PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO
HUMANO
MARIA LETÍCIA ELIAS PINTO DA LUZ KNORR
COMPOSIÇÃO CORPORAL, IMAGEM CORPORAL E MATURAÇÃO
SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
COMPOSIÇÃO CORPORAL, IMAGEM CORPORAL E MATURAÇÃO
SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Ciências do Movimento Humano, da Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Ciências do Movimento Humano.
Orientador: Dr. Fernando Luiz Cardoso
COMPOSIÇÃO CORPORAL, IMAGEM CORPORAL E MATURAÇÃO
SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Ciências do Movimento Humano, da Universidade do Estado de Santa Catarina
como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Ciências do Movimento
Humano.
Banca Examinadora:
Orientador: ________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Luiz Cardoso
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
Membro: ________________________________________________
Prof. Dr. Fernando Copetti
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
Membro: ________________________________________________
Prof. Dra. Andreia Pelegrini
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
Membro: ________________________________________________
Prof. Dra. Fabiana Flores Sperandio
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
Agradeço ao meu marido Geraldo Knorr, amor da minha vida, exemplo de homem,
de bondade, que me motiva em todas as ações e me faz a mulher mais feliz do
mundo. Agradeço por estar comigo em todos os momentos e por me proporcionar a
oportunidade de transpor todo o nosso amor e respeito à nossa filha Isabela Knorr
que é a maior alegria de nossas vidas.
Agradeço aos meus pais Isabel Pinto da Luz e Ricardo Pinto da Luz e à minha irmã
Maria Eugênia Pinto da Luz pelo suporte, exemplo, educação, amor e incentivo à
vida acadêmica. Aos meus avós e minha família pelo apoio durante toda a vida. A
educação e o amor que me deram, fizeram com que eu chegasse até aqui.
Agradeço à minha grande amiga, irmã e companheira, Vanessa Francalacci.
Obrigada pelo exemplo profissional e pessoal e pelo incentivo diário para que
concluísse esta árdua tarefa em meio aos demais compromissos e prioridades.
Registro a minha gratidão, pois com certeza sem o seu apoio e carinho eu não
chegaria até aqui.
Aos meus colegas e amigos, Gustavo Schutz e Elinai Schutz, pelas contribuições
dadas frente ao trabalho como também incentivos dados nesta reta final.
Ao acadêmicos e docentes do Núcleo de Pesquisa em Gestão do Esporte da
Universidade do Sul de Santa Catarina, por todo suporte e apoio junto às coletas de
dados.
Ao Curso de Educação Física e Esporte da Universidade do Sul de Santa Catarina
por acreditar na proposta da pesquisa e incentivar o desenvolvimento do trabalho
junto ao Projeto de Extensão Mais Educação.
À Prefeitura Municipal de São José, por também acreditar e apoiar a proposta.
Aos colegas do LAGESC por toda compreensão e contribuição.
Ao meu orientador, Prof. Fernando Luiz Cardoso, pela compreensão por minha
ausência, por toda a contribuição frente ao trabalho, por todos os conhecimentos
sobre a docência e sobre a vida transmitidos e por todos os exemplos passados.
Agradeço a todos que contribuíram de alguma forma com o processo e
principalmente à Deus, que me acompanha, me protege, me ilumina e fortalece em
KNORR, Maria Letícia Elias Pinto da Luz. Composição corporal, imagem corporal e maturação sexual de crianças e adolescentes. 2011. 142 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano – Área: Atividade Física e Saúde) –
Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em
Ciências do Movimento Humano, Florianópolis, 2011.
a imagem corporal percebida e o IMC foi moderada para ambos os sexos.
KNORR, Maria Letícia Elias Pinto da Luz. Body Composition, body image and sexual maturation of children and adolescents. 2011. 142 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano – Área: Atividade Física e Saúde) –
Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em
Ciências do Movimento Humano, Florianópolis, 2011.
present a gain of fat mass and a loss of free fat mass. The correlation between perceived corporal image and CMI was perceived as moderate for both genders.
Quadro 1 – Aspectos e considerações relativas à cineantropometria. ... 34
Quadro 2 – Valores de referência de IMC para adultos de ambos os sexos. ... 40
Quadro 4 – Equações para indivíduos de Cor Branca. ... 65
Quadro 5 – Equações para indivíduos de Cor Negra. ... 66
Quadro 6 – Equações de fracionamento da Composição Corporal. ... 67
Quadro 7 – Indicações das associações/relações a partir do valor numérico. ... 70
Figura 1 – Distribuição das espessuras e soma das dobras cutâneas em função da idade para o sexo masculino. ... 77
Figura 2 – Distribuição das espessuras e soma das dobras cutâneas em função da idade para o sexo feminino. ... 78
Quadro 8 – Classificação de Percentual de Gordura (%G). ... 79
Figura 3 – Diferença entre imagem corporal percebida e imagem corporal desejada para os sexos feminino e masculino ... 82
Figura 4 – Distribuição do IMC de acordo com os estágios de maturação das mamas para o sexo feminino. ... 89
Figura 5 – Distribuição do IMC de acordo com os estágios de maturação da genitália para o sexo masculino. ... 91
Figura 6 – Contribuição dos quatro componentes no IMC médio. ... 96
Figura 7 – Contribuição percentual dos quatro componentes no IMC médio. ... 96
Figura 8 – Contribuição dos quatro componentes no IMC médio em relação aos estágios de maturação da genitália para o sexo masculino. ... 97
Figura 9 – Contribuição percentual dos quatro componentes no IMC médio em relação aos estágios de maturação da genitália para o sexo masculino. ... 97
Figura 10 – Contribuição dos quatro componentes no IMC médio em relação aos estágios de maturação das mamas para o sexo feminino. ... 98
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Distribuição dos sujeitos por idade. ... 71
Tabela 2: Massa corporal, estatura e IMC. ... 72
Tabela 3: Dobras cutâneas (em mm). ... 75
Tabela 4: Percentual de gordura e fracionamento da composição corporal. ... 79
Tabela 5: Imagem corporal percebida e desejada. ... 81
Tabela 6: Estágios da Maturação Sexual. ... 84
Tabela 7: Valores de ρ para as correlações entre o Índice de Massa Corporal e os Estágios da Maturação Sexual. ... 88
Tabela 8: Distribuição do IMC de acordo com os estágios de maturação das mamas para o sexo feminino. ... 89
Tabela 9: Distribuição do IMC de acordo com os estágios de maturação da genitália para o sexo masculino. ... 91
Tabela 10: Valores de ρ para as correlações entre o percentual de gordura, massa gorda e massa muscular e os Estágios da Maturação Sexual. ... 93
Tabela 11: Valores de ρ para as correlações entre a imagem corporal percebida e o Índice de Massa Corporal. ... 94
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ... 15
1.1 OBJETIVOS ... 19
1.1.1 Objetivo geral ... 19
1.1.2 Objetivos específicos ... 19
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 21
2.1 APTIDÃO FÍSICA ... 21
2.1.1 Composição Corporal ... 24
2.2 IMAGEM CORPORAL ... 42
2.3 MATURAÇÃO SEXUAL ... 48
2.3.1 Maturação ... 48
2.3.2 Características Sexuais Secundárias ... 52
2.3.3 Avaliação da Maturação ... 52
3. METODOLOGIA ... 57
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 57
3.2 DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO ... 60
3.3 PARTICIPANTES ... 60
3.4 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA ... 62
3.4.1 Dados Antropométricos ... 62
3.4.2 Medidas derivadas ... 64
3.4.3 Estágios da Maturação Sexual ... 67
3.4.4 Escala de Percepção Corporal ... 67
3.5 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS ... 68
3.5.1 Variáveis Dependentes ... 68
3.5.2 Variáveis Independentes ... 68
3.6 COLETA DE DADOS ... 61
3.7 ESTUDO PILOTO ... 68
3.8 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ... 69
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 71
4.1 DESCRIÇÃO DOS DADOS ... 71
O entendimento da composição corporal é importante para diversas áreas das
ciências biológicas, como a Educação Física, Nutrição, Fisioterapia e Medicina. De
acordo com Tritschler (2003), a composição corporal pode ser compreendida como a
quantidade e proporção dos diversos constituintes do corpo humano relacionados
com a saúde, doença e qualidade de vida do indivíduo. O conhecimento e aplicação
da composição corporal podem auxiliar no diagnóstico de riscos à saúde, em
processos fisiopatológicos, prescrição de treinamento e suas alterações podem estar
associadas a indicadores de desenvolvimento e a doenças.
