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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ODONTOLOGIA

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DOUTORADO EM ODONTOLOGIA

CONHECIMENTO E ATITUDES RELACIONADAS À

OCORRÊNCIA DE INJÚRIAS TRAUMÁTICAS DENTAIS

LUDMILLA AWAD BARCELLOS

Orientadora: Profa. Dra. Eliete Rodrigues de Almeida

Tese apresentada ao Doutorado em Odontologia, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Odontologia.

SÃO PAULO 2015

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

B218c

Barcellos, Ludmilla Awad.

Conhecimento e atitudes relacionadas à ocorrência de injúrias traumáticas dentais / Ludmilla Awad Barcellos. -- São Paulo; SP: [s.n], 2015.

79 p. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Eliete Rodrigues de Almeida.

Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Universidade Cruzeiro do Sul.

1. Traumatismos dentários - Criança 2. Traumatismos dentários – Adolescente 3. Educação em saúde bucal 4. Primeiros socorros 5. Epidemiologia - Vila Velha (ES). I. Almeida, Eliete Rodrigues de. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. III. Título.

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

CONHECIMENTO E ATITUDES RELACIONADAS À

OCORRÊNCIA DE INJÚRIAS TRAUMÁTICAS DENTAIS

LUDMILLA AWAD BARCELLOS

Tese de doutorado defendida e aprovada pela Banca Examinadora em 12/12/2015.

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Eliete Rodrigues de Almeida Universidade Cruzeiro do Sul

Presidente

Profa. Dra. Giselle Rodrigues de Sant’Anna Universidade Cruzeiro do Sul

Profa. Dra. Adriana Furtado de Macedo Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. José Eduardo Pelizon Pelino Faculdade Metropolitanas Unidas

Profa. Dra. Maria Helena Monteiro de Barros Miotto Universidade Federal do Espírito Santo

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Dedico este trabalho aos meus pais William e Lela, o maior exemplo de amor que eu poderia ter conhecido Ao meu marido José Eduardo pelo grande apoio e incentivo, amor da minha vida À minha filha Eduarda, meu amor e grande amiga, quem mais me ensinou e tem ensinado nesta vida Ao meu filho Igor e minha neta Clarice, amores de grandeza especial, vindos de outras vidas

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profa. Dra Eliete Rodrigues de Almeida, pelo carinho, confiança e orientação para a construção deste trabalho.

Aos professores do Curso de Doutorado em Odontologia, pelos ensinamentos valiosos.

À Professora Maria Helena Miotto, por me ter tirado a venda dos olhos à luz da ciência e o grande incentivo para a vida acadêmica: minha eterna gratidão.

À toda a equipe da Secretaria de Educação do município de Vila Velha, pela parceria, cooperação e confiança para a realização deste trabalho. Aos professores da rede pública do município de Vila Velha pela participação voluntária neste trabalho.

Aos coordenadores dos Cursos de Educação Física e Pedagogia da Universidade Vila pelo incentivo a auxílio valioso para a realização desta pesquisa

Aos acadêmicos dos Cursos de Educação Física e Pedagogia da Universidade Vila, pela participação voluntária na pesquisa.

À Denise Kroeff, companheira de jornada, pela excelente convivência em todos esses anos.

Aos colegas de Doutorado, pelos ótimos momentos vividos durante o curso.

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“Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”. Jean Maurice Eugène Cocteau (1889)

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BARCELLOS, L. A. Conhecimento e atitudes relacionadas à ocorrência de injúrias traumáticas dentais. 2015. 79 f. Tese (Doutorado em Odontologia)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

RESUMO

O traumatismo dentário é um evento de elevada prevalência em crianças e adolescentes. Considerando que muitos acidentes ocorrem nas escolas, a orientação de professores sobre o manejo correto às injúrias dentais pode provocar um grande impacto favorável no prognóstico dos casos. Este estudo teve o objetivo de avaliar o conhecimento sobre o manejo do traumatismo dento-alveolar entre professores da rede pública e entre acadêmicos dos cursos de Educação Física e Pedagogia do município de Vila Velha, ES. Este estudo epidemiológico transversal analítico utilizou uma amostra composta por 400 professores e 129 acadêmicos. Os dados foram coletados a partir de questionário contendo itens referentes às características sociodemográficas e de formação profissional (para os professores) e do instrumento de avaliação das atitudes e conhecimento sobre o traumatismo dento-alveolar. As respostas foram classificadas em ideal (2 pontos), aceitável (1 ponto) e incorreta (zero pontos). O conhecimento foi considerado adequado quando o respondente alcançou um somatório mínimo de pontos equivalente a 75%. Os dados foram analisados pelo programa IBM SPSS Statistics versão 21, utilizando-se o teste Qui-Quadrado e modelos de regressão (IC=95%; p 0,05). O conhecimento dos professores da rede pública e dos acadêmicos da amostra sobre o manejo do traumatismo dento-alveolar foi considerado insuficiente; não foi verificada diferença significativa entre as variáveis sociodemográficas e o conhecimento sobre traumatismo dento-alveolar entre os acadêmicos; assim como não foi verificada diferença significativa das variáveis sociodemográficas e aquelas relacionadas à formação profissional com o conhecimento sobre o manejo do traumatismo dento-alveolar entre os professores, com exceção da variável ‘treinamento em primeiros socorros sobre traumatismos bucais’. Estes resultados ressaltam a necessidade de melhorar este conhecimento, de forma efetiva, considerando a sua importância para o prognóstico dos casos e repercussão sobre a saúde e bem-estar.

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Palavras-chave: Traumatismos dentários, Conhecimentos, Atitudes e prática em saúde, Docentes, Estudantes, Educação em saúde, Educação em saúde bucal, Alfabetização em saúde.

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BARCELLOS, L. A. Knowledge and attitudes related to the occurrence of dental traumatic injuries. 2015. 79 f. Tese (Doutorado em Odontologia)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

ABSTRACT

Dental traumatic injuries are very prevalent among children and adolescents. Considering that many accidents occur at school, teachers’ knowledge about management of injuries can impact on prognosis. This study aimed to evaluate knowledge about management of traumatic dental injuries of public schools’ teachers from the city of Vila Velha, as well as Pedagogy and Physical Education students from Vila Velha University. Sample was composed by 400 teachers and 129 students for this epidemiological cross sectional study. Data was collected using questionnaires about sociodemographic characteristics and professional variables and another to evaluate attitudes and knowledge about traumatic dental injuries. Answers were classified in correct (2 points); acceptable (1 point) and wrong (zero points). Knowledge was considered adequate when points summed 75%. Data was analyzed by the software IBM SPSS Statistics version 21, using Chi-Square Test and Regression models (CI=95%; p≤0.05). Knowledge about traumatic dental injuries of public school teachers and students was considered insufficient. No significant differences between sociodomographic variables and students’ knowledge were verified as well as for public school teachers. Variables related to professional qualification also presented no association with management of dental traumatism, with the exception of “first-aid training on traumatic dental injuries” variable. These results highlight the need to improve knowledge about the subject, considering its importance on prognosis and impact on health and well-being.

