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SÍNTESE DE NANOPARTÍCULAS DE PRATA PARA PRODUÇÃO DE TINTAS CONDUTORAS: UMA REVISÃO

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SÍNTESE DE NANOPARTÍCULAS DE PRATA PARA PRODUÇÃO DE TINTAS CONDUTORAS: UMA REVISÃO

I. J. Fernandes, A. F. Aroche, C. A. M. Moraes, C. R. Peter, W. Hasenkamp Av. Unisinos nº 950, São Leopoldo, RS, Brasil, CEP 93022-000

ijk.fernandes@gmail.com

Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, Instituto Tecnológico em Semicondutores

RESUMO

As nanopartículas de prata se tornaram populares em diversas aplicações para a indústria química, médica e também eletrônica devido suas propriedades físicas e químicas únicas. Na área de eletrônica flexível, as nanopartículas tem se mostrado fator-chave na produção de tintas condutoras. Vários métodos físicos e químicos têm sido utilizados para a síntese e estabilização das nanopartículas de prata. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão dos métodos de síntese de nanopartículas de prata existentes, mais utilizados e que foram bem sucedidas para produção de tintas condutoras. Os resultados da pesquisa realizada mostram que nem todos os métodos são adequados para produção destas tintas. É essencial que o método de síntese não produza uma dispersão diluída de nanopartículas, pois isso dificulta a produção da tinta condutora. Além disso, a revisão efetuada mostra que é necessário levar em consideração as propriedades da tinta condutora para determinada aplicação.

(2)

INTRODUÇÃO

A prata em escala nanométrica tem gerado interesse de pesquisadores de diferentes áreas desde o início da era da nanotecnologia. A prata é moldável e maleável, possui elevada condutividade térmica e elétrica, além de ser um oxidante forte. Nanopartículas de prata apresentam aplicações promissoras em diversos campos da ciência e tecnologia (1). Devido às suas propriedades físicas e químicas únicas (como tamanho e forma, propriedades ópticas, elétricas e magnéticas), as nanopartículas de prata têm sido amplamente utilizadas em várias áreas e com produção e utilização aumentando exponencialmente. Além do uso tradicional na área de engenharia, em aplicações como catálise, dispositivos óticos, biosensores, diagnósticos e detecção biomolecular, propriedades como a excelente atividade antibacteriana fez com que as nanopartículas de prata se tornassem populares em uma escala generalizada de aplicações (incorporação em tecidos, tintas, desinfetantes, dispositivos médicos, purificação de água, entre outros), além de ser elemento-chave para produção de tintas condutoras para uso na área de eletrônica flexível (2).

Diferentes métodos têm sido utilizados para a síntese e estabilização de nanopartículas de prata, tais como físicos, químicos, eletroquímicos, fotoquímicos, radiação gama e ablação a laser. As abordagens químicas mais populares são a redução química, utilizando uma variedade de agentes redutores orgânicos e inorgânicos, técnicas eletroquímicas, redução físico-química e a radiólise. Também existem diversos métodos considerados ambientalmente benéficos (química verde). Abordagens de síntese verdes incluem polioxometalatos de valência mista, polissacarídeos, métodos biológicos e irradiação que têm vantagens sobre os métodos convencionais por não envolver agentes químicos associados a toxicidade ambiental (3). Na prática, de forma semelhante a outros métodos químicos, os métodos de “síntese verde” utilizam diferentes extratos de plantas que atuam como agente redutor, assim como agentes de estabilização (1).

