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PROJETO BERÇARIOS DA COSTA PAULISTA

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Academic year: 2021

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PROJETO BERÇARIOS DA COSTA PAULISTA

EXPEDIÇÃO JURÉIA ITATINS

Peruíbe, 06 a 08 de Agosto de 2009.

JURÉIA – O CORAÇÃO DA NATUREZA

No Litoral de São Paulo pulsa a diversidade natural da mais autêntica reserva de Mata Atlântica brasileira

Na língua tupi-guarani Juréia significa ponta saliente. O motivo é um imenso maciço de rocha que sai do continente, invade a praia e avança em direção às águas do mar. O maciço da Juréia, junto com a Serra do Itatins, no Litoral Sul de São Paulo, compõe assim o trecho de Mata Atantica mais rico e preservado que ainda resta no Brasil. Os ilustres habitantes dessa região – além dos caiçaras, a suçuarana, a biguatinga e o raro macaco monocarvoeiro, o maior das Américas – Têm a sorte perene de conviver com as áreas de mangues, rios, cachoeiras, restingas e mais de 40 quilômetros de praias e costões praticamente intocados. Um paraíso de diversidade natural a apenas 200 quilometros da capital paulista e menos de 130 do inferno de fumaça das industrias de Cubatão.

Mas a Juréia já esteve muito ameaçada. No começo da década de 70, por exemplo, um megacondominio para 70 mil pessoas quase foi aprovado na Selvagem Praia do Rio Verde, uma das últimas ainda virgens do litoral paulista. Pior: em junho de 1980, o então presidente João Batista Figueiredo autorizou a desapropriação de 236 km2 de terras entre as cidades de Peruíbe e Iguape para a construção de duas usinas nucleares. Por sorte a natureza, o programa nuclear brasileiro nunca decolou, e a polemica só serviu para afastar da área os ávidos empresários com seus projetos imobiliários.

Quase vinte anos depois de todos esses tormentos, a Juréia continua intacta. Em 1987, cerca de 80 mil hectares da região cortada pelos rios Uma do Prelado e Verde foram transformados em estação ecológica, uma reserva onde residem inúmeras espécies animais e onde pesquisadores já detectaram mais de 400 espécies de plantas medicinais. Só que tudo isso está a alcance apenas de alguns privilegiados. Com acessos rigorosamente controlados, apenas biólogos, estudiosos da natureza e fiscais podem alcançar o coração da Juréia. A visitação turística é proibida, uma situação que alimenta muitas discussões entre ambientalistas, ainda mais porque as restrições ao uso da área também atingem as cerca de 350familias de caiçaras que vivem ali. Sem recursos e isolados, os nativos não podem mais cultivar vários hábitos ancestrais, como caçar e pescar. Um verdadeiro oásis de Mata Atlântica incrustado no Estado mais desenvolvido do pais, Juréia resistiu aos projetos dos militares e à ganância dos especuladores. A natureza ali se mantém intacta. Pena que, para a grande maioria das pessoas, ela só possa ser contemplada por fotos.

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NOSSA VIAGEM

Saímos de São Paulo após o almoço do dia 06 e seguimos para o Sul em direção a Peruíbe, nosso objetivo acampar as margens do Rio Una e aproveitar os dias entre caminhadas pela praia, trilhas e saída de barco pelo rio. Logo São Paulo vai ficando para trás e a atmosfera da viagem já contamina e empolga com as possibilidades que estão por vir, para um amante da natureza não há momento que cause maior ansiedade. Depois de quatro horas de viagem estamos nos aproximando do vilarejo da Barra do Una. Costumo comparar esse local com o Novo Mundo da chegada dos portugueses e outros colonizadores.

UM MUNDO A PARTE

A junção de ecossistemas perfeitos revela a beleza da expansão de um universo singular. Cada detalhe permite perceber a harmonia completa em que vive cada ser dessa região. Não é somente o ar mais puro ou a água mais cristalina, mas todo o encadeamento de ambientes confere a Juréia-Itatins o mais completo e equilibrado mostruário de relacionamento entre o meio ambiente, a flora, a fauna e os microorganismos que nele habitam e que incluem fatores de equilíbrio geológico, atmosférico, meteorológico e biológico.

