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Entre os campos de guerra e os campos de férias: prisões masculinas e femininas nos meios de comunicação social

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Academic year: 2020

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junho de 2015

Ana Margarida Ferreira da Silva

Entre os Campos de Guerra e os Campos

de Férias: Prisões Masculinas e Femininas

nos Meios de Comunicação Social

Universidade do Minho

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Dissertação de Mestrado

Mestrado Integrado em Psicologia

Trabalho efetuado sob a orientação da

Professora Doutora Luísa Saavedra

junho de 2015

Ana Margarida Ferreira da Silva

Entre os Campos de Guerra e os Campos

de Férias: Prisões Masculinas e Femininas

nos Meios de Comunicação Social

Universidade do Minho

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DECLARAÇÃO Nome: Ana Margarida Ferreira da Silva

Endereço electrónico: a62278@alunos.uminho.pt; anamfs92@gmail.com

Número do Bilhete de Identidade: 14086898

Título da dissertação: Entre os Campos de Guerra e os Campos de Férias: Prisões Masculinas e Femininas nos Meios de Comunicação Social

Orientadora: Professora Doutora Luísa Saavedra

Ano de conclusão: 2015

Designação do Mestrado: Mestrado Integrado em Psicologia

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO, APENAS

PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO

INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/______

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ii Índice Agradecimentos iii Resumo iv Abstract v Introdução 6 Método 8

Procedimento e corpus de análise 8

Método de análise 10

Análise e Discussão dos Temas 11

Tema 1: violências na prisão 11

A violência do sistema prisional: da falta de dignidade ao controle da sexualidade

11

Masculinidades e hipermasculinidades. 15

Tema 2: O tráfico no masculino: das drogas aos telemóveis 17 Tema 3: reinserção: os maus da fita e as boas mulheres 19

Conclusão 21

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iii

Agradecimentos

À Professora Doutora Luísa Saavedra, pela orientação, oportunidade, disponibilidade, preocupação e partilha de conhecimentos ao longo de todo este percurso. Ao Dr. Henrique Pinto, pelas reflecções, pelas conversas de horas, pelo apoio incondicional, por todos os preciosos ensinamentos e, sobretudo, pela amizade, enriquecedora a todos os níveis

A toda a Equipa de Reinserção do Cávado, por todas as oportunidades de crescimento e evolução que me deram e por terem acreditado sempre em mim e na evolução do meu trabalho.

Ao Pedro Araújo por toda a paciência, compreensão e partilha de reflexões ao longo deste trabalho.

À Ana Sofia Gomes, ao Nuno Rodrigues, ao João Ferreira, à Joana Lourenço e à Joana Eirinha, por estarem sempre presentes e disponíveis para os meus desabafos.

À Ana Margarida Gonçalves, à Ana Catarina Ferreira, à Sara Rego, à Sara Lima, à Joana Pereira, à Ana Isabel Vieira e ao Carlos Daniel Marinho por todo o apoio, companheirismo e boas energias que trocamos ao longo deste percurso.

À Ana Sofia Rebelo por todo o apoio e suporte ao longo destes anos e em especial nestes últimos, obrigada por toda a motivação e bons conselhos que me transmitiste sem nunca pedir nada em troca.

À uma minha família académica Luís Pinheiro, Rui Coelho, Mélanie Gonçalves, Ana Filipa Gonçalves, Cátia Molho, Inês Nogueira, Teresa Machado e Diana Pereira, que a levo para a vida, por todo o carinho e dedicação em especial e cada um à sua maneira.

Aos meus vizinhos, por toda a disponibilidade, partilhas de ideias e todo o esforço tranquilizador para eu me manter calma e focada.

Aos meus amiguinhos de quatro patas por toda a energia e alegria transmitida por estes.

A toda a minha família que embora aqui no fim não é por esquecimento mas porque as bases é que sustentam, e em especial aos meus pais e padrinhos por todo o apoio, dedicação, paciência e tolerância ao longo desta caminhada.

E a todos que de uma forma ou de outra me acompanharam neste percurso e me deram suporte, ajuda, auxílio, desabafos e ânimo nesta caminhada.

A todos vós desejo que o futuro vos sorria como vocês sorriram para mim. “Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte de um todo.” John Donne

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iv

Entre os Campos de Guerra e os Campos de Férias: Prisões masculinas e femininas nos meios de comunicação social

Resumo

A comunicação social assume um papel importante na formação da opinião pública. A prisão portuguesa é um ambiente fechado à população em geral, sendo a comunicação social, praticamente, a única forma de aceder a esta realidade. Tendo em conta que as imagens transmitidas pelos media podem ter forte impacto na estigmatização dos/as reclusos/as e sua consequente reintegração ou reincidência, pretendemos com este trabalho compreender qual a imagem transmitida sobre o ambiente prisional. Para isso, procedeu-se à Análise Temática de 74 notícias, entre setembro de 2006 e maio de 2014. Os três temas encontrados (Violências na prisão com dois subtemas: A violência do sistema prisional: da falta de dignidade ao controle da sexualidade , Masculinidades e hipermasculinidades; Transgressões no masculino: drogas, armas telemóveis e Reinserção: os maus da fita e as “boas” mulheres) mostram imagens totalmente distintas das prisões masculinas e femininas que reforçam imagens estereotipadas de género: violência e contestação dominam a realidade das primeiras, enquanto a calma, a não-contestação e as atividades de reinserção e a maternidade caracterizam as segundas. Tal como fora das grades o discurso tradicional de género perpassa também a realidade prisional de forma ainda mais exacerbada.

Palavras – Chave: Reclusão, Prisão, Comunicação Social, Reinserção, Sistema Penal Português.

