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ROMANTISMO- PROSA 1836/1880 ROMANCE ROMÂNTICO. PROFª Drª CAMILA PASQUAL

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1 PROFª Drª CAMILA PASQUAL

ROMANTISMO- PROSA 1836/1880

ROMANCE ROMÂNTICO

A palavra romance, popularmente assume também o sentido de caso amoroso, em frases como esta: "Os dois tiveram um romance no passado". Talvez por causa disso, algumas pessoas pensam que todo romance tenha obrigatoriamente um tema amoroso. Na verdade, como gênero literário, há vários tipos de romance: histórico, regional, urbano psicológico, policial, etc. O amor pode ou não participar de qualquer um deles.

Outra confusão é pensar que todo romance seja romântico. Embora tenha se firmado no Romantismo, o romance tem vida própria, fez parte dos movimentos literários posteriores e chegou até os nossos dias.

AS ORIGENS DO ROMANCE

A palavra romance origina-se do termo medieval romanço, que designava as línguas usadas pelos povos sob domínio do Império Romano. Essas línguas eram uma forma popular e evoluída do latim. Também se chamava romance às composições de cunho popular e folclórico, escritas no latim vulgar, em prosa ou em verso, que contavam histórias cheias de imaginação fantasia e aventuras.

O romance como gênero literário, modifica-se de acordo com as transformações culturais e com as exigências de seu público consumidor. O gênero assume formas de romance de cavalaria, romance sentimental, romance pastoril. Somente em meados do século XVIII é que a palavra romance passou a designar o gênero como o entendemos hoje: um texto em prosa, normalmente longo, que possui vários núcleos narrativos em torno de um núcleo central. Narra fatos criados ou relacionados a personagens, numa sequência de tempo relativamente ampla e em determinado lugar ou lugares.

O ROMANCE E O FOLHETIM

Tanto na Europa quanto no Brasil, o romance surgiu inicialmente sob a forma de folhetim, que era uma publicação diária, em jornais, de capítulos de determinada obra literária. De origem francesa, o folhetim foi trazido para o Brasil em meados do século XIX e eram periódicos que apareciam em jornais destinados à corte. Os assuntos abordados eram inúmeros, focando na condição do ser humano. A partir desta temática, as ambientações e as tramas criadas eram as mais variadas, conquistando o público leitor.

As características fundamentais e sempre presentes nos folhetins são duas, uma relacionada à forma e outra ao conteúdo. A primeira diz respeito à sua periodicidade, isto é, não aparece inteiro em um jornal e/ou revista, é dividido em capítulos, sendo necessário esperar a próxima edição do meio de comunicação para acompanhar o texto.

O enredo, necessariamente, necessita prender a atenção do leitor e criar uma certa expectativa para garantir que este irá aguardar para acompanhar o desenrolar da narrativa. Um grande exemplo, transmitido para a rede televisiva, são as novelas: diárias e dividas em capítulos que seguem uma sequência, atraem muitos telespectadores que são fiéis ao programa.

O ROMANCE BRASILEIRO E A IDENTIDADE NACIONAL.

Procurando "redescobrir" o país, o romance brasileiro está radicalmente ligado ao reconhecimento dos espaços nacionais, tomados em três frentes: a selva, o campo e a cidade, que darão origem respectivamente, ao romance:

MARCO INCIAL

A Moreninha- de Joaquim Manuel de Macedo -1844- CARACTERÍSTICAS DA PROSA ROMÂNTICA 1- Sentimentalismo.

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2 3- Oposição aos valores sociais.

4- Peripécias.1

5- Flashback narrativo.(interrupção de sequência cronológica pela interpolação de eventos ocorridos anteriormente.)

6- O amor como redenção. 7- Idealização do herói. 8- Idealização da mulher. 9- Personagens planas.2 10- Linguagem metafórica. Comentário das características

1) O Romantismo assume e exprime a ideologia burguesa.

2) Subjetivismo: a expressão do "eu"; a realidade é captada e filtrada através da percepção particular do indivíduo. (Realidade revelada pelo impulso pessoal do artista e não pelos moldes clássicos).