Através do fracionamento da composição corporal, consegue-se chegar em
valores relacionados com as variáveis de massa corporal gorda, massa óssea,
massa residual e massa muscular. Em função de que o corpo é constituído por
vários tecidos e órgãos que crescem, se desenvolvem, maturam e envelhecem, é
importante ressaltar que estas variáveis citadas sofrem constantes alterações. Isto
ocorre, pois estes compartimentos são afetados pela idade, hereditariedade, sexo,
etnia e tendência secular. Portanto, para poder aplicar a composição corporal em
qualquer fase do ciclo vital para prescrever exercício físico, formular diretrizes
dietéticas ou registrar qualquer tipo de diagnóstico é relevante levar em
consideração estas alterações (VAN LOAN, 1996).
A investigação da composição corporal em crianças e adolescentes, tendo
como referência a maturação sexual, aumenta as possibilidades de uma melhor
avaliação, pois leva em consideração mais uma variável que influencia nesta fase.
De acordo com Tanner (1962), durante a infância e principalmente na
adolescência, a idade cronológica acaba perdendo parte de sua importância como
indicador e condicionante de crescimento e desenvolvimento. Em função de que na
adolescência ocorrem amplas variações entre indivíduos e populações em relação
ao início, duração, sequência e magnitude dos eventos da puberdade principalmente
entre os 10 e 14 anos, acredita-se ser importante que a criança e o adolescente
sejam avaliados levando-se em consideração a maturação biológica. Estas
alterações podem estar relacionadas com o sexo e com os estágios da maturação
Segundo Anjos (1992), o índice de massa corporal apresenta uma correlação
entre massa corpórea e estatura. Assim, vem sendo constantemente utilizado para
avaliar o estado nutricional de indivíduos na maioria das vezes adultos. Nesta faixa
de idade, a correlação entre massa e gordura corporal é alta e com a estatura a
correlação é baixa. No entanto, durante o processo de desenvolvimento que envolve
a infância e a adolescência, encontram-se algumas limitações para sua utilização,
em virtude de aspectos e características próprias desta faixa etária. Sendo desta
forma, o IMC não reflete as mudanças na composição corporal e não se correlaciona
adequadamente a estatura. Assim, durante a adolescência esta incongruência do
IMC pode ser entendido como um marcador de amadurecimento orgânico.
De acordo com Sigulem et al. (2000), a validade da utilização do IMC para
diagnósticos nutricionais de sobrepeso e obesidade baseia-se justamente na boa
correlação que apresenta com a gordura corporal. Porém, o índice de massa
corporal não faz distinção entre as variáveis da composição corporal, ou seja, não
diferencia massa gorda, massa muscular, massa óssea e massa residual. Este fato
dificulta a diferenciação entre o sobrepeso causado pelo excesso de gordura, do
sobrepeso por hipertrofia muscular. Na infância e adolescência, este fator limitante
torna-se ainda mais marcante devido ao constante processo de crescimento e
desenvolvimento. Assim, o jovem pode apresentar um grande aumento do IMC.
Entre os 8 e 10 anos, a maioria das crianças passa por uma fase de repleção
pré-puberal, ocorrendo acréscimo de tecido adiposo em ambos os sexos, que replica
no aumento das dobras cutâneas e logo do percentual de gordura corporal
(GRAUER et al., 1984).
O interesse em mensurar a quantidade dos diferentes componentes corporais
teve início por volta do século XIX e aumentou no século XX em virtude da
associação entre o excesso de gordura corporal e o aumento de doenças crônicas,
como diabetes mellitus, doenças coronarianas e até mesmo alguns tipos de câncer.
Em crianças e adolescentes, esta avaliação se faz importante, visto que a
prevalência da obesidade infantil vem crescente em todo o mundo. Sendo assim,
este fato pode ser considerado um preditor para a obesidade na vida adulta e um
fator de risco frente ao desenvolvimento de doenças crônicas. Considerando estas
afirmações, a avaliação da composição corporal na infância é uma importante
Segundo Barbosa et al. (2006), as modificações que ocorrem durante a
adolescência na fase da puberdade, exercem maior influência frente ao risco de
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, quando comparadas
àquelas ocorridas na infância.
Estes aspectos relacionados ao desenvolvimento tornam-se ainda mais
relevantes na sociedade atual. Muitos problemas comportamentais envolvendo
hábitos alimentares que influenciam também na composição corporal têm sido mais
constantes. Estes fatos têm repercussão frente a auto imagem e imagem corporal,
especialmente entre crianças e adolescentes. Considerando dois extremos, da
obesidade a anorexia, jovens desenvolvem inúmeros distúrbios de hábitos e
condutas alimentares que podem comprometer a saúde e qualidade de vida.
Nesta linha de raciocínio, os resultados obtidos através da avaliação podem
ser extremamente valiosos quando bem trabalhados. Após a obtenção e
interpretação dos dados, estes resultados podem ser aproveitados como uma
grande ferramenta de conscientização e educação para um estilo de vida saudável.
A partir disto, pode-se conduzir atividades que envolvam a importância da adesão e
manutenção de hábitos saudáveis de alimentação e dos benefícios da atividade
física. Quando envolve-se crianças e adolescentes, esta conscientização pode gerar
um aprendizado para a vida toda do indivíduo e este fato é reflete-se de maneira
positiva em prol da saúde pública.
Brook e Tepper (1997) colocam que independente do sexo, as crianças e
adolescentes preocupam-se em proporções extremas com peso, tamanho corporal e
aparência. Quando esta preocupação é descontrolada, pode desencadear hábitos
alimentares inadequados e logo, um problema para saúde pública.
Segundo Osório (1992), a infância e a adolescência são compreendidas como
uma etapa evolutiva do ser humano. Conforme citado anteriormente, neste período
culmina o processo de maturação biosicossocial do indivíduo, motivo pelo qual não
se pode compreender estes períodos, sem que sejam estudados separadamente os
aspectos biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Estes aspectos constituem um
conjunto de características que conferem o fenômeno da adolescência.
A partir das mudanças ocorridas na composição corporal durante o processo
de maturação sexual, as crianças e adolescentes devem incorporar suas novas
imagens corporais, capacidade reprodutiva e energia sexual para sua identidade.
maturação e imagem corporal. De acordo com WHO (1995), existem diferenças
biológicas básicas entre os sexos no período da puberdade e no processo de
construção social do gênero em relação ao seu significado na sociedade.