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v

Between The Battlefieldand the Holidays Camp: Men and women prisons in the media

Abstract

The media have an important role in the public opinion development. The Portuguese prison is a close environment to the general population, which becomes the media the only way to access this reality. The images reported by media can have a strong impact in the prisoner’s stigmatization, and then, in their reinstatement or recidivism. So, our aim is to understand the images reported by media about the prison environment. We used thematic analysis of 74 newspaper news, between September of 2006 and May of 2014. The three themes found ( Prison Violence’s with two subthemes: the prison system violence: of the lack of dignity to the control of sexuality, Masculinities and hypermasculinities; Male transgressions: drugs, weapons and cellphones; Reintegration: the bad guys and the "good" women) show completely distinct images between man prisons and woman prisons, which reinforce gender stereotyped images: violence and contestation of the first’s, while the calm, no contestation, reinsertion activities and maternity represent the second’s. As outside the prison gates, the gender traditional discourse also runs through the prison reality even in a more exacerbated form.

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6

Introdução

Com a substituição da punição em praça pública pelo secretismo prisional, as pessoas ficaram mais dependentes dos media para obter informações e compreender a prisão assim como vida dentro desta (Marsh, 2013). Como mundo secreto e escondido do conhecimento do público em geral (Bennett, 2006; Codd, 2011; Cunha, 2004; Kearon, 2012), a maioria da população fica com uma experiência e conhecimentos muito limitados sobre o sistema de justiça criminal e a forma como este funciona (Codd, 2011;Jewkes, 2012; Kearon, 2012; Marsh,2009,2013).

Assim, partindo do pressuposto que a representação só adquire foros de verdade e de realidade quando é partilhada (Vala, 2010), a comunicação social ganha um papel fundamental na "construção social da realidade" (Correia, 1995). Os construcionistas sociais defendem que a realidade não é objetiva, mas sim socialmente construída (Gergen, 1985; Surette, 2011). Como tal, a construção da realidade resulta da mistura da cultura popular, da experiência pessoal, da experiência de outros significativos e da informação de instituições, nomeadamente os meios de comunicação social (Codd, 2011; Bennett, 2006; Surette, 2011).

Castells (2009) refere o poder como o processo mais fundamental da sociedade, uma vez que esta é definida em torno de valores e instituições. Este poder, reflete-se, na grande influência que os retratos dos media sobre o sistema penal têm no conhecimento público e na opinião pública (Jewkes, 2012; Kearon, 2012; Marsh, 2009). As imagens, ideias e narrativas que dominam os media influenciam a forma como as pessoas pensam sobre o crime e a justiça (Kearon,2012; Marsh, 2009; Surette, 2011).

A noção e prática de usar a prisão como uma sanção penal por delitos graves, uma forma específica de castigo, remontam ao final do século XVIII. Embora as prisões de um tipo ou outro tivessem existido antes deste tempo, essas prisões eram utilizadas principalmente para a colocação de pessoas antes do julgamento ou, enquanto se aguardava a execução ou o transporte. A prisão "moderna", no entanto, tornou-se a principal área de contenção dos infratores que tinham sido considerados culpados das mais sérias formas de comportamento criminoso (Carlen, 2013; Karp, 2010; Marsh, 2013).

A prisão insere-se então na categoria de instituição totalitária, onde o aspeto central pode ser descrito como a ruptura das barreiras que normalmente separam as esferas da vida (por exemplo: o dormir/descansar, o lazer e o trabalho), sendo que todas são realizadas no mesmo local e sob uma única autoridade (Goffman, 1957). Assim, a

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principal característica do dia-a-dia da prisão é a monotonia do seu funcionamento (Marsh, 2013).

Neste tipo de instituições, a vida organiza-se e estrutura-se na companhia imediata de um grupo relativamente grande de outras pessoas, onde todas elas tratadas da mesma forma, obrigadas a fazer as mesmas coisas em conjunto e todas as atividades diárias são rigorosamente estabelecidas por horários. Estas atividades são impostas e reunidas num plano racional único, planeado para atender aos objetivos oficiais da instituição (Goffman, 1957; Karp, 2010; Liebling & Arnold, 2012; Phillips, 2001). Deste modo, os/as reclusos/as são um grupo de indivíduos obrigados a viver em determinadas condições de espaço e clima social, por um tempo determinado, sendo esta condição definida por outros. Importa salientar que a maior parte dos casos provém dos estratos desfavorecidos da sociedade, com modos de pensar e agir determinados pelas vicissitudes desses estratos (Gonçalves, 2008; Wacquant, 2004).

Porém, na atualidade, o alcance das “instituições totais” não é mais tão forte quanto Goffman (1957) sugeriu, pois o correio, educação, visitas, contatos telefónicos, televisão e saídas permitem mais contatos entre os reclusos e o exterior. E se a estas se acrescentar os movimentos de luta pelos direitos dos reclusos, ativismo judicial e mudança de políticas organizacionais ainda mais estas instituições se afastam do postulado de Goffman (Liebling & Arnold, 2012; Riley, 2002). Estas comodidades, no entanto, pouco têm contribuído para a redução do sofrimento dos/as reclusos/as atuais em comparação com aqueles e aquelas que aí permaneceram nos anos 1950 (Riley, 2002).

Atualmente, em Portugal é a Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais que está responsável pela manutenção, gestão e intervenção nas prisões, tendo como missão: “ o desenvolvimento das políticas de prevenção criminal, de execução das penas e medidas e de reinserção social e a gestão articulada e complementar dos sistemas tutelar educativo e prisional, assegurando condições compatíveis com a dignidade humana e contribuindo para a defesa da ordem e da paz social” (artigo 1 do Decreto-Lei nº 215/2012).

A população prisional portuguesa, segundo os dados fornecidos pelo Internacional Centre for Prision Studies, em 2014, era constituída por 14 399 reclusos, dos quais 5,8% eram mulheres, 16,7% eram reincidentes, 0,5% tinham menos de 18 anos e 18,1% eram estrangeiros. Em Portugal existem 49 estabelecimentos prisionais (EPs), dos quais 17 são centrais, 27 regionais, quatro especiais (sendo três femininos e um psiquiátrico) e ainda um de apoio. Sendo a lotação total deste sistema de 12 280 reclusos, existe assim uma

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taxa de lotação de 116,1%, que tem vindo a ser referida na literatura como um dos maiores problemas com que as instituições prisionais se têm deparado (Cooper, & Berwirk, 2001; Gonçalves, 2005).

