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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS ANDRE ROBERTO BECHER

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Academic year: 2021

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CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

ANDRE ROBERTO BECHER

ELITES PARLAMENTARES E USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO

MONITORAMENTO DA POLÍTICA PARANAENSE: UMA AVALIAÇÃO

DO PROGRAMA VIGILANTES DA DEMOCRACIA (2007-2011)

CURITIBA 2010

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CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

ANDRÉ ROBERTO BECHER

ELITES PARLAMENTARES E USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO

MONITORAMENTO DA POLÍTICA PARANAENSE: UMA AVALIAÇÃO

DO PROGRAMA VIGILANTES DA DEMOCRACIA (2007-2011)

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Sociais, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, para conclusão do curso e obtenção do grau de Bacharel.

Orientador: Profº. Dr. Sérgio Soares Braga

CURITIBA 2010

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AGRADECIMENTOS

Sou grato primeiramente a Deus por todas as condições a mim oferecidas e por seu intermédio nas oportunidades que se abriram em minha vida.

Fica minha gratidão a Universidade Federal do Paraná, e por toda a estrutura proporcionada nesses anos de curso, em especial ao curso de graduação em Ciências Sociais por ter propiciado meu amadurecimento intelectual e pessoal.

É importante destacar que é sempre difícil tentar listar todas as pessoas a quem somos afetivamente e intelectualmente gratos, mas o prazer em nomear é sempre maior do que o risco de esquecer. Agradeço em especial ao professor Sérgio Braga pela disponibilidade, incentivo e pelo senso crítico na real orientação acerca deste trabalho. Certamente, sem sua dedicação e compromisso não teria sido possível concluir este trabalho.

A toda minha família que esteve sempre presente comigo. Agradeço a meus avós, tios e primos pelo apoio em todos os aspectos e por sempre confiarem na minha capacidade. Fica minha lembrança nesse momento ao meu querido “Vô Darcy”, já falecido, mas que com certeza ficaria muito contente com esse momento de conclusão da faculdade. Aos meus pais, Beto e Edna, pelo amor e pela liberdade de escolha em minhas decisões. Destaco também a companhia sempre alegre do meu irmão, Arthur. Esse clima familiar me proporcionou sempre uma estabilidade em minha vida.

Aos professores do curso, pelas boas aulas e contribuições intelectuais proporcionadas e a todos os meus colegas de curso, sem as quais o percurso acadêmico não seria tão prazeroso. Fica meu agradecimento a todos os integrantes do Grupo de Pesquisa pela ajuda nas diversas atividades. Destaco também a Federação das Indústrias do Paraná, em especial na pessoa do Marinho, pela confiança no projeto Vigilantes da Democracia.

Por fim termino agradecendo a todos os meus amigos, que se mostraram tão próximos e depositaram em mim a confiança necessária para seguir perseverante em busca de meus objetivos.

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é empreender uma reflexão sobre a relação entre o uso da internet, o comportamento das elites paranaenses e os processos de representação política nos quais estão envolvidas com base na experiência do projeto Vigilantes da Democracia, resultante do convênio entre a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e a UFPR. Após uma reflexão geral sobre o tema, buscaremos efetuar um breve exame do projeto Vigilantes e analisar os potenciais da internet de agregar transparência ao processo político do Paraná, utilizando a base de dados produzida durante a realização do projeto para: a) traçar o perfil das elites políticas monitoradas a partir das informações disponibilizadas na Web; b) elaborar uma caracterização geral dos padrões de uso das novas tecnologias pelas elites parlamentares do Paraná (senadores, deputados federais e deputados estaduais) na legislatura compreendida entre os anos 2007 e 2011. Nossa hipótese básica é a de que a internet já se tornou um importante recurso auxiliar na atuação as elites parlamentares, inclusive com uma relativamente ampla adesão às redes sociais por parte destes atores, embora sem dar lugar a experiências inovadoras de participação e mobilização políticas que alterem significativamente a relação dos parlamentares com a opinião pública e os cidadãos de uma maneira geral.

Palavras-chave: representação política; elites políticas e novas tecnologias; elites parlamentares do Paraná; monitoramento dos eleitos; Vigilantes da Democracia.

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SUMÁRIO

Pág.

Introdução 6

1. Internet, democracia e representação política 11

2. O Programa de Avaliação e Monitoramento dos Eleitos: histórico e características básicas 23 3. Perfil sociopolítico e accountability virtual das elites parlamentares do Paraná (2002-2010) 29 3.1. O universo empírico de pesquisa e a metodologia empregada 31 3.2. Perfil social e biográfico das elites parlamentares 36

3.3. Trajetória política das elites parlamentares 41

3.4. Comportamento político e uso da web pelas elites parlamentares 45 3.5. Um índice de transparência e accountability das elites parlamentares 47 4. Representantes Web 2.0? As elites parlamentares paranaenses e as novas tecnologias 50

Conclusões 54

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Introdução

Nos últimos anos diversos autores têm chamado a atenção para o fato de que, com os avanços tecnológicos dos últimos anos, a internet tem se tornado uma importante fonte de informação para o estudo das elites políticas e também pode tornar-se uma ferramenta de comunicação e interação entre representantes e representados (WARD, 2005; BRAGA & NICÓLAS, 2008; CHADWICK, 2009; NICÓLAS, 2009). Entretanto, apesar da existência de um número significativo de estudos sobre o impacto e os usos da internet no meio político, poucos buscam avaliar o quanto o recrutamento e o perfil sociopolítico das elites podem influenciar as formas de uso da internet, ou ao menos relacionar de alguma forma o uso das novas tecnologias com as características “societais” dos atores políticos. Os estudos que buscam avaliar de maneira mais sistemática a relação entre internet e elites parlamentares (CARDOSO E MORGADO, 2003; MARQUES, 2007, outros), tendem a colocar as questões referentes ao recrutamento e perfis sociais das elites de forma subsidiária, concentrando-se em questões relacionadas à comunicação política. Por outro lado, embora exista um corpo razoável de estudos sobre o recrutamento e o perfil sociopolítico dos parlamentares em esfera internacional, e das elites parlamentares brasileiras em particular, são escassos os estudos que buscam avaliar o uso que tais atores fazem da web, bem como o uso que pode ser feito das novas tecnologias para avaliar e monitorar a ação política dos representantes eleitos.

O objetivo principal desta pesquisa é analisar as relações entre elites políticas e internet tendo por base nossa participação no projeto Vigilantes da Democracia, do qual fomos integrantes, numa primeira etapa, e posteriormente coordenador de pesquisa entre os meses de abril de 2008 a novembro de 20101. Procuraremos

efetuar uma breve descrição e avaliação do programa e utilizar a base de dados produzida durante nossa pesquisa para realizar um mapeamento do perfil

1 Resultado de um convênio firmado entre a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e a UFPR, o Sistema de Avaliação e Monitoramento dos Eleitos pelo Estado do Paraná teve início em outubro de 2007 e sofreu várias modificações ao longo do período. Atualmente, denomina-se Vigilantes da Democracia e está hospedado no website: http://www.vigilantesdademocracia.com.br/ (ultimo acesso: novembro de 2010).

