Aspectos germinativos de Syagrus
1ruschiana (BONDAR) Glasman
2(ARECACEAE) e a importância da
3Educação Ambiental para a conservação
4de espécies vegetais ameaçadas.
56
Dayane Figueiredo Ribeiro1 7
Maria Esther Macêdo2 8
9
RESUMO 10
O gênero Syagrus, pertencente à família Arecaceae (Palmae), é composto 11
por aproximadamente 53 espécies, sendo a maioria ocorrente no território brasileiro 12
entre as regiões central e leste. Syagrus ruschiana tem sua ocorrência natural 13
restrita a afloramentos de gnaisses no Espírito Santo e Minas Gerais sendo, por 14
esse motivo, popularmente chamada de “palmeira-da-pedra”. Devido à sua restrita 15
distribuição geográfica e à fragmentação de seu habitat, atualmente está incluída na 16
lista de espécies da flora ameaçadas de extinção no Brasil. Os jardins botânicos 17
geralmente trabalham com a conservação integrada de suas espécies o que torna a 18
Educação Ambiental eficaz para o cumprimento de um dos objetivos deste estudo 19
que foram avaliar os aspectos quantitativos da germinação de S. ruschiana através 20
de um experimento, produzir e divulgar informações que possam contribuir para a 21
sua conservação in situ e ex situ, Os resultados obtidos com o experimento de 22
germinação e a atividade de Educação Ambiental desenvolvida com os alunos do 23
Ensino Médio de uma escola envolveram a disseminação do conhecimento de S. 24
ruschiana no que tange a conservação desta e de outras espécies que estão 25
ameaçadas e ainda a sensibilização do público, que pode ser usada por professores 26
através da inclusão da aula prática em espaços alternativos. 27
28
Palavras-Chave: Coco-da-pedra, Educação Ambiental, Propagação, Syagrus. 29
1
Licencianda em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. E-mail: dayanef.oli@gmail.com
2 Profª Dra. Do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. E-mail:
1 INTRODUÇÃO 30
As palmeiras são plantas monocotiledôneas da família Arecaceae, possuem 31
uma vasta diversidade, alcançando mais de 2.700 espécies descritas e catalogadas. 32
O Brasil é considerado o terceiro país do mundo em abrigar a maior diversidade de 33
espécies nativas de palmeiras. A família Arecaceae está reunida em 240 gêneros, 34
que estão distribuídos por todo o mundo, entre as regiões tropicais da Ásia, 35
Indonésia, Ilhas do Pacífico e das Américas (LORENZI et al., 2004, 2010). 36
Esta família possui grande importância ecológica, uma vez que seus frutos 37
servem de alimento para mamíferos e aves, principalmente na estação seca, quando 38
em geral a disponibilidade de recursos é baixa (GALETTI et al., 2001, 39
KEUROGHILIAN e EATON, 2009, PARANHOS et al., 2007, RAGUSA-NETTO, 40
2006). Sendo por isso, um grupo de plantas chave na preservação e recuperação de 41
alguns biomas brasileiros (BRANCALION., et al 2011). No aspecto econômico 42
possuem grande utilização na indústria extrativista, como por exemplo, na obtenção 43
de óleos comestíveis que também possuem aplicação na fabricação de biodiesel 44
(COSTA, MARCHI, 2008), na exploração de palmito e frutos, que além de serem 45
consumidos na alimentação se tornam matéria prima na fabricação de cosméticos 46
(CLEMENT, LLERAS, LEEUWEN, 2005). Algumas espécies do gênero possibilitam 47
ainda o uso de sua madeira, na fabricação de artesanatos e utensílios através das 48
suas fibras e folhas, que podem ser utilizadas para a cobertura de casas 49
(ROSSATO, BARBIERI, 2007). Entre outras utilidades, se destaca pelo uso 50
ornamental na composição de paisagens (LORENZI et al, 2010). 51
Entre tantos gêneros pertencentes à família Arecaceae, encontra-se o gênero 52
Syagrus com 59 espécies descritas, das quais 51 são endêmicas do Brasil 53
(LEITMAN et al, 2015). Syagrus ruschiana, objeto de estudo desta pesquisa, é 54
conhecida popularmente como “coco-da-pedra”, possui grande uso ornamental e é 55
também muito resistente à seca temporária, o que possibilita seu cultivo em regiões 56
tropicais (LORENZI et al., 2010). Sua ocorrência é exclusiva de afloramentos 57
rochosos em áreas degradadas da Mata Atlântica no Espírito Santo e Minas Gerais 58
(HENDERSON et al., 1995, LEITMAN et al, 2015), e pelo fato da crescente 59