Key-words: Traumatic dental injuries, Attitudes, Teachers, Students, Health education, Oral health education, Health literacy

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição da amostra segundo disciplinas ... 45 Tabela 2 – Descrição sociodemográfica da amostra ... 46 Tabela 3 – Distribuição da amostra por média, segundo idade e variáveis

relativas à profissão ... 47 Tabela 4 – Distribuição da amostra segundo formação em primeiros

socorros em saúde geral e bucal ... 47 Tabela 5 – Local de acidente envolvendo traumatismo dental ... 48 Tabela 6 – Distribuição da amostra segundo atitudes diante de fratura

esmalte/dentin. ... 49 Tabela 7 – Distribuição da amostra segundo atitudes diante de luxação

lateral ... 49 Tabela 8 – Distribuição da amostra segundo atitudes diante de avulsão ... 50 Tabela 9 – Distribuição da amostra segundo atitudes para condução do

elemento dental avulsionado no momento do acidente ... 50 Tabela 10 – Distribuição da amostra segundo atitudes para reimplante

imediato do elemento dental avulsionado.. ... 50 Tabela 11 – Distribuição da amostra segundo atitude de não reimplante

imediato ... 51 Tabela 12 – Distribuição da amostra segundo atitude de reimplante

imediato ... 51 Tabela 13 – Distribuição da amostra segundo tempo ideal para a visita ao

cirurgião-dentista. ... 52 Tabela 14 – Distribuição de acertos dos itens sobre manejo de

traumatismos ... 52 Tabela 15 – Conhecimento acerca das atitudes corretas diante de lesões

dentais traumáticas.. ... 53 Tabela 16 – Regressão logística múltipla das variáveis independentes e

conhecimento de professores. ... 53 Tabela 17 – Regressão logística múltipla das variáveis independentes e

conhecimento de acadêmicos.. ... 55 Tabela 18 – Análise do percentual de acertos por resposta. ... 56 Tabela 19 – Análise do percentual de acertos por resposta. ... 57

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CPO Índice Cariado, Perdido, Obturado IADT International Association of Dental

Traumatology

IED Índice de estática Dental

OIDP Oral Impact on Daily Performance

OR Odds Ratio

TDAH Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade

UVV Universidade Vila Velha

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 13 2 REVISÃO DA LITERATURA ... 15 3 OBJETIVOS ... 38 3.1 Objetivos específicos ... 38 4 MATERIAL E MÉTODO ... 39 4.1 Aspectos éticos ... 39 4.2 Delineamento do estudo ... 39

4.3 Local e tempo do estudo ... 39

4.4 População alvo ... 40

4.5 Cálculo amostra e sujeitos do estudo ... 40

4.6 Critérios de inclusão ... 41

4.7 Critérios de exclusão... 41

4.8 Variáveis do estudo ... 41

4.9 Instrumento de avaliação e coleta de dados ... 42

4.10 Análise e interpretação dos dados ... 43

5 RESULTADOS ... 45

6 DISCUSSÃO ... 58

7 CONCLUSÃO ... 74

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1 INTRODUÇÃO

O traumatismo dentário apresenta alta prevalência entre crianças e adolescentes brasileiros, podendo ocasionar perdas dentais irreparáveis (ANTUNES; LEÃO; MAIA, 2012).

O aumento dos níveis de violência, do número de acidentes de trânsito e uma maior participação das crianças em atividades esportivas tem contribuído para transformar o traumatismo dentário em um problema de saúde pública emergente (TRAEBERT; MARCON; LACERDA, 2010).

O traumatismo dentário pode gerar impacto social e psicológico desfavorável sobre a qualidade de vida das crianças e adolescentes, especialmente quando não recebem o tratamento adequado (CORTES; MARCENES; SHEIHAM, 2002). Isto ocorre devido ao fato de atingir predominantemente os dentes anteriores da arcada, gerando desconforto físico, psicológico, queda da autoestima, dificuldade em sorrir, dores, perda funcional na mastigação e fonação, dificultando o seu convívio social (MARCENES; ALESSI; TRAEBERT, 2000).

É notória a falta de informação suficiente da sociedade no sentido de evitar lesões traumáticas, bem como de lidar com este tipo de evento no momento do acidente. Por outro lado, alguns profissionais da saúde, inclusive cirurgiões-dentistas subestimam a incidência do trauma dentário e concentram-se no tratamento ao invés da busca das causas para o planejamento de ações destinadas à prevenção da ocorrência (TRAEBERT; MARCON; LACERDA, 2010).

Nesse sentido, cabe ressaltar os pressupostos da Promoção da Saúde, a qual parte de uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes (BUSS, 2000), considerando a multifatorialidade na construção da rede causal de todo e qualquer evento (ROTHMAN; GREENLAND, 2005). Propõe a articulação de saberes técnicos e populares para a melhora das condições de saúde e redução da ocorrência de eventos (CARTA DE OTTAWA, 1986). Dessa forma, estratégias direcionadas à educação para a saúde exercem papel fundamental na prevenção de traumatismos dentários (KAY; LOCKER, 1998). É importante que as pessoas sejam

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informadas sobre as causas e consequências das doenças para que possam delas se prevenir, uma vez que a prevenção primária, sem dúvida, possui um grande potencial no controle e na redução das doenças bucais (REIS et al., 2010).

Visto que muitos acidentes ocorrem durante o período de permanência das crianças em creches e escolas (OZER et al., 2012), uma aliança intersetorial com vistas à orientação de professores sobre prevenção e procedimentos corretos na prestação de primeiros socorros, pode provocar um grande impacto favorável no prognóstico após a lesão dentária.

Neste contexto, este estudo foi planejado com o objetivo de avaliar o conhecimento sobre o manejo do traumatismo dento-alveolar entre professores de ensino fundamental da rede pública e entre os acadêmicos dos cursos de Educação Física e Pedagogia do município de Vila Velha, Espírito Santo, sob a hipótese de que, este conhecimento pode levar à atitudes imediatas mais adequadas, evitando consequências negativas sobre a saúde bucal e geral do indivíduo traumatizado, podendo interferir no seu bem-estar e qualidade de vida.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Andreasen et al. (2002) realizaram uma revisão da literatura acerca de parâmetros que exercem influência sobre o prognóstico de injúrias dentais traumáticas. O foco principal da revisão era verificar o efeito da demora na realização do tratamento dos traumatismos sobre o ligamento periodontal e o tecido pulpar. Foram identificados poucos estudos com este propósito. A maior parte dos trabalhos, o desfecho terapêutico esteve associado à severidade da injúria e o estágio de desenvolvimento radicular. Os autores consideram consenso que injúrias traumáticas devem ser tratadas o mais imediato possível e que a utilização de protocolos deve ser recomendada, embora a produção de mais evidência sobre possíveis consequências geradas pelo atraso do tratamento no prognóstico dos casos se faça necessária.

Traebert et al. (2004) avaliaram a prevalência de injúrias dentais traumáticas em incisivos permanentes e a possível associação com fatores clínicos predisponentes e nível de escolaridade dos responsáveis de escolares com idade entre 11 e 13 anos residentes em Biguaçu, Santa Catarina. A amostra contou com 2.260 jovens avaliados clinicamente por um único examinador. As taxas de prevalência para as idades de 11, 12 e 13 anos foram respectivamente de 10,4%, 10,6% e 11,2%. Fraturas de esmalte somente e fraturas de esmalte e dentina sem sinal de envolvimento pulpar, foram os tipos de danos mais prevalentes. Apenas 15,6% dos dentes traumatizados apresentavam algum tipo de tratamento. As análises de subgrupos mostraram diferenças estatisticamente significantes na ocorrência de traumatismo para os meninos e a presença de overjet maior do que 5mm. Houve uma tendência de escolares com cobertura labial inadequada apresentarem maior prevalência de traumatismo embora a diferença não tenha sido estatisticamente significante (p=0,053). O nível de instrução dos responsáveis não mostrou associação com a frequência de injúrias traumáticas. A necessidade de tratamento em virtude do traumatismo foi da ordem de 6,3 incisivos por mil examinados. Os autores consideraram a necessidade de tratamento relativamente alta, podendo refletir negligência no tratamento de injúrias dentais traumáticas.

