaldo Goch, 1190 - Jardim Residencial Bela Vista - FOZ DO IGUAÇU/PR - CEP: 85.856-630

THIAGO DOS SANTOS NASCIMENTO (CPF/CNPJ: 010.825.391-04) Rua dos Cravos, 611 - Jardim das Flores - FOZ DO IGUAÇU/PR - CEP: 85.855-140

Cleomar Dante Estrazulas (RG: 76789037 SSP/PR e CPF/CNPJ: 026.194.579-39) Alameda Celso Benitez Rorato, 90 Jardim Porto Belo FOZ DO IGUAÇU/PR -CEP: 85.867-595

LEONARDO DE SOUZA BERRIEL (RG: 145616760 SSP/PR e CPF/CNPJ: 159.914.067-58)

Avenida Juscelino Kubitschek, 133 - Centro - FOZ DO IGUAÇU/PR - CEP: 85.851-210

Agravado(s): DIRETOR SUPERINTENDENTE DO FOZTRANS – INSTITUTO DE

TRANSPORTES E TRÂNSITO DE FOZ DO IGUAÇU-PR (CPF/CNPJ: Não Cadastrado)

Rua Edgard Schimmelpfeng, 43 Parque Presidente FOZ DO IGUAÇU/PR -CEP: 85.863-220

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1. Trata-se de Agravo de Instrumento interposto contra decisão proferida nos

autos de Mandado de Segurança sob nº 0002036-74.2018.8.16.0030, impetrado por Elder Leandro Lage, Adão Cruz da Silva, Diego Henrique Barão de Souza, Thiago dos Santos Nascimento, Luiz Fabiano Olazar Irala, Leonardo de Souza Berriel, Airton Jose Carboni

em face de de ato praticado pelo

Junior, Cleomar Dante Estrazulas e Fagner Olazar Irala

Diretor Superintendente do Foztrans – Instituto de Transportes e Trânsito de Foz do

mediante a qual o MM. Juiz singular indeferiu o pedido liminar pleiteado.

Iguaçu/PR,

Em suas razões recursais, sustentam os agravantes, em apartada síntese, que: a Lei Complementar nº 727/2017 renovou no ordenamento jurídico quando dispôs sobre

(a)

trânsito e transporte, criando a penalidade de apreensão e remoção do veículo, qual o CTB só previa retenção do veículo; (b) de acordo com os documentos de mov. 1.4, 1.5 e 1.6 dos autos principais, o interesse de agir dos agravantes resta manifestamente caracterizado, uma vez que a autoridade coatora ora agravada expressamente aduz que “enquanto não existir a regulamentação federal e posteriormente a municipal, o Foztrans vai autuar e apreender os veículos conforme estabelece do Código de Transito e a legislação municipal”; (c) a escolha sobre o meio de transporte deve ser realizada exclusivamente pelo consumidor final do serviço, cabendo aos entes públicos a fiscalização das leis de trânsito, segurança veicular e direito do consumidor; (d) “o juiz não está adstrito as normas jurídicos nem a artigos de lei indicados pelas partes, devendo atribuir aos fatos apresentados o enquadramento jurídico adequado”; (e) perigo na demora está que a demora do julgamento poderá resultar na indevida autuação dos motoristas, apreensão e remoção de seus veículos.

Requer seja deferido o efeito suspensivo ao recurso para que a agravada se abstenha de praticar atos ou medidas repressivas que coíbam os impetrantes de exercerem livremente a atividade econômica de transportadores individuais privados de passageiros, sobretudo para que, especificamente, deixe de aplicar as penalidades previstas no art. 231, inciso VIII, do Código de Trânsito Brasileiro e art. 61-A da Lei Complementar 223/214, com redação dada pela Lei Complementar 282/2017, sob pena de multa diária a ser fixada pelo juízo.

É a breve exposição.

2. DECIDO

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Em análise perfunctória e sem prejuízo de posterior reexame, os requisitos de admissibilidade se mostram presentes, eis que o recurso se enquadra dentro da hipótese prevista

no art. 1.015, inciso I do Código de Processo Civil, razão pela qual recebo o instrumental para

regular processamento.

O art. 1.019, I c/c 995, parágrafo único e art. 300 do CPC possibilitam ao relator a atribuição de efeito suspensivo ao recurso, se houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso; ou a

, nos casos em que haja a demonstração da existência de

antecipação dos efeitos da tutela recursal

elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do recurso.