O decreto-lei nº51/2011 (11 de Abril) - Regulamento Geral dos Estabelecimentos Prisionais em Portugal – discrimina todas as regras e condutas para todos os/as reclusos/as. Tal como postulado pela literatura da especialidade (Bastick, & Townhead 2008; Carlen,2007,2013; Cunha, 1996, 2007; Silva, 2013; Trammell, 2009), este regulamento prevê títulos específicos dedicado às mulheres devido às suas condições fisiológicas específicas nomeadamente assistência médica (nomeadamente especificações ao foro ginecológico e gravidez), transporte das reclusas (que deve ser sempre assegurado por outras mulheres), a execução de medidas disciplinares (tanto de permanência em alojamento ou internamento em cela disciplinar em casos de gravidez, puerpério ou após interrupção da gravidez). Estas decisões deverão ter em atenção autorização ou não dos médicos, assim como em casos de libertação os mesmos devem avaliar a reclusa a fim de se decidir os melhores cuidados para a mesma. O título V refere-se à reclusão com filhos menores e regulamenta os horários das crianças e interação entre as crianças e progenitor, condições de alojamento e cuidados de saúde previstos assim como educacionais. Embora este título preveja que as crianças possam estar com os pais, os únicos estabelecimentos com condições para alojamento de filhos menores são femininos pelo que apenas as mulheres podem ficar com os seus filhos.

Parece assim que a regulamentação Portuguesa, no que diz respeito às prisões para mulheres vai de encontro às recomendações dos estudos da especialidade.

Método

Procedimento e corpus de análise

Procedeu-se à recolha de 74 notícias obtidas em jornais disponíveis on-line, com as palavras-chave: recluso(s), reclusa(s), reclusão feminina, reclusão masculina, estabelecimentos prisionais, estabelecimentos prisionais de Odemira, Santa Cruz de Bispo e Tires. Inicialmente, foi estabelecido um intervalo temporal (de Setembro de 2012 a Maio de 2014) no qual todas as notícias que correspondessem aos critérios seriam incluídas. Porém, devido ao maior número de notícias da reclusão masculina em relação à reclusão feminina, o intervalo temporal das notícias da reclusão feminina foi alargado a Setembro de 2006, sendo depois recolhidas aleatoriamente algumas notícias masculinas

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entre 2006 e 2012 a fim de manter uma homogeneidade temporal no corpus de análise Assim para esta investigação foram utilizadas 46 notícias sobre reclusão masculina e 28 sobre reclusão feminina no período de setembro de 2006 a maio de 2014.

As notícias dos homens foram recolhidas, exclusivamente, no Correio da Manhã. Já as notícias das mulheres como eram poucas para além do Correio da Manhã foram usadas outras fontes tais como Visão, Jornal de Notícias, Público e outras identificadas nos respetivos excertos.

Foram utilizados como critérios de inclusão de notícias, todas as notícias que falassem sobre a reclusão em Portugal e sob o formato de texto. Serviram como critérios de exclusão todas as notícias que não se referissem a Portugal, todas as notícias em formato vídeo, todas as notícias referentes a fugas e crimes cometidos em liberdade precária (por não retratar propriamente a realidade penitenciária) e ainda uma referente ao suicídio de um recluso por não ser evidente se foi suicídio ou assassínio.

A caraterização do corpus de análise é apresentada com mais detalhe na Tabela 1. O elevado número de notícias no ano de 2013 está associado, em grande parte, à greve dos guardas prisionais que criou elevadas situações de conflituosas no âmbito carcerário sobretudo nas prisões masculinas. De qualquer modo parece ter sido um ano que mereceu também elevada atenção nas prisões femininas onde esses tumultos não se verificaram.

Tabela 1

Caraterização do Corpus de Análise

Homens Mulheres Total

2014 2 1 3 2013 25 10 35 2012 4 4 8 2011 3 2 5 2010 3 7 10 2009 2 1 3 2008 4 1 5 2007 2 1 3 2006 1 1 2 Total 46 28 74

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Método de análise

Nesta investigação as notícias foram analisadas segundo a abordagem de Análise Temática caraterizada, “como um método para identificar, analisar, e reportar padrões (temas) através dos dados. É minimamente organizada e descreve o conjunto de dados (ricos) detalhadamente. No entanto, frequentemente vai além disto, e interpreta vários aspetos do tema de pesquisa.” (Clarke & Braun, 2006, p.79).

Esta abordagem pode ser dividida em seis fases: 1) familiarização com os dados; 2) geração de códigos iniciais; 3) procura de temas; 4) revisão de temas; 5) definição e nomeação dos temas; 6) redação do trabalho. Deste modo, numa primeira fase reuniram-se as notícias e as mesmas foram lidas e relidas várias vezes até à familiarização das mesmas. Na fase seguinte iniciou-se a codificação das ideias das notícias. Na terceira fase estes códigos foram reanalisados e agrupados em temas de análise. Posteriormente estes temas foram reanalisados sendo extraídos seis temas principais deste corpus de notícias. Finalmente prosseguiu-se à redação do trabalho.

Assim, ao longo da investigação foram identificados e analisados os temas presentes nas notícias e a forma como os mesmos são abordados. Foram identificados um total de três temas principais sendo que um tem dois subtemas: (1) Violências na Prisão com dois subtemas: violência do sistema prisional: da falta de dignidade ao controle da sexualidade e a Masculinidades e hipermasculinidades, (2) Transgressões no masculino: drogas, armas e telemóveis; (3) Reinserção: os maus da fita e as “boas” mulheres. Estes temas nem sempre são comuns às prisões masculinas e femininas pelo que se apresenta no gráfico 1 a distribuição dos temas das notícias sobre umas e outras.