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Al-Jundi, Al-Waeili e Khairalah (2005) mediram o conhecimento de professores da área de saúde no norte da Jordânia acerca do manejo de injúrias dentais traumáticas. A amostra final contou com 190 participantes (questionários válidos). Uma parte do instrumento envolvia 3 casos: o primeiro se referia a uma fratura coronária; o segundo tratava de um caso de avulsão e o terceiro, um acidente com perda de consciência. O manejo da fratura foi correto em 40,5% das respostas; para avulsão em apenas 18,9% e no terceiro caso, a condução foi correta em 33,1% das respostas. Experiência prévia com injúrias traumáticas não teve efeito sobre o conhecimento para o manejo, mas teve efeito positivo na atitude. Quase 97% da amostra (184 professores) considerou o próprio conhecimento sobre primeiros socorros em traumatismos dentais insuficiente, percebendo necessidade de mais informação.

McIntyre et al. (2008) avaliaram o conhecimento, prática e experiência de equipes escolares de ensino fundamental acerca do manejo de injúrias dentais traumáticas por meio de um estudo transversal. O estudo incluiu todas as escolas de um distrito da Carolina do Norte e as equipes envolviam professores, assistentes, enfermeiras e outras categorias profissionais. A amostra final contou com 111 participantes. Destes, 24% já haviam presenciado um acidente envolvendo traumatismo dental. A maior parte do grupo (63%) nunca havia recebido qualquer tipo de informação relativo a condutas corretas para os primeiros socorros de traumatismos. Apenas onze indivíduos (10%) se percebiam bem informados a respeito de traumas dentais. Quando questionados sobre realizar o reimplante do elemento avulsionado, 44% declararam que não o fariam; 50% se sentiriam confortáveis para pegar o dente e levá-lo junto com a criança para o dentista. Sobre o meio de estocagem, quando perguntado sobre o leite, 34% o consideraram o meio de eleição. Os autores puderam concluir que o conhecimento dos pesquisados sobre o manejo apropriado de injúrias dentais traumáticas, custos envolvidos e meio de estocagem era baixo. A maioria dos participantes declarou interesse em receber uma capacitação.

Lieger et al. (2009) investigaram o conhecimento de professores suíços e a efetividade de pôsteres sobre primeiros socorros em traumatismo dental. Os pôsteres foram enviados às escolas havia cinco anos. Desse modo, enviaram questionários para professores de 100 escolas expostas aos painéis e 100 não

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expostas. As situações descritas no questionário envolviam um caso de fratura coronária, deslocamento dental e avulsão. O estudo contou com uma baixa taxa de resposta (25,5%), totalizando 511 questionários válidos. As respostas analisadas de modo geral, mostram que a chance de medidas imediatas inapropriadas foi reduzida no grupo informado. As diferenças entre os grupos foi menor para a fratura coronária (seis pontos percentuais) e para a luxação lateral (três pontos percentuais). Porém, para o caso de avulsão, a diferença entre os grupos aumentou para 17 pontos percentuais. Os autores consideraram positiva a efetividade dos pôsteres.

Glendor (2009) revisou a literatura sobre o cuidado em traumatismo dental, com foco no tratamento e na falta de conhecimento de cirurgiões-dentistas e leigos no manejo de injúrias traumáticas. Uma revisão abrangente nos bancos de dados eletrônicos foi feita, porém, só artigos na língua inglesa foram incluídos. Os autores puderam verificar que existe muita necessidade de tratamento em traumatismos dentais, caracterizando negligência. Observaram falta de organização de serviços de urgência, baixa qualidade do atendimento, além de longo tempo de espera, especialmente para a população inserida em estratos econômicos menos favorecidos. A falta de conhecimento de professores, pais, profissionais de Educação Física, estudantes de medicina e população leiga está muito bem documentada na literatura científica. Recomendam mais atenção às injúrias por parte dos cirurgiões-dentistas no conhecimento de acidentes complicados e disseminação de atitudes favoráveis diante de injúrias pela população leiga.

Pedroni, Barcellos e Miotto (2009) verificaram a prevalência de tratamento realizado em dentes traumatizados por meio de um estudo transversal em Vitória (ES) com 380 escolares entre 7 e 15 anos. Os resultados mostraram que dos participantes (31,8%) que sofreram traumatismo, 41,3% procuraram um serviço de saúde bucal após o acidente. A busca por atendimento nas primeiras 24 horas foi feita por 30% dos casos; 48% visitaram o cirurgião-dentista nos primeiros 7 dias. Dos que buscaram atendimento, 34 indivíduos (28,1%) receberam tratamento, mais frequente para crianças e adolescentes do gênero feminino. Em apenas 22,2% dos casos houve acompanhamento dos elementos traumatizados. Pôde-se verificar baixa frequência de tratamento realizado. Os autores chamam a atenção para os benefícios do tratamento imediato na redução de sequelas decorrentes de injúrias traumáticas.

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Bendo et al. (2009) realizaram uma revisão da literatura para investigar a possível correlação entre a ocorrência de traumatismos na dentição permanente e indicadores socioeconômicos. Dois dos autores conduziram a busca em bancos de dados eletrônicos em todos os idiomas e foram obtidos noventa e oito registros de trabalhos potencialmente relevantes. A cada passo metodológico, vários trabalhos eram excluídos e ao final, apenas nove estudos preencheram os critérios de inclusão propostos pelos autores. Mesmo entre estes, pôde-se observar diferentes critérios para o diagnóstico de injúrias traumáticas, bem como os parâmetros utilizados para a classificação em estratos socioeconômicos. Os indicadores utilizados pelos estudos foram a escolaridade materna, tipo de escola (pública/privada), ocupação dos responsáveis, Critério de Classificação Econômica Brasil e renda familiar. Dos nove estudos incluídos na revisão, cinco não verificaram associação entre as variáveis. Os estudos que observaram correlação positiva, esta ocorria para crianças cujas mães tinham maior nível de escolaridade ou para famílias de maior renda. Os autores verificaram a falta de consenso entre os estudos e chamam a atenção para a heterogeneidade da metodologia utilizada.

Traebert, Marcon e Lacerda (2010) realizaram uma pesquisa de delineamento transversal para medir a prevalência de traumatismo na dentição permanente e fatores associados em escolares de doze anos de idade de Palhoça (SC). Uma amostra representativa de 405 jovens foi selecionada para o estudo. Variáveis explanatórias envolveram informações sociodemográficas e clínicas (presença de

overjet incisal ≤5mm e cobertura labial). Os dados foram coletados por meio de

questionários e exames clínicos. Os resultados mostraram uma prevalência de

22,5%, não associada a fatores socioeconômicos ou clínicos, porém

estatisticamente maior entre escolares do gênero masculino. A maioria dos danos traumáticos foi de pequena magnitude, embora tenha sido verificado alta necessidade de tratamento. Dentre os casos passíveis de intervenção, a necessidade de tratamento foi de 67,5%. Os autores consideraram altas as prevalências de traumatismo e necessidade de tratamento. Chamam a atenção para a escassez de dados nacionais a respeito deste evento para a inclusão de medidas preventivas e de proteção no planejamento de políticas públicas.

Hecova et al. (2010) realizaram um estudo retrospectivo com dados secundários de 384 pacientes atendidos na Faculdade de Odontologia em Pilsen,

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República Tcheca. O objetivo foi verificar a frequência, idade, etiologia e complicações referentes a 889 dentes traumatizados. Os tipos de injúria mais comuns foram as fraturas de esmalte/dentina, seguidas de luxação lateral. Meninos foram mais afetados; várias atividades esportivas foram as principais causas, especialmente com bicicletas; na faixa de 7-10 anos, as quedas foram responsáveis pela maioria dos traumas. Na faixa etária de 21-25 anos, a violência física, consumo de álcool e agressividade foram as causas mais citadas. A complicação mais comum foi a necrose pulpar (26,9% dos casos). Para os casos de luxação lateral, a necrose pulpar foi mais frequente em dentes com ápice fechado. A condição do ápice mostrou importância significativa na complicação dos casos.

