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ANALISE E AVALIAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DA USINA NUCLEAR EM ITACURUBA, PERNAMBUCO, E OS POSSÍVEIS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS.

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Academic year: 2021

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ANALISE E AVALIAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DA USINA NUCLEAR EM ITACURUBA, PERNAMBUCO, E OS POSSÍVEIS IMPACTOS

SOCIOAMBIENTAIS.

Diego Felipe Dos Santos1 Universidade Federal de Pernambuco

diego.felipeufpe@gmail.com Emely Christine Sulino de Melo2 Universidade Federal de Pernambuco

emelychristinegeo@gmail.com Anderson Bezerra Candido3³ Universidade Federal de Pernambuco drogba_toic@gmail.com

INTRODUÇÃO.

Desde a década de 1950 o Brasil vem sofrendo com as mudanças dos meios técnicos e científicos. Essas alterações, sobretudo na região Nordeste do Brasil, vêm causando diversas modificações no espaço e também modificações na sociedade onde essas transformações no espaço ocorrem. A região Nordeste é palco de diversos conflitos entre comunidades de povos tradicionais e o Capital. Esses conflitos se intensificaram sobretudo na década de 1960, onde o regime militar imposto no país elaborou uma série de obras para o “desenvolvimento” do pais, sobretudo na região nordestina, dentre esses projetos estavam a usina de Itaparica e Sobradinho.

Atualmente a região Nordeste ainda vem sofrendo com as constantes obras quem vem assolando a área como a transposição do Rio São Francisco que passam por três estados e o Cinturão das Águas no Ceará. O rio São Francisco por adquirir características

1 Membro do Laboratório de Estudos e Pesquisa sobre Espaço Agrário e Campesinato – LEPEC, sob

orientação do professor Claudio Ubiratan Gonçalves.

2 Membro do Núcleo de Educação, Pesquisa e Práticas em Agroecologia e Geografia – NEPPAG AYNI. 3 Membro do Laboratório de Estudos e Pesquisa sobre Espaço Agrário e Campesinato – LEPEC, sob

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impares à região, sofre com a “diversidades” de empreendimentos em que nele estão sendo construídos, sobretudo, empreendimentos que visam a questão energética, tais como a UHE de Itaparica e Riacho seco. Por esse motivo, o rio São Francisco assumiu particularidades para além da sobrevivência dos povos ribeirinhos. O rio passou a ser tratado como um produto do mercado capitalista, servindo à produção de energia, que posteriormente será comercializada para outros países (GONÇALVES et. al, 2009).

Aliado a isso, também se tem o beneficiamento da agricultura irrigada no semiárido, onde grande parte do da vazão da água de uma das maiores obras já realizadas no São Francisco, a sua transposição, é para o benefício do monocultor. Tais transformações já são notadas em sua vazão que vem diminuindo cada vez mais e sobre o avanço do mar em sua foz (GONÇALVES et.al, 2009), onde se tem relatos de peixes de água salgada que são encontrados a vários quilômetros da foz do rio. Deste modo o Velho Chico torna-se cada vez mais susceptível a transformações mais radicais.

Barragens, UHE, transposição, são meios que alteram a dinâmica do rio, alterando também a cultura dos povos ribeirinhos que dele tiram o seu sustento. Mais recentemente uma grande obra vem abalando os moradores da região, que é a construção da usina Nuclear na cidade de Itacuruba em Pernambuco. A usina será instalada em terras de comunidades remanescente como povos quilombolas, indígenas e comunidade de pescadores. Com isso causara a expropriação de diversas famílias e desapropriação de terras de povos quem abitam há muito tempo na região, promovendo assim diversos tipos de conflitos.

OBJETIVO

O objetivo do trabalho é analisar as comunidades que serão afetadas pela usina nuclear caso seja concretizado a obra e salientar as cidades que também sofrerão com a presença da usina nuclear.

Tendo como principal enfoque abordar a eminencia dá construção da Usina Nuclear de Itacuruba no sertão nordestino e trazer a problemática dos possíveis impactos na natureza e nas comunidades ribeirinhas com a construção da usina nuclear no sertão pernambucano do sub-médio São Francisco.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada será a revisão bibliográfica sobre o tema e análise das comunidades remanescentes que poderão ser afetas caso a usina seja efetivamente construída, e por último elucidar os municípios que serão afetados com a construção da usina. Deste modo o trabalho espera constatar os impactos que já serão causados antes da construção propriamente dita da usina, demonstrando os vários tipos de conflitos que ocorrerá antes mesmo do projeto da construção para a região. Sendo assim pontuando as comunidades afetas assim como as cidades e os tipos de interferências que serão causadas com a edificação da obra, pondo em questão a proposta de construção.

