ARTIGO DE REVISÃO
1Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto(FAMERP)-São José do Rio Preto-SP-Brasil.
Conflito de interesses: Não
Contribuição dos autores: NAMD delineamento do estudo, procedimento de coleta e análise dos dados e redação do manuscrito.
MCOSM análise dos dados, discussão crítica e redação do manuscrito.
Contato para correspondência: Neide Aparecida Micelli Domingos E-mail: micellidomingos@famerp.br
Recebido: 07/11/2016; Aprovado: 03/03/2017
Emprego do biofeedback no tratamento de doenças
crônicas
The biofeedback in the treatment of chronic diseases
Neide Aparecida Micelli Domingos, Maria Cristina Oliveira Santos Miyazaki Resumo
Introdução: Biofeedback é uma terapia que ensina habilidades de autorregulação. Objetivo: Analisar criticamente a literatura
científica, dos últimos cinco anos, sobre o uso e eficácia do biofeedback no tratamento de doenças crônicas. Material e Métodos: A revisão foi conduzida a partir de cinco bases de dados: PubMed (free), PsycInfo, Periódicos Capes (por assunto), Cochrane (a partir da Bireme) e Scielo (Brasil: integrado / google acadêmico), RSS Feeds (PubMed). Resultados: A seleção inicial resultou em 403 artigos, mas apenas 16 atenderam os critérios de inclusão. Dos 16 artigos analisado, três eram teóricos, um de revisão, um estudo de caso e 11 originais. Os estudos selecionados foram realizados em sete países diferentes: Áustria, Bélgica, Brasil, Coréia do Sul, Estados Unidos da América, Israel e Suécia. As doenças mais estudadas foram cefaleia, síndrome do vômito cíclico em adolescente, dispepsia funcional, estresse pós-traumático, manejo de estresse, dor, ansiedade, doença coronariana. Conclusão: A maioria dos estudos indicou evidência positiva no uso do biofeedback.
Descritores: Biorretroalimentação Psicológica; Doença Crônica; Revisão. Abstract
Introduction: Biofeedback is a therapy that teaches self-regulation skills. Objective: Critically analyze the scientific literature
of the last five years through the use and efficacy of biofeedback for the treatment of chronic diseases. Method: We performed a review from the literature using the electronic databases of PubMed (free), PsycInfo, Capes (by subject), Cochrane (from Bireme), SciELO (Brazil: integrated/Google academic), and Feeds (PubMed). Results: The initial selection resulted in 403 articles, but only 16 met the inclusion criteria. Of the 16 articles analyzed, three were theoretical, one review of the literature, one case study, and 11 original articles. The selected studies were conducted in seven different countries: Austria, Belgium, Brazil, South Korea, United States, Israel, and Sweden. The most studied diseases were headache, cyclic vomiting syndrome in adolescents, functio-nal dyspepsia, post-traumatic stress, stress management, pain, anxiety, and coronary disease. Conclusion: Most studies showed positive evidence of the use of biofeedback.
Introdução
O desenvolvimento tecnológico proporcionou aumento da expectativa de vida e como consequência, maior risco para desenvolvimento de doenças crônicas, responsáveis pela alta morbimortalidade(1). Vários autores definem doenças crônicas, mas alguns aspectos são comuns em várias delas, tais como duração, necessidade de cuidados, impacto sobre o funciona-mento e geralmente de progressão lenta(2-4). Difere de outros tipos de problemas de saúde porque pode ser prevenida, mas não curada e requer período contínuo de hospitalização ou tratamento. Alguns autores definem doença crônica como àquela cujo período de tempo é longo, normalmente mais de três meses, exige grande adaptação do indivíduo e interfere significativamente na qualidade de vida das pessoas por elas acometidas(5).
