• Nenhum resultado encontrado

Redes sociais: a internet assume papel preponderante nas eleições presidenciais de 2018

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Redes sociais: a internet assume papel preponderante nas eleições presidenciais de 2018"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

a internet assume papel preponderante nas

eleições presidenciais de 2018¹

Resumo

As eleições de 2018 foram marcadas pela forte presença do cidadão na internet. Seja no envio de mensagens, no acompanhamento da vida pública ou privada dos candidatos via redes sociais ou ainda informando-se pelos sites de notícias. Já a televisão continuou acompanhando a agenda diária dos candidatos, realizando entrevistas, buscando mostrar para o eleitor que é possível também estar próximo a eles. Este artigo, no qual foi utilizada a metodologia survey, objetivamos analisar o comportamento do eleitor quando o assunto é a política brasileira, se a mídia tem ou não alguma influência neste processo e se há alguma diferença entre idade e canais em que os eleitores possuem preferência.

Palavras-chave

Política; Eleições; Internet; Redes sociais.

Carolina Alves Fontenelle

Conceição Souza Doutoranda e mestra em Comunicação Social pela UERJ

(carolfontenelle@gmail.com)

Doutoranda pela UERJ

(2)

Introdução

As eleições 2018, além da rivalidade comum em meio aos candidatos de tantas legendas, foi marcada pela polarização, disputas ideológicas via rede social e aplicativos de mensagem e alto número de votos não válidos. Na eleição presidencial, por exemplo, 30.87% dos eleitores optaram por não escolher entre os candidatos Jair Bolsonaro do PSL e Fernando Haddad do PT no segundo turno (21.3 % de abstenções, 7.43% de votos nulos e 2.14% de votos brancos).

Este artigo, como teve a intenção de obter dados, informações e ações de um determinado grupo de pessoas, utilizou a metodologia survey e,

assim, se dispôs a analisar o comportamento de parte do eleitorado brasileiro. Foi critério para estar elegível a responder o questionário ter mais de 18 anos (independente de ter ou não votado nas últimas eleições). A pesquisa foi divulgada por meio das redes sociais e por aplicativos de mensagens e obteve 170 entrevistados, que responderam o formulário disponível durante o mês de janeiro de 2019.

Sabemos que este quantitativo de respondentes configura-se em uma amostragem, com fins científicos, não apresentando a intenção de universalidade estatística. Desta forma, pretendemos verificar, por exemplo, se a idade do eleitor muda a maneira como ele se informa quando o assunto é política e quais as mídias mais utilizadas, observando, neste aspecto, se os tradicionais veículos de comunicação ainda têm o mesmo espaço no processo de politização que obtinham antes. Além disso, como os entrevistados se comportam quando o assunto é a internet e o seu uso para fins políticos de divulgação de informação, será que eles têm o interesse de seguir as páginas oficiais dos candidatos e, assim, acompanhar seu dia a dia e

saber sua principal plataforma de governo? Acreditam que ela seja importante para que eles saibam a vida pública dos candidatos e assim decidir votar ou não em algum deles?

Vale ressaltar que pretendemos investigar também se os eleitores estão sendo os grandes emissores de mensagens, se preocupam em checar as informações, se a grande mídia está perdendo a credibilidade e como ficam aqueles que não concordam com o que a maioria das pessoas presentes em seu ciclo social pensa. No processo decisório para o voto, eles confiam nos políticos, ou o voto é estratégico, atendendo a algum interesse pessoal ou ainda a intenção é de votar no “menos pior”? Eles consideram a maneira de governar a partir de coalisões um modelo interessante e têm consciência que isto faz parte do sistema brasileiro?

Como fundamentação teórica, recorremos a textos de autores como Lattman-Weltman e seu artigo

Mídia e transição democrática: a (des)institucionalização do pan-óptico no Brasil, no qual é possível perceber a

importância da mídia no processo de democratização do país, o que nos permitiu fazer um paralelo com o atual momento de conexão dos eleitores via internet. Podemos ressaltar também o trabalho de Noelle-Neumann, em seu livro La espiral del silencio: Opinión publica: nuestra piel social, onde pudemos perceber que

a opinião das pessoas do ciclo social de um eleitor pode influenciar o seu comportamento. Destaque também para o recente trabalho de Mont’Alverne e Mitozo Muito além da mamadeira erótica: as notícias compartilhadas nas redes de apoio a presidenciáveis em grupos de WhatsApp, nas eleições brasileiras de 2018, apresentado

no Compolítica 2019. Nele, as autoras mostram o quanto este aplicativo de mensagens foi importante para as últimas eleições presidenciais.

(3)

Referencial teórico

As eleições políticas, durante muito tempo, tiveram como característica a conquista de visibilidade por meio da televisão. Segundo a pesquisadora Oliveira (2008), o Horário Gratuito Político Eleitoral (HGPE) tornou-se elemento central nas estratégias de divulgação das propostas dos candidatos e de seus partidos. Este fenômeno deve-se à forte presença dos aparelhos de TV nos lares brasileiros, afinal, a política de telecomunicação imposta pelos governos militares, ampliou, sobre medida, o número de concessões de TVs no Brasil. Já na década de 70, a televisão consolidou sua hegemonia no mercado de comunicação1. De acordo com Lattman-Weltman (2003), a presença de aparelhos de TV nas residências brasileiras foi de 9,5%, em 1960, para 40,2% em 1970. Em 1980, cerca de 73% dos domicílios já possuíam televisores.

Para veiculação de um programa no HGPE, as alianças políticas são extremamente necessárias, pois contribuem para o tempo de programa que o candidato terá. Como também explica Oliveira (2008, p.96) “o tempo de exposição neste programa é considerado como um dos pontos relevantes para um partido definir suas coligações, uma vez que são altamente valorizados, nos cálculos dos agentes políticos, pois determinam o total de tempo disponível a ser usado pelo partido”.