Dependendo do método utilizado podem ser obtidas nanopartículas de prata com diferentes morfologias, tamanhos, formas e concentração (4). Outra questão importante, relacionada ao método utilizado, é que na maioria dos casos, concentrações elevadas de dispersantes poliméricos são necessárias para obter coloides estáveis. Por conseguinte, as partículas são incorporadas em uma matriz

(3)

orgânica, que não pode ser removida sem afetar as propriedades ou a estabilidade e dispersão das partículas. Isto pode ter um efeito negativo em muitas aplicações. A indústria de eletrônicos, por exemplo, aproveitou o baixo ponto de fusão das nanopartículas de prata para gerar filmes condutores a baixas temperaturas. Para produzir esses filmes, as partículas não podem ser cobertas com camadas espessas de material orgânico, o qual se decompõe em temperaturas elevadas e não são condutoras. Embora existam métodos capazes de preparar partículas livres de dispersantes adequados, eles resultam em sistemas bem dispersos somente em baixas concentrações onde a estabilização eletrostática é eficaz. Por estas razões, é importante não só aplicar métodos capazes de gerar dispersões concentradas de nanopartículas de prata, mas também encontrar soluções práticas para o seu isolamento, purificação e redispersão (5). Panigrahi (2013) salienta ainda que há a necessidade de estudos para tornar este material economicamente e comercialmente viável, bem como melhorar as rotas de síntese de nanopartículas de prata do ponto de vista ambiental. Neste sentido, Rao et al. (2015) enumera três desafios fundamentais envolvidos na síntese de tintas condutoras a base de prata, conforme mostra a Figura 1.

Figura 1 – Representação dos processos envolvidos na formulação de tintas condutoras. Fonte: (1).

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão dos métodos de síntese de nanopartículas de prata existentes e mais utilizados, assim como avaliar as abordagens que foram bem-sucedidas para produção de tintas condutoras.

METODOS DE SÍNTESE DE NANOPARTÍCULAS DE PRATA

A Erro! Fonte de referência não encontrada. mostra um levantamento com diversos estudos e a metodologia de obtenção e síntese de nanopartículas de prata.

Síntese das nanopartículas de prata Formulação da tinta Aplicação baseada no método de aplicação

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Tabela 1 – Síntese de estudos e metodologias para obtenção de nanopartículas de prata.

Referência Objetivo do

Estudo Metodologia Principais Resultados

(3) Realizar “síntese verde” de nanopartículas usando solução aquosa de Azadirachta indica e AgNO3

Extrato das folhas de Azadirachta indica e Acorus calamus foram utilizados para a redução de íons de prata através do gotejamento em soluções diluídas de nitrato de prata.

A concentração do extrato desempenhou papel importante na forma e tamanho das nanopartículas. Azadirachta mostrou maior eficiência. (6) Realizar biossíntese de nanopartículas pela redução de uma solução aquosa de Ag+ com extrato metanólico de folhas de Eucalyptus hybrida

Extrato das folhas de Eucalyptus hybrida foi extraído em extrator Soxhlet com metanol durante 48 horas e a síntese das nanopartículas foi realizada pela adição cuidadosa do extrato em 50 ml de AgNO3 1mM em frascos

cónicos de 100ml à temperatura ambiente no escuro.

Foram obtidas

nanopartículas de prata em formato esférico variando de 5 a 150nm. (7) Estudar variáveis de processo na síntese de nanopartículas usando extrato aquoso de Azadirachta indica (Neem)

Síntese de nanopartículas foi realizada pela adição de extrato de folhas de Neem em diferentes concentrações à solução de AgNO3 0,01M em diferentes

proporções. Para redução os frascos foram incubados durante 4 h em agitador rotativo a 120 rpm a 28°C e foram testados diferentes pHs (usando soluções diluídas de H2SO4 e NH4OH).

O percentual do extrato de folhas de Neem 20% na proporção 1:4 apresentou maior pico. No tempo de interação de 4 h, as nanopartículas ficaram abaixo de 20 nm e com forma quase esférica. A estabilidade da distribuição do aglomerado foi melhor em pH alcalino. (8) Produzir nanopartículas usando folha de gergelim como complexante

Para complexação das nanopartículas 15mL de extrato de folhas de gergelim foram adicionados a 15mL de solução de AgNO3 0,01 M, gota a gota. Após o

material foi agitado em mesa agitadora durante 4 horas, 120rpm.

