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POR UMA HISTÓRIA DOS CONGRESSOS BRASILEIROS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ( )

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POR UMA HISTÓRIA DOS CONGRESSOS BRASILEIROS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO (2000-2011)

Kilza Fernanda Moreira de Viveiros Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Kilza.fernanda@hotmail.com

Palavras-chave: Congressos Brasileiros de História da Educação. Comparação. História e memória.

O Congresso Brasileiro de História da Educação – CBHE – tem se consolidado como um evento de referência no campo da história da educação e, dessa maneira, objetivamos neste texto estudar os Congressos Brasileiros de História da Educação, especificamente o primeiro, realizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), e o sexto congresso, ocorrido em Vitória (ES), em 2011.

Os congressos têm ocorrido numa periodicidade bianual perfazendo entre os anos de 2000 até 2011 seis edições, com temas como ‘Educação no Brasil: história e historiografia’. Desde esta primeira edição foram realizadas seis outras com temas como ‘História e memória da educação brasileira’ no II CBHE, ‘Educação escolar em perspectiva histórica’ no III CBHE, ‘A educação e os seus sujeitos na história’ no IV CBHE, ‘O ensino e pesquisa na história da educação’ no V CBHE e ‘Invenções, tradições e escritas da história da educação no Brasil’ no IV CBHE.

Nossa escolha entre o primeiro e o sexto congresso se deu pelo critério de analisar a evolução deste evento em um recorte temporal de onze anos de efetiva evolução, congregação e divulgação de conhecimentos no campo da história da educação. Tomamos como referência apenas dois CBHEs, o primeiro evento realizado treze meses da fundação da Sociedade Brasileira de História da Educação e o penúltimo realizado onze anos mais tarde.

Para tanto, o corpus documental foi composto por anais, cadernos de resumos, folders, cartazes, atas e relatórios dos CBHEs que foram analisadas com o foco da história comparada da educação brasileira. A perspectiva adotada compreendeu a análise referente às temáticas

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centrais dos eventos, a configuração dos seus eixos temáticos, o percentual de trabalhos aprovados, as representações institucionais em cada eixo e o levantamento dos principais teóricos e conceitos presentes nos trabalhos apresentados. Assim, a história da educação entre o primeiro e o penúltimo CBHE terá como base levantar, organizar e analisar aspectos destacados.

Mesmo focando somente esses dois congressos, destacamos a importância dos demais eventos como lugares de memória que se constituem como elemento essencial à escrita da história dos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação.

Com o exercício realizado, percebemos que entre o primeiro e o sexto CBHE ocorreu aumento do número de comunicações individuais de 231, no I CBHE, para 742, no VI CBHE. Quanto ao formato, os CBHEs sofreram alterações, a exemplo da presença das comunicações coordenadas no VI CBHE, inexistentes no I CBHE. Entretanto, os números de mesas-redondas se mantiveram em ambos, sugestão da permanência de uma determinada matriz geral para o evento.

Ressaltamos que este estudo não nos permite organizar uma discussão da cientificidade da produção histórica da educação que circula nos congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação- SBHE, que a nosso ver, já está posto pela continuidade periódica e pela qualidade dos eventos, e apesar de serem essenciais, demarcaram e continuam demarcando o campo de conhecimento da história da educação no Brasil. Cabe-nos reconhecê-lo como lugar congregado de professores, professoras e pesquisadores e pesquisadoras que desenvolvem atividades de ensino e pesquisa na área, além estabelecer o intercâmbio entre entidades de representação nacional e internacional e áreas afins.

Com o tema central Educação no Brasil: História e Historiografia, o I CBHE, realizou-se no campus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro com a proposta de reunir estudiosos da educação brasileira oriundos de várias instituições do Brasil para divulgarem e refletirem em torno da produção historiográfica da educação brasileira.

Assim o I CBHE foi organizado em dois grandes momentos: o primeiro em torno da discussão ampla e aprofundada do tema central do Congresso instituídos em quatro mesas redondas, a saber: A primeira, Nacional e Regional na História da Educação; a segunda, 500 anos de educação: diferenças e tensões culturais; a terceira, História, Memória e Documentação; e a quarta, Perspectivas comparadas em História da Educação.