Vale pontuar que a Constituição de 1988 permitiu que o país se mantivesse multipartidário,

1 Para mais informações, ler: LATTMAN-WELTMAN, Fernando. “Mídia e transição democrática: a (des)institucionalização do pan-óptico no Brasil”, In ABREU, Alzira de; LATTMAN-WELTMAN; KOMIS, Mônica. Mídia e Política no Brasil –

jornalismo e ficção. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2003.

no qual o princípio proporcional e a lista aberta continuam a comandar o processo de transformação de votos em cadeiras legislativas e o plebiscito de 1993 confirmou a adoção, pela população, do regime presidencialista. Já que este artigo discorre sobre as eleições presidenciais, vamos utilizar o cargo de presidente como exemplo. Este, muitas vezes, precisa recorrer ao Congresso e à Câmara para aprovar o que julga necessário - o que pode ser feito até de maneira forçada, ditando quais são as matérias que devam ser apreciadas e em qual prazo - afinal, está em suas mãos as iniciativas tributárias e relativas à organização administrativa. Como explicam Figueiredo e Limongi (2001), ao definir o montante dos gastos, o presidente limita ações possíveis dos próprios parlamentares.

Desta forma, os sistemas político e eleitoral atuam como reguladores do processo de alianças partidárias que, no mundo ideal, deveriam representar toda a sociedade. Segundo Abranches (1988), o sistema de representação precisa se ajustar aos graus de heterogeneidade, para não incorrer, no que chama o autor, de riscos elevados de deslegitimação. Ou seja, segmentos sociais significativos não podem ficar sem representação adequada.

Diante disto, os políticos necessitam ter um discurso que agrade seus eleitores, aliados políticos e os eleitores que são representados por eles. O HGPE pode ser uma das táticas para estes discursos reverberarem. Como explica Almeida (2003), mesmo num espaço sob o seu controle, os candidatos não podem falar o que quiserem e nem como quiserem, necessitando assim, submeterem-se às regras deste discurso midiático em particular.

Não pode fazer o mesmo discurso que faria num comício ou num corpo-a-corpo nas ruas, e tem que considerar o seu lugar de fala no contexto e no cenário de representação

(4)

da política. Tem, portanto, que compreender os limites midiáticos e políticos deste espaço comunicacional. Mas se ele não corre o risco de ser deturpado, também não tem a justificativa de ter sido deturpado pela mídia (ALMEIDA, 2003, p.2).

Deslegitimar o que a mídia divulga e ainda afirmar que ela beneficia A ou B tem sido tão comum que a Folha de São Paulo, em 12 de outubro de 2018, divulgou uma matéria intitulada: “Críticas a Bolsonaro e a Haddad têm as mesmas proporções na Folha”. Dentre os dados estão: “As menções negativas a Bolsonaro aparecem em 24,4% dos textos noticiosos, enquanto as de Haddad equivalem a 24,3% das menções a ele em reportagens”. Ainda de acordo com o levantamento, quando se somam as citações feitas de reportagens e colunas, a maioria das menções, aos dois candidatos, é neutra.

A preocupação da Folha de São Paulo de mostrar com dados neutralidade jornalística deve-se ao fato da grande mídia estar perdendo a credibilidade e de ser considerada por muitos um meio já tomado pela politização.

O posicionamento em relação a temas e projetos da pauta pública contribui para alimentar o repertório disponível aos cidadãos para que formem opiniões e tomem decisões. No entanto, o democrático é que haja uma pluralidade de informações e opiniões à disposição do público. Este pluralismo pode ser interno – quando cada veículo pretende trazer todas as versões e interpretações para as notícias – ou externo, quando várias empresas jornalísticas dividem o público de acordo com as suas opiniões políticas, oferecendo linhas editoriais explicitamente diferentes (ALDÉ; MENDES; FIGUEIREDO, 2007, p. 170).

Entre os presidenciáveis, nas eleições de 2018, o discurso de desqualificar a mídia tradicional esteve presente. Durante entrevista realizada dia 14 de

setembro de 2018, ao vivo no Jornal Nacional, por exemplo, Fernando Haddad chegou a fazer acusações à TV Globo: “Você não pode, em função de um indício, condenar. Eu penso, Bonner, que a Rede Globo muitas vezes condena por antecipação”.

Haddad seguiu o mesmo tom de críticas à mídia, feito por Luiz Inácio Lula da Silva, que seria o candidato do PT. O ex-presidente, preso em abril de 2018 sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro, se diz inocente e credita à mídia parte do ódio e da polarização instaurada no país. “Foram horas e horas no Jornal Nacional e em todos os noticiários da

Globo tentando dizer que a corrupção na Petrobras e no País teria sido inventada por nós», disse Lula, em carta2, divulgada em 24 de outubro de 2018.

Da mesma forma que Fernando Haddad questionou os veículos de mídia, o então candidato do PSL Jair Bolsonaro também o fez. Em várias ocasiões, Bolsonaro acusou a mídia de persegui-lo, muitas vezes devido às constantes reportagens que o associam ao machismo, racismo e misoginia - adjetivos que ele nega que sejam para si.

Na mídia tradicional Bolsonaro aparece como um parlamentar polêmico, agressivo, raivoso e um militar estatizante. Nas suas mídias sociais trabalha uma imagem de quem defende os valores da família e da sociedade. Tem adotado um discurso liberal e responde a todas as matérias que considera fake News (CIOCCARI; PERSICHETTI, 2018, p.60).

O discurso de Bolsonaro e a reverberação dele na mídia, com frases do tipo: “O filho começa a ficar assim, meio gayzinho, leva um couro e muda

2 Declaração realizada durante o programa Participação Popular, da TV Câmara, que discutiu no dia 17 de novembro de 2010, o Projeto de Lei 7672/10, que proíbe punições corporais (conhecido como “Lei da Palmada”). Na ocasião, comissão debateu a declaração de Bolsonaro, mas ele não sofreu punição.