Estudo realizado com pacientes submetidos a transplante renal, cuja doença de base, a insuficiência renal, que se caracteriza como uma doença crônica, não encontraram diferenças estatis-ticamente significantes entre pré e pós-transplante em relação à qualidade de vida, mas identificaram melhora clínica no que se refere ao funcionamento diário desses pacientes(6). Qualida-de Qualida-de vida é um conceito subjetivo, influenciado por fatores pessoais, valores culturais, crenças, autoconceito, metas, idade e expectativa de vida(7), sexo, condições sociais, aspectos religiosos(8) e formas de enfrentamento(9). Algumas formas de enfrentamento incluem técnicas de relaxamento, meditação, mindfulness, acupuntura(10) e também o próprio processo psicoterápico(11) cujo objetivo, entre outros, é proporcionar o desenvolvimento pessoal, mudança de paradigmas, como também, tem um caráter psicoeducativo, no qual orientações são realizadas no intuito de favorecer uma compreensão dos problemas e assim modificá-los.
Várias técnicas são utilizadas em um processo terapêutico e uma delas é o biofeedback (BF), que tem como objetivo, auxiliar o indivíduo a identificar processos fisiológicos, como frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura da pele, entre outros, e assim aprender a controla-los e administrar melhor sua vida(12). O biofeedback tem sido uma técnica utilizada em vários problemas de saúde, como incontinência urinária em mulheres, ansiedade, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, cefaleia, disfunção temporomandibular, insônia entre outras doenças(13-14) e uma lista de problemas de saúde com nível de evidência da eficácia do biofeedback para melhora dos sintomas relacionados foi apresentada por alguns autores(15). Realizar uma revisão sistemática sobre o uso do biofeedback em problemas crônicos de saúde poderá auxiliar profissionais de saúde a programar outro tipo de tratamento que não o con-vencional, visando o bem estar e melhor qualidade de vida para esses pacientes.
O objetivo do estudo foi analisar criticamente a literatura científica, dos últimos cinco anos, sobre o uso e eficácia do biofeedback no tratamento de doenças crônicas.
Material e Métodos
Trata-se de uma revisão sistemática sobre o emprego do biofeedback no tratamento de doenças crônicas. A revisão
foi conduzida a partir de cinco bases de dados (2009-2014): PubMed (free), PsycInfo, Periódicos Capes (por assunto), Cochrane (a partir da Bireme) e Scielo (Brasil: integrado / google acadêmico),RSS Feeds (PubMed).
Os critérios para inclusão dos artigos foram textos completos publicados nos últimos cinco anos (2009-2014); idiomas: por-tuguês, inglês ou espanhol; descritores em português: treino em biofeedback AND doenças crônicas AND psicologia; eficácia AND biofeedback AND intervenção; descritores em inglês: biofeedback training AND chronic disease AND psychology; efficacy AND biofeedback AND intervention. Os critérios de exclusão foram emprego do biofeedback em outras áreas do conhecimento, como fisioterapia, neurologia, urologia e neu-rofeedback; metodologia não descrita claramente e estudos com animais.
Resultados
A seleção inicial resultou em 403 artigos (todos os artigos identificados por qualquer base de dados). Destes, 209 aten-deram aparentemente os critérios de inclusão e 194 não foram selecionados (objetivamente não atenderam aos critérios de inclusão). Após análise completa dos textos, 193 foram ex-cluídos (não atenderam aos critérios de inclusão) e apenas 16 artigos foram selecionados (Figura 1)
Figura 1. Fluxograma de coleta de dados
A Tabela 1 apresenta os resultados dos estudos considerando país de origem, autoria e título do artigo.
Identificados (403) Todos os estudos identificados por qualquer sistema de busca Não selecionados
(são aqueles que objetivamente não
atenderam aos critérios de inclusão) (194) Selecionados
(são aqueles que aparentemente atenderam aos critérios de inclusão)
(209)
Excluídos (são aqueles que, após leitura completa do texto, não atenderam aos critérios de seleção) (193)
Incluídos (são aqueles que, após leitura completa
do texto, atenderam aos critérios de seleção) (16)
As Tabelas 2 e 3 apresentam um resumo das 16 pesquisas selecionadas nesta revisão sistemática com os principais resultados, considerando as variáveis: objetivos, método,
participante/documentos, materiais, biofeedback, resulta-dos e conclusões/considerações.