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sociopolítico das elites parlamentares do estado do Paraná que exerceram o mandato entre os anos de 2007 e 2011 (respectivamente da 16ª legislatura da ALEP e 53ª legislatura da Câmara dos Deputados e do Senado), cotejando esse estudo com as várias dimensões do uso da web pelos mesmos. Sendo assim, a pesquisa que pretendemos empreender tem como foco principal integrar os trabalhos de recrutamento parlamentar e elites políticas, aos estudos dos usos da internet pelos parlamentares paranaenses. São três as principais justificativas para a feitura deste estudo: (i) os recursos disponibilizados na internet como os sites institucionais das casas legislativas e as próprias páginas pessoais dos parlamentares, se tornaram uma fonte significativa e relativamente confiável para a análise das formas de recrutamento das elites; (ii) as ferramentas virtuais se tornaram uma grande aliada do eleitor na busca de conhecimento sobre as figuras parlamentares, assim como, uma forma de accountability do político; e (iii) a difusão progressiva das novas tecnologias bem como das “ferramentas web 2.0” que propiciarão uma maior interatividade entre emissor e receptor dos processos de comunicação, tenderão a estreitar os vínculos de representação entre elites dirigentes e cidadão comum, abrindo-se mais espaços portanto para que estes monitorem e avaliem as ações daqueles.

Para concretizar tal estratégia de pesquisa, empreendemos um relato do programa Vigilantes da Democracia e das principais ações desencadeadas até o presente momento, assim como uma análise de várias dimensões do funcionamento da 16ª legislatura da Assembléia Legislativa do Paraná (ALEP) a partir das bases de dados coletadas durante a realização do projeto. Pretendemos com a análise destes dados responder às seguintes indagações: (i) as informações apresentadas pelos sites institucionais e pelas páginas pessoais das elites políticas analisadas são fontes significativas para estudos de recrutamento e do perfil dos senadores, deputados federais e estaduais do Paraná?; (ii) como as elites políticas analisadas tem usado as NTIC’s ?; (iii) o uso da internet tem algum tipo de relação com as características das elites políticas analisadas?

Com efeito, mesmo já havendo um corpo razoável de estudos sobre o impacto e os usos da internet no meio político, são escassos os trabalhos que buscam avaliar como as formas de recrutamento e o perfil sociopolítico das elites podem influenciar as maneiras de uso, formas de interação e comunicação das

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elites políticas com o cidadão comum. O objetivo desta monografia é buscar articular essas duas dimensões da ação política dos atores parlamentares, aprofundando e dando continuidade a uma linha de investigação iniciada por alguns estudos anteriores (CARDOSO & MORGADO, 2003; WARD & LUSOLI, 2005).

Esse trabalho tem como referência básica, além de nossa pesquisa efetuada ao longo desses meses no projeto Vigilantes da Democracia, os debates travados no âmbito de nosso grupo de pesquisa e o estudo desenvolvido por Braga e Nicolas (2008), onde os autores constroem um perfil sociopolítico das elites parlamentares estaduais brasileiras e cotejam essa avaliação aos usos das tecnologias de informação e comunicação disponibilizadas por essas elites políticas. Nesse artigo em referência, Braga e Nicolas além de avaliarem o uso das tecnologias, constroem um perfil sociopolítico das elites parlamentares fazendo uso do método prosopográfico. Tal perspectiva de análise é semelhante à pesquisa aqui desenvolvida, que busca determinar características recorrentes no uso da web pelas elites políticas, além de mensurar e avaliar os recursos disponíveis na Web para a caracterização do perfil sociopolítico de determinado segmento das elites, no caso, os integrantes das elites parlamentares do estado do Paraná que exerceram mandato entre os anos de 2007 e 2011.

A aproximação dos estudos de perfil com o uso da internet tem como preocupação mais geral a de examinar se as características socioeconômicas, posições partidárias, ideológicas e formas de atuação dos parlamentares se mostram de alguma forma relacionadas aos comportamentos das elites no uso da internet. Com efeito, trabalhos recentes sobre elites tem chamado a atenção para o fato de que determinadas características de perfil podem influenciar significativamente algumas dimensões do comportamento dos parlamentares (MARENCO, 2000; PERISSINOTTO, COSTA & TRIBESS, 2009). Segundo Perissinotto, Costa e Tribess (2009), o estudo das características das elites pode ser um primeiro passo para o entendimento de como essa elite se comporta politicamente: “(...) pesquisar as origens sociais e econômicas da elite política é um primeiro passo importante para a análise completa do comportamento político dos membros desse grupo” (PERISSINOTTO, COSTA & TRIBESS, 2009).

Nosso universo de análise consiste principalmente nos 3 senadores, 36 deputados federais e 66 deputados estaduais empossados durante os anos de 2007

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e 2011 no Paraná, até o mês de novembro de 2010, data término da coleta de dados. Em nossa pesquisa pretendemos avaliar comparativamente três características dos deputados federais e estaduais do Paraná: (i) perfil social e biográfico dos parlamentares; (ii) trajetória política, partidária e ideológica; e (iii) comportamento do parlamentar no uso da internet.

A primeira dimensão de análise, que se refere ao perfil social e biográfico dos parlamentares, pretende abranger características do perfil socioeconômico das elites e definir um padrão ou padrões para as elites parlamentares. A segunda dimensão de nossa análise é o tratamento dos dados sobre a trajetória política dos parlamentares, buscando determinar as características principais das elites parlamentares, no que se refere as suas posições políticas ideológicas. Por fim, a terceira dimensão da análise refere-se a alguns/diversos aspectos do comportamento político e uso da internet pelos membros das elites parlamentares do Paraná, objetivando determinar quais os usos e conteúdos dos websites de cada um dos parlamentares analisados. Tal dimensão busca averiguar como e de que forma as elites políticas se comportam no ambiente digital, quais os graus de informação de suas páginas virtuais, e quais as formas de interação com o eleitor.

No que se refere às fontes utilizadas para a pesquisa, na análise dos deputados federais e estaduais paranaenses foram utilizados para identificar as características do perfil socioeconômico e político, dados fornecidos pelos parlamentares às casas legislativas, as biografias constantes nos websites pessoais dos parlamentares, bem como a base de dados que coletamos no programa Vigilantes da Democracia.

O trabalho que pretendemos desenvolver será dividido nos seguintes capítulos.

No primeiro capítulo intitulado “Internet, democracia e representação política” elaboramos uma reflexão geral sobre a relação entre estes três fenômenos que servirá como pano de fundo da análise efetuada a seguir. O objetivo dessa reflexão é o de definir algumas variáveis e problemas de pesquisa sobre as elites, procurando demonstrar como os estudos sobre as elites políticas podem se aproximar dos estudos sobre os usos da internet.

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No segundo capítulo, intitulado “O Programa de Avaliação e Monitoramento dos Eleitos: histórico e características principais”, procuraremos efetuar uma breve descrição do programa Vigilantes da Democracia, buscando enfatizar como o uso da internet foi uma ferramenta de fundamental importância para a realização dos trabalhos do programa, assim como formulando alguns problemas que serão retomados em seguida. Além disso, buscaremos contrastar brevemente características do Vigilantes com a de outros programas de natureza análoga que patrocinados por outras instituições brasileiras.

Em seguida, no terceiro capítulo intitulado: “Accountability virtual e perfil sociopolítico das elites parlamentares do Paraná (2007-2011)” desenvolveremos uma sistematização dos dados coletados, procurando ainda construir alguns indicadores quantitativos e qualitativos para a avaliação e mensuração das informações disponíveis na Web para o monitoramento de tais atores.

No quarto capítulo, denominado: “Representantes Web 2.0? As elites parlamentares paranaenses e as e novas tecnologias”, efetuaremos um mapeamento mais aprofundado dos usos da internet pelas elites políticas analisadas. Através desse traçaremos os tipos característicos de usos das ferramentas virtuais, definindo padrões de comportamento dessas elites frente à internet.