(5)

o comportamento dele3”, expele quem reprime estes atos, mas aproxima quem é a favor da família tradicional brasileira. Além disso, o político, em diversas entrevistas, mostrou seu interesse na legalização da posse de armas e isto atrai parte da população que acredita que este ato reduziria os índices de violência.

Bolsonaro utiliza o discurso do medo para respaldar-se num país em que há a construção de um imaginário no qual o delinquente é sempre um “outro” distante do “cidadão de bem” e que obstrui o bom andamento da sociedade. Os aspectos identitários da vida policial como a valorização das tradições, da moralidade cristã e a espetacularização dos embates são transpostos para a vida política como forma de justificativa da proteção desses “cidadãos de bem”, o que aponta para uma cidadania cindida pela desigualdade abertamente admitida entre aqueles que merecem usufruir de seus direitos – em especial, o direito à vida – e aqueles que abandonaram o direito à cidadania para entrar no crime. Num país em que a corrupção tomou conta do noticiário, em que malas de dinheiro deixam de fazer parte do universo utópico, mas são capas de jornais, exaltar o “Bolsomito” implica na crença maniqueísta de uma narrativa que simboliza a esquerda como a representação do grande mal a ser combatido pelo militarismo representado por Jair Bolsonaro, pela imposição da “Ordem” que possibilitará o “Progresso” (CIOCCARI; PERSICHETTI, 2018, p. 62 - 63).

Como Jair Bolsonaro desqualifica a mídia tradicional e tinha apenas oito segundos em seu programa no HGPE, a internet foi fortemente utilizada para se comunicar com seus eleitores. Vale lembrar que utilizar a internet na estratégia para angariar votos é algo que já acontecia em outros países. Um dos casos mais conhecidos foi de Barack Obama, nas eleições presidenciais em 2008. A campanha do então candidato democrata utilizou linguagem específica

3 Idem.

para o público-alvo de cada rede social (com foco para o público jovem, já que era o mais presente na internet na ocasião). Segundo o site Rio Soft, Obama conseguiu três milhões de membros em um grupo de Facebook, 120 mil seguidores no Twitter, 11 milhões de visualizações do vídeo “Yes, We Can”.

O Brasil, de acordo com dados da pesquisa TIC Domicílios 2019, tem 134 milhões de brasileiros (74%) com acesso à internet – o que significa possibilidade de abranger uma fatia considerável do eleitorado com divulgação por este meio. Ainda segundo a pesquisa, 58% destes usuários com acesso utilizam somente o celular. Dentre os entrevistados, há ainda os que usam vários dispositivos: 99% conecta via celular, 42% pelo computador, 37% pela televisão e 9% pelo aparelho de vídeo game. Os índices nos fazem inferir que há a grande possibilidade de uso de multitelas (pessoas conectadas e utilizando ao mesmo tempo computador e celular, por exemplo).

Ainda segundo a pesquisa TIC 2019, 56% leu jornais, revistas ou notícias pela internet e 92% dos entrevistados enviaram mensagens por Whatsapp, Skype ou chat do Facebook. Desta forma, temos 123 milhões de pessoas com acesso aos aplicativos de envio de mensagens. Mesmo não podendo inferir que este número, em sua totalidade, representa pessoas em obrigatoriedade de votação, podemos dizer que a penetração da internet nos lares brasileiros e os hábitos de consumo por notícias e / ou por aplicativos de comunicação é massivo.

Sendo assim, como explica Penteado (2012), as campanhas eleitores incorporaram, aos poucos, os dispositivos web nas suas estratégias de comunicação, ampliando o próprio escopo de ação da equipe de marketing político. Desta forma, os candidatos passaram a investir maciçamente neste quesito, seja

(6)

ele mesmo administrando a sua página, ou por meio de uma equipe de jornalistas, especialistas digitais e até sociólogos, preparados para dar a melhor resposta, proporcionando interação com o internauta, o que não era possível de forma ampla na televisão, como também conta Penteado (2012):

A internet por sua estrutura de rede e sua prática interativa e colaborativa foge da rotina comunicacional da mídia tradicional, caracterizada pelo fluxo unidirecional da informação, criando formas de comunicação nas quais o receptor da mensagem tem um papel mais ativo, podendo produzir e interagir com o conteúdo que vai circular na rede (PENTEADO, 2012, p. 42).

Nesta interação entre o conteúdo e as pessoas, o Whatsapp ganhou destaque nas últimas eleições presidenciais. Como apontam as autoras Mont’Alverne e Mitozo (2019), as conversas neste aplicativo foram importantes para as campanhas, principalmente ao candidato Jair Bolsonaro:

As redes de conversação nesse meio que se formaram em torno da campanha eleitoral, especialmente em torno do apoio ao presidenciável vencedor no pleito, constituíram-se como importantes elementos para a divulgação de informações, muitas vezes também acusadas de serem falsas. As características do WhatsApp em relação a redes sociais como o Facebook, por exemplo, favorecem ainda mais o compartilhamento de informação não rastreável, pois não se pode conhecer o conteúdo que ali circula sem estar inserido nos grupos, assim como pelos obstáculos impostos à coleta de dados pela criptografia das mensagens desse serviço (MONT’ALVERNE; MITOZO, 2019, p.5).

Desta forma, quem recebeu e compartilhou as informações do candidato o fez por afinidade e, assim, vai criando uma rede de apresso pelo tipo de informação e/ou de afinidades com outras pessoas.

Ou seja, as pessoas interagem e se informam por meio das mídias, inaugurando uma nova fase da literacia midiática, sendo esta, conforme explica Lopes (2011), a capacidade de aceder aos media, de compreender e avaliar de modo crítico os diferentes aspectos dos media e dos seus conteúdos e de criar comunicações em diversos contextos.