Segundo os dados de 2008 e 2009 do estudo Pesquisa de Orçamentos
Familiares, o perfil antropométrico das crianças catarinenses difere da mediana
observada para a mesma faixa etária. Por exemplo, a massa corporal média das
crianças catarinenses que possuem 10 anos esta 2,2 kg acima da mediana nacional
(36,4% para 34,2%). Ainda, a diferença entre as estaturas encontra-se na casa dos
2cm (141,8% contra 139,9%), o que possivelmente indica diminuição do déficit de
crescimento no Estado de Santa Catarina.
Assis et al. (2006) colocam que Florianópolis-SC é uma das capitais do Brasil
que apresenta níveis altos de sobrepeso e obesidade durante a infância quando
comparados a outras cidades, estados e países. Farias Junior e Lopes (2003), tem
avaliado a prevalência de sobrepeso e obesidade nas idades entre 7 e 10 anos e 15
e 18 anos. Os percentuais encontrados são de 22,1% de sobrepeso e 11,4% de
obesidade.
Adami e Vasconcelos (2008), ao analisarem a prevalência de obesidade em
629 escolares entre 10 e 14 anos de Florianópolis-SC, identificaram uma média de
prevalência de sobrepeso e obesidade em meninos de 27,8% e 5,8%
respectivamente. Já para as meninas, foi encontrada uma prevalência de 16,5% de
sobrepeso e de 5,1% de obesidade.
A imagem corporal é a figura mental que cada indivíduo tem das suas
próprias medidas, dos contornos e da forma do corpo (KAKESHITA; ALMEIDA,
2006). É uma ilustração que se tem na mente acerca do tamanho, da imagem e da
forma do corpo e refere-se também aos sentimentos relacionados a estas
características, bem como das partes que as constituem (ALMEIDA et al., 2005).
Siegel et al. (1999), ao investigarem o período da adolescência ou tempo
relativo de desenvolvimento, afirmam que este tempo influencia no sentimento
sobre a puberdade, satisfação e imagem corporal e dentre outros componentes
psicológicos em ambos os sexos.
Em virtude de grandes variações individuais relacionadas aos eventos da
puberdade, o uso de referências e curvas de índice de massa corporal que se
embasam na idade cronológica pode levar a um diagnóstico errôneo. Isto significa
idade, poderá ter diferentes significados em termos de composição corporal e risco
nutricional, pois depende de sexo e estágio maturacional (ANJOS et al., 1998).
Desta maneira, a avaliação e interpretação da composição corporal
relacionadas com o processo de maturação sexual em crianças e adolescentes vão
contribuir para diagnósticos clínicos e nutricionais, feedbacks de indicador de
desenvolvimento e até mesmo prescrições de exercício mais precisas. Por
consequência de todas as alterações impostas pela infância e adolescência,
ocorrem mudanças nas formas e proporções corporais que alteram a imagem
corporal. Além disto, os resultados das avaliações podem ser utilizados como
educativo e de conscientização sobre a importância de hábitos saudáveis e de um
estilo de vida ativo. Neste sentido, formula-se a seguinte questão problema: Existe
congruência entre as variáveis da composição corporal e imagem corporal durante a
maturação sexual de crianças e adolescentes inscritas no Programa Mais Educação
da Rede Municipal de São José-SC?
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Verificar a existência de congruência entre as variáveis da composição
corporal e imagem corporal de crianças e adolescentes durante a maturação sexual.
1.1.2 Objetivos específicos
1. Verificar características antropométricas de massa corporal, estatura,
dobras cutâneas e diâmetros ósseos,
2. Verificar a imagem corporal percebida e desejada;
3. Identificar o percentual de insatisfação com a imagem corporal percebida;
5. Correlacionar o Índice de Massa Corporal com os estágios da maturação
sexual;
6. Correlacionar o percentual de gordura, a massa gorda, a massa muscular,
a massa residual e a massa óssea com a maturação sexual;
7. Correlacionar a imagem corporal percebida com o Índice de Massa
Corporal;
8. Verificar a contribuição dos quatro componentes da composição corporal
(massa muscular, massa gorda, massa residual e massa óssea) no IMC
A seguir, serão apresentados conceitos e pesquisas sobre as principais
variáveis do trabalho. Em virtude de que a composição corporal é componente da
aptidão física, inicialmente serão colocadas abordagens sobre a aptidão física e
posteriormente serão citados conceitos e pesquisas sobre a composição corporal,
imagem corporal e maturação sexual considerando a faixa etária do presente
estudo. Além disto, constam também abordagens que relacionam estas variáveis.
2.1 APTIDÃO FÍSICA
Cada vez mais é maior a preocupação com a qualidade de vida e sua relação
com a morbidade da população. Segundo Shepard (1996) se faz uma relação entre
qualidade de vida e estado de saúde.
Inúmeros estudos vêm demonstrando o aumento do sedentarismo, obesidade
e desenvolvimento de doenças não contagiosas, como hipertensão, doenças
coronarianas, diabetes melitus, tanto em adultos como em crianças. Pieron (2004) coloca que comprovadamente, vários fatores de risco para doenças crônicas e
cardiovasculares estão presentes ou iniciam-se na infância. Esses fatores estão
relacionados à dieta, exercício físico e outros componentes que constituem o hábito
de vida, sendo importante salientar que é durante a infância, que são constituídas
atitudes mais ou menos positivas à prática de exercício físico na vida adulta.
De acordo com Caspersen et al. (1985), a atividade física pode ser entendida
como todas as formas de movimentação corporal que eleve o gasto energético
acima dos níveis do repouso. O mesmo autor define exercício físico como uma das
formas de atividade física planejada, sistemática e repetitiva, que tem por objetivo a
manutenção, desenvolvimento ou recuperação de um ou mais componentes da
aptidão física.
A atividade física do ser humano tem características determinantes de ordem
biológica e sócio-cultural que são igualmente significativas nas escolhas e nos
benefícios frente a este comportamento, sendo que a prática de exercício físico está
associada a inúmeros benefícios para a saúde e qualidade de vida (NAHAS, 2001;
contribuição da prática de atividade física está associada à redução de riscos ao
desenvolver de doenças crônicas que o individuo possa ter ao longo da vida. Isto é
comprovado por estudos epidemiológicos que demonstram uma relação inversa
entre atividade física habitual e o risco de acidente vascular cerebral e doenças
coronarianas, tal como pelo fato de que indivíduos fisicamente ativos tendem a
apresentar menor incidência das citadas doenças como também de hipertensão
arterial, diabetes mellitus, obesidade e determinadas formas de câncer (PIERON,
2004).
Apesar de conhecidos os benefícios da prática regular de atividade física
desde a infância para a saúde, vários fatores estão associados a esta prática regular
de exercício e impactam no nível de aptidão física. Pieron (2004) coloca que no
decorrer da última década, houve um aumento da atribuição da importância do
desenvolvimento da condição física aeróbia na promoção da atividade física habitual
ao longo da vida.
A aptidão física pode ser definida como habilidade para realizar atividades
necessárias e desejadas, podendo ser estas sociais, profissionais, recreativas e
competitivas. Matsudo (2000) define a aptidão física como a capacidade de um
indivíduo desempenhar suas funções quotidianas sem prejuízo ao equilíbrio
biopsicossocial. É composta de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Os estudos se dirigem com maior freqüência aos fatores biológicos, que
podem ser subdivididos em antropométricos, metabólicos, neuromotores,
nutricionais e maturacionais. Assim, a aptidão física pode ser classificada como
aptidão física relacionada à saúde e aptidão física relacionada ao rendimento.