Por fim, sublinhe-se que esse trabalho se insere numa linha mais atualizada dos estudos de recrutamento e perfil das elites, que tenta correlacionar questões referentes ao perfil das elites com outras áreas do conhecimento da ciência política, buscando responder de forma mais sistemática e menos descritiva, quais os aspectos relevantes sobre os perfis e quais as implicações destes para o comportamento das elites. Além disso, essa pesquisa se insere dentro de uma investigação mais ampla ora em andamento no Grupo de Estudos Democracia e Novas Tecnologias da UFPR, sobre o uso da web pelos parlamentares pelos deputados federais e estaduais paranaenses na 16ª legislatura.

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1. Internet, Democracia e Representação Política

A Internet vem impactando o mundo em seus vários segmentos e se tornou alvo de estudos no sentido de compreender até que ponto este fenômeno é responsável pelo aparecimento de novos padrões de sociabilidade. Manuel Castells apresenta-nos em A Galáxia Internet (CASTELLS, 2003), não só a grande dimensão que a internet teve em sua recente história, como também as grandes virtudes que fazem dela o principal fator de transformação cultural do séc. XXI. É perceptível nessa obra como há uma nova sociabilidade baseada numa dimensão virtual que gera novas percepções de tempo e o espaço. O autor chama a atenção para o fato de que internet é mais utilizada por parte dos políticos como uma recurso de exibição e de marketing, de certa forma reproduzindo outras mídias no espaço virtual, do que como um espaço de verdadeira e útil informação. Castells denomina isso de “política informacional” organizada mais em torno da construção de imagem e não tanto do conteúdo. Falando em política, no sentido de participação e cidadania, a internet desempenha um papel fundamental, pois favorece sempre a comunicação e é sempre capaz de mostrar algo que nunca foi visto. Castells é otimista no sentido de dizer que a internet tem um potencial comunicativo que permite a liberdade de expressão e propicia a circulação de valores e ideias, contribuindo para um avanço democrático. Castells menciona ainda o potencial democratizante da Internet. Ela acaba se tornando uma ferramenta e uma forma organizacional que distribui informação, poder, geração de conhecimento e capacidade de interconexão com várias esferas (CASTELLS, 2003: 220).

A Internet desde os meados dos anos 1990 vem sendo objeto de vasta literatura, abordando seus impactos nas várias dimensões dos sistemas políticos contemporâneos, especialmente os sistemas políticos democráticos. Nos países de democracia mais institucionalizada e estável, onde a reflexão sobre o tema está mais avançada, há um grande e crescente campo de estudos e pesquisas sobre os impactos das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) em geral, e a internet em particular, nestes sistemas políticos (CHADWICK, 2009).

Não se pode afirmar com convicção que no caso brasileiro especificamente, a reflexão sobre as relações entre internet e política ou, de modo mais específico,

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sobre os impactos do uso das NTICs no sistema político seja um campo ainda incógnito (na medida em que já existem vários trabalhos esparsos sobre a temática). Porém, não podemos deixar de constatar que o número e o padrão de sistematicidade metodológica das pesquisas produzidas na América do Sul e, especialmente, no Brasil, ainda estão longe de comparar-se aos existentes em países de democracia mais institucionalizada e estável. Há ainda certo consenso entre especialistas que tratam do tema na atualidade, que o ponto de partida para qualquer análise mais sistemática sobre o tema, não deve ser pautado pela pergunta sobre se realmente o uso destas tecnologias está se expandido, mas sim que impacto efetivo estão provocando nas múltiplas dimensões do funcionamento dos sistemas políticos (NICOLAS, 2009).

A partir da reflexão desses autores, assim como em virtude de nossa participação direta no Sistema de Avaliação e Monitoramento dos Eleitos, conduzimos nosso estudo de forma a nos concentrar na reflexão sobre as relações entre as NTICs e os processos de representação política, especialmente sobre o uso feito dos recursos propiciados pela Internet. A partir da participação em frentes de pesquisa concentramos nosso foco em um tema razoavelmente pouco explorado; o do uso da Internet pelos membros das elites parlamentares do estado do Paraná, em particular, e do problema teórico mais geral dos impactos e conseqüências trazidas pela Internet nos processos de representação política, caracterizando características do perfil socioeconômico dos candidatos e tipo de uso da Internet.

O trabalho se insere no contexto da proliferação dos estudos que analisam a relação entre as NTICs e os processos de representação política (em geral) e as repercussões da internet sobre o comportamento das elites parlamentares (em particular) sob a ótica mais estrita da sociologia e da ciência política.

Devemos preliminarmente colocar que os estudos que analisam a relação entre internet e política abrangem um campo de atuação cada vez mais amplo. Nesse sentido, existe desde meados da década de 1990 pelo menos um largo debate na literatura internacional polarizado por “ciberpessimistas”, “ciberotimistas” e “cibercéticos”, segundo o tipo de avaliação que cada uma destas vertentes faz sobre a amplitude dos impactos das TICs no funcionamento dos sistemas políticos democráticos (NORRIS, 2001). Pippa Norris defende a ideia que a internet vai tornar possível um “sistema político virtual”, onde os atores e as instituições integrantes do

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“mundo real” transferirão progressivamente suas atividades para o mundo virtual. Esse novo “sistema” pode ser uma via para articular de forma mais competente a estreita interação entre elites políticas e os cidadãos médios, dando ênfase aos mais politizados. Tal “sistema político virtual” pode estimular a incorporação de novos atores ao sistema político dinamizando a democracia em direções mais participativas e ampliadas.

José Eisenberg (EISENBERG, 2003) relata que a internet produzirá impactos sobre a Política e que poderá promover a ampliação da democratização nas sociedades contemporâneas, embora acredite precoce a Internet solucionará problemas de legitimidade das democracias modernas, tais como desgastes dos partidos e apatia eleitoral. Os impactos devem ser percebidos a partir da disputa pelo controle e apropriação dos recursos da Internet como mídia; e as características diferenciadas da Internet em relação a outros meios de comunicação com o intuito de promover novas formas de atividade política e deliberação pública.

Segundo o autor, as características presentes na Internet são potencialmente democratizantes, o que a diferencia de outras mídias. Todo cidadão que esteja conectado, pode se tornar um produtor e disseminador de informações, o que já diferencia a internet de outras mídias convencionais, onde é apenas um receptor de informações. O distanciamento espacial promove uma ampliação do poder de participação política do cidadão, propiciando uma desterritorialização das relações políticas. A Internet, segundo Eisenberg exige uma competência cognitiva para acessá-la. Quem não possui tal habilidade, torna-se excluído, o que é uma limitação à característica democratizante dessa mídia. Por sua vez, a alta capacidade de interação propiciada pela Internet é a principal característica potencialmente democratizante, segundo ele.

Wilson Gomes (2005) ainda destaca que a ligação entre democracia e participação civil na política possui diferentes ênfases, cada uma delas portando um específico repertório de conseqüências teóricas e práticas. O autor sustenta ainda cinco graus de participação popular proporcionados pelas ferramentas da internet. O primeiro grau diz respeito da disponibilidade de informação e na prestação de serviços públicos pela rede, onde as TICs e ciberespaço seriam meios democráticos na medida que circulam informações de governo e melhoram a prestação de serviços públicos. No segundo tem base no emprego das TICs para colher a opinião

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pública e utilizar esta informação para a tomada de decisão política. O terceiro grau é caracterizado pelos princípios da transparência e da prestação de contas (accountability), gerando uma maior permeabilidade. A “democracia deliberativa” caracteriza o quarto grau, que consiste na participação civil nos negócios públicos, definindo práticas mais sofisticadas de participação democrática. No último grau, as TICs tem por finalidade retomar o antigo ideal de democracia direta, onde a decisão estaria centrada não em uma esfera representativa, mas nas mãos dos cidadãos.

