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TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS

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Academic year: 2021

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TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS

BRUNO CÉSAR SARTORI DE ARAUJO1*; JONATÃ MAURÍCIO BATISTA DA SILVA1;

RICARDO WADA1; SÉRGIO RODRIGUES DE OLIVEIRA FILHO1

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Curso de Graduação - Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação/UNICAMP

E-mail do autor correspondente: bruno.cs.araujo@gmail.com

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi analisar a qualidade das águas do rio Atibaia, que recebe

efluentes da refinaria de Paulínia. Para tanto, foram coletadas amostras de água em alguns pontos na estação de tratamento da refinaria e em um ponto do rio Atibaia. A análise mostrou que as concentrações de óleos e graxas, amônia, cianeto, sulfetos e fenóis, além do PH da água, encontram-se dentro dos padrões estabelecidos pela legislação brasileira. O único composto que apresentou concentrações irregulares foi o cloreto, com duas vezes mais concentração do que o permitido.

PALAVRAS-CHAVE: efluentes, poluição, rios, água, refinarias

INTRODUÇÃO

A projeção da distribuição do consumo de água doce no estado de São Paulo para 2010 tem a seguinte proporção: Agricultura: 50%; Indústria: 25%; Doméstico: 25% (BNDES, 2004).

No caso da indústria, após o processo de produção, a água é devolvida ao meio ambiente na forma de efluentes industriais, que contêm grande parte dos produtos químicos utilizados nas diversas fases dos processos produtivos. Uma vez que estes efluentes são devolvidos diretamente aos rios e lagos locais, a presença de poluentes e produtos químicos pode ocasionar

danos para todas as populações e ecossistemas dependentes desta água.

As refinarias de petróleo utilizam milhões de metros cúbicos de água todos os anos, equivalente ao consumo de cidades de centenas de milhares de habitantes (SIRESP, 2006). Por se tratar de um processo altamente dependente de produtos químicos nocivos aos seres vivos, incluindo: fenóis, sulfetos, amônia e óleos (BOLETIM, 2008), o refino de petróleo tem como resultado indireto a produção de uma água contaminada, que pode causar um grande impacto ambiental caso seja lançada como efluente nos rios de maneira direta.

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O tratamento destes efluentes, com a possibilidade do reuso desta água e conseqüente diminuição dos custos produtivos, vem fazendo com que empresas da área de refino invistam pesado no setor (SIRESP, 2006).

O objetivo do trabalho é avaliar se a quantidade de poluentes presentes nas águas do rio Atibaia que recebe o efluente da refinaria de Paulínia, Replan, é alta devido aos processos de uso da água pela empresa. Além disso, é feita uma análise de como é feito o tratamento e da qualidade das águas do rio Atibaia antes delas serem utilizadas pela empresa e em processos intermediários do tratamento.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a análise da qualidade das águas, foram colidas seis amostras em cinco diferentes pontos do processo de tratamento, e em um ponto anterior ao descarte do efluente no Rio Atibaia.

O processo de tratamento da água, depois de utilizada pela refinaria, é mostrado de maneira simplificado na Figura 1, e compreende as seguintes fases:

- Tratamento preliminar: composto de gradeamento, para remoção de sólidos grosseiros, e caixa de areia, para remoção de sólidos sedimentáveis (NOGUEIRA, 2007).

Figura 1. Simplificação do processo de

tratamento na refinaria de Paulínia

(NOGUEIRA, 2007).

- Tratamento físico-químico primário, após reunião de todos os efluentes na caixa de visita, composto de Bacia Primária (BP), provida de rolo coletor de óleo (skimmer), Separador do tipo API (American Petroleum Institute), Flotador por ar dissolvido e Bacia Secundária (BS), todos com o objetivo de remoção de óleos (NOGUEIRA, 2007).

- Tratamento secundário, composto de Bacias de Aeração (BAE- 1B e BAE – 2B) com retorno de lodo, proporcionando o tratamento biológico por lodos ativados de aeração

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carbonácea e nitrogenada, seguido por Decantação (duas unidades) e lagoa de polimento (NOGUEIRA, 2007).

- Sistema de tratamento de lodo biológico em excesso, descartado do retorno de lodo dos decantadores, composto por dosador de polímero, adensador gravimétrico e de centrífuga, com retorno dos líquidos drenados à bacia secundária (NOGUEIRA, 2007).

Depois de colhidas, as amostras foram encaminhadas para o laboratório de análises químicas da refinaria de Paulínia. Os pontos escolhidos para a coleta de cada uma das amostras estão descritos abaixo:

- A1: Entrada da Bacia Primária. - A2: Saída da Bacia Primária. - A3: Entrada do Flotador. - A4: Saída do Flotador.

- A5: Saída da Lagoa de Estabilização. - A6: Rio Atibaia. Ponto antes da entrada do efluente.

Para cada uma das amostras, foram medidas as concentrações de amônia, óleo e graxa, fenóis, cloretos, cianeto e sulfetos, além do Ph da água.

Para ter acesso aos relatórios das amostras, envie um e-mail para o autor.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados da análise de concentrações são mostrados na tabela abaixo:

A1 A2 A3 A4 A5 A6 óleos/ graxas - - 159 mg 145 mg 1,7 mg - amônia 24 mg 19 mg - - <1 mg 1,4 mg cloretos - - - - 556 mg - cianeto - - - - <10 -2 mg - sulfetos 5,0 mg - - - - - fenóis 14 mg 1,8 mg - - 0,014 mg - PH - 7,9 - - 8,1 7,5

Tabela 1. Concentrações de compostos químicos, por Litro de água, e PH em cada uma das amostras.