Dentre os componentes da aptidão física relacionada à saúde pode-se citar a
força muscular, a flexibilidade, a resistência aeróbia e a composição corporal. Já
dentre os componentes da aptidão física relacionada ao rendimento pode-se incluir a
agilidade, o equilíbrio, a velocidade e a resistência anaeróbia. Já a aptidão física
relacionada à performance motora consiste em obter estes mesmos componentes,
porém em níveis de esforço máximo, a fim de atingir objetivos esportivos para um
alto rendimento (NAHAS, 2001).
A aptidão física relacionada à saúde é a característica orgânico-funcional
associada ao nível de produção de energia para o trabalho e o lazer e a um menor
risco de doenças ou condições crônico-degenerativas, que depende de
como a capacidade que o indivíduo apresenta de executar tarefas diárias ou
atividades físicas básicas com vigor sem excesso de fadiga, com energia para
aproveitar os momentos de lazer e para atender emergências inesperadas.
(ARAÚJO; OLIVEIRA, 2008; BERGMANN, 2005; BOHME, 2003; LUGUETTI et al.,
2010; PATE, 1983; PATE, 1988 ; PEZZETTA et al., 2003; SILVA et al., 2005).
A avaliação da aptidão física relacionada à saúde deve ser focada a níveis
que visem a manutenção da saúde, ao contrário da relacionada à performance, que
visa elevados níveis de aptidão e rendimento, onde é avaliado um conjunto
diversificado de componentes e capacidades que englobam força, destreza,
velocidade, resistência, dentre outros (LOPES et al., 2004).
Para a avaliação da aptidão física de jovens é necessário conhecer suas
qualidades físicas e classificar os escores obtidos diante de critérios estabelecidos e
aceitos como referência. Vale considerar o curto espaço de tempo que marca esse
período da vida. Sendo assim, as variações da aptidão física associadas à
maturação biológica são importantes, ressaltando que a idade cronológica por si só
não é de valia para tal avaliação. A velocidade com a qual os caracteres sexuais
alcançam a maturação biológica faz a diferença entre adolescentes que apresentam
a mesma idade cronológica (ARAÚJO; OLIVEIRA, 2008; GUEDES et al., 2002;
SEABRA, 2001).
Bergmann et al. (2009), colocam que o aprimoramento da aptidão física
relacionada à saúde capacita crianças e adolescentes a adotarem uma vida ativa,
mesmo depois dos anos escolares, possibilitando a manutenção de um status de
aptidão física desde o início até o fim da vida. Nesta mesma linha, vale salientar que
verificar os aspectos da aptidão física relacionados à saúde de jovens poderá
contribuir de forma decisiva na tentativa de promoção da saúde coletiva (LUGUETTI
et al., 2010).
Mc Gee (2006) e Nahas (2001) mostram que índices satisfatórios de aptidão
física estão relacionados com proteção ao aparecimento e desenvolvimento de
doenças crônicas. Índices igualmente satisfatórios de componentes de aptidão física
referentes à capacidade cardiorrespiratória, força e resistência muscular e
flexibilidade associados a níveis adequados de gordura corporal, estão relacionados
a menor risco de desenvolvimento de doenças crônicas e portanto, a aquisição de
hábitos positivos para a prática de atividade física na infância pode repercutir de
Para Lopes et al. (2004), níveis moderados a elevados de aptidão física são
de grande valia na qualidade de vida de crianças e adolescentes, já que esta irá
refletir na resposta destes indivíduos aos estímulos lúdicos de aprendizagem Assim,
aponta-se que a aptidão física irá determinar a resposta da criança em seu
aprendizado e desenvolvimento motor e cognitivo.
2.1.1 Composição Corporal
Assim como no estudo da distribuição ponderal, a idéia de estratificar a
composição corporal em componentes também não data dos dias de hoje. A
composição corporal refere-se à quantidade e proporção dos diversos constituintes
do corpo humano, os quais estão relacionados com a saúde, doença e qualidade de
vida do indivíduo. Como consequência disto, o interesse pelo estudo da composição
corporal tem aumentado nos últimos anos a partir do surgimento de novas
tecnologias (DEXA, Bioimpedância, entre outros) para a medição de seus vários
componentes (TRITSCHLER, 2003).
De acordo com Costa (2001), as quantidades dos diferentes componentes
corporais sofrem alterações durante toda a vida dos indivíduos, o que torna a
composição corporal uma característica extremamente dinâmica, que sofre
influência dos aspectos fisiológicos, como crescimento e desenvolvimento, e
aspectos ambientais, como o estado nutricional e o nível de atividade física.
Segundo Gallahue e Ozmun (1998), pode-se classificar cronologicamente
crianças e adolescentes dos sexos masculino e feminino da seguinte maneira:
primeira infância, que corresponde ao período do nascimento aos dois anos de
idade; a segunda infância que refere-se aos sujeitos entre 2 e 10 anos; e
adolescência, compreendendo dos 10 aos 20 anos, sendo considerados
pré-púberes os meninos entre 11 e 13 anos e meninas entre 10 e 12 anos; e
pós-púberes os meninos entre 14 e 20 anos e as meninas entre 12 e 18 anos.
A WHO (2007) propõe que podem ser consideradas crianças os sujeitos entre
1 e 12 anos e adolescentes os sujeitos entre 12 e 18 anos.
Segundo Castilho (2003), para monitorar a saúde da criança e do adolescente
e avaliar as mudanças que ocorrem na composição corporal neste período.
Mudanças estas influenciadas pelo sexo e estágio maturacional. Assim, torna-se
possível identificar em que proporção as variáveis que envolvem a composição
corporal (massa gorda, massa muscular, massa óssea e massa residual) participam
no aumento do índice de massa corporal.
Medidas de avaliação da composição corporal se fazem importantes para o
monitoramento do crescimento, para a avaliação periódica do desenvolvimento físico
de crianças e adolescentes, sendo estes atletas ou não, tal como para a
quantificação de gordura corporal relativa em crianças. A composição corporal
adequada é demasiadamente importante para a saúde e o bem estar de crianças e
adolescentes (GOING, 2007; LOHMAN, 1992; TRITSCHLER, 2003;).
A composição corporal pode ser definida como o peso corporal total, com as
contribuições dos tecidos gordos e magros, ou seja, é a soma da massa gorda ou
gordura corpórea e a massa livre de gordura, que é constituída pelo tecido ósseo,
fluidos, vísceras e massa magra ou muscular. Sendo assim, a avaliação da
composição corporal objetiva quantificar os principais componentes estruturais do
corpo humano (PEZZETTA et al., 2003).
Para a avaliação da composição corporal pode-se utilizar a medida das
dobras cutâneas que serve para quantificar a gordura corporal, analisar a
distribuição de massa corporal magra de crianças e jovens. A composição de dobras
cutâneas está baseada na suposição de que aproximadamente metade da gordura
corporal de um adulto está em tecidos subcutâneos (LOHMAN, 1992; PEZZETTA,
2003; TRITSCHLER, 2003).
Para avaliar a composição corporal de crianças e adolescentes foram
desenvolvidas equações de densidade corporal para estimativa de gordura corporal,
já que as existentes para adultos não são válidas em virtude de que crianças
possuem mais água e menos conteúdo mineral ósseo. Estes novos procedimentos
foram propostos por Lohman (1989), que após extensas pesquisas envolvendo
crianças, propôs a utilização das dobras cutâneas triciptal e subescapular ou triciptal
e panturrilha (TRITSCHLER, 2003).
