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Propriedades antioxidantes, anti-inf lamatórias e fitoterápicas do óleo e do extrato da polpa do pequi (Caryocar brasiliense)

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Revista Brasileira de Nutrição Funcional

Propriedades antioxidantes, anti-inf amatórias

e fitoterápicas do óleo e do extrato da polpa

do pequi

(Caryocar brasiliense)

Antioxidant, anti-inflammatory and phytotherapeutic properties of pequi pulp oil and pequi pulp

extract (Caryocar brasiliense)

Resumo

O extrato e o óleo da polpa do pequi (Caryocar brasiliense) são muito usados na medicina folclórica do Centro-Oeste devido às suas apregoadas propriedades fitoterápicas. Nossos estudos em modelos animais demonstraram que ambos possuem atividades antioxidantes e anti-inflamatórias; atuam como protetor contra danos oxidativos no DNA e em outras macromoléculas, previnem a peroxidação lipídica no sangue e mutações secundárias causadas pelos quimioterápicos do câncer bleomicina e ciclofosfamida. Em nossos estudos com corredores de fundo voluntários, as cápsulas com o óleo do pequi mostraram proteção contra o estresse físico intenso que leva a lesões oxidativas e microlesões inflamatórias que podem ocorrer durante a corrida. Esses efeitos foram mais acentuados nos atletas acima dos 45 anos. Em estudo com 75 pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, o óleo de pequi foi eficaz contra o estresse oxidativo, atuando, também, como anti-inflamatório. O paciente lúpico produz naturalmente quantidades maiores de radicais livres e sofre de um processo inflamatório crônico e difuso. Após a ingestão das cápsulas do óleo por 90 dias, os níveis de proteína C-reativa, que é um marcador de inflamação e risco cardiológico, decaíram significativamente, indicando que o óleo de pequi pode ser usado como um adjuvante ao tratamento preconizado do lúpus, pois pode ajudar na manutenção da homeostase dos pacientes.

Palavras-chave: Lúpus eritematoso, peroxidação lipídica, antigenotóxico, estresse oxidativo.

Abstract

Pequi (Caryocar brasiliense) pulp extract and oil are widely used in popular medicine by the Brazilian Midwest population due to their claimed phytotherapeutic properties. Our studies in animal models have shown that both have antioxidant and anti-inflammatory properties; they act as a protector against oxidative damage in DNA and other macromolecules, prevent lipid peroxidation in the blood and secondary mutagenic effects caused by cancer chemotherapeutic drugs bleomycin and cyclophosphamide. In our studies with long-distance running volunteers, capsules of pequi oil protected them against intense physical stress that leads to oxidative lesions and muscle inflammatory lesions that may occur during running. These protective effects were more pronounced in athletes over 45 years of age. A study with 75 patients with systemic lupus erythematosus, pequi oil was effective against oxidative stress, also acting as an anti-inflammatory. The lupus patient naturally produces higher amounts of free radicals and suffers from a chronic and diffuse inflammatory process. After 90 days of ingestion of the oil capsules, levels of C-reactive protein, which is a biomarker of inflammation and cardiac risk, were significantly decreased, indicating that pequi oil can be used as an adjuvant to the recommended treatment protocol for lupus, as it may help maintain patients’ homeostasis.

Keywords: Lupus erythematosus, lipid peroxidation, antigenotoxic, oxidative stress.

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IntroduçãoO cerrado brasileiro é o segundo maior bioma da América do Sul. Ocupa cerca de 23% do território e possui uma rica biodiversidade1. Nos últimos 40

anos, cerca de 50% da sua vegetação nativa foi devastada para a formação de pastagens e campos de agricultura, principalmente para as culturas extensivas de soja, milho e cana-de-açúcar2. A

exploração econômica sustentável do cerrado, baseada na sua biodiversidade de frutos, plantas medicinais e raízes e por meio do conhecimento tradicional, pode ser uma alternativa para a conservação dos recursos naturais3.

O pequizeiro (Caryocar brasiliense), árvore típica do cerrado, produz um dos frutos mais tradicionais da região Centro-Oeste, o pequi, que é amplamente utilizado na culinária regional. O óleo obtido da polpa do pequi é utilizado na medicina folclórica para o tratamento de resfriados, dores de garganta, processos inflamatórios broncorrespiratórios e outras doenças respiratórias e inflamatórias4,5.