Os quadros da tabela que contêm "-" indicam que a concentração da substância não foi medida na amostra analisada. É importante notar que a amostra A5 é a que representa a água que será descartada como efluente no rio Atibaia, e que as amostras A1-A4 são analisadas apenas para se ter uma idéia de quão contaminada a água está depois de utilizada pela refinaria.

A seguir, é feita uma análise para cada um dos compostos químicos analisados e sobre o PH da água:

- óleos e graxas: Insolúveis em água, os óleos e graxas são altamente poluentes e nocivos ao meio ambiente, podendo causar a morte de animais e plantas. A concentração máxima permitida, por litro de água, é de 29 mg (GABEIRA, 2007). Desta forma, a concentração despejada de óleos e de graxas está mais de 10%

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abaixo da concentração máxima permitida pela legislação brasileira.

- amônia: A toxidade da amônia está relacionada à sua permeabilidade através de membranas celulares e de sua solubilidade em lipídios, que em pequenos vertebrados, como peixes, ocasionam efeitos deletérios, que podem levá-los ao óbito (ALVES, 2006). A concentração encontrada no efluente encontra-se bem abaixo dos níveis máximos permitidos, uma vez que a concentração máxima permitida por litro de água, no Brasil, é de 20 mg (CONAMA, 1986).

- cloretos: Os cloretos podem se combinar com outros elementos químicos e formar sais, modificando o ambiente para peixes e plantas. Embora a concentração máxima de cloretos permitida pela legislação brasileira seja de 250 mg por litro de água (CONAMA, 1986), a amostra do efluente apresentou uma concentração de 556 mg/L, mais do que o dobro do que a concentração máxima permitida.

- cianeto: O cianeto é uma substância altamente tóxica e mortal, até mesmo em pequenas concentrações. Sua concentração máxima permitida por litro de água é de 0,01 mg (CONAMA, 1986). A concentração medida no efluente encontrou-se abaixo deste valor.

- sulfetos: A concentração máxima de sulfetos permitida é de 0,03 mg/L (CONAMA, 1986). Infelizmente, não foram medidos os

valores das concentrações de sulfetos no efluente.

- fenóis: É corrosivo e irritante das membranas mucosas. Potencialmente fatal se ingerido, inalado ou absorvido pela pele. Causa queimaduras severas e afeta o sistema nervoso central, fígado e rins. Também é extremamente tóxico para animais como os gatos. Substância pode provocar em longo prazo câncer de diversos tipos. (WIKIPEDIA, 2008). Neste caso, a medição revelou uma concentração de 0,014 mg/L, bem abaixo do permitido de 0,3 mg/L para esta substância.

- PH: Valores entre 6 e 9 são aceitos. Embora o efluente devolvido apresente um PH diferente do que o encontrado no rio anteriormente, podendo ocasionar mudanças no ambiente, o valor de 8,1 é aceitável pela legislação brasileira.

CONCLUSÃO

Os níveis encontrados foram satisfatórios para todos os elementos químicos analisados, com a exceção para os cloretos, que tiveram a sua concentração mais de duas vezes além do permitido pela legislação brasileira.

Embora os índices sejam satisfatórios quando comparados com os valores da legislação brasileira, vale lembrar que estes valores máximos permitidos são para que as águas sejam consideradas não poluídas.

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Quando deixamos a legislação de lado e falamos de água potável, ou destinada à agricultura, estes índices máximos têm suas

concentrações máximas permitidas

drasticamente menores. Como um exemplo, a concentração máxima de fenóis para que a água seja considerada potável, deve ser menor do que um milésimo de grama por litro (CONAMA, 1986). Isto indica um índice com quatorze vezes menos fenóis do que o encontrado na água do efluente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALVES, CAIO. Avaliação da Toxidade Aguda

da Amônia Mediante o Organismo-Teste Danio Rerio. XIV Congresso Interno de

Iniciação Científica da Unicamp. Campinas - CESET/Unicamp, 2006.

BOLETIM. Boletim de Ensaio - Replan, Paulínia, Maio 2008.

BNDES. Seminário de recursos hídricos, Rio de Janeiro 15-16 Julho 2004. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/conhecimento/semina rio/hidrico_9.pdf>. Acesso em 10 de Maio de 2008.

CONAMA. Resolução Conama Nº 020, de 18 de junho de 1986. Disponível em: < http://www.lei.adv.br/020-86.htm>. Acesso em 23 de maio de 2008.

CORREA, B.; FURLAN, L.; LAURO, M.; SABBAG, M. Redução do Consumo de Água e

da Vazão de Efluentes Através do Gerenciamento das Fontes e Reutilização de Águas - A Experiência da Refinaria de Paulínea. Segundo Prêmio FIESP. Paulínea,

2006.

GABEIRA. Conama aprova resolução que permite mais óleo e graxa no mar. 2007.

Disponível em: <

http://www.gabeira.com.br/noticias/noticia.asp?i d=4221 >. Acesso em 23 de maio de 2008. NOGUEIRA, DANIEL. Balanço Hídrico na

Refinaria de Paulínia e Alternativas Para Reuso da Água: Construção de uma Ferramenta Auxiliar para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos. Dissertação de Mestrado, Campinas - FEC/Unicamp, 2007.

PORTARIA. Legislação

<http://www.semace.ce.gov.br/biblioteca/legisla cao/inconteudo.asp?cd=86>

SIRESP, Petrobrás investe na reutilização de

água, 2006. Disponível em:

<http://www.siresp.org.br/imprens/impresar.php ?news=265>. Acesso em 13 de Maio de 2008.

WIKIPEDIA. Fenol. Disponível em:

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Fenol>. Acesso em 23 de maio de 2008.

Imagem

Figura  1.  Simplificação  do  processo  de

Referências

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