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Geomarketing aplicado a aquisição e análise de dados em realidade aumentada

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Academic year: 2021

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Universidade de Lisboa

Instituto de Geografia e Ordenamento do Território

GEOMARKETING APLICADO A AQUISIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS EM

REALIDADE AUMENTADA

Geraldo Eustáquio Dias Leite Júnior

Dissertação de Mestrado orientada pelo Professor Doutor Fernando Jorge Pedro

da Silva Pinto da Rocha e pelo Doutor Luís Filipe do Espírito Santo Correia

Marques

Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica e Modelação Territorial

Aplicados ao Ordenamento

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Universidade de Lisboa

Instituto de Geografia e Ordenamento do Território

GEOMARKETING APLICADO A AQUISIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS EM

REALIDADE AUMENTADA

Geraldo Eustáquio Dias Leite Júnior

Dissertação de Mestrado orientada pelo Professor Doutor Fernando Jorge Pedro

da Silva Pinto da Rocha e pelo Doutor Luís Filipe do Espírito Santo Correia

Marques

Júri:

Presidente: Professor(a) Doutor(a) Mário Adriano Ferreira do Valedo Instituto de

Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa

Vogais:

- Professor Doutor José António Pereira Tenedório da Faculdade de Ciências

Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

- Professor Doutor Fernando Jorge Pedro da Silva Pinto da Rocha do Instituto de

Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa

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“Isto que a vida é, só um momento,

um encontro, uma passagem, e então se vai.”

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Prof. Dr. Jorge Rocha e ao Prof. Dr. Luís Marques pela compreensão, força e disponibilidade.

Aos demais professores e colegas do IGOT pela auxílio e imenso aprendizado durante esse percurso.

Aos meus pais e minha família, que sempre lutaram e fizeram o possível para que nada me faltasse, que sempre me apoiaram e me auxiliaram em todos os momentos. Aos amigos de sempre pelo companheirismo de sempre.

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iii

SIGLAS E ACRÓNIMOS

API - Application Programming Interface

APP - Anglicismo da abreviatura de aplicação AR - Augmented Reality

BA - Business Analysis Baas - Backend as a Service BD - Bigdata

BI - Business Intelligence IoT – Internet of Things IT - Information Technology

IDDM – Integrated Data-Driven Marketing IDE - Integrated Development Environment GPS - Global Position System

MOBILE - Dispositivos móveis RM - Realidade Mista

SDK - Software Development Kit

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ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ... i

SIGLAS E ACRÓNIMOS ... iii

ÍNDICE DE TABELAS... vii

ÍNDICE DE FIGURAS ... ix RESUMO ... xi ABSTRACT ... xiii CAPÍTULO 1 ... 1 INTRODUÇÃO ... 1 1.1 SOCIEDADE E INFORMAÇÃO ... 1 1.2 INTERNET E INFORMAÇÃO ... 3

1.2.1 UMA BREVE HISTÓRIA ... 3

1.2.2 A DISSEMINAÇÃO DOS DADOS... 5

1.2 INTERNET DAS COISAS OU INTERNET OF THINGS (IoT) ... 9

CAPÍTULO 2 ... 20

GEOGRAFIA E INFORMAÇÃO ... 20

2.1 GEOGRAFIA E INFORMAÇÃO ... 20

2.2 A GEOGRAFIA DO TEMPO ... 24

2.3 MODELOS ESPÁCIO-TEMPORAIS EM GEOGRAFIA ... 25

2.4 RESTRIÇÕES... 26

2.5 PERCURSO CLÁSSICO ... 27

2.6 PERSPETIVA TEMPORAL ... 28

2.7 ANÁLISE DA TRAJETÓRIA ESPÁCIO-TEMPORAL ... 31

CAPÍTULO 3 ... 34

GEOMARKETING SEGMENTADO AO CONSUMO ... 34

3.1. GESTÃO ESTRATÉGICA E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO ... 34

3.1.1 HEINEKEN NO CHAT DO FACEBOOK ... 38

3.2. PROPOSTA DE MODELOS PARA DADOS DE CONSUMO ... 41

CAPÍTULO 4 ... 50

IMPLEMENTAÇÃO DO PROTÓTIPO ... 50

4.1.3 LENDO OS DADOS PERMITIDOS NA API DO FACEBOOK ... 67

4.2 MÉTODOS DE GEOLOCALIZAÇÃO ... 68

4.2.1 VISÃO GERAL ... 68

(11)

vi

4.3 SERVIÇO DE CLOUD FIREBASE ... 83

4.3.1 VISÃO GERAL ... 83

4.3.2 SALVANDO OS DADOS NA NUVEM ... 84

4.4 APP REALIDADE AUMENTADA ... 90

4.4.1 UNITY / VUFORIA ... 90

4.5 RESULTADOS PRELIMINARES ... 99

CAPÍTULO 5 ...102

CONCLUSÃO ...102

(12)

vii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Definições de IoT (Mancini, 2018 pg.5). ... 11 Tabela 2 - Primitivas aplicáveis e produtos derivados dos dados de movimentos (Dodge, Weibel e Lautenschutz, 2008)... 33

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(14)

ix

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. 1º Apresentação da Torradeira de Romkey na INTEROP’89. ... 10

Figura 2. 2º Apresentação da Torradeira de Romskey em 1991. ... 11

Figura 3. Estimativa Relatório Cisco (Evans, 2011 pg.3)... 15

Figura 4. Dispositivos conectados a Internet das Coisas, Statista (Forbes, Dezembro 10, 2017) ... 16

Figura 5. Statista, Tamanho do Mercado da Internet das Coisas em todo Mundo em 2014 e 2020, por setor em Bilhões de Dólares (Forbes, Dezembro 10, 2017). Disponível em: <https://www.forbes.com/sites/louiscolumbus/2017/12/10/2017-roundup-of-internet-of-things-forecasts/#3ccee1e71480>. Acesso em: Setembro, 3 de 2019... 16

Figura 6. Backbone da Internet desenvolvido pela Telegeography, (Telegeography, Julho 12, 2017). ... 21

Figura 7. Mapa Global do Tráfego de Voz em 2010 desenvolvido pela Telegeography, (Telegeography, n.d)... 22

Figura 8 - Exemplo de trajetória espácio-temporal entre os locais de atividade. ... 28

Figura 9 - Prisma espácio-temporal planar ... 29

Figura 10. Desafio Heineken - Champions League no chat do Facebook. ... 39

Figura 11. Alguns Prémios Oferecidos na Campanha. ... 40

Figura 12. Menu de Resgate de Prêmios e Envio de Talão. ... 41

Figura 13. Modelo Conceitual da Campanha. ... 42

Figura 14.Exemplo de Campanha - PEPSI E OS TRAPALHÕES, 1988 – BRASIL. 44 Figura 15. Sensorama de Heilig. ... 45

Figura 16. Sketchpad de Sutherland ... 46

Figura 17. HDM de Sutherland ... 47

Figura 18. Fig.61- Policiais e civis jogando juntos (Cunha, 2018 pag.130). ... 48

Figura 19. Projeto Android Studio (nível de API). ... 51

Figura 20. Plataforma do Facebook para desenvolvedores. ... 52

Figura 21. Histórias de Sucesso. ... 52

Figura 22. Permissões ao Utilizador. ... 53

Figura 23. Verificação de Permissões. ... 54

Figura 24. Plataforma de Análise. ... 55

Figura 25. Configuração Facebook / Android. ... 56

Figura 26.Integração SDK Facebook... 57

Figura 27. Edição de Recursos e Manifesto. ... 58

Figura 28. Registro da Key Hash na plataforma de desenvolvedores do Facebook. 59 Figura 29.Botão de Login inserido no Layout do Android Studio. ... 59