“Em suma, apesar das enormes vantagens aí contidas, a comunicação on-line não garante instantaneamente uma esfera de discussão pública justa, representativa, relevante, efetiva e igualitária. Na internet ou “fora” dela, livre opinar é só opinar. Além disso, com o predomínio de democracias digitais de primeiro grau, os sites partidários são em geral meios de expressão de mão única, e os sites governamentais se constituem como meios de delivery dos serviços públicos mais do que formas de acolhimento da opinião do público com efeito sobre os produtores de decisão política. Assim, se por um lado, a internet permite que eleitores forneçam aos políticos feedbacks diretos a questões que eles apresentam, independentemente dos meios industriais de comunicação, por outro lado, não garantem que este retorno possa eventualmente influenciar a decisão política” (GOMES, 2005, p.221).

A partir de um balanço sobre o uso da NTICs pelos órgãos parlamentares e pelos representantes podemos fazer uma reflexão sobre três questões que merecem destaque sobre os impactos da internet nas democracias representativas. Primeiramente, a internet pode ser um fator potencial de aumento da transparência nas candidaturas e eleições e na no monitoramento dos parlamentares após a realização dos pleitos eleitorais. Segundo Setala e Gronlund (2006) as NTICs têm certas características únicas que podem alterar os fluxos de comunicação e informação entre os vários atores participantes dos sistemas políticos no sentido de tornar mais transparentes as informações sobre os diversos atores que nele interagem. Em segundo lugar, a internet pode ser mais que um instrumento de conhecimento, mas controle e monitoramento de elites políticas pelos cidadãos. Por fim, a internet pode ser um mecanismo de interação não só do político com o cidadão, mas também com órgãos governamentais e entre políticos.

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Stephen Ward, Wainer Lusoli e Rachel Gibson fizeram uma investigação sobre fatores que ajudam a explicar padrões das atividades on-line dos parlamentares (WARD & LUSOLI, 2005; LUSOLI, WARD & GIBSON, 2006). A internet pode facilitar mudanças em dimensões das relações de representação política. A relação dos parlamentares com sua base eleitoral, onde as TICs podem ser usadas para melhorar a eficiência e profissionalismo do relacionamento dos parlamentares com seus eleitores. Outro ponto é a relação dos parlamentares com os partidos: as novas TICs podem ampliar o potencial para alterar o equilíbrio das relações entre os partidos e os representantes, onde certos recursos fornecidos pelos parlamentares possibilitam uma postura mais independente dos políticos em relação às direções partidárias. Cabe mencionar ainda as estratégias e agendas de campanhas, onde parlamentares poderiam desenvolver com mais autonomia as suas próprias estratégias de campanhas on-line recolhendo opiniões ou incentivando o público a fornecer apoio, o que favorecerá a inclusão de novos temas na agenda das campanhas eleitorais.

A moderna teoria de democracia e da representação política formulou proposições importantes que merecem destaque. Em primeiro lugar, as ideias desenvolvidas especialmente por Adam Przeworski, Susan Stolkes e Bernard Manin (PRZEWORSKI, STOLKES E MANIN, 1999), segundo as quais as eleições são mecanismos tênues de criação de vínculos de representação entre as elites dirigente-governantes e os cidadãos comuns, de quem os primeiros afirmam ser os legítimos “representantes”. Decorrente disso é de fundamental importância que as modernas democracias que se auto-imputam “representativas” desenvolvam instrumentos e mecanismos institucionais não só para assegurar que a relação de representação entre governantes e governados se mantenha ao longo do exercício do mandato, mas que ampliem os graus ou níveis de representatividade vigentes num dado sistema político democrático, desenvolvendo mecanismos institucionais e comunicacionais que agregam accountability e responsividade aos atores que fazem parte dos sistemas políticos democráticos.

Em segundo lugar, podemos destacar as contribuições de Luiz Felipe Miguel, para quem é necessário agregar outras “dimensões” à ideia de representação política além da mera escolha dos governantes em pleito eleitorais (MIGUEL, 2000, 2003) e que uma reflexão sobre os sistemas de mídia e o emprego das NTICs é de

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fundamental importância para a compreensão do funcionamento de qualquer sistema político democrático. Sendo assim, para o autor é importante agregar outras “dimensões” ao fenômeno da representação política, como a eleição de representantes, a escolha dos atores encarregados de formar a agenda pública e os agentes capazes de determinar a formulação de preferências daqueles indivíduos que se encontram na base menos favorecida da escala de estratificação social.

Luiz Felipe Miguel nos conduz a uma concepção mais ampliada de representação, que não abrange apenas mecanismos institucionais de escolha e de geração de accountability, mas também distribuição de recursos e escolha de atores autorizados a comandar a formulação de agenda e de formação de preferências que ocorrem no processo decisório. Para ele buscar entender os meios de comunicação como esfera de representação política é entender esse espaço como lugar privilegiado de disseminação das diferentes perspectivas e projetos dos grupos em conflito na sociedade. O bom andamento das instituições representativas, portanto, se daria à medida que são apresentadas as vozes dos mais variados grupos políticos, permitindo que o cidadão tenha acesso a valores e preferências múltiplas que direcionam as correntes políticas em competição e possa formar sua própria opinião política. É o que se pode chamar de "pluralismo político" da mídia. (MIGUEL, 2003).

Nesse sentido, a internet pode ser considerada uma nova mídia que tem como conseqüência criar canais alternativos de comunicação de massa, através de um contato muito mais dinâmico e direto, permitindo a recepção, alteração e redistribuição das informações, o que por natureza descentraliza as fontes de informação (CARDOSO & MORGADO, 2003). Nessa medida a internet tem influído na política em quatro aspectos principais: (i) representação; (ii) participação; (iii) accountability; e (iv) comunicação. Esses quatro aspectos tem colocado a internet numa posição de destaque nas discussões sobre as novas tecnologias e formas de influência na política.

Primeiramente trataremos das questões referentes à representação. As democracias modernas segundo Michels (1982) carecem de representação, já que seria impossível que consultássemos todos os cidadãos nos momentos de tomada de decisão. Para tal representação elegem-se indivíduos que serão os representantes diretos do povo dentro do Estado. Essa eleição é feita dentro de

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requisitos específicos, dependendo dos modelos de governo, sistemas eleitorais, fórmulas de eleição. Entretanto, independentemente dos modelos institucionais vemos, pelos estudos sobre a composição dos parlamentos e suas formas de recrutamento, que os indivíduos que compõe esses órgãos de representação acabam por se constituir com características, origens e ideologias específicas e diferentes do cidadão ordinário, pelo que se convencionou falar que os indivíduos que compões os parlamentos fazem parte de uma elite política. Por natureza as formas de recrutamento das elites impedem a inserção de alguns agentes e privilegia a entrada, nos cargos políticos, de indivíduos que acumulam a maior quantidade de recursos ou as características mais valorizadas no ambiente social. O problema da eficácia e da qualidade das formas de representação surge quando temos uma elite política que não reverbera adequadamente os anseios da sociedade, ou quando não existe uma identificação entre os representantes e sua população. Para Cardoso e Morgado (2003) a maneira pela qual os representantes se pautam frente à sociedade influi de maneira direta na qualidade da representação. Em decorrência desses problemas de representação os autores afirmam que a internet surge pode se configurar como resposta para a possível crise de representatividade das democracias, contribuindo para aproximar as elites dirigentes e cidadãos comuns e para o aumento da qualidade da delação de representação. Ainda segundo os autores, a internet pode ser considerada um novo impulso para uma democracia pautada nos mecanismos de participação e inserção dos cidadãos, isso seria possível através dos meios disponibilizados pela rede que abrem aos indivíduos a possibilidade de deliberar sobre as decisões políticas, cria redes de debates, interferir nas formas de decisão política, em condições de igualdade e num ambiente propício para a emergência de um “sistema político virtual2” e na geração de uma democracia representativa mais participativa. Segundo

