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Modernidade e espaço urbano: vazios urbanos - o caso da Covilhã

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

Engenharia

Modernidade e espaço urbano – vazios urbanos

O Caso da Covilhã

Helder Pereira de Oliveira

Tese para obtenção do grau de Doutor em

Arquitetura

(3º ciclo de estudos)

Orientador: Professor Doutor Carlos Alberto de Assunção Alho, Arquiteto

Co-orientador: Professor Doutor José Justino de Matos Barros Gomes, Arquiteto

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Dedicatória

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Agradecimentos

A realização desta dissertação só foi possível graças à colaboração de um grupo de verdadeiros amigos:

Professor Paulo Carvalho Professor Carlos Alho Professor Barros Gomes Professor Baptista Coelho Professor Neves Dias Anabela Manteigas

e ao apoio de um conjunto de instituições: Universidade da Beira Interior (UBI)

Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL) Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)

Instituto Geográfico Português (IGP) Instituto Nacional de Estatística (INE)

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Resumo

Modernidade e espaço urbano – vazios urbanos O Caso da Covilhã

A atual modernidade conduz a população global da ruralidade para a urbanidade. O espaço urbano tem na cidade o expoente máximo. Analisada a cidade que temos, verifica-se que o tecido urbano mais antigo abandonou a resposta efetiva aos anseios humanos. Os centros das cidades têm vindo a assistir ao abandono e ao crescimento dos vazios urbanos.

Os vazios urbanos são fenómenos urbanos comuns a qualquer cidade, e podem ser considerados como um dos seus principais elementos morfológicos estruturais, ou ainda, como uma categoria estrutural de análise da cidade, apresentando-se como uma das formas essenciais para entendê-la, face à sua nova condição urbana e à sua complexidade. São locais onde a cidade pode redefinir-se, aproveitando-se dessas áreas para crescer de forma mais ordenada, arejada e sustentável.

Partindo da análise da situação das cidades portuguesas e em particular do caso da cidade da Covilhã, entre 1991 e 2011, defende-se que a identificação dos vazios urbanos deve constituir uma prioridade das autarquias para uma avaliação dos impactos e consequentes ações de reabilitação e revitalização.

O objetivo principal deste estudo é a definição de uma metodologia que conduza à elaboração da carta dos vazios urbanos com utilidade e aplicação prévia nos instrumentos de planeamento urbanístico para uma melhor clarificação dos atos próprios da arquitetura.

Palavras-chave

Espaço urbano I Cidade consolidada I Vazios urbanos I Carta dos vazios urbanos I Morfologia urbana I Reabilitação urbana I Arquitetura I Urbanismo

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Abstract

Modernity and urban space - urban voids The Case of Covilhã

The current modernity leads the global population of rurality to urbanity. The urban space in the city is the pinnacle. Analyzed the city we have, it appears that the older urban space abandoned effective response to human desires. The city centers have been witnessing the abandonment and growth of urban voids.

Urban voids are common to any city urban phenomena, and can be considered as one of their main structural morphological elements, or as a structural category of analysis of the city, presenting itself as one of the essential ways to understand it, face to their new urban condition and its complexity. Are places where the city can redefine itself, taking advantage of these areas to grow in a more orderly, airy and sustainable manner.

Based on the analysis of the situation of Portuguese cities and in particular the case of the city of Covilhã, between 1991 and 2011, it is argued that the identification of urban voids should be a priority of authorities for an assessment of impacts and consequent actions of rehabilitation and revitalization.

The main objective of this study is to define a methodology that leads to the preparation of the map of urban voids with usefulness and application in prior instruments of urban planning for better clarification of their own acts of architecture.

Keywords

Urban space I City consolidated I urban voids I Map of urban voids I Urban Morphology I Urban Rehabilitation I Architecture I Urbanism