RESULTADOS PRELIMINARES

Quando discutimos o processo de desenvolvimento destrutivo nos sertões brasileiros a região do rio São Francisco assume relevância histórica. Foi inicialmente ocupada por indígenas, negros ex-escravos, missionários religiosos, bandeirantes e estrangeiros, grandes fazendeiros criadores de gado e pelo governo colonial, tendo esse último, grande incentivo de ocupação pela coroa portuguesa, com a doação de grandes extensões de terras para que pudessem ser colonizadas (MOREIRA, 2011).

O rio São Francisco exerceu e ainda exerce grande influência no cotidiano das pessoas que ali viveram e vivem. A criação de peixes e agricultura irrigada já é uma realidade condizente com o tipo de manejo atual que é dado ao rio, tendo grande incentivos de capital estrangeiro. A pesca e a agricultura são os principais meios de renda dos povos ribeirinhos que vivem nesta região, porém essa pratica está em declínio, por conta do processo de desenvolvimento de grandes obras que estão sendo instauradas em todo o leito do rio (GONÇALVES, 1954).

Esse processo é fruto do desenvolvimento capitalista que teve início por volta dos séculos XVIII e se intensificou a partir da década de 1930 e que teve o seu ápice da década de 1960. Tendo em vista essas premissas, o governo brasileiro, sobretudo o governo militar (1964-1984), decidiu implantar uma série de obras que iriam beneficiar grande parte da população que viviam na localidade do São Francisco.

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Mesmo após o período do regime militar, o rio São Francisco ainda é alvo das grandes obras de construção civil de governos, que prometem alavancar essa região sendo agora o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) o principal recurso de desenvolvimento da região. Obras como a usina hidroelétrica de Riacho Seco, transposição do rio São Francisco e ferrovia Transnordestina, são frutos de desenvolvimento abarcados pelo PAC. Todas são obras de grande porte e que irão gerar milhares de empregos e desenvolvimento, porém também irá desalojar diversas famílias para dar lugar às obras.

Obras como a Usina Hidroelétrica de Riacho Seco segue para o aumento da matriz energética do Brasil, onde serão implantadas diversas usinas hidroelétricas e até mesmo usinas nucleares, por outro lado, o Estado brasileiro projeta a construção de mais usinas para produção de energia e estipula através do Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030), a expansão de sua oferta de energia nuclear em 4 mil megawatts até o ano de 2030, onde metade desse percentual energético dever ser de 2 mil megawatts para a região Nordeste e 2 mil megawatts para a região sudeste. (ELETROBRAS, 2016)

A Eletronuclear já iniciou a seleção dos locais que considera propício para a construção da usina nuclear, e a cidade de Itacuruba foi indicada e aprovada dentro dos critérios técnicos por apresentar o terreno próximo ao lago de Itaparica, por ter o solo estável para grandes construções, por possuir linhas de transmissão da CHESF e por se localizar entre os maiores centros consumidores de energia do Nordeste, como Recife, Salvador e Fortaleza.

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Mapa 1: Mapa mostrando áreas de estudo para a implantação de Usina Nuclear.

Fonte: Ricardo Lyra

O municio de Itacuruba está situado na mesorregião do São Francisco pernambucano e na microrregião de Itaparica, sendo inserido na bacia do Rio São Francisco. Se encontra no clima semiárido, contendo assim na sua paisagem uma vegetação composta por caatinga hiperxerófila em sua maioria. (IBGE, 2010)

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Imagem 1: Município de Itacuruba em destaque.

Fonte: Ricardo Lyra

Dentro do município de Itacuruba estão inseridos três povos tradicionais, sendo eles a comunidade quilombola de Poço dos Cavalos, a comunidade quilombola Negos do Gilu, e o povo indígena Pankará, da Aldeia do Serrote dos Campos (ATAÍDE; MAIA; MENDES, 2016). Atualmente as comunidades estão engajadas em diversas ações sócias, sendo as principais, a Marcha das águas que foi realizada em 2012 e a marcha anti nuclear. Tais ações sociais é fruto da constate intervenção do Estado brasileiro no município e na região.

Este município se encontra em uma lista nada agradável, pois é conhecido por ter o maior índice de suicídio do Brasil, sendo 26 mortes para cada 100 habitantes e também se destaca pelo autoconsumo de antidepressivos, sendo que 30% dos adultos da cidade se utilizam desse meio de medicação. (ATAÍDE; MAIA; MENDES, 2016).

Todas essas comunidades já foram expropriadas em um primeiro momento por conta da construção da barragem de Itaparica, sendo essa mais tarde foi rebatizada de Hidroelétrica de Luiz Gonzaga, e que agora correm o risco novamente com a eminência da construção da Usina Nuclear em seu território.