Bendo et al. (2010) investigaram a prevalência de injúrias traumáticas e possíveis fatores associados em 1.558 escolares brasileiros com idade entre 11 e 14 anos. Foram medidas as variáveis sociodemográficas gênero, idade e condição socioeconômica. Exames clínicos foram realizados para avaliar a presença de cáries, overjet, e o tipo de lesão traumática. A prevalência de traumatismos foi de 17,1%, maior para meninos, com CPO maior ou igual a 1 e presença de overjet acentuado. Quedas foram a razão mais frequente para o acidente, seguido de atividades esportivas. O domicílio foi o local citado em 41,8% dos casos, seguido da escola (14,2%). As fraturas coronárias não complicadas foram o tipo de lesão mais comum (fraturas de esmalte: 63,6%; esmalte/dentina: 15,3%). Apenas 23,3% das crianças receberam tratamento restaurador. Não houve associação estatisticamente significante com condição socioeconômica.

Skeie, Audestad e Bardsen (2010) avaliaram o conhecimento sobre injúrias dentais traumáticas na dentição permanente em professores noruegueses de Educação Física da área rural e urbana, bem como em universitários graduandos também em Educação Física. O delineamento proposto para a pesquisa foi o transversal e a coleta de dados utilizou um roteiro estruturado aplicado de forma autogerenciada. As questões envolviam atitudes diante de casos fictícios de traumatismo, ter recebido orientação sobre o assunto na formação e ter ou não material informativo sobre condutas diante de injúrias traumáticas no local de trabalho. As respostas foram organizadas em uma escala do tipo Likert de 5 pontos e agrupadas para análise em três categorias: adequada, pouco adequada e inadequada. As escolas foram selecionadas por conveniência. Participaram do

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estudo 143 sujeitos, sendo 35 professores de área urbana, 47 professores da área rural e 61 estudantes do curso de Educação Física. Os resultados mostraram que apenas 1,6% dos estudantes sabiam da existência de informativos sobre traumatismos em suas escolas; dos professores da área urbana, 2,6% declararam a existência de material informativo a respeito de injúrias dentais traumáticas em suas escolas contra 12,8% dos profissionais que atuam na área rural. Ao serem questionados se receberam alguma informação/orientação sobre o manejo de um caso de traumatismo dento-alveolar durante a formação acadêmica, nenhum estudante (0,0%) e nenhum professor da área urbana (0,0%) declarou ter recebido algum tipo de orientação ou leitura durante a sua formação. Daqueles que lecionam na área rural, apenas um (2,1%) relatou ter recebido informação sobre o manejo de injúrias traumáticas. Quando da conduta diante de um caso de fratura coronária em uma criança, 85,1% dos professores de área rural emitiram respostas adequadas, bem como 74,3% daqueles da área urbana e 79,7% dos acadêmicos. Para um caso de avulsão, as taxas de respostas classificadas como adequadas diminuíram consideravelmente entre os grupos (53,2% professores da área rural; 34,3% professores da área urbana e 34,3% no grupo de estudantes). Os autores consideraram o conhecimento dos participantes baixo, chamando a atenção especialmente para os casos de avulsão, onde o correto manejo tem forte impacto sobre o prognóstico. Ressaltaram ainda, que como provedores de cuidado, professores, especialmente das áreas de esportes e educação física, constituem um grupo importante para treinamento do manejo de urgências relacionadas à traumatismos dentais.

Al-Obaida (2010) verificou o conhecimento sobre o manejo de injúrias traumáticas em um grupo de professores de escolas primárias na cidade de Riyadh, na Arábia Saudita. Vinte e quatro escolas foram selecionadas e os professores presentes no momento da visita foram convidados a participar. Foi distribuído um total de 440 questionários e obtido uma taxa de resposta de 63%. A amostra final contou com 277 profissionais (131 homens e 146 mulheres), com idade entre 20 e 52 anos e experiência profissional entre 1 e 32 anos. Resultados positivos foram obtidos de professores mais velhos, com mais tempo de carreira e entre aqueles com experiência prévia em casos de traumatismo. De um modo geral, 17,8% (42 professores) declararam ter recebido um único treinamento em primeiros socorros

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durante a carreira e apenas 1,8% (5 professores) tiveram a inclusão de urgências odontológicas como parte deste treinamento. Os resultados da 2ª parte do questionário foram especialmente negativos. Tratava de 2 casos de injúrias dentais traumáticas: uma fratura de incisivo superior em um menino de 9 anos e uma avulsão em uma menina de 12 anos. No primeiro caso, 55,2% deram a resposta errada sobre o manejo imediato, enquanto 74,3% optaram pela ação incorreta para o socorro da avulsão. Para este caso, apenas 1,8% conheciam o meio mais apropriado para a estocagem do elemento avulsionado. Aproximadamente 87% fariam contato com um cirurgião dentista, porém não consideraram o tempo entre o acidente e a consulta um fator importante. Os autores consideraram insuficiente o conhecimento dos professores sauditas sobre o manejo de traumatismos dentais.

Berti, Furlanetto e Refosco (2011) realizaram um estudo transversal para verificar o conhecimento de professores da rede pública de ensino do município de Cascavel-PR, sobre primeiros-socorros em traumatismos dentários, com foco em avulsão dental. Das escolas sorteadas, 11 aceitaram participar do estudo, obtendo uma amostra final de 76 professores. Os resultados mostraram que em caso de avulsão, a maioria respondeu que tentaria localizar o dente e o pegaria o dente pela coroa (65,78%). Muitos profissionais (84,21%) não se sentem preparados para o cuidado imediato desse tipo de injúria por não terem recebido treinamento ou pela pouca informação. Nenhum professor declarou a atitude de recolocar o dente no alvéolo. Para conduzir o dente até um profissional, 32 (42,13%) professores o levariam embrulhado em material seco (guardanapo ou lenço) e 25 (32,89%) conduziriam o dente em recipiente com líquido. De acordo com os autores, a pouca experiência e conhecimento expressos pelos professores entrevistados refletem a necessidade de uma comunicação mais eficaz entre profissionais das áreas da saúde bucal e da educação.

Thelen et al. (2011) realizaram uma pesquisa com delineamento do tipo caso-controle para medir o impacto produzido por injúrias dentais traumáticas não tratadas em estudantes albaneses de ensino médio com idade entre 16 e 19 anos. Baseado no Índice de Trauma de O’ Brien, para cada caso foram pareados 2 controles por idade, sexo, ser da mesma classe e morar na mesma redondeza. O índice para registro dos impactos foi o Oral Impact on Daily Performance (OIDP). A amostra final contou com 95 casos e 190 controles. A prevalência de impacto

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percebido foi significativamente maior entre os casos (88,4%) comparado aos controles (58,9%), com uma chance de impacto quase 4 vezes maior (OR=3,9) para os afetados. A dimensão com maior frequência de relatos foi ”sorrir e mostrar os dentes sem embaraço” (OR=10,9), seguida de apreciar contato com as pessoas” (OR=6,1). Os autores puderam concluir que adolescentes vítimas de traumatismo com sequelas não tratadas tem maior chance de perceber impactos na qualidade de vida, e que esforços devem ser direcionados à melhora do acesso a tratamento odontológico após a experiência de uma injúria traumática.