A polpa do pequi contém de 14,8 a 34% de lipídios, 2,2 a 6,0% de proteínas, 10,2 a 11,6% de fibras, 19,7 a 21,5% de carboidratos e um conteúdo variável de frutose. Além disso, contém diferentes compostos antioxidantes, como ácido ascórbico, compostos fenólicos, carotenoides complexados (como β-caroteno, licopeno, ζ-caroteno, criptoflavina, β-criptoxantina, anteraxantina, zeaxantina, mutatoxantina, violaxantina, luteína e neoxantina6-10. A polpa do pequi é, também, muito

rica em sais minerais e cálcio, fósforo, magnésio, potássio, ferro e cobre, além de uma importante fonte de vitaminas B1 (tiamina), B2 (riboflavina) e B3 (niacina e ácido nicotínico)6,11.

Do ponto de vista etnomedicinal, o fruto do pequizeiro pode ser considerado um adaptógeno, isto é, possui substâncias regulatórias do metabolismo, que auxiliam o organismo a adaptar-se aos fatores ambientais adversos, evitando seus efeitos lesivos. O uso contínuo de adaptógenos auxilia a combater diferentes tipos de estresses causados por hipoglicemias, imunodeficiências, danos oxidativos nas biomoléculas, processos crônicos degenerativos e o envelhecimento precoce12. Isso

pode ser constatado pela composição de vários antioxidantes naturais, como vitaminas C e E, diferentes carotenoides complexados, compostos

fenólicos e óleos essenciais que protegem o DNA e as outras biomoléculas de lesões oxidativas, que podem ser considerados como protetores de lesões pré-neoplásicas13.

A vida moderna nos confronta com diferentes situações que levam a desgastes físicos. Práticas esportivas extenuantes, como corridas de fundo e outros esportes de alto rendimento, podem levar a uma sobrecarga na produção de radicais livres que vai além da capacidade de absorção pelas enzimas antioxidantes. Assim, a suplementação com substâncias naturais com potencial antioxidante é preconizada para aliviar tal estresse. A partir dessas informações do conhecimento tradicional sobre o pequi, realizamos uma série de estudos no Laboratório de Genética da Universidade de Brasília, para verificar a base científica de tais efeitos fitoterápicos. Assim, vamos apresentar uma revisão de cerca de quinze anos de estudos que resultaram em uma série de artigos publicados em diferentes periódicos.

Metodologias

Descrição dos principais métodos e técnicas empregados nos diferentes estudos:

Teste do micronúcleo (MN): quantifica quebras cromossômicas, bem como erros de segregação cromossômica durante a mitose. É um teste realizado em diferentes tipos celulares para avaliar a indução de mutações cromossômicas de compostos químicos.

Ensaio do Cometa - Single Cell Gel Electrophoresis: eletroforese em células isoladas para avaliar o nível de fragmentação no DNA. A célula apresenta uma cauda formada por fragmentos de DNA que migram para fora do núcleo quando submetida a um campo elétrico, apresentando o aspecto de um cometa.

TBARS: avaliação colorimétrica/espectrofo-tométrica da reação com o ácido tiobarbitúrico. Mede os índices de peroxidação lipídica numa amostra de tecido ou sangue. Usada para avalia-ção do grau de estresse oxidativo em amostras biológicas.

Teste de hematotoxicidade: apresenta o hemograma, leucograma e plaquetograma em uma amostra de sangue de camundongos após exposição a uma substância química. Dá uma noção do efeito adverso de uma substância sobre

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usamos um equipamento automatizado (ADVIA 1650 – Bayer Diagnostics).

Biomarcadores séricos: teste bioquímico de quantificação enzimática por espectrofotometria associado a exposição à substância teste. Catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GPX) são as principais enzimas antioxidantes que protegem o organismo contra o estresse oxidativo. Aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) e creatina quinase (CK) são biomarcadores séricos de lesão celular, quantificados automaticamente (ADVIA – 1650, Bayer Diagnostics). Todos os estudos envolvendo modelo animal (in vivo) foram previamente aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA/UnB), de acordo com a legislação brasileira. Os estudos com voluntários foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/UnB).

