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Imprensa, linguagem e cultura: a construção de um caso

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Academic year: 2020

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Imprensa, linguagem e cultura: a construção de um caso

Anderson Salvaterra Magalhães (UFSM)*

Resumo: Entendendo a cultura como um eixo de tensão de valores construído na inter-relação de formas de discurso e formas de saber, neste trabalho problematiza-se a organização da imprensa na atualidade a partir de transformações axiológicas na cultura ocidental. De um ponto de vista dialógico da linguagem, analisa-se parte do projeto editorial de reconfiguração identitária institucional do jornal carioca O Dia e demonstra-se como mudanças de valores culturais mobilizam posturas éticas.

Palavras-chave: imprensa; funcionamento cultural; dialogismo; ética.

Introdução

A sociedade ocidental, há algum tempo, experimenta o processo de globalização, que redefine conceitos como o de fronteira e nação, alterando a noção de pertença e redimensionando as relações espaço-temporais (SANTOS, 2000). Nesse cenário, a imprensa ocupa um lugar de destaque, uma vez que coloca em circulação sentidos e discursos em proporções tais que deflagram possibilidades interacionais nunca antes pensadas. É possível dizer que a imprensa constitui um dos carros-fortes da contemporaneidade.

Concebida como uma instituição ideológica que, simultaneamente, reflete valores culturais, consolidando a hegemonia, e os refrata, alterando engrenagens do funcionamento social, a imprensa constitui arena de mudanças axiológicas e palco de transformações (MAGALHÃES, 2010). Sendo assim, quais movimentos podem ser flagrados na atualidade?

Para responder a essa pergunta, descreve-se sucintamente como a imprensa irrompe na história da cultura ocidental e problematiza-se sua atual configuração ética a partir dos desafios próprios da contemporaneidade. Em seguida, por meio da análise de fragmentos de uma série de reportagens que foi premiada pelo Instituto Ayrton Senna em 2004, apresenta-se o projeto editorial de O Dia como um caso da atualidade.

*Professor Adjunto do Departamento de Letras Vernáculas, do Curso de Letras, da Universidade

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E-1 Funcionamento cultural e imprensa

Neste trabalho, a cultura é compreendida como um processo construído sobre estabilidades e instabilidades, de maneira que não se recupera um quadro estático das ações humanas que definem a sociedade, mas um cenário dinâmico com forças em tensão. Esse movimento constitutivo da cultura é descrito por Lyotard (1979; 1986), Dufour (2003) e Amorim (2007) como resultado da integração de formas de discurso e formas de saber, que juntas delineiam o eixo axiológico a partir do qual as relações sociais se desenvolvem.

De acordo com esses autores, a história da cultura ocidental pode ser contada em três grandes tempos marcados pela sobrepujança de determinados valores sobre outros: o pré-moderno, o moderno e o pós-moderno. No período pré-moderno, o princípio da verdade como memória funciona como referencial de valor que regula o funcionamento da cultura. Em oposição ao esquecimento, a verdade é validada pelo mito, por aquilo que se transmite por gerações, pelas profecias ou por oráculos. As grandes epopeias mostram esse valor da memória e imortalidade garantido no contar e recontar de histórias e demonstram como, nessa ordem social, a verdade não se vinculava à novidade, mas ao repetido, mantido e estabilizado por meio do saber mítico, sempre atrelado ao discurso da divindade e organizado na forma narrativa. Lyotard (1979; 1986) postula que o mito funciona como a grande narrativa que ordena as pequenas histórias vivenciadas no dia a dia das sociedades tradicionais e, assim, confere-lhes sentido, de maneira que é possível identificar um contrato interacional orientado para a construção de laços sociais.

Em contrapartida, a laicização do conhecimento inaugura a modernidade no sentido de desvincular o saber do sagrado, trazendo ao senso de verdade a noção do processual, do inédito, da transformação, da instabilidade. A ruptura entre religião, mito e discurso abre diferentes possibilidades de relações sociais, tais como o desenvolvimento da noção de um Estado laico, a diferenciação entre o real e o discursivo, já que a palavra não constitui um dogma, entre outros aspectos de mudança sócio-histórica, e privilegia uma forma discursiva não mais narrativa, mas demonstrativa. Ao invés da memória, a garantia de veracidade está na demonstração, na experimentação, na explicação, na justificativa dos fatos. A racionalidade se define como um valor que imprime à noção de verdade a questão da objetividade. Nesse modo de funcionamento cultural, a verdade também é o princípio base do eixo de valor das relações sociais. Todavia, ao invés de se fundamentar na oposição entre memória e esquecimento, a verdade resulta da tensão “verdadeiro vs. falso”. A narração dá lugar à demonstração, uma forma

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dialética de organizar o discurso, e o contrato interacional orienta-se pelo rigor conceitual.

