TRESPASSE ou
CESSÃO DE
Um dos efeitos da alienação eficaz é tornar o adquirente responsável pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que contabilizados regularmente (art. 1.146, CC/02), mostrando a importância do cumprimento da obrigação de manter escrituração, registrando os atos e fatos empresariais em seus livros.
Antes do CC/02, na alienação, o passivo não integrava o fundo de comércio; o adquirente só assumia quando expressamente aceito por ele.
DA RESPONSABILIDADE DO
ALIENANTE E DO ADQUIRENTE
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento
dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente
contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente
obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos,
da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DE
ACORDO COM A LINHA DO TEMPO
DA CONCORRÊNCIA ENTRE ALIENANTE E
ADQUIRENTE
Quem adquire um estabelecimento quer também sua clientela!
Visando a proteção desse elemento integrante do estabelecimento, o art. 1.147 do CC/02 dispõe que o trespasse veda, para o alienante, pelo prazo de cinco anos, a prática de concorrência ao adquirente através do exercício da mesma atividade.
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do
estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos
cinco anos subsequentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do
estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o
prazo do contrato.
DA CONCORRÊNCIA ENTRE
ALIENANTE E ADQUIRENTE
Quem adquire um
estabelecimento quer também sua clientela!
Em qual espaço?
Entre as controvérsias doutrinárias quanto aos elementos que compõem o estabelecimento, destacam-se os entendimentos acerca do passivo (dívidas e obrigações) estar ou não entre eles.
Entre os que entendem não inserir o passivo estão Rubens Requião, Fábio Ulhoa Coelho e Waldo Fazzio Júnior, adotando posição contrária Ricardo Fiúza, sendo certo que a divergência decorre do conceito legal de estabelecimento contido no art. 1.142, que o define como “complexo de
bens”, no qual, por óbvio, não se inserem dívidas e obrigações, não
podendo confundir estabelecimento com patrimônio.
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de
bens organizado, para exercício da empresa, por empresário,
ou por sociedade empresária.
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de
direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos,
que sejam compatíveis com a sua natureza.
O estabelecimento empresarial é composto por bens materiais (corpóreos) e imateriais (incorpóreos).
BENS MATERIAIS COMPREENDEM COISAS CORPÓREAS IMÓVEIS E MÓVEIS:
a) imóveis: depósitos, edifícios, terrenos, armazéns etc;
a) móveis: utensílios, veículos, mobiliário, mercadorias, máquinas, etc.
OS BENS IMATERIAIS COMPREENDEM COISAS INCORPÓREAS:
a) sinais distintivos: nome, título do estabelecimento, as marcas de indústria, de comércio e de serviço;
b) os privilégios industriais, as patentes de invenção, os modelos e desenhos industriais;
c) as obras literárias, artísticas ou científicas;
d) o ponto e o direito à renovação judicial do contrato de locação; e) os serviços de pessoal; e,
f) clientela e sua proteção contra a concorrência desleal.
O ponto de negócio (comercial) é o local qualificado pelo fato de lá situar-se a empresa.
É A LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO ESTABELECIMENTO.
Surge em decorrência da atividade exercida no estabelecimento, colocando à disposição dos consumidores as mercadorias e os serviços de que, eventualmente, necessitam.
A empresa dota determinado imóvel de um atributo, acrescentando-lhe o valor imaterial do fundo de empresa, seja ele próprio ou alugado.
Se a empresa é exercida em imóvel próprio, certamente não haverá qualquer razão para receio pelo empresário, o que não ocorrerá se for alugado.
Observe: costumeiramente sempre que há uma escola há uma papelaria bem próximo, vizinho com hospitais há farmácias, perto de cemitérios há floriculturas e etc, ou seja, há um local propício para o desenvolvimento daquela atividade.
PONTO DE NEGÓCIO
A locação não residencial está disciplinada nos artigos 51 a 57 da Lei no
8.245/91, garantindo ao locatário a renovação do contrato se preenchidos os quatro seguintes requisitos contidos nos incisos I a III do art.51:
1) o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito, não sendo admitido contrato verbal;
LEI DE LOCAÇÕES - LEI N
o8.245
/91
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos;
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
Preenchidos os requisitos legais caso o locador se negue a
renovar a locação, o empresário poderá buscá-la
compulsoriamente através da ação renovatória, como previsto nos artigos 71 a 75 da Lei no 8.245/91, cujo direito deverá ser exercido no prazo de seis meses a um ano antes do termo final do prazo contratual (art. 51, §5º da Lei no 8.245/91).
Art. 71. Além dos demais requisitos exigidos no art. 282 do Código de Processo Civil, a petição inicial da ação renovatória deverá ser instruída com:
I - prova do preenchimento dos requisitos dos incisos I, II e III do art. 51; II - prova do exato cumprimento do contrato em curso;
III - prova da quitação dos impostos e taxas que incidiram sobre o imóvel e cujo pagamento lhe incumbia;
IV - indicação clara e precisa das condições oferecidas para a renovação da locação; V – indicação do fiador quando houver no contrato a renovar e, quando não for o mesmo, com indicação do nome ou denominação completa, número de sua inscrição no Ministério da Fazenda, endereço e, tratando-se de pessoa natural, a nacionalidade, o estado civil, a profissão e o número da carteira de identidade, comprovando, desde logo, mesmo que não haja alteração do fiador, a atual idoneidade financeira;
VI - prova de que o fiador do contrato ou o que o substituir na renovação aceita os encargos da fiança, autorizado por seu cônjuge, se casado for;
VII - prova, quando for o caso, de ser cessionário ou sucessor, em virtude de título oponível ao proprietário.