Em contrapartida, chegou ao ponto de informações não serem veiculadas somente por pessoas, mas sim por robôs e, algumas vezes com

fakenews e, mesmo assim, estas notícias serem

compartilhadas. Pesquisa da FGV DAPP, divulgada em 2018, referente às eleições presidenciais de 2014, mostra que existiam 699 perfis automatizados (uma “sub-rede” do total de robôs identificados) que compartilharam conteúdos das campanhas de Aécio Neves (PSDB) e de Marina Silva (ex-PSB) em 2014. Na mesma base de dados, foram avaliadas também as contas automatizadas da campanha da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). A análise identificou uma botnet (número de dispositivos conectados à internet) com total de 430 contas automatizadas (outra “sub-rede”) que compartilharam o link do site Muda Mais e 79 contas que compartilharam o link de Dilma..

À medida que as pessoas recebem as notícias e as compartilham, elas estão agindo de acordo com os seus repertórios culturais. Segundo o sociólogo Stuart Hall (1987), surge, no conceito de globalização, um outro sujeito, que não apresenta identidade fixa: o sujeito pós-moderno. “A identidade torna-se uma ‘celebração móvel’: formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam” (HALL, 1987). Sendo assim, este sujeito, além de ter as influências do meio familiar, acadêmico, do trabalho e etc., pode ainda ter contato com diversas outras realidades,

(7)

comunicando-se com elas. Como explica Fuchs (2015, p.401): “comunicação é uma relação social entre pelo menos dois seres em que há troca mútua de símbolos que são interpretados de modo que os parceiros de interação deem sentido a eles. A comunicação é a dimensão social da existência humana”.

Para Wojcieszak e Mutz (2009), a construção das redes de cada indivíduo varia de acordo com a existência desses ambientes e de como as pessoas dialogam com as ferramentas de interação oferecidas. Desta forma, a partir do momento que as pessoas fazem uma pesquisa em um site de busca, elas são levadas por uma combinação de algoritmos que dão resultados de acordo com o repertório do próprio indivíduo, oriundo das relações sociais.

Corroborando com Lattman-Weltman (2003), a participação dos representados como investidores/ produtores de discursos públicos diz respeito às suas capacidades de se fazerem ouvir, ou de repercutir discursos e versões de seu interesse, influenciando assim os representantes e/ou a percepção de outros representados, no que chamamos de opinião pública.

Refere-se, portanto, à tradicional questão da formação do que se convencionou chamar de “opinião pública”. Embora as variáveis relativas ao consumo permaneçam decisivas, nesse caso é preciso agregar outras que incorporem também os graus e as formas de organização política e potencialização retórica de grupos sociais e a distribuição de capitais políticos entre estes - o que se pode chamar de aparelhamento societário de intervenção discursiva-, além, é claro, das condições de acesso oferecidas pelas diferentes mídias e veículos a esses investimentos (LATTMAN-WELTMAN, 2003, p. 153).

Por outro lado, Huckfeldt, Johnson e Sprague (2003) afirmam que a democracia depende da interdependência dos cidadãos, onde o sistema político

sobrevive em meio a formação de redes heterogêneas. Ou seja, a discordância é catalizadora de oportunidades de influência e de difusão da informação. A condição necessária é: “rede de comunicação de baixa densidade em que a influência de determinadas opiniões é autoregressivamente medida pela frequência das opiniões no interior da rede” (HUCKFELDT; JOHNSON; SPRAGUE, 2003, p. 33).

Quando falamos de política, as pessoas podem ter ainda uma tendência de buscar pessoas que têm a mesma opinião, ou seja, um local onde elas possam dar voz ao seu modo de ver o mundo sem ser malvisto. A cientista política alemã Elisabeth Noelle-Neumann, na década de 70, realizou estudos sobre a opinião pública e cunhou a expressão espiral do silêncio, que deu nome ao seu livro A espiral do silêncio: opinião pública: nossa pele social (tradução livre). De acordo com

os seus estudos, a partir do momento que se condena determinada opinião, criam-se resistências. Ou seja, as pessoas têm a tendência de irem pela maioria. Sendo assim, quem pensa diferente pode evitar manifestar sua opinião, permanecendo em silêncio.

O processo de participação política ganhou novo cenário com a massificação da internet. Isto gerou expectativas positivas, pois acreditava-se que, com a redução de custos de veiculação e maior disponibilidade de equipamentos como computadores e celulares, a pluralização política poderia, enfim, chegar ao cidadão, mas esta democratização não aconteceu.

À medida que absorviam a novidade, as pesquisas passaram a apontar também os elementos de continuidade e adequação da Internet às “velhas formas” de se fazer política, o que vem sendo chamado por alguns de normalização: a colonização do novo meio, com seu potencial tecnológico, pelas estruturas políticas e econômicas predominantes, reforçando de forma

(8)

conservadora aspectos da comunicação de massa que não necessariamente concretizam o potencial da rede para a democracia (ALDÉ, 2011, p.27).

Desta forma, pensava-se que a internet possibilitaria ações de cidadania eletrônica, criando assim uma esfera pública virtual. Com o passar do tempo, percebeu-se que a internet se incorporou às plataformas de comunicação de política estratégica.

Metodologia

A pesquisa foi realizada no mês de janeiro de 2019, ou seja, dois meses após as eleições presidenciais de 2018. Foi criado um questionário, no Google Forms, com 25 perguntas fechadas, nas quais os respondentes deveriam escolher somente uma alternativa correta para cada pergunta. A metodologia escolhida foi a quantitativa survey. De acordo com Freitas et al (2000),

a pesquisa survey é utilizada quando há o interesse de

produzir descrições quantitativas de uma população, no qual o objeto de interesse ocorre no presente e o ambiente natural é a melhor situação para estudar o fenômeno de interesse.

Dentre as perguntas estavam: idade, periodicidade de leitura de notícias relacionadas à política, principal veículo onde procura se informar, se recebeu notícias sobre os candidatos antes das eleições presidenciais de 2018, se checa as informações antes de compartilhar, se acompanha a vida privada dos candidatos, dentre outras.

O critério para estar elegível a responder foi ter mais de 18 anos (independente de ter ou não votado nas últimas eleições). O formulário foi divulgado via Facebook e Whatsapp, no qual era permitido, quem

desejasse, reencaminhar o formulário para mais respondentes, moradores do estado do Rio de Janeiro.