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Índice

P1 INTRODUÇÃO ...1

1.1 DESCRIÇÃO E ABORDAGEM DO PROBLEMA. ESTRUTURA DA TESE...1

1.2 OBJETIVOS,MÉTODO,IMPORTÂNCIA,MEIOS,RECURSOS E LIMITES DA INVESTIGAÇÃO...2

1.3 ANTECEDENTES DA INVESTIGAÇÃO. ...4

1.4 NORMALIZAÇÃO...4

P2 MODERNIDADE E ESPAÇO URBANO...5

2.1 AATUAL MODERNIDADE...8

2.2 OESPAÇO URBANO... 10

P3 OS VAZIOS URBANOS ... 13

3.1 ANTECEDENTES SOBRE OS VAZIOS URBANOS... 14

3.2 MANIFESTAÇÃO DOS VAZIOS URBANOS... 19

P4 AS CIDADES... 22

4.1 INTRODUÇÃO... 24

4.2 DIVERSIDADE EDENSIDADE NA OCUPAÇÃO URBANA DO SOLO... 27

4.3 DIVERSOS TIPOS DE DENSIDADE ... 30

P5 AS CIDADES PORTUGUESAS ... 35

5.1 INTRODUÇÃO... 35

5.2 METODOLOGIA DE ANÁLISE... 38

5.3 INDICADORES URBANOS... 39

5.3.1 A dimensão populacional e o crescimento urbano ... 40

5.3.2 A dimensão territorial e o povoamento... 43

5.3.3 Os jovens e os idosos ... 46

5.3.4 A população ativa e a dimensão das famílias ... 49

5.3.5 Os alojamentos familiares e os alojamentos “vagos”. ... 52

5.3.6 O uso do alojamento pelos proprietários e o uso sazonal ... 55

5.3.7 A utilização do alojamento ... 58

5.3.8 Os alojamentos e os edifícios... 61

5.3.9 Os edifícios e a habitação ... 64

5.3.10 O envelhecimento dos edifícios ... 67

5.3.11 A degradação e a necessidade de reparação dos edifícios ... 70

5.3.12 Mobilidade pedonal e transporte público... 73

5.3.13 O automóvel e outros meios de transporte alternativos... 76

5.3.14 Dimensões dos Edifícios... 79

P6 A CIDADE DA COVILHÃ ... 82

6.1 SÍNTESE DA EVOLUÇÃO URBANA DA CIDADE DACOVILHÃ... 83

6.1.1 Introdução... 83

6.1.2 Ocupação Romana e Vias de Comunicação... 83

6.1.3 Formação da Nacionalidade e a Época Medieval ... 84

6.1.4 Idade Moderna e Contemporânea... 85

6.1.5 Século XIX ... 86 6.1.6 Século XX ... 87 6.1.6.1 Década primeira ... 87 6.1.6.2 Década de 10 ... 87 6.1.6.3 Década de 20 e situação em 1929 ... 88 6.1.6.4 Década de 30 ... 89 6.1.6.5 Década de 40 e situação em 1945 ... 90 6.1.6.6 Década de 50 ... 92 6.1.6.7 Década de 70 e situação em 1971 ... 94 6.1.6.8 Década de 80 ... 97 6.1.6.9 Década de 90 e situação em 2000 ... 97

(10)

6.2 OS PRINCIPAISBAIRROS DA CIDADE DACOVILHÃ... 99

6.2.1 Bairro dos Penedos Altos ... 99

6.2.2 Bairro da Biquinha ...102

6.2.3 Bairro do Rodrigo ...105

6.2.4 Bairro da Estação ...109

6.3 AEVOLUÇÃO DACOVILHÃ SEGUNDO OS CENSOS DOINE. ...115

P7 A COVILHÃ ENTRE 19 CIDADES ...117

7.1 POPULAÇÃO RESIDENTE E FAMÍLIAS...119

7.2 ALOJAMENTOS E EDIFÍCIOS...120

7.3 ÁREA E DENSIDADE POPULACIONAL...121

7.4 DIMENSÃO MÉDIA DAS FAMÍLIAS E PESSOAS POR ALOJAMENTO...122

7.5 ALOJAMENTOS POR EDIFÍCIO E PROPORÇÃO DE ALOJAMENTOS VAGOS...123

7.6 DENSIDADE DE ALOJAMENTOS E DISTÂNCIA MAIOR ENTRE LIMITES...124

7.7 CAPACIDADE RESIDENCIAL EXISTENTE NA CIDADE...125

P8 A COVILHÃ E OS VAZIOS URBANOS...129

P9 CONCLUSÕES ...135

9.1 PRINCIPAIS CONCLUSÕES...135

9.2 RECOMENDAÇÕES...139

BIBLIOGRAFIA GERAL...140

(11)

Lista de Figuras

Figura 1 | A evolução do homem tende a ultrapassar perigosamente os seus limites naturais como ser humano, tendo em conta as alterações impostas como “necessidades

virtuais”. Fonte: Google. ...5

Figura 2 | A hierarquia de necessidades de Maslow. ...6

Figura 3 | A casa, mentalmente, remonta à “cabana” primitiva que imita a natureza, nasce do chão, projeta o retorno às origens reunindo nascimento e morte. ...7

Figura 4 | Espaço urbano – “A nossa civilização é iminentemente urbana. Mesmo em Portugal, país moderadamente urbanizado, o teatro urbano, como experiência de vida permanente ou ocasional, em todos exerce acentuada influência”. ... 10

Figura 5 | Túmulo vazio. Ressurgiu! (Mateus 28. 1-10). Fonte: Google. ... 13

Figura 6 | Angkor (Camboja). - Cidade Morta. Densidade urbana nula. Ao longo da história da humanidade, diversas civilizações floresceram e desaparecem da face da Terra. Sabemos que algumas delas sumiram, umas devido a catástrofes naturais, outras foram dizimadas durante guerras e invasões ou acabaram sendo dominadas e assimiladas por outros povos, e que ainda outras habitaram em grandes cidades. Os Khmer, antigos habitantes da cidade de Angkor, talvez a maior cidade do mundo em seu tempo, com cerca de 1 milhão de habitantes (entre 1.000 e 1.200 d.C), desapareceram devido a guerras e desastres naturais. As pessoas passam e algumas “coisas” ficam, nomeadamente as construídas. Fonte: Google. ... 22

Figura 7 | Detroit - Cidade Falida (Wayne, Michigan, USA) – Da cultura automobilística com 1.850.000 de habitantes em 1950 passou a 700.000 em 2010. Fonte: Google. ... 23

Figura 8 | Paris (França) – Cidade Viva. Até de noite. Em 2007, 2.193.031 habitantes, 10.540 hectares de área e a densidade populacional de 20.807 habitantes/km2. Fonte: Google... 25

Figura 9 | Xangai (China, Ásia) – A cidade mais populosa do mundo, com 17.836.133 milhões de habitantes2.605,79 Km2de área- Densidade populacional: 6.845 hab/km2. Fonte: Google... 25

Figura 10 | Boston (Suffolk, Massachussets, EUA) – Cidade Viva Contemporânea. Fonte: Google... 26

Figura 11 | Comunidade de Kibera (Nairobi, Quénia) - Cidade Favela – 2,5 milhões de habitantes. Fonte: Google... 27

Figura 12 | Diversidade e densidade na ocupação urbana do solo. Do quarteirão à cidade-jardim. Fonte Google... 28

