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O eixo viário ocidental de Olisipo

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11 O que pisámos para aqui chegar

Joana Gomes Cardoso

13 O chão de Lisboa

Joana Sousa Monteiro

16

Introdução

O Chão de Lisboa: uma visão diacrónica

da cidade de Lisboa através dos seus

pavimentos

Lídia Fernandes e Jacinta Bugalhão

22

Prefácio

O Chão que Lisboa pisa?

Ana Simões e Maria Paula Diogo

26

Parte 1

Os pavimentos da cidade:

perceções sobre o sítio e a história

28

A Geologia subjacente

aos pavimentos de Lisboa

Mário Cachão

32 Pavimentação de Lisboa (sécs. XV-

-XVIII). Contributos para o estudo

da sua regulamentação jurídica

Rita Fragoso de Almeida

36

As novas pavimentações na Lisboa

dos séculos XIX e XX

António Miranda

40 Uma cidade em mudança: população

e sociabilidades em Lisboa, finais

do século XVIII – início do século XX

Maria Alexandre Lousada

48 A rua como espaço lúdico:

aspetos de sociabilidade

Lídia Fernandes

54 O automóvel: alteração da perceção

da rua como espaço público

Maria Luísa Sousa

58 Geometria a seus pés: a calçada

Jorge Nuno Silva

62 O jardim por baixo dos nossos pés

Ana Duarte Rodrigues

68 Fabrico de materiais cerâmicos

em Lisboa. Século XII até aos inícios

do século XVI

Rui André Trindade

74 Pavimentos em madeira

Jorge Fonte

78

Parte II

Contributos da Arqueologia para o

estudo dos pavimentos de Lisboa

80 Pré-História

82

Pavimentos pré-históricos de Lisboa:

o povoado da Travessa das Dores

(Boa-Hora) e outras ocorrências

João Luís Cardoso, Nuno Neto

& Paulo Rebelo

86 Idade do Ferro

88 Largo de Santa Cruz do Castelo:

um exemplo de revestimento em argila

Sandra Guerra

90 Pavimentos da Idade do Ferro

no Castelo de S. Jorge

Ana Gomes e Alexandra Gaspar

92 Os antigos Armazéns Sommer:

pavimentos sidéricos

Ricardo Ávila Ribeiro, Nuno Neto

e Paulo Rebelo

94 Soluções de pavimentação no Núcleo

Arqueológico da Rua dos Correeiros

Elisa Sousa

98 Época Romana

199 Teatro romano de Lisboa

e como se ornamentou o chão

Lídia Fernandes

104 O espaço público de época romana

dos Armazéns Sommer

Alexandra Gaspar e Ana Gomes

106 Os pavimentos romanos dos antigos

Armazéns Sommer (campanha de

2014-2015)

Nuno Neto, Paulo Rebelo

& Ricardo Ávila Rebelo

112 “Pontilhismo e descontinuidade”:

os mosaicos pavimentais romanos

de Felicitas Iulia Olisipo

Maria Teresa Caetano

116 Pavimentos do espaço público

de época romana da Sé de Lisboa

Alexandra Gaspar e Ana Gomes

118 Casa do Governador da Torre de Belém:

uma fábrica de preparados de peixe

de época romana na periferia de Olisipo

Iola Filipe

120 O eixo viário ocidental de Olisipo

Jacinta Bugalhão

124 O Circo Romano de Olisipo:

exemplos de revestimentos

Lídia Fernandes e Ana Vale

128 Época Islâmica

130 Espaços públicos e espaços privados:

pisos no arrabalde ocidental da Lisboa

Islâmica (Hotel de Santa Justa)

Victor Filipe

134 Pavimentos de época islâmica

do Castelo de S. Jorge

Ana Gomes e Alexandra Gaspar

138 Pavimentação de espaços urbanos

no arrabalde ocidental de Madanat

Ushbana. Núcleo Arqueológico da Rua

dos Correeiros e Mandarim Chinês

Jacinta Bugalhão

142 Época Medieval Cristã

144 A Capela de Santo Estêvão na Sé

de Lisboa

Paulo Almeida Fernandes

150 Áreas públicas e privadas no Claustro da

Sé de Lisboa de época medieval islâmica

e cristã: os seus pavimentos

Alexandra Gaspar e Ana Gomes

152 Os pavimentos de época medieval cristã

do Castelo no S. Jorge (meados

do séc. XII e XIII)

Ana Gomes e Alexandra Gaspar

154 Lisboa Manuelina

156 Andar no Terreiro do Paço: identificação

de pavimentos pré-pombalinos na Praça

do Comércio

César Neves e Andrea Martins

160 O mercado da Ribeira Velha do

séc. XVI: revestimentos em argamassa

Cláudia Rodrigues Manso, José Miguel

Oliveira e Ana Catarina Garcia

164 Um espaço, um pavimento da Casa dos

Bicos no século XVI

Victor Filipe e Manuela Leitão

168 Os pavimentos perdidos do Convento

de S. Francisco de Lisboa

Maria de Magalhães Ramalho

e Jorge Sequeira

172 A tijoleira quinhentista no Pátio

José Pedreira (Rua do Recolhimento,

freguesia Santa Maria Maior)

Anabela Joaquinito

176 Caminhando sobre criptas e sepulturas:

os pavimentos da Igreja de São Roque

de Lisboa

Maria de Magalhães Ramalho

e Jorge Sequeira

180 Século XVII e primeira

metade do século XVIII

182 O palácio dos Duques de Cadaval

Tânia Casimiro e Teresa Barbosa

186 Os pavimentos de época Moderna

dos antigos Armazéns Sommer, Lisboa

Nuno Neto, Paulo Rebelo & Ricardo Ávila

Rebelo

190 O caso da habitação junto ao antigo

Celeiro da Mitra

(Pavimentos do séc. XVII/XVIII)

Lídia Fernandes

192 Pavimentos antigos do Largo

de Jesus (Mercês)

Maria João Correia Santos

196 A antiga estalagem do Beco

do Bello (Largo da Sé)

Lídia Fernandes

200 Pavimentos seiscentistas

do antigo Arco de D. Tereza

Lídia Fernandes e Marco Calado

204 Séculos XIX e XX

206 Largo Vitorino Damásio (Santos-O-Velho):

soluções de pavimentação

Maria João Correia Santos

208 Pisar a “Estrela de ouro”.

Um chão público para a habitação

económica

Deolinda Folgado

212 A Nova e velha Rua de S. Mamede:

diferentes revestimentos para

os mesmos traçados

Lídia Fernandes e Victor Filipe

218 Livro de Resumos

230 Lista de Autores

231 Bibliografia

(3)

O eixo viário ocidental

de Olisipo

Jacinta Bugalhão

Durante a ocupação romana, a estrutura urbana e

viária de Olisipo organiza-se e consolida-se (Mantas,

 6DEHVHTXHUHPRQWDU DRƩQDOGRV¨FXOR,D&

a construção da via conservada no claustro da Sé de

Lisboa (Amaro, 1995). Na primeira metade do século I,

documenta-se a via de acesso aos territórios a norte da

FLGDGHLGHQWLƩFDGDVREDDWXDO3UD¦DGD)LJXHLUDGDTXDO

derivava uma via secundária, para poente, posteriormente

“privatizada” como acesso ao circo (Silva, 2012). Estes

dois eixos viários permanecem em utilização até ao século

VI.