Gráfico 1

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Análise e Discussão dos Temas Tema 1: violências na prisão

O tema da violência nas prisões foi subdividido em dois subtemas. O subtema “violência do sistema prisional: da falta de dignidade ao controle da sexualidade” foca-se na violência do próprio sistema, quer pela falta de condições básicas existentes, quer sobre o controle exercido sobre as mulheres essencialmente no que diz respeito à sexualidade. O subtema Masculinidades e hipermasculinidades, centra-se nos comportamentos de violência perpetrados por reclusos sobre guardas prisionais na sequência de atos de contestação às condições do sistema prisional (motins, greves da fome, por exemplo) ou a conflitos e “ajustes de contas” entre os próprios.

A violência do sistema prisional: da falta de dignidade ao controle da sexualidade.

Os relatórios da Amnistia Internacional (2009-2015) e os do OHCHR (Office of

the High Commissioner for Human Rights) são claros e duros nas críticas que tecem às

condições das prisões portuguesas, apontam como principais problemas a sobrelotação e ainda a existência de fracas condições de higiene.

As notícias no que toca a este tema são claros exemplos destas faltas de higiene e condições degradantes (“Muitas reclusas têm sido, por isso, obrigadas a carregar baldes de água para os outros pisos, para manterem um mínimo de higiene pessoal.” (15/7/2011 - O Público)), assim como referências aos relatórios de entidades fiscalizadores:

0 5 10 15 20 25 30

Sistema Prisional Masculinidades e hipermasculinidades

Tráfico Reinserção

Homens Mulheres

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Ministro da Justiça havia prometido erradicação do chamado balde higiénico até ao final de 2007 (…) Ainda há 656 celas em Portugal onde reclusos fazem dejectos num balde (13/01/2008 – Correio da Manhã). (…) com condições de detenção consideradas "muito deficientes". (…) Celas húmidas, gesso a cair das paredes, janelas partidas, falta de iluminação artificial, colchões velhos foram encontrados pelos peritos do CPT na maioria das áreas da cave da cadeia.(…) tais condições podem configurar "tratamento desumano e degradante”. (26/11/2013 – Correio da Manhã). A sobrelotação do Estabelecimento Prisional de Lisboa agravou-se, atingindo os 150 por cento, e as condições de detenção são "desumanas e degradantes", conclui um relatório europeu divulgado esta terça-feira. (…) a sobrelotação no sistema prisional português agravou-se. (26/11/2013 – Correio da Manhã).

As notícias destacam ainda a faltas de guarda e as greves dos mesmos, “Ambos os líderes sindicais concordam que no ‘papel’ faltam 800 guardas, mas “a realidade é que são precisos mais 2000.” (27 /05/ 2013 - Correio da Manhã). De salientar que quando os guardas fazem greve os reclusos e reclusas passam muito mais tempo nas celas o que motiva um aumento da tensão entre eles e descontentamento.

Outra das formas de violência do sistema prisional masculino está retratada nas dificuldades de acesso aos cuidados de saúde. Nesta área tanto as notícias, como os relatórios da Amnistia Internacional (2009-2015), os relatórios da OHCHR e o próprio RASI (Relatório Anual da Segurança Interna) (2013), relatam uma realidade recheada de lacunas e de falta de assistência.

Num comunicado, a APAR diz que os seus delegados relataram que o recluso, que se encontrava numa camarata com mais três colegas, terá sentido uma dor forte no peito, cerca das 2h00 de quarta-feira, tendo sido pedido auxílio aos guardas prisionais.(…) contudo, (…) o chefe de serviço terá dito ao recluso para “aguentar até às 8h00”, porque a prisão não tinha médicos, nem enfermeiros de serviço durante a noite. Só horas mais tarde, quando a vítima "entrou em colapso cardíaco", é que terá sido chamado o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que não conseguiu salvá-la. (19/09/2013 – Correio da Manhã); Um recluso do Estabelecimento Prisional de Olhão, de 47 anos, sentiu-se mal na manhã de ontem e foi encaminhado para a enfermaria da prisão. Após ser observado, foi enviado de volta à cela. Menos de duas horas depois, os guardas encontraram-no morto (19/03/2013 – Correio da Manhã).

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De acordo com o RASI no ano 2013 foram registadas 64 mortes das quais 13 foram suicídio e as outras 51 devido a causas naturais.

Esta falta de tratamentos, aliada a práticas sexualmente permissíveis e desprotegidas colocam em perigo a saúde pública dentro da prisão (Sabo, Kupers & London, 2001; Rucker, Bumby & Donaldson, 1996) e aumentam o sofrimento pessoal numa dimensão que está para além das meras situações médicas como ilustra o seguinte excerto:

Três reclusos do Estabelecimento Prisional de Sintra estão isolados por suspeitas de terem contraído tuberculose. Anteontem, outro preso recusou-se a fazer análises para saber se estava doente. Ainda cortou os pulsos e teve de ser levado à enfermaria. Ao chegar novamente à cela, incendiou o colchão. Foi transferido para a prisão-hospital de Caxias. (03/12/2012 – Correio da Manhã).

No que diz respeito às prisões femininas as críticas às condições prisionais centram-se essencialmente em dois subtemas: falta de visitas intimas e a maternidade em reclusão. Embora as visitas íntimas não estejam presentes em todos os estabelecimentos prisionais masculinos, estão totalmente ausentes nas prisões femininas: “As "visitas íntimas" ainda não chegaram aos estabelecimentos prisionais femininos. (…) As reclusas só delas beneficiam se o seu companheiro estiver detido. É como se só eles tivessem imperativo sexual” (7/3/2008 – O Público). Por outro lado, deparamo-nos com o seguinte relato: “Patrícia e Teresa trocaram alianças na prisão de Santa Cruz do Bispo, onde cumprem penas por furtos. Direção cedeu cela especial para viverem juntas.” (29/05/2014 – Correio da Manhã). Assim, parece existir dois pesos e duas medidas: uma para as mulheres heterossexuais e outra para as mulheres lésbicas. Assim, se parece existir um mecanismo de controlo sexual para as mulheres heterossexuais, por outro lado parece existir maior aceitação da homossexualidade dentro dos muros prisionais do que chega a existir fora deles.