degradação de seu habitat, esta espécie encontra-se inclusa na lista de espécies da 60
flora ameaçadas de extinção no estado do Espírito Santo (SIMONELLI, FRAGA, 61
2007). A mesma também possui o status de vulnerável conforme a lista de espécies 62
da flora brasileira ameaçada de extinção (MARTINELLI e MORAES, 2013). O 63
presente estudo encontrou poucas pesquisas sobre a germinação de S. ruschiana, 64
apenas um trabalho que envolve o registro da germinação (LORENZI et al., 2010) e 65
um trabalho que avalia a remoção e predação de suas sementes pelo roedor 66
Guerlinguetus ingrami, conhecido popularmente como caxinguelê (RIBEIRO, 67
CONDE e TABARELLI, 2010). Com isto, o conhecimento acerca de sua germinação 68
é útil para a produção de mudas e contribui para a conservação ex situ, uma vez que 69
subsidia o cultivo de indivíduos. Considerando que as espécies ameaçadas devem 70
ser estudadas, pois as estratégias de preservação das mesmas dependem do 71
conhecimento de sua história de vida, o meio científico necessita de mais estudos 72
sobre a propagação, conservação e cultivo de espécies de palmeiras (BATISTA, 73
2009). Observa-se que a maioria dos estudos sobre germinação ocorre com 74
espécies de reconhecida importância econômica. Torna-se necessário também o 75
estudo de outras espécies, entre elas as que se encontram ameaçadas, visto o seu 76
grande potencial ecológico (PINHEIRO, 1986). 77
Objetivando aumentar as chances de sobrevivência de populações 78
ameaçadas, os botânicos geralmente germinam as sementes das espécies em 79
ambientes controlados, cultivando suas plantas jovens em condições protegidas, a 80
fim de implementar estratégias específicas de conservação (PRIMACK, 2001). Os 81
jardins botânicos trabalham com a conservação integrada de suas espécies, na qual 82
abrangem as conservações: ex situ, que possibilita o cultivo de componentes 83
vegetais conservados fora de seus ambientes naturais e a in situ, uma estratégia 84
que busca preservar as espécies em seu habitat, permitindo com isto a continuidade 85
de seus ciclos biológicos e de seu processo evolutivo natural. O sucesso da 86
conservação integrada em um jardim botânico implica em uma abordagem 87
multidisciplinar, que depende diretamente da influência que a Educação Ambiental 88
exerce no comportamento humano (PEIXOTO, GUEDES-BRUNI, 2010, WAZA, 2005 89
apud MARTINS, 2009). 90
Segundo AB'SABER (1996, p. 47), a Educação Ambiental “é o conhecimento 91
da estrutura, da composição e da funcionalidade da natureza, das interferências que 92
o homem produziu sobre esta estrutura, esta composição e esta funcionalidade”. Os 93
jardins botânicos têm se voltado cada vez mais em atribuir ao público esta educação 94
e a consciência ambiental. Uma visita a este espaço é uma excelente ferramenta 95
para a interação de alunos desde o Ensino Fundamental até diversos outros níveis 96
acadêmicos, por exemplo, pois as espécies vegetais que conhecemos num jardim 97
são capazes de nos despertar curiosidade e encantamento (PEIXOTO, GUEDES-98
BRUNI, 2010). É ainda um local apto ao ensino sobre a diversidade do Reino 99
Plantae, as relações que as plantas possuem com o meio ambiente, a ligação entre 100
as plantas nativas e as suas comunidades locais que, muitas vezes, dependem da 101
extração das espécies para a própria sobrevivência, a importância econômica, 102
cultural e paisagística que as plantas exercem sobre as nossas vidas, as principais 103
ameaças que a flora enfrenta mundialmente e as consequências de sua extinção, 104
entre outros tantos assuntos que podem ser abordados (WILLISON, 2003). No que 105
se refere à Educação Ambiental em escolas, Dias (1994, p. 129) infere: 106
As atividades de Educação Ambiental devem ser o centro do
107
programa porquanto permitem, aos alunos, oportunidades de
108
desenvolver uma sensibilização a respeito dos seus problemas
109
ambientais e buscar formas alternativas de soluções, conduzindo
110
pesquisas no ambiente [...]. Com essa estratégia, vamos identificar e
111
definir problemas ambientais, coletar e organizar informações, gerar
112
soluções alternativas, desenvolver e gerar um plano de ação.
