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PERFIL TÉCNICO-ECONÔMICO DE PROPRIEDADES CITRICOLAS DA ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES RURAIS DE MATÃO-SP

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Francisco Ricardo de Toledo1; Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins2; Maria Madalena Zocoller Borba2; Bethânia Figueiredo Barbosa de Toledo3

Forma de Apresentação: Pôster Área Temática: Gestão do Agronegócio

1 Engenheiro Agrônomo pela FCAV/UNESP - Jaboticabal - e-mail: xico.toledo@bol.com.br 2 Profa Drªdo Depto de Economia Rural/UNESP/Jaboticabal - e-mail: minezesp@fcav.unesp.br;

mmzborba@fcav.unesp.br

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PERFIL TÉCNICO-ECONÔMICO DE PROPRIEDADES CITRICOLAS DA ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES RURAIS DE MATÃO-SP

RESUMO: Esse trabalho teve como meta o levantamento e análise de informações detalhadas de propriedades rurais dos filiados à Associação dos Produtores Rurais de Matão “APRUMA”. Tais análises possibilitaram traçar o perfil dos produtores, bem como quantificar e qualificar as técnicas de produção e de gerenciamento adotadas nas propriedades, as atividades desenvolvidas no período 1997/2000, a produção e produtividade da atividade agrícola principal, além das estratégias de diversificação e ou substituição dessa atividade. Procurou-se levantar alguns indicativos que mostram a importância para o setor produtivo e para o município da organização dos produtores rurais em uma associação.

Palavras-chave: Associação, citricultura, perfil da produção, diversificação.

1. INTRODUÇÃO

O município de Matão, localizado no centro oeste do estado de São Paulo, distante 300km da capital, conta com área agrícola total de 49.032 hectares (Priosti, 2000). A principal atividade agrícola foi, a principio, o café, substituída pela citricultura, a partir dos anos 60 e também pela cana-de-açúcar, a partir dos anos 70. Com o fato de o traçado da Estrada de Ferro Araraquara ter alcançado o município, ocorria fácil escoamento da produção agrícola, por isso, a forte tendência agrícola da região. No setor secundário destacam-se hoje, grandes empresas industriais na área de implementos agrícolas, sucos cítricos e confecções.

Atualmente, aproximadamente 30% da laranja produzida no mundo vem de pomares brasileiros. Os Estados Unidos, que há mais de duas décadas perderam o primeiro posto no

ranking, vêm logo atrás com quase 25% (Pinazza et al., 2001/02).

A citricultura é considerada uma das principais fontes de renda da agricultura brasileira, resultado especialmente decorrente do desempenho das exportações brasileiras de sucos cítricos, que passaram de 33 mil toneladas no ano de 1970 para 1.055 mil toneladas na safra 2001/02,

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graças à implantação das indústrias de sucos e também do crescimento do mercado da fruta in

natura (Coimbra-Frutesp, 1997, citado por Ribeiro, 1998; Abecitrus, 2003.)

O estado de São Paulo é o principal produtor de laranja do país, em 1990 possuía 181 milhões de árvores em 904 mil hectares, produzindo 292 milhões de caixas. Na safra 2000/2001 foram produzidas 328 milhões de caixas, sendo 75% deste total destinado ao processamento (265 milhões de caixas). A oferta da fruta na safra 2002/2003 esta estimada em 371,56 milhões de caixas de 40,8 quilos, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA). O mercado interno também tem crescido, principalmente a partir do início da década de 90, sendo que a maior quantidade de caixas consumidas internamente, 100 milhões de caixas, ocorreu na safra 1997/98 (Abecitrus, 2001).

No município de Matão a citricultura, que ocupa cerca de 17.640 hectares em aproximadamente 252 propriedades e representa 36% da área agrícola do município, gerou, em 1999, R$ 8.440.000,00 de renda bruta para a agricultura local (Priosti, 2000). A economia da cidade está em grande parte vinculada à receita gerada por essa atividade, tanto pela arrecadação de impostos como pelo grande volume de mão-de-obra empregada nas indústrias e nos estabelecimentos rurais.