No que diz respeito à maternidade em reclusão as notícias transmitem sobretudo uma preocupação com o bem-estar das crianças das mães reclusas. Por um lado, encontram-se denúncias de falta de apoios financeiros (O centro de acolhimento [do Estabelecimento Prisional de Tire] gasta com cada criança cerca de 1700 euros/ano, mas o Estado só comparticipa com 47%”, 12/12/2009 – Correio da Manhã) e estigmatização das crianças recluídas:

O candidato socialista à Câmara de Matosinhos disse hoje estar chocado com a "expulsão" das piscinas municipais dos filhos das reclusas da prisão de Santa

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Cruz do Bispo, condenando o argumento da câmara de não serem todos do concelho. (…) (24/09/2013 – Porto Canal).

Por outro lado, uma reportagem de Isabel Nery (2012), que já publicou um livro sobre as mães em reclusão uma chamada de atenção sobre ao sofrimento das crianças em reclusão lembrando que: “Mais tempo atrás das grades significa mais abandono infantil. Porque uma mulher nunca vai presa sozinha. Mesmo quando os filhos ficam do lado de fora. (…) Tudo está previsto para o castigo das mães criminosas. Pouco foi pensado para acompanhar aqueles que não cometeram crime nenhum. Histórias de quem sofre tanto ou mais com a prisão do que as próprias condenadas, os filhos” (07/07/2012 – Visão). Deteta-se, neste artigo, uma maior preocupação com o sofrimento dos/as filhos/as e também com as suas (falta) de condições do que com o das próprias reclusas. Efetivamente, um estudo realizado em Portugal (Freitas, Inácio & Saavedra, no prelo) indica que as reclusas de Santa Cruz do Bispo se lamentam pela falta de brinquedos e da qualidade da comida para as crianças.). Parecem estar omissas destas notícias que o maior sofrimento das mulheres em meio prisional é devido aos filhos, sobretudo porque estão distantes (as poucas prisões femininas faz com que fiquem mais distantes da família) (Codd,2011). E apesar das próprias reclusas manifestarem sentimentos contraditórios relativamente a ter ou não os/as filhos/as consigo, não deixam contudo de salientar que quando os têm consigo o momento da separação ao atingir o limite de idade é altamente doloroso tanto para elas como para os seus descendentes (Freitas, Inácio & Saavedra, no prelo)

Por oposição a estes relatos de falta de condições mínimas de dignidade, a comunicação social critica a possibilidade de entretenimento a que algumas prisões têm acesso como “luxos”, como é possível observar no excerto seguinte: “Luxo: Presos com direito a televisão por cabo, incluindo a Sport TV (…) 40 canais na cela por quatro euros..” (28/07/2009 – Correio da Manhã). Este tipo de afirmações leva a supor que os

media reiteram o discurso de que os prisoneiros devem ser castigados e sem acesso a

qualquer comodidade, demonstrando assim uma desconfiança quanto ao papel reabilitador da prisão, nomeadamente na ocupação do tempo e a ligação do com o meio exterior.

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Masculinidades e hipermasculinidades.

Embora estudos portugueses e estrangeiros indiquem um “alto número de sanções disciplinares” nas prisões femininas (Silva, 2013, p.67), neste tema apenas foram encontradas notícias referentes às prisões masculinas. Este fenómeno pode dever-se ao fato de as prisões femininas além da obediência às regras prisionais e leis criminais, exigirem a obediência a padrões de controlo da feminilidade muito rígidos pautados pela “feminilização”, “domesticização” e “medicalização” (Belknap, 2010; Carlen, 2007; Gelsthorpe, 2004;), que estão também patentes das prisões portuguesas (Cunha, 1996; 2007; Silva, 2013).

A prisão é um sistema altamente hierarquizado, no qual cada recluso possui uma posição específica. Num local onde todas as formas materiais e simbólicas de afirmação lhe são retiradas, a masculinidade hegemonia (caraterizada pela autoridade, controlo, independência, heterossexualidade, agressividade e disponibilidade para a violência (Connell & Messerschmidt, 2005) torna-se mais evidente. Assim, trata-se do retrato de uma hipermasculinidade raramente assumida pelos homens em comum, mas que se torna a forma de sobrevivência dentro da prisão. Os reclusos acreditam ser necessário a existência de uma máscara que lhes confira estas caraterísticas de hipermasculinidade, ficando assim protegidos da mercê dos outros (Connell & Messerschmidt, 2005; Karp, 2010; Liebling & Arnold, 2012; Phillips, 2001; Riley, 2002; Sabo, Kupers & London, 2001).

A hierarquia prisional é definida pela hipermasculinidade (quanto mais masculinizado o recluso for mais alto está na hierarquia) mas também pelo tipo de crime cometido. Os assassinos de polícias estão no topo da hierarquia e os abusadores ou homicidas de mulheres, crianças ou pessoas deficientes encontram-se na base (Karp, 2010; Phillips, 2001; Riley, 2002; Sabo, Kupers & London, 2001). Deste modo, a forma mais visível de subir na hierarquia é a agressividade e a disponibilidade para a violência (Karp, 2010; Liebling & Arnold, 2012; Phillips, 2001; Riley, 2002; Sabo, Kupers & London, 2001). Como pode ser visível em:

O recluso, de 22 anos, a cumprir uma pena de cinco anos por furtos, terá sido atacado por um grupo de cinco indivíduos com cadastro por roubos associados a atividades de gangs organizados (…) na sequência de uma discussão relacionada com a cobrança de uma alegada dívida por negócios ilícitos. (24 /10/ 2010 – Correio da Manhã); O motim (….) acabou com um preso, 27 anos, torturado numa das celas., foi espancado e sodomizado com um ferro durante

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duas horas. (…) A família diz que, desde esse dia, tem recebido telefonemas de outros reclusos a exigir dinheiro para que Diogo não seja morto (03/11/ 2013 – Correio da Manhã).