A antropometria pode ser definida com a técnica para expressar
quantitativamente a forma e as proporções do corpo, sendo o método mais utilizado
para a avaliação da composição corporal devido a sua aplicabilidade simples e de
morfológico, tal como as alterações de medidas corporais. As técnicas mais
utilizadas na avaliação antropométrica são a massa corporal, a estatura, as dobras
cutâneas e circunferências (BECK et al., 2010; COSTA, 2001; KAMIMURA et al.,
2005).
Vale portanto, a descrição dos componentes da avaliação antropométrica.
Massa corporal é o peso, a soma de todos os componentes corpóreos. Expressa a
dimensão da massa, do volume corporal. Estatura, também conhecida como altura,
é um indicador de desenvolvimento corporal, comprimento ósseo ou segmentar, é o
valor em cm do topo da cabeça à planta do pé. Dobras cutâneas ou pregas
cutâneas medem indiretamente a espessura do tecido adiposo subcutâneo e são
anotados em milímetros (BECK et al., 2010; KAMIMURA et al., 2005).
Pela avaliação da composição corporal pode-se, além de avaliar os
componentes do corpo humano de forma quantitativa, utilizar os dados obtidos para
detectar o grau de desenvolvimento e crescimento de crianças e idosos.
Medidas a partir da composição corporal podem ser usadas para monitorar
mudanças durante o crescimento e desenvolvimento e para classificar o nível de
gordura corporal em crianças. Pesquisas mostram que crianças com maior
porcentagem de gordura, têm uma tendência mais forte à obesidade quando adultas
(HEYWARD; STOLARCZYK, 2000).
Modelos teóricos são utilizados para obter medidas referenciais de
composição corporal (CC). O modelo clássico de dois componentes divide a massa
corporal em compartimentos de gordura (MG) e massa livre de gordura (MLG). A
gordura consiste de todos os lipídeos que podem ser extraídos. A MLG inclui água,
proteínas e componentes minerais (HEYWARD, 1996).
Quanto à estratificação da CC para crianças, o modelo de dois componentes
é limitado por causa das mudanças nas proporções e densidades dos componentes
de MLG devido ao crescimento e maturação. Para avaliar a composição corporal de
crianças pode ser utilizado os métodos de dobras cutâneas (DOC) ou impedância
bioelétrica (BIA) (HEYWARD, 2000).
Para classificar os níveis de gordura corporal, a gordura corporal relativa
(%GC) pode ser obtida dividindo-se a MG pelo total do peso corporal
{(PC):%GC=(MG/PC) x 100} (HEYWARD, 2000). O mesmo autor coloca que o
para homens e 32% para as mulheres. Os níveis mínimos saudáveis de %GC são
estimados em 5% para homens e 12% para mulheres.
Um elevado valor de gordura corporal está intimamente relacionado aos
distúrbios metabólicos e à baixa aptidão física. Contudo, não se pode afirmar com
precisão um valor específico de percentual de gordura para determinado indivíduo.
Baseando-se em pesquisas de adultos jovens fisicamente ativos, parece estar
próximo do ideal um percentual de gordura corporal de 15% para homens e 25%
para mulheres (McARDLE; KATCH, 2001).
Segundo Katch e McArdle (1996), a gordura corporal pode ser classificada no
organismo humano sob duas formas. A gordura essencial, que consiste na gordura
armazenada internamente nos principais órgãos, intestinos, músculos e nos tecidos
ricos em lipídeos presentes no sistema nervoso central, sendo indispensável para o
funcionamento fisiológico satisfatório do organismo. E a gordura armazenada, a qual
consiste na gordura estocada no tecido adiposo. O peso do indivíduo é estabelecido
a partir da proporção constante de água, sais minerais e matéria orgânica, incluindo
uma quantidade não determinada de lipídeos essenciais (GUEDES; GUEDES,
1998).
O excesso de gordura corporal, principalmente na região central do corpo,
constitui-se em um fator de risco para a saúde da população na atualidade
(HEYWARD; STOLARCZYK, 1996; POLLOCK; WILMORE, 1993). A associação do
excesso e da distribuição de peso aumenta o risco individual de desenvolver doença
arterial coronariana, hipertensão, diabetes tipo II, doença pulmonar obstrutiva,
ósteo-artrite e certos tipos de câncer (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000).
Para demonstrar a correlação entre composição corporal e nível de atividade
física em crianças e adolescentes, Amaral (2001) analisou o tempo de atividade
física e o tempo de televisão de 56 crianças (29 meninas e 27 meninos) na faixa de
10 a 11,9 anos. Foi considerado como tempo de atividade física, o tempo destinado
às aulas de educação física, às atividades esportivas, ao lazer fisicamente ativo e às
atividades físicas de locomoção, sendo as atividades domésticas excluídas.
O tempo dedicado à TV abrangeu somente aquele destinado a assistir à
televisão. As atividades e vídeo game não foram incluídos, pois poderiam resultar
num aumento do consumo energético. O tempo médio de televisão por semana foi
de 1.014,4 minutos para os meninos e 1185,5 minutos para as meninas, sendo a
médios semanais, para meninos e meninas, do tempo destinado à atividade física
foram, respectivamente, de 588,5 e 371,7 minutos, demonstrando uma maior
tendência das meninas à inatividade. Neste estudo, observou-se uma tendência ao
sedentarismo que influencia nas taxas do percentual de gordura, pois a energia
ingerida (consumo alimentar) e não gasta, implica no acúmulo de energia sob a
forma de gordura, traduzindo a obesidade e acarretando diversos problemas
futuramente.
Através dos resultados obtidos neste estudo, parece que devido aos índices
de percentual de gordura e nível de atividade física, os meninos são mais ativos,
uma vez que o maior percentual de sujeitos do sexo masculino (93% EPU e 60%
EPR) optou por conversar/brincar com os amigos ao invés de assistir TV e jogar
vídeo game. Com relação às meninas, grande parte, tanto da EPU quanto da EPR
além de conversar/brincar com amigos também assistem TV muitas vezes por
semana.
No Brasil, as crianças mais atingidas pela obesidade ainda pertencem às
classes sociais mais privilegiadas, apesar da tendência recente de uma mudança
nesse perfil. O Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN) aponta que a
obesidade infantil no Brasil atinge 16% das crianças. Apesar de não haver dúvidas
quanto ao real aumento da obesidade nas crianças, persistem questões quanto ao
melhor critério diagnóstico nessa faixa etária. O peso por estatura em crianças e o
índice de massa corporal em adolescentes seriam os melhores indicadores.
São citadas dificuldades na avaliação da composição corporal em crianças e
também o desconhecimento quanto aos limites do percentual de gordura, associado
a riscos em relação à saúde nessa faixa etária. Giugliano (2004) admite ser
insatisfatório o número de técnicas disponíveis para o estudo da composição
corporal de crianças e adolescentes quando comparado aos adultos. Parte do
problema pode ser atribuída às profundas alterações na composição corporal que
ocorrem no processo fisiológico do crescimento, principalmente quanto às
porcentagens de gordura, músculos e ossos.
A prática de atividade física e alimentação saudável são de grande relevância
ao se tratar de índice de massa corporal (IMC) e percentual de gordura (%G).
Acredita-se que quanto maior o nível de atividade física e hábitos de alimentação
percentual de gordura de dobras cutâneas do indivíduo. Assim, o mesmo aplica-se
para as crianças e adolescentes (MIQUELETO, 2006).