Em meados do século I, na zona baixa ocidental da

cidade, sobre um eixo de circulação provavelmente

pré-existente e, eventualmente, no prolongamento do

decumanus maximus

6LOYD IRLFRQVWUX¬GDXPD

via que ligava a cidade ao território rural ocidental. A sua

implantação urbana coloca-a muito próximo da margem

ribeirinha, entre o criptopórtico da Rua da Prata e o

complexo fabril, habitacional e termal localizado a Norte,

também no NARC. Constituiria, portanto, também o elo

de ligação preferencial entre o centro da cidade e a sua

zona industrial ocidental.

A via conserva-se a uma cota razoavelmente alta (a

cerca de 1,50 m de profundidade em relação ao

pavi-mento atual), sugerindo a existência de uma elevação de

WHUUHQR(VWHDFLGHQWHWRSRJU ƩFRIDYRUHFHDKLS²WHVH

da localização, a poente, de uma ponte para

atravessa-mento da ribeira da Baixa. Embora estejam em parte por

Fig. 1 : A via do NARC no urbanismo de Olisipo. A cinzento, o criptopórtico, o teatro e o circo; a vermelho, as termas dos Cássios e o balneário do NARC; a verde, fábricas de conservas piscícolas (© Projeto SIG de Ana Vale e Jacinta Bugalhão)

determinar o percurso, caudal e regime sazonal desta

OLQKDGH JXDHP¨SRFDURPDQDQ¢R¨FU¬YHOTXHVH

encontrasse completamente assoreada ou que o seu

atra-YHVVDPHQWRDYDXIRVVHSRVV¬YHO

$YLD¨FRQVWUX¬GDVREUHXPQ¬YHORFXSDFLRQDOGDW YHO

entre a segunda metade do século I a.C. e a primeira

metade do século I d.C. O troço conservado no NARC

é muito pequeno e encontrava-se deveras afetado pela

diacronia urbana posterior. Assentava numa camada de

preparação areno-argilosa castanha e compacta, deposta

VREUHXPQ¬YHODUHQRVRFODUR(PERUDVHMDEDVWDQWHUH-GX]LGDDLQIRUPD¦¢RHVWUDWLJU ƩFDGLVSRQ¬YHOUHODFLRQDGD

com a construção da estrutura, este aspeto é mitigado pela

abundância de espólio cerâmico (ânforas, terra sigillata,

lucernas), que permitiu atribuir a construção do eixo

viário ao último quartel do século I

1

.

ˆSRVV¬YHODIHULUDRULHQWD¦¢RHVWHRHVWHGDYLDHREVHU-var o tabuleiro de circulação pavimentado com lajes de

forma geométrica (retangular e quadrangular) de calcário

PDUJRVR1RODMHDGRV¢RYLV¬YHLVFODURVYHVW¬JLRVGHGRLV

rodados paralelos (distando entre si 1,50 m), denunciando

circulação intensa. Num dos rodados (a sul) é claramente

SHUFHW¬YHOXPDLQWHUYHQ¦¢RGHPDQXWHQ¦¢RTXHFRQVLVWLX

na colmatação e regularização do rodado com recurso

a opus signinum com chamota cerâmica de cor

alaran-jada. Uma vez que a área de intervenção não atingiu o

OLPLWHVXOGDYLDQ¢RIRLSRVV¬YHODSUHHQGHUDODUJXUDGR

tabuleiro. O troço escavado atingiu cerca de três metros,

mas crê-se que poderia atingir cerca de cinco metros de

largura total.

A norte, a via encontra-se delimitada por um muro,

paralela ao qual se desenvolvia uma faixa aparentemente

destinada à circulação pedonal. O muro, com cerca de

30 cm de largura e de altura indeterminada (apresentava

uma altura conservada de cerca de 20 cm, mas não estava

intacto) tinha aparelho irregular de blocos de calcário

margoso e de calcarenito de calibre diverso (toscamente

facetados), com alguns tijolos e ligante de argamassa.

A área de circulação pedonal era pavimentada com

opus

de areia e cal, não muito espesso, de cor clara,

assente sobre barro cozido escuro misturado com carvões

e cinzas, no qual foram registados diversos episódios de

reparação.

Pode assim referir-se que o conjunto estrutural da via

GR1$5&IRLFRQVWUX¬GRHPDQWLGRFRPUHFXUVRH[FOXVLYR

a matéria-prima local, embora fazendo uso de modelos e

técnicas construtivas próprios do mundo romano. As lajes

que pavimentam o tabuleiro desta via são um produto

direto da exploração de pedreiras na região de Olisipo

e consequente produção de materiais de construção

pétreos. Esta via é claramente um dos elementos

arquite-tónicos clássicos da cidade de Olisipo.

Comparativamente aos outros eixos viários conhecidos

de OlisipoGHYHUHIHULUVHTXHDRQ¬YHOGDSDYLPHQWD¦¢R

a via do NARC se aproxima do arruamento da Sé

(Ama-ro, 1995), também pavimentado com lajeado calcário.

Contudo, a largura dos tabuleiros é muito distinta. Por

outro lado, a via da Sé, caracterizada como secundária,

desenvolvia-se em degraus (o que impossibilitaria a sua

XWLOL]D¦¢RSRUYH¬FXORVURGDGRV HSRVVX¬DHPLQIUDHVWUX-tura uma cloaca. A via do NARC é uma via claramente

urbana, mas situada no limite da cidade e destinada à

circulação mista, pedonal e rodoviária.

Relativamente à via noroeste de Olisipo da Praça da

Figueira, registou-se um tabuleiro pavimentado com

“calcarenitos calcados”, com uma largura variável entre

HPHWURV 6LOYD $RQ¬YHOGDVFDUDFWHU¬V-ticas construtivas, trata-se efetivamente de uma via muito

distinta da registada no NARC, aspeto eventualmente

explicado pela natureza periurbana desta estrutura.

3HORVGDGRVUHFROKLGRVIRLSRVV¬YHOFRQFOXLUTXHDYLD

LGHQWLƩFDGDQR1$5&SHUVLVWLXŸGHVDWLYD¦¢RHUX¬QDGR

FRPSOH[RLQGXVWULDOFRQVHUYDGRDQRUWHHQWUHRƩQDOGR

século IV e a primeira metade do século V. O seu

aban-dono, documentado num pequeno conjunto de unidades

HVWUDWLJU ƩFDVWHU RFRUULGRQXPPRPHQWRSRVWHULRUGH

DIHUL¦¢RFURQRO²JLFDGLI¬FLO

Sobre o tabuleiro lajeado da via, foi escavada uma

camada areno-argilosa castanha-avermelhada, com

Fig. 2 : Contextos romanos do NARC.

(4)

argamassa, tesselas e escasso espólio cerâmico. Junto à

via, sobre a área para circulação pedonal, registou-se o

Q¬YHOVXSHULRUHPXLWRGHVWUX¬GRGHopus claro, recoberto

SRUXPQ¬YHOGHDEDQGRQR0DLVDSRHQWHDLQGDVREUH

esta faixa lateral, foram escavadas camadas com cerâmica

de construção (principalmente, lateres), tesselas (por

vezes em conjuntos unos de quatro ou cinco elementos),

fragmentos de estuque e elementos arquitetónicos em lioz

regional com rudistas

2

.