(15)

x

Figura 31. Chamando da Api do Facebook para Login. ... 61

Figura 32. Chamando da Api do Facebook para login preenchida. ... 62

Figura 33. Login Ativo. Tela de Atividade Principal. ... 63

Figura 34.Aplicativos que usam serviços do Facebook. ... 64

Figura 35. Propriedades do Protótipo no Facebook. ... 65

Figura 36. Informações sobre a Aplicação. ... 66

Figura 37. Licença da aplicação no Android Studio – Divisão do Projeto em 03 Processos. ... 71

Figura 38. LogCat do Android Studio... 77

Figura 39. Produtos Oferecidos pelo Firebase (Firebase.google, n.d). ... 83

Figura 40. Android Studio configuração Firebase. ... 85

Figura 41. Dados do Facebook na Database. ... 88

Figura 42. Dados de Geolocalização no Id. ... 89

Figura 43. Developers.vuforia, License Key. ... 91

Figura 44. Developer.vuforia, Target Manager. ... 92

Figura 45. Image Target e Objetos de Interação Utilizados no Protótipo no Unity. .. 93

Figura 46. QrCode utilizado como Image Target. ... 96

Figura 47. Resultado Final da Aplicação. ... 97

Figura 48. Espectro de Visualização. ... 98

Figura 49. Consumo de Heineken. ... 99

Figura 50. Locais onde ocorreu o maior consumo de Heineken. ...100

Figura 51. Dados de usuários. ...100

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xi

RESUMO

O Surgimento da internet possibilitou o desenvolvimento de metodologias que tem transformado a perceção de como as empresas podem se comunicar com seus consumidores e ecossistema comercial. Campos científicos como a geografia, aliados a ferramentas digitais que surgem através da utilização da rede de internet, são agora capazes oferecer e construir noções e modelos espaciais que antes seriam impossíveis de serem representados graficamente. Em um mundo onde a distância deixou ser um obstáculo para a comunicação, a localização dos indivíduos se tornou uma comodidade preciosa e realmente possível de ser obtida graças a tecnologias mobile, o modo como a informação acontece na internet através de suas diversas peculiaridades permite ainda o enriquecimento da localização com informações reais dos consumidores.

Redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter dentre outras oferecem ferramentas capazes de permitir acesso a informações reais dos utilizadores quando vinculados as aplicações através de métodos como o login que é um modo simples de verificação da identidade real do utilizador utilizando a base de dados de uma aplicação mais solida, por outro lado temos os smartphones que através das suas aplicações possibilitam um contato direto com as pessoas e ainda fornecem métodos preciosos de observar e gerenciar o uso das aplicações, outras tecnologias como a realidade aumenta quando utilizadas fornecem um poderoso modo de engajamento para os utilizadores através de poderosas interações visuais que enriquecem a experiência e potencializam a curiosidade das pessoas, há ainda os serviços de armazenamento que oferecem metodologias que retém informações específicas dos utilizadores é que podem consultadas e processadas pelas empresas para compreender melhor o seu público e melhorar a experiência do utilizador. Tendo como pano de fundo a fala do Diretor de Marketing da Heineken Group Ian Wilson no Websummit 2018, veremos como o empilhamento de algumas dessas tecnologias somado aos conhecimentos geográficos podem ser utilizados para apoiar uma necessidade comercial de comunicação.

Palavras-chave: Geomarketing, Big Data, Realidade Aumentada, Android,

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xiii

ABSTRACT

The internet emergence has enabled the development of methodologies that have transformed the perception of how companies can communicate with their consumers and business ecosystem. Scientific fields such as geography in conjunction with the digital tools that emerged through the use of the internet network are now able to offer and build spatial notions and models that would previously be impossible to graphically represent. In a world where distance is not an obstacle to communication anymore, the location of individuals has become a precious commodity that is possible to obtain with the use of mobile technologies and in the way that information happens on the Internet through its various peculiarities allows the enrichment of the location with real information from consumers.

Social networks such as Facebook, Instagram and Twitter among others offer tools capable of providing real user information when used by applications through methods such as login which is a simple way of verifying the real user's identity with the use of a database from a solid source. On the other hand, we have smartphones that through their applications enable direct contact with users and also provide precious methods of observing and managing the use of their applications, other technologies, such as Augmented Reality, provide a powerful way of engaging users through entertaining visual interactions that enrich the experience and enhance people's curiosity. There are also storage services that offer methodologies to retain user-specific information which companies can query and process to better understand their audience and improve user experience. In the perspective of Heineken Group's Marketing Director Ian Wilson's talk at Websummit 2018, we will look at how stacking some of these technologies together with geographic expertise can be used to support a business communication necessity.

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1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 SOCIEDADE E INFORMAÇÃO

No fim do século XX presenciamos o início do desdobramento de um profundo processo de mudança nas relações humanas, este a princípio influenciou e influência diretamente na maioria dos fragmentos que compõem a organização das sociedades e dos indivíduos. O que se designou como Globalização, ainda não pôde ser mensurado em sua totalidade e influência, se quer parece apontar para um epilogo, ao contrario o que vemos é a disseminação do drama desenfreado de alterações provocados pelos diversos estilhaços do Big Bang1 da fusão global. Os Sistemas de Informação desempenham um importante papel no enredo desta peça, este se ramificou a ponto de eliminar as relações espaço temporais dos lugares, liquefazendo a comunicação, as relações de consumo, bem como outros aspetos do comportamento dos distintos grupos sociais em uma rede global que flui em tempo real.

Para o sociólogo espanhol Manuel Castells, a revolução da tecnologia da informação que se iniciou durante a década de 1980, provocou o surgimento de um novo capitalismo ao qual ele denominou “capitalismo informacional”, este novo modelo tem como uma de suas características mais relevantes o fato de a produção de riqueza bem como a competitividade entre os países, regiões, empresas, pessoas etc., dependerem da informação assim como sua capacidade de processamento e análise para gerar conhecimento, esse novo paradigma se desenvolveu devido ao fato de as sociedades terem se tornado informacionais durante o processo de globalização, o que levou a revolução das

1Analogia a teoria da origem do universo desenvolvida pelo padre Belga Georges Lemaître, que propôs que o univers

o teria se originado do que ele titula “Teoria do Átomo Primordial” (USP, n.d). Disponível em: <http://www.esalq.usp.br/l

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2 redes de informação e tecnologias, sobretudo subsidiados pelo avanço da internet, em seu livro Sociedade em Rede de 2002 ele já ressaltava que os processos de geração de conhecimento, produção e comunicação estavam profundamente transformados pelo paradigma informacional, Isso assegura que cada vez mais as sociedades serão transformadas e compostas pelas transfigurações promovidas pela informação e pelo desenvolvimento tecnológico (Castells, 2002).

O peculiar momento atual pode ser comparado a outros grandes eventos na história da humanidade, a Revolução Agrícola (Aproximadamente 12.500 anos atrás) e a Revolução Industrial que se iniciou no século XVIII. Na primeira a espécie humana substituiu o hábito nômade cujo meio de subsistência era o estilo de vida “caçador-coletor” para adotar o comportamento sedentário, domesticando animais e plantas, a segunda revolução marcou o início da mecanização dos meios de produção, tais períodos de inovação imergiram a humanidade sob uma cadeia de eventos e desenvolvimento sem precedentes (Harari, 2012).

Uma característica desses eventos é a sua penetrabilidade nas atividades humanas. Recorrentemente hiatos revolucionários emergem na humanidade, alguns possuem caráter de desenvolvimento intelectual e social e que acabam por confluir em mudanças de paradigma, como o surgimento da Filosofia, o Absolutismo, Renascimento, Iluminismo, a Revolução Francesa, o aparecimento de Crenças e Religiões etc., todos têm o poder de alguma forma apontar para a direção ou mesmo nos conduzir a um novo tempo de perspetivas e ações.