O desenvolvimento da citricultura de Matão, assim como em todo o estado de São Paulo, como apresentado em Ribeiro 1998, sempre mostrou grandes oscilações, com períodos de grande crescimento de área plantada, reflexo de problemas na produção da Flórida e preços crescentes do suco de laranja no mercado internacional e em outros momentos, principalmente nos primeiros anos da década de 90, este ritmo foi bastante desacelerado, dada a forte redução nos preços recebidos pelo produtor de laranja. A determinação do preço da caixa de laranja, pago ao produtor passou por várias modificações ao longo das décadas de 80 e 90.

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projeção futura de produção, o que deixava de captar os efeitos acidentais ao longo da safra (geadas na Flórida, ou períodos de estiagem), que reduziam a produção e elevavam os preços do suco no mercado internacional. Em conseqüência, os citricultores deixavam de ganhar dólares adicionais com a subida das cotações no mercado.

A partir da safra agrícola 1986/87 foi introduzido o “Contrato Padrão ou de Participação” que previa o atrelamento dos preços da laranja às cotações do suco no mercado internacional, dado pelo preço da Bolsa de Nova Iorque. Os pontos fundamentais no contrato passaram a ser as despesas industriais e comerciais que incidem desde a fruta na árvore até o produto estar disponível no mercado americano, o rendimento industrial da fruta para se produzir uma tonelada de suco e seus preços na Bolsa de Nova Iorque (Maia, 1992, citado por Neves e Neves, 1994).

A partir da safra 1995/96, deixa de existir o “Contrato Padrão ou de Participação” e as negociações passaram a ser realizadas caso a caso, de acordo com a lei da oferta e da procura ou o poder de negociação de cada produtor, sendo que a forma de remuneração volta a ser o contrato de preços fixos definido pelas indústrias. Outra modificação que ocorreu foi relativa aos custos de colheita e transporte das frutas que passaram a ficar por conta dos citricultores. Ademais, em função do ressurgimento do cancro cítrico e da Guignardia citricarpa Kiely (pinta preta), além do clorose variegada dos citros, as despesas para controle de pragas e doenças tiveram substancial aumento. As indústrias processadoras da fruta, em todo este período, passaram a instalar seus próprios pomares de laranja e, atualmente, as indústrias já estão se tornando auto-suficientes na produção.

De acordo com a Associação Brasileira dos Exportadores de Citros (Abecitrus), ocorreu uma redução considerável no número de citricultores passando de 27 mil (1995) para 17 mil (2000). A maior crise ocorrida no setor foi nas safras 1999/2000 e 2000/2001, quando grande

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parte dos pequenos e médios produtores perdeu parte da safra por falta de compradores. Na safra 2000/2001, a área plantada com laranja no estado de São Paulo foi reduzida em 4,2% em relação aos 671,22 mil hectares de pomares existentes na safra anterior (Camargo et. al, 2002).

Os pequenos e médios citricultores de Matão uniram-se, em setembro de 1999, com o intuito de vender sua produção uma vez que, não tinham contratos antecipados de sua safra.

“Depois de quatro meses de visitas insistentes às indústrias de suco do município, com o objetivo de venderem sua safra de laranja, e sem no entanto conseguirem, resolveram por bem se unir e buscar apoio das autoridades constituídas. O movimento iniciado no final de setembro baseia-se no fato de que Matão abriga o maior parque de indústrias cítricas do mundo, com a capacidade de moagem de cem milhões de caixas de laranja ao ano, portanto, um enorme contra-senso estarem perdendo sua safra por falta de moagem” (Manifesto dos Citricultores de Matão, 1999).

A produção citrícola apresentou um comportamento de queda a partir da safra agrícola de 97/98, como decorrência da forte crise do setor, o que contribuiu para uma recuperação considerável nos preços recebidos pelos produtores do estado de São Paulo (Agrianual, 2003).

