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Comparação do perfil antoprométrico e somatotípico de Ciclistas de elite em diferentes modalidades

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C

omparação

do

perfil

antoprométrico

e

somatotípico

de

Ciclistas

de

elite

em

diferentes

modalidades

Guilherme de Azambuja Pussieldi1 CREF 001423 G/MG - guilhermepussieldi@ufv.br

Bethânia Lara Santos2 CREF 014189 G/MG - blara.santos@gmail.com Luciana Aparecida Pereira3 CREF 001445 G/MG - lupussieldi@yahoo.com.br João Carlos Bouzas Marins4 CREF 003976 G/MG - jcbouzas@ufv.br

Estudo vinculado ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, Of. Ref. Nº 096/2010/Comitê de Ética.

RESUMO

Introdução: Buscou-se comparar o perfil antropométrico e o somatotípico de ciclistas de alto nível de estrada (Estrada), fora de estrada (MTB) e bicicross (BMX). Materiais e Métodos: Participaram 29 homens, sendo 9 ciclistas de estrada, 10 de fora de estrada e 10 de bicicross. Constituiu de uma avaliação antropométrica e do somatotipo de cada grupo. Resultados: Não foram encontradas diferenças significativas do perfil entre Estrada e MTB, porém, entre MTB e BMX, foram encontradas diferenças significativas para massa corporal, percentual de gordura e massa gorda. Os três grupos caracterizaram-se pela predominância do componente mesomórfico, mas Estrada e MTB apresentaram o perfil mesomorfo-ectomorfo e BMX apresentaram o perfil de mesomorfo-endomorfo. Os atletas obtiveram diferenças significativas em relação ao componente endomórfico, quando comparados com os ciclistas das outras modalidades. Discussão: Os ciclistas de estrada e MTB apresentaram um menor percentual de gordura, enquanto a MCM foi semelhante entre os grupos. O perfil somatotípico indica uma predominância do endomorfismo no BMX, enquanto que ocorre um equilíbrio nos demais elementos entre os três grupos de atletas.

PALAVRAS-CHAVE

Composição Corporal. Ciclismo. Somatotipo. Desempenho Atlético

ROAD

,

OFFROADANDBMXELITECYCLISTSANTROPOMETRICANDSOMATOTIPICPROFILE

C

OMPARASIONS

ABSTRACT

Introduction: The aim of this study was compare the anthropometric profile and somatotype among road, off road and bicycle motocross cyclists. Methods: It was 29 cyclists, which 9 road, 10 off-road (MTB) and 10 bicycle motocross (BMX). It was an anthropometric evaluation of the percent body fat and the somatotype of each group. Results: Significant differences of anthropometric profile and somatotype were not found between Road and MTB, however in the comparative between MTB and BMX, significant differences were found to the variables body mass, percent body fat and body fat. The somatotype among the three groups was characterized by the predominance of mesomorphic component that is distinguished by the muscularity, however the Road and MTB presented the somatotypic profile characterized by mesomorph-ectomorph, and the BMX presented the mesomorph-endomorph profile. These athletes have gotten significant differences considering the endomorph component when compared to the cyclists from the other modalities. Discussion: The BMX can have a percent body fat greater. The somatotipic profile indicates predominance of the endomorphism in the BMX where as balance in the other elements.

KEY-WORDS

Body Composition. Bicycling. Somatotype. Sports Performance.

1Universidade Federal de viçosa; MG Brasil 2Universidade de Itaúna, MG, Brasil 3Prefeitura Municipal de Florestal 4Universidade Federal de viçosa; MG Brasil

Copyright 2010 por Centro Brasileiro de Atividade Física

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Pussieldi, Santos, Pereira, Marins

10 Fit Perf J. 2010 jul-set: (9)3:9-14

C

omparacióndelperfilantoprométricoysomatotípicodelosCiclistasdeeliteendiferentesmodalidades