Com o advento da periodicidade na Europa no século XVII, a imprensa consolida-se como instituição num período histórico marcado pelo funcionamento cultural moderno. Isso significa dizer que, em sua fundação, a imprensa tem como valor referencial ético a verdade que se opõe ao falso. No século XVIII, seu comprometimento com o senso moderno cultural constrói o discurso de fatos, que pautará a ética da imprensa até a primeira metade do século XX (WARD, 2004). A partir daí, os avanços do que se pode chamar de valores pós-modernos trazem, mais do que transformação, uma ruptura no modo de funcionamento cultural no Ocidente (AMORIM, 2007).

A grande alteração no funcionamento cultural que dá origem ao que se chama de pós-modernidade é o deslocamento do eixo axiológico que estrutura as relações sociais. Se na pré-modernidade e na modernidade a verdade rege a organização epistemológico-discursiva, seja como memória, ou como construção dialética, na pós-modernidade a verdade dá lugar à eficácia. Essa mudança traz fortes implicações para as relações sociais, principalmente pelo fato de a eficácia, diferente da verdade, não pressupor o discurso. Enquanto o pré-moderno e o moderno são caracterizados por formas discursivas predominantes através das quais o saber se organiza (a narração e a demonstração, respectivamente), o pós-moderno é marcado pela ação, adaptação, alcance de objetivos, independente de forma discursiva específica (AMORIM, 2007). No pensamento de Lyotard (1979; 1986), a ruptura na pós-modernidade instaura uma condição sociocultural caracterizada pelo apagamento da grande temporalidade. O contrato social restringe-se ao alcance de objetivos, que não respondem mais à legitimação de uma temporalidade maior. Isso provoca fragmentação das relações e das identidades. Como proceder eticamente num contexto em que o pilar institucional perde força cultural?

Tal alteração axiológica traz grandes desafios para a imprensa, uma vez que põe em xeque a base ética sobre a qual a instituição se fundou: a verdade. O que acontece com as instituições cuja base ética não coincide mais com o eixo axiológico da cultura que a enquadra e atravessa? Para responder a essas perguntas, é necessário pensar o lugar da linguagem na engrenagem da cultura e na arquitetura da imprensa.

2 Imprensa como interface de temporalidades: pensando a comunicação discursiva

A noção de discurso de fatos postulada por Ward (2004) permite descrever a tarefa da imprensa como gestão de discursos pautados numa

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relação com a empiria. Não é pertinente dizer que o fato constitui objeto da imprensa, uma vez que não são os acontecimentos em si que habitam as páginas de um jornal, por exemplo, mas o que se diz sobre os acontecimentos. Antes de figurar na imprensa, o fato é discursivizado, por assim dizer.

Tornar um fato discurso, de acordo com uma abordagem dialógica de linguagem (BAKHTIN, 1951-1953; 1970-1971/2003), implica engajamento na comunicação discursiva. Desse ponto de vista teórico, a linguagem é entendida como uma cadeia cuja unidade, o elo, prende-se aos que o antecedem e aos que o sucedem, de maneira que não é possível conceber uma instância de comunicação num vácuo social. Para Bakhtin (Ibid.), o elo nessa cadeia – a unidade na comunicação discursiva – é o enunciado que, entre outras características, constitui-se pelo caráter responsivo.

A responsividade diz respeito à necessária ligação que um enunciado mantém com outros que o antecedem e com outros que o sucedem, de maneira que o conceito traduz tanto a peculiaridade de responder quanto a de provocar respostas. Essa proposta permite identificar o diálogo como constitutivo da linguagem, uma vez que não há como pensá-la fora desse engajamento entre unidades comunicativas discursivas. Vale destacar que diálogo, nesse caso, não se limita à interação face a face, mas abarca relações entretecidas entre sujeitos, textos, discursos e/ou épocas.