Dada a instabilidade da citricultura e a importância desta atividade para a renda do setor produtivo rural do município de Matão, os agricultores tentam procurar outros mercados e outras opções de renda, sendo a forma encontrada para trilhar este caminho, a organização dos produtores em uma associação.

No sentido de municiar esta associação de informações para o posterior planejamento das atividades, é importante um levantamento detalhado da situação atual das propriedades rurais em termos de atividades desenvolvidas, produtividade, alternativas utilizadas de diversificação da produção e formas de comercialização da produção.

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2. METODOLOGIA

Os dados para o desenvolvimento deste trabalho foram obtidos a partir de questionários aplicados junto a produtores rurais filiados à Associação dos Produtores Rurais de Matão (APRUMA), para obtenção de informações de:

• Perfil do produtor rural;

• Características da propriedade: uso do solo;

• Produção e produtividade das principais atividades; • Comercialização da produção.

A APRUMA, fundada em 20 de novembro de 2000, contava no período do levantamento dos dados com 38 produtores associados e 61 propriedades cadastradas, sendo aplicado um questionário para cada uma dessas propriedades associadas, o que totalizou 61 questionários e 38 produtores entrevistados.

Os dados foram codificados e tabulados utilizando-se planilha do Excel e o processamento estatístico, foi realizado utilizando-se o SAS.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Perfil dos Produtores e Propriedades

A análise gera informações que possibilitam traçar o perfil do produtor, bem como qualificar as técnicas de produção e de gerenciamento adotadas nas propriedades vinculadas à APRUMA.

Os produtores rurais entrevistados possuem bom nível de escolaridade, uma vez que 60,65% dos entrevistados possuem segundo grau completo ou superior. É elevado o número de produtores que possuem nível superior (47,54%) (Tabela 1), sendo observado que, geralmente, os

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produtores com maior nível de escolaridade são também os que possuem as maiores propriedades.

Tabela 1: Grau de escolaridade dos produtores filiados à APRUMA, Matão – São Paulo, 2002.

Grau de escolaridade Nº produtores %

Sem instrução 0 0,00

Primeiro grau incompleto 10 16,39

Primeiro grau completo 14 22,95

Segundo grau 8 13,11

Superior 29 47,54

Total 61 100,00

Fonte: dados da pesquisa.

As informações sobre utilização de assistência técnica e de técnicas de produção e gerenciamento mostram que mais de 95% das propriedades da associação recebem assistência técnica, utilizam tecnologias de produção, principalmente da análise do solo (93,44%), e fazem manejo integrado de pragas (MIP), adotado em 37,70% delas. Quanto ao uso de irrigação, verificou-se que é utilizada em 23,33% das propriedades, que são as que possuem maior área média, 65,38 ha, contra 46,00 ha de propriedades não irrigadas. Outro fato que chama atenção é a adoção de escrituração agrícola em cerca de 64% das propriedades e que 21% das propriedades possuem computador (Tabela 2).

Quanto à assistência técnica verificou-se que a maioria utiliza assistência técnica de firmas que comercializam insumos agrícolas (61,32%), as demais utilizam assistência técnica de autônomos e firmas (30,18%), ou não utilizam assistência técnica de terceiros (5,17%), uma parte pequena utiliza outros tipos de assistência técnica. Os produtores que não utilizam assistência técnica de terceiros têm sua propriedade assistida por agrônomos da família ou pelo administrador da própria propriedade.

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Tabela 2: Porcentagem de propriedades filiadas à APRUMA, segundo tecnologias de produção e

gerenciamento, Matão – São Paulo, 2002.

Itens % Assistência técnica 94,83 Analise do solo 93,44 MIP 37,70 Irrigação 23,33 Escrituração Agrícola 63,79 Computador 21,31

Fonte: dados da pesquisa.