RESUMEN

Introducción: El estudio consistió en analizar y comparar el perfil antropométrico y el somatotipico de ciclistas de alto nivel de estrada (Estrada), fuera de estrada (MTB) y bicicross (BMX). Métodos: Participaron del estudio 29 hombres, siendo 9 ciclistas de estrada, 10 de MTB y 10 de BMX. Fue hecha una evaluación antropométrica y del somatotipo de cada grupo de atletas. Resultados: No fueron encontradas diferencias significativas del perfil entre Estrada y MTB, pero MTB comparados a BMX, fueron encontradas diferencias significativas para las variables masa corporal, porcentual de grasa y masa gorda. Los tres grupos caracterizaron por la predominancia del componente mesomórfico, además Estrada y MTB presentaron el perfil caracterizado como mesomorfo-ectomorfo y BMX presentaron el perfil de mesomorfo-endomorfo. Los atletas obtuvieron diferencias para el componente endomórfico, cuando comparados con los ciclistas de las otras modalidades. Discusión: Estrada y MTB presentaron un menor porcentual de grasa, pero la MCM fue semejante entre los grupos. El perfil somatotípico indica una predominancia del endomorfismo en el BMX, pero ocurre un equilibrio en los demás elementos.

PALABRAS-CLAVE

Composición Corporal. Ciclismo. Somatotipo. Desarrollo Atlético.

INTRODUÇÃO

O ciclismo possui diversas especialidades e os atletas podem apresentar diferenças morfológicas externas, conforme observações de Heath e Carter1 que concluíram que nossa biotipologia não depende

exclusivamente da carga genética, mas de fatores externos, como a atividade física, que é potencialmente modificada para conseguir maior rendimento. Acredita-se que essas diferenças morfológicas se justificam pela hipótese de que cada esporte possui um perfil antropométrico característico2, podendo

influenciar na elaboração de tipos variados de programas de treinamento. A elaboração desse perfil pode ser alcançada através da antropometria, já que a determinação da composição corporal do indivíduo é um recurso crucial na avaliação do estado físico e no controle das diversas variáveis envolvidas durante uma prescrição de treinamento3.

Para se classificar a composição corporal utiliza-se a técnica do somatotipo, um método no qual Sheldon4 dividiu a estrutura física do homem

em três condições diferenciadas, que são endomorfia, mesomorfia e ectomorfia, definindo determinadas características físicas que as diferenciam entre si4, 5.

Segundo Silva et al.6, a endomorfia apresenta o arredondamento das

curvas corporais como principal característica da estrutura física. A mesomorfia caracteriza-se pelo grande relevo muscular aparente e uma estrutura óssea mais maciça. Já a ectomorfia, pode ser identificada por uma linearidade corporal, com discreto volume muscular e pequena presença de tecido gorduroso.

Em seus estudos antropométricos, Sheldon4 concluiu que não existe

um indivíduo com uma classificação única, mas com maior ou menor tendência para cada um dos componentes de sua divisão. Foi elaborada uma escala de 1 a 7 para cada uma das três classes, sendo o número 1 o de menor quantidade e o número 7 o de maior presença4,7.

De acordo com os estudos de Padilla et al.8, as características

morfológicas individuais determinam o desempenho no ciclismo em diferentes tipos de terreno. Este esporte apresenta três formas bem diferentes de competição, sendo elas o ciclismo de estrada, o MTB e o bicicross (BMX).

Segundo Jeukendrup9, o ciclismo de estrada é caracterizado pela grande

quantidade e diversidade de eventos. Essas diferem na duração, no tipo e no terreno em que cada corrida acontece.

A duração desses eventos oscila entre 10 e 50km, no máximo, em provas de contra-relógio individuais e entre 30 e 100Km por equipe, e de até 90 a 100 horas em provas de 3 semanas, com etapas que superam os 180km em um único dia10. Como resultado, pessoas distintas, com características

fisiológicas diferentes, irão atuar em eventos variados. Assim, selecionar o evento para o qual a pessoa é mais apta é importante para a realização do seu potencial11.