Parágrafo único. Proposta a ação pelo sublocatário do imóvel ou de parte dele, serão citados o sublocador e o locador, como litisconsortes, salvo se, em virtude de locação originária ou renovada, o sublocador dispuser de prazo que admita renovar a sublocação; na primeira hipótese, procedente a ação, o proprietário ficará diretamente obrigado à renovação.
Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, ficará
adstrita, quanto à matéria de fato, ao seguinte:
I - não preencher o autor os requisitos estabelecidos nesta lei;
II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do imóvel na época da renovação, excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar;
V - não estar obrigado a renovar a locação (incisos I e II do art. 52).
§ 1º No caso do inciso II, o locador deverá apresentar, em contraproposta, as condições de
locação que repute compatíveis com o valor locativo real e atual do imóvel.
§ 2º No caso do inciso III, o locador deverá juntar prova documental da proposta do terceiro,
subscrita por este e por duas testemunhas, com clara indicação do ramo a ser explorado, que não poderá ser o mesmo do locatário. Nessa hipótese, o locatário poderá, em réplica, aceitar tais condições para obter a renovação pretendida.
§ 3º No caso do inciso I do art. 52, a contestação deverá trazer prova da determinação do
Poder Público ou relatório pormenorizado das obras a serem realizadas e da estimativa de valorização que sofrerá o imóvel, assinado por engenheiro devidamente habilitado.
§ 4º Na contestação, o locador, ou sublocador, poderá pedir, ainda, a fixação de aluguel
provisório, para vigorar a partir do primeiro mês do prazo do contrato a ser renovado, não excedente a oitenta por cento do pedido, desde que apresentados elementos hábeis para aferição do justo valor do aluguel.
§ 5º Se pedido pelo locador, ou sublocador, a sentença poderá estabelecer periodicidade de reajustamento do aluguel diversa daquela prevista no contrato renovando, bem como adotar outro indexador para reajustamento do aluguel.
Art. 73. Renovada a locação, as diferenças dos aluguéis vencidos serão
executadas nos próprios autos da ação e pagas de uma só vez.
Art. 74. Não sendo renovada a locação, o juiz determinará a expedição de
mandado de despejo, que conterá o prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação voluntária, se houver pedido na contestação.
Art. 75. Na hipótese do inciso III do art. 72, a sentença fixará desde logo a
indenização devida ao locatário em consequência da não prorrogação da locação, solidariamente devida pelo locador e o proponente.
§ 5º Do direito a renovação decai aquele que não
propuser a ação no interregno de um ano, no máximo,
até seis meses, no mínimo, anteriores à data da
finalização do prazo do contrato em vigor.
QUAL O PRAZO PARA PROPOR A
AÇÃO RENOVATÓRIA?
No art. 52 da LL estão previstas as hipóteses em que o locador não estará obrigado a renovar o contrato:
a) por determinação do Poder Público para realização de obras que resultem em sua radical transformação ou modificação que implique em valorização do negócio ou da propriedade (inciso I);
b) para uso próprio (inciso II, 1ª parte);
c) transferência de estabelecimento existente há mais de um ano, em que o proprietário, seu cônjuge, ascendente ou descendente detenha a maioria do capital (inciso II, 2ª parte).
Caso o locador não dê a destinação alegada em sua inicial (hipóteses elencadas nos incisos do art. 52 da LL, no prazo de três meses ou a renovação não ocorra em face de proposta de melhores condições apresentada por terceiro, o locatário terá direito à indenização pelos prejuízos (danos emergentes e lucros
cessantes) decorrentes da mudança, perda do ponto e
desvalorização do estabelecimento (§3º do art. 52).
§ 3º O locatário terá direito a indenização para ressarcimento dos prejuízos e dos lucros cessantes que tiver que arcar com mudança, perda do lugar e desvalorização do fundo de comércio, se a renovação não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em melhores condições, ou se o locador, no prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o destino alegado ou não iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou pretender realizar.
NOME EMPRESARIAL
Existem duas espécies de nome empresarial: a firma e a
denominação. A firma divide-se, ainda, em firma individual e firma social ou razão social.
A firma individual é constituída pelo nome do comerciante singular – pessoa física, que, ao explorar atividade empresarial, deve necessariamente utilizar seu próprio nome, por extenso ou de forma abreviada, para designar seu nome empresarial que será conhecido na praça.
Estabelece a lei, ainda, que no caso das sociedades por quotas, o seu nome pode ser formado não só pela forma de razão social, mas por uma
denominação, que é aquele nome composto por palavra ou termo que
não coincide com o nome dos seus sócios.