Este perfil de produtores e propriedades pode ser considerado diferenciado quando comparado com a média do estado de São Paulo. Segundo dados do Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agrícola do Estado de São Paulo (LUPA), realizado em 1995/96 (PINO 1997), somente 14% das unidades de produção do estado utilizava assistência técnica, 44% fazia análise de solo, 28% utilizava escrituração agrícola e apenas 3,7% das propriedades possuia computador (Francisco et al., 1997).

Na tentativa de verificar se o grau de escolaridade apresenta relação com a adoção de medidas relacionadas com tecnologia de produção e de gerenciamento da propriedade, procedeu-se uma análiprocedeu-se combinando o grau de escolaridade com o uso de assistência técnica e análiprocedeu-se de solo, que se denominou de variáveis ligadas à tecnologia; a relação com o gerenciamento da propriedade foi analisada a partir de informações de uso de escrituração agrícola, elaboração de custo de produção e utilização e finalidade do computador na propriedade.

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Tabela 3: Relação entre grau de escolaridade e utilização de itens relacionados a tecnologia e gerenciamento da propriedade rural, em porcentagem, Matão,

São Paulo, 2002

Tecnologia Gerenciamento

Assist. Análise Escrit Custo Uso Fin. Uso computador Grau de

escolaridade

Técnic do solo agríc prod comp Técnic Econ. Internet 1º grau incompleto 18,18 17,54 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1º grau completo 23,64 19,31 24,32 16,67 7,29 0,00 0,00 7,29 2º grau 12,73 12,28 10,81 20,00 7,69 0,00 7,69 0,00 Superior 45,45 50,87 64,87 63,33 84,62 7,69 69,24 7,69

Fonte: dados da pesquisa.

Os dados da pesquisa indicam uma relação direta entre aumento de escolaridade e uso de itens relacionados com tecnologia e gerenciamento, apesar das informações relativas ao estrato de segundo grau de escolaridade destoarem da tendência, em alguns dos itens.

Dos resultados obtidos, observa-se que, dentre os 45,45% dos proprietários com nível superior que recebem assistência técnica, 44% é realizada por autônomos ou firmas e 40% realizada somente por firmas. Ou seja, é muito baixo o uso de assistência técnica governamental entre os produtores analisados. Observou-se também que 50,87% das propriedades em que é realizada análise de solo, os produtores têm nível superior, sendo que 75,86% destes realizam análise de solo entre 1 e 2 anos com a finalidade de adubação.

Outro fato importante, relacionado com gerenciamento da propriedade, é que em quase metade das propriedades estudadas (49,18%) é determinado o custo de produção, sendo que dentre os que fazem estes cálculos, 63,33% têm nível superior e o restante está dividido entre quem tem 1º e 2º graus completos. Uma informação interessante que pode ser vista nos dados da tabela 3 é que nenhuma prática estudada, relacionada ao gerenciamento é realizada nas propriedades cujo produtor possui o menor grau de escolaridade. Quanto à utilização de escrituração agrícola, observou-se que 64,87% das propriedades que usam para imposto de renda

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e/ou no gerenciamento da propriedade, o responsável tem grau superior completo. Apenas 21% das propriedades utilizam computador, sendo que 84,62% destas são de produtores que possuem nível superior. O principal uso do computador está relacionado à parte econômica da atividade (Tabela 3).

3.2. Produção e produtividade da laranja

A área ocupada pelo conjunto de propriedades é de 3.032,75 ha, sendo a área média dessas propriedades de 49,72 ha, variando de 3,3 a 363 ha.

A laranja é a principal atividade desenvolvida pelos produtores da associação em 47 das 61 propriedades, representando 55,58% da área total dos associados da APRUMA,totalizando 1.685,51 ha.

As variedades Hamlin, Natal, Pêra Rio e Valência são as mais cultivadas, sendo a Natal a mais produtiva com média de 587 cx/ha, e a menos produtiva, a Valência, com produtividade média de 364 cx/ha. As variedades Hamlin e Pêra Rio têm uma produtividade de 447 e 482 cx/ha, respectivamente.