$VFDUDFWHU¬VWLFDVGHVWDHVWUDWLJUDƩDSHUPLWHPUHOD-FLRQ ODFRPDUX¬QDGHHGLI¬FLRVFRPDOJXPDGLPHQV¢R

e importância ocorrida na zona urbana envolvente do

NARC. Situação semelhante ocorre na Rua Augusta

(Zara) (Ferreira, Jorge e Ramos, 2000) e no criptopórtico

da Rua da Prata (informação de Nuno Mota, Ana Caessa

e Cristina Nozes), ilustrando uma situação de abandono

HGHVFDODEURHVWUXWXUDOFRQƩJXUDQGRXPIHQ²PHQRGH

regressão urbana na zona ribeirinha ocidental de Olisipo.

O espólio cerâmico recolhido nestes contextos -

cerâ-mica anfórica, terra sigillata, imitação de terra sigillata,

cerâmica de fabrico manual ou de torno lento (Grilo,

Fabião, Bugalhão, 2013; Grilo, 2015) permite propor

como cronologia de abandono da via sudoeste de Olisipo,

a primeira metade do século VI.

Contudo, o desaparecimento urbano desta via não

VLJQLƩFRXRƩPGRHL[RXUEDQRHVWUXWXUDQWHDVXGRHVWHGD

cidade. Com a reurbanização do local a partir do século

X e a consolidação do arrabalde ocidental da urbe

medie-val, o eixo viário permanece em funcionamento, dando

progressivamente origem um importante arruamento com

a mesma orientação e situado ligeiramente a sul, a Rua

Nova, mais tarde Rua Nova dos Mercadores, a mais

importante artéria da Lisboa dos Descobrimentos.

Fig. 3 : A via do NARC (© José Avelar / Museu de Lisboa)

Fig. 4 : Contextos romanos do NARC.

Tabuleiro 0 0,5 1 m Rodado Rodado Muro Área pedonal

1 Os dados relativos à estratigrafia e ao espólio cerâmico incluídos neste artigo decorrem do trabalho em curso, de estudo e contextualização das ânforas e terra sigillata do Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros, cuja equipa é constituída por Jacinta Bugalhão, Carlos Fabião, Rui Almeida, Catarina Viegas, Armando Sabrosa, Carolina Grilo e Ana Sofia Gomes.

2 Agradece-se a identificação dos litótipos ao Prof. Doutor Mário Cachão do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

(5)

Parte 1

Os pavimentos da cidade: perceções sobre

o sítio e a história

Introdução

O Chão que Lisboa pisa: uma visão diacrónica

da cidade de Lisboa através dos seus pavimentos

Lídia Fernandes, Jacinta Bugalhão

Pretende este texto fazer uma breve apresentação dos pavimentos que, ao longo de muitos e muitos séculos, terão revestido o chão da cidade de Lisboa. Os contributos da arqueologia são, em relação a este tema, de vital relevância pois são os testemunhos, em primeira mão, das múltiplas soluções de revestimento. Os vestígios que se conservam permitem analisar uma longa diacronia que se inicia na Pré-História, muito embora, o pavimento como elemento arquitetónico, construído com recurso à utilização de materiais específicos e trabalhados para esse efeito, seja consequência da sedentarização humana e uma resposta a necessidades quotidianas.

Relevante também é a diferenciação que se estabelece entre as soluções de pavimentação que se registam no interior das casas e as que revestem o espaço público e, do mesmo modo, de que forma estes espaços foram, socialmente, apreendidos, sentidos e vivenciados pela população ao longo do tempo.

Estudar e analisar os pavimentos de uma cidade tão antiga quanto Lisboa, traduz-se, podemos dizer, na história da cidade.

This paper briefly presents the pavements that floored the city of Lisbon for many centuries. Archaelogical evidence plays a crucial role in this context, providing first-hand testimonies of different flooring solutions. Evidence suggests a long-term use of these solutions from Pre-history to present times, representing the pavements as architectural remains, built with specific raw and transformed materials as an answer to functional needs.

Also relevant is the difference between the flooring solutions in private and public spaces, and in the way the latter were socially apprehended, felt and lived throughout the ages.

To study and analyse the pavements of an ancient city such as Lisbon becomes a part of the study of its history. —

A Geologia subjacente aos pavimentos

de Lisboa

Mário Cachão

São descritas as cinco unidades geológicas principais que compõem o substrato em que assenta a cidade de Lisboa, focando os seus principais tipos litológicos, alguns dos quais amplamente utilizados na construção e pavimentação da cidade. São ainda referidos apontamentos sobre a geodiversidade e riqueza paleontológica das formações que podem ser observadas em vários locais (Geomonumentos) da cidade. Termina-se com uma síntese dos processos geológicos que concorreram para conferir a Lisboa algumas das suas características ímpares: a sua topografia irregular, a alvura dos seus edifícios revestidos a Lioz e a sua natureza ribeirinha, bordejando a margem direita do estuário interno do rio Tejo.

The five main geological units that constitute the foundations of the city of Lisbon are described both in terms of their lithological and paleontological nature as can still be observed along a series of selected geosites. Several of these locations were ancient quarries from which limestone, basalt, sandstone and clay were exploited and used in pavements and buildings, namely the fossiliferous Upper Cretaceous limestone, locally known as Lioz, that give to monuments and downtown buildings their typical white facades. Lisbon’s geodiversity and topography is briefly explained through 100 million year of local geological history related to regional processes, first, the ongoing opening of the northern branch of Atlantic Ocean, the sinistral rotation of the Iberia and formation of the Pyrenees and, second, the gradual closure of the western end of the Mediterranean Sea and formation of the Betic chain.

Pavimentação da cidade de Lisboa

(sécs. XV–XVI-II). Contributos para o estudo

da sua regulamentação jurídica

Rita Fragoso de Almeida

Entre o séc. XV e a 1ª metade do séc. XVIII, período cronológico que se define pelo crescente dinamismo económico de Portugal, do qual Lisboa era o seu epicentro, a preocupação em assegurar a melhoria do pavimento das principais artérias da cidade promoveu a emergência de medidas legislativas relativas à sua pavimentação. Dada a ausência de uma base normativa concreta que definisse metodologias de intervenção nas diferentes áreas da cidade, situação que permaneceu até à 2ª metade do séc. XVIII, procura-se perceber quem determinava a pavimentação da cidade - quem a executava, fiscalizava, como era financiada e quais os materiais utilizados e respetiva proveniência - através da sistematização das informações contidas em fontes documentais das diferentes épocas.

Between the 15th century and the first half of the 18th

century, a period marked by an ongoing economic development, the need to ensure better paving measures in the main arteries of Lisbon resulted in the production of several legal measures. In the absence of a normative base that defined intervention procedures in different urban areas, a situation that occurred until the second half of the 18th century, I discuss who determined the paving of the city – who executed, controlled, and financed it - as well as the necessary means and materials and their provenance – on the basis of information contained in legal sources stemming from that period.

