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A aplicação dos Modelos de Previsão de Falência em Postos de Combustíveis: Um Estudo Exploratório. Resumo

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A aplicação dos Modelos de Previsão de Falência em Postos de Combustíveis: Um Estudo Exploratório.

Resumo

Este trabalho busca retratar a realidade vivida por postos de combustíveis que faliram no interior do Estado de Pernambuco. Seu objetivo principal será facilitar o trabalho de contadores e proprietários de empresas do ramo de combustíveis, na escolha de caminhos a seguir para evitar a falência.

Buscou-se neste trabalho entrevistar empresários e contadores, fazendo assim um estudo detalhado do histórico de empresas deste ramo antes da falência. Foram entrevistados cinco proprietários de postos falidos e seus respectivos contadores. Porém apenas uma empresa forneceu os balanços de 1998 a 2000, para que fossem estudados.

Foi calculado a previsão de falência, por meio da análise discriminante usando modelos de previsões de falências de Kanitz, Altman, Elizabetsky, Matias e Pereira, fazendo assim uma comparação dos resultados obtidos com o uso de cada indicador de solvência. Apresenta-se também uma análise vertical e horizontal do Balanço da empresa que forneceu seus dados.

Também se investigou aspectos da nova Lei de Falência em que entrou em vigor em 9 de fevereiro de 2005 sob lei N° 11.101/2005.

Os resultados da aplicação dos modelos de insolvência demonstraram que alguns destes modelos poderiam antecipar uma situação de insolvência.

1 Introdução 1 Apresentação

A pesquisa teve como partida a identificação de casos de fechamento de Postos de Combustíveis nas cidades de Bonito, Toritama e Caruaru, localizadas na Região do Agreste do Estado de Pernambuco.

Procurou-se verificar a realidade dessas empresas com os contadores e os proprietários de postos de combustíveis falidos. Foram realizadas entrevistas com auxílio de gravador, tentando identificar as causas que levaram a falência desses postos. As entrevistas foram realizadas com cinco proprietários de postos de gasolina e seus contadores. Assim conseguiu-se demonstrar os percentuais dos problemas que levaram a falência e as causas reais vividas por esses empresários.

Foram analisados balanços de 1998 a 2000 de um dos postos falidos, através de gráficos, análise vertical e horizontal, cálculo da liquidez e análise de previsão de falência, onde se utilizou os índices de Kanitz, Elizabetsky, Matias, Pereira e Altman, podendo assim fazer um comparativo dos dados obtidos em cada modelo e com isso saber se a empresa estaria insolvente no período analisado.

Mostrou-se também a sistemática dos impostos que o comércio de combustível está obrigado em nível Estadual e Federal, a Nova Legislação de Falência Lei nº 11.101/2005, que

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entrou em vigor em 9 de fevereiro 2005, o papel da contabilidade em face das novas mudanças e qual o seu papel social.

2 Questão da Pesquisa

Em 2004, no setor de combustível no Estado de Pernambuco, nenhuma empresa solicitou a falência oficial, porém 24 solicitaram baixa na Junta Comercial do Estado de Pernambuco.

Diante disso, houve a necessidade de fazer um estudo sobre as causas que levam Postos de combustíveis nas cidades de Bonito, Toritama e Caruaru, onde foi constatado que nas nestas cidades muitos postos fechavam ou trovam de proprietários, fato que chamou atenção para que fosse feito um estudo detalhado do patrimônio dessas empresas com auxílio de indicadores de previsões de falência, se poderia ter sido detectado as causas que às levariam a falência e até evitaria a falência. Assim surgiu a seguinte questão de pesquisa: Os modelos de previsão de falência poderiam ter detectado uma possível insolvência dos postos de combustíveis localizados no agreste do Estado de Pernambuco?

3 Objetivo da pesquisa 1.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral desta pesquisa é identificar se os modelos de previsão de insolvência seriam úteis na antecipação de possíveis descontinuidade dos postos combustíveis localizados no agreste do Estado de Pernambuco.

3.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos foram os seguintes:

1) Identificar na literatura instrumentos que possam antecipar uma possível insolvência:

2) Identificar as causas que levaram a falência de postos de combustíveis: 3) Aplicar nos postos falidos indicadores propostos na literatura, para medir a eficácia desses instrumentos, nos postos de combustíveis, localizados na região do Agreste do Estado de Pernambuco.