As provas de ciclismo fora de estrada, também conhecidas como Mountain Bike (MTB), são muito intensas, exigindo alta capacidade aeróbia12,13. Dentre as diferentes provas de MTB, o

Cross-Country (XC) é um dos eventos mais populares. As competições são realizadas em circuito fechado, com trechos estreitos e sinuosos, e/ou estradas abertas, geralmente com a presença de diferentes condições no solo14. O tempo de duração deste tipo de prova

usualmente ultrapassa os 60 minutos, sendo registradas competições com até 5 horas de duração.

Apesar do MTB ser um exercício predominantemente aeróbio, Wilber et al.15 relataram que não existem diferenças fisiológicas

entre atletas dessa especificidade com atletas de estrada.

Poucos estudos são encontrados na literatura que tratam das características do Bicicross (BMX). O BMX surgiu em 1968 na Califórnia (EUA), inspirado no Motocross (MX). Adolescentes imitavam seus ídolos com suas bicicletas e as adaptavam para corridas, construíam pistas e realizavam competições informalmente16.

O BMX é um esporte individual de habilidade aberta, com diversas condições que variam de pista para pista, que exigem adaptações constantes por parte dos competidores, havendo também contato físico entre os mesmos17. Os circuitos variam entre

330 a 450 metros, dependendo de suas características e de seus obstáculos, sendo percorridos entre 30 e 45 segundos realizados em alta intensidade com predomínio anaeróbio. No BMX as competições acontecem em baterias de oito competidores, onde se classificam os quatro melhores, passando por eliminatórias, até chegarem a uma bateria final, com oito competidores18.

No levantamento da base de dados Scielo e Medline, e no Banco de Teses da Capes, com as palavras-chave: Composição Corporal, Ciclismo, Somatotipo e Desempenho Atlético, não foram encontrados trabalhos que se relacionassem ao tema de nosso estudo. Em virtude dos aspectos levantados anteriormente, como a carência bibliográfica nessa área, existe a necessidade de se comparar as variáveis antropométricas e o somatotipo dos atletas de elite de ciclismo de estrada, de MTB e de BMX em função de melhor orientar os pesquisadores e treinadores de ciclismo, para que eles conheçam a modalidade que mais combine com o perfil do atleta em

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questão, ou para que o atleta possa ser encaminhado com mais cientificidade para a modalidade correta.

Este estudo é o primeiro feito em nosso país com o objetivo de analisar e comparar o perfil antropométrico e o somatotipo de ciclistas de elite de estrada, MTB e BMX, e poder contribuir para formação de uma base de dados que componha os processos de detecção de talentos esportivos do ciclismo. Existe a necessidade de compreensão dos critérios adotados pelos técnicos esportivos nos processos de seleção esportiva, utilizando maior número de ferramentas para um diagnóstico mais adequado.

MATERIAS E MÉTODOS Cuidados Éticos

Todos receberam instruções sobre a avaliação e sobre os procedimentos tomados. Antes das avaliações, os atletas assinaram o Consentimento Livre e Esclarecido e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, Of. Ref. Nº 096/2010/Comitê de Ética. Não existem conflitos de interesse neste estudo.

Amostra

A amostra foi composta de vinte e nove (29) competidores brasileiros de ciclismo do sexo masculino, com experiência de mais de cinco anos em competições específicas de sua modalidade, todos entre os quinze primeiros do ranking nacional. Os ciclistas de BMX eram da mesma equipe (Minas Gerais), os demais eram de diversas regiões do país. Todos os atletas participaram da pesquisa voluntariamente. Foram nove ciclistas de estrada com idade média de 26 ± 3 anos, dez de MTB com idade média de 25 ± 3 anos e dez de BMX com média de idade de 25 ± 6 anos, todos filiados à Confederação Brasileira de Ciclismo. Os dados dos atletas foram coletados em eventos de alto nível técnico de cada modalidade. Os dados dos ciclistas de estrada foram coletados na véspera da Prova da Inconfidência, na cidade de Betim, evento do calendário nacional. Os dados dos ciclistas de MTB foram coletados na véspera da Copa Internacional de Mountain Bike, evento válido pelo ranking internacional da UCI. Os dados dos ciclistas de bicicross foram coletados na véspera do Campeonato Panamericano de BMX. Todos os dados foram coletados pela manhã, nos locais das provas.