Tabela 4: Especificação do uso do solo por variedades de laranja, Matão, São Paulo, 2002

Produtividade Variedades Nº prop Área total(ha) Nº pés

cx/pé cx/ha Produção

Hamlin 10 154,60 31570 2,18 447,00 69100

Pêra Rio 26 516,40 154262 1,61 482,00 249119

Natal 15 215,47 56310 2,24 587,00 126380

Valência 28 498,40 15070 1,2 364,00 181188

Fonte: dados da pesquisa.

Na tentativa de avaliar se existe relação entre produtividade média de laranja (cx/ha) e estratos de área cultivada com este produto, elaborou-se a tabela 5. A partir destes dados

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observa-se que não houve grande variação de produtividade em diferentes estratos de área, mas verificou-se que maior produtividade foi converificou-seguida em propriedades com 20 a 50 ha de pomar de laranja (530 cx/há). A densidade de plantas mais utilizada está na faixa compreendida 250 e 300 plantas/ha, com produtividade média de 507 cx/ha.

Tabela 5: Produtividade média de laranja (cx/ha) por estrato de área com laranja, Matão - SP, 2002.

Estrato de área Produtividade

5 a 20 ha 460,46

20 a 50 ha 530,98

50 a 100 ha 522,51

Maior que 100 ha 485,96

Fonte: dados da pesquisa.

Analisando-se a produtividade (cx/ha) das variedades de laranja por estrato de densidade (pl/ha), observou-se que a produtividade por hectare aumenta com o incremento na densidade, como era esperado (Neves et al, 1990). As variedades Hamlin, Natal e Valência apresentaram produtividades médias maiores quando na densidade de 300 a 400 plantas/ha com produtividade média de 640, 721 e 518, cx/ha, respectivamente. Já a variedade Pêra Rio apresentou produtividade média maior na densidade de 400 a 500 plantas/ha, com produtividade média de 619 cx/ha, tabela 6.

Tabela 6: Produtividade média (cx/ha) por estrato de densidade (pl/ha),de laranja variedades Hamlin, Natal, Pêra Rio e Valência, Matão - SP, 2002

Produtividade (cx/ha) Densidades (pl/ha)

Hamlin Natal Pêra Rio Valência

100 a 200 _ 421,89 294,18 _

200 a 250 526,44 558,63 298,29 478,81

250 a 300 578,75 638,84 490,74 439,78

300 a 400 640,47 721,28 569,03 518,85

400 a 500 _ _ 619,83 _

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Relacionou-se o tipo de assistência técnica utilizada à produtividade por variedades. Verificou-se que nas propriedades onde a assistência técnica é prestada somente por firmas que comercializam insumos a produtividade foi de 528 cx/ha. As propriedades que utilizam assistência técnica de autônomos e firmas apresentaram uma produtividade média de 559 cx/ha e as que não utilizam assistência técnica de terceiros, com 636 cx/ha. Porém, deve-se salientar que nestas propriedades, que não utilizam assistência técnica de terceiros, são geralmente gerenciadas por agrônomos ou profissionais ligados à área, da própria família. Isto pode mostrar a importância de uma assistência mais efetiva ou que acompanhe mais sistematicamente a cultura como é o caso dos técnicos contratados ou da família e não com assistências pontuais como parece ser o caso da prestada por firmas.

3.3. Comercialização e diversificação da produção

Os resultados mostraram que a agroindústria é o destino da laranja em 91,49% dos casos, o restante vai para atacadistas locais e regionais.