Sem dúvida que de todas as revoluções, esta que estamos apreciando é a que mais utiliza a informação como matriz, mesmo durante a revolução industrial o uso da informação esteve presente quando as primeiras máquinas a vapor surgiram, o que precedeu o aparecimento das técnicas e máquinas foi um acumulo de informação sobre práticas que demonstraram serem bem sucedidas aliado a outros fatores pioneiros (Zadequias e Silva, 2011), porém na atual revolução a presença da mente humana como um dos principais motores de trabalho, conflagra a relevância da informação como produto para a inovação que se sucede, o alcance do conhecimento hoje amplifica a vontade humana

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3 aumentando e alterando drasticamente nosso mundo e ações.

De fato a difusão da tecnologia abriu um universo sem precedentes de possibilidades, uma vez que a disseminação da informação se tornou facilmente acessível, grandes inovações não necessariamente precisam surgir em laboratórios sofisticados, não obstante que em algumas áreas isso se faz necessário devido a regulamentação de algumas práticas e a própria natureza do que está em estudo, de qualquer forma, qualquer um pode aceder a milhares de trabalhos acadêmicos, livros, experimentos, cursos e tutoriais para os mais diversos fins ao instante de um clique (click) em qualquer parte do mundo, podendo a partir disso absorver, gerir, se desenvolver e desenvolver o conhecimento obtido. Essa dieta a qual a sociedade foi submetida pela revolução tecnológica que nos levou a sociedade informacional obrigou diversos aspetos da sociedade a alterarem suas rotinas e ecossistemas de operação como veremos a seguir.

1.2 INTERNET E INFORMAÇÃO

1.2.1 UMA BREVE HISTÓRIA

Um dos principais expoentes ou ícones da era da informação é a internet, não só porque sua gestação e nascimento ocorreram no período em questão, mas pelo fato de ser uma das principais responsáveis pela difusão do conhecimento e por grande parte do tráfego de dados ocorrerem em seu ambiente. Sua gênese tem origem durante a Guerra Fria com o projeto Arpanet, desenvolvido em setembro de 1969 pela Advanced Research Projects Agency ou simplesmente ARPA. A ARPA foi criada pelo departamento de defesa do Estados Unidos com o propósito de subjugar tecnologicamente a União Soviética que em 1957 havia conseguido a façanha do lançamento da Sputnik. A ideia em torno do projeto era conseguir com que vários centros de pesquisa que trabalhavam para a agência pudessem compartilhar informação on-line, para isso utilizaram a inovadora tecnologia de telecomunicações desenvolvido por Paul Baran na Rand

Corporation e por Donald Davies no British National Physical Laboratory, o

projeto consistia em uma rede de transmissão de dados flexível e descentralizada que que havia sido proposta para que o sistema de defesa norte

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4 americano pudesse sobreviver a um ataque nuclear. Inicialmente a Universidade da Califórnia em Los Angeles o SRI (Stanford Research Institute), a Universidade de Utah e a Universidade da Califórnia em Santa Barbara receberam os primeiros nós da rede, em 1971 já haviam 15 nós conectados. Um outro grande passo foi estabelecer a conexão da ARPANET com outras redes de computadores existentes sendo elas a PRNET e SATNET. Para que as redes pudessem se comunicar foi desenvolvido um protocolo de comunicação padrão durante um seminário em Stanford em 1973, Cerf, Gerard, Lelann e Robert Metcalfe foram os idealizadores desse projeto conhecido como protocolo de controle de transmissão ou TCP. Em 1978 dois pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul dividiram esse protocolo em duas partes inserindo um protocolo intrarrede (IP), o novo protocolo ficou conhecido com TCP/IP este protocolo é o que é utilizado ainda hoje como padrão (Castells, 2003).

A ARPANET foi transferida para a DCA (Defense Communication Agency) em 1975, com o objetivo de tornar possível a comunicação entre diferentes setores da defesa americana o nome deste programa era Defense Data Network. Preocupado com possíveis falhas na proteção da rede, o DCA criou a MILNET uma rede independente e específica para uso militar, a ARPANET foi então aplicada a pesquisa tornando se a ARPA-INTERNET. A National Science

Foundation criou sua própria rede de computadores a NSFNET usando a

ARPA-INTERNET com sua espinha dorsal. Em 1990 já com tecnologia obsoleta a ARPANET foi desativada liberando a Internet de vínculos militares. Durante um período a NSF ficou sob a administração da National Science Foundation, porém como a tecnologia de redes indo para domínio público associado a outras questões como a desregulação das telecomunicações acabou levando a privatização da Internet. Nesse período grande parte dos computadores já possuía tecnologia para se conectar a uma rede o que permitiu a grande difusão da interconexão, em 1995 a NSF foi abandonada cedendo lugar a Internet como operação privada (Castells, 2003).

(24)

5

1.2.2 A DISSEMINAÇÃO DOS DADOS

Uma das características mais observadas no comportamento da internet é a velocidade com que ela evolui e produz novas tecnologias, o carater livre da rede fez com que os próprios utilizadores se tornassem os principais produtores e desenvolvedores de mecanismos e novas finalidades utilizando a transmissão de dados na rede. Desde sua criação vimos o surgimento de vários tipos de segmentos informacionais como por exemplo: correios eletrônicos, a migração e representação de governos e empresas de todos os setores no ambiente digital, redes sociais com as mais distintas peculiaridades e propriedades, veículos de comunicação, lojas, bibliotecas, museus, enfim quase todos os setores das sociedades se viram obrigados marcarem presença na internet, sendo hoje em dia utilizados por muitos até como único meio de contato com o público, além disso a ciência experimentou uma abertura no compartilhamento de produção nunca antes visto, o livre acesso instantâneo a milhares de trabalhos académicos, livros, artigos etc. possibilitou uma melhor e mais abrangente desenvoltura académica. Nesse contexto de absurda extrapolação dos limites de circulação de informação as sociedades acabam por se moldar conforme o uso dessas tecnologias alteram o padrão tradicional de comportamento, o volume de possibilidades disponíveis à distância de um clique é hoje a mais poderosa forma de influência na vida das sociedades e dos seus indivíduos no mundo atual (Lopes, 2005).

Para ilustrar alguns dos mais populares usos de disseminação e compartilhamento de informação encontrados na internet no mundo ocidental hoje em dia, podemos citar por exemplo:

Wikipédia

A Wikipédia é um projeto de enciclopédia digital de esboço livre, ou seja, todos podem consultar, criar e editar todo o material do site, sua proposta é desenvolver conteúdo educativo sob uma licença de uso livre, atualmente é administrada pela Wikimédia e é mantida por milhares de colaboradores ao redor do mundo. Em números de março de 2019 a quantidade de artigos já ultrapassa os 43 milhões, a Wikipédia e seus projetos periféricos produzem um total de 10

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6

edições por segundo que podem sem acompanhados em tempo real em: “https://tools.wmflabs.org/wmcounter/”, 377.106.650 é o número de palavras utilizadas em todas a edições da Wikipédia até esta data. Em 2010 estimavam que a Wikipédia possuía cerca de 365 milhões de leitores, em outubro 2013 já estava disponibilizada em 277 idiomas ativos (Wikipédia, n.d.)2.

Redes Sociais

O termo rede se origina do latim rete e possui diversas conotações em seu uso, simbolicamente refere-se a uma malha que é formada pelo entrelaçamento de fios ou outros tipos de material, porém é um termo muito utilizado também para descrever a conexão e inter-relação de um ou mais conjuntos de variáveis, como por exemplo: redes de computadores, redes viárias ou rede de negócios. Quando nos referimos as relações que acontecem dentro da internet, o utilizamos como metáfora para, atribuir a existência de um tecido ou malha digital onde é possível criar vínculos descentralizados e não lineares, independentemente do número ou tipo de relações, esse tipo característica produz um ambiente que induziu o surgimento de diversos instrumentos que facilitam a gestão das necessidades dos utilizadores para estabelecer essas conexões. O termo Rede Social é atribuído ao sociólogo John Barnes que o utilizou em um artigo publicado em 1954, onde ele buscava compreender a organização social de uma pequena comunidade (Costa, 2011), hoje é amplamente difundido para descrever os instrumentos digitais que funcionam como interface para a formação das redes online.