4 Método da Pesquisa

Identificou-se cinco postos de combustíveis, antes localizados nas cidades de Bonito, Toritama e Caruaru, no Estado de Pernambuco, para entrevistar os antigos proprietários e os respectivos Contadores. As entrevistas questionaram o seguinte: as causas da falência; como perceberam que a falência esta próxima;; se havia alguma dívida com fornecedores, impostos e outras; se eles voltariam às atividades caso as causas da falência fossem superadas; se a variação

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de preços foi causa da falência. Especificamente com relação aos Contadores, questionou-se: se eles apresentavam demonstrações específicas que fossem úteis a tomada de decisões dos empresários; se eles auxiliavam os clientes nos controles de custos e despesas; e se eles haviam calculado os indicares de falência, de acordo com os modelos referenciados na literatura. Em seguida obteve-se, com o compromisso de não revelar a denominação social, os balanços de 1998 até 2000 de um posto que havia falido. Em seguida foram obtidos resultados de cálculo dos modelos de previsão de falência indicados na literatura. Tais cálculos foram complementados com indicadores de liquidez e endividamento, além de análise horizontal e vertical.

2 Atividade de Comércio Varejista de Combustíveis 2.2 Posto de combustíveis

O Posto de Combustíveis é uma atividade mercantil, destinada à venda de combustíveis ao consumidor, segundo o Código Nacional de Atividade Econômica.

Esse tipo de Empresa poderá ser uma firma individual, onde será constituída por um único proprietário denominado Empresário, sendo também o único a responder pela Empresa em caso de falência Art: 966; Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitado de cada sócio, sendo a sua responsabilidade na Empresa até o valor do seu capital social, art: 1052, ou Sociedades Anônimas, onde possui quase os mesmos requisitos da Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada, porém o capital divide-se em ações que são negociadas na Bolsa de Valores art: 108, da Lei 10.406/2002.

2.2 Impostos e Legislação

2.2.1 Registro nos Órgãos Competentes:

Para ser constituído um posto de combustível necessita do registro no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade Lei 10406/2002, art: 966: no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) art: 214 do Regulamento do Imposto de Renda e o registro da Inscrição Estadual Art: 56 a 58, 63 e 64 do Decreto 14.876/91.

Concluídas todas as etapas deste processo deverão ser feito o registro na Agência Nacional do Petróleo (ANP) que tem procedimentos específicos para o cadastro e fiscalização desses postos de combustíveis.

2.2.2 Formas de Tributação:

Em nível Federal o posto de combustível poderá optar pelo Regime Presumido ou Lucro Real.

O Pis e a Confins são reduzidos à alíquota zero, de acordo com Medida Provisória nº 2158/2003 independente do regime de tributação escolhido.

O Imposto de Renda Pessoa Jurídica tem a base de cálculo a alíquota de 1,6% e a Contribuição Social a alíquota de 12%, o percentual aplicado a base de cálculo de 8% para o IRPJ e de 9% à Contribuição Social.

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No regime presumido o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a Contribuição Social são calculados em função do faturamento.

No Lucro Real a empresa poderá optar pelo pagamento trimestral, onde será levantado um Balanço, e pago os impostos e se a opção for Estimativa Mensal, a Empresa pagará pelo faturamento na mesma forma do Lucro Presumido e ao final do exercício quando ocorrer encerramento do Balanço será calculado pelo lucro do período, sendo feito o confronto do que foi pago em regime de estimativa durante o ano com que deveria ser pago sobre o lucro ao final do exercício.

3 Legislação e Indicadores de Previsão de Falência 3.1 Legislação Falimentar

A Legislação de Falência no Brasil está gerando expectativas por parte dos Juristas, Empresários e Investidores, Lei n° 11.101 de 09/02/2005 que entrou em vigor em Julho de 2005.

Essa nova Legislação vem com muitas mudanças, e uma delas é privilegiar a recuperação das empresas para garantir que elas continuem no mercado, onde deverá ser traçado um plano de como essa recuperação será efetuada, isso se a sua permanecia ainda for viável. Com isso, evitará a redução de empregos e o desaquecimento econômico, causado pela quebra de muitas empresas “Art 47”.