Dadas as constantes crises da citricultura, avaliou-se ações de diversificação da produção e verificou-se que nas 61 propriedades associadas à APRUMA, em 31 delas, ou seja, 50,82%, houve implantação de outras atividades, além da citricultura, e em 19,67% delas, houve substituição do pomar de laranja por outras atividades agrícolas. Os produtos utilizados na diversificação foram, por ordem de importância, o milho (13,11% das propriedades estudadas), o limão (11,48%), o café (8,20%), manga, suínos e macadâmia (6,56%) e a goiaba (4,92%). Destas diversificações, 75% dos proprietários obtiveram bons resultados com milho e manga; 57% com limão e 67% com suínos e goiaba. Dentre os que diversificaram com café, 80% obtiveram resultados ruins, devido a queda do preço (tabela 7). Indagados sobre o motivo para diversificação e substituição da cultura da laranja, 54,50% responderam pela dificuldade de

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comercialização, pelo baixo preço do produto (18,43%), pelas condições climáticas adversas (15,17%), e por pragas e doenças (11,90%) (Gráfico 01).

Tabela 7: Diversificação da produção (% das propriedades) e resultados obtidos em relação a cultura base “laranja”, Matão – SP, 2002.

Diversificação Resultados Obtidos

Atividades % Bons Médio Ruins S/ result. Total

Milho 13,11 75,00 13,00 13,00 0,00 100,00 Limão 11,48 57,00 0,00 14,00 29,00 100,00 Café 8,20 20,00 0,00 80,00 0,00 100,00 Manga 6,56 75,00 25,00 0,00 0,00 100,00 Macadâmia 6,56 33,00 0,00 0,00 67,00 100,00 Suínos 6,56 67,00 0,00 33,00 0,00 100,00 Goiaba 4,92 67,00 0,00 33,00 0,00 100,00

Fonte: dados da pesquisa.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Os produtores pertencentes à APRUMA têm, na sua maioria, curso superior, utilizam técnicas recomendadas de produção e fazem, em menor grau, gerenciamento da propriedade. Quase a totalidade das propriedades conta com assistência técnica, quer seja de terceiros ou da própria família. Apesar destes fatores, a produtividade média dos pomares de laranja (530cx/ha) é pouco inferior à do estado de São Paulo (570cx/ha) (Informações Econômicas, 1997). A elevação da produtividade é importante para melhorar a margem operacional e o giro dos ativos

0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 % Cond. Clim. Adv.

Prç do Prod Comerc Fitopt.

Motivo

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empregados em cada propriedade.

Na área ocupada pelas propriedades da associação, que totaliza 3.032,75 hectares, são desenvolvidos, comercialmente, trinta e três diferentes tipos de atividades agropecuárias. As sessenta e uma propriedades estudadas contam, em geral, com uma boa estrutura produtiva, sendo a cultura de laranja a atividade mais desenvolvida nestas áreas.

A dificuldade de comercialização da laranja levou os citricultores da região a diversificarem e até a substituírem a cultura por outras.

A grande concentração das indústrias de beneficiamento, principalmente citrícola, gera grande concorrência entre os produtores que, por trabalharem de forma independente, acabam aceitando menores preços pelo seu produto. A associação pode possibilitar a organização estratégica das máquinas e implementos, que já existem em grande número, para uso mútuo dos associados, além do uso mais racional da tecnologia de produção disponível. Isto pode auxiliar na redução dos custos de produção e possibilitar menores investimentos nos itens de capital fixo. Além disso, pode promover a integração das atividades, obtendo redução no preço de compra dos insumos, maior participação na cadeia produtiva e melhor preço na comercialização dos seus produtos.

Assim, com o conjunto de iniciativas da associação e das lideranças municipais, poderia haver uma integração das agroindústrias já existentes e criação de outras agroindústrias, gerando um maior desenvolvimento da região e agregando valor às matérias-primas agropecuárias do município.

A recuperação dos preços da laranja pagos pela indústria, principalmente a partir da safra agrícola 2001/02, pode ser um fator importante no sentido da desmobilização dos produtores para fortalecer suas associações. Porém, deve-se considerar que, em momentos de crise, como a ocorrida em 1998/2000, a organização dos produtores pode ser um fator decisivo

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para a manutenção na atividade uma vez que as associações podem ter ferramentas que auxiliem os produtores no sentido da competitividade como: melhor negociação de preços, compra coletiva de insumos que pode levar a redução no custo de produção dentre outros.

5. Referências bibliográficas

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