Avaliação das variáveis antropométricas

A massa corporal foi mensurada em uma balança mecânica da marca Filizola, com precisão de 0,1 kg. A estatura foi obtida em um estadiômetro Sanny, com precisão de 0,1 cm. Todos os indivíduos foram medidos e pesados descalços, vestindo apenas bermuda. O índice de massa corporal (IMC) foi determinado pelo quociente peso corporal/estatura2, sendo o peso

corporal expresso em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m). A composição corporal foi avaliada pela técnica de espessura do tecido celular subcutâneo. Três medidas foram tomadas em cada ponto, em sequência rotacional, do lado direito do corpo, sendo registrado o valor mediano. Para tanto, foram aferidas as seguintes dobras cutâneas: tricipital (TR), subescapular (SE), peitoral (PT), supraespinhal (SEP), abdominal (AB), coxa (CX) e panturrilha (PN). Tais medidas foram realizadas por um único avaliador experiente, com um adipômetro científico da marca Cescorf, com precisão de 0,1 mm. A gordura corporal relativa (% gordura) foi calculada pela fórmula de Siri19, a partir da estimativa da densidade corporal, determinada pela

equação de sete dobras, proposta por Jackson e Pollock20.

Os perímetros de braço contraído (BRC) e panturrilha (PM) foram medidos com uma fita métrica metálica Lufkin, com precisão de 0,1 cm. As medidas foram feitas em duplicidade pelo mesmo avaliador. Para análise do somatotipo foi utilizado o sistema de classificação proposto por Heath e Carter1. Para tanto, foram medidos os diâmetros biepicôndilo umeral e

bicôndilo femural, com um paquímetro de pequenas medidas da marca Lange com precisão de 0,1 cm.

Quanto ao cálculo dos componentes do somatotipo, o método de Heath e Carter1 é amplamente aceito. Esse método permite quantificar os

componentes deste de forma rápida e ter uma classificação biotipológica do desportista.

Procedimentos Estatísticos

Os diferentes parâmetros foram analisados estatisticamente através da análise de variância unicaudal com post-hoc Tukey Test. O estudo admitiu o nível de p < 0,05 para a significância estatística e foi utilizado o pacote estatístico Graphic Prism, versão 4.0.

RESULTADOS

Com relação aos resultados de massa corporal total, estatura e índice de massa corporal, houve diferenças estatísticas significativas para a massa corporal total entre os ciclistas de MTB e os de BMX (Fig. 1a). A média da massa corporal dos ciclistas foi de 68,0 ± 5,8 Kg para os praticantes de Estrada, 62,6 ± 6,5 Kg para os de MTB e 71,3 ± 9,5 Kg para os de BMX. A variável estatura média nos ciclistas de Estrada foi de 174,9 ± 5,5 cm, para os de MTB de 169 ± 8,2 cm e para os de BMX de 174 ± 5,4 cm (Fig. 1b). O índice de massa corporal apresentou média nos ciclistas de Estrada de 22,3 ± 1,9 Kg/m2, nos de MTB de 21,8 ± 1,5 Kg/m2 e nos de BMX de 23,6 ± 2,88 Kg/m2

(Fig. 1c).