As novas pavimentações na Lisboa cidade

dos séculos XIX e XX

António Miranda

O século XIX introduz melhoramentos significativos nas redes viárias e espaços pedonais, transformando a paisagem urbana. O macadame foi uma das mais importantes, cuja evolução, no século seguinte, daria a base da moderna construção de estradas. Mas foi o aparecimento da calçada artística que moldou a fisionomia de Lisboa impondo-se como referência cultural e identitária a par do azulejo. Uma atapetando o chão que pisamos, outro revestindo fachadas como um tecido cerâmico, referência têxtil visual que

transmutou o espaço exterior em prolongamento do espaço doméstico. A capacidade de ambos em adaptar-se às modas das diversas épocas, captou a atenção de arquitetos e artistas plásticos, e a forma quase obsessiva com que foram empregues ao longo de praticamente dois séculos, sobretudo em Lisboa, transformaram esta cidade num caso único.

The 19th century introduced significant improvements in the

road networks and walkway spaces, transforming the urban landscape. One of the most important innovations was the macadam, which quickly became the base for the modern construction of footpaths in the following century. Yet, it was the appearance of the artistic pavement, along with the tile, that shaped Lisbon´s physiognomy as a cultural and identity reference. The first covered the floor we step in, the other layered facades as a ceramic drapery, and jointly they became visual references that transmuted the exterior space in a prolongation of the domestic space. Their ability to adapt to the different trends throughout the times, has captured the attention of architects and plastic designers, and the almost obsessive way they were used along the last two centuries, have shaped the city into a case study.

Uma cidade em mudança: população e

sociabilidades em Lisboa, finais do século XVIII

– início do século XX

Maria Alexandre Lousada

Entre a reconstrução pombalina e as primeiras décadas do século XX, o crescimento demográfico, o desenvolvimento industrial, a desamortização e a cultura urbana moderna transformaram Lisboa. Os novos bairros, as áreas industriais e de serviços, os equipamentos de lazer, o início dos transportes públicos, as novas morfologias urbanas são expressão dessa transformação. Neste texto serão analisados os elementos mais relevantes que contribuíram para a mudança dos usos da cidade: a evolução da demografia, a composição socioprofissional e os espaços e atividades de lazer.

Between the Pombaline reconstruction and the first decades of the twentieth century demographic growth, industrial development and modern urban culture transformed the city of Lisbon. This transformation can be assessed by the appearance of new bourgeois and factory worker neighborhoods, industrial and services areas, leisure facilities, urban morphologies and the beginning of public transportation. This paper analyses the most relevant elements that contributed to the change of the uses of the city: demography evolution, socio-professional composition and spaces of leisure activities.

A rua como espaço lúdico: aspetos

de sociabilidade

Lídia Fernandes

As relações que o homem estabelece com o espaço que o rodeia nunca foram constantes. A apropriação do espaço público por parte do homem, traduzindo-se por vezes, numa relação quase privada, relaciona-se diretamente com a envolvência arquitetónica e urbanística, mas, especialmente também, com o pulsar da relação entre os homens, isto é, entre as personagens que habitam, animam e vivem a

rua. Neste contexto, as atividades que têm lugar na rua, constituem um reflexo dessas relações com o meio envolvente e das populações entre si, desempenhando as atividades lúdicas uma função de sociabilidade de enorme relevância e que percorre diacronicamente a própria sociedade.

The interactions established by man with the environment were never constant. Occasionally, the use of public space is translated in an almost private relationship, directly related with the architectural and urban surroundings. Street activities reflect the relationship between the population and its surroundings. In this context, gaming activities play a social function of major importance which runs diachronically along with society.

O automóvel: alteração da perceção da rua

como espaço público

Maria Luísa Sousa

Em Lisboa, como noutras cidades europeias, a construção dos passeios no século XIX, promovida pelo novo planeamento urbano e pelos novos modos de transporte mecânico, contribuiu para uma hierarquização dos modos de mobilidade na rua urbana, de acordo com as suas velocidades. Esta disciplinação dos utilizadores das ruas foi um processo que continuaria a ser feito, já no século XX, pelo lobby automóvel, geralmente privilegiando o ponto de vista do automobilista particular, usando instrumentos normativos, como discursos sobre a segurança na via pública e campanhas de educação dos seus utilizadores. Estes instrumentos normativos, sustentados pelo conhecimento técnico e científico, tiveram reflexo quer na regulação da circulação, quer no desenvolvimento técnico, ao nível do planeamento das infraestruturas. Tiveram, também, influência ao nível da representação dos modos de mobilidade não motorizados, como o pedonal e contribuíram para uma nova perceção sobre a rua como espaço público.

In Lisbon, as in other European cities, the building of sidewalks in the 19th century, promoted by the new urban

planning and by new modes of mechanical transport, contributed to a hierarchy of mobility modes according to their speeds in the urban street. These disciplining processes of the street user were continued in the twentieth century by the car lobby, generally favoring the private motorist’s point of view, using normative instruments such as road safety discourses and education campaigns regarding its users. These normative instruments, supported by technical and scientific knowledge, were reflected both in the regulation of traffic and in the technical development in terms of infrastructure planning. They also influenced the representation of non-motorized modes of mobility, such as the pedestrian, and contributed to a new perception on the street as public space.

Geometria a seus pés: a calçada

Jorge Nuno Silva

A calçada tradicional de Lisboa, conhecida por “calçada à portuguesa”, constituída por elaboradas composições de cubos de pedra de duas cores apresenta-se como um exemplo de arte ornamental digno de uma análise que exorbite as abordagens estritamente estéticas. A calçada em que

(6)

caminhamos todos os dias é produto direto de calceteiros, com escolas e tradições bem estabelecidas. Estes artesãos têm competência para pavimentar uma avenida com belos motivos geométricos, figurativos ou outros a partir de poucas indicações iniciais. Exatamente porque existe uma tradição e um método que se perpetuaram e tornaram idiossincráticos da nossa capital.

The traditional Portuguese sidewalk, composed by elaborate compositions of bicolor stone cubes is an example of ornamental art worthy of an analysis beyond the strictly esthetic approaches. The sidewalk where we walk every day is a direct product of craftsmen, with schools and well imposed traditions. These craftsmen have the skills to pave an entire avenue with beautiful geometric and figurative patterns, from little indications, precisely because it exists a tradition and a method which were perpetuated and became idiosyncratic of our city.

O Jardim por debaixo dos nossos pés

Ana Duarte Rodrigues

Vistas, eixos, pontos focais, árvores, arbustos, flores, buxo, topiária, jogos de água, frescura e perfume são geralmente os elementos mais considerados no desenho de jardins. Este texto pretende colmatar uma lacuna da historiografia de arte dos jardins que se dedicou sobretudo a esses tópicos e pretende redirecionar a nossa vista para o que se encontra por baixo dos nossos pés quando caminhamos pelos jardins e dar uma visão geral dos pavimentos de jardins desde a Antiguidade até ao tempo presente, privilegiando exemplos de pavimentos de jardins em Lisboa. Esta analise inclui tanto a análise etimológica, o contexto histórico da sua produção, assim como as suas funções, materiais e formas. Em resultado deste estudo, eu argumento que os pavimentos de jardins privilegiam materiais naturais e rústicos que desempenham a sua função eficazmente e vão de encontro à poética do espaço.

Views, axes, focal points, trees, shrubs, flowers, box hedges, topiary, water works, freshness and perfume are usually the elements more considered gardens’ design. While scholarship has mainly concentrated on these topics, this paper foresees to redirect our vision to what exists underneath our feet when we walk in a garden. Furthermore, it offers an overview of gardens’ pavements since Antiquity until current days, high lightening examples of pavements in Lisbon’s gardens whenever it was possible. The study covers the etymological analysis, the historical context of their production, as well as their functions, materials and design. As a result of these findings, I argue that the flooring of gardens privileges natural and rustic materials that go along with the space’s poetics, resist outdoor exposure and perform their function effectively. —

Fabrico de materiais cerâmicos em Lisboa.