Uma forma de mostrar menos masculinidade são as dependências e, como ambos os excertos transmitem, ao ser vulnerável o recluso abre espaço para outros subirem na hierarquia, além de os que estão acima vão exercendo o seu poder (Karp, 2010; Phillips, 2001; Riley, 2002; Sabo, Kupers & London, 2001). No segundo excerto é visível claramente a violência física e sexual a fim da submissão do recluso.

Como é visível na segunda notícia acima transcrita esta violência não é só física mas também psicológica e pode ainda não ser exclusiva para o recluso e alastrar-se à família com chantagens (Codd, 2011).

Estes padrões de agressividade, também se manifestam em padrões de comportamentos de contestação individuais, manifestados por alguns reclusos nomeadamente:

“Fomos alertados às 23h50 (de quinta-feira) para um incêndio numa cela numa ala do Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, supostamente provocado pelo recluso, que foi controlado pela equipa dos serviços prisionais.” (23 /8/ 2013 – Correio da Manhã); Recluso em greve de fome há 24 dias, já perdeu 21 quilos, por entender que foi preso injustamente. (15/03/2013 – Correio da Manhã).

Mas a independência não pode ser total, pois um recluso isolado é um alvo, fica exposto. Assim é comum os reclusos criarem associações, que se tornam fundamentais à sua sobrevivência, sendo crucial logo nos primeiros dias perceber aqueles a quem se pretende juntar. Estas associações de pessoas são guiadas sobretudo por questões de interesses e segurança e não devem ser confundidos com vínculos de amizade (Karp, 2010; Liebling & Arnold, 2012; Phillips, 2001; Riley, 2002; Sabo, Kupers & London, 2001).

Deste modo aparecem várias notícias nas quais os reclusos se juntam para contestar a falta de condições prisionais e não cumprimento da lei.

Alguns reclusos do Estabelecimento Prisional do Montijo começaram a fazer greve de fome na passada sexta-feira, em protesto contra a falta de condições nas celas, a falta de qualidade na comida e ainda o facto de haver ratos dentro da prisão, (…) queixam-se ainda de que as saídas precárias e as condicionais são sempre negadas. (07/10/2012 - Correio da Manhã); Cerca de 170 reclusos do

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Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, que se queixam de irregularidades por parte do Tribunal de Execução de Penas no que diz respeito à concessão da liberdade condicional, vão processar o Estado. (04/9/2012- Correio da Manhã); Setenta reclusos da cadeia da Carregueira, em Sintra, preparavam-se para um motim, ontem, ao final da tarde, depois de dois colegas da ala B (…) terem sido revistados após a visita e de lhes ter sido encontrada droga na boca. (23/10/2013 Correio da Manhã).

Os relatórios da Amnistia Internacional (2009-2015) relatam o uso excessivo de força por parte de forças de segurança alertando inclusive para os guardas prisionais com o uso excessivo de força, o uso excessivo e indiscriminado do taser e ainda a falta de investigação do uso excessivo de força por parte de um guarda no Estabelecimento Prisional (EP) de Paços de Ferreira. Aliados aos relatórios da Amnistia Internacional (2009-2015) estão os relatórios do OHCHR que também referem estes problemas, acrescentando ainda mais três casos específicos, sendo eles: um caso de mortes violentas de reclusos no EP de Vale dos Judeus que está à espera de investigação, um caso no EP do Linhó que foi arquivado por falta de provas e ainda um caso no EP de Custóias no qual o guarda foi sujeito a uma pena. Em 2012, o relatório anual da segurança interna destaca que desde 2009 haviam sido registadas 145 queixas de abuso de força, dos quais 125 foram arquivados, cinco deram origem a processos punitivos e 15 continuavam sob consideração.

No entanto, embora entidades externas relatem a existência de violência por parte dos guardas contra reclusos, nas notícias não é possível captar essa realidade. Ao invés disso, a imagem dos guardas é sempre apresentada como vítimas da violência dos reclusos (“Um guarda tentou separá-los e acabou por cair, (….) o profissional sofreu ferimentos ligeiros ”,19 /7/ 2010 - Correio da Manhã) ou para manter a ordem social do EP: “Na revista, os guardas detetaram em dois deles um produto suspeito — alegadamente, um estupefaciente que tentavam esconder na boca. Segundo a mesma fonte, os reclusos tentaram agredir os guardas, mas foram controlados e isolados em celas” (22/10/2013 - Correio da Manhã).

Tema 2: O tráfico no masculino: das drogas aos telemóveis

No que diz respeito ao tráfico de substâncias dentro dos estabelecimentos prisionais não existe qualquer notícia que faça referência a esta atividade nas prisões femininas. Assim, as imagens construídas pelos meios de comunicação social apontam

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para esta atividade como exclusivamente masculina. Duas notícias fazem, no entanto, referência à problemática do tráfico perpetrado por mulheres antes da reclusão: “O tráfico de droga é a principal causa de reclusão feminina, representando mais de 50% de todos os crimes. (…) "se a venda de narcóticos não fosse considerada crime, 80% das reclusas nem sequer existia como tal" (07/07/2012 - Visão).

Na verdade a literatura indica que a entrada no comércio da droga é muitas vezes a única forma de mulheres marginalizada pela sociedade, com pouca formação académica e com muitos filhos, poderem assegurar a economia familiar de subsistência (Cunha, 2002), imagem igualmente transmitida pelo seguinte excerto: “Os estudos indiciam que o mercado da droga não desdenha delas, como alguns sectores laborais. Elas entram, muitas vezes, em redes de vizinhos e de parentes. Algumas "apanham por tabela" - são apenas cúmplices dos filhos ou companheiros” (07/03/2008 -Público).

No entanto este problema não é exclusivo das prisões masculinas, o tráfico de substâncias no sistema penal feminino carateriza-se por um tráfico de droga hierarquicamente organizado e um tráfico de retalho, não tão organizado, mas marcado pelas trocas de bens materiais (Cunha, 2013).