Foi observado decréscimo da estabilidade das

nanopartículas com o tempo.

(9)

Sintetizar

nanopartículas de prata e ouro por um processo simples e ambientalmente amigável

Redução da prata realizada pela adição de chá verde em 5 mL solução de AgNO3 10-3M juntamente com solução

de amônia. A adição de extrato C.

sinensis tornou a solução de prata de

amarelo para marrom escuro.

A redução de íons de prata e formação de nanopartículas estáveis ocorreu dentro de 4h de reação. O menor volume de extrato adicionado resultou em melhores nanopartículas, porém mais diluídas.

(10) Realizar síntese de nanopartículas através de método verde usando extrato de folhas de P. nigram

Para síntese das nanopartículas, 5 mL de extrato de folhas de P. nigram foram adicionados gota a gota em 100 mL de solução de AgNO3 1-5 mM, durante o processo a solução foi misturada vigorosamente.

Com o aumento da

concentração de AgNO3, as

soluções ficaram mais castanhas e foram obtidas nanopartículas maiores. O diâmetro variou entre 5 e 50 nm. Foi observada aglomeração em concentrações superiores a 3 mM. (11) Preparar e caracterizar nanopartículas a partir da redução dos íons Ag+ em meio aquoso

Redução da prata realizada pelo gotejamento de 25 mL de solução 0,001M de nitrato de prata em 75 mL de solução 0,002M de borohidreto de sódio em banho de gelo. Foram testados diferentes estabilizantes.

O procedimento possibilitou a obtenção de solução coloidal de nanopartículas. A adição de PVP ou PVA aumentou a estabilidade da suspensão enquanto os demais reduziram e aglomeraram.

(5)

Referência Objetivo do

Estudo Metodologia Principais Resultados

(12) Sintetizar nanopartículas de Ag pelo método da redução química e caracterizar as mesmas

Solução de nitrato de prata foi reduzida pela adição de uma solução diluída (AgNO3 0,25 mM) em solução de

citrato de sódio (Na3C6H5O7.2H2O 0,25

mM) sob agitação vigorosa e ao abrigo da luz. Imediatamente após a mistura dessas duas soluções, adicionou-se NaBH4 1 mM. Em seguida, a agitação

foi mantida por mais 1 min e a solução resultante (de tonalidade amarelo-ouro) foi imediatamente armazenada em frasco âmbar e ao abrigo da luz.

Foram elaboradas nanopartículas de formato esférico com tamanhos médios de 7,3 ± 4,3 nm, os ensaios microbiológicos revelaram que apenas a solução mais concentrada (1000 ppm) apresentou atividade antimicrobiana em relação às duas bactérias testadas (13) Método NaBH4 Analisar a reprodutibilidade dos métodos de síntese e avaliar a estabilidade dos colóides produzidos em diversos meios

Solução de AgNO3 1 mM foi gotejada

em 30 ml de NaBH4 2 mM a

temperatura foi mantida em 2,5 a 3°C. Foram testados como estabilizadores o PVA 2%, PVP e CMC 2%.

As nanopartículas ficaram estáveis em meio aquoso por mais de 90 dias, porém aglomeram-se na presença de eletrólitos. A CMC sódica mostrou-se o melhor meio de estabilização. As partículas sintetizadas ficaram com tamanho entre 10 e 15 nm (13) Método Citrato de Na Analisar a reprodutibilidade dos métodos de síntese e avaliar a estabilidade dos colóides produzidos em diversos meios

5 mL solução de citrato de sódio 1% foi gotejada em 125 ml de AgNO3 1 mM

em ebulição e agitação vigorosa. A solução foi deixada em repouso até temperatura ambiente. Foram testados como estabilizadores o PVP e o PVA.

