• Nenhum resultado encontrado

PROJETO DE PESQUISA : ADOLESCÊNCIA E SENTIDO DE VIDA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PROJETO DE PESQUISA : ADOLESCÊNCIA E SENTIDO DE VIDA"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

Título: PROJETO DE PESQUISA : ADOLESCÊNCIA E SENTIDO DE VIDA Área Temática: Psicologia da Educação

Nome da autora: BERTA WEIL FERREIRA

Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - Programa de Pós Graduação em Educação

Contexto do problema

Introdução

A sociedade atual, capitalista e consumista é complexa e violenta, apre-sentando poucos atrativos para a juventude. A violência que se vê nas ruas, amplamente divulgada pelos meios de comunicação de massa, leva os jovens a assumir comportamentos anti-sociais, tornando-os fonte de preocupação e pondo em risco o equilíbrio familiar. Assistimos estudantes de classe média, ao celebrar sua aprovação no vestibular, expondo sua vida e a dos colegas à mor-te, os de classe média queimando mendigos nas ruas, bebendo e consumindo drogas e outros usando armas como se estivessem participando de guerras e capazes de metralhar colegas.

Conforme ERIKSON (1987), durante a adolescência o problema central é o estabelecimento da identidade. Contudo, não é fácil para o jovem definir sua identidade. Há pressões de todos os lados, tanto dos companheiros e das insti-tuições, quanto dos familiares.

As pressões sociais, a violência, as dificuldades de toda a sorte resultam numa desorganização que FRANKL (1991) denomina de “vazio existencial “.

O sentido de vida é, para FRANKL, a única coisa capaz de enfrentar o té-dio, a falta de razão para viver, o fastio interior, o “ vazio existencial “.

Interessa-me saber como o adolescente constrói a identidade e como a descoberta do sentido de vida pode auxiliar o estabelecimento desta identida-de.

É o que pretendo investigar, acreditando ser possível unir paradigmas tão diversos como o psicanalítico (ERIKSON) e o existencial-humanista (FRANKL).

(2)

Pretendo conjugar neste estudo o fundamento da Logoterapia – o senti-do da vida - e uma concepção neo-freudiana senti-do desenvolvimento humano – a identidade – porque tenho admiração por ERIKSON e FRANKL.

Área temática e formulação do problema

A área temática desta investigação é a identidade do adolescente e suas implicações sociais e educacionais.

O problema pode ser assim definido:

A descoberta do sentido de vida pode auxiliar o estabelecimento da identidade do adolescente.

Objetivos do estudo

- Trazer subsídios para o estudo de adolescentes na realidade bra-sileira.

- Auxiliar o professor a compreender o aluno adolescente. - Analisar como se processa a descoberta do sentido de vida. - Verificar se a descoberta do sentido da vida auxilia o estabeleci-mento da identidade do adolescente.

Fundamentação teórica

Características da adolescência atual

Hoje há mudanças rápidas na ordem econômica, social e cultural, resul-tando na sua complexidade, no desemprego, na miséria, em problemas de es-colarização, do preparo profissional, da divisão de trabalho e definindo para cada idade uma série de influências particulares. Surge o conflito de

gera-ções.

Fazendo comparação entre a família antiga e a de hoje, FARID (1983) mostra que os valores estão muito mudados : privilegia-se mais a afirmação individual do que a submissão à comunidade e os papéis atribuídos aos dois sexos já não são tão claramente definidos como antigamente. Os pais, pressi-onados pela atividade profissional, vivem tensos e nervosos. Ao chegar em casa, preferem colocar-se diante da televisão ou ouvir música, do que dialogar com os filhos. Os progenitores acreditam que a satisfação dos desejos

(3)

materi-ais dos filhos, deixando grande margem de liberdade, é suficiente para acalmar a consciência e ter paz. Há os que acreditam que devem deixar os filhos à von-tade, satisfazendo-lhes os impulsos, para abafar o próprio sentimento de culpa – mas incorrendo em grave erro educativo. Os pais pretendem tolerar as atitu-des dos mais jovens. Seguindo o exemplo de outras famílias, cedem às exi-gências e extravagâncias dos filhos. Estes, queimando etapas do desenvolvi-mento e sem senso crítico suficiente, sentem-se inseguros diante da liberdade excessiva. Para CORSO e In: Associação Psicanalítica de Porto Alegre (1997 p. 95), “ os pais costumam ter duas saídas, a retrógrada e a moderninha: na pri-meira decretam o seu permanente estado de horror, excluindo-se de cena, na segunda, retroagem à própria posição de adolescente, sendo mais avant-garde que os próprios, dando camisinhas a assustados púberes, que conhecem tão bem os seus corpos e os do sexo oposto, como conhecemos a geografia da Sibéria.” Ambas levam os adolescentes a um sentimento de incerteza, de não poder contar com o adulto, o que se expressa pela agressividade.