Sustentam os impetrantes, ora agravantes, na exordial do Mandado de Segurança, que exploram atividade de transporte privado individual de passageiros no Município de Foz do Iguaçu/PR, através do aplicativo “Garupa”. Todavia, mediante entrevistas pela imprensa local, houve informação de que os veículos que laborassem nesta condição poderiam ser apreendidos e multados, posto que são considerados irregulares pelo órgão de trânsito municipal. Assim, em 21/12/2017 foi publicado no Diário Oficial do Município a Lei Complementar nº 252/2017 que alterou a Lei Complementar nº 223/2014 acrescentando o art. 61-A. Em razão disso, impetrou Mandado de Segurança preventivo, temendo a prática de ato administrativo ilegal, para buscar tutela jurisdicional.

Em análise dos autos, denota-se que a questão discutida na decisão agravada diz respeito a aplicação de sanções administrativas por parte dos órgãos fiscalizadores em face dos motoristas, que utilizam a plataforma “Garupa” para transporte privado individual de pessoas. Referidas sanções administrativas estão previstas na Lei Complementar 223/2014 (art. 61) e agora na Lei Complementar nº 252/2017 que acrescentou o artigo 61-A àquela. Nesse contexto, assim dispõem as normas citadas:

“Art. 61. Pela inobservância das disposições contidas nesta Lei Complementar e nas demais normas aplicáveis ao Serviço Público de Transporte por Táxi, os infratores ficam sujeitos a:

I - multa;

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III - suspensão temporária do exercício da atividade de permissionário e/ou de motorista colaborador por até sessenta dias;

IV - cassação da Permissão.

§ 1º Compete ao Diretor de Transportes do FOZTRANS a aplicação das penalidades descritas nos itens I a III, do art. 61, desta Lei Complementar. § 2º A aplicação da penalidade de cassação da Permissão, outorgada ao permissionário é de competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo Municipal.

§ 3º As penalidades serão aplicadas separadas ou cumulativamente. Os condutores e/ou proprietários dos veículos que estiverem explorando a atividade de transporte de passageiros remunerado sem a prévia permissão no Município de Foz do Iguaçu, sem prejuízo às demais infrações de trânsito previstas na legislação em vigor, ficarão sujeitos às seguintes penalidades

“Art. 2º Fica acrescido o art. 61-A, na Lei Complementar nº 223, de 1º de setembro de 2014, com a seguinte redação:

"Art. 61-A Os condutores e/ou proprietários dos veículos que estiverem explorando a atividade de transporte de passageiros remunerado sem a prévia permissão no Município de Foz do Iguaçu, sem prejuízo às demais infrações de trânsito previstas na legislação em vigor, ficarão sujeitos às seguintes penalidades: I - apreensão e remoção do veículo e multa administrativa na importância de 40 (quarenta) UFFI`s; II - em caso de reincidência o valor da multa será aplicado em dobro".

Inicialmente cumpre destacar que a atividade econômica em nosso ordenamento jurídico, é protegida constitucionalmente pelos princípios da livre iniciativa econômica (art. 1, IV da CF)[1] e, por consequência, da livre concorrência (art. 170, IV da CF), sendo que o primeiro se baseia na liberdade, permitindo a todo agente econômico exercer de forma livre – nos moldes da lei – a atividade econômica, e, por sua vez, o segundo princípio, possui como alicerce o tratamento igualitário entre os agentes, de modo a propiciar um sistema de concorrência isonômico.

Na exploração de atividade econômica de transporte de pessoas, há o transporte público individual de passageiros e o transporte privado individual de passageiros, de modo que o primeiro é caracterizado por ser um “serviço remunerado de transporte de

passageiros aberto ao público, por intermédio de veículos de aluguel, para a realização de

” (art. 4º, VIII da Lei nº 12.587/12), conquanto o segundo é

viagens individualizadas “meio

motorizado de transporte de passageiros utilizado para a realização de viagens individualizadas

” (art. 4º, X da Lei nº 12.587/12).

por intermédio de veículos particulares

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Percebe-se claramente as características do transporte público individual de passageiros nas disposições da Lei Complementar nº 223/2014 (que regula o Serviço de Táxi no âmbito Municipal de Foz do Iguaçu), notadamente em seu art. 1º “Esta Lei Complementar disciplina a exploração do serviço de transporte de passageiros em veículo de aluguel com uso obrigatório de taxímetro, atividade de interesse público denominada genericamente de Serviço Público de Transporte por Táxi.”