Século XII até aos inícios do século XV

Rui Trindade

Em Lisboa, o fabrico de materiais cerâmicos está documentado entre os seculos XII e XVI. Através de normas régias e camarárias, a regulação e fiscalidade interligada da atividade oleira dos ramos da louça e materiais de construção civil, foram duas vertentes dessa realidade, exercidas por

oleiros cristãos e mouros no espaço urbano e fora de portas. No final do século XV, surgem notícias seguras do fabrico de azulejo lisboeta e a propriedade das olarias mouras foi transferida para oleiros cristãos, mantendo o vínculo de posse régia, com uso fruto de avultadas rendas.

The manufacturing of ceramic materials is documented in Lisbon between the 12th and the 16th centuries. Trough

royal decrees and city postures the regulation of the ceramic activities in common ware and construction materials was exercised by Christian and Moorish potters in the urban area and its outskirts. In the final 15th century, there is secure

evidence of production of tiles in the city and the ownership of the Moorish potteries is transferred to Christian potters, maintaining the king’s possession by means of high incomes. —

Pavimentos em madeira

Jorge Fonte

Este artigo tem como objetivo uma breve abordagem à história dos pavimentos em madeira. Dizemos breve pois podemos dizer que este material assistiu ao nascer do Homem e o acompanhou ao longo da sua evolução. Apercebendo-se das suas qualidades, foi cada vez mais utilizado e as técnicas aplicadas mais desenvolvidas e aperfeiçoadas, fazendo dele um material transversal a todas as civilizações e épocas. Portugal e concretamente Lisboa, não fugiram a esta tendência.

This article offers a brief history of wood pavements. Profiting from its qualities, wood has been increasingly employed with more complex techniques, transformed into a transversal material across civilizations and ages. Portugal and its capital, Lisbon, have not escaped this tendency. —

Parte II

Contributos da Arqueologia

para o estudo dos pavimentos de Lisboa

Pré-histórica

João Luís Cardoso, Nuno Neto & Paulo Rebelo

Publicam-se os vestígios de pavimentos pré-históricos até ao presente reconhecidos através de escavações arqueológicas efetuadas na área do concelho de Lisboa.

Os testemunhos mais importantes foram identificados no sítio da Travessa das Dores, onde se identificou um conjunto de fossas defendidas por fosso circundante, escavadas nas formações argilo-margosas cretácicas. A tipologia dos materiais coevos da abertura destas estruturas negativas remonta ao Neolítico Final. No decurso da colmatação do fosso, ocorrida no decurso do Calcolítico, foram identificados dois pavimentos, ambos integráveis no Calcolítico Pleno/ Final. O mais antigo encontra-se representado por lajeado, constituído por blocos irregulares de calcário de médias dimensões, muito incompleto, assente na base do fosso, encontrando-se sobreposto por diversos depósitos resultantes da sua progressiva colmatação. Entre estes, ocorre um outro pavimento, de coloração clara, constituído por uma argamassa argilo-margosa muito compactada e dura. Este piso relaciona-se com a presença, nas imediações, de estruturas

de combustão, configurado uma ocupação de carácter habitacional circunscrita.

No povoado de encosta da Tapada da Ajuda do Bronze Final, das diversas estruturas habitacionais ali identificadas, destaca-se uma cabana de planta elipsoidal, cujo piso era constituído por terra batida basáltica, de mistura com abundantes fragmentos de conchas utilizadas na alimentação e alguns ossos de vertebrados, fraturados in situ devido ao pisoteamento.

Enfim, no povoado de Vila Pouca, no limite da serra de Monsanto, do lado do vale da ribeira de Alcântara, foi identificado no decurso das escavações efetuadas em 1959 um empedrado de planta circular, funcionalmente atribuível a uma lareira-calorífero, reportada ao Neolítico Final. Embora tal estrutura não corresponda propriamente a um pavimento, o facto de corresponder a uma superfície estreitamente relacionada com um piso de ocupação, no qual se inseria, justifica a sua inclusão neste trabalho.

In this article we present the remains of prehistoric pavements identified in the Lisbon region during archaeological excavations.

The most important pavement remains were found in Travessa das Dores settlement, where several pits surrounded by a ditch excavated in Cretaceous clay-marly formations were found. The artefacts dates from Late Neolithic. During the ditch’s closure, which occurred along the Chalcolithic, two pavements were identified both dated from Full/ Late Chalcolithic. The oldest one, of flagstone, very incomplete, is made of irregular medium blocks of limestone, laid at the ditch’s base and it is superimposed by several deposits resulting from its progressive clogging. In an upper level, another pavement occurs, consisting of a very compacted light-colored mortar-clay. This floor is related to the presence, in the vicinity, of several combustion structures, related to a circumscribed occupation.

In the Late Bronze Age settlement of Tapada da Ajuda, implanted on a gently slope dominate the Tagus estuary, several housing structures were identified, and one of them, an ellipsoidal hut, has a pavement made of basaltic earth beaten with abundant shells fragments and bones, fractured in situ due to trampling.

Finally, in the Vila Pouca Late Neolithic settlement, at the edge of the Serra de Monsanto, over the Alcântara river valley, a circular stone pavement was identified during the excavations carried out in 1959, which can be classified as a fireplace. Although such a structure does not properly correspond to a pavement, the fact that it is closely related to an occupancy floor on which it was built justifies its inclusion in this work.

Idade do ferro

Largo de Santa Cruz do Castelo:

um exemplo de revestimento em argila

Sandra Guerra

As escavações realizadas na Casa no Largo de Santa Cruz do Castelo 6-7, em Lisboa, entre de 2015 e 2016, realizadas no âmbito do Projeto de Execução de Conservação e Recuperação de um conjunto de edifícios e logradouros permitiram identificar contextos e construções da Idade do Ferro bem conservadas facultando o acréscimo de dados sobre a ocupação e o urbanismo no topo da colina do castelo onde terá tido origem a cidade de Lisboa.

The excavations carried out under the Project of Implementation, Conservation and Recovery of Largo de Santa Cruz do Castelo 6-7 in Lisbon (2015-2016), have identified well preserved remains and constructions from the Iron Age period, contributing to the knowledge of the pre-roman occupation and urban planning in the Castle hill, where the city of Lisbon originated, in the first millennium B.C.

Pavimentos da Idade do Ferro

no Castelo de S. Jorge

Ana Gomes e Alexandra Gaspar

Os trabalhos arqueológicos da responsabilidade das signatárias realizados nas últimas décadas no Castelo de S. Jorge, permitiram identificar um conjunto de vestígios da idade do Ferro com uma diacronia situada entre os séc. VII a.C. e séc. II a.C. Os vestígios exumados incluem diferentes tipos de pavimentos associados a habitações. Neste trabalho pretende-se proceder à sua apresentação e caracterização.

The archaeological works conducted over the last decades under the responsibility of the authors in the Castelo de S. Jorge have allowed to identify remains from the Iron Age period between the 7th and the 2nd centuries B.C. They include different types of flooring associated with habitational zones.