Número País Autor/Ano Título
1 Áustria Mikosch et al/2010 Effectiveness of respiratory-sinus-arrythmia biofeedback on state-anxiety in patients undergoing coronary angiography 2 Bélgica Climov et al./2014 Biofeedback on heart rate variability in cardiac rehabilitation: pratical feasibility and psycho-physiological effects 3 Brasil Graner, Costa Junior & Rolim/2010 Dor em oncologia: intervenções complementares e alternativas ao tratamento medicamentoso 4 Brasil Laynter,Viana &
Padovani/2013
Biofeedback no tratamento de transtornos relacionados ao estresse e à ansiedade: uma revisão crítica
5 Coréia Kang, Park, Chung & Yu/2009 Effect of biofeedback-assisted autogenic training on headache activity and mood states in Korean female migraine patients
6 EUA McKee & Moravec/2010 Biofeedback in the treatment of heart failure 7 EUA Glick & Greco/2010 Biofeedback and primary care
8 EUA Schurman, Wu, Grayson & Friesen/2010
A pilot study to assess the efficacy of biofeedback-assisted relaxation training as na adjunct treatment for pediatric functional dyspepsia associated with duodenal eosinophilia 9 EUA Lande; Williams; Francis;
Gragnani & Morin/2010
Efficacy of biofeedback for post-traumatic stress disorder 10 EUA Knox et al./2011 Game-based biofeedback for paediatric anxiety and depression
11 EUA Cutshall et al/2011 Evaluation of a biofeedback-assisted meditation program as a stress management tool for hospital nurses: a pilot study
12 EUA Blume, Brockman & Breuner/2012
Biofeedback therapy for pediatric headache: fators associated with responde 13 EUA Ratanasiripong, Ratanasiripong
& Kathalae2013
Biofeedback intervention for stress and anxiety among nursing students: a randomized controlled trial
14 EUA Prato & Yucha/2013 Biofeedback-assisted relaxation training to decrease test anxiety in nursing students 15 Israel Slutsker, Konichezky &
Gothelf/2010
Breaking the cycle: cognitive behavioral therapy and biofeedback training in a case of cyclic vomiting syndrome
16 Suécia Hallmam, Olsson, Schéele Melin & Lyskov/2011
Effects of heart rate variability biofeedback in subjects with stress-related chronic neck pain: a pilot study
Tabela 2. Resultados dos artigos selecionados de acordo com objetivos, método e participante/documentos Número 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Método Quase-experimental/ randomização de participantes (grupo intervenção - BF
e grupo controle) Estudo controlado, randomizado:
grupo intervenção e controle T eórico
Estudo de revisão: 3 bases de dados.
Ensaio clínico/randomizado: dois grupos (um tratamento com BF e outro monitorado). Outro grupo foi
recrutado por anúncio e compôs o grupo controle.
T eórico T eórico
Ensaio clínico/randomizado: 10 crianças receberam apenas medicação
(M) e 10 crianças medicação + relaxamento e BF (R+BF) Estudo exploratório-piloto. Amostragem sistemática. Dois grupos:
um controle (tratamento convencional) e intervenção (tratamento convencionla + BF) Estudo pré e pós teste: um grupo
intervenção e outro controle. Avaliação pré e pós intervenção;
amostra de conveniência. Retrospectivo / Dor de cabeça crônica
> 4 dias/semana / resposta positiva para BF = redução de 50% do número
de dores dias/semana 13
Ensaio clínico/randomizado: dois grupos (um intervenção com BF e
outro controle
14 Estudo pré e pós teste: um grupo
15
Estudo de caso: 16 sessões de terapia / durante a terapia não foi ministrado
medicação 16
Objetivo
Avaliar o valor da assistência psicológica, incluindo arritmia sinusal respiratória, por meio de BF na
capacidade de reduzir o nível de ansiedade Investigar a viabilidade prática e efeitos psicofisiológicos da aplicação do BF na
vairabilidade cardíaca. T eórico (não apresenta)
Analisar criticamente a litratura científica de 2008 a 2012 sobre o uso e a eficácia do BF como
tratamento ou intervenção terapêutica nos transtornos de ansiedade ou em transtornos
relacionados ao estresse e à ansiedade Examinar a hipótese de que o treinamento autógeno auxiliado por BF é eficaz em pacientes
coreanas do sexo feminino com cefaleia e que a melhora nos fatores psicológicos (ansiedade, depressão) está associada a redução da cefaleia.