113 114
Em vista do desafio no ensino da botânica, no quesito ensino-aprendizagem, 115
que se torna evidenciado pela falta de interesse dos alunos e consequente baixo 116
rendimento neste conteúdo, a aplicação de aulas práticas de campo tem se tornado 117
uma estratégia aprovada neste contexto, como forma de complementar o ensino de 118
Ciências e Biologia (SILVA et al, 2013, PEIXOTO, GUEDES-BRUNI, 2010, SILVA, 119
2008). E com o surgimento das questões ambientais voltadas para a conservação, 120
onde os vegetais têm recebido destaque, o ensino de botânica em campo tem a 121
chance de ser um motivador, na recuperação do interesse e satisfação dos alunos, 122
ao permitir que estes entrem em contato com ambiente natural, sejam surpreendidos 123
com o “novo”, formulem hipóteses e através da prática possam confrontá-las à teoria 124
já estabelecida a partir dos livros didáticos (SILVA, 2008). 125
Os objetivos deste trabalho foram avaliar os aspectos quantitativos da 126
germinação de S. e produzir informações que contribuam com a preservação desta 127
espécie ameaçada utilizando a ferramenta da Educação Ambiental em Jardins 128
Botânicos, para trazer esta informação à população. 129
131
Fig. 1 Fig. 2
132 133
Figura 1. Syagrus ruschiana no Instituto Cultural e Jardim Botânico Inhotim, Brumadinho - MG. 134
Figura 2. Syagrus ruschiana em seu ambiente natural, Brasil. 135 136 137 2 METODOLOGIA 138 139 2.1 Experimento de germinação 140
Para a montagem do experimento de germinação, foram coletados em janeiro 141
de 2012 (estação chuvosa) 400 frutos maduros de indivíduos da espécie cultivados 142
no acervo botânico do Instituto Cultural e Jardim Botânico Inhotim, localizado na 143
cidade de Brumadinho, MG. Estes frutos foram limpos em água corrente e 144
escarificados manualmente objetivando a retirada do exocarpo. As sementes foram 145
deixadas na água por 24 horas para embebição e em seguida foram divididas em 146
quatro repetições de 100, nas quais foram semeadas individualmente a uma 147
profundidade correspondente ao seu próprio diâmetro, o equivalente a 6 cm 148
aproximadamente (LORENZI et al., 2010), em sacos de polietileno para mudas, 149
contendo areia lavada como substrato . Os sacos foram armazenados em bancadas, 150
todos sob as mesmas condições, abrigados em casa de vegetação que contou com 151
sistema de irrigação diário com duração de dez minutos no período da manhã e da 152
tarde. A temperatura média da estufa variou entre 28°- 32° C, com umidade relativa 153
do ar em torno de 70% - 90%. O experimento foi observado a cada dois dias, até a 154
completa estabilidade da germinação, que durou em torno de 160 dias. Os cálculos 155
de Porcentagem de Germinação (%) e o Índice de Velocidade de Germinação (IVG) 156
foram realizados seguindo respectivamente a metodologia proposta pela Regra para 157
Análise de Sementes (BRASIL, 1992) e por Borguetti (2004), conforme detalhadas a 158 seguir: 159 G = NG x 100 IVG = ∑ Ngi 160 NT Ti 161
(G: Porcentagem de germinação, NG: número de sementes germinadas no total, NT: 162
número de sementes colocadas para germinar, IVG: índice de velocidade de 163
germinação, Ngi: número de sementes germinadas no dia i,Ti: tempo, em dias, após 164
a semeadura, para que ocorra a germinação). 165
166
2.2 Atividade de Educação Ambiental no Jardim Botânico Inhotim 167
A realização da atividade de Educação Ambiental ocorreu no Jardim Botânico 168
do Inhotim, situado no município de Brumadinho – MG, durante a semana do III 169
Seminário de Iniciação Científica Inhotim/FAPEMIG, intitulado “A formação do jovem 170
pesquisador”. Foi proposta uma atividade de campo, que foi desenvolvida com uma 171
turma de 28 alunos do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Paulina Aluotto 172
Ferreira, situada em Belo Horizonte. A escola chegou ao Inhotim iniciando a visita 173
guiada com o percurso restrito ao Jardim Botânico para conhecer e visualizar 174
através dos trabalhos e projetos dos bolsistas a coleção exposta. Desde o início da 175
visita a escola contou com o acompanhamento de seu professor e da equipe 176