As nanopartículas sintetizados por citrato de sódio são estáveis em meios poliméricos. Em meio aquoso sem a presença de estabilizantes tendem a agregar-se entre 60-90 dias. O tamanho médio ficou entre 35-50 nm. (14) Preparar nanopartículas através da redução do nitrato de prata com a glicose, na presença de PVP para aplicação eletrônica

Solução de AgNO3 concentrada foi

gotejada em solução mista de PVP, glicose e NaOH a 60°C sob agitação constante. Depois a solução misturada foi agitada durante mais 10 min. As partículas foram separadas por centrifugação, e os produtos sólidos foram lavados com água destilada várias vezes até remoção completa de nitratos.

A proporção de glicose:prata foi mantida em 2. A razão molar NaOH:AgNO3 foi

melhor abaixo de 1,4. E a razão mássica PVP:AgNO3

que gerou as melhores nanopartículas foi ≥ 1,5. (15) Compreender o mecanismo de formação de partículas, acompanhar a evolução e estudar a influência dos parâmetros da reação

Solução de AgNO3 diluída foi reduzida

pela adição de solução de PVP à temperatura ambiente. A suspensão foi agitada à temperatura ambiente até à dissolução completa do AgNO3 e após,

o sistema foi aquecido a 120°C a uma velocidade constante de 1°C/min, e a reação foi deixada prosseguir durante 22 horas a esta temperatura.

O controle rigoroso da concentração de PVP permite a síntese de coloides monodispersos. As concentrações mais elevadas permitiram a produção de um coloide monodisperso com melhor distribuição de tamanho de partícula. (16) Descrever um método simples, ambientalmente amigável e de baixo custo para a preparação de dispersões estáveis de nanopartículas de prata

100mL de solução de prata foram adicionadas em 400mL de solução de D-glicose contendo o agente de dispersão dissolvido. A solução de complexo de Ag foi preparada por adição de NH4OH concentrado. Após

decantação, as nanopartículas foram lavadas com água até pH neutro. Em seguida, os sólidos foram dispersos em água utilizando ultrassom para gerar dispersões estáveis, ou foram lavados com etanol, com secagem sob vácuo a baixa temperatura

Foram preparadas

nanopartículas com tamanho entre 30 e 120nm. Redução rápida e completa foi possível em pH elevado e acima de 50°C.

(6)

Referência Objetivo do

Estudo Metodologia Principais Resultados

(5) Apresentar estratégias para obtenção de dispersões concentradas de nanopartículas de prata

Síntese das nanopartículas de prata realizada pela redução usando goma arábica. Solução de prata e de NaOH foram adicionadas paralelamente em água deionizada sob mistura vigorosa. O precipitado resultante foi lavado e ressuspenso em solução de goma arábica. Após 90 min de agitação, solução concentrada de NaOH foi usada para decomposição da goma arábica.

A redução do óxido de prata foi insignificante a baixas temperaturas, mas

acelerada a 65°C. A redução completou-se após 30 minutos a 65°C.

Nanopartículas de prata de tamanho uniforme com um tamanho médio de partícula de 13nm foram obtidas.

Pode-se observar, analisando as diferentes abordagens apresentadas na Tabela 1, que os métodos de síntese verde (3,6–10) são muito similares aos métodos de redução química, porém utilizam como agentes redutores extratos de plantas. Augustine, Kalarikkal e Thomas (2014) salientam, no entanto, que apesar da síntese verde ser mundialmente aceita por apresentar menor toxicidade e ser ambientalmente mais benéfica, na prática a obtenção de nanopartículas usando estes métodos ainda é mais lenta e mais complexa para controle de tamanho e formato. Muitas metodologias apresentadas e amplamente estudadas para a síntese de nanopartículas (11–13) são realizadas com soluções muito diluídas de nitrato de prata, gerando assim, soluções onde as nanopartículas de prata são estáveis apenas em concentrações muito baixas. Nestas situações ainda é extremamente complexo realizar a separação destas nanopartículas. A centrifugação, embora um método de separação rápida e eficaz, tende a induzir a agregação de partículas de forma irreversível, o que torna difícil a redispersão (5).