T eórico (não apresenta) T eórico (não apresenta)
Estudo piloto: analisar se associação de treino de relaxamento complementado por BF ao tratamento medicamentoso resulta em melhor
condição clínica do que apenas o tratamento medicamentoso.
Verificar a eficácia do BF como tratamento complementar para o T EPT
Hipótese: redução de ansiedade em pacientes que recebem treino de relaxamento auxiliado por BF
em combinação com a T CC
Avaliar se um programa de meditação auxiliado por BF ajuda na redução do estresse em enfermeiros
hospitalares.
Medir o efeito do biofeedback em crianças com cefaleia e identificar fatores associados a terapia de
biofeedback
Investigar o impacto de um programa de intervenção por BF no nível de estresse e ansiedade
em estudantes de enfermagem durante o primeiro treino clínico
Verificar se há diminução de ansiedade Avaliar o tratamento cognitivo-comportamental
associado ao treino de BF em um paciente com vômito cíclico
Investigar o efeito da variabilidade cardíaca na regulação autonômica e na percepção de saúde, dor
e estresse
Estudo pré e pós teste: um grupo intervenção e outro controle.
Participantes/documentos 212 participantes, de ambos os sexos;
idade entre 30 e 80 anos; período janeiro 2004 a janeiro de 2005.
31 participantes com doença coronariana, com idade entre 40 e 80
anos, homens. T eórico
Foram analisados 29 artigos: 3 eram estudo de caso; 17 eram ensaios clínicos; 1 estudo os grupos foram formados de forma não aleatória e 8
eram de revisão
32 participantes do grupo randomizado (17 em tratamento e 15 monitoradas) e 21 recrutadas, com idade entre 20 e 40 anos, no período entre março de
2003 a dezembro de 2006. T eórico T eórico
20 crianças (8 a 17 anos), recrutadas de um centro multidisciplinar de dor abdominal durante 1 ano; ambos os
sexos
22 participantes grupo intervenção e17 do grupo controle com idade entre
18 e mais de 41 anos, ambos os sexos. 24 crianças entre 9 e 17 anos, de
ambos os sexos
8 participantes concluíram o estudo (duração de 4 semanas); média de idade
de 44 anos.
132 crianças (8 a 18 anos) tratadas com biofeedback, entre 2004 e 2008;
ambos os sexos
60 estudantes de enfermagem, do sexo feminio, média de idade de 19,27 anos
14 estudantes (1 homem); média de idade de 24,5 anos.
Menino de 13 anos com diagnóstico de vômito cíclico
24 participantes, de ambos os sexos, média de idade de 40,5 anos, com dor
Discussão
A maioria dos artigos foi produzida nos Estados Unidos da América. Apenas o Brasil, produziu, embora muito incipien-temente, dois artigos relacionados ao tema. Embora esses dois
Tabela 3. Resultados dos artigos selecionados de acordo com as matérias, biofeedback, resultados e conclusões
Número Materiais Biofeedback Resultados Conclusões
1 IDATE HRV / Respiração Houve diferença significante entre os grupos
O BF é uma ferramenta simples e eficaz para reduzir a ansiedade em pacientes submetidos
à angiografia coronariana.
2 HAD HRV
Não há diferença significante entre os grupos no que se refere a pressão sistólica e diastólica, e também nas variáveis psicofisiológicas. No grupo intervençãohouve aumento da coerência cardíaca quando comparado o início
e final das sessões.
Estudo demonstrou viabilidade prática no treino de BF na coerência cardíaca.
3 Teórico Teórico Teórico
Proposta: incentivar estudos para investigar estratégias mais eficazes para redução da dor em pacientes oncológicos.Terapias complementares e alternativas vem sendo utilizadas neste campo e uma delas é o BF.