Resultados

Estudos em modelo animal

Prevenção contra o estresse oxidativo causado por quimioterápicos do câncer

Camundongos albinos suíços foram tratados oralmente por 30 dias consecutivos com extrato da polpa do pequi na concentração de 30 mg/kg. Em seguida foram expostos por 20 h a bleomicina, um quimioterápico do câncer que induz a formação de radicais livres e promove quebras de cromossomos, formando MNs. Um outro grupo foi somente exposto a bleomicina. Ao quantificar as frequências de MNs nas células de medula óssea, observamos que o grupo previamente tratado com extrato de pequi apresentou frequências de MNs estatisticamente inferiores àqueles somente expostos a bleomicina. Assim, o extrato de pequi protegeu os camundongos do estresse oxidativo causado pela bleomicina e, consequentemente, dos danos nos cromossomos14. O teste do TBARS

nas amostras de sangue dos camundongos tratados com o extrato de pequi apresentou os menores níveis de peroxidação lipídica induzidas pela bleomicina, comparado ao grupo exposto a somente bleomicina13.

de pulmão

Em um estudo em colaboração com a Universidade de São Paulo (USP), testamos o extrato e o óleo do pequi para avaliar a sua capacidade quimiopreventiva contra o câncer de pulmão induzido pelo uretano. O uretano é um agente carcinogênico que causa estresse oxidativo. Após o tratamento combinado em camundongos Balb/C com uretano mais extrato de pequi e uretano mais óleo de pequi, fez-se análise de danos no DNA por meio do teste do cometa e da reação de TBARS para medir os índices de danos no DNA e os níveis de peroxidação lipídica nas células do tecido pulmonar, respectivamente. Após 60 dias de tratamento, foi demonstrado que tanto o extrato como o óleo do pequi tiveram uma ação quimioprotetora contra o estresse oxidativo e os efeitos mutagênicos do uretano, que levariam ao câncer de pulmão15.

Prevenção de lesões pré-neoplásicas em fí-gado de camundongos

Em outro estudo colaborativo com a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, investigamos a capacidade do óleo do pequi na prevenção da evolução de lesões pré-neoplásicas em fígado de camundongos Balb/C. A prevenção ao desenvolvimento de lesões pré-neoplásicas é uma das melhores estratégias para evitar a ocorrência do câncer. Por isso, há uma busca constante por produtos naturais que possam ter essa atividade biológica, para que possam servir de modelo para a síntese de novos quimioterápicos. O modelo de indução de lesões pré-neoplásicas em fígado de camundongos através da injeção de dietilnitrosamina (DEN), um conhecido hepatocarcinógeno, foi utilizado para avaliar se o óleo de pequi previne o desenvolvimento dessas lesões. Dois grupos de camundongos receberam uma injeção intraperitoneal de DEN a 10 µg/ kg. Em seguida, passaram ao tratamento diário via oral com o óleo de pequi a 100 mg e 400 mg por 25 semanas consecutivas. Ao final desse período foram feitas análises histopatológicas dos fígados na pesquisa de lesões e focos pré-neoplásicos. Como todos os grupos receberam o

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DEN, houve a formação de lesões pré-neoplásicas; entretanto, aqueles grupos que foram tratados com o óleo de pequi a 100 mg e 400 mg tiveram um remodelamento nas lesões, com o surgimento e proliferação de hepatócitos saudáveis dentro da lesão neoplásica. O grupo DEN + 400 mg de óleo apresentou a menor incidência de adenomas, comparando-se com os outros grupos. Em conclusão, o tratamento dos camundongos com 400 mg/kg/dia de óleo de pequi reduziu o desenvolvimento de lesões pré-neoplásicas e adenomas no fígado16.