A determinação do percentual de gordura corporal, antes e após um
programa de condicionamento e de controle ponderal, proporciona um meio
conveniente para avaliar as alterações da composição corporal que, com freqüência,
independem de mudanças no peso corporal (McARDLE; KATCH; KATCH, 1996).
É importante ressaltar que para a escolha dos métodos utilizados em avaliar a
CC, alguns fatores devem ser considerados, como precisão, instrumentos
necessários, praticidade e custo. Há prós e contras distintos associados com os
vários métodos e em geral existe uma combinação de exatidão e praticidade.
Dentre tais procedimentos, há o método direto, métodos indiretos e os métodos
duplamente indiretos que serão abordados posteriormente (McARDLE; KATCH,
2001).
2.1.1.1 Modelos de Fracionamento da Composição Corporal
No estudo da composição corporal, modelos teóricos e equações de predição
para os diversos métodos comumente são utilizados para estimar o percentual de
gordura. De acordo com Heyward (2000), o peso corporal pode ser subdividido em
dois ou mais componentes. Usualmente, a CC é fracionada em dois a quatro
componentes, usando modelos químicos, anatômicos ou fluido-metabólicos,
formando equações com fatores de correções. Dentre os modelos mais utilizados,
dois possuem maior relevância: o modelo de dois componentes (2C) e quatro
componentes (4C).
O modelo clássico de 2C faz distinção mais generalizada acerca dos
componentes corporais, subdividindo o peso, segundo Siri (1961), apenas em
massa livre de gordura (MLG) e compartimentos de gordura (MG). A MG constitui
todos os lipídeos que podem ser extraídos, e a MLG inclui água, proteína e
componentes minerais. Apesar deste modelo não fornecer informações detalhadas
sobre a densidade mineral óssea e dos órgãos teciduais, é o que tem servido de
Entretanto, segundo Heyward (2000), o conceito de densidade corporal (DC)
e a correlação entre os componentes no valor da DC sugere que estimar o
percentual de gordura talvez seja mais oportuno estratificando a composição
corporal em quatro componentes - massa gorda (MG), água corporal total (W),
massa residual (MR) e massa óssea (MO). Especialmente em crianças, segundo
McArdle (2006), a composição da massa livre de gordura varia muito (água, minerais
e proteínas) por conta das diferenças de crescimento e maturação.
Fohmon et al., (1982) verificou que o conteúdo mineral ósseo aumenta de
3,7% nos primeiros anos de vida para 6,8% na fase adulta. Lohman (1989)
encontrou diminuição de 79% para 74% na água corporal total entre o início da vida
e aos vinte anos.
Dessa forma, de acordo com Nielsen (1993), as equações de 2C (BROZEK
et. al., 1963; SIRI, 1961) subestimam a massa livre de gordura entre 1,5 a 2,0kg e
superestimam o percentual de gordura em 3% a 4% em crianças e adolescentes.
Isto torna evidente a importância de selecionar corretamente o tipo de equação e o
método ao tentar estimar o percentual de gordura. Nesse sentido, equações
específicas para idade e raça foram desenvolvidas por Slaughter et al. (1988), para
meninos e meninas de 8 a 17, negros e brancos, baseadas no modelo de
fracionamento em quatro componentes e utilizando o somatório das dobras
cutâneas triciptal (TR) e subescapular (SE) ou triciptal e panturrilha medial (PM) e
fatores de correção (interceptos) para maturação e etnia. Entretanto, de acordo com
Janz et al. (1993), o erro de predição para TR + PM foi inaceitável (4,6%) em
meninos e leve em meninas, sugerindo que utilizar as dobras TR e SE gerem
resultados mais fidedignos. Ainda comparando os resultados obtidos, foi encontrada
boa concordância na predição utilizando TR + SE e pesagem hidrostática.
Por fim, conforme coloca Heyward (2000), novas equações de predição para
crianças e adolescentes devem ser baseadas em modelos de multicomponentes, de
forma que leve-se em consideração a variabilidade entre indivíduos nos
componentes hídricos e minerais.
Neste item, serão descritos os métodos de estudo da composição corporal
diretos, duplamente indiretos e indiretos.
No método direto da dissecação de cadáveres duas formas são utilizadas, em
uma delas o corpo é dissolvido em uma solução química e posteriormente analisa-se
a quantidade de gordura presente. Outra técnica consiste em dissecar fisicamente
cada um dos componentes corporais (McARDLE et al., 2001).
Os métodos indiretos são aqueles onde não há manipulação dos
componentes separadamente, pois realizam suas estimativas a partir de princípios
químicos e físicos que visam a extrapolação das quantidades de gordura e massa
magra.
A pesagem hidrostática é um método de referência, sendo chamado pelos
pesquisadores de “gold standard” da análise da composição corporal. Sua
fidedignidade é excelente r = 0,99 (HEYWARD; WAGNER, 1999). É muito utilizada
para validar as técnicas duplamente indiretas, pois considera que o corpo é formado
por dois componentes distintos, massa de gordura (MG) e massa livre de gordura
(MLG) (LUKASKI, 1987). Também conhecida como pesagem subaquática, é
baseada no princípio de Arquimedes, no qual o peso da água deslocada é igual à
diferença entre peso corporal em terra firme e o peso subaquático (BARROW;
McGREE, 2001).
Para medir a densidade do corpo humano, este deve ser pesado ao ar livre e
depois submerso completamente em água, realizando uma expiração máxima, e o
volume residual é posteriormente corrigido por uma equação onde multiplica-se a
capacidade vital (BTPS) pela constante 0,24 para homens e 0,28 para mulheres
(FOSS; KETEYIAN, 2000).
A densitometria de raios X de dupla Energia (DEXA) é considerada uma
técnica avançada para medir a densidade do osso e avaliar a composição corporal.
É um procedimento que vem sendo utilizado para quantificar massa magra e massa
gorda em segmentos isolados e corpo total. O princípio básico da densitometria é a
utilização de uma fonte de raio X com um filtro que converte um feixe de raio X em
picos fotoelétricos de baixa e alta energia que atravessam o corpo do paciente. A
obtenção da composição corporal é feita pela medida da atenuação dos picos foto
DEXA é uma avaliação não-invasiva, não- traumática que proporciona uma
avaliação longitudinal de um indivíduo com maior segurança, rapidez e baixo custo
(GUTIN et al., 1996).
Como exemplo dos Métodos Duplamente Indiretos, pode-se citar a
Bioimpedância ou Impedância Bioelétrica. De acordo com Costa (2001) a análise da
composição corporal por este método tem como base a medida da resistência total
do corpo à passagem de uma corrente elétrica de 500 a 800 µA e 50 kHz. Os
componentes corporais oferecem uma resistência diferenciada à passagem da
corrente elétrica. Ossos e gordura contêm uma pequena quantidade de água e
possuem baixa condutividade, ou seja, alta resistência à passagem da corrente
elétrica. Já a massa muscular e outros tecidos ricos em água e eletrólitos são bons
condutores, permitindo mais facilmente a passagem da corrente elétrica.
A técnica consiste em colocar eletródios injetores nas superfícies dorsais do
pé e do punho e eletródios detectores entre o rádio e a ulna e ao nível do tornozelo.
A partir disto, um estímulo elétrico é dado e a impedância (resistência) é
determinada, calculando-se através de uma equação a densidade corporal e
posteriormente o percentual de gordura.