4 Teórico Teórico
Dos 21 artigos clínicos, 76% indicaram eficácia do tratamento por BF; dos artigos de revisão , 6 indicaram resultados positivos para o uso do BF, 1 foi inconclusivo e 1
conclui que o BF não é eficaz.
A maioria indicou eficácia do BF; a literatura é eminentemente estrangeira; não encontraram
estudos nacionais.
5
Diário de dor; escala de gravidade clínica; inventário Hamilton para
ansiedade e depressão; IDATE.
Temperatura / treino autogênico (BioGraph)
Houve diferença significante entre os grupos, sendo que o grupo tartado apresentou melhora significativa na redução
da dor; os níveis de ansiedade e depressão foram significativamente maiores do que no grupo recrutado e não houve diferença significante entre os grupos de intervenção.
Os resultados sugerem que treinamento autógeno auxiliado pelo BF é um tratamento
eficaz para cefaleia e está relacionado a melhora da ansiedade.
6 Teórico Teórico Teórico
"Estudos têm sugerido que o biofeedback e o manejo do estresse tem um impacto positivo em pacientes com insuficiência cardíaca
crônica".
7 Teórico Teórico Teórico
Houve aumento nos últimos anos do uso de BF; um levantamento recente (EUA) indicou
que dobrou o usou de BF em adultos (2002/2007); apresenta uma tabela: doença e
nivel de evidencia; programa de tratamento.
8
Diário de dor; avaliação global da criança (por um único médico/cego);
avaliação do funcionamento psicossocial; avaliação da qualidade
de vida.
Treino em relaxamento auxiliado pelo biofeedback (BART)
Não foi observada diferença signifcante entre os grupos em relação ao diário. As crianças do grupo medicamentoso teve declínio na intensidade das dores, mas o grupo R + Bfo declínio foi mais acentuado. Em relação a duração da dor o
grupo R+BF teve queda significativa.
Melhores resultados foram encontrados no grupo R+BF (intensidade e duração da dor)
9
Escala de depressão (Zung Self-Rating Depression Scale); Checklist para
TEPT
HRV / Respiração (Freeze-Framer)
Houve diminuição na pontuação da escala para TEPT para ambos os grupos, mas não houve diferença significante;
similarmente para a depressão.
A associação do BF não produziu melhora na depressão.
10 MASC; CDI; STAIC HRV / Skin condutance; Freeze-Framer program O grupo intrevenção tem menos ansiedade e depressão quando comparado ao grupo controle.
Sugere que o uso de jogos diminuem os sintomas de ansiedade e depressão em
crianças. 11
Qualidade de vida; IDATE; escala de estresse, de ansiedade, depressão e satisfação; programa de meditação
que oferece um modo de BF
Programa de meditação associado a um BF
Houve diferença significante em todas as variáveis analisadas entre o pré e pós intervenção, indicando melhora
na qualidade de vida e redução de sintomas de estresse, ansiedade e depressão.
Sugere eficácia no uso da meditação auxiliada por BF.
12
Levantamento sobre características da cefaleia, medicação, história médica, história familiar, frequência
escolar, CDI, STAI, inventário de somatização, respondidos pelos pais
e crianças
Nexus 9 (HRV / skin condutance)
58% tiveram resultado positivo para a terapia de BF; redução de 3,5 a 2 dias/semana na frequência; inibidores seletivos da
recaptação da serotonina (ISRS) foram associados com uma resposta positiva, e uso de medicação preventiva foi
associada a não-resposta; ansiedade, depressão e somatização não foram significativamente associados.
O BF parece ser um tratmento eficaz, mas mais estudos precisam ser realizados. O uso ISRS parece estar associado a uma resposta positiva, mas esta associação precisa ser
melhor estudada.
13 Escala de estresse e ansiedade HRV
Houve um aumento dos sintomas de estresse no grupo controle; houve diminuição dos sintomas de ansiedade no
grupo intervenção.
Enfermeiras podem manejar o estresse e ansiedade com mais sucesso se tiverem
treino clínico.
14 IDATE/BART
Respiaração / temperatura / treino
autogênico
Houve mudanças significantes em relação a respiração e temperatura. Não houve diferença significante entre a
primeira e segunda sessão no nível de ansiedade.