Pagliarin, Zenkner e Barletta (2011) verificaram o conhecimento sobre avulsão de professores de Educação Física que lecionam em escolas de Santa Maria, Rio Grande do Sul por meio de um questionário contendo 8 itens fechados, deixados na escola para serem devolvidos na semana seguinte. Menos de 50% dos questionários retornaram, finalizando uma amostra de 102 professores. Os resultados obtidos revelaram que 23,5% da amostra declarou ter recebido informações sobre traumatismo dental. O meio de estocagem do dente escolhido por 32,4% dos respondentes foi a água; 27,5% guardanapo; 16,7% saliva, 11,8% soro e apenas 10,8% dos respondentes optou pelo leite. O uso de protetor bucal foi considerado um importante dispositivo na prevenção da avulsão por 70,3% dos profissionais. Comparados os grupos com e sem informação prévia sobre traumatismo, não houve diferenças significantes quando da ação do reimplante, tipo de assistência procurada e efetividade do protetor bucal para prevenção de avulsão; a exceção foi para a variável tempo do dente avulsionado fora do alvéolo. Também não foram observadas associações estatisticamente significantes para as variáveis idade, tempo de atuação profissional e nível de escolaridade. Os autores consideraram baixo o nível de conhecimento dos professores e os achados mostram necessidade urgente de implementação de um estratégia de educação continuada como ferramenta melhorar as chances de prognóstico favorável diante de casos de avulsão.

Touré et al. (2011) realizaram um estudo transversal para avaliar o conhecimento de professores de ensino fundamental sobre os cuidados imediatos direcionados a um traumatismo do tipo avulsão em incisivos permanentes, em Casablanca, Marrocos. Cinquenta escolas foram selecionadas por meio de sorteio aleatório e todo o quadro docente foi convidado a participar do estudo. Os dados

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foram coletados por meio de questionários auto gerenciados e as questões envolviam dados demográficos, experiência prévia em casos de avulsão e o manejo do dente avulsionado e medidas de urgência. Um total de 501 professores participaram do estudo. Os resultados mostraram que 44,5% dos respondentes tinha experiência prévia de caso de avulsão ocorrido na escola. Dos participantes, 82,82% consideraram avulsão dentária como um caso de urgência; apenas 15,8% reimplantariam o dente no alvéolo e esta resposta não foi influenciada por gênero ou nível de instrução do professor; 32,6% buscariam atendimento odontológico para tratamento do caso. Considerando o meio para estocagem do elemento avulsionado, 42,7% estocariam o elemento dental em um meio seco. Leite foi a opção assinalada por 21,9%. Os autores puderam verificar inadequado conhecimento de medidas de primeiros socorros em casos de avulsão entre os professores da rede e consideraram necessário a implementação de programas educacionais direcionados à melhora do conhecimento.

Fux-Noy, Sarnat e Amir (2011) investigaram o conhecimento de professores de ensino fundamental em Telaviv, Israel, sobre manobras direcionadas às ocorrências de traumatismo dental. Um questionário com três partes foi respondido por 164 professores. Embora 64,6% tenham avaliado o próprio conhecimento como baixo ou nulo, apenas 42% demonstraram interesse em melhorar o conhecimento. No manejo das injúrias, de modo geral, três predictores foram identificados: ter filhos, experiência prévia com traumatismo e pertencer à faixa etária de 35-49 anos. Na questão relativa à avulsão, apenas 5,5% reimplantariam o dente; 55,5% colocariam o dente em meio úmido e levariam a criança até um cirurgião-dentista. Para este item, ser do sexo masculino e ser professor de educação física estiveram associados às respostas corretas. Na avaliação geral, os autores consideraram o conhecimento dos professores insatisfatório.

Lauridsen et al. (2012) avaliaram o padrão de injúrias traumáticas em 4.754 pacientes tratados no Hospital da Universidade de Copenhagen no período compreendido entre 1971 a 1983, avaliando as diferenças na distribuição dos diversos tipos de trauma por grupo etário, bem como da ocorrência simultânea de fraturas coronárias para cada tipo de luxação (injúrias combinadas). Os resultados mostraram que a maior parte dos traumatismos avaliados foram classificados como injúrias menores (concussão, subluxação e fraturas coronárias sem exposição

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pulpar). A frequência relativa de fraturas corono-radiculares, fraturas radiculares e luxações laterais foi maior entre adultos comparados à adolescentes e crianças. A ocorrência de fraturas coronárias sem exposição pulpar e concussão decresceu entre os grupos etários. Um terço (31,5%) dos casos avaliados se tratavam de injúrias combinadas (fraturas coronárias com concussão, subluxação e intrusão). Os autores reforçam a importância no diagnóstico de lesões combinadas pelo aumento do risco de necrose pulpar nesses elementos.

Andersson e colaboradores participantes da Associação Internacional de Traumatismo Dental publicaram em 2012 o segundo capítulo de um guideline para o manejo de injúrias dentais traumáticas. Esta seção trata de orientações voltadas à ocorrência de avulsão em dentes permanentes. Os autores reforçam o reimplante imediato como conduta de escolha, embora reconheçam que uma grande parte dos dentes reimplantados tem poucas chances de sobrevivência a longo prazo; muito provavelmente será perdido ou terá que ser extraído. Na impossibilidade do reimplante imediato, conduzir o elemento dental imerso em leite. A preferência é para meios de estocagem destinados à cultura ou transporte de tecidos, mas considerando a dificuldade de acesso a essas substâncias no momento do acidente, o leite se configura como a melhor opção. Recomendam todo esforço para evitar que o elemento dental fique em ambiente seco pelo risco de comprometer a vitalidade das células do ligamento periodontal. Porém, chamam a atenção para a não utilização da água como meio de estocagem.

Ozer et al. (2012) avaliaram o conhecimento e atitudes de 289 responsáveis de crianças entre 6 e 12 anos sobre injúrias dentais traumáticas. Os menores estavam sob atendimento na Clínica de Odontopediatria de uma universidade em Samsun, na Turquia. Os pais que aceitaram participar do estudo responderam a um questionário contendo itens sobre características sociodemográficas (sexo, idade, escolaridade e número de filhos); treinamento ou informação prévia sobre traumatismo dental e tratamento; conhecimento sobre avulsão de dentes permanentes e as condutas imediatas a serem tomadas diante deste evento. A maior parte dos respondentes (74,7%) declarou nunca ter recebido informações sobre injúrias traumáticas; apenas 19% receberam informações de um cirurgião-dentista. Enquanto a maioria (78,2%) percebeu seu conhecimento como inadequado, 59,5% consideraram muito importante ter informação a respeito de

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traumatismo dental. Quanto às questões específicas relativas à avulsão, 90,7% responderam que não reimplantariam o elemento dental no respectivo alvéolo; quanto ao meio de estocagem para transporte do elemento dental até a chegada ao serviço odontológico, apenas 9% optaram por um meio fisiológico (solução salina, leite ou saliva), enquanto 67,1% responderam a favor de um meio não fisiológico (água, gelo, álcool, meio seco); 23,9% selecionaram a opção “não sei”. Para a limpeza do dente avulsionado, apenas 5,9% dos indivíduos identificaram o procedimento correto, enquanto 71,6% não se sentiram capacitados para escolher uma resposta. Contudo, 68,2% fizeram a opção pelo menor período de tempo para ir até um cirurgião-dentista para o atendimento (nos primeiros 30 minutos), decaindo a frequência de respostas assinaladas conforme o aumento do tempo. Os pesquisadores puderam observar que o conhecimento dos responsáveis participantes do estudo foi baixo e ressaltam a importância do aumento da informação por meio de programas, considerando a alta ocorrência de injúrias traumáticas no ambiente doméstico e escolar.