Outro fator importante é a aglomeração. A aglomeração é uma das principais consequências na síntese química de nanopartículas. Ela afeta a vida e o desempenho da aplicação. Para utilização das nanopartículas para impressão a jato de tinta e em canetas de tinta condutora, as aglomerações podem bloquear o sistema dispensador, isto é, o bico do cartucho de impressão a jato de tinta ou a ponta da caneta de tinta condutora, dessa forma, resultando em obstrução e mau funcionamento dos equipamentos. Esta aglomeração pode ser superada através da adição de agentes de proteção adequados (1). Outros métodos, como o descrito por (15) necessitam de tempos elevados para formação das nanopartículas.

Conforme já colocado e evidenciado na Tabela 1, existem diversas técnicas para síntese de nanopartículas. Entre as técnicas de síntese existentes, a técnica de redução química se mostra como o método mais amplamente seguido e pesquisado

(7)

para a síntese de tinta de prata condutora por ser mais simples e mais fácil de produzir em escala laboratorial (1). Normalmente, a síntese pelo método químico depende de três fatores principais: precursores de prata, agentes de redução, e agentes de estabilização. Sendo que a forma, geometria, distribuição de tamanho e dispersão das nanopartículas são fortemente dependentes de parâmetros experimentais, tais como precursor, pH, temperatura e agentes redutores (17). Com relação aos estudos apresentados na Tabela 1, os métodos mais viáveis para produção de tintas condutoras, capazes de produzir coloides de prata altamente dispersos e com concentrações elevadas de prata foram os apresentados por Andreescu et al. (2007), Balantrapu e Goia (2009) e Wang et al. (2005).

TINTAS CONDUTORAS COM NANOPARTÍCULAS DE PRATA

Durante a última década, a indústria eletrônica tem visto uma redução dramática no tamanho dos circuitos integrados. A rápida miniaturização de componentes eletrônicos e dispositivos exige processos de produção que sejam rápidos e baratos. Os métodos tradicionais de fabricação de trilhas condutoras (serigrafia, fotolitografia e galvanoplastia) faz uso de tecnologias de máscara e gravação seletiva, para criar regiões de metalização em substratos não condutores. Tais métodos, embora eficazes, têm diversas desvantagens como o desperdício de material, a poluição química ou a tradução do produto lento. Por conseguinte, existe um novo interesse nas tecnologias de escrita direta, onde o material que tem propriedades eletrônicas desejáveis é depositado na forma de partículas sobre o substrato e, em seguida, convertido em elementos condutores (18).

As técnicas de impressão são muito versáteis pois os projetos podem ser feitos digitalmente permitindo que alterações sejam realizadas com facilidade e instantaneamente. Os procedimentos são ainda de baixo custo devido à redução do desperdício de materiais, característica implícita, já que a impressora deposita a tinta somente onde está programada para tal, enquanto em processos de litografia, por exemplo, o material é depositado sobre toda a área do substrato e, em seguida, removida nas zonas em que não é desejada (19).

Por definição, tintas condutoras são tintas que conduzem eletricidade. São normalmente formuladas a base de partículas metálicas, como a prata ou cobre, ou ainda partículas de carbono em uma matriz de retenção. Essa matriz é geralmente um polímero. Uma vez que a matriz é não condutora, ou fracamente condutora, é

(8)

necessário que seja reduzida através de cura, assim as partículas condutoras da tinta podem se tocar. Esta cura pode ser feita usando calor, luz UV, luz ou fotônica (20).

Rao et al. (2015) salienta que a prata tem propriedades únicas, possuindo a mais elevada condutividade elétrica quando comparada a qualquer outro metal, e por isso tem sido extensivamente usada para fabricação de componentes eletrônicos impressos. Assim, a este respeito, tintas com nanopartículas de prata permanecem como uma das melhores opções estudada por pesquisadores em todo o mundo.