Figura 1: Média e Erro Padrão da Massa Corporal (a), Estatura (b) e Índice de Massa Corporal (c) dos ciclistas de elite * Diferença

estatística significativa com p≤ 0,05

Nas variáveis antropométricas: percentual de gordura, massa corporal gorda e massa corporal magra, não foram encontradas diferenças significativas entre ciclistas de estrada e MTB. No entanto, encontraram-se diferenças significativas entre os atletas de MTB e os atletas de BMX nas variáveis percentual de gordura e massa corporal gorda (Fig 2a e Fig. 2b). A média do percentual de gordura foi 7,9 ± 2,6% para os ciclistas Estrada, 7,0 ± 1,0% para os de MTB e 9,9 ± 3,1 % para os de BMX. Na variável massa corporal gorda, a média foi de 5,4 ± 2,0 kg para os ciclistas de Estrada, 4,4 ± 1,0 kg para os de MTB e 7,3 ± 3,2 kg para os de BMX. Nestas duas variáveis os valores dos atletas de BMX apresentaram-se maiores do que os atletas de MTB. No entanto, a média da massa corporal magra que não apresentou

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diferença estatisticamente significativa foi de 62,6 ± 5,2 kg para os atletas de Estrada, 58,2 ± 5,8 kg nos de MTB e 64,0 ± 6,85 kg no de BMX.

Figura 2: Média e Erro Padrão do Percentual de gordura (a), Massa Corporal Gorda (b) e Massa Corporal Magra (c) dos ciclistas de elite

* Diferença estatística significativa com p≤ 0,05

Quanto ao somatotipo, observou-se que os ciclistas das três modalidades apresentaram uma predominância do componente de mesomorfia sobre os outros componentes. Porém, os atletas de bicicross apresentaram o valor do componente de endomorfia um pouco elevado, com diferença significativa em relação aos atletas das demais modalidades (Fig. 3a). Para os outros dois componentes, mesomórfico e ectomórfico, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas ao comparar os grupos entre si.

Figura 3: Média e Erro Padrão dos componentes de Endomorfia (a), Mesomorfia (b) e Ectomorfia (c) dos ciclistas de elite.

* Diferença estatística significativa com p≤ 0,05

A média dos valores do componente de endomorfia encontrada nos atletas de estrada foi 2,1 ± 0,7, nos atletas de MTB foi 1,9 ± 0,5 e nos atletas de BMX foi 3,37 ± 1,13. Os resultados apresentados pelos atletas de BMX em relação aos atletas de Estrada e MTB foram significativamente mais elevados. No entanto, para o componente de mesomorfia não foram encontradas diferenças significativas ao se comparar as modalidades distintas, e os valores apresentados foram 4,0 ± 1,2 para os atletas de estrada, 4,6 ± 0,8 para os atletas de MTB e 4,7 ± 1,4 para os atletas de BMX (Fig. 3b). Para o componente de ectomorfia nos atletas de Estrada, a média dos valores encontrados foi de 2,7 ± 1,0, nos atletas de MTB foi 2,6 ± 1,0 e nos atletas de BMX foi 2,2 ± 1,39, não tendo sido observadas diferenças estatisticamente significativas (Fig. 3c).

De acordo com a tabela adaptada por Carter21, em que são

descritas treze condições somatotípicas diferenciadas entre si, tanto os ciclistas de estrada quanto os de MTB apresentaram o perfil somatotípico mesomorfo-ectomorfo. Porém os atletas de bicicross apresentaram perfil somatotípico mesomorfo-endomorfo.

DISCUSSÃO

pesar de não terem sido encontradas diferenças significativas no perfil antropométrico de ciclistas de estrada e MTB, o mesmo não ocorreu em relação aos ciclistas de bicicross, que apresentaram um perfil diferente dos demais, confirmando o que Padilla et al.8 e Lucía

et al.22 concluíram em seus estudos. As características

antropométricas podem se diferenciar em cada ciclista de elite de acordo com a sua modalidade específica. A mesma afirmação foi feita por Foley et al.23 ao estudar ciclistas de diferentes modalidades,

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somatotipo em relação a modalidades distintas de ciclistas de estrada e de pista. No entanto, segundo Impellizzeri e Marcora24, não

existem diferenças antropométricas entre os ciclistas de Estrada e os de MTB, resultado confirmado em nosso estudo.

Este estudo confirmou os resultados de outros estudos 25,26,27, 28, os

quais afirmaram que a elaboração de um perfil antropométrico específico para cada esporte é um referencial importante que pode ser obtido pela antropometria.