Existem dezenas de redes sociais disponíveis na internet, sendo o Facebook uma das principais, conta hoje com mais de 2,3 bilhões3 de utilizadores ativos, faturou em 2018 cerca de 55 bilhões de dólares (US$), inclui em seu pacote inúmeras funcionalidades que permitem a seus utilizadores construírem redes generalizadas de troca informações (G1.globo, 2019)4, não possui carater

2Wikipédia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:Sobre_a_Wikip%C3%A9dia>. Acesso: Mar

ço, 19 de 2019.

3No Brasil, à semelhança do que se verifica nos Estados Unidos da América, 1 bilião = mil milhões (1 000 000 000 ou

10 elevado a 9). Os dados desta dissertação estão segundo a notação brasileira e não de acordo com a portuguesa onde 1 bilião = um milhão de milhões (1 000 000 000 000 ou 10 elevado a 12)

4Dados disponíveis em: <

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7 especifico como outra famosa rede o Instagram que se caracteriza pelo compartilhamento de Imagens e Vídeos ou o Linkedin que tem seu foco no mundo corporativo, há ainda tecnologias como o GitHub que não são exclusivamente redes sociais mas sim gestoras da tecnologia GIT (Version

Control System), que resumindo é um tipo de controle de versão de projetos,

hoje responsável por unir a maior comunidade de programadores na Web. O

YouTube e o Twitter também muito populares atuam também como redes

sociais, o primeiro é uma ferramenta de compartilhamento de informação em vídeo, o segundo possui um limite de caracteres utilizado para exprimir opiniões pessoais, mesmo por possuir funcionalidades encontradas em outras redes, estes são excelentes ferramentas para intercâmbio de informações com outras redes, uma propriedade marcante no universo da internet é a interoperabilidade encontradas para o compartilhamento de informação entre os mais diferentes tipos de ambientes.

e-Comércio

Os e-comércio (e-commerce) são transações/ negócios comerciais que acontecem on-line, existem diversas definições para o termo, segundo Balarine, (2002, p. 4) “e-commerce são transações que ocorrem via internet, através da ligação entre compradores e vendedores”.

Existem diversos tipos de enquadramentos para os e-commerce e são descritos por Coelho, Oliveira & Alméri, (2013) como:

“B2B (business-to-business) são transações realizadas entre empresas. B2C/C2B (business-to-consumer/consumer-to-business) são transações entre empresas e os consumidores finais. C2C (consumer-to-consumer) são transações entre os consumidores finais. G2C/C2G (government-to-consumer/consumer-to-government) são operações que se dão através do governo com os consumidores finais. B2G/G2B são as transações realizadas entre o governo e as empresas como as licitações e produtos necessários socialmente. E as transações de compra e venda que acorrem através do G2G (government-to-government) são transações realizadas somente entre os departamentos do governo.”, (Coelho, Oliveira e Alméri, 2013, p.67).

Com as mudanças nos hábitos de comportamento de consumo das pessoas na era da informação os e-commerce acabam por se tornarem ferramentas essenciais para um mundo cada vez mais sem tempo, as peculiaridades do

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8 mercado na internet são auto reguladas pelos próprios consumidores que, através da facilidade de acesso a uma variedade gigantesca de produtos e possibilidades, somado a uma exposição publicitaria maciça, provoca a evolução constante dos modelos que melhor oferecem o desenvolvimento das relações comerciais.

Médias Digitais

Os média digitais são ferramentas que facilitam o processo de comunicação na internet como blogs, redes sociais, influenciadores digitais, revistas e jornais eletrônicos. O surgimento dos média digitais (digital media) teve como consequência a descentralização da transmissão da informação, tornando possível qualquer pessoa ou grupo se tornar um agente construtor e transmissor de informação. Um paradigma crescente na atualidade é a convergência do papel dos tradicionais veículos de informação (Televisão, Jornais Impressos, Revistas, etc.) com as diversificadas fontes de informação digital. A comunicação para (Matos, 2009. p. 2) citado por (Ramos, 2016) é o ato de tornar comum, emitir opiniões, repartir ou mesmo “partilhar”, por este motivo encontrou na liberdade da internet o fim dos contornos que limitavam a flexibilização do panorama de como a informação é transmitida e narrada, isso foi possível pelo acesso de milhões de pessoas a comunicação, uma vez que as fronteiras da linguagem fluidificaram na rede capilarizando-se em diversos tipos de organização do compartilhamento da informação.

Para concluir, segundo dados publicados em 2019 pelo portal Brasileiro Uol afiliado ao jornal Folha um dos principais do país, em uma pesquisa desenvolvida por uma agência da ONU a União Internacional de Telecomunicações (ITU), estimou-se que 3,9 bilhões de pessoas estão conectadas a rede, isso representa um total de 51% da população mundial, segundo esses dados que foram fornecidos pela a consultora americana Visual Captalist , obtemos os números por minuto de algumas atividades na rede (Uol.com, n.d)5:

1. 3,8 milhões de procuras no Google;

5Dados disponíveis em:

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9

2. 41,6 milhões de mensagens enviadas no Messenger, WathsApp e Facebook; 3. 4,5 milhões de vídeos vistos no YouTube;

4. 390 mil aplicativos baixados na Google Play e na Apple Store; 5. 87 mil pessoas twittando6;

6. 695 mil horas de vídeos assistidas na Netflix; 7. 1 milhão de logins no Facebook;

8. 347 mil scrolls (movimento de baixar a tela) no Instagram.

1.2 INTERNET DAS COISAS OU INTERNET OF THINGS (IoT)

Durante uma conferência em 1990 a INTEROP’89 Conference, um pesquisador chamado John Romkey o apresentou uma torradeira (figura 1) que poderia ser ligada e desligada diretamente pela internet, Dan Lynch então presidente da feira prometeu que se isso fosse realizado colocaria o produto em exposição, o aparelho foi então conectado a uma rede TCP/IP sendo tremendo sucesso. No ano seguinte Romkey retornou a feira e trouxe a torradeira juntamente com um braço robótico, no ano anterior um pão havia sido inserido manualmente desta vez o braço robótico fez esse trabalho (figura 2), automatizando assim o processo de ponta a ponta totalmente online (DEORAS, 2016) citado por (Mancini, 2018).

A torradeira de Romskey abriu ao mundo a possibilidade de que a internet poderia se expandir a outros objetos além dos computadores, uma ideia que poderia transformar toda a cadeia digital em uma revolução onde as coisas também podem ser inteligentes. A partir disso as pesquisas que buscavam integrar objetos a rede ou estudos que previam o modo como seria a conexão dos dispositivos no futuro não pararam mais. Logo em 1991 um importante artigo foi escrito, intitulado: “The Computer for the 21st Century” (Weiser, 1991), o autor previa que os aparelhos seriam conectados a internet de forma tão transparente que seira impercetíveis para o ser humano, tornando-se naturais e integrados

6 Twittar in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2020. [consult. 2020-03-02 08:52:16]. Disponível na Internet:

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10 de forma que não necessitariam de manutenções, instalações ou grandes configurações de recursos computacionais (Weiser, 1991; Galegale et al., 2016) mencionado em (Mancini, 2018).

Figura 1. 1º Apresentação da Torradeira de Romkey na INTEROP’89.

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11

Figura 2. 2º Apresentação da Torradeira de Romskey em 1991.