Apesar das temáticas terem sido bastante relevantes, ambas as mesas puderam aferir discussões de cunho teórico-metodológico de grande importância para o campo da história da

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educação o que vieram a somar com a conferência de abertura proferida pelo Professor Antonio Viñao Frago, da Universidade de Murcia, Espanha, sobre as relações entre história da educação e as reformas educativas.

O segundo grande momento do I CBHE girou em torno das comunicações dos duzentos e trinta e um trabalhos inscritos e aceitos pelo Comitê Científico do Congresso. Agrupados em oito eixos temáticos que permitiram o aprofundamento das discussões sobre temáticas relevantes aos estudos desenvolvidos sobre a produção historiográfica voltada para temas pertinentes à educação no Brasil.

Desses oito eixos temáticos, dois apresentaram um número maior de trabalhos inscritos. Instituições Educacionais e Científicas, com quarenta e um resumos inscritos e Pensamento Educacional com quarenta resumos inscritos. Os demais eixos; Práticas Escolares e Processos Educativos, com trinta e sete resumos, Fontes, Categorias e Métodos de Pesquisa em História da Educação, com trinta resumos; Estado e Políticas Educacionais, também com trinta resumos inscritos. O eixo temático Gênero e Etnia, com vinte e três trabalhos aceitos; Profissão Docente com vinte e dois, seguido pelo eixo Imprensa Pedagógica com nove trabalhos.

É importante observar nesses trabalhos a crescente consolidação de um campo disciplinar que, segundo Xavier (2001) se desenvolvia no interior do campo pedagógico inscritos no âmbito da História Cultural.

Em seu texto, Xavier (2001) deteve o olhar para os consensos observados nos resumos inscritos e aceitos no ICBHE na intenção de evidenciar os avanços da legitimação acadêmica do campo da história da educação e, também, se propõe a produzir uma interpretação articulada às tendências presentes nesse campo disciplinar. Na mesma perspectiva, tentaremos propor um balanço entre o I CBHE e o VI CBHE, tentando enxergar a ampliação desse campo, bem como de seus objetos de estudos.

A sexta edição do Congresso Brasileiro de História da Educação ocorreu em 2011 no campus da Universidade Federal do Espírito Santo e assim como a primeira edição objetivou reunir estudiosos da educação brasileira oriundos de várias instituições e regiões do Brasil para divulgarem e refletirem em torno da produção historiográfica da educação brasileira.

Mantendo a tradição do Congresso Brasileiro de História da Educação a equipe organizadora do Congresso trouxe como tema central Invenções, Tradições e Escritas da História da educação no Brasil, bem como a permanência de uma matriz geral para o evento composto de quatro mesas redondas evidenciadas nas demais edições do Congresso.

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O VI CBHE foi organizado numa versão ampliada em relação ao primeiro evento, acontecendo em quatro grandes momentos: o primeiro em torno da discussão ampla e aprofundada do tema central do Congresso instituídos em quatro mesas redondas, a saber: A primeira, Produção e Usos de Fontes na Pesquisa Histórica em Educação; a segunda, História da Educação e Ciências Sociais: desafios atuais; a terceira Memórias, Instituições e História das Práticas Educativas; e a quarta, Invenções e Tradições na História da Educação.

Assim como no primeiro Congresso, as temáticas foram relevantes, podendo levantar aprofundamentos de cunho teórico-metodológico ao campo da história da educação, assim como a conferência de abertura e encerramento do evento, proferida pelo Professor Jean Hébrard da École dês Hautes Études em Sciences Sociales e pelo Professor José Silvério Baia Horta da Universidade Federal da Amazônia, respectivamente.

O segundo importante momento do VI CBHE foram as comunicações individuais distribuídas em nove eixos temáticos perfazendo um somatório de setecentos e quarenta e dois resumos aprovados. Os eixos com maior número de trabalhos foram História das instituições e práticas educativas com duzentos e vinte e cinco resumos, seguido de cento e cinqüenta e quatro no eixo Impressos, intelectuais e história da educação. O eixo Estado e políticas educacionais na história da educação brasileira obtiveram noventa e oito trabalhos aceitos, bem como o eixo História da profissão docente seguiu com setenta e cinco resumos. Fontes e métodos em história da educação apresentaram cinqüenta e cinco trabalhos. Na seqüência, o eixo História das culturas e disciplinas escolares apresentou cinqüenta e quatro trabalhos e o eixo Etnias e movimentos sociais, quarenta e três. Os eixos com menor número de resumos aprovados foram Patrimônio educativo e cultura material escolar, com vinte e sete e o eixo Ensino de História da educação com apenas onze resumos.