3) Sentimentalismo: o "coração" é a medida de tudo, justifica todas as ações. (O romântico analisa e expressa a realidade por meio de sentimentos; a razão fica em segundo plano).

4) Idealização: imagina tudo mais perfeito, a mulher, o herói, o tempo e o espaço. 5) Evasão: fuga da sociedade com a qual está em conflito; sentimento e solidão.

6) Natureza: cúmplice, refúgio, confidente do eu lírico, reflexo de seu mundo interior; motivo de ufanismo nacionalista.

7) Liberdade: desprezo às convenções acadêmicas e clássicas, para ser livre em sua expressão artística. No Romantismo, a recriação da liberdade não obedece a esquemas preestabelecidos. O romântico expressa-se através de uma atitude pessoal individual e única.

8) Nacionalismo: valorização das manifestações populares de arte e cultura, busca das raízes da nacionalidade.

9) Mal do século: o Romântico acredita que o espírito humano busca sempre a perfeição, a totalidade, o absoluto, o infinito. No entanto, o homem é incapaz de atingir esse estado, por ser uma criatura imperfeita. (A constante dessa impossibilidade produz angústia, tédio, atração pela morte.)

CLASSIFICAÇÃO DOS ROMANCES

REGIONALISTA, URBANO, INDIANISTA E HISTÓRICO.

O ROMANCE REGIONAL

Coube ao romance regionalista, mais do que aos romances indianistas, histórico e urbano, a missão nacionalista do Romantismo de dar ao país uma visão sobre si mesmo. Estendendo o olhar para os quatro cantos do Brasil, o romance regional buscou compreender e valorizar as diferenças étnicas. Linguísticas, sociais e culturais que ainda hoje marcam essas regiões.

Sem apoio nos modelos do Romantismo europeu, o romance regionalista teve de abrir sozinho seus próprios caminhos. Portanto, era uma experiência nova em nossa literatura, que requeria dos escritores pesquisa e senso de observação da realidade presente. Como resultado, os romances regionais românticos dão um passo decisivo no sentido de alcançar autonomia da cultura brasileira em relação às culturas portuguesa e europeia em geral.

O ROMANCE URBANO

Tanto na Europa quanto no Brasil, o romance urbano conseguiu uma comunicação direta com o público burguês. Tratando das particularidades da vida cotidiana desta classe, o romance urbano amadureceu o próprio romance como gênero, ao mesmo tempo, que solidificou o Romantismo e preparou os caminhos do romance político-social mais cultivado por outros movimentos literários.

O romance romântico, em vez de tratar de temas antigos, relacionados aos gregos e aos romanos, retratava o dia a dia do leitor, pondo em discussão certos valores e problemas vividos pelo próprio

1 Poética: acontecimento num poema, numa peça teatral etc., que muda a face das coisas. 2 Caso estranho e imprevisto, que surpreende e comove

2 Os personagens planos, que também podem ser chamados de lineares, são personagens constituídos de uma única qualidade ou ideia. Aqueles personagens de personalidade rasa, sem grandes mudanças e que apresentam condutas bem repetitivas. Seu comportamento é bem previsível, não apresentando mudanças no decorrer de toda a narrativa.

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3 público nas cidades. Para a burguesia de então, ver o seu mundo retratado nos livros era uma novidade maravilhosa.

O romance urbano, mais do que qualquer outro tipo de romance, que se produziu na Europa ou no Brasil, no século XIX, foi o que alcançou maior êxito. A burguesia, vendo-se pela primeira vez retratada nos livros, tornou-se público cativo, conferindo ao romance urbano o prestígio de que ele precisava para ser, ainda hoje, um dos gêneros mais populares entre os leitores. Com uma temática até então inédita, preocupada em reproduzir e criticar os hábitos da sociedade, foi essencial para a consolidação do gênero romance no Brasil, abrindo caminhos para a produção literária posterior, sobretudo para os romances urbanos de Machado de Assis surgidos anos depois.

No Brasil, a literatura romântica contou com um número considerável de romances urbanos, dos quais se destacam Memórias de uma sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, e Lucíola e Senhora, ambos de José de Alencar.