A Nova Legislação, entretanto poderá se configurar em uma “faca de dois gumes”, pois se o Juiz, o responsável pelo deferimento da recuperação judicial “Art 52”, não avaliar os documentos com bastante precisão poderá está deixando no mercado empresas que não estejam mais fazendo o seu papel, que é gerar lucros e benefícios para a sociedade, ou tirar uma empresa que possa gerar lucros e apenas estava passando por um momento de crise.

A contabilidade tem extrema função nesse processo, pois os documentos que serão analisados pelo Juiz são os documentos contábeis dos três últimos exercícios “Art 51” que deverão condizer com a verdade absoluta para que esse processo tenha êxito.

A nova Lei irá substituir a Lei nº 7.661 de junho de 1945 que não mais condiz com a nova realidade que é a economia globalizada, que segundo Marion e Iudícibus (2002 pág. 42) “A experiência do administrador não são mais fatores decisivos no quadro atual; exige-se um elenco de informações reais, que norteiam tais decisões. E essas informações estão contidas nos relatórios elaborados pela Contabilidade”.

Diante desses processos a Contabilidade tem um papel de extrema responsabilidade, pois para efeito de Recuperação Judicial os dados serão fornecidos com base nos livros e demonstrações contábeis, que deverão condizer com a realidade da empresa. Pois são esses documentos que serão apresentados pelo devedor ao Juiz. Também no Artigo 21 da citada Lei o contador tem destaques “importantes”, que administrará empresa na fase de recuperação judicial.

A contabilidade pode prestar informações tanto para administração e proprietários, utilizando instrumentos de previsão de falência, como também para que os Juristas possam avaliar essas empresas e decidir se elas têm condições de continuar no mercado, decretando assim a Recuperação Judicial.

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Diante dessas considerações a contabilidade e os contadores exercem um papel de grande importância em tudo que diz respeito à administração da empresa e no processo falimentar.

3.2 Indicadores de Análise de Balanços e Previsão de Falências

A análise de Balanço através dos índices tem com objetivo extrair informações das Demonstrações Financeiras e vem sendo desenvolvida no meio acadêmico através da integração com os empresários, que vêem esse tipo de análise como mais uma ferramenta gerencial que podem criar novas fórmulas de acordo com as necessidades de cada empresa, onde esses empresários poderão ter uma análise mais detalhada do patrimônio de sua empresa e usar esses detalhes para fazer bons negócios e continuar no seu ramo de atividade por muito tempo e alcançando bons resultados.

De acordo com Matarazzo (2003 pág. 225) “Espera-se de qualquer análise baseada num conjunto de índices que estes sejam capazes de distinguir as empresa saudáveis daquelas com as quais os negócios devem ser evitados”.

Infelizmente, não existem fórmulas mágicas de prever se a empresa vai chegar a falência ou não, o que pretendemos é mostrar as ferramentas de análise que poderão detectar com antecedência se no futuro à empresa terá ou não como pagar as suas dívidas e continuar com a sua atividade. Segundo Matarazzo (2003 pág. 146) “Um índice é como uma vela acesa num quarto escuro” dá uma visão geral de como se comportou o patrimônio da empresa em determinada data, podendo com esse dado passado fazer previsões futuras que auxiliam na administração.

3.2.1 Análise Vertical e Horizontal

De acordo com Matarazzo (2003 pág. 24) “... pesquisas efetuadas recentemente com insolvência de pequenas e médias empresas têm ressaltado a utilidade da Análise Vertical e Horizontal como instrumento de análise”.

Porém ainda é pouco explorado, pois no ambiente de inflação e incertezas comercias que o Brasil se encontra, não tem servido de estimulo aos analistas fazerem uso mais intensamente das possibilidades da Análise Vertical e Horizontal. (Matarazzo 2003)

A Análise Vertical representa o percentual de cada Conta do Balanço Patrimonial, em relação ao Ativo e Passivo, mostra o quanto cada conta representa do Ativo e do Passivo Total. No caso da Demonstração de Resultados representa o quanto cada conta de resultado representa da Receita Líquida. Segundo Matarazzo (2003 pág. 243) “O percentual de cada conta mostra sua real importância no conjunto”.