Figura 13 | As grandes áreas urbanas em Espanha, em 2006. Fonte: Ministerio de Vivienda, 2006. ... 31

Figura 14 | Imagem da Cidade do Futuro. Mais verticalidade. Mais densidade. Fonte: Google. . 32

Figura 15 | A CIDADE É UM ORGANISMO URBANO COMPLEXO - Forma condensada do esquema do Orgurb – Modelo de organismo urbano. Fonte: (BARATA, 1977, p. 44). ... 33

Figura 16 | UMA CIDADE NÃO É UMA ÁRVORE, de Christopher Alexander,. Fonte: WEB. ... 34

Figura 17 | A cidade da Covilhã incluiu 10 freguesias na cidade estatística do INE (14,6 km2) em vez das tradicionais 4 freguesias urbanas (11,03 Km2) Fonte: INE 2001 e Autor. ... 39

Figura 18 | Vista aérea da Covilhã antiga (Fonte: ILFOTO). ... 82

Figura 19 | Localização inicial do primeiro assento da Cidade da Covilhã. ... 86

Figura 20 | Situação inicial da Cidade da Covilhã em 1870. ... 86

Figura 21 | Evolução da Cidade da Covilhã – Situação em 1929 – (Fonte: Planta dos Serviços Municipalizados da Covilhã). ... 88

Figura 22 | Evolução da Cidade da Covilhã 1929 a 1945 – Situação de 1945 (Fonte: Levantamento Fotogramétrico C.M. Covilhã) ... 91

Figura 23 | Evolução da Covilhã de 1945 a 1971 – Situação de 1971 (Fonte: Levantamento Fotogramétrico C.M. Covilhã). Entre os anos 1945 e 1971 a Covilhã desenvolve-se finalmente para a zona da estação de caminho de ferro, a Nascente. ... 94

Figura 24 | Evolução da Cidade da Covilhã 1971 a 2000 – Situação de 2000 (Fonte: Levantamento Fotogramétrico C.M. Covilhã). ... 98

Figura 25 | Fotografia antiga, aquando da execução das obras de infraestruturas da 2ª fase (Fonte: ILFOTO). ... 99

(12)

Figura 26 | Fotografia panorâmica, vista a partir do jardim público com o Bairro ao fundo,

apenas com a 1ª fase em acabamento e a envolvente livre. (Fonte: ILFOTO)... 100

Figura 27 | Planta do Bairro dos Penedos Altos. Fonte: Autor. ... 100

Figura 28 | Lugar central, habitação, comércio e igreja. Fonte: Autor. ... 101

Figura 29 | Imagem das primeiras casas do Bairro da Biquinha, com tipologia idêntica ao Bairro Municipal. Fonte: Autor. ... 102

Figura 30 | Tipologia unifamiliar das primeiras 42 casas económicas. Fonte: Autor... 102

Figura 31 | Situação atual do bairro (diferentes fases de construção). Fonte: Autor... 103

Figura 32 | Acesso único ao Bairro da Biquinha com o campo de futebol à direita. Fonte: Autor. ... 104

Figura 33 | Vista aérea do Bairro do Rodrigo (em 1995). Fonte: ILFOTO... 105

Figura 34 | Fotografia antiga do Bairro do Rodrigo, onde se pode constatar à que a escola (à esquerda) e a Igreja (à direita) foram executadas na mesma altura do Bairro. Fonte: ILFOTO. ... 106

Figura 35 | Situação atual com sobreposição da fotografia aérea (ano 2000). Fonte: Autor. ... 107

Figura 36 | Eixo pedonal transversal às rodovias com enfiamento sobre o vale. Fonte: Autor. 108 Figura 37 | “Correntezas edificadas”. Fonte: Autor. ... 108

Figura 38 | Vista aérea da situação atual do Bairro da Estação. (Fonte: STIG). ... 109

Figura 39 | O Bairro da Estação surge depois da Avenida para a Estação e desenvolveu-se a par de múltiplos equipamentos. Fonte: C.M. Covilhã. ... 110

Figura 40 | Expansão da cidade da Covilhâ (1965) – A expansão nascente da cidade da Covilhâ levou trinta anos. Na primeira fase (junto à estação de caminAutor de ferro), os diferentes modelos de quarteirão (abertos ou fechados), Fonte: IGP. ... 110

Figura 41 | O Bairro da Estação, com os três quarteirões de diferentes tipos de morfologia e tipologia, envolvidos por equipamentos de carácter ocasional. Fonte: Autor. ... 111

Figura 42 | Planta e imagem geral do “quarteirão fechado”. Fonte: Autor. ... 113

Figura 43 | Planta e imagem geral do “quarteirão aberto”. Fonte: Autor... 113

Figura 44 | Planta e imagem geral dos “blocos isolados”. Fonte: Autor. ... 114

Figura 45 | Localização das 19 cidades selecionadas. ... 117

Figura 46 | Anteplano de Urbanização de Castelo Branco (1962). Autor: João António de Aguiar (Arq.). Fonte: SNIT/DGOTDU... 126

Figura 47 | Anteplano Geral de Urbanização da Covilhã (1952). Autor: João António de Aguiar (Arq.). Fonte: SNIT/DGOTDU. ... 127

Figura 48 | Anteplano Geral de Urbanização da Guarda (1949). Autor: João António de Aguiar (Arq.). Fonte: SNIT/DGOTDU. ... 128

Figura 49 | Base de dados do INE – Censos 2011. Fonte: INE e Autor. ... 130

Figura 50 | Delimitação e cálculo das áreas. Fonte: Google Earth e Autor. ... 130

Figura 51 | A folha de cálculo EXCEL utilizada como base de dados obtidos e cálculo de densidades, percentagens e outros. Fonte: Autor. ... 131