Como dentre as perguntas realizadas, uma delas era relacionada à idade dos entrevistados, pois possível cruzar os dados de outras perguntas, objetivando identificar se havia algum padrão de resposta geracional. Nas respostas que identificamos alguma diferença significativa, apresentamos os dados. Em caso negativo, mostramos os índices referentes ao todo pesquisado.

Resultados e discussão

Como tivemos a intenção de saber se havia alguma diferença de padrão de comportamento em relação à política e ao trato com as informações sobre o tema, perguntamos também qual a idade de nossos entrevistados. 28,2% tem de 18 a 25 anos; 24,1% de 34 a 40 anos; 23,5% de 26 a 33 anos; 16,5% de 40 a 50 anos; 6,5% de 50 a 60 anos e 1,2% informaram ter mais de 60 anos.

Em um comparativo com a pesquisa TIC Domicílios, já abordada anteriormente neste artigo, percebemos que é comum o interesse / acesso pela internet diminuir à medida que a idade aumenta. Utilizando dados da TIC de 2019, temos: 92% de usuários de 16 a 24 anos com acesso à internet; 90% quando a faixa etária é de 25 a 34 anos; 83% para indivíduos de 35 a 44 anos; 68% para quem tem de 45 a 59 anos e 34% para pessoas acima de 60 anos. Desta forma, é compreensível que nossa faixa etária de mais entrevistados tenha sido de pessoas de 18 a 25 anos e de menos, acima de 60 anos.

47.6% respondeu ler sobre política todos os dias, 16.5% de 5 a 6 vezes na semana e 16,5 de 3

(9)

a 4 vezes na semana. Ou seja, temos um público com um algum interesse ao tema. 96% do público pesquisado tem nível superior ou pós-graduações. De acordo com os pesquisadores Vidigal e Pereira Filho (2017), os temas políticos, principalmente no ensino superior, se tornam parte do cotidiano do indivíduo por meio de leituras, convívio social e o próprio voto. Corroborando com Dias e Kerbauy (2015), que realizaram pesquisa com 3.136 entrevistados, quando perguntados sobre o interesse em política, a maior concentração estava em pessoas com nível superior, divididos em muito interessado (16.1%) e interessado (30.2%).

Perguntamos, em nossa pesquisa, quem se considera engajado e 56.5% respondeu que sim. Quando perguntamos quem foi a uma manifestação política no ano anterior, 29.4% esteve presente. Comparando ainda a faixa etária de quem foi para as manifestações, temos: 18% de 18 a 25 anos, 22% está na faixa etária dos 26 aos 33 anos, 32% de 34 a 40 anos. Ou seja, o aumento da idade acompanhou a maior participação, quando falamos destas faixas etárias. Podemos inferir que não existe relação direta de se considerar engajado com ir às ruas manifestar, mas pode ser que, para os entrevistados, há relação entre engajamento e interesse de leitura pelo tema, já que 64.1% informou que lê todos os dias ou 5 a 6 vezes por semana.

Vale ressaltar ainda que, no cenário acima mencionado, pode ser que parte do nosso público seja de “ativistas de sofá”. O termo vem de um neologismo do Inglês, formado da combinação das palavras slack

(preguiçoso) e activism (ativista) criado para adjetivar

pessoas que se sentem politicamente ativas, mesmo sem sair de casa. Elas compartilham informações,

ajudam causas e pessoas aderindo a movimentos, exercendo seu ativismo político via internet.

Quanto à influência da mídia, 73.5% acreditam que a TV tem papel decisório na escolha dos candidatos. Já quando se trata da internet, o índice aumenta: 87.6% acreditam que ela seja decisiva no processo eleitoral. Quando fizemos um comparativo em relação a faixa etária, não podemos definir, por exemplo, se pessoas mais jovens creditam mais “poder” a internet, pois os dados pouco se alteraram entre as idades. Não tivemos também a intenção de, com estas perguntas, dizer que a mídia é capaz de forjar a escolha dos eleitores, mas, como aponta Lattman-Weltman (2003, p. 129-130), em relação à mídia: “Decerto não é uma máquina todo-poderosa, que lava nossos cérebros a serviço de alguma conspiração oculta e onipotente. Do ponto de vista de sua influência sobre nossa percepção política cotidiana, porém, isso pode não fazer a menor diferença”.

Dados da pesquisa apontam também para a falta de credibilidade de algumas mídias: 68.8% dos entrevistados afirmaram não confiarem no que leem ou assistem nos veículos tradicionais de informação como rádio, jornais e TV. É provável que seja por isto que estas mídias não sejam as mais procuradas como base informacional pela população de pesquisa. 64.7% disseram que os sites de notícias são sua principal fonte de informação. Ainda de acordo com este parâmetro, 13.5% apontou a televisão, 10% o Facebook, 5.3% os jornais impressos, 4.7% o rádio, 1.2% os blogs e 0,1% o Whatsapp. Quando separamos os dados de acordo com a idade dos entrevistados, os sites de notícias são os mais procurados em todas as faixas etárias, sendo que a partir da faixa que vai dos 34 aos 40 anos, os jornais impressos, mesmo que timidamente (5 menções para faixa de 34 a 40 anos, três menções na faixa de 50 a 60 anos) são citados. O

(10)

rádio também é mais citado a partir da mesma faixa etária (4 menções para entrevistados de 40 a 50 anos e uma menção para entrevistados de 50 a 60 anos. 51.2% da população de pesquisa tem ainda o hábito de também se informar por meio de blogs ou perfis e afirmaram levar em consideração estas opiniões.

57.1% dos entrevistados apontaram seguir as páginas oficiais das redes sociais dos candidatos de sua preferência. Quando analisado o público de 18 a 25 anos, este índice cresce muito, chegando a 74% de pessoas. Aliado a isto, 71.2% acredita que seja importante acompanhar a vida privada dos candidatos. Podemos perceber que, como apontou Aldé (2011), a internet passou por um processo de colonização, reforçando aspectos de comunicação de massa.