Na verdade, o grande desafio na utilização de processos de impressão a jato de tinta de componentes eletrônicos é a formulação de tintas com propriedades físico-químicas adequadas. Especificamente, a reologia das tintas condutoras deve ser compatível com a tecnologia de impressão disponível. A tensão de superfície e viscosidade das tintas condutivas determinam a velocidade de ejeção das gotículas, o tamanho, a estabilidade e a forma das gotículas que incidem sobre o substrato. A forma do contato estabelece resolução e espessura, o que em última análise, determina as propriedades mecânicas e eletrônicas de rastreamento. As tintas que têm mostrado ser mais apropriadas para impressão possuem uma tensão superficial na ordem de 25-70 mN/m e viscosidade Newtoniana de 1-10 mPa (21).

De acordo com Rao et al. (2015), a qualidade da formulação da tinta depende, principalmente, dos agentes redutores utilizados, dos agentes estabilizantes e da viscosidade da tinta. Os agentes redutores influenciam diretamente na forma e tamanho das nanopartículas. Os agentes de proteção/estabilizadores são utilizados para prevenir a aglomeração das nanopartículas, melhorando, portanto, a vida da tinta. Os mais utilizados têm sido PVP, PEG e CTAB. Os solventes são o material líquido essencial para que a tinta condutora possa manter a viscosidade desejada para cada tipo de impressão. A escolha de solventes para tinta condutora depende principalmente da superfície de aplicação e de impressão. Diversos tipos de solventes estão disponíveis à base de líquidos de glicerol, etileno-glicol, etanol, acetona, acetato de etila, entre outros. A viscosidade ideal pode ser atingida através da utilização de solventes adequados, o que dá ao condutor uma melhor aderência da tinta e a secagem eficaz em todos os tipos de substratos (papel, vidro, PET, etc). Já os ligantes são necessários para ligar as partículas na síntese de tintas condutoras e ajudar na prevenção de fissuras após o processo de modelação. Um ligante adequado é muito importante para a formulação de tintas, e um dos mais conhecidos é HEC (hidroxietilcelulose).

(9)

CONCLUSÃO

Os resultados da pesquisa realizada mostram que apesar de existirem diferentes métodos e diversas abordagens para síntese de nanopartículas de prata, nem todos são adequados para produção de tintas condutivas. Para esta aplicação é essencial que o método de síntese não produza uma dispersão diluída de nanopartículas, pois isso dificulta a separação das mesmas e, consequentemente, a produção da tinta condutora.

De qualquer forma, a impressão de padrões usando tintas condutivas é muito vantajosa econômica e ambientalmente, pois reduzem desperdícios de materiais e apresentam-se como um processo simplificado para área de eletrônica flexível. Como visto no presente trabalho, as tintas de prata podem ser preparadas facilmente a partir de um precursor de prata através da abordagem mais adequada para este fim.

Além disso, a revisão efetuada mostra que as propriedades da tinta condutora (como viscosidade, tensão superficial, densidade, tamanho das nanopartículas e solvente empregado) estão estreitamente relacionadas e precisam levar em consideração outros fatores como o método de deposição a ser realizado, substrato empregado, espessura da camada e resistividade requerida para aplicação desejada.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq, BNDES e ao Grupo CCRR pelas bolsas e apoio financeiro.

REFERÊNCIAS

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The synthesis of silver nanoparticles for conductive ink production: A Review

ABSTRACT

Silver nanoparticles have begun to be used more frequently for applications in the chemical, medical, and electronic industries due to their unique physical and chemical properties. Inside the flexible electronics, silver nanoparticles play a big role in the production of conductive inks. Several physical and chemical methodologies have been used for the synthesis and stabilization of silver nanoparticles. This article presents a review of existing silver nanoparticle synthesis methods which are commonly used and that show significant results in the production of conductive inks. The results of the revision show that not all methods are suitable for the production of these inks. It is essential that the synthesis does not produce a diluted dispersion of nanoparticles, for it restrains the conductive ink production. Moreover, the review carried out shows that it is necessary to take into consideration the properties of the conductive ink for a specified application.

Referências

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