LUKAS (1990) observa que uma das características atuais é a maturação

precoce e a adolescência prolongada. As crianças devem discutir tema

atu-ais, como sexo e os malefícios do fumo, acionar computadores, mas não têm maturidade de elaborar emocionalmente estas questões. Seu desenvolvimento ocorre de forma unilateral, são incapazes de abandonar as posições infantis ao mesmo tempo em que desejam a independência dos pais. Para BLOS (1995), a adolescência prolongada é a única solução que os jovens encontram na inca-pacidade de abandonar as posições infantis juntamente com o desejo de inde-pendência e auto-afirmação. PALACIOS, In: COLL, PALACIOS e MARCHESI (1995), diz que a adolescência prolongada ocorre porque os filhos dependem dos pais, não encontram trabalho e necessitam de uma prolongada escolaridade. São dependentes financeira e emocionalmente.

A identidade do adolescente

ERIKSON (1987) estabeleceu uma teoria do desenvolvimento em que a vi-da se resume em oito ivi-dades diferentes e cruciais. Em cavi-da uma delas hé um conflito básico, de cuja solução ou permanência depende a conquista do está-gio seguinte. Através da sucessão destas oito idades, o indivíduo irá adquirir a “identidade do Ego”. ERIKSON (1987) afirma que a identidade é a preocupação

(4)

de manter a unidade da própria personalidade e continuar sendo o mesmo ao longo do tempo.

A identidade tem sua crise normal na adolescência. Ela se estabelece através do desempenho de papéis. Os adolescentes precisam experimentar papéis identificando-se com heróis de cinema, com líderes de grupo, campeões de futebol, mesmo ao ponto de parecerem perder a própria identidade. Diz ERI-KSON(1987), que o perigo desta idade é a difusão de papéis, a incapacidade de fixar-se numa identidade.

O sentido da vida

ZINNECKER (1987) comparando os jovens da década de 50 com os de ho-je, afirma que os primeiros buscavam o sentido da vida e da própria identidade. Isto ocorria por um processo sublimatório através da produção literária e estéti-ca : diários, poemas, relatos de vivências. Mas o autor constata que os jovens de hoje se encontram também em um processo de busca pessoal de sentido e passam por crises de identidade. Também é esta a opinião de LUKAS (1988), que acredita que os jovens, no momento em que descobrirem metas de sentido nas suas vidas, também acharão as forças necessárias para alcançá-las. Então, a adolescência prolongada terá um fim, terminando o conflito entre as gerações. E surgirá a confiança básica e a responsabilidade consciente.

Este processo poderá ser pelo sofrimento. Com o sofrimento se abrirão as dimensões imateriais dos valores, quando os valores materiais se fecham.

FRANKL (1991), que viveu o sofrimento extremo nos campos de concen-tração nazistas, diz que o homem conserva sua dignidade, mesmo na situação mais trágica. Afirma que na dor, no sofrimento, o ser humano pode continuar lutando pela vida, uma vez que lhe descobriu o sentido. Assim os jovens, pelo sofrimento, aprenderão a dominar-se para alcançar objetivos superiores. Pas-sarão a valorizar novamente as relações familiares e terão a paz quando resta-belecerem a paz com os familiares.

O homem atual, para FRANKL (1991), busca o poder e o prazer. O poder simboliza a culminância de tudo o que pode adquirir : riqueza, status, admira-ção de seus semelhantes. O prazer é supervalorizado e o indivíduo o coloca em todas as suas realizações. Mas, quando não os consegue, sente o “vazio existencial”, não tem mais razão para viver. O homem atual manifesta uma

(5)

au-sência de conteúdos de vida, que valham a pena viver. Ele só tem a avidez de gozar ou mandar.

Também os adolescentes são incapazes de decidir por si. Muitas vezes escolhem o que fazer de acordo com a opinião dos outros, por conformismo, ou para mostrar que mandam nos outros, no afã de exercer o poder, por totalita-rismo.