Fonte:<https://player.slideplayer.com/86/14090495/slides/slide_17.jpg>; Acesso: Março, 23 de 2019.

De fato podemos dizer que algo do tipo ocorreu, hoje quase 20 anos após este artigo, as ferramentas para a consolidação da IoT já são aplicadas em diversos objetos, a internet por um lado está cada vez mais rápida e barata somado a uma forte consolidação de tecnologias necessárias para transmissão de dados, o que se espera é que o mercado agora seja o centro da difusão desse conceito em seus produtos.

Ainda citando Mancini no artigo “Internet das Coisas: História, Conceitos,

Aplicações e Desafios” (Mancini, 2018), um excelente exemplo (tabela 1) de

conceitos apresentados pela autora de pode auxiliar no entendimento do que venha a ser a IoT.

Tabela 1. Definições de IoT (Mancini, 2018 pg.5).

Autor Definição

Atzori et al (2011, p. 2787) 7 A ideia básica desse conceito é a presença generalizada à nossa volta de uma variedade de coisas ou objetos – como

tags de identificação por radiofrequência (RFID), sensores,

atuadores, telefones celulares, etc. – que, por meio de esquemas de endereçamento exclusivos, são capazes para interagir uns com os outros e cooperar com outros objetos para alcançar objetivos comuns.

(31)

12

CASAGRAS (Amazonas, 2010, tradução)8 Uma infraestrutura de rede global, interligando objetos físicos e virtuais por meio da exploração de captura e comunicação de dados e capacidades de comunicação. Essa infraestrutura inclui a internet existente e em evolução, bem como os desenvolvimentos de rede. Ela oferecerá identificação de objetos específica e capacidade de deteção e de conexão como base para o desenvolvimento de aplicações e serviços independentes cooperativos. Estes serão caracterizados por elevado grau de captura autônoma de dados, transferência de eventos, conectividade e interoperabilidade de rede.

ETSI oneM2m9 Comunicação máquina-máquina é a comunicação entre

duas ou mais entidades que não precisam necessariamente de uma intervenção humana direta. Os serviços M2M pretendem automatizar o processo de decisão e comunicação.

IEEE (2014)10 Uma rede de itens – cada um incorporado com sensores –

que estão conectados à internet.

ITU-T Study Group Group 1311 Uma infraestrutura global para a sociedade da informação, permitindo serviços avançados por meio da interligação das coisas (físicas e virtuais) baseada na interoperabilidade das tecnologias de informação e comunicação existentes e em evolução.

NOTA 1 – Por meio da exploração das capacidades de identificação, captura de dados, processamento e comunicação, a IoT faz pleno uso das coisas para oferecer serviços a todos os tipos de aplicações, garantindo o cumprimento dos requisitos de segurança e privacidade. NOTA 2 – A partir de uma perspetiva mais ampla, a IoT pode ser compreendida como uma visão com implicações tecnológicas e sociais.

Friedwald, Michael; Raabe, Oliver (2011)12 Ubiquidade, computação difusa, ambiente inteligente e internet das coisas são conceitos praticamente idênticos. Ubiquidade é a contínua otimização e promoção de processos sociais e econômicos por inúmeros microprocessadores e sensores integrados ao ambiente.

8 Tradução Amazonas (2010). Nota de (Mancini, 2018 pg.5).

9 Fonte: Postcapes (2017), tradução nossa. Nota de (Mancini, 2018 pg.5). 10 Fonte: Postcapes (2017), tradução nossa. Nota de (Mancini, 2018 pg.5).

11 Fonte: Freitas Dias (2016, p. 20); Minerva; Biru; Rotondi (2015), tradução livre. Nota de (Mancini, 2018 pg.5). 12 Friedwald; Oliver (2011), tradução nossa. Nota de (Mancini, 2018 pg.5).

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13

CERP IoT (2009) Uma infraestrutura de rede dinâmica e global com

capacidades de autoconfiguração baseadas em protocolos de comunicação padronizados e interoperáveis nos quais as ‘coisas’ físicas e virtuais têm identidades, atributos físicos, personalidades virtuais, usam interfaces inteligentes e são completamente integradas na rede de informação. Na IoT é esperado que as ‘coisas’ se tornem participantes ativas dos negócios e dos processos informacionais e sociais nos quais eles são capazes de interagir e comunicar-se entre eles e com o ambiente através da troca de dados e informação percebida sobre o ambiente, enquanto reagem de forma autônoma aos eventos do ‘mundo físico/real’ e o influenciam ao iniciar processos que engatilham ações e criam serviços com ou sem intervenção humana direta. (CERP IoT, 2009, p. 6)

(33)

14 O espectro de inserção da Internet das Coisas permite que o conceito smart se difunda profundamente por grande parte dos ambientes das empresas, indivíduos e sociedade. Segundo o artigo da Cisco13, Internet Business Solutions

Group (IBSG), a IoT representa a próxima revolução da internet, é adequado

dizer que é o momento em que mais coisas estão ligadas a internet que pessoas (Evans, 2011). A cisco estimava que em 2020 chegassem a existir 50 bilhões de dispositivos conectados a rede (figura 3).

Para conseguir os números apresentados na figura 3 utilizaram a seguinte metodologia: No início de 2009 um grupo de pesquisadores chineses avaliou os dados de roteamento na internet durante 2001 a 2006, para isso dividiu a informação em períodos de 6 meses, baseando-se nos princípios da lei Moore14 descobriu que a internet dobrava de tamanho a cada 5,32 anos. A partir deste número, com os dados de 2003 que indicavam a quantidade dispositivos conectados dividido pelos números da população mundial foi possível estimar o volume de conexões por habitante que em 2003 era cerca de (0,08/ habitante), porém presume-se que a IoT se difundiu realmente com a chegada dos

smartphones da geração após 2007, os números em 2010 de dispositivos

conectados somaram 12,5 bilhões ultrapassando o numero de habitantes chegando há 1,84 dispositivos/ habitante (Evans 2011). É importante ressaltar que essa estimativa previa a tecnologia disponível em 2011, não contanto com as inovações que viriam a seguir.

13Cisco Internet Business Solution Group (IBSG) é uma importante companhia de tecnologia sediada em San José, C

alifórnia, tendo como principal ramo de atuação a fabricação e distribuição de soluções em equipamentos de rede.

14Gordon Moore um dos fundadores da Intel dizia que havia um ciclo temporal onde os semicondutores dobrariam de

capacidade e tamanho, reduzindo também os custos e que a tecnologia seguiria o mesmo caminho, esse principio fico u conhecido como a lei de Moore.

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15

Figura 3. Estimativa Relatório Cisco (Evans, 2011 pg.3)

Em contrapartida aos dados apresentados pela Cisco podemos fazer uma comparação com dados mais atuais oferecidos pela plataforma Statista15 apresentados pela Revista Forbes em matéria de 2017 três anos antes os números da Cisco vencerem. Segundo os dados apresentados pela Forbes até 2020 são estimados cerca de 31 bilhões de dipositivos conectados a rede, em 2025 estes números somariam 74,5 bilhões (figura 4), uma outra estatística apresentada pela revista revela que a Statista acredita as conexões do tipo M2M totalizariam 3,3 bilhões também em 2020 (figura 5), no total o mercado de IoT pode chegar á 8,9 triliões de dólares em 2020 com uma taxa anual de 19,2% (Forbes, Dezembro 17, 2017)16.

15O Statista.com e uma plataforma de dados estatísticos com mais de 80.000 tópicos de mais de 22.500 fontes e os di

sponibiliza em quatro plataformas: alemão, inglês, francês e espanhol (Statista.com, n.d). <Disponível em: https://www. statista.com/aboutus/>. Acesso: Setembro, 3 de 2019.