Cardoso e Morgado, essa democracia digital permite que os cidadãos tenham um acesso mais direto às elites políticas, sem qualquer tipo de mediação, podendo buscar informações, partilhar opiniões, discutir. Os autores acabam afirmando que as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação poderiam até mesmo

2 Conceito criado por Norris (2001) estabelece como parâmetros para a ‘democracia digital’ um sistema de governo que considere as novas tecnologias de informação e comunicação sem deixar de lado elementos essenciais da democracia liberal como: eleições limpas e livres, condicionantes por uma opinião pública isenta e pluralista, precedida de diversidade partidária, com alternância de poder, e fundamentada em governos que assegurem as liberdade de individuais.

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contribuir para uma nova função de representação política, algo que ultrapassa a simples delegação de atribuições e torna a atividade política mais participativa e responsiva para a sociedade. Em suma, a internet, segundo Cardoso e Morgado, tem estreitado os laços entre representantes e representados, redefinindo e reestruturando o funcionamento dos sistemas democráticos, e formalizando uma nova faceta para as democracias representativas.

Outro indício que proporciona a internet um papel de destaque frente à política seria a sua função de accountability. Um órgão representativo que privilegia a transparência de suas ações tem na internet um meio propício para sua efetivação. Segundo Cardoso e Morgado, a accountability é uma condição extremamente importante para o fortalecimento das instituições e para a legitimidade da tomada de decisão pelas elites políticas, sendo a internet fonte responsável pelo incremento dessas funções. Para os autores, a internet possibilita que diferentes tipos de informação sejam vinculados, seja nas páginas institucionais das casas legislativas e nos próprios sites dos políticos, “(...) permitindo uma maior abertura dos parlamentos aos cidadãos.” (Cardoso & Morgado, 2003, p. 6).

Para Nicolás (2009), a accountability tem importância essencial para o aprofundamento da democracia, pois proporciona aos cidadãos a possibilidade de terem informações sobre os políticos, decisões, e comportamentos durante todo o processo de deliberação, fazendo com que assuntos referentes ao interesse público sejam publicizados a um público mais amplo.

Sendo assim, também é de fundamental importância para o aprofundamento da democracia e para a agregação de accountability aos sistemas políticos que tais informações estejam disponíveis online, pois isso permite aos cidadãos ter acesso às informações não apenas sobre quem decide, mas também sobre o que se decide, o seja, como os membros do parlamento estão se comportamento durante o processo deliberativo sobre políticas governamentais e assuntos de interesse público (Nicolás, 2009, p.70).

A questão da accountability também é discutida por Braga e Nicolás (2009). Segundo os autores o ambiente virtual é um dos principais fatores de estreitamento das relações entre representantes e representados, além disso, eles avaliam que tais ferramentas são essenciais na promoção da accountability dos políticos e do

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próprio sistema. Os autores enfatizam a posição de que a internet tem se tornado uma ferramenta de controle e monitoramento dos órgãos legislativos, importante no conhecimento e estudo das elites dirigentes, tanto pelo público especializado como pela população em geral.

(...) as ferramentas utilizadas pela internet, desde que adequadamente utilizadas, podem ser um importante instrumento não só de conhecimento das elites dirigentes pelos pesquisadores e pelo público especializado, mas também de controle e monitoramento de tais atores e da esfera pública de uma forma geral pelos cidadãos e não apenas dos órgãos legislativos (Braga & Nicolás, 2008, p.3).

. Neste mesmo sentido Braga e Nicolás (2010) afirmam que a accountability tem grande influência no aprofundamento da democracia, já que, com tal instituto a população tem a possibilidade de conhecer seus políticos e as decisões por eles tomadas.

Sendo assim, também são de fundamental importância para o aprofundamento da democracia e para a agregação de accountability aos sistemas políticos que tais informações estejam disponíveis online, pois isso permite aos cidadãos ter acesso a informações não apenas sobre quem decide, mas também sobre o que se decide, ou seja, como os membros do parlamento estão se comportando durante o processo deliberativo sobre políticas governamentais e assuntos de interesse público. (Braga & Nicolás, 2010, p. 12)

Norris (2001) aprofunda ainda mais essa idéia, dizendo que as formas de desenvolvimento tecnológico influenciam diretamente o comportamento das elites, e principalmente como as organizações políticas prestarão seus serviços e informações. Sendo assim, a relação entre elites, internet e accountability geraria uma responsabilidade dos agentes públicos em prestar esclarecimentos de suas decisões, disponibilizando todas as informações necessárias para a compreensão do cidadão

Além das questões de representação e accountability podemos destacar uma terceira influência da internet sobre a política, que seria a participação. Para Norris (2001) a Internet poderia ampliar a participação dos cidadãos na vida pública,

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acabando com alguns dos entraves existentes na política e no engajamento cívico. A autora afirma que a internet teria a capacidade de auxiliar grupos e pessoas que estão fora dos campos de atuação da política tradicional, facilitando a capacidade dos cidadãos em: obter informações sobre seus eleitos, discutir problemas da comunidade, mobilizar grupos, criar redes de discussões, pressionar seus representantes, e até mesmo reivindicar.

The Internet may broaden involvement in public life by eroding some of the barriers to political participation and civic engagement, especially for many groups currently marginalized from mainstream politics, facilitating the ability of citizens to gather information about campaign issues, to mobilize community networks, to network diverse coalitions around policy problems, and to lobby elected representatives (Norris, 2001, p. 2).

Talvez o último aspecto a ser ressaltado na relação elites políticas e uso da internet é a questão da comunicação e interação. São diversos os estudos que tratam desse tema (CASTELLS, 2003; CUNHA, 2005; EISENBERG, 2003; FERBER et. al. 2007), aliás, poderíamos afirmar que boa parte dos trabalhos que tratam da internet tem como objetivo explicar seus impactos na comunicação.

É inegável que a internet inseriu dentro das formas de comunicação uma maneira mais dinâmica e ativa de se comunicar. Estamos falando de uma nova mídia que possibilita ao receptor da informação a capacidade de interagir. Para Cardoso e Morgado (2003), a comunicação digital possibilita um maior processamento de informações, com uma velocidade maior, além de permitir uma combinação dos elementos textuais, visuais e de áudio.

Outro aspecto ressaltado pelos autores seria que a internet possibilita que os parlamentares construíam sua própria identidade, através de conteúdos escritos, símbolos, imagens, sem a necessidade de se remeterem as mídias tradicionais, e tão pouco ter que tomar contato direto com o eleitor. Nas páginas virtuais podemos criar a figura do parlamentar, demonstrar suas atitudes, direcionar seus posicionamentos, através das ferramentas disponibilizadas pela internet.

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(...) com o uso de novas mídias, como Websites pessoais, listas de e-mails e blogs de políticos, substituindo progressivamente, com cada vez mais eficácia, antigas formas de organização das campanhas eleitorais, fundadas basicamente no contato físico do parlamentar com o eleitor e no uso de mídias tradicionais, como a televisão, publicações impressas e assim sucessivamente (Braga; França; Cruz; 2007 p.220).