Já a Análise Horizontal representa o percentual de crescimento ou redução de cada conta, comparado com períodos anteriores, considerando o período mais antigo como período-base. De

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acordo com Matarazzo (2003 pág. 245) “A evolução de cada conta mostra os caminhos trilhados pela empresa e as possíveis tendências”.

Essas análises são consideradas de extrema importância, pois é de fácil compreensão, com os dados dos Balanços o administrador poderá ter facilmente o histórico de crescimento ou redução da contas Patrimoniais e de Resultado.

3.2.2 Principais Índices

Em relação à estrutura de capitais o endividamento irá apresentar o percentual de obrigações à curto prazo em relação às obrigações totais. Avaliando a composição dos recursos da empresa, procurando através desse índice o quanto do Patrimônio Líquido está endividado. E segundo Matarazzo, quanto menor este índice melhor para a empresa.

Já no caso da Liquidez, que tem como objetivo apurar a capacidade da empresa saldar suas obrigações com terceiros. Que de acordo com Matarazzo, mostra a situação financeira da empresa e quanto maior melhor.

3.2.3Análise Discriminante – Breve Histórico

Também chamada de Análise do Fator Discriminante, é a técnica estatística desenvolvida a partir de cálculos de regressão linear e ao contrário da regressão linear, permite resolver problemas que contenham não apenas variáveis numéricas, como também variáveis quantitativas, como exemplo a separação de empresas insolventes das solventes. Em relação a esta técnica Brandão e Rozo comenta: (2004, págs. 152-153)

“As primeiras idéias associadas à Analise Discriminante apareceram nos anos 20 em trabalhos do estatístico inglês Karl Pearson. Essa técnica vem sendo bastante difundida na predição de empresas que poderão tornassem insolventes, utilizando os indicadores contábeis e financeiros para fazer tais previsões, sendo utilizada pela primeira vez para eliminar critérios arbitrários na seleção dos índices para determinação da situação da empresa por Edward Altman em 1968, sendo aplicado em empresas brasileiras em 1974 por Stephen Charles Kanitz e 1979 em trabalho publicado por Altman. Seguidos de Elizabetsky, Matias e Pereira”.

Para Ragsdale (1997) a análise discriminante (DA –Discriminant Analysis) é uma técnica estatística que usa a informação de um conjunto de variáveis independentes para a predição de uma variável dependente discreta ou categórica. O objetivo da DA é desenvolver um modelo de previsão que identifique qual o provável grupo que uma nova observação pertencerá, baseado num conjunto de variáveis independente, consideradas a priori.

A Análise de Balanços fez uso da Análise Discriminante para indicar quais índices e pesos devem ser utilizados para que sejam capazes de distinguir as empresas saudáveis daquelas que podem ser consideradas insolventes. Matarazzo 2003

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A seguir são demonstrados os principais modelos utilizados para medir o grau de insolvência.

3.2.3.1 Modelo de Altman

Esse modelo foi testado em empresas brasileiras em 1979. Apresenta 83% de acerto de classificar corretamente se a empresa estará solvente e 77% de acertos se ela estará insolvente, apresentando assim duas formas de cálculos, onde foram modificados apenas os pesos (Matarazzo, 2003, Brandão e Rozo 2004).

Z1 = -1,44 +4,03 X2 + 2,25 X3 – 0,14X4 +0,42X5 Z2 = -1,84 - 0,51x1 + 6,32x3 + 0,71x4 + 0,53x5 Onde:

Z1 ou Z2 = Total de Pontos Obtidos

X1 = Ativo Circulante – Passivo Circulante / Ativo Total X2 = Reservas e Lucros Suspensos / Ativo Total

X3 = Lucro Líquido + Despesas Financeiras + Imposto de Renda / Ativo Total X4 = Patrimônio Líquido / Exigível Total

X5 = Vendas / Ativo Total

Nesses modelos, o ponto crítico é 0 (Zero), indicando se a empresa obter um resultado aproximado de 0 (zero) ela deverá ter maior atenção, pois poderá está ficando insolvente.