A predominância do componente somatotípico de mesomorfia em relação aos outros componentes nos ciclistas avaliados confirmou o resultado do estudo antropométrico de Foley et al.23, no qual concluíram que

não existe um indivíduo com uma classificação única, mas com maior ou menor tendência para cada um dos componentes de sua divisão. No entanto, não foram encontradas diferenças antropométricas e somatotípicas significativas entre ciclistas de estrada e MTB. Alem disso, mesmo que as características das provas de Estrada e MTB sejam distintas, estudos comprovam a inexistência de diferenças fisiológicas entre ciclistas dessas duas provas15,24.

Acredita-se que a diferença no perfil somatotípico entre os ciclistas pode ter ocorrido devido ao bicicross ser uma modalidade com característica anaeróbica e o ciclismo de estrada e o MTB serem modalidades que requerem, na maioria de suas provas, uma alta capacidade aeróbica. Isso pode ser justificado pelo fato de um percentual de gordura mais elevado nos atletas de bicicross. Resultados similares de percentual de gordura foram encontrados em velocistas de provas de ciclismo de pista da seleção inglesa, que são provas com grandes componentes anaeróbicos como o BMX29. Além

disso, as provas de pista necessitam de muita potência anaeróbica e velocidades intensas máximas30 como o BMX. No entanto, no Medline, com

as palavras-chave: “cycling” e “anthropometrical characteristics”, em uma busca realizada em março de 2012 não foram encontrados estudos caracterizando as variáveis antropométricas dos atletas de BMX, talvez por ser um esporte novo, cuja aparição nos Jogos Olímpicos somente ocorreu na edição em 2008.

Para as provas de MTB, Impellizzeri et al.14 justificam a importância da

análise de massa corporal, pois segundo os autores estes dados são fundamentais para determinação do rendimento dos atletas. Afirmação que também pode ser aplicada para a modalidade de Estrada8,22,30 e BMX18.

Pelo aspecto da antropometria, corredores de ciclismo de estrada e mountain bike poderiam participar das provas independentemente da modalidade. Contudo, a realidade é diferente, pois outros fatores influenciam no rendimento, como por exemplo, a coordenação, que atua como um agente seletivo para estabelecer a modalidade ideal para participar.

A construção de um perfil corporal para as diversas modalidades esportivas pode contribuir de forma significativa para a seleção e orientação de atletas, bem como para a manutenção de um treinamento eficaz, visando o melhor desempenho do indivíduo3,6,23,27,28. Neste estudo procuramos

identificar o perfil dos ciclistas de Estrada, MTB e BMX, para que os treinadores possam adequar a carga de treinamento às necessidades de cada modalidade.

Pela inexistência de um programa nutricional direcionado às diferentes modalidades do ciclismo, e pelo fato dos atletas não serem de uma mesma equipe, não foi realizado um diagnóstico nutricional desses atletas. Considerou-se apenas que são atletas de elite e que cada um possui uma dieta elaborada individualmente por seu nutricionista.

A elaboração de programas de treinamento, de acordo com o presente estudo, precisa, portanto, ser diferenciada quanto ao perfil antropométrico e somatotipo para ciclistas de bicicross, pois é diferenciado em relação ao tipo de prova, apresentando baixa duração, alta intensidade e grandes componentes anaeróbicos, enquanto as outras duas modalidades são, na maioria das provas, de longa duração, intensidade média a alta e exigem mais capacidade aeróbica de seus atletas.

O perfil antropométrico e o somatotipo (ecto-mesomorfo) dos atletas de elite de estrada e MTB na amostra estudada são muito similares, não sendo encontradas diferenças significativas no perfil destes. Já os ciclistas de BMX apresentam, quanto ao somatotipo, um perfil endo-mesomorfo diferente em relação às outras modalidades, além do percentual de gordura, massa corporal gorda e massa corporal, embora com níveis atléticos superiores dos ciclistas de fora de estrada.

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Referências

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