A antropometria é um método duplamente indireto utilizado de longa data
para se obter as medidas corporais do homem. Já nas antigas civilizações da Índia,
Grécia e Egito, segundo Petroski (2003), utilizavam-se as dimensões corporais como
primeiro padrão de medida, para tentar estabelecer o perfil das proporções do corpo
humano. Os estudos antropométricos tiveram origem com dois povos, os atenienses
e os espartanos. Esses povos tinham preocupação com a estética e com a
preparação militar, o que os levou a uma observação detalhada do corpo humano,
para que os indivíduos alcançassem uma forma física perfeita. Muitos desses
estudos foram retratados pelas esculturas de artistas gregos, que estudavam a
simetria e as proporções corporais por razões estéticas e, freqüentemente,
encaravam o atleta como o ideal físico, os únicos que chegavam a ser comparados
com os deuses para serem temas de esculturas (TRITSCHLER, 2003).
Através da antropometria, de acordo com Petroski (2003), é que se pôde
complementar e diversificar os estudos do homem. A partir de suas técnicas de
medidas, estudos da composição corporal, de somatotipos e de proporcionalidade
são possíveis. A partir da definição dos pontos anatômicos que a antropometria
método amplamente utilizado, pois seus materiais e técnicas são de simples
execução e inocuidade, além de ter uma boa aceitação por parte da população. No
entanto, existe certa dificuldade no que diz respeito à fidedignidade dos dados, em
que a comparação com outros indivíduos depende estritamente do rigor com que o
avaliador obteve a medida (DRICOT; DRICOT, 1982).
As aferições das medidas antropométricas são muito utilizadas para controlar
o crescimento e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Segundo Costa
(2001), a estimativa da composição corporal por meio de medidas antropométricas
utiliza medidas simples como massa corporal, estatura, perímetros, diâmetros
ósseos e dobras cutâneas. No entanto, essas medidas requerem o uso de
padronizações. Dentre essas padronizações, o indivíduo escolherá aquela que é
compatível com o objetivo de seu estudo, a fim de minimizar os erros e permitir que
sejam feitas comparações locais, nacionais ou internacionais (GLANER, 2004).
Os métodos de antropometria são aplicados para grandes amostras devido ao
baixo custo operacional (COSTA, 2001). Por volta de 1915, começou a ser usado
para medir a espessura do tecido adiposo subcutâneo, por meio das dobras
cutâneas (DOC), mais tarde nos anos 60 e 70, essas medidas foram utilizadas para
desenvolver inúmeras equações antropométricas para predizer a densidade corporal
(Dc) e a gordura corporal (GC) (HEYWARD, 2000). Neste sentido, vale ressaltar o conceito de cineantropometria.
O termo cineantropometria foi utilizado primeiramente no ano de 1972 em um
artigo científico escrito por Willian Ross e colaboradores publicado na revista belga
Kinanthropologie. O primeiro conceito referente à cineantropometria foi proposto no
Congresso Internacional de Ciências da Atividade Física na cidade de Montreal,
Canadá. onde Ross a definiu como a aplicação de medições para o estudo do
tamanho, forma, proporção, maturação e crescimento com o objetivo de ajudar a
entender o movimento humano no contexto de crescimento, exercício, performance
e nutrição com aplicação direta da medicina, da educação e da administração
(BÖHME, 2000; CARNAVAL, 1997).
A cineantropometria teve sua evolução a partir da antropometria (anthropo = homem e metry = medida), cujo significado não contemplava o termo cine (kines = movimento), compreendido pela medida do movimento humano (MARTINS;
WALTORTT, 1999). O quadro 1, é explicativo no sentido de evidenciar em quais
desta definição. Na presente pesquisa, a cineantropometria será utilizada para
compreender as medidas morfológicas da composição corporal junto às alterações
vinculadas à maturação sexual de crianças e adolescentes.
ASPECTO CONSIDERAÇÕES
Identificação Cineantropometria é a mensuração do movimento humano.
Especificação É o estudo do tamanho, forma, proporção, maturação e função do homem.
Aplicação Tem aplicação para o entendimento do crescimento, da fisiologia do exercício, do desempenho esportivo e nutrição.
Relevância Apresenta aplicação em medicina, educação e em saúde pública.
Quadro 1 – Aspectos e considerações relativas à cineantropometria. Fonte: Pompeu (2004).
A estimativa da composição corporal por meio de medidas antropométricas
utiliza medidas relativamente simples como massa, estatura, perímetros, diâmetros
ósseos e espessura de dobras cutâneas (HEYWARD, 2000).
De acordo com McArdle et al., (2001), as dobras mais comuns são: tríceps,
subescapular, supra-ilíaca, abdominal, e parte superior da coxa. As pregas menos
comuns de serem utilizadas são na panturrilha, porção medial lateral e posterior e no
tórax próximo à axila, somente para homens.
A dobra cutânea é aferida pinçando-se, com o dedo indicador e o polegar a
pele e a gordura subcutânea, separando-a do músculo. A medida é feita com o
compasso de dobras através da distância entre as suas extremidades, que por sua
vez exerce uma pressão de 10g/mm2 na dobra. A medida deve ser tomada dois
segundos após a colocação do compasso (McARDLE et al., 2001).
A exatidão e a precisão das medidas de dobras cutâneas são afetadas pelo
tipo de compasso utilizado. Os compassos Harpenden e Lange (internacionais)
segundo Jackson e Pollock, (1984) são ferramentas de medidas precisas que
fornecem medidas de dobras cutâneas razoavelmente fidedignas. No Brasil, os
compassos mais utilizados além dos internacionais são o Cescorf e o Sanny
Outra questão freqüente discutida sobre os compassos ou plicômetros de
dobras cutâneas é se há ou não diferenças entre resultados obtidos nas equações
de predição de gordura corporal quando utilizados diferentes compassos (COSTA,
2001).
Os pesquisadores relataram que isso possivelmente ocorre porque, mesmo
para equações muito próximas dos compassos, -9,3 g..mm-² para o Lange e 9,36
g.mm² para harpendem, este último requer três vezes mais força para a abertura de
suas hastes. Entretanto, deve-se ressaltar que a força necessária para a abertura
não recebe influência somente da pressão das molas, mas também do tamanho dos
braços de alavanca do instrumento (GRUBER et al., 1990).
Quanto aos procedimentos de dobras cutâneas, para que seja eficiente, o
avaliador tem que seguir alguns procedimentos com o objetivo minimizar os erros de
medida, sendo eles: medir no hemicorpo direito do avaliado, utilizando o dedo
indicador e o polegar da mão esquerda para diferenciar o tecido celular subcutâneo
do tecido muscular. Aproximadamente um centímetro abaixo do ponto de reparo,
pinçando pelos dedos que devem ser introduzidos nas pontas do compasso. Para a
execução da leitura, deve-se aguardar em torno de dois segundos. É importante
observar se as hastes do compasso estão perpendiculares à superfície da pele no
local da medida (LOHMAN, 1989).
Devido à variabilidade das medidas de dobras cutâneas, devem ser
executadas três medidas não consecutivas de cada dobra escolhida, ou seja, são
medidas e anotadas todas as dobras cutâneas, em seguida repete-se a operação e
ao final, mais uma vez. O objetivo deste procedimento é evitar que as medidas
sejam viciadas, fazendo com que seja possível encontrar três valores iguais ou
muito próximos, quando as medidas são aferidas consecutivamente no mesmo
ponto de reparo (COSTA, 2001)
Existem diferentes padronizações para as medidas de dobras cutâneas,
sendo que não há uma forma mais correta que as outras para se medir as dobras
cutâneas. O importante é utilizar sempre a mesma padronização para que possam
ser feitas comparações ao longo do tempo homem (COSTA, 2001).
