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INCLUSÃO SE CONQUISTA COM AUTONOMIA: BALADA-POP

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Academic year: 2021

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INCLUSÃO SE CONQUISTA COM AUTONOMIA: “BALADA-POP”

Kássia Cristina da Silva Raiol1 Helen do Socorro Rodrigues Dias2 Nazaré de Jesus Sacramento de Souza3 1, 2 e 3Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais / Belém-PA

Eixo Temático: Pesquisa e Inovação Metodológica

Palavras Chaves: Lazer; Cultura; Educação Inclusiva

1. Introdução

A idéia surgiu a partir das indagações informais com os responsáveis por ocasião dos Plantões Pedagógicos, acerca das práticas e convívios sociais que são oferecidos aos filhos com deficiência e dos relatos dos próprios alunos sobre a ausência de participação em eventos sociais, constatou-se que, na sua maioria, as famílias pouco proporcionam entretenimentos que possibilitem maior interação e autonomia aos seus filhos, essa possibilidade se restringe a eventos familiares tais como aniversários, casamentos e outras reuniões. Tendo em vista que a pessoa com deficiência possui uma relação de dependência com seus familiares, para executar ações cotidianas, resultando então em uma exclusão (mesmo que involuntária) aos espaços sociais que são importantes na construção do desenvolvimento dessa pessoa, nas instituições de ensino, por outro lado, as questões relativas ao lazer, culturalmente, não são tratadas de forma prática como sendo parte integrante das práticas pedagógicas, já que a estas são atribuídas principalmente as obrigações relacionadas à leitura e escrita, como forma de aprendizagem e desenvolvimento da pessoa.

Contudo o lazer também deve ser tido como uma forma de “[...] desenvolvimento pessoal e social que o lazer enseja. No teatro, no turismo, na festa etc., estão presentes oportunidades privilegiadas, porque espontâneas, de tomada de contato, percepção e reflexão sobre as pessoas e as realidades nas quais estão inseridas.” (Marcellino, 2006)

Deve-se levar em conta ainda que, se o conteúdo das atividades de lazer pode ser altamente “educativo”, também a forma como são desenvolvidas

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abre possibilidades “pedagógicas” muito grandes, uma vez que o componente lúdico, do jogo, do brinquedo, do “faz-de-conta”, que permeia o lazer é uma espécie de denuncia da “realidade”, deixando clara a contradição entre obrigação e prazer. (Marcelino, pág. 14, 2006)

Nesse contexto de lazer a cultura também é de fundamental importância, bem como discorre La Taille et al (1992) em suas análises de Vygotsky suas concepções de que é na interação social com o outro que o ser humano constitui-se. Para isso, a cultura é concebida como parte da natureza humana num processo histórico de desenvolvimento, o que por sua vez molda o funcionamento psicológico do homem.

Segundo Campbell (2009) “a inclusão torna-se viável somente quando, por meio da participação em ações coletivas, os excluídos são capazes de recuperar sua dignidade e conseguem acesso a educação, a saúde e aos serviços sociais, a cultura, ao lazer etc.”

Neste sentido a “Balada-Pop” busca proporcionar de forma inclusiva a eles momentos de lazer e descontração, que compreendemos como segmentos da construção social também relevante, como o próprio desenvolvimento da leitura, escrita, trabalho, entre outros aspectos, por ser na relação com os o outro que se constroem a identidade, uma vez que têm a oportunidades de conversar, trocar ideias, mostrar seus limites e possibilidades, manifestando sentimentos e desejos e angústias.

Assim este projeto de pesquisa busca através de uma nova experiência metodológica baseada no lazer, cultura, liberdade de expressão e educação inclusiva, verificar o comportamento dos alunos na participação de uma festa dançante sem a presença dos responsáveis e com a mínima interferência dos docentes, analisando os aspectos negativos e positivos dos comportamentos observados buscando fomentar e ampliar as possibilidades de inclusão dos alunos com deficiência intelectual e múltipla, assim como familiarizá-los dentro de um contexto social que eles não participam como: casas noturnas, show e outros.

2 Metodologia

Em 2011 fora realizado o planejamento e, por conseguinte a execução da “Balada-Pop”, programada para ocorrer uma vez ao mês, mais especificamente na última sexta-feira, no auditório da instituição, com inicio sempre às 14h e termino às 17h e 30min, para alunos com faixa etária a partir dos 15 anos de idade.