Figura 52 | A malha urbana constituída por muitos impasses dificulta a permeabilidade e a conexão em rede. Fonte: Autor. ... 131

Figura 53 | O mapeamento dos vazios urbanos em Autocad. Fonte: Autor. ... 132

Figura 54 | Área da cidade da Covilhã, situada entre a avenida 25 de Abril/Rua Marquês d’Ávila e Bolana e a Rua Mateus Fernandes. Fonte: GE e Autor... 132

Figura 55 | Identificação dos vazios urbanos. Trabalho de campo. Fonte: Autor. ... 133

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Dimensão das cidades europeias... 24

Tabela 2: Argumentos a favor e contra as densidades altas (maiores de 120 fogos/ha). ... 29

Tabela 3: Elevação dos aglomerados urbanos à categoria de cidade por épocas. ... 35

Tabela 4: 4 cidades da Beira Interior - 19 freguesias, 2001... 38

Tabela 5: 4 Cidades (Beira Interior). População residente 2001 e taxa de crescimento 1991-2001. ... 40

Tabela 6: 36 Cidades (Região Centro). População residente 2001 e taxa de crescimento 1991-2001. ... 41

Tabela 7: 141 Cidades (Portugal). População residente 2001 e taxa de crescimento 1991-2001. ... 42

Tabela 8: 4 Cidades (Beira Interior) – Área e densidade populacional, 2001. ... 43

Tabela 9: 36 Cidades (Região Centro) – Área e densidade populacional, 2001. ... 44

Tabela 10: 141 Cidades (Portugal) – Área e densidade populacional, 2001... 45

Tabela 11: 4 Cidades (Beira Interior) – Proporção de jovens e de idosos, 2001. ... 46

Tabela 12: 36 Cidades (Região Centro) – Proporção de jovens e de idosos, 2001. ... 47

Tabela 13: 141 Cidades (Portugal) – Proporção de jovens e de idosos, 2001... 48

Tabela 14: 4 Cidades (Beira Interior) – Taxa de atividade e dimensão das famílias, 2001... 49

Tabela 15: 36 Cidades (Região Centro) – Taxa de atividade e dimensão média das famílias, 2001. ... 50

Tabela 16: 141 Cidades (PT) – Taxa de atividade e dimensão média das famílias, 2001... 51

Tabela 17: 4 Cidades (Beira Interior) – Alojamentos familiares e proporção de alojamentos vagos, 2001... 52

Tabela 18: 36 Cidades (Região Centro) – Alojamentos familiares e proporção de alojamentos vagos, 2001... 53

Tabela 19: 141 Cidades (PT)– Alojamentos familiares e proporção de alojamentos vagos, 2001. ... 54

Tabela 20: 4 Cidades (Beira Interior) – Ocupação dos alojamentos familiares. Proporção dos ocupados pelo proprietário e proporção do uso sazonal, 2001. ... 55

Tabela 21: 36 Cidades (RC) – Ocupação dos alojamentos familiares. Proporção dos ocupados pelo proprietário e proporção do uso sazonal, 2001... 56

Tabela 22: 141 Cidades (Portugal) – Ocupação dos alojamentos familiares. Proporção dos ocupados pelo proprietário e proporção do uso sazonal, 2001. ... 57

Tabela 23: 4 Cidades (Beira Interior) – Proporção de alojamentos sobrelotados e sublotados, 2001. ... 58

Tabela 24: 36 Cidades (Região Centro) – Proporção de alojamentos sobrelotados e sublotados, 2001. ... 59

Tabela 25: 141 Cidades (Portugal) – Proporção de alojamentos sobrelotados e sublotados, 2001. ... 60

Tabela 26: 4 Cidades (Beira Interior) – Divisões por alojamento e alojamentos por edifício, 2001. ... 61

Tabela 27: 36 Cidades (Região Centro) – Divisões por alojamento e alojamentos por edifício, 2001. ... 62

Tabela 28: 141 Cidades (Portugal) – Divisões por alojamento e alojamentos por edifício, 2001.63 Tabela 29: 4 Cidades (Beira Interior) – Total de edifícios e proporção de edifícios exclusivamente residenciais, 2001... 64

Tabela 30: 36 Cidades (Região Centro) – Total de edifícios e proporção de edifícios exclusivamente residenciais, 2001... 65

Tabela 31: 141 Cidades (Portugal) – Total de edifícios e proporção de edifícios exclusivamente residenciais, 2001. ... 66

Tabela 32: 4 Cidades (Beira Interior) – Proporção de edifícios construídos depois de 1990 e índice de envelhecimento dos edifícios, 2001. ... 67

Tabela 33: 36 Cidades (Região Centro) – Proporção de edifícios construídos depois de 1990 e índice de envelhecimento dos edifícios, 2001. ... 68

Tabela 34: 141 Cidades (Portugal) – Proporção de edifícios construídos depois de 1990 e índice de envelhecimento dos edifícios, 2001. ... 69

Tabela 35: 4 Cidades (Beira Interior) – Proporção de edifícios muito degradados e proporção de edifícios com necessidade de reparação, 2001. ... 70

(14)

Tabela 36: 36 Cidades (Região Centro) – Proporção de edifícios muito degradados e proporção

de edifícios com necessidade de reparação, 2001. ... 71

Tabela 37: 141 Cidades (Portugal) – Proporção de edifícios muito degradados e proporção de edifícios com necessidade de reparação, 2001. ... 72

Tabela 38: 4 Cidades (Beira Interior) – Principal meio de transporte, a pé e transporte público, 2001. ... 73