Denota-se que ambos tratam de contrato de transporte de pessoas regulado pela Lei nº 12.587/2012 e artigos 730 e 731 do Código Civil. Contudo, há clara distinção quanto ao enquadramento legal das atividades de Táxi e Uber, Cabify, Garupa e afins. Isso porque, no táxi há maior intervenção estatal quanto suas regras de funcionamento, de modo que deve atender de forma universal os passageiros, suprimindo uma necessidade coletiva, enquanto que, os de plataforma digital é gerida por empresa privada, no qual impera a autonomia privada dos administradores de acordo com sua conveniência, como por exemplo referente a livre jornada de trabalho e valores fixados nas corridas, afastando o caráter essencialmente público desenvolvido na atividade.

Desta feita, conclui-se que, a atividade desenvolvida pelos agravantes – transporte privado individual, ou, transporte motorizado privado -, em cognição sumária, é lícita, conforme expressamente mencionado na Lei que dispõe sobre diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana (12.587/2012). Entretanto, ocorre que o serviço de transporte público individual (táxi) já está regulamentado pela Lei Complementar nº 223/2014 e agora acrescido pela Lei Complementar 282/2017, e, portanto, não há represálias quanto ao exercício da atividade e da profissão de taxista.

Exatamente neste ponto, está caracterizada a probabilidade do direito invocado pelos agravantes, tendo em vista que a legislação mencionada dispõe sobre o serviço de táxi (transporte público individual de passageiros), de modo que suas penalidades previstas no art. 61 e 61-A, são destinadas àqueles motoristas que exercem a atividade de táxi que deixam de cumprir as normas legais estabelecidas na referida lei, logo, não aplicável ao caso de transporte privado individual de passageiros.

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servir para prejudicar motoristas que tiram daí sua renda, e muito menos, aos usuários que optam por tal serviço, de modo que somente após a regularização, caso o condutor não esteja licenciado, há ocorrência de infração de trânsito (art. 231, VIII do CTB), diversamente do que ocorre no caso dos autos.

Ademais, autorizar que os entes fiscalizatórios possam aplicar as penalidades previstas aos profissionais que realizam esse serviço, por não possuir uma regulamentação -causada pela própria inércia da administração pública -, é ofender os valores e princípios constitucionais que protegem a ordem econômica: livre iniciativa (art. 1º, IV da CF), livre concorrência (art. 170, IV da CF), livre exercício de qualquer trabalho (art. 5º, XIII) e os valores sociais do trabalho (art. 1º, IV da CF).

Pelo exposto, verifico o preenchimento do requisito legal da probabilidade do direito invocado. Noutro vértice, há o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do recurso, ante a iminência de aplicação das penalidades previstas na Lei Complementar 223/2014 e 282/2017, enquanto exercem suas atividades de motoristas.

À luz de tais considerações, defiro a antecipação dos efeitos da tutela , para o fim de que o

recursal ente público municipal se abstenha de aplicar sanções previstas no

art. 61 da Lei Complementar 223/2014 e agora art. 61-A acrescido pela Lei Complementar nº 282/2017 em desfavor dos oras agravantes em função de sua atividade profissional exercida junto a plataforma “Garupa”, até o final do julgamento deste recurso.

3. Comunique o MM. Juiz a quo sobre os termos da presente decisão.

4. Intime-se a parte agravada Município de Foz do Iguaçu pessoalmente,

para apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias, contrarrazões ao Agravo de Instrumento, nos termos do art. 183 do Código de Processo Civil, facultando-lhe a juntada da documentação que entender necessária ao julgamento do recurso.

5. Por fim, intime-se a Procuradoria Geral de Justiça, preferencialmente por

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meio eletrônico, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 1.019, III, do Código de Processo Civil.

Curitiba, 06 de fevereiro de 2018.

CRISTIANE SANTOS LEITE

Juíza de Direito Substituta em 2º Grau

[1] Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: IV - livre concorrência; Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer

.

atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei

Referências

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