organizadora do evento. Após percorrerem um trecho de exposições, os alunos 177
chegaram ao local onde a espécie S. ruschiana encontra-se cultivada. 178
Durante esta etapa foi seguido o seguinte roteiro: 179
- Por meio da observação a outras espécies vegetais que estavam ao entorno, foi 180
feita uma apresentação de algumas características que diferem as 181
monocotiledôneas das dicotiledôneas, quanto aos aspectos de folhagem, flores e 182
frutos; 183
- A seguir, houve uma discussão sobre a utilidade econômica, ecológica e 184
paisagística das palmeiras em vista à suas ameaças e condições; 185
- Posteriormente foram discutidos alguns conceitos botânicos, como por exemplo: o 186
que é endemismo? O que é conservação in situ e ex situ? 187
Após a visita ao local onde a espécie está cultivada, ao final do roteiro 188
seguido pelos alunos, os mesmos se dirigiram ao auditório do Inhotim, onde 189
puderam conhecer mais detalhadamente os trabalhos desenvolvidos por cada 190
bolsista, que foram ministrados com a utilização de recursos áudio visuais. A 191
apresentação do passo a passo acerca do experimento de germinação da espécie 192
S. ruschiana foi exposta por meio de slides, e se deteve em apresentar aos alunos 193
os objetivos da pesquisa, com fotos da metodologia utilizada, exposição do material 194
para coleta de dados em campo e os resultados parciais. Ao final da apresentação 195
os alunos foram incentivados a fazer perguntas, retirar suas dúvidas e a fazerem 196
considerações sobre o que puderam observar e aprender sobre a espécie S. 197
ruschiana, sobre a germinação de palmeiras, bem como a importância da 198
conservação ambiental e a utilização do jardim botânico como um espaço alternativo 199 de aprendizagem. 200 201 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 202 203
No experimento de germinação foi encontrada uma baixa média na 204
porcentagem germinativa (25%), um baixo IVG (0,02) e desuniformidade na 205
germinação de S. ruschiana, utilizando areia como substrato. O que corrobora as 206
informações registradas para as espécies de Arecaceae, que apresentam padrão 207
germinativo baixo, lento e desuniforme (LORENZI et al., 2010). Apesar do baixo 208
valor de IVG encontrado, destaca-se que a emergência das primeiras plântulas de S. 209
ruschiana ocorreu 53 dias após a semeadura, atualizando o conhecimento sobre a 210
germinação desta espécie, pois a única avaliação existente indica um tempo médio 211
de 180 dias (LORENZI et al., 2010). 212
Os substratos empregados na germinação de sementes possuem grande 213
influência em seu processo, pelo fato de apresentarem variações na estrutura, 214
aeração, capacidade de retenção de umidade e no grau de infestação de patógenos. 215
Vermiculita, areia e fibra de coco são os mais utilizados durante a fase inicial do 216
desenvolvimento da plântula (MÁRKILLA et al., 2012). Assim como este trabalho, 217
diversos autores avaliaram o substrato areia na germinação de espécies de 218
palmeiras. Batista (2009) constatou uma média de 29% na germinação de Syagrus 219
oleracea utilizando areia, porém sua melhor porcentagem germinativa e o maior IVG 220
para a espécie em estudo foi obtido com a utilização de vermiculita (53%). No 221
entanto, Luz et al. (2008), obtiveram maiores porcentagens germinativas de Dypsis 222
decaryi com a utilização de areia (93%) como substrato. 223
Da mesma forma, a embebição das sementes também está relacionada ao 224
processo germinativo de palmeiras. Considera-se que a embebição de sementes em 225
água pode facilitar a velocidade da germinação, visto que a preservação da umidade 226
representa um dos passos importantes no início do processo germinativo (LUZ et al., 227
2011). Contudo, o excesso de umidade proporcionado às sementes pode ser um 228
fator limitante à sua germinação, pois impede a entrada de oxigênio no embrião e 229
consequentemente reduz o processo metabólico decorrente (FLORIANO, 2004). 230
Acredita-se que a irrigação utilizada no presente estudo possa ter sido excessiva, 231