Tabela 39: 36 Cidades (Região Centro) – Principal meio de transporte, a pé e transporte público, 2001. ... 74

Tabela 40: 141 Cidades (Portugal) – Principal meio de transporte, a pé e transporte público, 2001. ... 75

Tabela 41: 4 Cidades (Beira Interior) – Principal meio de transporte, automóvel ligeiro de passageiros (LP) ou outros, 2001. ... 76

Tabela 42: 36 Cidades (Região Centro) – Principal meio de transporte, automóvel ligeiro de passageiros (LP) ou outros, 2001. ... 77

Tabela 43: 141 Cidades (Portugal) – Principal meio de transporte, automóvel ligeiro de passageiros (LP) ou outros, 2001. ... 78

Tabela 44: 4 Cidades (Beira Interior) – Edifícios com 1 alojamento e com 1 e 2 pisos, 2001. ... 79

Tabela 45: 36 Cidades (Região Centro) – Edifícios com 1 alojamento e com 1 e 2 pisos, 2001. . 80

Tabela 46: 141 Cidades (Portugal) – Edifícios com 1 alojamento e com 1 e 2 pisos, 2001... 81

Tabela 47: Evolução Demográfica do ConcelAutor da Covilhã, 1801-2011. ...115

Tabela 48: Cidade 4F – Variação dos Edifícios, Alojamentos, Famílias e População, 1991-2011. ...115

Tabela 49: Cidade 4F – Edifícios segundo o Tipo de Estrutura da Construção. ...115

Tabela 50: Cidade 4F – Edifícios segundo a Época de Construção...116

Tabela 51: Cidade 4F – Edifícios segundo o Tipo de Utilização. ...116

Tabela 52: Cidade 4F – Edifícios segundo o Número de Pisos. ...116

Tabela 53: Cidades – 19 Câmaras municipais: receitas efetivas, despesas efetivas e saldo (milhares de euros). ...118

Tabela 54: 19 Cidades – População Residente e Famílias. Cidade Estatística INE em 2001 e Anel da Cidade Consolidada em 2011...119

Tabela 55: 19 Cidades – Alojamentos e Edifícios. Cidade Estatística INE em 2001 e Anel da Cidade Consolidada em 2011. ...120

Tabela 56: 19 Cidades – Área e Densidade Populacional. Cidade Estatística INE em 2001 e Anel da Cidade Consolidada em 2011...121

Tabela 57: 19 Cidades – Dimensão média das Famílias e Pessoas por Alojamento. Cidade Estatística INE em 2001 e Anel da Cidade Consolidada em 2011. ...122

Tabela 58: 19 Cidades – Alojamentos por Edifício e Proporção de Alojamentos Vagos. Cidade Estatística INE em 2001 e do Anel da Cidade Consolidada em 2011. ...123

Tabela 59: 19 Cidades – Densidade de Alojamentos e Distância Maior entre Limites. Cidade Estatística INE em 2001 e do Anel da Cidade Consolidada em 2011. Fonte: INE 2001, 2011 e HPO...124

Tabela 60: 19 Cidades – Capacidade Residencial Existente. Cidade Estatística INE em 2001 e Anel da Cidade Consolidada em 2011. ...125

Tabela 61: Tabela 1 - Os primeiros planos das 19 cidades. ...125

Tabela 62: 19 Cidades - Cidade e Município de Castelo Branco – Avaliação da Capacidade Residencial Existente...126

Tabela 63: 19 Cidades - Cidade e Município de Covilhã – Avaliação da Capacidade Residencial Existente. ...127

Tabela 64: 19 Cidades - Cidade e Município de Guarda – Avaliação da Capacidade Residencial Existente. ...128

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Lista de Acrónimos

a.C. Antes de Cristo

ACRRU Área Crítica de Renovação e Reabilitação Urbana CAD Desenho Assistido por Computador

CIAM Congrès Internationaux d’Architecture Moderne

CMC Câmara Municipal da Covilhã d.C. Depois de Cristo

DGOTDU Direção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano FAUTL Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa

FFH Fundo de Fomento da Habitação IGP Instituto Geográfico Português

IHRU Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana IMI Imposto Municipal sobre Imóveis

INE Instituto Nacional de Estatística INH Instituto Nacional de Habitação MCH Movimento Cooperativo de Habitação PCC Polígono da Cidade Consolidada PDM Plano Diretor Municipal

PGU Plano Geral de Urbanização PP Plano de Pormenor

PSP Polícia de Segurança Pública PU Plano de Urbanização

RGEU Regulamento geral das Edificações Urbanas RN Rodoviária Nacional

SAAL Serviço de Apoio Ambulatório Local SIG Sistema de Informação Geográfica SRU Sociedade de Reabilitação Urbana UBI Universidade da Beira Interior UE União Europeia

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P1 Introdução

A atual modernidade, de acordo com as tendências e os dados estatísticos conhecidos, conduz a população global da ruralidade para a urbanidade. Portugal também é atualmente mais urbano que rural.

O espaço urbano tem na cidade o expoente máximo, logo a atual modernidade conduz a população às cidades (umas maiores que outras, umas mais atrativas que outras). No fundo é a atratividade em busca de emprego, melhores salários, educação e qualidade de vida.

No entanto, vários estudos referem que os centros das cidades têm vindo a assistir ao abandono e ao crescimento dos vazios urbanos. Os novos meios de transporte (ASCHER, 2010, p. 38) e de “armazenamento” de pessoas, de informações e de bens que a sociedade desenvolve e põe à disposição das organizações e dos indivíduos permitem que estes se emancipem em parte dos condicionalismos espaciais e temporais.