Arikan e Sönmez (2012) verificaram o nível de conhecimento de professores de ensino fundamental sobre traumatismo dento-alveolar e condutas de urgência, antes e após a distribuição de um informativo. O estudo foi realizado em Ankara, Turquia. Três bairros de diferente condição socioeconômica (alta, média e baixa) foram escolhidos no começo do estudo e duas escolas de cada bairro foram sorteadas aleatoriamente. Quinhentos professores foram convidados a participar; os 450 que aceitaram participar do estudo responderam a um questionário composto de duas partes: a primeira coletava dados sociodemográficos; a segunda consistia de cenários e um total de 8 questões sobre fratura coronária, luxação lateral, fratura radicular e avulsão. Os cenários eram acompanhados de fotografia para facilitar a compreensão dos participantes. As respostas eram codificadas em ideal (2 pontos), aceitável (1 ponto) e incorreta (zero pontos). Respondido o questionário, os professores recebiam uma cartilha contendo informações sobre os casos de todos os cenários e o procedimento correto imediato para cada caso. Os resultados mostraram que 39,1% dos professores já haviam presenciado um caso traumatismo dental e destes, 53,4% declararam ter sido em um de seus alunos. A análise inicial mostrou uma diferença estatisticamente significante no conhecimento de professores do gênero feminino e masculino, que desapareceu na avaliação

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realizada após a distribuição da cartilha. Da mesma forma, aqueles que já tinham experiência prévia de um caso demonstraram maior conhecimento (p<0,0001), e a diferença desapareceu na segunda avaliação (p=0,786). Para todos os cenários, a diferença entre os escores iniciais e os finais aumentou significativamente, mostrando a efetividade da cartilha na melhora do conhecimento e atitudes diante dos casos de traumatismo.

Young, Wong e Cheung (2012) realizaram um estudo analítico com delineamento transversal para avaliar o conhecimento de professores de Hong Kong que lecionam no ensino fundamental e médio a respeito do manejo de injúrias dentais traumáticas. A coleta de dados foi feita por meio de questionários enviados pelo correio para a União Profissional de Professores de Hong Kong para alcançar uma amostra final de 385 questionários completos. O instrumento era composto por 2 seções contendo ao todo 14 questões fechadas: a primeira seção era composta por informações demográficas básicas, ter recebido treinamento prévio sobre primeiros socorros para casos de traumatismo dental e a capacidade de distinguir dentes decíduos de permanentes; a segunda seção envolvia itens sobre o manejo de injúrias. Os pesquisadores conseguiram o retorno de 594 questionários para análise. A maior parte da amostra era composta por profissionais com idade entre 41 e 50 anos e uma larga experiência em docência (entre 11 e 20 anos). Houve uma alta frequência de respostas erradas. Apenas 32,8% indicaram o local correto para tratamento de uma injúria traumática; 73,1% assinalaram a opção “imediato” como tempo adequado para o primeiro atendimento. Um pequeno percentual (32,5%) de respondentes possuía conhecimento sobre o correto manejo de fraturas coronárias; 23,2% saberiam reposicionar um dente deslocado de sua posição original. Sobre avulsão na dentição decídua, 74,4% contraindicaram reimplante em um elemento decíduo, porém, apenas 16,3% sabiam que um elemento permanente deve ser reimplantado; 70,4% não se julgam capazes de distinguir um dente decíduo de um permanente. Em relação ao meio de estocagem do elemento avulsionado até o atendimento por um cirurgião-dentista, 21,7% optaram pelo leite; 29,6% por soro fisiológico e 7,1% pela saliva do paciente. Por se tratar de uma questão na qual se permitia mais de uma opção, apenas 20,4% identificaram pelo menos uma opção correta para o armazenamento extra alveolar do elemento dental até o serviço odontológico. Características sociodemográficas (sexo, idade, anos de experiência

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profissional e tipo de escola) não apresentaram influência sobre o manejo das injúrias, porém, aqueles que declararam ter recebido treinamento prévio sobre o manejo de injúrias dentais traumáticas apresentaram maiores escores na pontuação dos questionários. Os resultados permitiram concluir que o conhecimento dos professores sobre condutas relativas às urgências traumáticas odontológicas era insuficiente. Os autores recomendam campanhas educativas sobre este conteúdo.

Curylofo, Lorencetti e Silva (2012) verificaram o conhecimento de professores (n=52) do município de Ribeirão Preto, São Paulo, acerca do conhecimento em primeiros socorros de traumatismo dental do tipo avulsão. Os resultados mostraram que 40,4% da amostra já havia testemunhado uma avulsão no ambiente escolar, no entanto, apenas 23,5% tentariam fazer o reimplante; 62,8% declararam não ter conhecimento ou prática suficiente para recolocar o dente no alvéolo. Para a estocagem do elemento dental avulsionado até o cirurgião-dentista, 42,6% dos professores optaram por meio seco (gaze, jarra de vidro, algodão); água e o leite tiveram menor percentual de respostas (13,1%). Os autores consideraram o conhecimento dos professores inadequado e ressaltaram a importância de capacitação em traumatismos bucais direcionada aos profissionais da Educação.

Traebert et al. (2012) avaliaram o impacto produzido por injúrias traumáticas na qualidade de vida de 403 jovens de 11 a 14 anos matriculados em escolas públicas e privadas de alguns municípios do estado de Santa Catarina. As escolas foram selecionadas aleatoriamente previamente categorizadas em 3 grupos segundo porte de alunos. A coleta de dados foi realizada utilizando o índice CPQ11-14 para avaliar a ocorrência de impactos produzidos por condições bucais. Os exames clínicos foram realizados por 7 cirurgiões-dentistas previamente calibrados e utilizaram para avaliação de traumatismo, o Índice do Reino Unido, e CPO para cárie e o IED para estética. A prevalência de injúrias traumáticas foi de 16,6% e as fraturas de esmalte foram o tipo de sequela mais comum. A frequência de impactos no escore geral foi de 46,6% e foi significativamente maior para aqueles que sofreram traumatismo. Quando analisados os dados por dimensão, houve maior ocorrência de impactos para as dimensões: limitação funcional, sintomas bucais e bem-estar emocional. Desse modo, os autores puderam concluir que as injúrias traumáticas são capazes de produzir impacto desfavorável na qualidade de vida de

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escolares com idade entre 11 e 14 anos e sugerem a realização de mais estudos para maior compreensão da percepção desses impactos para esta população.

Vijaykumar, Shekhar e Vijayakumar (2013) verificaram a prevalência de injúrias traumáticas e a possível associação com sobrepeso/obesidade em um estudo transversal com 858 escolares entre 10 e 12 anos em Bangalore, India. Doze escolas de áreas urbanas foram selecionadas, seis públicas e seis privadas. Dados foram coletados por meio de roteiros e exames clínicos. A prevalência de traumatismos observada foi de 15,04%. Destas, as crianças com sobrepeso apresentaram maior frequência de injúrias. Houve associação estatisticamente significante entre a presença de sobrepeso/obesidade e lesões traumáticas tanto para meninos como para meninas. Os autores consideraram o sobrepeso um fator de risco para traumatismos dentais e enfatizaram a importância de programas direcionados à prevenção da obesidade como fator de risco comum a várias doenças considerando o estilo de vida da sociedade contemporânea.