Os antigos Armazéns Sommer:

pavimentos sidéricos

Ricardo Ávila Ribeiro, Nuno Neto & Paulo Rebelo Os trabalhos arqueológicos efetuados nos Armazéns Sommer permitiram colocar a descoberto uma sequência ocupacional contínua que ilustra de forma única os diferentes momentos, culturas e vivências que moldaram a cidade de Lisboa desde o século VII a.C. ao século XX d.C. Estas intensas campanhas vieram revelar a presença de inúmeros pavimentos associados a tempos e funcionalidades distintas. No texto que se segue serão abordadas, sinteticamente, algumas ocorrências de vestígios materiais da ocupação da Idade do Ferro de um espaço intensamente vivido, que vincou fortes traços morfológicos nas dinâmicas públicas e privadas da urbe.

The archaeological work carried out in the Sommer Warehouses site, allowed to uncover a continuous occupational sequence that uniquely illustrates the different moments, cultures and experiences that shaped the city of Lisbon from the 7th century BC to the 20th century AD. These

intense campaigns have revealed the presence of numerous floors associated with different times and functionalities. In the following text, will be approached, synthetically, some occurrences of material vestiges of the occupation of the Iron Age of an intensely lived space, which has marked strong morphological traces in the public and private dynamics of the city.

Soluções de pavimentação no Núcleo

Arqueológico da Rua dos Correeiros

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As escavações realizadas na Rua dos Correeiros (NARC) constituem um dos raros casos do centro histórico de Lisboa em que foi possível detetar evidências significativas do urbanismo e das técnicas de construção utilizadas durante a Idade do Ferro. Neste pequeno trabalho são apresentadas as principais características desses mesmos métodos construtivos, focando com mais intensidade os elementos relacionados com os espaços primários de ocupação.

Excavations carried out in Rua dos Correeiros Archaeological Site (NARC) retrieved significant evidences of the urban organization and construction techniques applied in this settlement during the Iron Age, a rare case in the historic center of Lisbon. In this paper we present the main characteristics of these construction methods, focusing more intensely on the elements related to the primary occupation areas.

Época Romana

Teatro romano de Lisboa e como

se ornamentou o chão

Lídia Fernandes

Os vestígios de pavimentação que se conservam no teatro romano de Felicitas Iulia Olisipo, apesar de em reduzido número e dimensão, possibilitam o estabelecimento de várias considerações sobre a qualidade do trabalho envolvido e, por tal facto, da importância de que se terá revestido este edifício público. O pavimento da orchestra do teatro integra-se num programa decorativo onde as partes integra-se integram num todo, pensado e feito para impressionar. O cuidado e perícia evidenciados nesta obra e a sua comparação com outros exemplares da província da Lusitânia, permitem concluir pela excelência do trabalho em opus sectile que pode ser observado in situ.

Despite the reduced size and number, the pavement remains of the roman theater of Felicitas Iulia Olisipo allow several reflections about the excellence of the involved work and, thus, the importance of this public building. The orchestra pavement is incorporated in an ornamental program where the parts combine as a whole, carefully planned and destined to impress. The intricate level of knowledge and work skills and its comparison with other examples of the Lusitania province allow us to conclude about the excellence of the labor in opus

sectile, which can still be observed to this day.

O espaço público de época romana

dos Armazéns Sommer

Alexandra Gaspar e Ana Gomes

A intervenção arqueológica nos Armazéns Sommer permitiu a identificação de um conjunto de estruturas de época romana, únicas no contexto dos conhecimentos da cidade de Felicitas Iulia Olisipo, relacionadas com o abastecimento de água com uma área de acesso a um tanque fontanário e um poço praticamente intactos. Pretende-se apresentar e caracterizar os pavimentos desta área.

The archaelogical surveys conducted in the building of the ancient Armazéns Sommer identified a unique set of structures from roman times in the context of the city of Felicitas Iulia Olisipo, related with a water supply system of

an access area, a fountain chamber and a well, practically untouched. In the following article, we present and portray the pavements of this area.

Os pavimentos romanos dos antigos

Armazéns Sommer (campanha de 2014-2015)

Ricardo Ávila Ribeiro, Nuno Neto & Paulo Rebelo Os trabalhos arqueológicos efetuados nos Armazéns Sommer permitiram colocar a descoberto uma sequência ocupacional contínua que ilustra de forma única os diferentes momentos, culturas e vivências que moldaram a cidade de Lisboa desde o século VII a.C. ao século XX d.C. Estas intensas campanhas vieram revelar a presença de inúmeros pavimentos associados a tempos e funcionalidades distintas. No texto que se segue serão abordadas, sinteticamente, algumas ocorrências de vestígios materiais da ocupação romana de um espaço intensamente vivido, que vincou fortes traços morfológicos nas dinâmicas públicas e privadas da urbe.

The archaeological work carried out in the Sommer Warehouses site, allowed to uncover a continuous occupational sequence that uniquely illustrates the different moments, cultures and experiences that shaped the city of Lisbon from the 7th century BC to the 20th century AD. These

intense campaigns have revealed the presence of numerous floors associated with different times and functionalities. In the following text, will be approached, synthetically, some occurrences of material vestiges of the Roman occupation of an intensely lived space, that marked strong morphological traces in the public and private dynamics of the city. —

“Pontilhismo e descontinuidade”:

os mosaicos pavimentais romanos

de Felicitas Iulia Olisipo.

Maria Teresa Caetano

Nesta abordagem acerca dos mosaicos pavimentais da antiga Lisboa romana, traçamos um breve panorama do conhecimento hoje adquirido, ainda que bastante fragmentário, mas cujo percurso, iniciado no século II nos conduz até ao período paleocristão, quando esta manifestação artística de características “proto-industriais” se encontrava já no seu pleno ocaso.

In this approach to mosaic pavements of ancient Roman Lisbon, we draw a brief panorama of the quite fragmentary knowledge acquired so far, which started in the II century, leading us until the paleo Christian period, when this artistic manifestation with “proto-industrial” features was already declining.

Pavimentos do espaço público de época

romana da Sé de Lisboa

Alexandra Gaspar e Ana Gomes

As escavações arqueológicas realizadas no claustro da Sé de Lisboa permitiram definir diacronias ocupacionais longas, desde a Idade do Ferro até ao século XIV. Das estruturas identificadas ressalta pelo seu carácter único a

urbanização do espaço, em época romana, com uma rua e espaços comerciais. Pretende-se apresentar e caracterizar os pavimentos destas áreas.

The archaelogical excavations conducted in the Lisbon Cathedral´s cloisters have identified a long term occupation, from the Iron Age until the 14th century. The roman occupation

stands out by its unique character and urbanism, with a street and commercial areas. In this article we describe and present the pavements of these areas.

Casa do Governador da Torre de Belém: uma

fábrica de preparados de peixe de época romana

na periferia de Olisipo

Iola Filipe

Os trabalhos arqueológicos realizados na Casa do Governador da Torre de Belém permitiram por a descoberto uma fábrica de preparados de peixe de época romana, que terá funcionado entre os séculos I a IV/V d.C.. Foi intervencionada uma área de 590m2 e identificado 34 tanques de diferentes dimensões. O seu modelo arquitetónico assim como as técnicas construtivas utilizadas replicam exemplos já conhecidos para o mundo romano, contudo, a sua presença numa área periférica a Olisipo e a sua dimensão (cerca de 1500m2) e consequente capacidade produtiva, fazem deste sítio um dos mais importantes no contexto da produção de preparados de peixe na Lusitânia.