A distribuição bem ordenada dos ambientes está completamente interligada à vida animal. Os contornos e desenhos que formam as dunas e o solo propício sempre encharcado de água salobra, o qual está constantemente pronto para germinar, combinam com o lodo dos mangues e com as peculiares características da restinga, que avança pelo litoral e se prolonga até o mar. Para embelezar ainda mais a paisagem, árvores frondosas de madeira de lei projetam suas raízes pela extensa floresta de planície. Sem dúvida alguma podemos afirmar que se trata de uma das melhores áreas preservadas do Brasil, se estendendo por um corredor que vai da Estação Ecológica de Juréia-Itatins até o Vale do Ribeira.

Com tantos atributos primorosos, a Juréia se mostra como uma grande arquibancada que permite a observação da vida silvestre. O vôo rasante de um grupo de tucanos ou as estrepolias de algum animal endêmico podem, com sorte, ser vistos pelos visitantes mais atentos. Abrigam-se aqui uma diversidade de animais e plantas que correm o risco de extinção, entre os animais a onça pintada e o macaco muriqui e entre as plantas a samambaiaçu ou xaxim e a orquídea do gênero catasetum.

Texto extraído e adaptado: Revista Pesca Brasil, Edição 20/2009, autoria Vanessa Moiseíeff.

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ESTAÇÃO ECOLÓGICA

Na perspectiva da política Nacional do Meio Ambiente, a Lei n 6.938/81 advogou, como um de seus objetivos prioritários, a criação de Estações Ecológicas, mormente devotadas à pesquisa, pura ou aplicada.

A Estação Ecológica de Juréia-Itatins representa, no entanto, um inusitado exemplo de sobreposição de diversas áreas preservadas ( umas da União, e outras, estaduais ), todas com documentos jurídicos atuais, válidos, inegáveis.

O primeiro dos documentos que protegera a região fora o decreto relativo a uma reserva florestal, ocupando uma barra de morros e de matas na Serra dos Itatins ( Decreto Est. n 31.650, de 8 de abril de 1958 ).

O MEIO AMBIENTE

Ao referir-se á juréia, muitos pensam apenas na região costeira, não só devido a seu mágico esplendor, mas também ao fato de que, no inicio, a Estação se restringia a cerca da quarta parte da sua extensão atual, englobando apenas, de um modo geral, a Praia do Rio Verde e a do Una.

Ao assumir o expandido espaço atual, a Estação Ecológica passa a adquirir o caráter de uma região tripartida, com faixas concêntricas de crescente complexidade, dimensão e majestade:

- a orla marítima; - o Banhado Grande; - as serranias do Itatins.

ORLA MARÍTIMA

Compreendendo três pontas ( Juréia, Grajaúna e Uma) que representariam afloramentos pré-cambrianos e cristalo-filianos e até gnaísses e migmatítos (Ponta da Juréia), esses marcos rochosos delimitam duas amplas baías arenosas, uma menor a do Rio Verde, com formações liminosas de manguezais, outra maior, com tendência marcada para a formação de feixes de restingas e jundus.

Ao Sul da ponta da Juréia, o litoral que antecede as nascentes do Rio Uma apresenta dunas, consolidadas, de considerável altura.

Todo o litoral sudoeste sofreu a influência de fases sucessivas de afogamento eustático, durante o holoceno, seguidas de processos de colmatagem, acentuados no litoral sul, formando cordões arenosos, que antecedem formações lagunares, longilíneas ou rodeadas de esporões arenosos, que acabam por fecha-las.

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Batida pelo vento do largo, crestada de solheira e maresia, chicoteada pela areia trazida às lufadas, a vegetação da restinga conquista a aridez da faixa supratidal por processos de veemente persistência: a fixação por restolhos do irisineto (phyloxerus portucaloides) e das ipomáceas Ipomea pescaprae), a superfície rasa oferecida, como recortada bandeja, pela hydrocotile umbelata); as longas, pertinazes raízes da Spartina; a enzima rosada da antocianina, presentes nas contorcidas hastes da Iresine, que lhe permite negociar a água salobre do lençol freático, quase à flor da praia. É a soberba labuta da sucessão da restinga inicial.

O BANHADO GRANDE

Enquanto com mais lenta cautela, avançamos em terreno encharcado oun por riachos de negras águas, da tonalidade de um licor precioso e raro, em nenhuma outra parte talvez apreendamos o estranho, o sábio esplendor do ritual da morte e do renovo como neste domínio de banhado grande, o Pai das Águas.