Estudos com camundongos idosos

Com o envelhecimento, ocorre o decréscimo na capacidade antioxidante, e consequentemente, aumentam os níveis de estresse oxidativo e distúrbios fisiológicos, comprometendo tanto a estrutura como a função de proteínas, lipídeos e o DNA18. Isto favorece processos inflamatórios

associados ao aumento de risco para doenças. Com base nessas evidências, investigamos o potencial antioxidante e anti-inflamatório do óleo de pequi em camundongos albinos suíços idosos (doze meses de idade) de ambos os sexos e fizemos uma análise comparativa com camundongos jovens (6 meses de idade). Foram avaliados hematograma, leucograma e plaquetograma nos quatro grupos experimentais: 1) jovem sem exposição ao óleo; 2) jovem com exposição ao óleo; 3) idoso sem o óleo; e 4) idoso com o óleo. Os grupos que foram tratados receberam oralmente o óleo de pequi na concentração de 30 mg/kg/dia por 15 dias consecutivos. Os resultados do hemograma completo mostraram uma forte tendência para o maior desenvolvimento de processos inflamatórios crônicos, com queda nas defesas imunológicas no grupo dos camundongos idosos, comparado ao grupo jovem. Porém, o grupo de camundongos idosos que recebeu o tratamento com o óleo de pequi apresentou aumento nas porcentagens de linfócitos circulantes e decréscimo nas porcentagens de neutrófilos+monócitos, sugerindo um efeito protetor contra a instalação de processos inflamatórios crônicos associados naturalmente à idade, além de fortalecer as defesas imunitárias. Essas diferenças foram estatisticamente diferentes comparando ao grupo de camundongos idosos que não recebeu o tratamento com o óleo do pequi. Com relação aos grupos jovens, a administração do óleo de pequi não apresentou diferenças

estatisticamente diferentes entre ambos os grupos. Isso demonstrou que, para organismos jovens, a suplementação adicional antioxidante e anti-inflamatória não apresentou efeitos tão relevantes como apresentou para organismos mais idosos. Assim, a suplementação dietária de organismos idosos com o óleo de pequi pode ser uma boa estratégia para a proteção contra anemia, processos inflamatórios e estresse oxidativo relacionados ao envelhecimento, auxiliando na prevenção de doenças crônico-degenerativas17.

Estudos em modelos in vitro

Células de ovário de hamster chinês (CHO-K1) em cultura foram expostas ao extrato aquoso de pequi, a bleomicina e à combinação do extrato do pequi e posteriormente bleomicina. As culturas celulares pré-expostas ao extrato de pequi sofreram menor número de quebras cromossômicas induzidas pela bleomicina, comparadas com as culturas expostas somente a bleomicina. Conclui-se que tanto in vivo como in vitro os extratos aquosos da polpa do pequi apresentaram um efeito anticlastogênico, isto é, protegeram os cromossomos contra as quebras induzidas pela bleomicina14.

Teste de degradação oxidativa da 2-desoxir-ribose (2-DR): a reação de Fenton promove a formação de radicais hidroxila (OH), levando a oxidação da 2-DR, que pode ser quantificado por espectrofotometria. A adição do extrato de pequi inibiu a reação de Fenton, pois diminui a formação de radicais OH, que então diminui a degradação oxidativa da 2-DR, como pode ser visto na Figura 114.

Figura 1. Cinética da inibição da oxidação da

2-desoxirribose pelo peróxido de hidrogênio (H2O2), após a adição do extrato de pequi a cada 5 minutos, em 500 µL de solução durante 40 minutos de reação.

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Estudos em atletas, corredores fundistas

Atletas fundistas voluntários (n=125) fizeram a ingestão de cápsulas de óleo de pequi com 400 mg por 14 dias consecutivos antes de correr uma prova de fundo. Amostras de sangue foram colhidas logo ao término da prova. Os controles foram os mesmos atletas que fizeram a prova em outro momento, sem o uso das cápsulas. AS avaliações de proteína C-reativa, LDL e índice de danos no DNA (teste do cometa) mostraram valores estatisticamente reduzidos em relação ao controle. Foram demonstradas atividade antigenotóxica contra lesões oxidativas no DNA, provocadas pelo estresse da atividade física extenuante, e atividade anti-inflamatória, pois esse tipo de estresse físico provoca a formação de focos de microlesões musculares, bem como modulação nos valores de LDL e na pressão arterial. Tais valores positivos foram mais acentuados nos corredores com idade acima dos 45 anos18,19.