Para um parlamentar construir sua imagem através de um meio de comunicação tradicional, ele teria que ser parte do conteúdo que esse meio de comunicação geraria, ou seja, estar na pauta do jornal, da televisão, do rádio. Através das mídias tradicionais o parlamentar não tem a capacidade de criar sua imagem por conta própria, não pode vincular seus próprios conteúdos, não pode produzir sua identidade visual, tendo que esperar um posicionamento do meio de comunicação. Com a internet é o próprio parlamentar que faz isso, de forma simples, com baixo custo e com certo retorno.

Com o aparecimento das novas mídias eletrônicas, o controle da informação está nas mãos do receptor, ativo na procura da informação, capaz de editar e listar as suas próprias fontes. Na internet os receptores podem produzir informação. “Os indivíduos ou grupos tem agora ao seu dispor um meio mais fácil, menos dispendioso para trocar informações com outros autores numa base local, nacional, ou global” (Cardoso & Morgado, 2009, p. 4).

Como podemos constatar pelo posicionamento da literatura, a internet tem um papel fundamental na reestruturação de elementos importantes da política, sejam eles relacionados às formas de contato dos eleitores e eleitos, nas questões relacionadas à prestação de informações acerca da atividade política ou até mesmo nos aspectos referentes à comunicação. Esses novos meios proporcionados pela internet refletem de forma significativa na política, diante dessa condição e da constatação que o uso da internet se universalizou dentro do meio político, escolhemos a internet como uma forma de comprovar a existência entre origens sociais e comportamento político.

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Postos estes parâmetros mais gerais, podemos adentrar na análise das características do programa Vigilantes da Democracia, assim como por alguns de seus resultados produzidos até agora pelo mesmo.

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2. O Programa de Avaliação e Monitoramento dos Eleitos:

histórico e características básicas.

O Sistema de Monitoramento dos Eleitos é um processo contínuo de acompanhamento e apreciação do comportamento dos representantes eleitora para os cargos executivos e legislativos nos níveis federal e estadual no Estado do

Paraná. Atualmente está hospedado no site:

http://www.Vigilantesdademocracia.org.br, vinculado à Rede de Participação Política3: http://www.redeempresarial.org.br/ (último acesso: dezembro de 2010).

Esse projeto é executado desde 2007, dentro das atividades do convênio firmado entre a Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), por meio Rede de Participação Política e a Universidade Federal do Paraná, através de um grupo de pesquisadores do curso de Ciências Sociais. Com efeito, embora já existam diversos sites governamentais que propiciam informação sobre os políticos (site do Senado, da Câmara, sites das Assembléias, etc.), partiu-se do pressuposto de que o custo de obter esta informação para a população em geral é muito alto, devido à complexidade da linguagem, à falta de tempo de acessá-los, e até pela falta de conhecimento. Por este motivo, vem surgindo nos últimos meses uma série de experiências organizadas por ONGs, pela academia, dentre outros atores, destinado a monitorar e a acompanhas a atuação de suas elites dirigentes4.

Nesse contexto, o sistema de avaliação e monitoramento dos eleitos articula-se a uma série de outras iniciativas vinculadas à Rede de Participação Política, esta último um projeto vinculado à FIEP e à FACIAP e destinado a promover propostas

3 A Rede de Participação Política é uma iniciativa apartidária criada para promover a articulação da sociedade por meio de ações sintonizadas com outras iniciativas do setor empresarial no âmbito nacional. Um de seus principais propósitos é estimular toda a sociedade a participarem continuamente da política. A iniciativa surge como espaço democrático para discussão e proposição de mudanças na relação entre a sociedade e o Estado, utilizando-se de vários meios de comunicação - em especial a Internet: http://www.fiepr.org.br/redeempresarial/ (último acesso em: novembro de 2010).

4 Dentre estes programas podemos destacar o projeto Excelências, da Transparência Brasil (http://www.excelencias.org.br/), o site Meu Deputado (http://www.meudeputado.org/), o projeto Congresso Aberto (http://www.congressoaberto.com.br/), o Observatório Social de Maringá (http://www.sermaringa.org.br/), para citar apenas os mais conhecidos (último acesso a todos os sites: novembro de 2010) . Para um levantamento recente dessas práticas em nível internacional cf. o trabalho de Tiago Peixoto (PEIXOTO, 2010).

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de engajamento cívico do cidadão e de desenvolvimento local. O programa Vigilantes da Democracia através do monitoramento dos eleitos acaba tornando-se um canal de informação e participação que permite sistematizar a informação dispersa sobre o comportamento dos políticos e contribui no processo de escolha dos governantes, através da percepção e análise das atividades parlamentares.

Esse projeto tem como base e foco de análise o acompanhamento sistemático das atividades políticas e do comportamento parlamentar dos 54 deputados estaduais, dos 30 deputados federais e dos 3 senadores representantes do Estado do Paraná nas sessões legislativas durante o período 2007-2011, além do governador do Estado e do presidente da República. São monitorados ao todo os 89 representantes eleitos em 2006 (presidente, governador, senadores, deputados federais e deputados estaduais). Por sua vez, cada representante eleito tem uma página no site.

O objetivo geral do projeto é monitorar as atividades dos parlamentares paranaenses entre os anos de 2007 a 2011, nos quais está em funcionamento a 16ª Legislatura da Assembléia Legislativa do Paraná, a 55ª Legislatura da Câmara dos Deputados, e a 53ª Legislatura do Senado Federal. Tal monitoramento acontece mediante ao trabalho conjunto do Grupo de pesquisadores da UFPR com a Rede de Participação Política, vinculada à Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP).

De acordo com o plano de trabalho do projeto, a premissa que orientou a organização do programa foi a de que nos sistemas de governo presidencialistas, geralmente as atenções do eleitorado se voltam para os postulantes a cargos executivos por ocasião dos pleitos eleitorais e também durante o período governamental. Essa tendência é ainda mais acentuada em sistemas políticos como o brasileiro, onde os chefes dos Executivos são eleitos “plebiscitariamente” por voto direto, num pleito que tende a colocar em segundo plano os partidos políticos e a escolha de postulantes aos cargos legislativos.

Entretanto, com a consolidação de nossa democracia, os órgãos legislativos e os partidos políticos tendem a adquirir uma importância cada vez maior no processo de governo. Portanto, as eleições para os órgãos parlamentares federais (Senado Federal e Câmara dos Deputados) e estaduais (Assembléias Legislativas) são tão

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ou mais importantes do que os pleitos para os cargos executivos (presidência da República e governos estaduais).

Sendo assim, é de fundamental importância para o exercício da cidadania que a opinião pública e a sociedade civil de uma maneira geral acompanhem sistematicamente o que ocorre nos órgãos parlamentares e monitore o comportamento político dos deputados e senadores que compõem tais órgãos.

Ainda de acordo com seus elaboradores, esse acompanhamento, por sua vez, teria como objetivo contribuir indiretamente para a redução da corrupção no sistema político brasileiro e para a melhoria da qualidade de nossos políticos, pois o maior fortalecimento do Poder Legislativo no processo de governo aumenta a probabilidade de decisões negociadas e mais democráticas, minimizando as chances de tomadas de decisões unilaterais, sem consulta à sociedade e aos interesses envolvidos.