A pesquisa também propôs a descobrir se quando os entrevistados não concordam com a opinião política da maioria das pessoas em seu ciclo social, qual o comportamento adotado. 35.3% afirmou que expõe, afinal, vivemos em uma democracia, 28.8% fica em silêncio porque os ânimos andam muito alterados quando o assunto é política e 35.9% fala sua opinião com muito cuidado para não gerar uma discussão.

Transferir a credibilidade informacional a uma pessoa da rede de contatos é algo extremamente comum. Em meio a todos os contatos que uma pessoa tem, ela vai construindo sua identidade política em meio a sua rede de afeto e a sua ligação pessoal às ideologias. Quando as informações chegam ao indivíduo, ele as aceita ou não também de acordo com as suas convicções. Como explica Branco (2017), sem a menor cerimônia, pessoas com nível superior, com educação formal e supostamente cultas, passaram a compartilhar os maiores descalabros acerca de quem quer que fosse, por mais inverossímil que a informação parecesse, apenas porque o que estava escrito estava

em conformidade com o seu desejo, mesmo que estivesse em desacordo com a verdade. Ou, ao menos, com uma possível verdade. Do público entrevistado, 59.4% afirmaram que checam a informação antes de compartilhar, 31.8% não costumam acreditar e não compartilham a informação, 6.5% acreditam no que receberam e não compartilham e 2.4% quase sempre compartilham as informações, pois acreditam nas pessoas que os enviaram. Podemos inferir que o alto índice da alternativa “checo antes de compartilhar” pode não representar um dado real, já que muitos podem se sentir constrangidos de admitir que compartilham informações nas quais não conhece a fonte criadora da mensagem. 71.2% afirmou ainda ter recebido notícias sobre os candidatos nas últimas eleições. Desta porcentagem, 10.6% confirmou que estas informações influenciaram o seu voto.

Podemos dizer também que, ao mesmo tempo que a internet e as redes sociais aumentaram a possibilidade de debate acerca do processo democrático, ela também foi influenciadora por parte não somente das informações divulgadas oficialmente pelos candidatos, mas também pelos seus simpatizantes.

60.6% dos entrevistados disseram que são pessimistas em relação à política, 20.6% nem pessimista e nem otimista e 18.8% demostrou que são otimistas. Apesar da onda pessimista, 61.8% acredita que ainda existem políticos com vontade de fazer algo pela população, 32.9% acha que quem quer fazer algo é “engolido” pelo sistema e 5.3% pensa que todos que entram na política sabem que há corrupção e só entram porque querem fazer parte.

Quanto ao perfil como eleitor, 86.5% disse que pensa no bem de todos quando vota e 7.1% admitiu pensar no ideal de sua classe social. No tocante ao

(11)

voto, 90% apontou já ter escolhido um candidato por ele ser o “menos pior”.

65.3% dos entrevistados acreditam que o ideal é ocorrer uma reforma política, 18.8% crê ainda que seja impossível governar sem alianças, 8.8% acredita que não há problema em se fazer alianças e 7.1% pensa que só “quem não presta” faz aliança. Como explica Santos (2017, p.56), “o desapontamento decorre da operação plena das instituições democráticas, em condições antecedentes muito distintas daquelas na origem do sistema, em seu regaço oligárquico. Em contrapartida, ainda de acordo com os entrevistados, 78.8% afirmou que não anulou ou votou em branco nas últimas eleições.

Conclusão

Ao perguntarmos a idade de nossos entrevistados, tivemos 28.2% de 18 a 25 anos, 23.5% de 26 a 33 anos e 24.1% de 34 a 40 anos. Como a pesquisa foi realizada via formulário Google e temos dados da pesquisa TIC indicando que os mais jovens estão mais presentes na internet, podemos concluir que, como esta pesquisa foi divulgada pelas redes sociais e Whatsapp, foi um comportamento de consumo esperado ter atraído pessoas mais jovens.

64.1% respondeu ler sobre política todos os dias ou de 5 a 6 vezes por semana. Quanto ao engajamento, o índice foi de 56.5%, ou seja, pode existir uma relação direta para público pesquisado entre engajamento e interesse de leitura pelo tema, já que o engajamento não está, necessariamente, ligado ao fato do público pesquisado ter ido a alguma manifestação política no último ano, pois somente 29.4% esteve presente.

Os entrevistados disseram que a principal fonte de informação no tocante à política são os sites de informação (64.7%) e 13.5% apontaram a televisão. Ou seja, a mídia que já foi uma das mais importantes no processo eleitoral, está perdendo terreno para a internet. É bem verdade que muitos destes sites de informação são ligados aos mesmos grupos tradicionais de comunicação presentes na TV aberta e até aos jornais impressos, mas isto não invalida a mudança de comportamento do eleitor / consumidor no tocante ao processo informacional. Apesar da queda de popularidade da TV entre o público entrevistado, 73.5% acredita que este meio ainda tenha um papel decisório para a escolha de candidatos. Em relação à internet, o índice aumenta: 87.6%.

Não foram encontrados dados geracionais que comprovassem que determinada faixa etária credita mais influência à TV ou à internet, porém, podemos apontar que houve relação geracional entre o hábito de consumo de notícias. O jornal impresso somente apareceu como fonte de informação a partir da faixa etária de 34 a 40 anos. Já o rádio foi apontado por pessoas a partir de 40 a 50 anos.

A credibilidade dos veículos tradicionais (como rádio, TV e jornal) também foi questionada. 68.8% não confia nestes veículos. Desta forma, a internet teve papel importante na disseminação de informação, pois 71.2% afirmou ter recebido muitas notícias, referentes aos candidatos, via aplicativos de mensagens e 59.4% disse checar as informações antes de compartilhar a mensagem. Apesar disto, somente 10.6% informou que estas mensagens tenham influenciado o seu voto. Desta forma, o conteúdo enviado por aplicativos de mensagens, para a maioria, não mudou a forma que eles pensavam antes, mas, de forma geral, a internet,

(12)

para o público entrevistado, tem papel decisivo para a escolha eleitoral.