The archaelogical works in Casa do Governador da Torre de Belém brought to light a roman industrial fish processing complex that labored between the 1st and the 4th centuries

AD. The 590m2 excavation identified 34 vats with different

dimensions. The architectural plan and construction techniques replicate other examples already known in the roman world. Regardless of its location in a peripheral area of

Olisipo, its dimension and productive capacity transform this

site in one of the most relevant places in the context of the fish processing units of Lusitania.

O eixo viário ocidental de Olisipo

Jacinta Bugalhão

Na escavação do Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros (NARC) foi identificado um importante elemento da estrutura urbana de Olisipo: a via que ligava a cidade aos territórios ocidentais. Apresentam-se aqui as características construtivas e a integração urbana desta estrutura.

The Rua dos Correeiros Archaeological site disclosed an important element of the Olisipo urban structure: the via which connected the city to the western territories. In this paper we discuss the constructive techniques and the urban integration of this structure.

Os Pavimentos do Circo Romano de Olisipo

Ana Vale, Lídia Fernandes

O achado de vestígios que se relacionam com o antigo circo romano da cidade de Felicitas Iulia Olisipo na atual Praça D. Pedro IV (Rossio), permitiu a identificação deste enorme edifício lúdico e, igualmente, reconhecer o pavimento que

constituiria a arena. Apesar da reduzida área intervencionada, as estruturas detetadas onde se destaca igualmente o pavimento em opus signinum da antiga spina, fornecem indicações cronológicas que apontam para a construção deste edifício em épocas tardias e ilustram, pela qualidade dos cimentos romano identificado, a robustez e qualidade da construção.

The discovery of remains associated with the ancient roman circus of Felicitas Iulia Olisipo, under the actual Praça D. Pedro IV (Rossio), allowed the identification of this enormous recreational building, and, likewise, the recognition of the pavement that constituted its arena. Despite the small surveyed area, the identified pavement in opus signinum of the ancient spina, provided chronological information which points out to the construction of the building in late times and demonstrate the excellence and robustness of the construction.

Época Islâmica

Espaços públicos e espaços privados: pisos no

arrabalde ocidental da Lisboa Islâmica (Hotel de

Santa Justa)

Victor Filipe

Entre agosto e outubro de 2011 foi efetuada uma intervenção arqueológica no local onde hoje se situa o Hotel de Santa Justa, baixa Pombalina de Lisboa. Estes trabalhos permitiram documentar importantes vestígios relacionáveis com o arrabalde ocidental da cidade em Época Islâmica, nomeadamente diversas estruturas habitacionais e viárias. Entre estes, foram registados vários pavimentos, quer do espaço interior e privado das habitações, quer do espaço exterior e público, observando-se o emprego de distintas soluções de pavimentação. Pretende-se, aqui, realizar uma curta apresentação das distintas soluções de pavimentação documentadas no local.

Between August and October 2011 an archaelogical survey was conducted in the present Santa Justa Hotel, in the Lisbon Baixa district. The works have identified significant remains of habitational areas and streets of the western suburb of the Islamic city. Amongst them, several pavements were registered, from interior and private areas, and from exterior and public spaces. This paper offers a brief analysis of the different solutions identified on the site.

Pavimentos de época islâmica

no Castelo de S. Jorge

Ana Gomes, Alexandra Gaspar

Os trabalhos arqueológicos realizados nas últimas décadas no Castelo de S. Jorge, permitiram identificar um conjunto de vestígios do período islâmico cuja cronologia podemos situar entre os meados do séc. XI e os meados séc. XII mais concretamente, a conquista de Lisboa ocorrida em 1147. Os vestígios exumados incluem diferentes tipos de pavimentos associados a áreas de circulação e a habitações, tendo-se distinguido pavimentos empedrados, de argamassa e de cerâmica. Neste trabalho pretende-se proceder à sua apresentação e caracterização.

(8)

The archaelogical surveys conducted in the Castelo de S. Jorge over the past decades have identified several remains form the Muslim period, chronologically centered between the mid-11th and the mid-12th centuries, around

Lisbon conquest in 1147. They include different types of flooring solutions, associated with houses and circulation areas, in stone, mortar and ceramic pavements. In this paper we present and describe these structures.

Pavimentação de espaços urbanos no

arrabalde ocidental de Madīnat Ushbūna. Núcleo

Arqueológico da Rua dos Correeiros e Mandarim

Chinês

Jacinta Bugalhão

A partir do século X, forma-se a ocidente da cidade muralhada de Madīnat Ushbūna um arrabalde. Durante os dois séculos seguintes esta área urbana, cresce, consolida-se e densifica-consolida-se, tornando-consolida-se um dos principais polos artesanais, comerciais e portuários da cidade. Apesar da intensa ocupação urbana que subsistiu até à atualidade, foram muitos os vestígios urbanos desta época que perduraram e vêm sendo recuperados pela arqueologia urbana.

In the 10th century, in the walled city of Madīnat Ushbūna,

a west suburb was formed. Over the next two centuries this outer area developed and consolidated, becoming one of the main nodes of craft, commerce and port activities. Despite intense urban occupation which lasted to the present day, many urban traces from this time persist and are being recovered by urban archaeology.

Época Medieval Cristã

A Capela de Santo Estêvão na Sé de Lisboa

Paulo Almeida Fernandes

Um dos mais importantes pavimentos cerâmicos medievais encontra-se na Sé de Lisboa. Discreto, ignorado e em mau estado de conservação, o facto de ter chegado até hoje não deixa de espantar, tendo em consideração as muitas alterações que o monumento sofreu e a aparente agonia do claustro catedralício nas últimas décadas, que há muito justifica um restauro integral. O pavimento em questão, aplicado no solo da capela funerária de Santo Estêvão nos inícios do século XIV, é um dos três ou quatro exemplos conservados em território nacional e o estudo estilístico de que aqui se dá primeira nota aponta para uma influência da primeira etapa do reino nazarí de Granada.

One of the most import medieval pavements is located in the Lisbon Cathedral. Understated, ignored and in poor conservation state, one does not cease to amaze how it reached our days, considering the many changes that the monument endured and the apparent agony it underwent in the last decades which justifies its integral rehabilitation.

This pavement was applied in the soil of the S. Estevão funerary chapel in the beginning of the 14th century and is

one of the three or four preserved examples in the national territory of which the stylistic study points out to an influence of the first stage of the Nasrid kingdom of Granada.

Áreas públicas e privadas no Claustro

da Sé de Lisboa de época medieval islâmica

e cristã: os seus pavimentos

Alexandra Gaspar e Ana Gomes

Nas escavações arqueológicas no claustro da Sé de Lisboa regista-se, em época medieval islâmica, uma ocupação do espaço em duas plataformas distintas. A sul é instalado um edifício público eventualmente relacionado com a mesquita maior e na plataforma norte áreas habitacionais, privadas. Em época medieval cristã regista-se uma continuidade da ocupação destas duas áreas. Só em finais do século XIII/inícios do XIV, quando se procede à construção do claustro, o espaço vai sofrer grandes alterações, quando se aterra todo o espaço.