contribuindo para a baixa porcentagem de germinação encontrado para S. 232
ruschiana. 233
No que se refere à temperatura, são consideradas favoráveis para a 234
germinação de palmeiras aquelas entre 24 e 28° C (LORENZI, 2004). O presente 235
estudo encontrou uma baixa média de porcentagem de germinação no intervalo de 236
28-32ºC, entretanto Pivetta et al. (2008) estudando Syagrus romanzoffiana 237
encontraram melhores porcentagens germinativas nas temperaturas alternadas de 238
25º-35ºC, ocorrendo uma maior velocidade de germinação a 30ºC. Esses autores 239
destacam ainda que não ocorreu germinação a 20ºC. Semelhantemente, Márkilla et 240
al (2012) obtiveram maiores médias na porcentagem de germinação nas 241
temperaturas alternadas de 25-35ºC, para as palmeiras juçara e açaí (Euterpe edulis 242
e E. oleraceae). Embora a maioria das palmeiras seja de origem tropical, isto é, 243
germinam naturalmente em ambientes mais quentes (PIVETTA et al., 2008), para a 244
produção de mudas de S. ruschiana sugere-se que sejam estudadas temperaturas 245
mais favoráveis, substratos, embebição e outros métodos mais eficazes para o 246
sucesso de sua propagação. 247
A germinação baixa, lenta e desuniforme encontrada neste experimento para 248
S. ruschiana, demonstrou que não é vantajosa à produção de mudas em grande 249
escala desta espécie, pelo fato de não ter seguido um padrão homogêneo de 250
emergência (NASSIF, 2001 apud LUZ, 2011). Sugere-se, portanto que outras 251
metodologias sejam testadas com o objetivo de encontrar melhores padrões 252
germinativos para S. ruschiana e seu cultivo ex situ. A partir dos indivíduos 253
cultivados, a possibilidade de reintrodução pode ser estudada, a fim de aumentar o 254
número de espécimes em populações ameaçadas. Em aspectos ecológicos a 255
germinação desuniforme encontrada em S. ruschiana neste experimento favorece a 256
conservação in situ, pois a heterogeneidade na germinação de sementes distribui o 257
estabelecimento de indivíduos ao longo do tempo, contribuindo para a sua 258
sobrevivência em vista às condições adversas e pressões bióticas (CARVALHO & 259
NAKAGAWA, 2000 apud LUZ, 2011, RIBEIRO, CONDE e TABARELLI, 2010). A 260
conservação in situ de palmeiras é de extrema importância pois contribui para a 261
preservação da biodiversidade, juntamente com as relações ecológicas e interações 262
com outros organismos das quais participa (PRIMACK, 2001, GALETTI et al., 2001, 263
KEUROGHILIAN & EATON, 2009, PARANHOS et al., 2007, RAGUSA-NETTO, 264
2006). 265
Em relação à atividade desenvolvida com os alunos da Escola Estadual 266
Paulina Aluotto Ferreira, este estudo obteve um retorno positivo por parte dos 267
professores, alunos e organizadores do evento. Que ao final das atividades 268
propostas se manifestaram com considerações e interesses acerca do que foi 269
discutido e apresentado. Diante as considerações sobre o que observaram e 270
aprenderam sobre a espécie S. rusquiana e sua germinação, esta atividade 271
demonstrou ser um potencial de educação e integração social disponível e acessível 272
à população. Através de uma visita a um jardim botânico, um professor pode criar 273
roteiros educativos e outras atividades para os níveis Fundamental e Médio que 274
complementem a sua aula teórica sobre o Reino Plantae, trazendo um melhor 275
aproveitamento acadêmico e despertando o interesse deles para uma questão que 276
pode ser implementada e é útil nos dias que vivemos que é a conservação da 277 biodiversidade. 278 279 280 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 281 282
Considera-se que os resultados encontrados neste estudo geraram novas 283
informações acerca do tempo de germinação de S. rusquiana e de seu padrão 284
germinativo. Sugerindo com isto, o teste de novas metodologias que sejam 285
favoráveis a maiores porcentagens de germinação. Apresentou ainda uma forma de 286
trabalhar a educação ambiental utilizando espaços alternativos de aprendizagem. 287 288 289 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 290 291
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