Olhando à volta pasmamos e amamos toda essa festa medieval dos fungos, o recomeço da vida no ciclo desse tronco caído, como um gigante por fim abatido entre o fecundo folhiço da mata.

O próprio solo desse `taruru` nos recomenda a secular paciência de processo antiguíssimo levando, de decomposição em decomposição, das antigas lagoas subdjacentes, com seus densos juncais, à turfa atual, que se apresenta como esponja escura, fértil e inflável.

A SERRANIA DO TITATINS

E a caxeta (tabebuia cassinoides) e o palmito (Euterpe edulis), tão cobiçados, vão se fundindo, num continuum quase imperceptível, com o espessor da mata pluvial que recobre o Itatins por léguas e léguas, fazendo parte da grande floresta tropical atlântica. Mata dos beijas-flores e dos felinos, das parasitas e das samambaias.

E é tal a variedade das espécies arbóreas e escandentes, na penumbra das frondes, e tão anciosas todas de atingirem o sol, que só a imagem pode dar a idéia da densidade impenetrável, da competição pela luz, tensa, crepuscular, calada, dessa mata.

Todavia essa mata, todos esses cumes, esses dedos de pedra, parecem esbravejar – como que imóvel para sempre o gesto.

Todo esse espaço está por estudar, aguardando a chegada dos que vão sobre ele debruçar-se, entende-lo e divulga-lo, concorrendo a mover os homens a proteger esse legado.

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DESCRIÇÃO DAS OBSERVAÇÕES

• Aves:

1. Garça azul ( Egretta caerulea )

2. Garça branca pequena ( Egretta thula ) 3. Martin pescador grande ( Ceryle torquata )

4. Martin Pescador pequeno ( Chloroceryle americana ) 5. Coruja Buraqueira ( Speotyto cunicularia )

6. Tié Sangue ( Ramphocelus bresilius ) 7. Bem te vi ( Pitangus sulphuratus ) 8. Sabia-barranco ( Turdus leucomelas ) 9. Sabia Laranjeira ( Turdus rufiventris ) 10. Pardal ( Passer domesticus )

11. Tico Tico ( Zonotrichia capensis )

12. Pomba doméstico ( Columba lívia domestica ) 13. Caracará ( Polyborus p. plancus )

14. Urubu da cabeça preta ( Coragyps atratus ) 15. Urubu da cabeça vermelha ( Cathartes aura ) 16. Fragata ( Fregata magnifensis )

17. Gaivota ( Larus dominicanus ) 18. Talha mar ( Sterna sp )

19. Canário da terra ( Sicalis flaveola )

20. Tucano do bico preto ( Ramphastos vitellinus ) 21. Corruíra ( Troglodytes aedon )

22. Andorinha pequena ( Notiochelidon cyanoleuca ) 23. Andorinha grande ( Progne chalybea )

24. Anu preto ( Crotophaga ani ) 25. Periquito verde ( Brotogeris tirica ) 26. Quero-quero ( Vanellus chilensis ) 27. Savacu-de-coroa ( Nyctanassa violacea ) 28. Cambacica ( Coereba flaveola )

29. Noivinha-branca ( Xolmis sp ) 30. Guaxe ( Cacicus haemorrhous )

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• Flora

1.Mangue vermelho ( Rizofhora mangle ) 2.Mangue preto ( Avicenia schaueriana ) 3.Mangue branco ( Laguncularia racemosa ) 4.Mangue de botão ( Conocarpus erectos ) 5.Capim-salgado ( Spartina ciliata ) 6.Aroeirinha ( Schinus terebinthifolius ) 7.Embaúba ( Cecropia pachystachya ) 8.Caetê vermelho ( Heliconia biha ) 9.Caeté ( Heliconia velloziana )