16Disponível em:

(35)

16

. Figura 4. Dispositivos conectados a Internet das Coisas, Statista (Forbes, Dezembro 10, 2017) Disponível

em:<https://www.forbes.com/sites/louiscolumbus/2017/12/10/2017-roundup-of-internet-of-things-forecasts/#3ccee1e71480>. Acesso em: Setembro, 3 de 2019.

Figura 5. Statista, Tamanho do Mercado da Internet das Coisas em todo Mundo em 2014 e 2020, por setor em Bilhões de Dólares (Forbes, Dezembro 10, 2017). Disponível em:

<https://www.forbes.com/sites/louiscolumbus/2017/12/10/2017-roundup-of-internet-of-things-forecasts/#3ccee1e71480>. Acesso em: Setembro, 3 de 2019.

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17 Sem dúvida um dos grandes saltos para IoT foi o surgimento dos smartphones, porém um episódio representou sua revolução cedendo espaço a um novo contingente de tecnologias que viriam a surgir. Em Janeiro de 2007 na feira da

MacWorld Steve Jobs veio a público e anunciou o Iphone, não foi o primeiro smartphone, mas mudou completamente o mundo, pois o novo conceito incluía

um número enorme de funções e possibilidades, um dos grandes avanços sem dúvida foi a Play Store, essa abriu espaço para que aplicações pudessem ser produzidas por qualquer desenvolvedor em cima de uma plataforma, a Ios (sistema operacional do Iphone), e disponibilizadas para download e uso. As poderosas funções de hardware como câmaras e a tela sensível ao toque inseridas no Iphone vieram a propiciar o surgimento de poderosas empresas. O

WathsApp que utilizava o tráfego da internet para transmitir mensagens,

Instagram que popularizou a utilização das câmaras, o Waze que permitiu uma revolução no uso do GPS e a popularização da geolocalização, além de uma nova indústria de jogos e do acesso constante nas redes sociais (Meyer, 2019).

O impacto foi tão grande para as indústrias de smartphones na época que gigantes como Motorola, BlackBerry, Ericsson e Nokia já haviam perdido em 2010 metade dos lucros do mercado mundial de smartphones para o Iphone (Meyer, 2019). Porém em 2005 o Google havia comprado a Android Inc. uma corporação de Palo Alto na Califórnia que havia sido criada por Andy Rubin, Rich Miner, Nick Sears e Chris White. A Android Inc. (transformada pela Google em

Google Mobile Division) tinha como objetivo o desenvolvimento de tecnologia

independente, dentre alguns de seus projetos estava o desenvolvimento de um sistema operacional para smartphones que era baseado no Kernel Open Source da Linux.

A pesar da descrença em uma concorrência proporcional com os grandes sistemas operacionais utilizados na época principalmente o da Apple que já estava muito tempo a frente no mercado, a Google Mobile Division investiu em parcerias que flexibilizassem ao máximo o sistema operacional. Uma de suas principais táticas foi liberar gratuitamente a utilização do Android para as empresas que quisessem aplicar em seus smartphones, copiando de certa forma a estratégia da Microsoft de focar no sistema operacional ao invés de construir o computador como um todo. Desta forma, gigantes da tecnologia que estavam

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18 completamente perdidos em relação ao sucesso do Iphone implementaram o sistema operacional do Google em seus produtos. Um grande detalhe é que todo o contorno em volta do Iphone (desde o sistema operacional até estrutura de hardware da Apple passando ainda pelo modo como é construído) o tornou um produto caro, acessível para poucos, desta forma a nova geração de

smartphones iniciados com o Iphone criou também um mercado carente de um

produto de baixo custo. Com o surgimento do Android, diversas empresas entraram em uma corrida para suprir esse mercado de desenvolvimento de telefones, esse ambiente permitiu o desenvolvimento de um novo ecossistema de smartphones e tablets de diversas faixas de custo, o que fez que o dispositivo se disseminasse em massa em todo o mundo (Meyer, 2019).

Atualmente os contornos da IoT estão muito além dos smartphones, diversos objetos estão sendo conectados à rede da internet tornando a cada vez mais sensorial, há dispositivos colocados em carros, eletrodomésticos, plantas, animais e nos próprios seres humanos que transformam temperatura, pressão, iluminação, umidade, vibração, causas de doenças, comportamentos e tendências em dados que fluem online (Evans, 2011).

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(39)

20

CAPÍTULO 2

GEOGRAFIA E INFORMAÇÃO

2.1 GEOGRAFIA E INFORMAÇÃO

Como tantas outras ciências, o início da era da informação também marcou os rumores sobre o fim da geografia. Porém o que contemplamos foi o surgimento de uma nova ciência espacial descentralizada de paradigmas tradicionais e com um novo significado espacial completamente remodelado. Para Castells podemos analisar influência da geografia da Internet sobre três óticas: a geografia técnica, a geografia dos utilizadores e a geografia econômica (Castells, 2003). A primeira se refere a infraestrutura da internet, esta geografia busca mapear os “hubs” ou nós de conexão que são os pontos no planeta onde a operadoras globais e regionais trocam trafego na internet, é através dessas conexões que temos impressão de que a internet está em todo lugar porém esses locais de troca de trafego são físicos e oferecem a possibilidade de observação da dispersão da rede mediante as relações entre os diferentes tipos de provedores, há toda uma gigantesca economia e rede de interesses girando através deste fluxo de informações e os pontos de convergência, essas transações digitais também nos permitem observar o “backbone” (figura 6) ou como a rede está disseminada pelo mundo (figura 7) segundo Erik Kreifeldt da

Telegeography uma das mais prestigiadas e conceituadas consultoras de

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21

Figura 6. Backbone da Internet desenvolvido pela Telegeography, (Telegeography, Julho 12, 2017). Disponível em:

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22

Figura 7. Mapa Global do Tráfego de Voz em 2010 desenvolvido pela Telegeography, (Telegeography, n.d).

Disponível em: <https://www.telegeography.com/assets/website/images/maps/global-traffic-map-

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23 Já a geografia dos utilizadores incorpora a distribuição espacial da utilização da internet, tanto em número como em penetração no ambiente, uma das características observadas é a heterogeneidade do seu uso nos diferentes territórios, que tem como atributo a influência da infraestrutura tecnológica, a cultura e a riqueza (Castells, 2002).

Por sua vez a geografia económica da internet é o que surge no entrono desses dois conceitos, um dos aspetos encontrados por Castells é a dispersão espacial dos tecnopolos, estes seguem um padrão, é comum observar como um aglomerado companhias, centros de desenvolvimento, subsidiários, novas empresas e etc. se condensam em alguns lugares no mundo, ele ressalta que é possível observar isso tanto em fabricantes de software, hardware, provedores e demais setores do ramo, ainda dentro do que propõe o pensamento do autor verificamos que a economia online não é feita somente por empresas relacionadas a web ou dentro dela, quanto mais por empresas de software, hardware ou serviços e portais da Internet, para observar realmente a densidade comercial provocada pelo surgimento da rede precisamos integrar todos os personagens que atuam na geração, processamento e distribuição da informação, como a informação é o verdadeiro produto, a geografia econômica da internet pode ser definida como a geografia dos provedores de conteúdo da internet (Castells, 2003).

Com a evolução de uma nova estrutura de relação de transmissão da informação se construindo e ao mesmo tempo se reformulando dinamicamente no horizonte, a necessidade de desenvolver dispositivos e metodologias capazes de coletar, organizar, armazenar, processar e visualizar a informação se tornaram um dos principais objetos dessa nova face da geografia, a modernização dessas técnicas provocou o surgimento de novas áreas como o SIG (Sistemas de Informação Geográfica) que integram diferentes TIG (Tecnologias de Informação Geográfica), as definições para os SIG são diversas devido a sua pluralidade de aplicação e ao grande espectro interdisciplinar que possui.