O terceiro momento importante e inovador, em relação ao I CBHE foram os onze mini-cursos dispostos a partir da organização dos eixos temáticos. O que destacamos, no entanto é que o eixo Fontes e métodos em história da educação contaram com exclusivos cinco mini-cursos aprovados, enquanto os demais obtiveram um mini-curso aprovado por eixo, com exceção dos eixos: Estado e políticas educacionais na história da educação brasileira e Ensino de História da educação que não tiveram mini-cursos.

O mini-curso do eixo, Etnias e movimentos sociais foi: Os movimentos sociais e as diretrizes nacionais por uma educação do campo; do eixo História das instituições e práticas educativas, foi O liberalismo e o dualismo educacional no pensamento de Carneiro Leão; o eixo História das culturas e disciplinas escolares, foi Caminhos percorridos na produção da

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história da leitura e do ensino de literatura no Brasil; o eixo História da profissão docente apresentou o mini-curso Mulheres na educação brasileira: Fuga ou tomada de consciência?; O eixo Impressos, intelectuais e história da educação o mini-curso foi Helena Antipoff, a Sociedade Pestalozzi e a história da educação dos excepcionais no Brasil (1930-1973).

O eixo temático Fontes e métodos em história da educação apresentaram os seguintes mini-cursos: A imprensa pedagógica como tema, fonte e objeto para a história da educação paranaense: Jornal Escola Aberta (1980-1990); Uso de fontes na pesquisa em história da educação física; Barkhtin e a pesquisa documental em educação; História da cultura escrita e história da educação: Olhares sobre os papéis da escola; “Operação historiográfica educacional”: Um diálogo a partir de fontes nos séculos XIX e XX; e por fim o eixo, Patrimônio educativo e cultura material escolar, apresentou o mini-curso História. Educação e arquitetura: Um diálogo possível.

O quarto momento e também inovador do VI CBHE foi a inserção das comunicações coordenadas com a totalidade de cento e vinte três trabalhos aprovados. Nessas comunicações o eixo Impressos, intelectuais e história da educação apresentaram trinta e quatro trabalhos, seguido de trinta e três resumos dispostos no eixo Estado e políticas educacionais na história da educação brasileira e, vinte e dois resumos no eixo História das instituições e práticas educativas.

Com exceção dos eixos Etnias e movimentos sociais e Ensino de história da educação, que não apresentaram comunicações coordenadas, os outros demais eixos apresentaram um total de vinte e nove trabalhos.

Ao longo desses onze anos o formato do Congresso Brasileiro de História da Educação sofreu algumas alterações, a exemplo da presença das comunicações coordenadas e da inserção dos mini-cursos no VI CBHE, inexistentes no I CBHE. Entretanto, vale destacar que o CBHE manteve ao longo de suas seis edições, duas matrizes. A primeira, a manutenção do mesmo número de mesas-redondas durante os eventos; e a segunda, as apresentações de comunicações individuais distribuídas em eixos temáticos que se alternaram, a nosso ver, entre outras justificativas, pela imposição do tema central do evento e pela aglutinação e inserção de áreas que se deram ao longo de uma década no campo da história da educação.

Ao observarmos o formato do primeiro evento percebemos a distribuição de comunicações individuais em oito eixos temáticos, que na sexta edição se repetem, aglutinam-se ou, simplesmente, desaparece como o eixo da categoria histórica Gênero.

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As categorias históricas como Movimentos Sociais se inserem nos eixos do VI CBHE associada à Etnias. Esta, antes, aglutinada à extinta categoria de Gênero. Também percebemos no eixo História das Instituições e Práticas Educativas o resultado de dois eixos distintos no I CBHE. Impressos, Intelectuais e História da Educação, no VI CBHE aproxima-se do eixo Imprensa Pedagógica no I CBHE.

Tais observações nos levam a inquirir os motivos da não manutenção de determinadas categorias históricas nos Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação, em detrimento do aparecimento de novas categorias. Isso porque o surgimento de novas categorias constitui-se em novos saberes que se corresponde com novos conhecimentos. Assim é fundamental conhecer a história da inserção de novas categorias ao campo da história da educação e, por conseguinte, nos CBHEs para que possamos identificar os pressupostos que possibilitam entender os liames e as diferenças entre a inclusão de uma categoria e exclusão de outra.