O que fazer para despertar o sentido da vida?

A vida adquire sentido pelos valores que construimos, afirma Lacerda (1998), pelos valores que admiramos na natureza e pelos valores de atitudes, ou seja, pela coragem com que enfrentamos a vida e a dignidade que expres-samos como seres humanos.

Elisabeth LUKAS, discípula de FRANKL, desenvolveu um método que visa o aperfeiçoamento da consciência do educando. É uma combinação de liber-dade e responsabililiber-dade, que são os suportes da Logoterapia, Este método se divide em três etapas.

A primeira etapa consiste em mostrar novas dimensões de sentido, fa-zendo com que o jovem conheça novas possibilidades de sentido. O professor deve despertar a motivação, ensinar o jovem a se dedicar a algo, engajar-se em favor de algo, para que possa resistir à corrente resignada, responsável pelo vazio existencial.

Neste momento, o educador deve, segundo a autora (1990,p. 74), “mobili-zar a motivação do aluno, para iniciativas que mais tarde poderão lhe abrir no-vas dimensões de sentido, mesmo que, presentemente, não acredite nelas”.

A falta de conhecimento e o medo do futuro impedem muitas decisões. É preciso incentivar os jovens. O início de uma formação os atinge sem saber quais as possibilidades que surgirão. Se forem incentivados para realizá-las, verão que as possibilidades de sentido aparecem, e que, provavelmente, não surgirão sem esta realização prévia.

A segunda etapa mostra ao adolescente as possibilidades de sentido que se encontram na situação que ele está vivendo. Ele deverá selecionar o que lhe convém, decidindo o que é positivo, sem ignorar o que é negativo. As-sim perceberá as configurações de sentido existentes.

(6)

O educador deverá ajudar o aluno a deparar-se com as dificuldades libe-rando impulsos para enfrentar as ameaças e encontrar nova solidariedade.

Na terceira etapa é preciso realizar a vontade de sentido. Nas duas pri-meiras etapas a consciência foi desenvolvida, a percepção de sentido foi con-seguida. Agora é necessário realizar a intenção voluntária, é agir com vontade e determinação naquilo que é valioso para si mesmo.

Desenvolve-se, assim, “a vontade de realizar o sentido do percebido através de uma tarefa imposta a si mesmo”, conforme LUKAS (1990, p. 84). Esta tarefa nem sempre é fácil e pode exigir renúncias e autodeterminação. Mas, só assim, a pessoa poderá criar uma obra por ela própria ou amar outras pessoas por elas próprias.

Somente quando tiver certeza do que pretende na vida, quando definir seus objetivos, é que poderá combater o vazio existencial. Só então poderá planejar o seu futuro e viver intensamente a sua verdadeira identidade.

A investigação

Questões norteadoras

- Como se processa a descoberta do sentido da vida ?

- A descoberta do sentido da vida facilita o estabelecimento da identidade ?

Metodologia

Esta pesquisa descritiva será realizada num enfoque qualitativo. Campo de estudo e participantes

O espaço para a coleta de informações serão as classes de terceiro ano do 2º Grau de escolas particulares e públicas de Porto Alegre.

Nestas escolas serão escolhidos quinze jovens, com idade entre 16 e 18 anos, idade em que o estabelecimento da identidade se torna mais premente. Coleta de informações e instrumentos

(7)

O instrumento para a coleta de dados será a entrevista, porque segundo MARTINS (1989), é a única possibilidade que se tem de obter dados relevantes sobre o mundo e vida do respondente.

Serão realizadas entrevistas semi-estruturadas que, com a permissão dos participantes e guardado o anonimato, serão gravadas e transcritas, para assegurar fidelidade às suas expressões Para TAYLOR e BOGDAN (1986, p.103) “usa-se a entrevista para avaliar os acontecimentos que não se podem obser-var diretamente”.

Roteiro da entrevista

1. Dados de Identificação (Nome fictício, sexo, idade) 2. Tópicos geradores :

Identidade

Conceito – Situação diante do passado, presente e futuro Sentido da vida

Conceito – Etapas para despertar o sentido da vida Análise e interpretação dos dados

Os dados colhidos nas entrevistas e que irão constituir o “corpus“ da pesquisa, serão submetidos à técnica de análise de conteúdo, segundo BARDIN (1979).