Assim, justificaria-se amplamente um projeto de monitoramento da atuação dos representantes eleitos pelo estado do Paraná nos vários níveis em que se estrutura a representação política (Assembléia Legislativa, Câmara dos Deputados, Senado Federal). O acompanhamento sistemático desta atuação dos parlamentares certamente contribuiria para o fortalecimento e institucionalização da democracia brasileira em escala subnacional e para a melhoria da qualidade dos políticos. Mais importante ainda, o interesse de tal monitoramento não é meramente acadêmico, mas visa a contribuir de forma efetiva com sugestões para a melhoria do desempenho de tais órgãos e para uma melhor divulgação junto à população das iniciativas dos políticos que contribuam para o desenvolvimento social, econômico e político de nosso estado.

Segundo os autores do projeto “O trabalho de Monitoramento é objetivo, não envolvendo juízos de valor nem admitindo qualquer tipo de viés ideológico ou partidário. Essa equipe de pesquisadores da UFPR recolhe notícias publicadas numa série de órgãos de comunicação previamente selecionados, assim como nos sites da Câmara de Deputados, Senado e Assembléia Legislativa do Paraná. Essas notícias são classificadas em algumas categorias de monitoramento dos parlamentares. Entre elas: Medidas Estratégicas Prioritárias, Reformas, Gestão da Máquina Pública, Respeito pelo Eleitor entre outras”.

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Cada site oferece ainda, informação sobre o perfil social e trajetória política do político. Além disso, é possível encontrar informações sobre o total de votos recebidos, a soma das despesas e bens declarados na campanha, assim como as cidades que comportam sua base eleitoral. É importante fazer referência também, que são disponibilizadas no site informações sobre Projetos de Lei apresentados pelos parlamentares, e se estes foram aprovados, rejeitados ou ainda tramitam nas Casas Legislativas. Encontra-se ainda a relação das presenças e faltas dos políticos referente às sessões em Plenário, sem falar na divulgação da prestação de contas dos gastos de exercício do cargo parlamentar.

A presença desses recursos nas páginas dos parlamentares pode ser ilustrada pela figura abaixo:

Figura 1: Exemplo de Perfil no Vigilantes da Democracia

Também cabe ressaltar que cada monitorado em sua página virtual no Vigilantes possui um link para enviar mensagens. Qualquer pessoa que acessar ao site pode enviar comentários sobre a atuação do monitorado, baseando-se no

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conteúdo que o site disponibiliza sobre a atuação daquele político. Estes serão publicados automaticamente pelo sistema e visíveis nos sites dos políticos.

Além disso, cada monitorado possui no perfil e-mail e website pessoal. Esta informação é disponibilizada caso os internautas desejem entrar em contato pessoalmente com o monitorado. O site acaba se tornando uma ferramenta que também pode ser um elo entre representante e representado, afinal, várias informações são fornecidas para que o cidadão tenha subsídio sobre o que o parlamentar está realizando enquanto em seu exercício de mandato. Através do site o eleitor pode saber como é a atuação do político e caso tenha interesse, pode se comunicar com o parlamentar, através das informações que são vinculadas no Vigilantes.

Nestes três anos de funcionamento regular, um aspecto positivo do projeto foi à penetração do mesmo na mídia estadual e mesmo nacional e junto ao publico mais informado (segmentos das elites políticas e empresariais, diversos segmentos formadores de opinião) que já consideram o site Vigilantes da Democracia como uma importante referência para o acompanhamento do processo político do Paraná.

A equipe de pesquisadores da UFPR, durante estes anos, obteve ainda um acumulo razoável de know how na alimentação do portal e na elaboração de uma base de dados sobre a atuação parlamentar dos políticos do Paraná. Estes dados se encontram disponíveis numa linguagem simples aos cidadãos no site do projeto. Todas estas informações relevantes para que os cidadãos possam ter um conhecimento sobre a atuação do político durante o período legislativo.

Sem dúvida que o trabalho efetuado até agora, somado ao fato de estarmos vivendo um ano eleitoral, foram os responsáveis por consideráveis índices de visitas ao site. Entretanto, além desses aspectos positivos do projeto, verificamos outros pontos que poderiam ser melhor trabalhados e fortalecidos nas etapas posteriores do mesmo. Apenas a título de exemplo, observamos que os resultados do projeto de “Vigilantes da Democracia” ainda não se articulam, por um lado, de maneira sistemática com iniciativas que visem uma ampliação da educação política e da participação dos cidadãos do estado. Diante dessas constatações, se faz necessário ampliar o presente monitoramento dos políticos do estado para que a participação política e a educação cívica estejam mais próximas à realidade dos cidadãos.

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Por fim, durante o período de pesquisa a equipe coletou e sistematizou dados sobre várias dimensões da atividade das elites partidárias e dos políticos paranaenses, dentre as quais destacamos as seguintes: a) perfil sociopolítico e composição social dos órgãos legislativos; b) produção legal da 16ª legislatura e “agenda legislativa da indústria”; c) uso da internet pelas elites políticas do Paraná; d) votações nominais realizadas durante a 16ª legislatura; e) acompanhamento das sessões da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) e produção de boletins semanais resumindo as sessões da mesma; f) aplicação de questionários aos parlamentares sobre questões polêmicas discutidas na conjuntura, especialmente durante a construção do Portal da Transparência, em agosto de 2009; g) repercussão da atuação dos parlamentares na mídia escrita e nos órgãos de imprensa.

Todas estas frentes de pesquisa redundaram na organização de uma ampla base de dados e de um acúmulo de experiência que será usado pelos pesquisadores durante a continuidade do projeto, procurando efetuar análises longitudinais do processo decisório na ALEP bem como análises de conjuntura a fim de municiar o público da Rede de Participação e a opinião pública com informações simultâneas sobre o desempenho das elites e dos órgãos parlamentares que atuam no Paraná.

Nos capítulos seguintes utilizaremos dois elementos da base de dados para ilustrar as atividades do sistema de monitoramento: a) as informações disponibilizadas na internet sobre o perfil das elites políticas e a acountability dos órgãos legislativos; b) as informações sobre uso das novas tecnologias e das redes sociais pelos parlamentares.

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3. Perfil sociopolítico e accountability virtual das elites

parlamentares do Paraná (2007-2010).

O primeiro aspecto que devemos levar em consideração portanto sobre o desempenho dos parlamentares é seu perfil social e político. Assim, o objetivo deste capítulo é apresentar os resultados da primeira dimensão de nossa pesquisa sobre o uso da internet pelas elites parlamentares paranaenses empreendida no âmbito do programa Vigilantes da Democracia. A partir deste objetivo de ordem geral, desenvolvemos os seguintes objetivos específicos, seguindo metodologia desenvolvida em nosso grupo de pesquisa: (i) elaborar um indicador quantitativo para avaliar o grau de disponibilidade das informações necessárias à caracterização dos perfis sociopolíticos dos parlamentares nas casas legislativas, desenvolvendo metodologia aplicada em outros estudos (BRAGA & NICOLÁS, 2008; NICOLÁS, 2009); (ii) efetuar uma primeira análise exploratória dos websites pessoais dos políticos paranaenses a partir de uma versão adaptada do modelo desenvolvido por Andy Williamson (2009) para a análise dos MPs ingleses.

A partir da aplicação dessa metodologia chegamos a duas conclusões gerais: (i) a disponibilidade de informações sobre perfil socioeconômico e comportamento político é bastante desigual entre os diferentes segmentos das elites parlamentares paranaenses, destacando-se os senadores e portal do Senado Federal como aqueles que promovem um maior grau de accountability; (ii) a pouca quantidade de mecanismos de participação e de interação política nos websites dos políticos paranaenses, em comparação com outras dimensões de sua atividade política.