A manutenção de determinados eixos temáticos, também é compreensível nos CBHEs, como exemplo, História das Instituições e Práticas educativas, que aparecem na primeira edição de maneira distinta e na sexta, aglutinadas, proporcionando várias possibilidades de investigações. Como resultado dessa percepção observamos o número significativo de trabalhos inscritos nesse eixo no último Congresso.

No que diz respeito ao teor dos trabalhos apresentados, e como sugerimos anteriormente, propomos fazer um balanço entre o I e o VI CBHE na perspectiva de enxergar a ampliação do campo da história da educação no Brasil, assim como os seus objetos e categorias estudados.

Compondo um conjunto de obras em avançado estágio de desenvolvimento de pesquisas e estudos, os resumos por nós analisados determinam parâmetros de um campo de estudo que amadurece quantitativo e qualitativamente num percurso observado de uma década. Os textos nesse período apresentam gradativa evolução e ampliação do campo de conhecimento da história da educação brasileira.

No interior do campo pedagógico e para além dele, os resumos das pesquisas em história da educação do VI CBHE indicam inscrever-se na História Cultural, assim como foi observado no I CBHE. No entanto pudemos constatar no último evento avanços no que se refere a consolidação teórico-metodológica e temáticas estudadas no campo disciplinar.

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Assim, as especificidades do campo da história da educação observados nos I e VI CBHEs se desenham mediante recorrências com que surgem as temáticas, as fontes e o uso delas, os enfoques teórico-metodológicos e nos conceitos e categorias dos resumos.

Vale dizer que nossas análises se fundamentam em vinte por cento dos trabalhos apresentados por eixo, onde elegemos os critérios acima elencados como balizador de observações e construção de opinião.

Ressaltamos que essas especificidades se tornam essenciais em função da sua intensa repetição nos diversos resumos. Seguindo um padrão onde as categorias e os conceitos acabam por determinarem as temáticas e as opções metodológicas. Também observamos duas dimensões da pesquisa em história: as temporalidades e as espacialidades sinalizadas nos títulos dos trabalhos submetidos, assim como percebemos que mais de trinta por centos dos resumos analisados, na totalidade dos eixos temáticos, não apontam conclusões, ou se apresentadas, no texto definitivo foram mutáveis.

Infelizmente não pudemos fazer com mais propriedade tal tipo de análise, por diversos motivos. Primeiro pela escassez de tempo, segundo porque mapeamos um roteiro de análise e nos demos conta de outros, que oportunamente vamos dando seguimento. Entretanto o cruzamento entre o resumo e o texto final nos fornecerá uma vasta análise na produção intelectual da pesquisa em história da educação, o que ocasionará ganhos para o campo científico.

Tomando a dimensão temporal nos resumos do VI CBHE, observamos que quase a totalidade das pesquisas e estudos a descreve associada ao objeto. No entanto, mais de sessenta por cento mencionam os recortes de tempo junto à inscrição do tema. Em relação à dimensão espacial percebemos aproximadamente oitenta e cinco por cento dos trabalhos com enfoque regional em relação ao nacional e estrangeiro, apontando a predominância de pesquisas na região sudeste e sul. Aproximadamente quinze por cento dos resumos não trazem essa dimensão na inscrição do tema, optando por trazê-la no corpo do texto do resumo. Com tais dados podemos dizer que houve um avanço quanto à dimensão temporal em relação ao I CBHE, pois de acordo com as análises de Xavier (2001) vinte por cento dos títulos não faziam quaisquer referências ao recorte temporal que delimitava a pesquisa. No que se refere ao período Colonial, o VI CBHE manteve o menor número de pesquisas e estudos apresentados, e a maior concentração se deu no século XX seguido do século XIX.

Já na dimensão espacial, no VI CBHE não percebemos uma mudança expressiva. A maior parte dos trabalhos ainda está reunida na região sudeste e sul, aparecendo o nordeste e o

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centro-este com índices de crescimento significativos e a região norte ainda se apresenta com baixa participação em relação ao I CBHE.