3.2.3.2 Modelo de Kanitz

Foi o primeiro modelo a ser testado em empresas brasileiras, é conhecido como termômetro de Kanitz e tem percentual de acerto de 80% de classificação correta de empresas solventes e 68% de empresas insolventes. Apresentando assim os modelos abaixo de previsão de falência (Matarazzo, 2003, Brandão e Rozo 2004):

F1 = 0,05x1 + 1,65 X2 + 3,55 X3 – 1,06X4 - 0,33X5 Onde:

F1 = Fator de Insolvência = Total de Pontos obtidos X1 = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido

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X3 = Ativo Circulante – Estoques / Passivo Circulante X4 = Ativo Circulante / Patrimônio Líquido

X5 = Exigível Total / Patrimônio Líquido

Nesse modelo, a empresa estará insolvente se F1 for inferior a – 3: a sua classificação estará indefinida entre – 3 e 0 e acima de 0 estará na faixa de solvência.

3.2.3.3 Modelo de Elizabetsky

Em 1976, outro modelo de previsão falência mais atualizado, porém com a mesma função. Seu percentual de acerto é de 74% para empresas solventes e 63% para empresas insolventes, sendo apresentado o modelo de previsão abaixo (Matarazzo, 2003, Brandão e Rozo 2004):

Z = 1,93 x32 – 0,20 X33 + 1,02 X35 – 1,33X36 + 1,12X37 Onde:

Z = Total de Pontos Obtidos X32 = Lucro Líquido / Vendas

X33 = Disponível / Ativo Permanente X35 = Contas à Receber / Ativo Total X36 = Estoques / Ativo Total

X37 = Passivo Circulante / Ativo Total

Nesses modelos, o ponto crítico é 0,5 (Zero Vírgula Cinco), ou seja, se o resultado for 0,5 ou aproximado a empresa poderá ficar insolvente.

3.2.3.4 Modelo de Matias

Em 1982 Alberto Broges Matias também aperfeiçoou o modelo e teve um percentual de acerto de classificação das empresas solventes de 70% e das insolventes de 77%, apresentando assim o seu modelo (Matarazzo, 2003, Brandão e Rozo 2004):

Z = 23,79 x1 - 8,26 X2 - 9,868 X3 – 0,764X4 – 0,535x5 + 9,912x6 Onde:

Z = Total de Pontos Obtidos

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X2 = Financiamentos e Empréstimos Bancários / Ativo Circulante X3 = Fornecedores / Ativo Total

X4 = Ativo Circulante / Passivo Circulante X5 = Lucro Operacional / Ativo Total X6 = Disponível / Ativo Total

Nesses modelos, o ponto crítico é 0 (Zero), ou seja se o resultado for zero, a empresa estará insolvente.

3.2.3.5 Modelo de Pereira

No ano de 1982, José Pereira da Silva, apresentou um modelo mais atual e com maior porcentagem de certos. Classificaram corretamente com 90% de acertos as empresas solventes e 86% as empresas insolventes (Matarazzo, 2003, Brandão e Rozo 2004). O seu modelo será apresentado a seguir:

Z = 0,722 – 5,124E 23 + 11,016L19 – 0,342L21 – 0,048L26 + 8,605R13 – 0,004R29 Onde:

Z = Total de Pontos Obtidos

E23 = Duplicatas Descontadas / Duplicatas à Receber L19 = Estoque (Final) / Custo das Mercadorias Vendidas L21 = Fornecedores / Vendas

L26 = Estoque Médio / Custo das Mercadorias Vendidas

R13 = (Lucro Operacional + Despesas Financeiras) / (Ativo Total – Investimento Médio) R29 = Exigível Total / (Lucro Líquido + 0,1 Imobilizado Médio + Saldo Devedor da Correção Monetária)

Nesse modelo o ponto de separação é 0 (Zero), abaixo de zero a empresa estará insolvente; acima de zero, solvente.

4 - Análise dos Resultados

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A pesquisa foi realizada com cinco proprietários de postos de combustíveis falidos com o auxílio de gravador.

Durante a entrevista pode-se perceber que a maioria dos proprietários não administrava adequadamente os seus negócios. Parte dos entrevistados relatou que a causa da falência foi à “falta de dinheiro”, mas o que se pode perceber é que uma das principais causas foi a má administração, pois não havia uma segregação da entidade “sócio” da entidade “empresa”, muitas vezes as despesas pagas não eram despesas operacionais, eram também despesas particulares dos proprietários o que prejudicou o equilíbrio do caixa.