O ROMANCE INDIANISTA

O Romantismo brasileiro encontrou no índio uma de suas mais autênticas expressões. Não era preciso importar o mito do "bom selvagem", de Rousseau: ele estava vivo nas matas brasileiras, identificadas como o "paraíso perdido" que nem mesmo nós conhecíamos.

O romance indianista celebra tanto o estado de pureza e inocência do índio quanto a formação mestiça da raça brasileira.

O indianismo foi uma das principais tendências do Romantismo brasileiro. Dele saíram algumas das melhores contribuições da nossa literatura romântica, quer na poesia de Gonçalves Dias, quer na prosa de José de Alencar.

O prestígio dessa corrente entre o público foi amplo e imediato. Vários fatores contribuíram para sua implantação e solidificação em nossa cultura.

O ROMANCE HISTÓRICO:

Painel de época, remontando aos primórdios de nossa formação sociocultural. ROMANCE ROMÂNTICO URBANO

PRINCIPAIS AUTORES Joaquim Manuel de Macedo:

Com A Moreninha (1844), inicia o romance brasileiro, romance urbano de costumes.

Seus romances em geral: crônica de costumes e ambientação urbana, contando uma história de amor entre dois jovens que, após a superação de certos obstáculos chegam ao casamento.

Romance dentro dos padrões burgueses da época. Fraca construção psicológica das personagens e visão superficial da sociedade. Linguagem simples, direta, fluente.

Escreveu quase uns vinte romances: O moço loiro, A luneta mágica, As mulheres de mantilha. Também escreveu várias comédias e dramas.

Manuel Antônio de Almeida

Famoso por seu único romance: Memórias de um sargento de milícias ( 1854- 1855).

Conta as peripécias do malandro Leonardo, filho de imigrantes portugueses. De uma infância endiabrada a uma juventude folgazona, sem trabalhar, metendo-se em divertidas encrencas. Preso pelo major Vidigal, acaba se engajando na tropa e sendo promovido a sargento. Finalmente, casa-se com a jovem viúva Luisinha seu amor antigo. Ao mesmo tempo: uma crônica pitoresca sobre a vida e o povo carioca nos tempos do rei D. João VI.

Ideologicamente mostra o protagonista e a maioria das personagens vivendo ambiguamente entre os universos da "ordem" e da "desordem", numa verdadeira "dialética da malandragem".

Tipos humanos, costumes populares, comicidade, movimentação dos episódios, incorporação de saborosas expressões populares.

José de Alencar:

Principal romancista romântico: enquadra-se tanto dentro do romance urbano como no romance regionalista.

Romance urbano: ambientado no Rio de Janeiro, com temática envolvendo amor e dinheiro. Destaque dado às personagens femininas.

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4 Principais romances: Senhora, Lucíola, Cinco minutos, A viuvinha, Diva, A pata da gazela, Sonhos d' ouro, encarnação.

Romance indianista: o índio como protagonista, idealizado; a paisagem selvática; a linguagem e os costumes indígenas; o confronto entre as civilizações indígena e europeia.

Principais romances: O guarani, Iracema e Ubirajara.

Romance histórico: painel de época, remontando aos primórdios de nossa formação sócio- cultural. Principais romances: As minas de prata, Guerra dos mascates e Alfarrábios.

Romance regionalista: tentativa de caracterização do que, na época, erma as grandes regiões do país: O Norte (O sertanejo); o Sul ( O gaúcho); e o Centro ( O tronco do ipê, Til).

A paisagem local; os habitantes: tipos, costumes, atividades, estruturas sociais, linguagem.

ROMANCE REGIONALISTA PRINCIPAIS AUTORES

Bernardo Guimarães: Iniciador do romance romântico sertanista (regionalista) com O Ermitão de Muquém (1866). Autor de uns dez romances, sendo mais famosos: O seminarista, O garimpeiro e A escrava Isaura.

Focaliza, em várias narrativas, o universo interiorano de Minas e Goiás: sua paisagem, tipos humanos, costumes e linguagem.