Assim sendo, procuraremos neste capítulo concretizar algumas idéias expostas no capítulo 1 da presente monografia, na medida em que procuraremos avaliar os potencias da internet de incidir sobre as várias dimensões das relações de representação que se estabelecem entre as elites parlamentares e o cidadão comum. Com efeito, conforme observado por alguns autores cujas contribuições constituem o pano de fundo mais geral do presente texto (NORRIS, 2001; WARD & LUSOLI, 2005), e conforme observado em outros trabalhos (BEETHAM, 2006; BRAGA, 2007A; 2007B), as ferramentas utilizadas pela internet, desde que adequadamente utilizadas, podem ser um importante instrumento não só de conhecimento das elites dirigentes pelos pesquisadores e pelo público

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especializado, mas também de controle e monitoramento de tais elites políticas e da esfera pública de uma maneira geral pelos cidadãos, estreitando assim os vínculos de representação política entre estes atores (NICOLÁS, 2009).

Para cumprir estes objetivos, organizaremos nossa exposição da seguinte forma: (i) inicialmente, definiremos o universo empírico pesquisado, bem como esclareceremos alguns aspectos da metodologia empregada em nossa pesquisa; (ii) em seguida, avaliaremos as informações contidas nos websites nas casas legislativas examinadas sobre o “perfil social” dos parlamentares, tantos de seus “atributos inatos”, quanto de seus atributos “adquiridos”; (iii) em terceiro lugar, avaliaremos as informações disponíveis nos websites das casa parlamentares sobre a trajetória política pregressa dos deputados e senadores, ou seja, sobre sua atuação ou “socialização” política antes de assumirem os mandatos nas casas legislativas na legislatura em tela; (iv) em quarto lugar, avaliaremos as informações disponíveis nos websites das casas legislativas sobre aqueles itens mais relacionadas ao “comportamento político” dos parlamentares, tanto aqueles que podem ser acessados diretamente pelo cidadão-internauta através dos perfis individuais dos mesmos disponíveis nos sites das casas de representantes, quanto àquelas que estão acessíveis indiretamente através dos portais dos órgãos parlamentares; (v) por fim, na segunda parte no capítulo seguinte, analisaremos brevemente o uso que os deputados e senadores fazem da Web, cotejando os resultados de nossa pesquisa com os de outros estudos.

Sublinhe-se por fim que, conforme explicitamos anteriormente, como resumo das análises efetuadas em cada item buscaremos elaborar um indicador quantitativo das informações disponíveis sobre as elites parlamentares em cada casa legislativa. O objetivo de tal procedimento, estritamente associada às nossas atividades no programa de avaliação e monitoramento dos eleitos, é construir um indicador objetivo e sintético que nos possibilite o acompanhamento regular da atualização da disponibilidade de tais informações nos websites parlamentares, assim como a elaboração de estudos longitudinais futuros analisando as várias dimensões do emprego da internet pelos membros das elites parlamentares examinados. Tal indicador pode ser tomado também, indiretamente, como um “índice de transparência” de cada casa legislativa no tocante à disponibilização de informações sobre as elites parlamentares que nelas atuam, possibilitando assim uma apreensão

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mais concisa dos potenciais de accountability existente sobre estes atores nos websites das casas legislativas examinadas.

3.1 O universo empírico de pesquisa e a metodologia empregada: os senadores, deputados federais e estaduais do Paraná (2007-2011).

Algumas características do universo empírico de nossa pesquisa estão sintetizadas na tabela a seguir. Dados os objetivos de nossa pesquisa, utilizamos exclusivamente as fontes disponíveis nos websites das casas legislativas para coletar as informações analisadas neste texto, já que nosso objetivo básico não é elaborar um perfil das elites parlamentares examinadas em si mesmas, mas avaliar e mensurar, numa primeira aproximação, o uso que tais atores fazem da internet bem como as informações nela disponíveis para o estudo destas elites, tendo em vista os objetivos anteriormente mencionados do programa Vigilantes da Democracia.

A distribuição agregada dos parlamentares por partidos políticos no período da pesquisa e coleta de dados é dada pela tabela abaixo5.

Tabela 1: Distribuição partidária dos deputados e senadores (Paraná) (novembro de 2010)

Dep Fed. Dep Est. Senadores Total

N % N % N % N % PMDB 8 22,2 18 27,3 0 ,0 26 24,8 PSDB 4 11,1 11 16,7 2 66,7 17 16,2 PT 4 11,1 8 12,1 0 ,0 12 11,4 DEM 6 16,7 5 7,6 0 ,0 11 10,5 PDT 2 5,6 6 9,1 1 33,3 9 8,6 PP 3 8,3 4 6,1 0 ,0 7 6,7 PR 4 11,1 1 1,5 0 ,0 5 4,8 PPS 1 2,8 3 4,5 0 ,0 4 3,8

5 Os dados sistematizados na tabela abaixo se referem ao período compreendido entre os meses de janeiro de 2007 e novembro de 2010, depois do encerramento da campanha eleitoral de outubro.

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PTB 1 2,8 3 4,5 0 ,0 4 3,8 Falecido/PMDB 1 2,8 1 1,5 0 ,0 2 1,9 PSB 0 ,0 2 3,0 0 ,0 2 1,9 PSC 2 5,6 0 ,0 0 ,0 2 1,9 PMN 0 ,0 1 1,5 0 ,0 1 1,0 PRB 0 ,0 1 1,5 0 ,0 1 1,0 PV 0 ,0 1 1,5 0 ,0 1 1,0 Sem partido 0 ,0 1 1,5 0 ,0 1 1,0 TOTAL 36 100,0 66 100,0 3 100,0 105 100,0

Fonte: Base de Dados Vigilantes da Democracia

A tabela representa o universo nosso universo dos monitorados nos órgãos legislativos em escala federal e estadual6. Nossa pesquisa abrangeu ao todo 109

políticos sendo 1 presidente da República, 2 governadores empossados, 3 senadores, e 36 deputados federais e 55 estaduais que assumiram o mandato ao longo da legislatura. Pelos dados, podemos observar que a maior bancada partidária ao longo da legislatura foi o PMDB, liderado pelo governador reeleito Roberto Requião (2002-2006; 2007-2011), o que reflete a força política do partido no estado. Seguem-se o PSDB (16,2%), o PT (11,4%) e o DEM (10,5%) com o maior número de parlamentares empossados ao longo da legislatura, sendo que este último partido contou com a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados sem eleger no entanto nenhum senador.

No que se refere à distribuição por espectro ideológico e “tipo de partido”, seguindo indicações de Braga e Nicolás (2008), classificamos os partidos em seis tipos de agremiações relevantes, seguindo mais ou menos os critérios adotados pela literatura que estuda o sistema partidário nacional (RODRIGUES, 2002), assim como o grau de coerência do comportamento padrão dos partidos em relação a sucessivos governos na cena política nacional. Estes tipos de partidos são os seguintes: (1) Partidos Fisiológicos de Centro (PFC): são aqueles partidos que não se colocam em nenhum extremo do espectro político e cuja postura em relação aos sucessivos partidos é pouco coesa, oscilante, ou difícil de caracterizar. Exemplos desses partidos são o PMDB e o PL/PRB/PR; (2) Como Partidos Fisiológicos de

6 Incluímos em nossa base de dados também o presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e os dois governadores que exerceram o mandato no período. Entretanto eles não serão incluídos na análise feita a seguir, que abrange apenas os membros das elites parlamentares. Também excluímos de nossa tabela o deputado Alisson Wandscheer (PPS), que assumiu o mandato em lugar de Felipe Lucas (PPS) por um curto período, em virtude da dificuldade de encontrarmos informações relevantes sobre a atuação e a trajetória política prévia do parlamentar.

Referências

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