Sessões de relaxamento resultaram mudança significante na respiração e temperatura, mas não mostrou ser uma técnica para diminuir
ansiedade.
15 HRV HRV Sugere que os vômitos podem ser prevenidos, auxiliando o paciente a identificar e gerenciar estressores. TCC + BF apresentou resultado positivo.
16 Qualidade de vida - SF36; HAD; teste de estresse; escala de dor BF de variabilidade cardíaca
Os escores do SF 36 foram similares entre os grupos antes da intervenção e após intervenção houve efeito significante em vitalidade, função social e dor; estresse não houve
diferença significante; dor diminui após tratamento; ansiedade e depressão não diferiram antes do tratamento; após tratamento houve redução da ansiedade e depressão.
Indica melhora na percepção de saúde.
artigos não sejam de pesquisa clínica (um teórico e outro de revisão), são igualmente importantes para conhecimento da produção nacional.
selecio-nados nesta revisão, dentre elas cefaleia em mulheres(17) e cefaleia em crianças(18), síndrome do vômito cíclico em ado-lescente(19), dispepsia funcional(20), estresse pós-traumático (TEPT)(21), angiografia coronariana(22), manejo de estresse para enfermeiras(23), dor no pescoço(24), ansiedade entre estudantes de enfermagem(25-26), ansiedade e depressão em crianças(27), doença coronariana(28) e dor oncológica(10), além de um artigo de revisão(12) que analisou o emprego do biofeedback no tra-tamento de transtornos relacionados ao estresse e à ansiedade. Em relação aos participantes, os estudos foram realizados tanto com homens quanto com mulheres, o número de participantes foi entre um e 212 indivíduos e com grande variabilidade de idade, desde crianças (oito anos), adolescentes, adultos e idosos (80 anos). Isso indica que o biofeedback é uma ferramenta que pode ser utilizada numa ampla gama de indivíduos.
Dos 12 artigos de pesquisa, 10 utilizaram testes psicológicos padronizados para identificar variação ou não de sinais psi-cológicos que indicassem, por exemplo, ansiedade, estresse e depressão. Variáveis, como dor, qualidade de vida, grau de somatização, nível de satisfação e funcionamento psicossocial também foram avaliadas.
Dentre os testes de ansiedade, os mais utilizados foram: inventário de ansiedade traço-estado (IDATE) em sete arti-gos(17-18,22-23, 25-27); Multidimensional Anxiety Scale fo Children (MASC)(27); Hamilton Rate Scale for Anxiety (HAM-A)(17); Hospital Anxiety and Depression Scale (HAD)(24,28), State-Trait Anxiety Inventory for Children (STAIC)(27) e Lasa Anxiety Sca-le(23). Sintomas de estresse foram avaliados pelas escalas Stress Medicine Symptom Scale (SMSS) (24), Perceived Stress Scale (PSS) e Post-traumatic Stress Disorder Checklist (PTSD)(21). Seis estudos avaliaram sintomas de depressão e dentre as escalas mais utilizadas estão: Hospital Anxiety and Depres-sion Scale (HAD)(24,28); Hamilton Rate Scale for Depression (HAM-D)(17); Zung Self-Rating Depression Scale(22); Children’s Depression Inventory (CDI)(18,27).
Sintomas de dor foram avaliados pela Borg CR10 Scale(24) e Faces Pain Scale-revised(20). Para avaliação da qualidade de vida foi utilizada a Short-Form 36 (SF-36)(23, 24) e The Pedia-tric Quality of Life Scale(20). Questionário de somatização, Children’s Somatization Inventory (CSI) foi aplicado em um estudo(18), de satisfação, Lasa Satisfaction Scale(23) e o funcionamento psicossocial, Behavior Assessment System for Children (BASC)(20). Um estudo utilizou medidas fisiológicas (pressão arterial) como parâmetro de mudança, além de avaliar personalidade tipo D(28).
Um estudo associou a terapia de biofeedback com a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e concluiu que o efeito foi positivo, mas sugeriu que pesquisas controladas sejam realizadas(19).