Quando foi perguntado ao proprietário o que fez ele perceber que estava próximo à falência, 50% dos entrevistados responderam que foi a “falta de dinheiro”; 33% foi a inadimplência de seus clientes e 17% foi a má administração.

Percebeu-se ao longo das entrevistas que muitas vezes os proprietários não usava informações de custos para a formação dos preços, pois 100% dos entrevistados responderam que o preço do combustível era ditado pelo mercado.

Outra resposta interessante à questão se a empresa tinha ficado com alguma dívida e se ela pretendia paga-lá, 100% das empresas ficaram com dívidas, deste total 33% eram dívidas com fornecedores; 34% com impostos e 33% com fornecedores e impostos. A pretensão de pagamento tanto dos fornecedores como dos impostos foi de 84% e 16% pretendiam pagar apenas aos fornecedores.

Todas as empresas pesquisadas não chegaram a decretar falência oficial, parte deles fecharam as portas e outras arrendaram suas instalações para que outra se instalasse.

Durante a pesquisa foi constatado que apenas 50% dos entrevistados voltariam ao ramo de venda de combustíveis se a sua dificuldade fosse superada.

Em face da nova legislação e com a maior facilidade que ela apresenta os outros 50% poderiam voltar a ter interesse em regressar à atividade de venda de combustível

4.2 – Pesquisa com os Contadores

Durante as entrevistas com os cinco contadores dos postos falidos, eles de uma maneira geral, sempre mostraram que estavam atentos aos problemas que as empresas passaram, e quando a situação não estava muito equilibrada, eles tentaram fazer um estudo detalhado com os proprietários procurando soluções que se fossem seguidas solucionariam o problema, mas que os proprietários, não seguiram e acabaram se prejudicando cada vez mais.

Os contadores responderam também que o principal motivo que causa a falência das empresas é a má administração.

Quando foi perguntado se os modelos de previsão da falência foram testados nas demonstrações contábeis das empresas, todos responderam que não. Alguns responderam que não tinham conhecimento de tais técnicas, causando assim uma controvérsia no que foi respondido anteriormente, em relação ao desenvolvimento de um estudo detalhado antes da falência.

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A conclusão que os contadores quiseram passar é que os principais culpados pela falência não eram eles e sim o proprietário do estabelecimento, pois eles informaram e os proprietários não quiseram atender.

4.3 - Apresentação do Balanço Patrimonial através de gráfico e Testes dos Principais modelos de Previsão de Falência

4.3.1 Balanço Patrimonial e Análise Vertical e Horizontal

Nos Balanços apresentados, fornecidos por apenas um dos postos pesquisados, mostra a situação da empresa ao longo dos anos. As análises vertical e horizontal, já mostravam que a situação não era favorável. Havia um crescimento do Passivo Circulante e uma redução dos lucros e o Ativo Circulante não conseguia acompanhar o crescimento do Passivo Circulante. A seguir apresenta-se os dados do Balanço e as análises vertical e horizontal.

Anos 1998 AV AH 1999 AV AH 2000 AV AH Total Ativo 115.980,60 100 100 156.713,15 100 135 127.596,83 100 110 Ativo Circulante 114.930,60 99 100 85.663,15 55 74 56.546,83 45 49 Disponível 27.401,67 24 100 546,66 0 0 - Contas a Receber - 0 - 0 0 56.456,83 45 0 Estoques 87.528,93 75 100 85.116,49 55 97 - 0 0 Permanente 1.050,00 1 100 71.050,00 45 6767 71.050,00 55 6767 Imobilizado 1.050,00 1 100 71.050,00 45 0 71.050,00 Total Passivo 115.980,60 100 100 156.713,15 100 135 127.596,83 100 110 Passivo Circulante 85.333,00 74 100 132.810,27 84 155 108.148,75 84 126 Fornecedores 69.256,28 60 100 96.090,36 61 138 35.750,93 28 51 Contas a Pagar 16.076,72 13 100 36.719,91 23 228 72.397,82 56 450 Patrimônio Liquido 30.647,60 26 100 23.902,88 16 77 19.448,08 15 63 Capital 20.000,00 17 100 20.000,00 12 100 20.000,00 15 100 Lucros Acumulados 10.647,60 9 100 3.902,88 2 36 (551,92) 0 -5

4.3.2 - Balanço Patrimonial através de Gráfico

Ao ser apresentado um Balanço Patrimonial de forma tradicional, é necessário algum tempo de análise para o gestor poder tomar alguma decisão baseada nas informações apresentadas. A seguir apresentam-se os Balanços Patrimoniais através de gráficos dos anos de 1998 a 2000, de uma das empresas falidas pesquisadas.