No tocante à vida pública x vida privada, 71.2% dos entrevistados acreditam que seja importante acompanhar o que os candidatos fazem também no âmbito particular e 51.7% segue as suas páginas nas redes sociais. Quando analisado por faixa etária, temos o público mais jovem (18 a 25 anos) como “seguidor” das páginas oficiais dos políticos, com o índice chegando a 74%. Desta forma, pode ser que o conteúdo procurado por estes seguidores não seja necessariamente a plataforma de governo, mas também a base ideológica que envolve o pensamento e o comportamento dos candidatos.

Em relação à política, 60.6% disse ser pessimista, mas os dados representam dicotomia, pois 61.8% acreditam que ainda existam políticos com vontade de fazer algo pela população. Mas, não necessariamente, o público entrevistado consegue votar nestes candidatos em um segundo turno, por exemplo, porque 90% admitiu ter votado em alguém que ele considerasse o “menos pior”.

Quando estão conversando sobre a política, 71.2% apontou que manifesta a sua opinião (35.3% expõe, por acreditarem que isto faz parte do processo democrático e 35.9% realizam este procedimento com muito cuidado, pois têm medo do embate). Desta forma, o fenômeno de espiral do silêncio não é uma realidade para a maioria dos entrevistados.

Podemos concluir também que por mais que o eleitorado pesquisado esteja, em boa parte, pessimista em relação à política, ela faz parte de seu universo e talvez sobremaneira que ele sequer se dê conta do quanto gasta momentos lendo e discutindo sobre o assunto, seja de forma virtual ou não, com pessoas que fazem (ou não) parte de seu círculo social.

Outrossim, como a internet tem crescido em presença nos lares brasileiros, há uma tendência da rede ser a grande protagonista das próximas eleições. Este trabalho não teve a intenção de verificar o impacto das notícias falsas de forma aprofundada, mas estudos posteriores podem ser realizados somente com este fim. Existem, inclusive, projetos (como o 2630/202º, aprovado em junho de 2020 no Senado e mais de 50 outros projetos com esta temática na Câmara) que buscam combater a disseminação de informações falsas na internet. Uma das grandes polêmicas envolvendo este tema é a censura, pois há quem defenda que restringir a divulgação de notícias em larga escala, proibindo inclusive o uso dos botnets,

seja uma maneira de evitar que a informação não oriunda das mídias tradicionais chegue ao cidadão.

No espinhoso terreno de quem tem a razão ou a informação fidedigna, as mídias tradicionais (inclusive àquelas que também migraram para o ambiente digital) buscam seu espaço como veículos de credibilidade. Pesquisas posteriores precisam também ser realizadas neste tocante e o quesito geracional pode ser preponderante, já que, como vimos nesta pesquisa, os mais jovens se informam pela internet, mas todas as faixas etárias apresentaram sites de notícias como o veículo utilizado. Ou seja, à medida que o próprio público for avançando em idade, pode ser que haja uma tendência da internet ser o veículo mais utilizado por todas as faixas etárias. Diante disso, o que será da TV, do rádio, dos jornais impressos quando o assunto for política?

(13)

Referências bibliográficas

ABRANCHES, Sérgio Henrique Hudson de. Presidencialismo de coalizão: o dilema institucional brasileiro. Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro,

n.01, p.05 a 34, 1988.

ALDÉ, Alessandra. O internauta casual: notas sobre a circulação da opinião pública na internet. Revista USP,

São Paulo, n.90, p. 24-41, junho/agosto 2011.

ALDÉ, Alessandra; MENDES, Gabriel; FIGUEIREDO, Marcus. Tomando partido: imprensa e eleições presidenciais em 2006. Política e Sociedade,

nº 10, p. 153 a 172, abril de 2007.

ALMEIDA, Jorge. Lula, Serra e a disputa pelo discurso da “Mudança” em 2002. Compós, 2003.

CARRANO, Paulo. A participação social e política de jovens no Brasil: considerações sobre estudos recentes.

O Social em Questão - Ano XV - nº 27 – 2012.

CIOCCARI, Deysi; PERSICHETTI, Simonetta. A política e o espetáculo em Jair Bolsonaro, João Doria e Nelson Marchezan. Imagofagia – Revista de la Asociación Argentina de Estudios de Cine e Audiovisual, nº18, 2018.

DIAS, André Luiz Vieira Dias; KERBAUY, Maria Teresa Miceli. Engajamento cívico e escolaridade superior: as eleições de 2014 e o comportamento político dos brasileiros. Rev. Sociol. Polit., v. 23, n. 56,

dez. 2015.

ELDER, Edward e PHILLIPS, Justin. Appels to the Hispanic Demographic: Targeting through Facebook Autoplay Videos by the Clinton Campaign during the 2015/2016 Presidencial Primaries. In WILLIAMS, Christine e NEWMAN, Bruce (edited by). Social Media, Political Marketing and the 2016 U.S.Election. London and New York: Routledge

Taylor & Francis Group, 2018.

FIGUEIREDO, Argelina; LIMONGI, Fernando.

Executivo e Legislativo na nova ordem constitucional. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2001.

FREITAS, Henrique; OLIVEIRA, Mírian; SACCOL, Amarolinda Zanela; MOSCAROLA, Jean. O método de pesquisa survey. São Paulo: Revista de Administração da USP, RAUSP, v.35, nº 3, jul./ set., 2000.

FUCHS, Christian. Social media surveillance. COLEMAM, Stephen e FREELON, Deen. Handbook of digital politics, USA: Edward Elgar Publishing,

2015.

HALL, Stuart. Miniml Selves, in Identity: The Real Me.

ICA Document 6. Londres: Institute for Contemporary

Arts, 1987.

HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. Rio de

Janeiro: Paz&Terra, 2016.