Subuncuoglu (2013) realizou uma revisão da literatura com foco na construção de um modelo explanatório, abordando a inter-relação ente o aleitamento materno, maloclusão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), distúrbios do sono e respiração, e por fim, a incidência de injúrias dentais traumáticas. O trabalho evidencia todos os efeitos benéficos do aleitamento, principalmente os físicos, emocionais e nutricionais: o desmame precoce aumenta o consumo de leite de vaca, que tem sido visto como uma causa da deficiência de ferro na tenra infância. Considerando o papel da deficiência de ferro na patogênese do TDAH, o aleitamento materno pode aparecer como um fator regulador do curso desta desordem. A revisão traz à tona a associação entre desmame precoce e a instalação de hábitos de sucção não-nutritiva, que acaba por aumentar o risco de desenvolvimento de maloclusões do tipo mordida aberta anterior, mordida cruzada posterior e relação molar do tipo classe II, além da perda do selamento labial. O uso de mamadeiras pode desencadear alterações no padrão de deglutição e crescimento facial. Por fim, o autor revisa o papel do TDAH e maloclusão como fatores de risco para a incidência de injúrias dentais traumáticas. O autor conclui o trabalho marcando a importância do aleitamento materno como fator de proteção para uma série de fatores que podem interagir como uma sequência de eventos e produzir impacto significativo na qualidade de vida de um indivíduo no futuro.

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Bücher et al. (2013) realizaram uma análise da distribuição e tratamento de pacientes atendidos no Departamento de Urgência em Traumatismo de uma universidade alemã no período de 2004 a 2008. Os dados clínicos e radiográficos avaliados do atendimento inicial e das rechamadas constavam nos prontuários de 219 pacientes. As injúrias traumáticas foram mais frequentes em indivíduos do gênero masculino. Embora a idade dos atendidos tenha variado entre, 1 e 68 anos, mais de 75% dos traumatismos acometeram jovens menores de 14 anos. Na dentição decídua, a injúria mais comum foi a luxação e a causa mais frequente foi queda. O ambiente doméstico foi o local de maior frequência dos acidentes. Para injúrias na dentição permanente, a fratura esmalte-dentina (sem exposição pulpar) gerou o maior número de atendimentos e as quedas também contribuíram com o maior número de ocorrências, seguida de encontrões e acidentes durante a prática de esportes.

Rajab et al. (2013) realizaram um estudo do tipo transversal para verificar a prevalência de injúrias dentais traumáticas e possíveis fatores associações em uma amostra aleatória de 2560 escolares Jordanianos de 12 anos. A prevalência de traumatismo foi de 5,5% e maior para jovens do gênero masculino. As variáveis clínicas com associação estatisticamente significante com traumatismo foram a presença de overjet acima de 3 mm (p<0,01) e ausência de competência labial (p<0,001). Os autores observaram que, apesar da baixa prevalência encontrada, a necessidade de tratamento foi bastante alta.

Poi et al. (2013) realizaram uma revisão da literatura sobre diferentes meios de estocagem para a condução de dentes avulsionados até o cirurgião-dentista. A comparação entre as substâncias levou em consideração as características de cada uma (osmolaridade e pH fisiologicamente compatível com as células do ligamento periodontal aderidas à superfície radicular), efetividade e disponibilidade das mesmas na cena do acidente. A busca realizada nos bancos PubMed/Medline, Lilacs, BBO, SciELO utilizou as palavras-chave “storage medium”, “transportation

medium”, ”tooth avulsion”, “tooth replantation”,“milk” e “propolis”. Foram incluídos

artigos de pesquisa, revisão de literatura, estudos de laboratório com animais e estudos de laboratório que avaliavam soluções para a cultura de tecidos e células.Os autores puderam concluir que o leite pasteurizado é o meio mais frequentemente recomendado e com melhor prognóstico sobre outras soluções.

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Suas vantagens envolvem a alta disponibilidade e acesso fácil, pH fisiológico e osmolaridade compatíveis com as células do ligamento periodontal presentes na superfície da raiz do elemento avulsionado.

Çinar, Atabek e Alacam (2013) averiguaram o conhecimento de cirurgiões-dentistas sobre o atendimento de urgência de injúrias traumáticas em Ankara, na Turquia. Os dados foram coletados por meio de questionários compostos por 2 partes: a primeira referia-se à dados sociodemográficos e a segunda era composta por 12 questões fechadas e envolvia o manejo imediato de dentes traumatizados. Participaram do estudo 154 profissionais, sendo 133 clínicos e os demais especialistas. De um modo geral, o nível de conhecimento entre os profissionais foi considerado baixo. Não houve diferença em termos de conhecimento entre os profissionais especialistas e generalistas. Baixos escores foram observados nos quesitos relativos ao tempo de contenção em casos de avulsão e para tratamento de fraturas complicadas de coroa com grande exposição pulpar em dentes decíduos. Foi observado um alto percentual de respostas corretas quando se tratava do meio de estocagem de um dente avulsionado e cobertura antibiótica, além de correto tratamento em casos de intrusão na dentição decídua. Os autores sugerem capacitação profissional para melhora do conhecimento dos protocolos de atendimento em caso de injúrias dentais traumáticas.

Young, Wong e Cheung (2013) investigaram a efetividade de pôsteres educativos na melhora do nível de conhecimento de professores de escolas de ensino fundamental e médio a respeito do manejo de casos de traumatismo no momento do acidente. Um delineamento do tipo Ensaio Clínico Aleatorizado (RCT) foi planejado, de modo que as escolas foram sorteadas (30 escolas) em grupo intervenção (n=196 professores) e controle (n=212 professores). O nível de conhecimento inicial sobre trauma foi medido por meio de um questionário de duas seções e 14 questões fechadas, aplicado a todos os participantes da pesquisa. Pôsteres coloridos contendo fotos e redigidos em inglês e chinês com informações sobre manejo em caso de traumatismo dento-alveolar foram colocados na sala de atendimento médico, na sala dos professores e nos quadros de aviso das escolas do grupo intervenção durante 2 semanas. Após este período, professores dos dois grupos responderam novamente ao questionário. O aumento dos escores verificado no grupo intervenção mostrou diferença estatisticamente significante na comparação

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entre grupos e intra grupos. Desse modo, os autores puderam demonstrar a efetividade dos pôsteres como forma de informação disponível para a melhora do conhecimento de professores a respeito do manejo de injúrias dentais traumáticas.

Ankola et al. (2013) investigaram a prevalência de injúrias traumáticas dentais em uma amostra de 13.200 escolares entre 6 e 11 anos em Belgaum na India. A frequência de traumatismo observada foi de 14,74%. As variáveis associadas com maior poder explicativo foram gênero masculino, overjet dental acima de 3mm e a presença de incompetência labial. Os autores consideraram a prevalência de trauma dental encontrada moderadamente alta e chamam a atenção para a importância da orientação da comunidade acerca da prevenção e manejo de injúrias, especialmente pais e professores, que de modo geral, são aqueles que mais presenciam a ocorrência de acidentes deste tipo.

Sepet et al. (2014) avaliaram o conhecimento de 359 atletas de Istambul sobre o manejo de injúrias dentais traumáticas e o uso de protetores bucais. Os participantes responderam a um questionário e pôde-se identificar uma prevalência de 10,9% de traumas dentais. Fraturas coronárias foram o tipo de injúria mais frequente. Os autores observaram baixo conhecimento sobre atitudes favoráveis em caso de acidente, especialmente no caso de avulsão. A prática esportiva foi considerada uma atividade de risco para traumatismo dental e pronto atendimento odontológico deveria ser garantido aos atletas.