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24

2.2 A GEOGRAFIA DO TEMPO

A geografia do tempo é uma abordagem orientada para as restrições que visa a compreensão das atividades humanas no espaço e no tempo. A geografia do tempo reconhece que os seres humanos têm limitações espaciais e temporais fundamentais: as pessoas só podem encontrar-se fisicamente num só lugar e as atividades ocorrem num número reduzido de lugares durante períodos limitados. A participação numa atividade exige a existência de tempo suficiente para o acesso e exercício da atividade. As restrições à participação nas atividades incluem a localização e os horários dos pontos âncora que imponham uma presença física (como a casa e o trabalho), o tempo disponível para o acesso e a atividade e a capacidade de negociação em termos de espaço na utilização da mobilidade ou das TIC. A geografia do tempo é uma teoria física e não do comportamento, que destaca as condições espácio-temporais necessárias para as atividades humanas, mas não explica os acontecimentos que dão origem a atividades específicas. Mas, uma vez que estas condições variam em função do indivíduo e do contexto, a geografia do tempo suporta uma abordagem para a compreensão de sistemas humanos e ambientais que reconheça a história individual e a importância do contexto geográfico.

A geografia do tempo é coerente com algumas ideias fundamentais em domínios como a geografia, os transportes, a ciência urbana, as ciências sociais e as ciências ambientais. Estas incluem uma perspetiva integrada sobre os fenómenos humanos e físicos, a necessidade de desenvolver explicações ao nível macro a partir do processamento a nível microeconómico e situar as atividades humanas num determinado contexto. Certos conceitos geográficos baseados no tempo, tais como os eventos dispersos no tempo e no espaço, a disponibilidade limitada de tempo e o tempo de percurso para aceder a determinadas atividades, parecem mundanas, uma vez que são comuns e correspondem à experiência quotidiana. É por esta razão que a geografia do tempo é necessária: estes fatores, aparentemente banais, mas absolutamente cruciais na explicação científica sobre o comportamento humano não devem ser negligenciados. A geografia do tempo proporciona um quadro que exige o reconhecimento dos condicionalismos fundamentais subjacentes à experiência humana e proporciona também um sistema conceptual eficaz para acompanhar

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25 estas condições.

2.3 MODELOS ESPÁCIO-TEMPORAIS EM GEOGRAFIA

Em termos geográficos os modelos espaciais podem basear-se tanto na conceção absoluta como na relativa do espaço-tempo (Massey, 1999). Os estudos que utilizam sistemas de coordenadas fixos para assinalar as alterações nas suas variáveis utilizam uma representação absoluta, ao passo que os estudos que utilizam uma abordagem fundamentada no objetivo, podem basear-se numa representação relativa (Raper e Livingstone, 1995).

Os modelos geográficos baseados na teoria física assumiram, historicamente, uma estrutura espacial bidimensional, decorrente da rede ou do vetor, negligenciando o tempo como uma das principais dimensões de preocupação e a possibilidade de uma conceptualização espácio-temporal (Raper e Livingstone, 1995). Os primeiros estudos, realizados por Darwin, von Humboldt, Ritter e outros, centravam-se nos locais, incluindo as diferenças físicas e humanas entre eles. Até ao século XX, os geógrafos regionais continuaram esta tradição. Com base nas ideias de Kant e dos seus colegas filósofos, os geógrafos regionais, como Harm, viam o espaço e o tempo como duas categorias principais em que todas as atividades ocorrem, em vez de as entender como algo a considerar em paralelo. Entretanto, a história chegou a ser sugerida como a disciplina indicada para fazer face às mudanças no tempo e na geografia, uma vez que combate as diferenças no espaço (Cresswell, 2013).

O aumento da importância da ciência espacial no seio da geografia nas décadas de 1950 e 1960 assinalou a entrada dos geógrafos na era da revolução quantitativa. Porém, os modelos primordiais como os de von Thunen e Christaler, foram praticamente ignorados ou considerados como uma função das variáveis do sistema, como os custos de distância ou de transporte. Os movimentos e os transportes foram apenas efetivamente estudados em termos espaciais. Isto significa que o movimento é ditado por aspetos económicos: oferta e procura, menos as despesas de deslocação (Cresswell, 2013). A geografia, numa tentativa de abandonar as agregações locais e as generalizações iniciais das ciências espaciais tentou captar e modelar as trajetórias individuais de

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26 movimento tanto no espaço como no tempo (Hagerstrand, 1970; Miller, 2005).

A geografia do tempo tem, pois, origem em Torsten Hagerstrand (1916-2004). Ao formular este domínio de investigação, Hagerstrand (1970) observou que precisamos de compreender melhor o que significa para um local ter não só as coordenadas espaciais, mas também os espaços de tempo. Em todos os pontos do espaço em que existe uma pessoa, essa pessoa também existe num determinado momento, que está na base da visão 3D (Hagerstrand, 1970). Pretende igualmente compensar o aumento da especialização e da fragmentação nos domínios da ciência, da tecnologia e da administração, oferecendo uma visão mais holística das atividades humanas. Considerou que a geografia do tempo melhora a abordagem regional, ao descrever o esqueleto das condições espaciotemporais e aos condicionalismos resultantes da interação entre fatores históricos e geográficos.

Apesar do reconhecimento generalizado da existência de uma estrutura espaço-tempo unida, muitas disciplinas, na prática, centraram-se exclusivamente na caracterização adequada de uma em detrimento da outra. Os modelos geográficos utilizam frequentemente o SIG na sua representação do espaço e, em certa medida, num formato granular (ao contrário do contínuo) (Couclelis, 2010). Tradicionalmente, os SIG têm feito uma boa utilização do modelo de dados espacial (Armstrong 1988), mas têm um uso relativamente fraco da representação do tempo (Puequet e Duan, 1995). Em geral, um mundo espacialmente e temporalmente contínuo é representado como uma sequência de imagens limitadas no tempo, e vários quadros (time frames) são apresentados para melhor detetar e pesquisar comportamentos e interações de objetos discretos (Long e Nelson, 2013; Yi et al., 2014).

2.4 RESTRIÇÕES

A geografia reconhece três grandes tipos de restrições às atividades humanas. A capacidade dos indivíduos limita as atividades desses mesmos indivíduos em função das suas próprias capacidades físicas e/ou recursos disponíveis. As pessoas têm de levar a cabo atividades como a alimentação e o sono. Para o

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27 efeito, é necessário tempo e local. Além disso, as pessoas com automóveis particulares podem, em geral, viajar mais rapidamente do que as pessoas que dependem de transportes públicos para se deslocarem. As restrições de

ligação definem onde, quando e durante quanto tempo um indivíduo tem de

aderir a outras pessoas para proceder a atividades partilhadas, tais como trabalho, reuniões e aulas. As restrições das autoridades devem-se a restrições em relação a determinados domínios do espaço. Por exemplo, um centro comercial ou uma comunidade fechada pode dificultar ou tornar ilegal a entrada em determinados períodos, ao passo que numa rua pública isso por norma não pode acontecer.

2.5 PERCURSO CLÁSSICO

Atividades como a o trabalho, as compras, os cuidados de saúde, a educação e o lazer são pouco distribuídos no tempo e no espaço; estão disponíveis durante um período limitado num número relativamente reduzido de locais. A participação em atividades exige disponibilidade de tempo (time budget) para o acesso a esses locais e que eles tenham disponibilidade de horário. O percurso espacial evidencia estes requisitos. A figura 8 ilustra numa trajetória espácio-temporal entre as os locais de atividade. Os locais são sítios onde podem ocorrer atividades. A trajetória espacial clássica centra-se na mobilidade física e na interação. A interação virtual através das TIC é possível; por exemplo, uma chamada telefónica pode ser representada como ligação entre duas vias espácio-temporais. No entanto, a interação virtual é moderada em relação à interação física na teoria clássica.