A cidade é geradora de vazios urbanos. Os vazios urbanos são uma moeda de duas faces: - por um lado afasta as pessoas; - por outro atrai-as pela oportunidade.

1.1 Descrição e abordagem do problema. Estrutura da tese

A preocupação com o crescente número de espaços e construções urbanas vazias, obsoletas ou simplesmente devolutas das cidades, conduz a colocar vários problemas:

- a desvitalização das áreas urbanas;

- a justificação (ou não) para a expansão das cidades;

- as consequências económicas positivas ou negativas consoante estiverem a utilizar (ou não) os vazios urbanos.

Este trabalho pretende analisar o impacto e a dimensão que este fenómeno adquiriu nas últimas décadas.

Em termos de imagem urbana, um percurso mais atento pelas áreas centrais das nossas cidades põe de relevo a presença pontual de construções vazias ou subutilizadas, mas também alguns espaços totalmente vazios e com maior frequência à medida que se caminha para a periferia.

É assim que habitações, comércios e indústrias adquirem, por vezes, aos nossos olhos, individualmente, mas também em algumas das suas inúmeras e particulares combinações, características que nos permitem agrupá-las em diferentes categorias tipológicas.

De uma ótica disciplinar este processo de (re)conhecimento dos vazios urbanos subentende a compreensão das relações entre arquitetura e cidade, entre espaço construído e não construído, entre projetos e planos, entre projetos e regulamentos.

O exercício de síntese destas relações tem como corolário lógico a definição do que muitos autores vêm estudando sob diferentes designações: - vazios úteis; vazios inúteis; do cheio ao vazio, etc.

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Na prática todas estas designações e abordagens inscrevem-se numa recorrente busca de caracterização e análise.

Segundo a raiz etimológica, o termo vazio representa uma oposição ao cheio que será considerado neste trabalho como atribuído à ausência de vida/pessoas/atividade.

Na presente investigação, os estudos desenvolvidos sobretudo no Brasil servem de suporte teórico à constatação dos sistemas tipológicos, a partir dos quais se aborda o tema dos vazios.

A aproximação ao tema escolhido utilizará como suporte metodológico a análise geral das cidades portuguesas, a partir do caso da Covilhã.

Em consonância com as preocupações expostas, a tese é dirigida para a interpretação do crescimento das cidades portuguesas, à luz do impacto produzido pelos vazios urbanos.

A hipótese central da tese é a de um vínculo evolutivo entre os vazios urbanos e uma deficiente organização do espaço urbano, isto é, a generalidade das cidades portuguesas têm produzido vazios urbanos de forma proporcional à má organização do crescimento nas últimas décadas, desde abril de 1974.

A concretização dos objetivos da tese acarretou a distribuição de atividades de investigação por diversas etapas.

Na primeira destas etapas, tratou-se sobretudo de expor o tema, aclarar objetivos, enunciar trabalhos e autores de referência.

Numa segunda etapa, dando continuidade à investigação teórica iniciada revisitou-se o principal conceito em questão, o de vazio urbano, sondando-se o estado da arte sobre os métodos de análise, e definiram-se um conjunto de variáveis a operacionalizar.

Num terceiro momento, coube definir o conceito de vazio inserido no contexto português, convencionando as tipologias: -vazio construído; -vazio não construído. Com que se optou por trabalhar explicando-a em função da morfologia urbana, da localização e de outros aspetos históricos, sociais, técnicos e normativos.

A fase seguinte conduziu a uma amostra de exemplos para estudo, o que significou fazer uma ampla recolha em trabalho de campo e análise documental. A seguir foi necessário sistematizar a informação cruzando distintos dados obtidos através de estatística oficial e apoio de fotografia aérea.

Finalmente sintetizou-se a análise das várias etapas de crescimento e os processos de transformação e permanência dos vazios urbanos, rematando-se com um conjunto de conclusões que apontam para lições a extrair da realidade dos vazios da Covilhã, bem como do conjunto das cidades portuguesas.

1.2 Objetivos, método, importância, meios, recursos e limites da

investigação

Uma tese deve significar sempre um avanço num determinado domínio, e como tal deve valer por si. Depois de concluída pode servir para vários fins. A partir da presente tese, perspetivam-se contributos, principalmente práticos, a nível dos métodos de investigação,

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análise e de conceção, para a disciplina do projeto arquitetónico e do projeto e planeamento urbanos. Estes contributos assentam no conhecimento dos processos de formação, permanência e transformação dos vazios urbanos e na valorização dos significados subjacentes a estes processos.

O objetivo principal é a concretização de uma metodologia que conduza à elaboração da carta dos vazios urbanos com a utilidade e aplicação prévia nos instrumentos de planeamento urbanístico para uma melhor clarificação dos atos próprios da arquitetura.

O objetivo geral é chegar a conclusões com um certo grau de generalização, que nos permita estabelecer uma metodologia de análise para abordar alguns dos desafios que na atualidade se colocam à prática urbanística e arquitetónica.

A investigação pretende comprovar a existência do referido vínculo (vazios urbanos vs organização do espaço), coerente, evolutivo, progressivamente consolidado, entre vazios urbanos e organização do espaço arquitetónico, ocorrido nas últimas décadas, nas cidades portuguesas e em particular na cidade da Covilhã.

Estes tipos de vazios urbanos traduzem-se por vazios construídos e vazios não construídos, conceitos que se usam como chave de leitura da cidade.

No decurso da investigação mostra-se o impacto dos vazios do território e também as suas interações através de:

a) Mapeamento dos vazios urbanos, identificando períodos de formação;

b) Fichas de análises de tipos de vazios urbanos identificados e fotografados no trabalho de campo.