Visconde de Taunay: Sua obra mais famosa é Inocência (1872). É a história comovente e dramática de Cirino e Inocência, passada nos sertões do Mato Grosso. Hospedado na casa do fazendeiro Pereira, Cirino, fazendo-se passar por médico, trata de Inocência, devolvendo-lhe um pouco da saúde. Apaixonam-se. Mas ela já está prometida ao vaqueiro Manecão, que se vinga assassinando Cirino. Esgotada, Inocência não resiste e morre, fiel a seu amor.

Embora romântico pela trama amorosa, o romance apresenta certo caráter realista pela precisão, detalhismo e verossimilhança nas descrições.

Franklin Távora:

Polêmico, critica o regionalismo de Alencar e sustenta que o Norte/ Nordeste têm melhores condições de produzir uma autêntica literatura brasileira.

Seu romance mais conhecido é O cabeleira (1876). Misto de reconstituição histórica e regionalismo, conta a vida de José Gomes ( O Cabeleira ), cangaceiro célebre, precursor de Lampião. A mãe tenta educá-lo para o bem, mas o pai o torna um facínora. Ao final, influenciado por Luisinha, um amor de infância, Cabeleira promete se regenerar. Mas acaba preso e enforcado no Recife.

QUESTÕES DE VESTIBULARES

1) (UFPR 2013) Em uma passagem do romance Lucíola, de José de Alencar, Lúcia e Paulo vão a uma praia em Niterói, local onde ela passou a infância. Podemos afirmar que esta cena

a) reforça a percepção de que, para o Romantismo, o amor não é possível no meio urbano, mas apenas no meio natural.

b) acentua a diferença entre a violência urbana e a paz que reina no meio natural.

c) mostra a praia como cenário perfeito para Lúcia contar a Paulo como foi obrigada a se prostituir.

d) faz Lúcia voltar a ser criança por um momento, revelando que, apesar de se prostituir, mantém o caráter puro e ingênuo.

e) é apenas um bom exemplo do gosto romântico pela natureza brasileira e pela cor local.

2). O romance é um gênero literário que veio a se desenvolver no século (...) retratando sobretudo (...); era muito comum publicar-se em partes, nos jornais, na forma de (...).Preenchem corretamente as lacunas do texto acima, pela ordem:

a) XVII - a alta aristocracia – conto b) XVIII - o mundo burguês - folhetim

c) XVIII - o mundo burguês – crônica d) XIX - o mundo burguês – folhetim e) XIX - a alta aristocracia crônica

3) Em relação à obra de Manuel Antônio de Almeida - Memórias de um Sargento de Milícias - pode-se afirmar que:

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5 a) é uma autobiografia que relata, na primeira parte, as diabruras infantis do romancista e, na segunda, suas façanhas de adolescente.

b) é um texto biográfico que se concentra nas proezas, especialmente amorosas, do protagonista, e também relata, com rigor histórico, os acontecimentos do Segundo Reinado.

c) é um texto baseado em memórias alheias sobre as quais o narrador exercita a sua imaginação, sem deixar de relatar cenas e costumes da realidade do Segundo Reinado.

d) é uma biografia romântico-idealista, que relata as memórias sentimentais de um sargento de milícias, vivenciadas nas camadas baixas do Rio de Janeiro.

e) é uma autobiografia que relata as memórias do protagonista sem ocultar os defeitos de seu caráter e os costumes do grupo social da época do rei D. João VI.

4). Indique a alternativa que se refere corretamente ao protagonista de Memórias de um Sargento de

Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.

a) Ele é uma espécie de barro vital, ainda amorfo, a que o prazer e o medo vão mostrando os caminhos a seguir, até sua transformação final em símbolo sublimado.

b) Enquanto cínico, calcula friamente o carreirismo matrimonial; mas o sujeito moral sempre emerge, condenando o próprio cinismo ao inferno da culpa, do remorso e da expiação.

c) A personalidade assumida de sátiro é a máscara de seu fundo lírico, genuinamente puro, a ilustrar a tese da "bondade natural", adotada pelo autor.

d) Este herói de folhetim se dá a conhecer, sobretudo nos diálogos, nos quais revela ao mesmo tempo a malícia aprendida nas ruas e o idealismo romântico que busca ocultar.

e) Nele, como também em personagens menores, há o contínuo e divertido esforço de driblar o acaso das condições adversas e a avidez de gozar os intervalos da boa sorte.