HUCKFELDT, R.; JOHNSON, P. E.; SPRAGUE, J. Political disagreement: The survival of diverse opinions within communication networks. Cambridge University Press, 2003.

LATTMAN-WELTMAN, Fernando. “Mídia e transição democrática: a (des)institucionalização do pan-óptico no Brasil”, IN ABREU, Alzira de; LATTMAN-WELTMAN; KOMIS, Mônica. Mídia e Política no Brasil – jornalismo e ficção. Rio de Janeiro: FGV

Editora, 2003.

LOPES, Paula Cristina. Literacia(s) e literacia mediática. Centro de Investigação e Estudos de

Sociologia, Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa: CIES e-Working Papers, 2011.

MONT’ALVERNE, Camila; MITOZO, Isabele. Muito além da mamadeira erótica: as notícias compartilhadas nas redes de apoio a presidenciáveis em grupos de WhatsApp, nas eleições brasileiras de 2018,

Compolítica, 2019.

NOELLE – NEUMANN, Elisabeth. La espiral del silencio: Opinión publica: nuestra piel social.

(14)

Buenos Aires: Editora Paiddos, 1995.

OLIVEIRA, Christine Bahia. Horário Gratuito Político Eleitoral – HGPE: o eleitor e a cidadania política. Programa de Pós-Graduação em Comunicação

Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (tese), 2008.

PENTEADO, Claudio Luis de Camargo. Facebook e campanha eleitoral digital. Em Debate, Belo Horizonte,

v.4, n.4, p.41-53, jul. 2012.

SANTOS, Wanderley Guilherme dos. A democracia impedida – o Brasil no século XXI. Rio de Janeiro:

FGV Editora, 2017.

VIDIGAL, Robert Lee; PEREIRA FILHO, Álvaro João. Educação e conhecimento político: duas faces de uma mesma moeda ou moedas diferentes? Em Tese, v.

14, n. 1, jan./jun., 2017.

WOJCIESZAK, M. E.; MUTZ, D. C. Online groups and political discourse: Do online discussion spaces facilitate exposure to political disagreement? Journal of communication, 59.1, 40-56, março de 2009.

Endereços eletrônicos

BENÍCIO, Jeff. “A Globo condena por antecipação”, diz Haddad a Bonner. Terra.com, 15 set. 2018. Disponível em: < https://www.terra.com.br/diversao/ tv/blog-sala-de-tv/a-globo-condena-por-antecipacao-diz-haddad-a-bonner,8fb4e26586fc914e0c791447f5fba f53pzieqisp.html. > . Acesso em: 03 fev. 2019.

CETIC.BR. Tic Domicílios 2019 – Principais resultados. São Paulo, SP, 26 maio. 2020. Disponível em: < https:// cetic.br/media/analises/tic_domicilios_2019_coletiva_ imprensa.pdf > . Acesso em: 12 julho. 2020.

Como Barack Obama revolucionou o marketing político. Rio Soft.com, 30 jun 2016. Disponível

em: <https://www.riosoft.com.br/blog/obama-marketing-politico/>. Acesso em: 19 jul. 2018.

Críticas a Bolsonaro e a Haddad têm as mesmas proporções na Folha. Folha online, 12 out. 2018. Disponível em:

<https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/ criticas-a-bolsonaro-e-a-haddad-tem-as-mesmas-proporcoes-na-folha.shtml > . Acesso em: 3 fev. 2019. FAVARO, Cristian. Em carta, Lula pede união com Haddad e ataca imprensa e ‘setores parciais do judiciário’. Terra. com, 24 out. 2018. Disponível em: < https://www.terra.com.br/noticias/eleicoes/em- carta-lula-pede-uniao-com-haddad-e-ataca-imprensa-e-setores-parciais-do-judiciario,9c045551cffada8513e2fd f7620a93deg8glum2a.html >. Acesso em 03 fev. 2019. FGV DAPP. Robôs, redes sociais e política: Estudo da FGV/DAPP aponta interferências ilegítimas no debate público na web. Rio de Janeiro, 20 ago. 2017. Disponível em: < http://dapp.fgv.br/robos-redes-sociais-e- politica-estudo-da-fgvdapp-aponta-interferencias-ilegitimas-no-debate-publico-na-web/> . Acesso em: 4 fev. 2019.

MAZUI, Guilherme. Jair Bolsonaro é eleito presidente e interrompe série de vitórias do PT. G1.com, 28 out. 2018. Disponível em: < https://g1.globo.com/politica/ eleicoes/2018/noticia/2018/10/28/jair-bolsonaro-e-eleito-presidente-e-interrompe-serie-de-vitorias-do-pt. ghtml >. Acesso em: 2 fev. 2019.

NAGOURNEY. Adam. The ’08 Campaign: Sea Change for Politics as We Know It. New York Times, 3 nov.2008. Disponível em: <https://www. nytimes.com/2008/11/04/us/politics/04memo. html?ref=todayspaper&_r=1>. Acesso em: 22 jun. 2018.

Referências

Documentos relacionados

À esquerda do parâmetro é apresentada uma caixa de seleção que indica se o parâmetro está ou não selecionado.. Principais Funcionalidades Para inserir um parâmetro na

A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se baseia no fato de que uma

A Psicologia, por sua vez, seguiu sua trajetória também modificando sua visão de homem e fugindo do paradigma da ciência clássica. Ampliou sua atuação para além da

 Para os agentes físicos: ruído, calor, radiações ionizantes, condições hiperbáricas, não ionizantes, vibração, frio, e umidade, sendo os mesmos avaliados

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

O Business Model Generation (Modelo Canvas), surge para inovar o plano de negócios e tem como finalidade contribuir de forma significativa para a construção rápida

Mova a alavanca de acionamento para frente para elevação e depois para traz para descida do garfo certificando se o mesmo encontrasse normal.. Depois desta inspeção, se não

Com o objetivo de compreender como se efetivou a participação das educadoras - Maria Zuíla e Silva Moraes; Minerva Diaz de Sá Barreto - na criação dos diversos