Começou-se por reunir dados de um grupo de cidades portuguesas através da estatística do INE 2001 e 2011. Com a continuação do trabalho, tomou-se consciência de que seria útil reunir e apresentar a informação sobre a totalidade das cidades portuguesas.

Neste sentido, a opção pela Covilhã como estudo de caso, reveste-se de um duplo critério, o de adequar-se à escala geral e à escala média, e o facto de a tese aparecer como um corolário de um conjunto de trabalhos desenvolvidos ao longo do período curricular e de investigação do doutoramento.

A escolha resulta também muito conveniente para os objetivos da tese, que tem implícito debater um contexto que seja o mais familiar possível, um contexto que quase não apresente segredos ao seu observador. Faz-se notar que muito do que foi adiantado na hipótese de trabalho baseia-se na visão repetida e ocasional, numa percetiva quotidiana, pessoal, contingente, e portanto, intransmissível e não substituível.

Ponderaram-se, portanto diversos fatores que jogam a favor da cidade eleita; a escala média, bastante adequada para a observação e medição de fenómenos de transformação dos espaços construídos e não construídos; a presença significativa de vazios de origem industrial e uma topografia acidentada típica da cidade portuguesa (resultado de uma história baseada em atos de defesa).

Selecionada a cidade-município, cabia também definir que partes da cidade estudar, que bairros, que ruas, que edifícios, que tipos de vazios. Esta definição conduziria à delimitação da cidade consolidada, da cidade infraestruturada e da cidade estatística de forma a permitir revelar e tanto quanto possível medir, o impacto dos vazios urbanos em cada uma delas.

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A delimitação da cidade consolidada conduziu a uma extensa pesquisa sobre as cidades portuguesas, que resultou num conjunto apreciável de informação apresentado em anexo.

Os meios utilizados na investigação foram os próprios e incluíram o uso de software de CAD para configuração, sistematização, análise gráfica e distribuição dos vazios urbanos, bem como software de texto Word e folha de cálculo EXCEL.

As principais limitações da investigação realizada na Covilhã estão relacionadas com as condições de consulta encontradas nos arquivos municipais, quer pela inexistência de uma base de dados quer pela falta de sistematização da informação.

1.3 Antecedentes da investigação.

Como antecedentes teóricos da investigação consideram-se os principais estudos realizados em meio académico sobre os vazios urbanos. Destacam-se os do contexto brasileiro e em particular de S. Paulo e Rio de Janeiro, sediados nas respetivas escolas de arquitetura. Como nomes mais sonantes neste panorama destaca-se Andréa Borde1.

No âmbito português, e pensando estritamente em trabalhos focados na questão dos vazios urbanos e suas ligações à organização de espaço urbano, presta-se atenção a alguns trabalhos académicos e atas de seminários.

Também como antecedentes desta investigação, tomam-se os estudos próprios sobre diferentes aspetos relativos à história urbanística e aos bairros principais da Covilhã, considerando as suas formas de crescimento.

A exposição prévia do quadro concetual realizada nas alíneas seguintes e tomando de empréstimo os argumentos teóricos dos autores atrás referidos, assegura uma correta interpretação dos conceitos utilizados ao longo da tese:

i) O conceito de vazio urbano; ii) O conceito de espaço urbano; iii) O conceito de cidade.

Ao longo da tese irá procurar-se em que medida os vazios urbanos influenciam ou são influenciados pela organização do espaço e, por fim, a sua atualidade na problemática sobre a fragmentação urbana e sobre a imagem da cidade.

1.4 Normalização

A estruturação desta tese foi determinada pelas normas de formatação de teses de doutoramento da Universidade da Beira Interior, conforme o despacho n.º 49/R/2010, seguindo a sequência de apresentação por este determinada.

No corpo de texto, foram seguidas as regras de formatação estabelecidas pelo mesmo despacho.

1 BORDE, ANDRÉA - Vazios Urbanos: Prespectivas Contemporâneas. Tese de Doutoramento em Urbanismo. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 2006.

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P2 Modernidade e Espaço Urbano

Figura 1 | A evolução do homem tende a ultrapassar perigosamente os seus limites naturais como ser

humano, tendo em conta as alterações impostas como “necessidades virtuais”. Fonte: Google.

A era do vazio2 - A resseção presente, a crise energética, a consciência ecológica não são o toque afinados da sociedade de consumo: estamos destinados a consumir, ainda que de outro modo, cada vez mais objetos e informações, desportos e viagem, a formação e relações, música e cuidados médicos. É isso a sociedade pós moderna: não o para além do consumo, mas a sua apoteose, a sua extensão à esfera privada, à imagem e ao devir do ego chamado a conhecer o destino da obsolescência acelerada, da mobilidade, da desestabilização.

A espiral decetiva - Conhecemos as “culturas da vergonha” e as “culturas da

culpabilidade”, mas com o hedonismo contemporâneo casado com um “espírito do tempo” feito de ansiedade e de violência nas relações sociais, uma verdadeira cisalha da deceção está em ação. Os indivíduos vêem-se confrontados com exigências contraditórias que o hiperconsumo histeriza e atiça. Contrariamente às ideias estabelecidas, a deceção atua mais nos desejos não materiais. Os comportamentos consumistas também investiram na esfera política. Paralelamente, o sucesso da democracia liberal tornou o gosto menos pronunciado e daí uma questão inédita: será a democracia um bem de consumo como qualquer outro? Gilles Lipovetsky sonda a nossa cidadania hipermoderna, capaz de combinar o abstencionismo mais indeciso e as indignações menos fingidas desde que são suspeitos os ataques contra os princípios do direito e da liberdade. Será o regresso ao código genético das nossas democracias?