A comunicação discursiva, então, concebe a interação social como uma rede de relações dialógicas, o que, no âmbito desta discussão, é importante para entender o ordenamento cultural e o funcionamento da imprensa. As pequenas narrativas que dão vida à sociedade precisam do enquadre de uma grande narrativa que institua o referencial de valor e lhes confira sentido. Isso significa dizer que a grande narrativa organiza as relações sociais possíveis. A mediação entre as temporalidades, porém, se dá pela linguagem que, simultaneamente, aponta para o situacional – atualiza as interações cotidianas – e para o cultural – articula formas de saber e de discurso a partir de um eixo axiológico. Daí a grande ruptura na condição pós-moderna. Com o apagamento da grande temporalidade, a não referenda de formas discursivas específicas que validem formas de saber orienta, mitiga o valor ético.

Desse ponto de vista, dois aspectos são importantes para entender a urdidura do texto na imprensa. O primeiro diz respeito aos fatores que tornam um fato elegível para, tomado como discurso, preencher as páginas dos jornais. Dentre os tantos fatos que atualizam a vivência diária de uma sociedade, o que mobiliza alguns como objeto da imprensa? A relevância cultural é o que justifica esse movimento. Isso significa dizer que, para ser capturado pela imprensa, um fato precisa ao menos tangenciar a grande temporalidade, senão atingi-la diretamente.

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O segundo aspecto importante é a maneira como a grande temporalidade é tratada no texto da imprensa. O posicionamento ético na imprensa se define pela maneira como o singular e pontual compõe o geral e abrangente. Em outras palavras, a postura ética de uma editoria se define pela maneira como o discurso de fatos apresentado em notícias, reportagens, etc., mobiliza e influencia as pequenas narrativas que são por ele atravessadas. O caso do jornal O Dia demonstra como a ética jornalística tem se adaptado na contemporaneidade.

3 Metamorfose discursiva e fluidez ética: um caso contemporâneo O recorte aqui apresentado compõe-se de dois fragmentos de uma série de reportagens intitulada Crise na Educação, escrita em 2003 e premiada pelo Instituto Ayrton Senna em 2004. Trata-se, portanto, de uma série reconhecida como bem sucedida pela própria editoria, que a inscreveu num concurso, e pela instituição filantrópica que promoveu o concurso e a premiou. A série foi desenvolvida em dez capítulos e versa sobre o problema de falta de docentes na rede estadual de ensino do Rio de Janeiro. Os fragmentos aqui analisados são retirados do primeiro (BOTINO; REMÍGIO, 2003) e do quarto dia (BARRETO, 2003).

Logo na abertura da série, como orienta a técnica jornalística, situa-se o problema tomado como objeto jornalístico. O recurso textual¹ para essa apresentação é a introdução de duas personagens: dois alunos da rede pública que sofrem com a falta de professores. Aqui vale a pena citar o modo como uma delas é encaixada no texto:

João Carlos Plácido, 17 anos, amarga um S/P [Sem Professor] em Geografia, referente ao 1º ano do Ensino Médio, cursado ano passado no Ciep Doutor Milton Rodrigues Rocha, em Itaboraí. “Fico chateado porque sou bom aluno. A falta de professor atrasou minha vida. Preciso trabalhar para ajudar em casa e pagar meu curso de Informática, mas tenho que vir ao colégio de manhã, para ter reposição. Sonho em ser engenheiro naval”, entrega ele, hoje aluno do Ciep Pablo Neruda, em São Gonçalo (BOTINO; REMÍGIO, 2003, p. 03).

O aluno é apresentado como indivíduo, como exemplo de um problema que atinge a vários outros. Sua fala inserida em discurso direto

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configura um depoimento prestado ao jornalista por ocasião da apuração da matéria. Sua queixa, suas soluções limitam-se à pequena temporalidade que atualiza sua história particular e não transforma, embora o componha, o problema tratado na série. Esse modo de introduzir a personagem não constitui espaço de expressão daqueles que sofrem os problemas destacados. A individualidade da personagem a silencia na grande temporalidade, onde não tem vez nem voz. Sua pequena história apenas ilustra a questão social tomada como objeto jornalístico. Essa escolha editorial constrói uma postura conservadora, e o jornal parece funcionar como instrumento de manutenção do status quo.