Texto para as questões 05 e 06

"A língua é a nacionalidade do pensamento como a pátria é a nacionalidade do povo. Da mesma forma que instituições justas e racionais revelam um povo grande e livre, uma língua pura, nobre e rica, anuncia a raça inteligente e ilustrada. Não é obrigando-a a estacionar que hão de manter e polir as qualidades que porventura ornem uma língua qualquer; mas sim fazendo que acompanhe o progresso das ideias e se molde às novas tendências do espírito, sem, contudo, perverter a sua índole a abastardar-se." (José de Alencar)

5) Sobre o texto anterior, trecho de abertura de um romance de José de Alencar, são feitas as afirmativas seguintes.

I - O autor usa de um artifício para disfarçar o caráter ficcional da narrativa e, ao mesmo tempo, estreitar os laços da interlocução com o leitor: cria um personagem narrador e uma personagem leitora, esta com a função de propiciar ao narrador a oportunidade de contar a sua história.

lI - Pela referência a criaturas infelizes que escandalizam a sociedade, à profanação da atmosfera em que está envolta a neta da personagem à qual se dirige o narrador, bem como pela cautela do narrador em abordar assunto que causa melindres, pode-se inferir que se trata da abertura do romance "Lucíola". III - De acordo com o terceiro parágrafo, a personagem leitora não se deve preocupar caso leia algo que ofenda seu pudor, pois diante do texto escrito não são vexatórias, para a mulher, atitudes que seriam motivo de vergonha na presença de um homem.

Quais são corretas?

a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas I e III d) Apenas lI e III e) I, II e III 6) Além do romance de que foi retirado o texto, José de Alencar escreveu:

a) "Inocência", cuja ação se passa no sertão, onde mora Pereira, que divide as mulheres entre prostitutas e "famílias", estas as filhas e esposas mantidas isoladas em casa, pois, se vissem homem que não o pai ou marido, fatalmente se igualariam às prostitutas devido a sua condição de fêmeas, por definição depravadas. b) "O seminarista", romance passional que discute a instituição do celibato clerical: o Padre Eugênio, retornando à cidade natal, sente reacender-se uma antiga paixão; apesar de tentar resistir, acaba por cair em tentação, e a quebra do voto de castidade o leva à loucura.

c) "A moreninha", narrativa de intriga simples e temática mundana, em que os sentimentos e motivações jamais adquirem profundidades impróprias para a conversação em sociedade na presença de mocinhas e senhoras respeitáveis.

d) "Ubirajara", um de seus romances voltados para a recriação do passado do Brasil, narrando os feitos heroicos de um índio capaz de permanecer impassível enquanto formigas saúvas lhe devoram a mão, numa das provas a que se submete para fazer jus à mão de sua pretendida.

e) "Memórias de um sargento de milícias", que apresenta o quotidiano da "arraia-miúda" do Rio de Janeiro, composta de personagens permanentemente em luta pela satisfação das necessidades humanas mais elementares e sempre ávidos de gozar os momentos de sorte favorável.

(6)

6 7) Considere as seguintes afirmações sobre a obra de José de Alencar.

I - Em IRACEMA, narram-se as aventuras e desventuras de Martim Francisco, português, e Iracema, a indígena dos lábios de mel, casal que simboliza a união dos dois povos nas matas brasileiras inexploradas. II - Em SENHORA, Aurélia herda uma fortuna que a salva da pobreza e lhe permite comprar um marido, Seixas, de quem já fora namorada e com quem manterá um casamento perturbado por conflitos e acusações mútuas.

III - Em O GUARANI, as aventuras de Peri, bravo guerreiro indígena, são norteadas pela necessidade de servir e proteger a jovem virgem loira Ceci, cuja integridade física é ameaçada por malfeitores e indígenas perigosos.