Por motivo de sigilo exigido pelo proprietário não poderá ser divulgada a sua razão social. Balanço Patrimonial de 1998 a 2000 através de gráficos

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No gráfico apresentado, pode-se verificar que a situação da Empresa não era muito favorável, se fosse feita uma comparação dos dados de 1998 com os de 1999 e 2000.

O Ativo Circulante mostra uma queda de 1998 a 2000 e o Passivo Circulante apresenta aumento, a situação deveria ser inversa do ponto de vista de liquidez e endividamento. Outra análise importante é em relação ao lucro, que em 1998 era pequeno, contudo em 1999 e 2000 a empresa apresentou prejuízo.

Porém, esses Balanços serão testados nas fórmulas de previsão de falência e a seguir serão apresentados os resultados.

4.3.3 - Análise dos Resultados dos testes

Nos balanços de 1988 a 2000 que foram analisados, em alguns dos períodos a empresa não estaria insolvente, porém os dados mostraram uma aproximação com os valores de risco, o que deveria ter sido observado pelos gestores.

4.3.3.1 - Análise através de Índices – Balanços Patrimoniais 1998 a 2000

O primeiro índice calculado foi o de endividamento. Este índice mede o grau de endividamento do capital, e quanto menor melhor, a seguir será apresentado o resultado do cálculo do endividamento do capital de 1998 a 2000.

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1998 1999 2000

278% 556% 556%

Verificou-se que o patrimônio líquido da empresa estava comprometido e ainda não era suficiente para pagar todas as suas obrigações. Esse fato se agravou de 1998 a 2000.

Os índices de liquidez foram outras medidas calculadas. Esses índices medem o quanto à empresa possuí de ativos para arcar com as suas obrigações. A seguir serão apresentadas às liquidez ao longo dos anos:

1998 1999 2000

Liquidez Geral R$ 1,35 R$ 0,65 R$ 0,52 Liquidez Corrente R$ 1,35 R$ 0,65 R$ 0,52 Liquidez Seca R$ 0,32 R$ 0,00 R$ 0,52

A empresa em estudo apresentava uma liquidez geral e corrente satisfatória em 1998, poderia pagar todas as suas dívidas à curto prazo e ainda apresentava um percentual de segurança de 35%, já nos anos de 1999 e 2000, ela apresentava uma deficiência de 35% em 1999 e 48% em 2000, visto que todas as suas obrigações eram a curto prazo.

Levando em consideração as disponibilidades, a empresa necessita da venda de seus estoques para arcar com as suas obrigações à curto prazo, pois a sua liquidez seca é deficiente em todos os períodos. Em 1998, apresenta uma deficiência de 68%, em 1999 de 100% e em 2000 de 48%, mostrando uma dependência da empresa na venda de seus estoques para cobrir as suas obrigações e se esses estoques não forem realizados ela teria que recorrer a outros meios para honrar com seus compromissos. Entretanto, esta redução da liquidez corrente para a liquidez seca, justifica-se, pois o principal ativo circulante do posto de combustível é o estoque.

4.4 Testes dos modelos de previsão de falência

A seguir são apresentados os indicadores de solvência nos Balanços Patrimoniais de 1998 a 2000 da empresa em estudo, segundo cada um dos modelos de previsão.

Índices dos modelos de previsão de falência

Modelo 1998 1999 2000

Altman 1,75 0,77 1,66

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1998 1999 2000

Kanitz -2,32 -0,38 -3,09

Situação Penumbra Penumbra Penumbra

Modelo 1998 1999 2000

Elizabetsky -5,37 0,21 1,39

Situação Insolvente Insolvente Solvente

Modelo 1998 1999 2000

Matias 1,66 -2,41 0,48

Situação Solvente Insolvente Solvente

Modelo 1998 1999 2000

Pereira 3,48 1,81 0,41

Situação Solvente Solvente Solvente

Em alguns modelos o mesmo Balanço poderia não mostrar que a Empresa estaria insolvente. Segundo o modelo de Altman e Pereira ela não estaria insolvente, porém em 1999 segundo Altman e em 2000 segundo Pereira, mostra uma aproximação ao ponto critico que é 0.