Pani et al. (2014) realizaram uma pesquisa com o intuito de avaliar o conhecimento e atitudes relacionadas à ocorrência de injúrias dentais traumáticas em uma amostra de 700 professores sauditas separados em 2 grupos: o primeiro composto por profissionais que lidavam com crianças portadoras do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o outro de professores que lecionavam para crianças normais. Dados foram coletados de forma autogerenciada por meio de um roteiro estruturado contendo quatro partes: a primeira continha itens relativos à informações sociodemográficas dos professores e detalhes das crianças portadoras ou não de TDAH. As outras partes avaliavam experiência pregressa no lidar com um evento traumático, o conhecimento e atitudes frente a uma urgência odontológica e a importância atribuída à prevenção, diagnóstico e manejo de uma injúria dental traumática. As questões relacionadas ao manejo da urgência foram analisadas no

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formato dicotômico (sim/não); quanto à importância da prevenção deste tipo de evento, uma escala do tipo Likert de cinco pontos foi utilizada (0= não importante; 4= muito importante); para os itens sobre conhecimento, cada resposta correta recebia escore 1 e a resposta errada considerada zero. Os resultados mostraram que professores de crianças portadoras de TDAH responderam ter presenciado maior número de ocorrências comparados aos demais, bem como apresentaram maior conhecimento e declararam maior importância de medidas preventivas. Gênero, anos de experiência, número de filhos e nível de instrução do professor pareceram exercer algum tipo de influência sobre o conhecimento dos professores de um modo geral. Modelos de regressão múltipla foram construídos para os dois grupos em separado e pôde-se observar que enquanto idade, nível de instrução, estado civil e ter filhos mostraram uma correlação positiva com o conhecimento de professores de crianças não portadoras do transtorno, apenas idade e ter filhos mostraram um impacto significativo no conhecimento de professores de crianças com TDAH. Os autores puderam concluir que, a despeito do maior conhecimento dos professores de crianças com TDAH, de um modo geral, o conhecimento dos professores sobre injúrias dentais traumáticas foi considerado baixo.

Cauwels, Martens e Verbeeck (2014) verificaram o conhecimento de cirurgiões-dentistas belgas acerca do tratamento de urgências odontológicas por meio de questionários que coletavam informações sociodemográficas e referentes à prática profissional, bem como que tipo de tratamento realizariam para injúrias dentais traumáticas. Uma amostra final de 336 questionários válidos foi obtida.Os resultados mostraram melhores escores para injúrias simples. À medida que a complexidade aumentava, o número de respostas incorretas também aumentava. Um alto percentual de erros foi registrado para incisivos traumatizados com ápice aberto e para incisivos com grande área de exposição pulpar. Embora os profissionais tenham a percepção favorável de auto conhecimento sobre o manejo correto de injúrias traumáticas, este estudo observou fragilidade para tratamento de fraturas coronárias complicadas em dentes permanentes jovens.

Atabek et al. (2014) verificaram a distribuição de injúrias traumáticas segundo sexo, idade, etiologia, dente mais afetado, classificação da lesão e o tempo decorrido entre o acidente e o tratamento. Tratou-se de um estudo retrospectivo realizado em Ankara, Turquia. A amostra contou com registros de 340 pacientes

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entre 7e14 anos. Os resultados mostraram que meninos foram mais acometidos, com idade entre 9-10 anos; quedas foram as causas mais frequentes. Pôde-se observar um atraso para o primeiro atendimento do traumatismo, tempo médio de 1 semana. Apenas para os casos mais severos, a procura por um profissional ocorreu nas primeiras horas após o acidente. Fraturas coronárias não complicadas foram as lesões mais comuns. Os tratamentos realizados com maior frequência foram restaurações em resina e tratamento endodôntico. Os autores acreditam que a alta prevalência de endodontias pode ter sido explicada pelo atraso no atendimento de fraturas coronárias, que acabaram por gerar a mortificação pulpar. Os resultados permitiram concluir a negligência do atendimento pós-trauma quando as injúrias são menos complexas. Estas atitudes refletem pouco conhecimento de pais e responsáveis sobre possíveis sequelas de injúrias dentais traumáticas.

Akhlaghi et al. (2014) avaliaram o conhecimento de 241 cirurgiões- dentistas clínicos iranianos sobre o manejo de injúrias dentais traumáticas por meio de um estudo transversal. Dados foram coletados utilizando um questionário dividido em 2 partes, uma delas abordava 7 casos imaginários de traumatismos.Grande parte do grupo declarou raramente atender injúrias complicadas. O conhecimento dos profissionais foi considerado moderado e positivamente associado aos casos mais atendidos na prática diária. A presença em cursos sobre traumatismos também esteve associado a melhor conhecimento.

Zhang et al. (2014) avaliaram prontuários de 681 crianças atendidas por motivo de traumatismo dento-alveolar no Departamento de Odontopediatria do Hospital de Estomatologia da Universidade de Xi’an, na China no período de fevereiro de 2011 a maio de 2012. O sexo masculino foi o mais afetado e a maior parte das crianças (70,2%) tinha idade entre 7 e 12 anos. Dos 1083 dentes traumatizados, 24,6% (267) eram dentes decíduos e 75,4% (816) eram dentes permanentes. Para ambas as dentições, os elementos mais comumente afetados foram os incisivos centrais superiores. O tipo de traumatismo mais frequente para dentes decíduos foi concussão (20,9%), fraturas (esmalte-dentina-polpa 16,5%), avulsão (14,3%) e luxação lateral (13,2%). Já para a dentição permanente, a maior parte dos traumas resultou em fraturas (62,8%). A causa mais frequente das injúrias foi a queda, seguida de brincadeiras, colisões, esportes e acidentes de trânsito. Embora a maior parte das crianças incluídas no estudo tivesse oclusão normal,

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17,2% eram portadoras de maloclusão do tipo classe II, ou seja, overjet acentuado na região ântero-superior. A análise de dados incluiu o acesso ao atendimento pós trauma e verificou que apenas 54,2% das crianças tiveram acesso a cuidados nas primeiras 24h. Dos menores residentes em áreas urbanas, aproximadamente 72% (357) obtiveram acesso imediato, enquanto que daqueles de áreas rurais, menos de 10% obteve acesso a cuidados nas primeiras 24h após o acidente (p<0,001) Os autores reforçam a importância da implementação de programas educacionais e preventivos, mas destacam a redução das disparidades na distribuição do cuidado.

Bendo et al. (2014) realizaram um estudo do tipo caso-controle para avaliar o impacto produzido por injúrias dentais traumáticas na qualidade de vida de 1.215 adolescentes brasileiros. A partir das medidas de impacto avaliado pelo indicador

CPQ 11-14 versão reduzida, o grupo caso (n=405) foi montado e o grupo controle foi

pareado (n=810). Fraturas de esmalte ou fraturas restauradas não apresentaram associação com os escores de impacto. Porém, quando as injúrias eram mais complexas, atingindo dentina ou com envolvimento pulpar, a significância estatística aparecia. A presença de má oclusão também favoreceu a associação. Os resultados suportam a hipótese de que adolescentes com injúrias dentais traumáticas não tratadas apresentam maior chance de impacto negativo na qualidade de vida.

Alnaggar e Andersson (2015) pesquisaram sobre o atendimento de urgência odontológica fornecido em 83 cidades situadas em 42 países. Os pesquisados eram cirurgiões-dentistas participantes da International Association of Dental Traumatology (IADT) que responderam a um questionário de 10 itens via e-mail. As

questões focavam na disponibilidade de serviços de orientação via telefone para consulta no local do acidente; disponibilidade de serviços de urgência 24horas; e a competência das equipes que conduziam esse tipo de atendimento. Todos os associados foram convidados a participar e a amostra final contou com 103 profissionais. Os resultados mostraram que metade dos participantes declarou que seus municípios possuem serviços telefônicos para a orientação de casos de urgência bem organizados, porém, declararam que a população em geral desconhece estes números. À noite, especificamente após a meia noite, o local mais comum para a busca de atendimento para traumatismo dental é o hospital, onde normalmente, existe um dentista buco-maxilo-facial. Um cirurgião-dentista bem treinado em traumatismo, ou seja, que pode oferecer tratamento

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