Técnicas de relaxamento, treino autogênico(26), treino de res-piração(28), meditação(23), psicoeducação(27) e relaxamento, leitura e exercícios de visualização(18) foram associados a terapia de biofeedback e identificaram efeitos positivos nos sintomas de ansiedade e estresse e na variabilidade cardíaca. A média de sessões variou entre 4 e 20 e os instrumentos mais utilizados na terapia de biofeedback foram EMG
(eletromio-gráfico), termal, condutância galvânica da pele, variabilidade de frequência cardíaca (HRV) e arritmia sinusal respiratória. Em relação aos níveis de evidências, foram identificadas sete possíveis conclusões (é eficaz; sugere eficácia; apresenta evidências para algumas doenças; melhora a percepção; há contribuição; mais estudos são necessários e não produziu melhora). Dentre os estudos de pesquisas (n=11), um conclui que há evidência de eficácia do uso do biofeedback(22), sete
estudos indicam eficácia(17,18,20,23,25-27), dois concluem que são necessários mais estudos(18,28), uma pesquisa concluiu que o biofeedback melhora a percepção da doença(24) e um que trás contribuições(28) . O estudo de caso conclui que há melhora nos sintomas, mas há necessidade de mais estudos(19). Os artigos teóricos (4) apresentaram uma visão geral sobre biofeedba-ck(15-16), como é o tratamento passo a passo, tabela de evidências para várias doenças(15), o uso no tratamento de insuficiência cardíaca(16), intervenções alternativas para o tratamento da dor(10), mas conclui-se que é preciso mais estudos(10) e outros pesquisadores que há evidência para algumas doenças(15), que trás contribuições(16) .
Dos estudos de pesquisa, oito utilizaram amostra randomiza-da, com grupo intervenção e grupo controle(17,20-22,24-25,27-28), e no estudo de revisão(12) os resultados indicaram evidência de eficácia no uso do biofeedback em várias doenças Destes oito estudos, um concluiu que uso do biofeedback é eficaz, quatro demonstraram eficácia, um indica melhora na percepção de saúde, um mostra contribuição e apenas um indicou não eficá-cia. O estudo de caso(19) indicou que a associação entre terapia cognitivo-comportamental e biofeedback apresenta resultado positivo para o tratamento do vômito cíclico.
Quanto aos delineamentos, dois estudos realizaram pré e pós--testes(23,26) e um estudo foi retrospectivo(18). Esses três estudos sugerem eficácia no emprego do biofeedback.
Conclusão
Muitos estudos têm sido realizados, em vários países, utilizan-do a terapia de biofeedback, assim como, várias utilizan-doenças foram alvos de pesquisa. Os participantes foram desde crianças até idosos, homens e mulheres. A maioria usou testes psicológicos para comparar os efeitos da terapia. Vários tipos de instrumen-tos de biofeedback foram utilizados. A maioria usou amostra randomizada, com grupo intervenção e controle, indicando maior controle das variáveis, o que possibilita conclusões mais fidedignas. As conclusões dos estudos indicaram evidências positivas no uso do biofeedback.
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Neide A Micelli Domingos é psicóloga, doutora em psicolo-gia, professora adjunta da FAMERP, Coordenadora do Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia e Saúde da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP); coordenadora do curso de especialização em Psicologia Clíni-ca: Terapia Cognitivo-Comportamental do Instituto de Psico-logia, Educação, Comportamento e Saúde (IPECS); terapeuta Cognitiva Certificada pela Federação Brasileira de Terapias Cognitivas. E-mail: micellidomingos@famerp.br
M. Cristina O. S. Miyazaki é psicóloga, doutora em psicologia, livre-docente da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), Coordenadora do Curso de Graduação em Psicologia da FAMERP, Bolsista de produtividade do CNPq, vice-coordenadora do curso de especialização em Psicologia Clínica: Terapia Cognitivo-Comportamental do Instituto de Psicologia, Educação, Comportamento e Saúde (IPECS) terapeuta Cognitiva Certificada pela Federação Brasileira de Terapias Cognitivas. E-mail: cmiyazaki@famerp.br