Já o modelo de Kanitz, que apresenta o maior percentual de acerto, a empresa estaria na penumbra em todos os períodos calculados, que significa que deveria ter sido dada maior atenção, pois todos os dados levavam a empresa a uma possível insolvência.

Nos modelos de Matias e Elizabetsky ela estaria insolvente em 1999, fato que deveria ter sido melhor analisado, pois nos dois modelos ela estaria insolvente no mesmo ano.

5 - Conclusão

A pesquisa se restringiu as informações fornecidas por cinco proprietários de postos de combustíveis falidos e seus respectivos contadores, além desse fato, as conclusões estão limitadas às análises dos indicadores de solvência calculados a partir dos dados apresentados por apenas um posto de combustíveis.

Conclui-se que os contadores não fizeram uso das ferramentas contábeis de previsão de falência para auxiliar os gestores dessas empresas. A insolvência não foi detectada com antecedência, muitos ficaram com dívidas com fornecedores e tributos, dificultando a economia local.

A empresa estudada poderia ter percebido que estava numa situação difícil se tivesse aplicado os modelos de previsão de insolvência. Assim poderia ter sido tomada alguma decisão para evitar a falência deste posto

(15)

Esse papel importante nas organizações cabe aos contadores, pois são eles que prestam as informações aos gestores no processo de tomada de decisão. Portanto, eles têm que desempenhar a função com bastante zelo, gerando informações proativas e não apenas informações a respeito do passado.

Os modelos de análise de previsão de falência podem ser considerado como um bom subsídio para avaliar os riscos da empresa chegar a falência, pois são instrumentos multivariados, que procuram por meio de variáveis, na sua maioria retiradas das demonstrações contábeis, apresentar a previsão de descontinuidade de uma empresa.

Com a aprovação da Lei 11.101 esses modelos serão de grande importância social, pois irá auxiliar a Justiça no processo decisório de Recuperação Judicial e Extra Judicial. Trará informação para os administradores judiciais de como a empresa se encontra e se ela terá ou não condições (previsão) de continuar com a sua atividade, evitando assim que seja decretada a falência de empresas que teriam condições de continuar no mercado.

Com a redução das Decretações de Falências, a economia do País não será prejudicada com a falência de empresas que poderiam continuar no mercado gerando lucros, tendo passado apenas por períodos de má administração ou problemas de demanda do mercado.

Por fim, sugere-se novos trabalhos que se utilizem de amostras maiores, com o objetivo de calcular um modelo próprio para o setor de postos de combustíveis

6 - Referências Bibliográficas

ALMEIDA, Amador Paes De. Curso De Falência e Concordata. 8º Edição. São Paulo: Editora Saraiva; 1988;

ASSAF Neto, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque econômicos-financeiro 6º Edição. São Paulo: Atlas 2001;

BRANDÃO, Claudinei Terra, Rozo, José Danúbio, Coordenadores: CORRAR, Luiz J. THEÓPHILO; Carlos Renato, --. Pesquisa Operacional para Decisão em Contabilidade e Administração: Contabilometria: São Paulo: Editora Atlas 2004;

BRASIL. Decreto 3000/99 – Regulamento do Imposto de Renda; BRASIL. Lei 10.406/2005 – Novo Código Civil;

BRASIL. Lei 11.101/2005 – Lei de Falências; BRASIL. Medida Provisória 2158/2001;

IUDÍCIBUS, Sergio de, MARION, José Carlos – Introdução à Teoria da Contabilidade para o nível de graduação – 3º Edição. São Paulo: Atlas 2002;

Junta Comercial do Estado de Pernambuco, pesquisa local efetuada em 17/05/2005.

MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis: Contabilidade Empresarial. São Paulo 2º Edição. Editora Atlas 2002;

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MATARAZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: Abordagem Básica e Gerencial: São Paulo: 6º Edição Editora Atlas 2003;

RAGSDALE, Cliff T. Spreadsheet Modeling and Decision Analysis. Ohio, 2 º Edição – Editora South – Western, 1997.

Referências

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