Pretende-se apresentar e caracterizar os pavimentos que se conservaram ao longo da ocupação medieval islâmica e cristã, registada nestas intervenções.

The archaelogical excavations in The Lisbon´s Cathedral Cloisters revealed an intense occupation during the medieval Muslim period in two different platforms: towards south, a public building, eventually related to the main mosque, and in the north area, private and habitational areas.

In the Medieval Christian period there is a continuity of occupation in these areas. Only following the construction of the cloister in the final 13th century/beginning of the 14th

century, substantial transformations occur with the filling of the former space. In this paper we discuss the pavements and flooring options registered during these excavations. —

Os pavimentos de época medieval cristã do

Castelo no S. Jorge (meados do séc. XII e XIII)

Ana Gomes e Alexandra Gaspar

Os trabalhos arqueológicos realizados pelas signatárias nas últimas décadas no Castelo de S. Jorge, permitiram identificar na Praça Nova um conjunto de vestígios do período medieval cristão cuja cronologia podemos situar entre os meados do séc. XII e o séc. XIII, entre a conquista de Lisboa ocorrida em 1147 e os finais do séc. XIII. Os vestígios exumados incluem pavimentos associados a habitações, tendo-se distinguido pavimentos de pedra, de cerâmica e de terra batida. Neste trabalho pretende-se proceder à sua apresentação e caraterização.

Archaeological works performed by the authors at Castelo de S. Jorge, in Praça Nova area in the last decades uncovered a set of remains from the medieval Christian period, between the conquest of Lisbon, in 1147 and the end of the 13th century.

Remains include pavements from habitational areas, with stone, ceramic and earth solutions. In this paper we present and characterize them.

Lisboa Manuelina

Andar no Terreiro do Paço: identificação de

pavimentos pré-pombalinos na Praça do Comércio

César Neves, Andrea Martins

A intervenção arqueológica desenvolvida em 2009 na atual Praça do Comércio permitiu a identificação de pequenas realidades que se poderão relacionar com antigos pavimentos/ pisos pertencentes ao Terreiro do Paço.

Mesmo tendo em conta o elevado grau de afetação que os vestígios apresentam, fruto da transformação urbanística que esta parte da cidade sofreu durante a reconstrução pombalina, e apesar de terem sido registados no decurso de uma ação de acompanhamento arqueológico, a sua identificação permite uma aproximação a este espaço público citadino da Lisboa Moderna avaliando, de igual modo, o impacto que a construção da Praça do Comércio teve no antigo Terreiro do Paço.

In 2009, the archaeological work developed in the Praça do Comércio (Lisbon, Portugal) allowed to observe a number of archaeological realities that will help to characterize the coast line of this part of Lisbon city and understand the evolution of this urban space, the political and social center of Portugal since the 16th century. In this paper, we present a small set of

archaeological realities, identified during the archaeological work, which correspond to the city floor that existed in this part of Lisbon. Its characterization will allow a historical view of the urban environment in the riverfront, in the main square – Terreiro do Paço - of the Portuguese Empire’s capital, before the reconstruction of Lisbon following the Earthquake of 1755. —

O mercado da Ribeira Velha do séc. XVI:

revestimentos em argamassa

Cláudia Rodrigues Manso, José Miguel Oliveira e Ana Catarina Garcia

Durante a 2ª Fase de Escavação no âmbito do Projecto de Requalificação do Campo das Cebolas, deparámo-nos com inúmeras tipologias de pavimentações de argamassa. A que mais se destacou corresponde a um pavimento de uso exterior que abrange a área ocupada pelo antigo mercado da Ribeira Velha, que ali terá permanecido em funcionamento desde o final do século XVI até ao terramoto de 1755.

During the 2nd phase of the archeological works for the

requalification of Campo das Cebolas, we´ve found several typologies of mortar flooring solutions. The most outstanding was an exterior pavement running under the area occupied by the ancient Ribeira Velha Market, which existed in this area from the final 16th century until the earthquake of 1755.

Um espaço, um pavimento da Casa dos Bicos

no século XVI

Victor Filipe, Manuela Leitão

Partindo de um pavimento quinhentista da Casa dos Bicos procurámos entender o seu enquadramento espacial, funcionalidade e relação com uma serventia pública.

A interpretação sugerida, que aflora também uma realidade social, foi possível graças ao cruzamento de diferentes fontes de informação, nomeadamente escritas e arqueológicas.

Starting from a 16th century floor of Casa dos Bicos we’ve

tried to understand its spatial framework, functionality and relationship with a public passageway. The suggested interpretation, which touches also a social reality, was made possible thanks to the crossing of different sources of information, namely written and archaeological finds. —

Os pavimentos perdidos do Convento

de S. Francisco de Lisboa

Maria de Magalhães Ramalho e Jorge Sequeira

O Convento de São Francisco é, sem dúvida, um dos edifícios mais enigmáticos e fascinantes de Lisboa. A sua longa história e a permanência de grande parte da sua estrutura original, apesar das calamidades naturais e dos maus-tratos que sofreu, motivam-nos sempre a procurar novos indícios do que foram os espaços e as vivências dos frades que aqui viveram e morreram. Os pavimentos, outrora existentes, encerram também uma interessante história ainda por contar, é a história dos milhares de indivíduos que escolheram este espaço para sua última morada. É através da contextualização e caracterização dos materiais que correspondem a alguns destes pavimentos que procuramos expor um pouco desta realidade oculta.

The Convent of San Francisco is undoubtedly one of the most enigmatic and fascinating buildings of Lisbon. Its long history and the survival of much of its original structure, despite all the natural disasters that have afflicted the region, and mistreatment that it experienced along the time, encouraged us to investigate the former building and the way of life of the friars who lived and died there. The former pavements also contain an interesting story of the thousands of people who chose this place as their final place of rest. It is through the contextualization and characterization of the materials used in those pavements that we seek to expose some of these hidden realities.

A tijoleira quinhentista no Pátio José

Pedreira (rua do Recolhimento, freguesia

Santa Maria Maior)

Anabela Joaquinito

O caso de estudo aborda a problemática da reestruturação arquitetónica dos espaços habitacionais em Lisboa e a identificação de estruturas preservadas desde o século XVI e o seu reaproveitamento nas edificações nos períodos pré-pombalino e pré-pombalino.

The case study addresses the problem of architectural restructuring of housing spaces in Lisbon, the identification of preserved structures from the 16th century and its reuse in

the pre and Pombalin period buildings. —

Caminhando sobre criptas e sepulturas:

os pavimentos da Igreja de São Roque de Lisboa

Maria de Magalhães Ramalho, Jorge Sequeira

A igreja de São Roque é dos templos de Lisboa que maior diversidade de pavimentos apresenta, sobretudo pela existência de capelas com grande exuberância decorativa, tal como é o caso da capela de Nossa Senhora da Doutrina abordada neste trabalho. O espaço interior desta igreja-salão encontra-se dividido em dois, a zona delimitada pela teia, onde ainda se encontram intactas as molduras das sepulturas preenchidas por soalho de madeira mais recente, e o piso sobrelevado de lajes em pedra que rodeia as capelas que, antes das alterações, também ostentava sepulcros devidamente numerados. A existência de documentação muito relevante sobre o que escondem, de facto, estes pavimentos,

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Fig. 2 : Contextos romanos do NARC.
Fig. 4 : Contextos romanos do NARC.

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