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Inicialmente a proposta foi apresentada aos responsáveis na primeira reunião pedagógica, a fim de esclarecer como se daria a atividade e que os responsáveis não poderiam ter acesso ao espaço interno onde ocorre o evento, pois a intenção é deixar os alunos à vontade para administrar suas próprias ações, garantindo o cabe ao atendimento educacional especializado que é oferecer, aos alunos, recursos de acessibilidade e estratégias que vise romper as barreiras para a plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem (Brasil, art. 20 resolução n0 4, 2009).

Ao longo do mês de fevereiro do ano inicial, que ocorreu a primeira “Balada-pop” os alunos foram informados e orientados dentro dos atendimentos especializados como seria o evento, e recebiam um bilhete para entrada, sendo que só entrariam se estivesse de posse do referido bilhete.

No dia do evento sempre fica na portaria um professor recolhendo os bilhetes, e os outros dentro do espaço; é contratado um Disco-jóquei (DJ) para tocar os mais variados ritmos musicais além de fazer uma iluminação adequada para uma festa dançante, é ofertado na parte externa à venda de coquetéis (sem álcool), por valores simbólicos. Os docentes que permanecem dentro do espaço buscam respeitar a autonomia de cada aluno, interferindo minimamente em suas ações, afinal incluir está em oportunizar, as pessoas com necessidades especiais, a se desenvolverem na vida cotidiana mesmo com suas limitações. (GUATEMALA, 1999).

O método utilizado nesta pesquisa é qualitativo, utilizando procedimento de pesquisa-ação experimental, bem como destaca Baldissera (2001) que será uma “pesquisa-pesquisa-ação quando houver realmente uma ação por parte das pessoas implicadas no processo investigativo, visto partir de uma solução de problemas coletivos”, existindo uma relação entre os pesquisadores e pessoas envolvidas.

Nas inúmeras “Balada-Pop” que já ocorreram, diferentes comportamentos foram observados nos alunos, alguns antes do evento e outros durante, logo foram elencados quatro (4) categorias, para a discussão das hipóteses, que são: entusiasmo, autoestima, relações afetivas e habilidades psicomotoras.

3 Discussões conclusivas

Frente às categorias elencadas observamos nesta proposta metodológica “inovadora” os seguintes comportamentos positivos: entusiasmo - prazer em experimentar a dança e o canto,

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manifestações de alegria -; autoestima - registros fotográficos, exibição pessoal diante das câmeras, apresentação pessoal com trajes adequados para ocasião -; relações afetivas - respeito aos colegas, atitude de proteção e cuidado com o outro, formação de grupos, situações de enamoramento e namoro -; habilidade psicomotoras - experiências rítmicas, superações motora e liberdade de expressão corporal -. E nessas mesmas categorias como comportamentos negativos: entusiasmo - invasão do espaço do outro pelo contato físico inadequado quanto à sexualidade -; autoestima - aborrecimento diante da negativa no convite ao outro para dançar -; relações afetivas - dificuldade de lhe dar com ciúmes, desilusões amorosas. Por se tratar de uma pesquisa em andamento, compreendemos que outras categorias poderão surgir das observações no decorrer da pesquisa a partir do que saltar aos nossos olhos.

Assim esta atividade também fomenta a interação social dos nossos alunos, que ampliam possibilidades de laços de amizades, permitindo-se descobrir enquanto ser social que dança, canta, namora, se apaixona, chora, ama, se ilude, desilude, que pensa, sonha e realiza.

Deste modo, podemos concluir que é possível experimentar uma nova metodologia de educação baseada no lazer e na liberdade de expressão, além de proporcionar a pessoa com deficiência intelectual e múltipla experimentar e ampliar seu universo de conhecimento, valorizando-se e beneficiando-se da cultura de sua comunidade para viver com qualidade.

4 Referências

Artigos online

BALDISSERA A. Pesquisa-ação: uma metodologia do “conhecer” e do “agir” coletivo. Disponível em: http://revistas.ucpel.tche.br/index.php/rsd/article/viewFile/570/510. Acesso em 23 out 2015.

Livros

CAMPBELL D. I. Múltiplas faces da inclusão. Rio de Janeiro: Wak editora, 2009.

MARCELLINO N. C. Estudos do lazer. 4a ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. TAILLE L.Y.; OLIVEIRA K.M.; e DANTAS H. Teorias Psicogenéticas em Discussão

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Legislação

BRASIL, Resolução n0 4 de 02 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Disponível em: www.mec.gov.br, acesso em 08/02/2014 as 20h.

Convenção da Organização dos Estados Americanos DECRETO Nº 3.956, DE 8 DE OUTUBRO DE 2001 Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. GUATEMALA, 1999.

Referências

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