Segundo McArdle et al. (2001), pode-se utilizar os valores obtidos da
mensuração de duas formas. A primeira se dá a partir da soma das dobras como um
parâmetro para avaliar as alterações na gordura corporal antes e após um programa
separadamente. O resultado da avaliação pode ser expresso tanto em valores
absolutos como percentuais. A segunda forma seria a partir da utilização de
equações com a finalidade de obter o percentual de gordura corporal para
diagnosticar a propensão do indivíduo às dislipidemias pelo excesso de gordura
corporal. Vale salientar que as equações são bastante fidedignas para populações
semelhantes as quais elas foram validadas (MCARDLE et al., 2001; QUEIROGA,
2005).
Dentre as medidas antropométricas, pode-se citar Massa Corporal, Estatura,
perímetros, diâmetros ósseos, dobras cutâneas. O Índice de Massa Corporal é uma
medida derivadas destas que será também definido a seguir.
A massa corporal expressa à dimensão da massa ou volume corporal. É
mensurada, principalmente, para um posterior cálculo do Índice de Massa Corporal
(IMC), que irá fornecer o estado nutricional do indivíduo. É muito utilizada também
na avaliação do processo de crescimento, associada com a idade, o sexo e a
estatura. Para aferir a massa corporal, normalmente é utilizada uma balança com
precisão de 100 gramas. Os avaliados devem estar com a menor quantidade de
roupa possível e de costas para a escala de medida (PETROSKI, 2003).
Segundo Petroski (2003), a estatura é o maior indicador do desenvolvimento
corporal e comprimento ósseo. Sua aferição é importante na verificação de doenças
estado nutricional e seleção de atletas. Além disso, de acordo com Kac (1999), a
utilização de dados da estatura vem sendo explorada para caracterizar o padrão de
vida das populações.
Sua mensuração é feita a partir de um estadiômetro e tem como referência
anatômica o vértex e a região plantar. O avaliado deve estar em posição ortostática,
com os pés descalços e unidos, encostados no instrumento. A cabeça deve estar
orientada no plano de Frankfurt. Para evitar conflitos em posteriores comparações,
em estudos longitudinais deve-se registrar a hora em que foi feita a medida, para as
próximas aferições serem feitas no mesmo período do dia (PETROSKI, 2003).
As medidas de perímetro permitem avaliar o crescimento e fornecem índices
de estado nutricional e níveis de gordura, através de uma estimativa indireta. Sua
mensuração facilita o estudo da composição corporal de indivíduos jovens, crianças
e idosos, por ser de aplicação simples e rápida, além de ser indolor. (PETROSKI,
2003). De acordo com Sant’Anna et al. (2009), os perímetros mais utilizados na
de se obter a Relação Cintura/Quadril (RCQ). A RCQ é o índice mais utilizado como
indicador de possíveis doenças cardiovasculares. Quanto menor esse índice, menor
é o risco que o avaliado apresenta (GLANER, 2004).
A fita métrica é o instrumento utilizado para se obter as medidas dos
perímetros. Ela deve ser flexível, porém não elástica, e ter preciso de um milímetro
(PETROSKI, 2003).
Segundo Petroski (2003), as medidas de diâmetros ósseos são utilizadas
para determinar a compleição física, para fins ergonômicos, de assimetria aplicada à
área desportiva e para acompanhar o crescimento humano. Ainda é possível, na
visão de Silva e Rodriguez-Añez (2008), determinar o somatotipo dos indivíduos
através dos dados obtidos com os diâmetros ósseos.
Para mensurar os diâmetros ósseos, utilizam-se paquímetros ou um
compasso de pontas rombas. Para diâmetros ósseos pequenos, o paquímetro
comum é utilizado, enquanto que para diâmetros maiores, um paquímetro especial é
utilizado. Para o diâmetro ântero-posterior do tórax, usa-se o compasso de pontas
rombas, por existir um caráter de profundidade.
O diâmetro ósseo é definido pela menor distância entre duas extremidades
ósseas. Para diminuir a margem de erro, o avaliador deve encontrar as referências
anatômicas dessas duas extremidades e marcá-las com uma caneta hidrográfica,
para depois ficar mais fácil de visualizar o local onde se deve colocar o paquímetro.
Por padronização, a medida deve ser realizada três vezes (PETROSKI, 2003).
Uma dobra cutânea, ou prega cutânea como também é conhecida, é uma
dobra dupla de pele e da camada imediata de gordura subcutânea (TRITSCHLER,
2003). Segundo Costa (2001), a lógica para a medida das dobras cutâneas é o fato
de que quase metade do conteúdo corporal total de gordura fica localizada nos
depósitos adiposos existentes logo debaixo da pele.
O instrumento para mensuração das dobras cutâneas é o plicômetro, ou
ainda conhecido como adipômetro, espessímetro ou compasso de dobras. De
acordo com Petroski (2003), esse equipamento tem como objetivo medir a
espessura do tecido adiposo em determinados pontos da superfície corporal. Ele
deve ter precisão de milímetros, e a medida deve ser realizada pelo menos três
vezes.
As dobras cutâneas que aparecem com mais freqüência na literatura e que
corporal são: tríceps (TR), subescapular (SB), bíceps (BI), axilar média (AM),
torácica ou peitoral (TX), supra-ilíaca (SI), supra-espinal (SS), coxa (CX) e
panturrilha medial (PM) (COSTA, 2001). Assim, as características dos indivíduos
avaliados em estudos devem ser levadas em conta na hora da escolha da equação
que será utilizada para se obter o percentual de gordura corporal. Cada uma delas
foi validada para uma população específica, sendo importante observar à idade, o
sexo, a etnia, a região onde os indivíduos vivem, entre outras variáveis, afim de o
cálculo tenha validade para a população em questão.
No século XIX, o estatístico belga Adolf Quetelet, foi pioneiro ao desenvolver
uma fórmula que serviria de ponto de partida para análise da composição corporal
(CC) em grandes populações. Antes de 1980, os médicos utilizavam tabelas de peso
vs. altura, que incluía faixas de peso para cada polegada de altura, de acordo com
as referências de Quetelet. Este índice era matematicamente representado por I =
peso (em quilogramas) / estatura (em polegadas). De acordo com os relatos
históricos de Tritschler (2003), o Índice de Massa Corporal (IMC) é uma evolução
destas tabelas utilizadas antigamente. Para a autora, o IMC pode ser definido como
a razão entre peso corporal total em quilogramas pela estatura expressa em metros
ao quadrado.
Outro instrumento comumente usado para controlar o crescimento e o
desenvolvimento de crianças e adolescentes é a curva de percentil para massa
corporal e estatura. Segundo Guedes (2009), as curvas percentílicas para
acompanhamento da massa corporal e da estatura em função da idade,
padronizadas pelo Natinoal Center for Health Statistics (NCHS) e recomendadas
para uso internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), são importantes
instrumentos disponíveis para análise do crescimento físico. No entanto, de acordo
com Soares (2003), essas curvas apresentaram algumas limitações em seus limites
inferiores e superiores, que impossibilitavam o enquadramento de alguns indivíduos
que estavam fora desse limite. Dessa maneira, iniciou-se um processo de revisão
conduzido pelo próprio NCHS e definiu-se um novo referencial, denominado “novas
curvas de crescimento CDC/2000”, no qual essas limitações foram revistas e
corrigidas.
Apesar de ser um dos referenciais mais adequados para se basear, para
Zeferino et al. (2003), as curvas do NCHS não podem servir como padrão de