Estudos em pacientes com lúpus eritemato-so sistêmico

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença complexa e multifatorial, caracterizada como autoimune, com um processo inflamatório crônico. O paciente lúpico produz naturalmente quantidades elevadas de radicais livres. Estudamos 73 pacientes da Clínica Reumatológica do Hospital Universitário de Brasília, que fizeram uso das cápsulas de 400 mg do óleo do pequi por 90 dias, num estudo duplo-cego com o uso de placebo. Verificou que os valores de proteína C-reativa decaíram após o uso das cápsulas, demonstrando o efeito anti-inflamatório. Os pacientes com LES apresentaram índices de danos no DNA mais elevados em relação à amostra controle sem LES, demonstrado pelo teste do cometa realizado em amostras de sangue periférico (Figura 2). Verificou-se, também, que o uso de vitamina D e a prática de exercícios físicos melhoram a condição de saúde dos pacientes. Assim, a redução nos processos inflamatórios sistêmicos com um produto natural

diminui a formação de radicais livres e protege os pacientes lúpicos contra as lesões oxidativas que afetam o material genético20,21.

Figura 2. Resultado do teste do cometa nos

pacientes com lúpus, mostrando os níveis mais elevados de quebras no DNA em relação ao controle (indivíduos sem lúpus).

Fonte: Montalvão et al.20

Conclusões

Demonstramos que camundongos idosos tratados com o óleo da polpa do pequi apresentaram um perfil hematológico que ainda preserva as defesas imunitárias e anti-inflamatórias devido a suas propriedades nutracêuticas e antioxidantes sobre o tecido hematopoiético. Já os camundongos idosos que não foram tratados com o óleo do pequi, por outro lado, apresentaram um perfil hematológico com deficiências no leucograma e no plaquetograma típicas da idade avançada.

O extrato da polpa do pequi protege as células da medula óssea contra os efeitos colaterais secundários da bleomicina e da ciclofosfamida, pois diminui as frequências de células com micronúcleos induzidos por esses quimioterápicos do câncer, uma vez que o efeito primário é de clastogênese sobre a célula cancerosa15. Além

disso, protegeu os pulmões de camundongos, contra o estresse oxidativo causado pelo uretano, e o fígado, contra a carcinogênese induzida pela dietilnitrosamina16,17.

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Referências

maratonistas contra o estresse causado pelo esforço físico extenuante, principalmente o estresse oxidativo causado pelo metabolismo aeróbico acelerado, e contra os focos inflamatórios periféricos causados pelas microlesões musculares que ocorrem naturalmente durante a corrida de fundo. Além disso, devido a suas propriedades nutracêuticas, ajuda a manter a homeostase do corpo contra os desequilíbrios fisiológicos causados pelo intenso esforço físico.

Nos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, o óleo de pequi contribuiu como um adjuvante no tratamento, pois teve um efeito mais acentuado na redução dos níveis de proteína C-reativa, que é um marcador de reações inflamatórias. A aterosclerose é uma condição associada ao lúpus, cuja prevalência aumenta o risco cardiovascular. As correlações entre processo inflamatório sistêmico – que facilita a produção de radicais livres, que então promovem oxidação de lipídios – levam ao aumento de risco cardiovascular,

caracterizando o quadro complexo do LES. O uso do óleo do pequi, associado a todo o esquema terapêutico preconizado contra o LES, pode auxilliar no bloqueio dessa sucessão de eventos e melhorar a condição de saúde do paciente.

As propriedades anti-inflamatórias e antio-xidantes do óleo de pequi foram constatadas em todas as nossas investigações em modelos animais e em duas diferentes condições no homem. O uso do óleo mostrou-se mais efetivo em camundongos idosos e em indivíduos acima dos 45 anos. Ao final de todos esses estudos, registramos as cápsulas gelatinosas de óleo de pequi na ANVISA como um nutracêutico, e a patente no INPI. Constatamos cientificamente a veracidade do conhecimento popular e da medicina folclórica. Uma forma de preservar a biodiversidade no mundo capitalista é a agregação de valor econômico. Assim, manter o pequizeiro em pé para a sua exploração susten-tável é mais racional do que dentro de um saco de carvão.

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