Quais estão corretas?

a) Apenas I b) Apenas III c) Apenas I e II d) Apenas II e III e) I, II e III

8) O gênero "romance" surgiu no Brasil durante o Romantismo e moldou-se segundo os gostos e preferências da burguesia em ascensão. Com uma temática diversificada, logo tornou-se o tipo de leitura mais acessível a essa nova classe social. Dentre as afirmativas seguintes, assinale aquela que NÃO corresponde às tendências do "romance romântico":

a) As obras românticas conhecidas como romance de "folhetins" caracterizaram-se pelo tom "água com açúcar", pela presença de elementos pitorescos e pela superficialidade de seus conflitos.

b) O romance romântico identificado como "histórico" retratou os fatos políticos brasileiros da época, e também as correntes materialistas daquela segunda metade do século XIX.

c) As narrativas ambientadas na cidade foram rotuladas como "romances urbanos", sendo ainda conhecidas como obras de "perfis de mulher", por privilegiar as personagens femininas e seus pequenos conflitos psicológicos.

d) O romance "indianista" enfatizou nossa "cor local" ao retratar as lendas, os costumes e a linguagem do índio brasileiro, acentuando ainda mais o cunho nacionalista do Romantismo.

e) A narrativa romântica de caráter "regionalista" tematizou, de forma idealizada, a vida e os costumes do "brasileiro" do interior.

9) "(...) é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é, eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido.

- Vendido! exclamou Seixas ferido dentro d'alma.

- Vendido sim: não tem outro nome (...) O senhor estava no mercado; comprei-o."

O trecho citado pertence à obra de conhecido autor brasileiro. Em qual tipo de romance se enquadra a referida obra?

a) Romântico, de costumes, focaliza aspectos da sociedade do Rio de Janeiro no século XIX. b) Realista, versa sobre práticas da aristocracia.

c) Romântico, sertanista, aborda relações do Brasil rural. d) Modernista, parodia a família do século XIX.

e) Realista, preocupado em retratar o adultério.

10) Leia as afirmações abaixo sobre os romances "O Guarani" e "lracema", de José de Alencar.

I - Em "O Guarani", tanto a casa de Mariz, representante dos valores lusitanos, quanto os Aimorés, que retratam o lado negativo da terra americana, são destruídos.

II - Em "Iracema", a guardiã do "segredo da jurema" abandona sua tribo para seguir Martim, o homem branco por quem se apaixonara.

III - Em "O Guarani" e "Iracema", as personagens indígenas - Peri e Iracema - morrem em circunstâncias trágicas, na certeza de que serão vingadas.

Quais estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III.

11) UFPR (2014)

Leia com atenção dois fragmentos de Lucíola, de José de Alencar.

Se tivesse agora ao meu lado o Sr. Couto, estou certo que ele me aconselharia para as ocasiões difíceis uma reticência. Com efeito, a reticência não é a hipocrisia no livro, como a hipocrisia é a reticência na sociedade?

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7 Sempre tive horror às reticências; nesta ocasião antes queria desistir do meu propósito, do que desdobrar aos seus olhos esse véu de pontinhos, manto espesso, que para os severos moralistas da época, aplaca todos os escrúpulos, e que em minha opinião tem o mesmo efeito da máscara, o de aguçar a curiosidade. (p.253-254)

Quando a mulher se desnuda para o prazer, os olhos do amante a vestem de um fluido que cega; quando a mulher se desnuda para a arte, a inspiração a transporta a mundos ideais onde a matéria se depura ao hálito de Deus; quando porém a mulher se desnuda para cevar, mesmo com a vista, a concupiscência de muitos, há nisto uma profanação da beleza e da criatura humana, que não tem nome.

É mais do que a prostituição: é a brutalidade da jumenta ciosa que se precipita pelo campo, mordendo os cavalos para despertar-lhes o tardo apetite. (p. 258)

ALENCAR, José de. Lucíola. Ficção completa e outros escritos, vol 1. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965.