No quarto dia da série, porém, há outra abordagem do tema. Dessa vez, os alunos que sofrem as consequências da falta de professores não são apresentados como indivíduos, mas como corpo discente numa passeata. Numa configuração institucional, o coletivo, diferente do individual, move a grande temporalidade. O que se faz como corpo numa passeata não constitui um depoimento coligido especialmente para compor as páginas de uma reportagem, mas uma ação concreta com vistas à transformação da realidade vivida por esse corpo. Dessa maneira, a apuração jornalística recupera uma ação institucional de resistência, e a veiculação dessa ação dá visibilidade à luta social, à postura transformadora e ativa daqueles que enfrentam os dilemas na educação estadual. As falas coligidas desse contexto não figuram mais como depoimentos, mas como citações de um discurso em funcionamento independente da reportagem.

Mesmo sem aulas de Biologia, Física, Química e Sociologia, Carolina prestou vestibular para Enfermagem e passou na fase classificatória da Uerj. “Precisei estudar sozinha e tive muita dificuldade. Sonho um dia em ter orgulho de passar para uma universidade pública. O governo não pode me privar disso”, criticou, emocionada (BARRETO, 2003, p. 03).

Por conta da esfera em que a fala da aluna circula, seu desabafo extrapola o âmbito individual e tem força discursiva na grande narrativa. A última frase da citação direta coaduna-se com o verbo dicendi a ela atrelada para construir uma ação discursiva. Esse modo de introduzir o aluno na reportagem garante-lhe expressão e possibilidade de alteração do problema que enfrenta; não como indivíduo, mas como corpo discente. A crítica ao status quo configura um gesto de resistência, e veicular essa ação que mobiliza a grande temporalidade define uma postura não conservadora do jornal. Aqui não se flagra a sustentação de um posicionamento, nem a confirmação de uma identidade institucional estável. O jornal não assume uma postura de

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resistência, mas também não atém ao conservadorismo. Essa instabilidade de postura política sugere a organização de uma ética pautada pela metamorfose, o que rompe com o contrato interacional moderno orientado para o rigor conceitual e referenda valores que consolidam a condição pós-moderna. Seria esta uma tendência contemporânea para o funcionamento da imprensa? Reflexões finais

Em resumo, é possível pontuar que a imprensa de hoje não responde aos mesmos enunciados que respondia quando a imprensa estruturou-se como instituição ideológica. Entendendo a cultura como um processo dinâmico, seria equivocado determinar que a metamorfose institui-se como ética jornalística na contemporaneidade. A contribuição deste trabalho está na demonstração, ainda que sucinta, de uma possibilidade de rearranjo sociodiscursivo da imprensa diante das transformações de valores culturais.

A despeito desse escopo limitado, o recorte na cadeia comunicativa discursiva aqui apresentado permite: a) identificar na interface linguagem/cultura um caso próprio da contemporaneidade; b) analisar mecanismos discursivos que refletem e refratam valores; e c) interpretar implicações do modo como tais valores são tratados no texto. Se o conhecer antecede o transformar, aqui está dado um primeiro passo.

Referências

AMORIM, M. Raconter, démontrer, ... survivre: formes de savoirs et de discourse dans la culture contemporaine. Ramonville Saint-Agne: Èrès, 2007. BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da criação verbal. Traduzido por Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 261-306 (originalmente escrito entre 1951 e 1953 e publicado em russo em 1979).

______. Apontamentos de 1970-1971. In: ______. Estética da criação verbal. Traduzido por Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 367-392 (original russo: 1979).

BARRETO, V. MEC puxa a orelha do Estado. O Dia, Rio de Janeiro, 28.ago.2003. Geral, p. 3.

BOTINO, K.; REMÍGIO, M. Provas de ineficiência. O Dia, Rio de Janeiro, 24.ago.2003. Geral, p. 3-4.

DUFOUR, D-R. L’Art de réduire les têtes – sur la nouvelle servitude de l’homme liberé à l’ère du capitalisme total. Paris: Denoël, 2003.

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______. Le postmoderne expliqué aux enfants. Paris: Galilée, 1986. MAGALHÃES, A. S. Subjetivação, jornalismo e ética: uma abordagem dialógica. 292f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem). Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: PUCSP, 2010.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.

WARD, S. J. A. The invention of journalism ethics: the path to objectivity and beyond. Montreal: McGill-Queen’s University Press, 2004.

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