De acordo com o RASI (2013), estes tráficos tem vindo a aumentar. De salientar, no entanto, que os dados apresentados por este documento não descriminam os valores entre as prisões femininas e masculinas. Esta invisibilidade dos dados em função do género não permite uma análise mais exacta da genderização desta realidade. Assim, no que se refere às apreensões de droga existiu, no ano de 2013, um aumento de 26% no haxixe e 425% na heroína e uma redução de 16% na cocaína, tendo sido assim, aprendidos no total 6.229,28g, 977,70g e 146,64g respetivamente. Nas revistas e buscas foram apreendidas 67 armas brancas (diminuíram 35%), 108 seringas (aumento de17%) e 48 agulhas (aumento de 47,9%). Foram ainda apreendidos 1222 telemóveis (aumento de 0,9%).

As notícias transmitidas pela comunicação social, dão sobretudo enfoque às quantidades apreendidas e à forma como drogas, telemóveis e armas entram nos EPs. O primeiro caso pode ser ilustrado pelos seguintes excertos:

Parecia mais um saco do lixo deixado junto ao contentor, mas lá dentro estavam 16 telemóveis e duas barras de haxixe, destinados a reclusos do Estabelecimento Prisional de Leiria (16/05/2008 – Correio da Manhã); A GNR apreendeu, esta sexta-feira, três facas artesanais, um canivete, anabolizantes, dez telemóveis, 140 euros em dinheiro e pequenas quantidades de cocaína, heroína e haxixe, numa

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operação efetuada no Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz” (05/07/2013 – Correio da Manhã); O detido foi submetido a exames no CHUC, confirmando-se que "transportava no interior do organismo cerca de cento e quinze doses individuais de haxixe e sessenta e uma de heroína, (20/08/2013 – Correio da Manhã).

Quanto às formas de introduzir os objetos ilegais deparamo-nos, por exemplo, com o aproveitamento de saídas ao exterior por reclusos:

Um recluso do estabelecimento prisional de Coimbra foi apanhado quando tentava levar para a cadeia, depois de ter saído para ir ao hospital (…). O homem (…) foi traído quando um dos telemóveis vibrou. O recluso tinha saído para uma consulta em Lisboa e pediu para ir à casa de banho onde terá colocado os artigos na prótese. (09/09/2013 – Correio da Manhã).

As visitas são também um veículo para a entrada de estupefacientes: “Uma mulher de 35 anos foi apanhada anteontem pela PJ do Centro na sala de visitas do Estabelecimento Prisional de Coimbra (EPC) com 60 doses de haxixe escondidas no ânus. A droga era transferida ao namorado, recluso, durante as visitas, entre beijos calorosos e abraços demorados.” (04/05/2013 – Correio da Manhã).

Mas também os próprios funcionários da prisão contribuem para a entrada de estupefacientes nos EPs: “Três meses após a detenção de uma telefonista do Estabelecimento Prisional de Coimbra (EPC), por levar elevadas quantidades de droga e de esteroides anabolizantes para os reclusos a troco de dinheiro.” (03/07/ 2013 – Correio da Manhã).

A ausência destes temas nas prisões femininas leva a crer que eventualmente os meios de comunicação não noticiam estes temas ou que existe menos controle sobre o tráfico de drogas, armas e telemóveis nos EPs femininos. Seja de uma forma ou de outra, certo é que é construída a imagem de que estas problemáticas não existem nestes EPs

Tema 3: reinserção: os maus da fita e as boas mulheres

Como foi descrito no tema “violências”, as mulheres são alvo de maior controlo formal e informal quer dentro quer fora das grades o que parece conduzir a um maior investimento na reinserção feminina do que na masculina. Como os homens socialmente são mais agressivos e propensos ao cometimento de crimes os sistemas de justiça parecem agir como se estes comportamentos fossem irreversíveis desinvestindo assim na sua reinserção (Carlen, 2013; Dunphy, 1999; Gelsthorpe, 2004). Estas crenças sobre a

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masculinidade afiguram-se como obstáculos à reinserção (Karp, 2010). As notícias referentes à reinserção dos mesmos são escassas:

Os cerca de 500 reclusos do Estabelecimento Prisional do Linhó, Sintra, receberam ontem pequenas prendas de Natal, numa iniciativa promovida pela instituição com o patrocínio de várias empresas. No passado dia 6 realizou-se a festa de Natal, com a presença de vários artistas. No último fim-de-semana os presidiários tiveram a oportunidade de almoçar com as famílias, as quais levaram as mais diversas iguarias para a prisão “Esta é a única cadeia a nível nacional que faz isto”, realçou o adjunto do diretor, Horácio Rodrigues, acrescentando que a iniciativa já se realiza desde há sete anos. (21/12/2007 – Correio da Manhã).

Ou por outro lado direcionadas para a reparação do dano e não tanto para a mudança pessoal: “Reclusos vão limpar as paredes e a câmara fornece as tintas. (…) "Existe um protocolo firmado com a Prisão-Escola [como é conhecido o EPL]", aos reclusos caberá a limpeza das inscrições, desenhos e pinturas espalhadas pelo núcleo urbano.” (29/10/2013 – Correio da Manhã).

Socialmente existe a crença de que as mulheres apenas cometem crimes quando estão desequilibradas ou tiveram falhas na sua educação, deste modo importa relembrar que o controlo penal sobre as mulheres tem como ferramentas de atuação, a “feminilização”, “domesticização” e medicalização (Belknap, 2010; Carlen, 2007,2013; Cunha,1996, 2007; Dunphy, 1999; Gelsthorpe, 2004; Silva, 2013). Estas estratégias de controlo apoiam-se num sistema patriarcal que procuram que a mulher mantenha papéis tradicionais de género e reiterem a sua submissão (Silva, 2013).

Assim a fim de garantir a feminilização das mulheres delinquentes abundam as notícias de educação pela cultura, centradas em formas de expressão artística muito ligadas ao feminino como o ballet

O festival Imaginarius, que tem vindo a apostar numa programação continuada ao longo do ano, apresenta em estreia absoluta, dias 19 e 20 de julho, um espetáculo do Ballet Contemporâneo do Norte (BCN), cujas intérpretes são reclusas do Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo. (05/07/2013 - Metronews).