De modo amplo, o panorama acima nos leva a crer que as escolhas espaciais e temporais se efetivam pela concentração de fontes no tempo entre os séculos XIX e XX, além de partilhar da opinião de Xavier (2001), que diz:

Os historiadores voltam-se para o século XIX em busca de gênese da ciência da História entre nós, desenvolvendo o estudo de instituições que promoveram o seu desenvolvimento, tal como o Instituto Histórico e Geográfico/IHGB, cientes de que a história ali gestada tinha a função de delinear um perfil para a nação brasileira capaz de lhe garantir uma identidade própria segundo os princípios organizadores da vida social do século XIX. (XAVIER, 2001. P. 224).

Outro aspecto que nos chamou a atenção nos trabalhos do VI CBHE, e do I CBHE foi a utilização da categoria memória, seja no título, seja no corpo do resumo. Destacarmos que aproximadamente a metade dos trabalhos analisados usa a história oral como meio de recuperar a memória, seja ela em pesquisas biográficas, histórias de vida, seja ela em pesquisas de perspectivas políticas.

A atenção para a recuperação da memória coletiva gera segundo Pollack (1989) na interpretação do passado salvaguardando sentimentos de pertencimentos sociais, pondo em cheque o sentido da identidade individual e de grupo. Nesse bojo, ousamos dizer que, nos resumos analisados do VI CBHE, a história da educação organiza a memória individual e de grupo para fazer novas leituras da realidade educacional brasileira.

Nossa breve análise também observou entre o I CBHE e o VI CBHE a ampliação dos objetos de estudo no campo da história da educação. A importância do alargamento de determinados eixos e a aglutinação de outros indicam a incorporação de temáticas inéditas ao estudo da educação escolar ou não escolar, buscando valorizar o campo de conhecimento.

Assim temáticas relacionadas à institucionalização, a patrimônio educativo e cultura material escolar, disciplinas escolares, idéias pedagógicas, educação não escolar, inclusão e historia da educação, o ensino de História da educação e movimentos sociais nos evidencia um campo em plena evolução e renovação.

Constatamos, também, através dos resumos analisados nos eventos da SBHE uma preocupação com a recuperação, preservação e renovação das fontes de pesquisa histórica da educação, despertando as infinitas possibilidades de sua interpretação, o que permite ao

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pesquisador a amplitude dos processos individuais e coletivos ao acrescentar no rol da pesquisa fontes como a fotografia, os filmes, a literatura, a iconografia, as plantas arquitetônicas, as sesmarias, os sermões, os discursos, a materialidade escolar e não escolar, as fontes orais, os diários de viagens e individuais, os livros de registros, cartas, autobiografias, gravações de vozes, ao lado de todo um conjunto cultural como a imprensa.

Com o objetivo de congregar profissionais brasileiros que realizam atividades de pesquisa e ensino de história da educação, os Congressos da Sociedade Brasileira de História da Educação promovem o debate acerca de investigações realizadas na área da história da educação incentivando a produção de novas pesquisas nas cinco regiões do país, e contribuindo para a divulgação de conhecimentos e fortalecimento do campo científico da história da educação brasileira.

Cumprindo esse papel, a história da educação dos CBHEs foi explorado como um problema ancorado no presente, possibilitando (re)pensar o campo da história da educação e os marcos espaço temporais que vem sendo legitimados pela comunidade brasileira de historiadores da educação na última década.

Assim, ao tentar finalizar aquilo que não poderá ser finalizado, torna possível dizer que os resumos apreciados no VI CBHE nos colocou diante alegrias e inquietações. Alegria pela nítida evolução do campo da história da educação no Brasil e inquietação pelos novos rumos que esse campo tem apresentado. A ampliação do campo é substancial a novas realidades e novos problemas. As interculturalidades e a interdisciplinaridade já, sutilmente, evidenciadas em alguns resumos apontam cautelas para que não percamos o sentido apregoado pelos Congressos Brasileiros de História da Educação.

Referências:

CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 1., 2000, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: SBHE, 2000. 1. CD-ROM.

CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 6., 2011, Vitória. Anais... Vitória: SBHE, 2011. 1. CD-ROM.

POLLACK, Michael. Memória, esquecimento e silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, 1989, p. 3-15.

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SAVIANI, Demerval. Discurso proferido na Abertura do I Congresso Brasileiro de História da Educação. Rio de Janeiro, RJ. Novembro, 2000.

XAVIER, Libânea Nacif. Particularidades de um campo disciplinar em consolidação: balanço do I Congresso Brasileiro de História da Educação (RJ/2000). In: Sociedade Brasileira de História da Educação (Org.). Educação no Brasil. Campinas: SBHE & Autores Associados, 2001.

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