A geografia do tempo classifica também as atividades com base na sua flexibilidade para com um indivíduo. As atividades fixas são as que não podem ser facilmente reescalonadas ou transferidas (por exemplo, trabalho, reuniões), enquanto as atividades flexíveis podem ser mais facilmente escalonadas e/ou ocorrer em mais do que um local (por exemplo, compras, tempos livres). Estas categorias podem ser arbitrárias; por exemplo, um criador de software pode escrever um código num escritório ou num café. No entanto, a dicotomia proporciona um meio eficaz para compreender de que forma a localização e o

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28 horário de algumas atividades condicionam a acessibilidade a outras atividades. As atividades fixas funcionam como âncoras de tempo espácio-temporais, porque as outras atividades têm lugar no espaço temporal entre atividades fixas.

Figura 8 - Exemplo de trajetória espácio-temporal entre os locais de atividade.

Disponível em: <https://media.springernature.com/original/springer-static/image/chp%3A10.1007%2F978-0-387-35973-1_1383/MediaObjects/978-0-387-35973-1_1383_Fig1_HTML.gif>. Acesso: Abril 4 de 2019

2.6 PERSPETIVA TEMPORAL

O prisma espácio-temporal (PET) chama a atenção para a inflação da

capacidade espácio-temporal em participar em atividades flexíveis. O PET é a envolvente de todas as possíveis trajetórias espácio-temporais entre locais e horas conhecidos. A figura 9 ilustra uma trajetória planar. Neste caso, duas âncoras de tempo formam um prisma. As âncoras correspondem a locais conhecidos e a tempos para objetos móveis. Estes são frequentemente (mas nem sempre) os locais e as horas das atividades fixas que impõem a sua presença. A velocidade máxima de viagem representa as capacidades de mobilidade do objeto; na área geográfica clássica, trata-se de um modelo uniforme no espaço e no tempo (a geografia utiliza muito o termo velocidade, mas este é incorreto, uma vez que a velocidade (velocity) – uma grandeza vetorial - implica a magnitude e a direção. A rapidez (speed) – uma grandeza

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29 escalar - implica apenas magnitude e, por conseguinte, é a expressão mais adequada). Atendendo às linhas e ao limite de velocidade, o prisma define a envolvente de todas as possíveis trajetórias espaciais entre as âncoras. A pegada espacial do PET é a área potencial de percurso (APP); esta é a região no espaço acessível ao objeto em movimento.

Figura 9 - Prisma espácio-temporal planar

Disponível em: <https://media.springernature.com/original/springer-static/image/chp%3A10.1007%2F978-0-387-35973-1_1383/MediaObjects/978-0-387-35973-1_1383_Fig2_HTML.gif>. Acesso: Abril 4 de 2019

O prisma da figura 9 é geral, uma vez que representa um tempo de atividade estacionária e tem duas âncoras espacialmente separadas. Um prisma sem tempo de atividade estacionária consiste apenas no seu cone anterior, enraizado na primeira âncora e no seu cone posterior enraizado na segunda âncora. O PET terá um volume mais elevado e a APP, uma vez que nenhuma atividade fixa necessita de mais tempo do que a móvel. As duas âncoras podem também ser coincidentes no espaço; este prisma é constituído por dois cones alinhados em vez de oblíquos (como na figura 9). Um prisma também pode ter apenas uma âncora. Um PET com a sua primeira âncora é limitado no tempo e a todos os destinos que possam ser alcançados a partir dessa origem dentro de um prazo específico. Em contrapartida, um prisma com a sua segunda âncora é um cone anterior que delimite todas as origens que podem chegar a esse destino dentro

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30 de um prazo específico.

A acessibilidade do PET é a capacidade de um indivíduo para viajar e participar em atividades e o período disponível para a participação na atividade em determinados locais. Uma atividade é viável a menos que essa localização se cruze com o prisma no espaço e no tempo, neste último caso pelo menos enquanto for necessário um tempo mínimo de atividade. Este pressuposto delimita o subconjunto de oportunidades num ambiente que está disponível para uma pessoa com base nos seus condicionalismos de PET.

O PET proporciona uma imagem diferente da acessibilidade das providenciadas pelas medidas de acessibilidade local, tais como as baseadas em modelos de interação espacial (gravidade) ou simplesmente a contabilização do número de oportunidades próximo do domicílio e/ou local de trabalho de uma pessoa. Os locais e as atividades fixas variam em função da idade/ciclo de vida, do estatuto socioeconómico e da cultura. Por exemplo, as medidas de acessibilidade baseadas na PET captam as diferenças entre homens e mulheres em termos de acessibilidade - devido à organização do agregado familiar - que não são tomadas por medidas de acessibilidade de base local, como o trabalho doméstico. As medidas de acessibilidade de base local pressupõem a presença de todas as pessoas, como, por exemplo, o domicílio e o trabalho. Têm o mesmo espaço de programação e os mesmos condicionalismos do espaço, ao passo que as medidas baseadas nas pessoas, derivam do posicionamento espácio-temporal, apresentando limitações individuais em termos de capacidade que, no entanto, são mascaradas através de homogeneização. A geografia facilita igualmente a compreensão da forma como a organização temporal do serviço e do tempo de permuta pode ter impactos diferentes para além da localização dos serviços e das empresas.

A geografia do tempo reconhece dois tipos de interações entre os percursos e os prismas. A agregação refere-se à convergência no espaço e no tempo de duas ou mais vias. A agregação de esforços é necessária (embora não suficiente) para atividades partilhadas e redes de pessoas. A agregação de objetos pode ocorrer quando os objetos se encontram em movimento ou estacionários (e.g. transportes públicos e a partilha de trajetos). A intersecção é

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31 a condição de dois ou mais elementos geográficos que partilham alguns locais no espaço em função do tempo. Duas ou mais pessoas não podem encontrar-se fisicamente, a menos que o encontrar-seu percurso encontrar-se cruze, ou que as suas trajetórias estejam dentro do mesmo PRT.

As aglomerações e as intersecções são necessárias para a emergência de sistemas espaciais mais vastos, como uma universidade ou uma cidade. A geografia do tempo é uma teoria ecológica; considera as interações entre indivíduos e entre o indivíduo e o agregado. As aglomerações e as intersecções exigem a sincronização dos indivíduos (coordenada ao longo do tempo), bem como a coordenação (coordenada no espaço). A coordenação ocorre também a várias escalas. Os indivíduos devem realizar projetos que consistam em atividades sequenciadas e relacionadas com eventos de mobilidade, a fim de cumprir objetivos mais vastos, como organizar um jantar.

2.7 ANÁLISE DA TRAJETÓRIA ESPÁCIO-TEMPORAL

Em termos gerais, a geografia é conceptualmente rica, mas limitada analiticamente. O aumento da utilização dos SIG motivou um interesse renovado em termos geográficos, em especial na flexibilização de pressupostos rigorosos, como a rapidez máxima que limita a uniformidade do tempo de um PRT no espaço e no tempo. O desenvolvimento e a implantação de Tecnologias Conscientes da Localização (TCL), tais como o sistema de posicionamento global (GPS), os telemóveis e os chips de identificação por radiofrequência (RFID), aumentaram consideravelmente as capacidades de recolha de dados sobre objetos móveis e levaram a repensar as bases de dados de objetos móveis e à realização de atividades de prospeção de dados (data mining) ou de análise exploratória de dados de objetos móveis. Estes desenvolvimentos científicos e tecnológicos conduziram ao desenvolvimento de um espaço geográfico analítico.

As TCL não geram diretamente canais horários; geram uma sequência temporal de locais que são utilizados para construir o percurso horário. Há várias formas de gerar esta sequência temporal: O registo da hora e do local em que ocorre um acontecimento especificado; por exemplo, uma pessoa utilizar um telemóvel

Referências

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