E em relação à «domesticização» as notícias retratam o incentivo ao trabalho associado aos papéis tradicionais de género:

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Cerca de 130 das 200 reclusas da cadeia feminina de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, trabalham na prisão para empresas externas, na maioria de confecção e calçado, bem como em equipamentos para automóveis, limpeza, papelaria, cozinha, lavandaria, cabeleireiro e jardinagem. (25/09/2006 – Correio da Manhã); Esta prisão [Santa Cruz do Bispo Feminina] foi alvo de uma experiência piloto em que foram transferidas para a Santa Casa algumas actividades como a prestação de serviços na área da saúde, limpeza, manutenção, refeições, creche, assistência religiosa e espiritual, ensino e formação profissional, competindo ao Estado a execução das penas e segurança (10/03/2011 - Lusa).

As práticas de “medicalização” são altamente genderizadas focando-se essencialmente na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e do foro ginecológico e foro oncológico (cancro do colo do útero).

O Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, em conjunto com a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais e a Liga Portuguesa Contra o Cancro, está a promover junto da população prisional feminina rastreios e sessões informativas sobre a prevenção do cancro do colo do útero. (…) É um projecto que se estenderá a toda a população prisional feminina.” (08.03.2010 – Portal da Saúde); A médica ginecologista do IPO de Lisboa, (…) fez à agência Lusa um balanço “extremamente positivo” destas ações, tendo em conta que conseguiram chegar "a informação sobre a prevenção do cancro do colo do útero a uma população com menos recursos de informação” (27/10/2010 - Destak).

As notícias sobre estes temas dão ainda enfase aos poucos cuidados com a saúde que caracteriza estas mulheres e o elevado grau de problemas ligados à dimensão sexual: “Em Santa Cruz do Bispo, 16% das reclusas apresentaram alterações nos testes papanicolau. Em 5% dos casos, eram de alto grau” (28/10/2010 – Jornal de Notícias).

Não podemos deixar de lamentar que estas preocupações não se reflitam nas notícias sobre as prisões masculinas. Ficamos sem saber se estes programas não são levados a cabo ou se não interessa aos meios de comunicação destruir a imagem das prisões masculinas como altamente violentas do ponto de vista estrutural e relacional.

Conclusão

As prisões tanto são retratadas com violência e brutalidade, como campos de férias onde os reclusos estão a descansar e em lazer (Marsh, 2013). Neste estudo, o primeiro

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retrato é a imagem construída pelas notícias sobre as prisões masculinas. O segundo retrato diz respeito às prisões femininas.

As notícias masculinas estão mais associadas à violência, à falta de controlo social (transmitindo maior insegurança quer face ao staff prisional quer face aos reclusos) e à falta de condições de higiene e humanas. Ao mesmo tempo as noticias demonstram que os reclusos não aceitam estas condições pacificamente e que criam motins, tumultos e greves de fome. Paralelamente são descritas situações em que a falta de cuidados médicos conduzem à morte. As notícias sobre as transgressões motivadas pela circulação de substância, telemóveis e armas são frequentes.

Por outro lado, as perspetivas mais negativas sobre as prisões femininas dizem respeito a falta de água e pouca pressão da mesma. As mulheres parecem aceitar esta situação pacificamente carregando baldes de água para o piso superior. Como menos positivo existe ainda a referência a alguma estigmatização relativamente às crianças em reclusão com as mães. O tráfico de substância ou outro aparece como inexistente, bem como o confronto entre reclusas ou a intervenção de guardas prisionais. Em contrapartida a grande maioria das notícias retratam uma grande aposta na prevenção e cuidados de saúde (ainda que exclusivamente dirigidos à vertente sexual), como fontes de ensino e formação (ainda que seguindo exclusivamente a reiteração de papéis tradicionais de género: costura, culinária, entre outras).

Importa referir que a partir do ano 2012 há um grande volume de notícias masculinas que a comunicação social associa quer à falta de guardas prisionais quer às sucessivas greves que os mesmos têm vindo a fazer. Estas notícias surgem todas, “desculpabilizando” as violências e as faltas de assistência de saúde aos reclusos. Porém no que se refere às mulheres estas apenas têm notícias referentes a um espetáculo que teve de ser adiado. Confrontando estas duas imagens opostas existe subjacente a elas a acentuação de um discurso de passividade sobre as mulheres nos estabelecimentos femininos.

Tomando por base o “quadro da realidade” transmitido pela comunicação social, importa refletir se as prisões em Portugal criam ou não condições à reeducação e posterior reinserção social. No que toca aos homens parece que nada é feito e é como se eles fossem sujeitos a um ambiente hostil e inseguro, quer física, quer psicologicamente. Já no caso das mulheres, as notícias transmitem que a sua pena é mais uma passagem a um “paraíso com grades”, no qual elas vão ter formação, acesso à cultura e cuidados de saúde,

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alimentação e higiene a que extramuros (sabendo que a maioria é de classe socioeconómica baixa) não teriam acesso.

Assim, parece claro nas notícias a marcada influência de discursos de género na reclusão e tratamento dos reclusos e das reclusas.

A realização desta investigação debateu-se com algumas dificuldades, nomeadamente no que concerne às informações oficiais da realidade dentro das instituições prisionais portuguesas, à falta de trabalhos desta natureza realizados em Portugal e até mesmo no estrangeiro e a grande discrepância do número de notícias sobre a reclusão feminina e a reclusão masculina.

Em investigações futuras seria importante avaliar o real impacto das notícias na formação de opinião pública e refletir sobre os critérios de seleção das notícias a transmitir utilizados pela comunicação social neste campo, a concretização deste tipo de investigação poderia passar por entrevistas a profissionais de comunicação social.

Por fim, este tipo de investigação é essencial, pois as perceções da sociedade influenciam a forma como os reclusos são aceites e reinseridos socialmente. Estas imagens, sobretudo das prisões masculinas, contribuem para a marginalização dos ex-reclusos dificultando a sua reinserção e redução de reincidência.

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