10. Bananeira ornamental ( Musa ornata ) 11. Trombeteiro ( Brugmansia suaveolens ) 12. Cana-do-brejo ( Costus spiralis )

13. Erva-capitão ( Hydrocotyle bonariensis ) 14. Palmito ( Euterpe edulis )

15. Jerivá ( Syagrus romanzoffiana ) 16. Guapuruvu ( Schizolobium parahyba )

17. Vegetação rateira de dunas ( Blutaparon portulocoides ) 18. Trucuá ( Monstera adansonii )

19. Imbé ( Philodendron bipinnatifidum ) 20. Mãe-do-imbé ( Philodendron imbe )

21. Babosa-de-árvore ( Philodendron martianum ) 22. Gravatá ( Aechemea nudicaulis )

23. Caraguatá ( Nidularium billbergioides ) 24. Bromélia ( Nidularium innocentii ) 25. Bromélia ( Nidularium procerum ) 26. Bromélia ( Quesnelia arvensis ) 27. Bromélia ( Racinacea spiculosa ) 28. Bromélia ( Tillandsia stricta ) 29. Bromélia ( Tillandsia geminiflora ) 30. Barba-de-velho ( Tillandsia usneoides ) 31. Bromélia ( Vriesea carinata )

32. Bromélia ( Vriesea ensiformes ) 33. Bromélia ( Vriesea friburgensis ) 34. Bromélia ( Vriesea philippocoburgii ) 35. Cacto ( Cereus peruvianus )

36. Cacto ( Opuntia monoacantha ) 37. Cacto ( Rhipsalis sp )

38. Carqueja-amarga ( Baccharis trimera ) 39. Ipoméa ( Ipomea littoralis )

40. Ipoméa ( Ipomea pes-caprae )

41. Pinherinho-da-praia (Cladium mariscus ) 42. Grama-da-praia ( Stenotaphrum secundatum ) 43. Erva-chumbo ( Cassitha sp )

44. Marmeleiro-da-praia ( Dalbergia ecastaphilla ) 45. Quaresmeira-anã ( Tibouchina glazioviana ) 46. Orelha-de-onça ( Tibouchina clavata ) 47. Orquídea terrestre ( Catasetum trulla )

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48. Orquídea sumbaré ( Cyrtopodium polyphyllum ) 49. Orquídea ( Epidendrum fulgens )

50. Brejauva ( Astrocaryum aculeatissimum ) 51. Palmeira-indaiá ( Attalea dubia )

52. Lírio-do-brejo ( Hedychium coronarium ) 53. Samambaia-açu ( Trichipteris atrovirens )

54. Samambaia-do-barranco ( Dicranopteris pectinata ) 55. Lycopodium ( Lycopodium alopecuroides )

56. Lycopodium ( Lycopodium cernuum ) 57. Brófita ( Polytricum sp )

58. Veludo ( Sphagnum sp ) 59. Liquem ( Cladonia sp )

60. Barba-de-velho ( Usnea barbata )

• Répteis

1. Cobra coral ( Micrurus sp ) 2. Tartaruga verde

• Moluscos

1. Craca 2. Litorina 3. Mexilhão 4. Teredo 5. Ostra

• Crustáceos

1. Heremita 2. Caranguejo do mangue 3. Caranguejo chama maré

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EQUIPE

Carlos V. Cantareli / Biólogo Lucas Corvacho / Biólogo

FOTOS:

C.V.Cantareli L.Corvacho F.Coppola

BIBLIOGRAFIA:

Frisch, J.D. Aves Brasileiras, Volume I , Editora Dalgas Ecoltec , São Paulo, 1981 Frisch, J.D. Frisch C.D. Aves Brasileiras e Plantas que as Atraem, 3 Edição, Editora Dalgas Ecoltec, São Paulo, 2005

Granstsau, R. As Cobras Venenosas do Brasil, Editora Bandeirante, São Paulo, 1991 Dunning, J.S. South American Birds, Pensilvânia, 1997

Sick, H. Ornitologia Brasileira; Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1997 Lorenzi, H. Arvores Brasileiras; Editora Plantarum Ltda, Nova Odessa – SP, 1992 Lorenzi, H. Plantas Ornamentais no Brasil, arbustivas, herbáceas e trepadeiras, 3 edição, Nova Odessa – SP, 2001

Joly, A.B. Botânica Introdução a Taxonomia Vegetal, Compania e Editora Nacional, São Paulo – SP, 1993

Sanfilippo, L.F. ; Demétrio, C. Aves que Habitam o Sesc-Bertioga, São Paulo – SP, 1994

Reader´s Digest Associaton Limited, Book Of Bristish Birds, London , 1980 Couto, O.S. ; Manual de Reconhecimento de Espécies do Estado deSão Paulo, Imprensa Oficial, SMA – DPRN, São Paulo – SP, 2005

Referências

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