Considere as afirmativas abaixo:

1. A estratégia narrativa de Lucíola superpõe, entre o real e o ficcional, três figuras autorais: José de Alencar, o escritor do romance; Paulo, o autor das cartas em primeira pessoa; G.M, a destinatária que as organiza em forma de livro, atribuindo-lhe o título.

2. Apesar de situado no romantismo brasileiro, Lucíola inaugura o naturalismo na literatura brasileira ao explicar a sensualidade e a prostituição da protagonista como consequência do meio em que vive: a sociedade degradada da Corte no ano de 1855.

3. O grande amor de Paulo por Lúcia faz com que ele conheça profundamente os sentimentos e pensamentos da amada, gerando em alguns momentos uma oscilação entre a narração em primeira pessoa e a narração onisciente.

4. Paulo é ao mesmo tempo personagem do acontecimento passado e narrador do relato presente. A distância de seis anos possibilita comentários, conclusões e reflexões, deixando clara a diferença temporal entre viver e narrar o vivido.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.

12)(ENEM) “Ele era o inimigo do rei” , nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava desafetos azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guarani e Iracema, tido como o pai do romance no Brasil. Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor de jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada. (História Viva, n.99, 2011.)

Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que:

a) a digitalização dos textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances.

b) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária com temática atemporal.

c) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da digitalização, demonstra sua importância para a história do Brasil imperial.

d) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importante papel na preservação da memória linguística e da identidade nacional.

e) o grande romancista José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática indianista.

COMENTÁRIO: A importância das obras de José de Alencar não acarretam somente a sua destacada contribuição para a implantação dos romances no cenário brasileiro, como também, a digitalização de seus textos permitirão a preservação de aspectos linguísticos e da identidade nacional, mostrando assim, os valores e costumes da época e servindo também, como contribuinte do patrimônio histórico-literário.

13). (ENEM) O sertão e o sertanejo

“Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de

(8)

8 fogo esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que se alongam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade.” (TAUNAY, Visconde de. Inocência.)

O romance romântico teve fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o trecho acima, é possível reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições do Romantismo para construção da identidade da nação é a:

a) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação.

b) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que coibiu a exploração desenfreada das riquezas naturais do país.

c) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natureza brasileira.

d) expansão dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do território nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros.

e) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando um conceito de nação centrado nos modelos da nascente burguesia brasileira.

COMENTÁRIO

Diferente de outros romances românticos, a obra “Memórias de um sargento de milícias” não possui nenhum traço de idealização amorosa ou retrata o cotidiano do cenário burguês. Ao contrário dessas ideias, percebe-se que há uma descrição e um retrato do cotidiano das camadas mais humildes da sociedade, como também, a figura de um anti-herói, que sobrevive com o uso da malandragem.

14) Nos romances Senhora e Lucíola, José de Alencar dá um passo em relação à crítica dos valores da sociedade burguesa, na medida em que coloca como protagonistas personagens que se deixam corromper por dinheiro. Entretanto, essa crítica se dilui e ele se reafirma como escritor romântico, nessas obras, porque:

a) pune os protagonistas no final, levando-os a um casamento infeliz.

b) justifica o conflito dos protagonistas com a sociedade pela diferença de raça: uns, índios idealizados; outros, brasileiros com maneiras europeias.

c) confirma os valores burgueses, condenando os protagonistas à morte.

d)resolve a contradição entre o dinheiro e valores morais tornando os protagonistas ricos e poderosos. e) permite aos protagonistas recuperarem sua dignidade pela força do amor.

COMENTÁRIO

As obras de José de Alencar costumam fazer uma crítica social aos valores e aos costumes da época, demonstrando as relações por interesse e o rompimento de valores morais, observado tanto em “Lucíola”, quanto na obra “Senhora”. Os personagens masculinos, ao final da obra, se arrependem por suas atitudes, fazendo com que o sentimento amoroso e o perdão se sobreponham sobre os seus erros, de modo que a amada continue submissa e fiel a seus sentimentos.

GABARITO 1-D 2-D 3-E 4-E 5-E

(9)

9 6-D 7-E 8-B 9-A 10-C 11-B 12-B 13-E 14-E

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