Tal usina nuclear foi pensada para a localidade por conta da sua proximidade com o Rio São Francisco, onde é necessária uma grande quantidade de água que é exigida para o resfriamento dos geradores, o que acaba ocasionando o aquecimento de até 5° C, acarretando a diminuição dos peixes, pois haverá a escarces de seu alimento (algas, peixes menos resistentes, etc.) (CARVALHO, -)

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A construção da usina nuclear nessa região pode acarretar m uma séria de consequências, ambientais e sobretudo sociais. A morde da vida aquática como já foi falado acima é uma das questões que são relevantes para a concepção da construção da usina. E quanto as questões sociais temos:

 A grande quantidade de operários no município, aumentando deste modo o comercio da região e tendo como consequência aumentando os preços dos produtos;

 Perda da mata ciliar e vegetação local, pois a obra em torno do rio irá desmatar toda a área da construção e áreas próximas;

 Maior proliferação de doenças (DST´s). Com o aumento dos operários da usina, haverá um aumento da prostituição por parte da população local e áreas próximas, deste modo a propagação de doenças sexualmente transmissíveis será maior;  Eventuais alterações do clima, deste modo além de causar impactos sobre as

espécies locais, afetando a economia e vida dos pescadores da região e dos consumidores;

 Migração de peixes e espécies nativas da região;

 Migração da população ribeirinha local incentivada pelo empreendimento, fazendo com que perca culturas tradicionais, etc;

Pensando nos impactos que serão gerados com a possível construção da usina nuclear em Itacuruba, vale ressaltar que todos essas consequências também irão afetar diversos municípios pernambucanos próximos a Itacuruba, como Petrolândia, Floresta, Tacarutu, Cabrobó entre outros, e também alguns municípios baianos, como mostra na imagem:

Imagem 2: Municipios afetados pela indiretamente pela construção da Usina Nuclear em Itacuruba

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Fonte: Ricardo Lyra

Deste modo, mesmo antes da construção a possibilidade da construção da usina nuclear em Itacuruba já gera e vai continuar a gerar diversos danos a população local e de demais regiões.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

O presente trabalho aborda uma visão ainda simples para os impactos que poderão vim a ocorrer com a concretização da construção desta usina. O estudo situa que a população de Itacuruba vem lutando contra a construção dessa grande obra, e deste modo já está gerando diversos conflitos.

O estudo do local e das comunidades afetas pela construção desta usina ainda é algo novo e que não apresenta dados completos, por isso a uma importância do conhecimento da área ainda é limitada, acarretando em um trabalho ainda incompleto e que será otimizado posteriormente.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

ACSELRAD, Henri; BEZERRA, G. N. Inserção econômica internacional e “resolução

negociada” de conflitos ambientais na América Latina. In. Desenvolvimento e conflitos ambientais. Orgs.: ZHOURI, A; LASCHEFSKI, D. Belo Horizonte: UFMG.

2010.

ALVIN, C. F.; EIDELMAN, F.; MAFRA, O. FERREIRA, O. C. Nuclear energy over a

30-year scenario. São Paulo: Estudos Avançados. 2007.

ANDRADE, Manuel Correia de. A Terra e o homem no Nordeste: construção ao

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ATAÍDE, Renata Erica F.; MAIA, Mariana Vidal; MENDES, Otto Cabral.

Comunidades Tradicionais de Itacuruba impactadas pelos Grandes Empreendimentos do Estado. UFG: Goiás, 2016.

BRONZATTI, Fabricio L.; NETO, Alfredo I.. Matrizes energéticas do Brasil: cenário

de 2010 – 2030. Rio de Janeiro: Enegep. 2008

CARVALHO, Joaquim Francisco de. O espaço da energia nuclear no Brasil. São Paulo: Estudos Avançados, 2012.

ELETROBRAS, Eletronuclear, 2016. Acesso em < http://www.eletronuclear.gov.br/> GONÇALVES, Claudio Ubiratan; OLIVEIRA, Cristiane Fernandes de. RIO SÃO

FRANCISCO: AS ÁGUAS CORREM PARA O MERCADO. Goiana: Boletim

Goiano de Geografia v.29, n.2, 2009 p. (113-125).

GONÇALVES, Esmeraldo Lopes. OPARA – Formação Histórica e Social do

Submédio São Francisco. Petrolina: Gráfica Franciscana, 1954

HELM, Cecília Maria Vieira. A UHE Mauá no rio Tibagi (Paraná): impactos

socioambientais e o desafio da participação indígena. In. Integração, Usinas Hidrelétricas e Impactos Socioambientais VERDUM, Ricardo (org.). Brasília: INESCc

2007. P. ( 163- 192).

IBGE, 2010. Acesso em: < www.ibge.gov.br/>

MOREIRA, Ruy. Sociedade e Espaço Geográfico no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2011.

SANTOS, Milton. Industrialização e Grandes Projetos: Desorganização e

Reorganização do Espaço. In Os Grandes Projetos: Sistema de Ação e Dinâmica Espacial. Editora: Universitária UFPA, Belém, 1995.

Referências

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