A análise de conteúdo se processa por fases sucessivas : 1) pré-análise; 2) exploração do material e 3) interpretação do material categorizado.

Durante a pré-análise, as entrevistas transcritas, que constituem o mate-rial organizado da pesquisa, são lidas muitas vezes. É o que BARDIN chama de “leitura flutuante “.

Durante a exploração do material se faz a codificação e a escolha de ca-tegorias, o que representa classificação e agregação de temas.

Na interpretação analisa-se o discurso dos participantes da pesquisa à luz das categorias, para chegar às inferências e ir além do que é simplesmente expresso. Segundo LÜDKE e ANDRÉ (1986,p.52) “é preciso uma atitude flexível e aberta, admitindo interpretações, que podem ser sugeridas, discutidas e acei-tas “.

(8)

Na interpretação pretende-se ir além do que é expresso, chegar às in-tenções do participantes, buscando o verdadeiro sentido de suas falas.

Cronograma 1º / 99 2º / 99 1º/ 2000 2º/ 2000 Elaboração do projeto ___________________________ Revisão da literatura ____________________________ Elaboração do instrumento _______________________ Coleta de dados _______________________________ Análise dos dados ______________________________ Interpretação dos resultados ______________________ Elaboração do relatório __________________________

Referências Bibliográficas

Adolescência : entre o passado e o futuro. Associação Psicanalítica de Porto

Alegre. Porto Alegre : Artes Médicas, 1997.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa : Edições 70, 1979.

BLOS, Peter. Adolescência : uma interpretação psicanalítica. São Paulo : Mar-tins Fontes, 1995.

COLL, Cesar; PALACIOS, Jesus; MARCHESI, Alvaro. Desenvolvimento

psi-cológico e educação. Porto Alegre : Artes Médicas, 1995.

ERIKSON, Erik. Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro : Guanabara, 1987.

_____. O ciclo de vida completo. Porto Alegre : Artes Médicas, 1998.

FARID, B. La jeunesse em question. Paris : La Documentation Française, 1983.

FRANKL, Viktor. Psicoterapia para todos. Petrópolis : Vozes, 1991. _____. Psicoterapia e sentido de vida. São Paulo : Quadrante, 1986.

LACERDA, Catarina de O. Pasin; LACERDA, Milton Paulo. Adolescência : problema, mito ou desafio? Petrópolis : Vozes, 1998.

(9)

_____. Mentalização e saúde. Petrópolis : Vozes, 1990.

LUDKE,Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação : abordagens qualitati-vas. São Paulo : EPU, 1986.

MARTINS, Joel; BICUDO, Maria Aparecida. A pesquisa qualitativa em

Psico-logia. São Paulo : Moraes/EDUSP, 1989.

TAYLOR, S.J.; BOGDAN, R. Introducción a los metodos qualitativos. Bue-nos Aires : Paidós, 1986.

ZINNECKER, Jurgen. La juventud actual. In: Revista Educación, n. 35, Tubin-gen : Instituto de Colaboración Cientifica, p.55-72, 1987.

Referências

Documentos relacionados

As espécies predominantes (mais freqüentes, constantes e dominantes) foram Anastrepha obliqua (Macquart) em Campos dos Goytacazes e São Francisco do Itabapoana, Anastrepha fraterculus

Acreditamos que o estágio supervisionado na formação de professores é uma oportunidade de reflexão sobre a prática docente, pois os estudantes têm contato

A maior suscetibilidade à infecção no sexo feminino além das condições anatômicas é devido a outros fatores cistite, ato sexual, uso de certas geléias

Logo no início da vitelogênese, ou crescimento secundário, já é possível distinguir as camadas interna e externa da teca, a zona radiata já é mais espessa e mais corada, e

Para além disso, é também importante considerar, para certos produtos, a sazonalidade, o possível aumento na sua publicitação em meios de comunicação, e por

BMI, body mass index; BS, bariatric surgery; CG, control group; EG, exercise group; LPA, light physical activity; MVPA, moderate to vigorous physical activity; SB,

Assim como observado para as amostras preparadas com trimiristato de glicerila, não é possível afirmar a existência de interação entre a quercetina e o behenato de

The recent Matrix Analogue of the Accelerated Overrelaxation (MAAOR) iterative method [58], which contains as particular cases the Accelerated Overrelaxation (AOR) [54] and