O movimento poderoso de híper consumo, que integra e aspira os desejos entre os mais elevados do género humano, altera todas as referências morais herdadas, ainda operativas há cinquenta anos. Assim, lutar frontalmente contra o capitalismo consumidor é não somente ineficaz mas também ilusório. São com “paixões contra paixões” que vamos colocar à distância a hidra consumista.

2 Problema geral: a desagregação da sociedade, a modernidade e a indiferença - LIPOVETSKY, GILLES - A Era do Vazio. Lisboa: ed. Relógio D’Água, 1989.

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Figura 2 | A hierarquia de necessidades de Maslow. Fonte: Hilsdorf, Carlos. Atitudes vencedoras. 2004. A hierarquia de necessidades de Maslow, também conhecida como pirâmide de Maslow,

é uma divisão hierárquica proposta por Abraham Maslow, em que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada um tem de "escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto-realização. Maslow define um conjunto de cinco necessidades descritas em pirâmide:

- Necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o sexo, a excreção, o abrigo;

- Necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;

- Necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube;

- Necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos;

- Necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser. O que os humanos podem ser, eles devem ser: verdadeiros com a sua própria natureza. É neste último patamar da pirâmide que Maslow considera que a pessoa tem que ser coerente com aquilo que é na realidade. Temos de ser tudo o que somos capazes de ser, desenvolver os nossos potenciais.

Das necessidades comuns a todos os homens há um grupo delas que nos grandes aglomerados urbanos dificilmente encontram adequadas condições de satisfação. De entre essas necessidades interessa-nos particularmente considerar aquelas que, através da inclusão de elementos vegetais na estrutura do aglomerado urbano, poderão ver melhoradas as condições para a sua satisfação. São elas: 1- uma atmosfera sã e tão confortável quanto possível; 2-contacto frequente com as forças vivas da natureza; 3- prática de exercícios físicos em

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atmosfera sã; 4- repouso físico e mental; 5- ordem e beleza nos ambientes em que se vive. (ARAÚJO, 1961, p. 33).

As condições em que se podem exprimir as necessidades estão dependentes de forças socioeconómicas onde pontificam as instituições que dominam os “media”.

Figura 3 | A casa, mentalmente, remonta à “cabana” primitiva que imita a natureza, nasce do chão,

projeta o retorno às origens reunindo nascimento e morte. Fonte: Cabrita A. - O Homem e a Casa, 1995.

Insalubridade da atmosfera urbana – uma das necessidades fundamentais para todas as

populações, e justamente a mais difícil de satisfazer no interior de um grande aglomerado urbano, é a de atmosfera sã, propícia ao saudável desenvolvimento do organismo humano. (ARAÚJO, 1961, p. 34).

Afastamento da natureza – é sabido como em todas as camadas de população das

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manifestam necessidades ou solicitações instintivas a que só o contacto com a natureza, no seu fácies mais puro, parece assegurar adequada satisfação. (ARAÚJO, 1961, p. 38).

O homem, evoluído no meio onde a luta pela vida lhe impunha o exercício constante de

aptidões físicas e faculdades mentais com que a natureza o dotou, não podia deixar de acusar lento estabelecimento ao longo dos milénios, de um equilíbrio biológico entre a sua maneira de viver, desenvolvimento daquelas aptidões e faculdades, e o próprio metabolismo do seu organismo. (ARAÚJO, 1961, p. 42).

Inaptidão para o repouso físico e mental – a partir dos 35 anos são sobretudo as

necessidades de descanso, isolamento periódico e relaxamento muscular e psicológico que mais geralmente se fazem sentir. E também estas necessidades humanas só encontram satisfação adequada em plena natureza, no campo ou na praia. (ARAÚJO, 1961, p. 51).

Deficiência de ordem e beleza – existe uma correlação positiva entre educação estética

por um lado e inteligência, moralidade e bem-estar por outro. (ARAÚJO, 1961, p. 53).

O computador conduziu a uma nova relação em termos de espaço e de tempo; o

ciberespaço substituiu o espaço físico e conseguimos não só perceber até que ponto o computador é uma ferramenta mas também a forma de se poder tirar partido desta ferramenta a favor do homem, e notamos como do mesmo modo que se defendem processos híbridos para o homem, também, essa situação se reflete na arquitetura. Neste contexto, o computador e as suas possibilidades conduziram a uma revolução em termos de espaço e de tempo, passando-se, em pouco mais de um século, de uma condição pré industrial para o ciberespaço, pelo que o tema da arquitetura virtual tem vindo a ser discutido cada vez de forma mais generalizada. (CHAVES, 2010, p. 36).

Impérios vazios - Analisada a cidade que temos, de forma anacrónica, releva assumir

que o tecido urbano abandonou a resposta efetiva e afetiva aos anseios humanos. Que a mutação social foi célere e transpôs autista o tempo de adaptação das metrópoles, que forçou o abandono negligente da condição humana. Que lugar resta ao arquiteto? Na forma do técnico da construção das realidades aparentes do nosso tempo é-lhe fulcral que faça a análise crítica e pragmática por forma a chegar à cicatrização do organismo urbano. (CHAVES, 2010, p. 93).

2.1 A atual modernidade

Todas as estatísticas apontam para um crescimento das principais/grandes cidades. Hoje no mundo inteiro (BENEVOLO, 2007, p. 725), de facto, a população total dobra a cada trinta anos; a população urbana dobra a cada quinze anos; a população urbana “marginal” dobra a cada sete anos e meio. Os países “desenvolvidos” – Europa e Estados Unidos – estão somente em parte ao abrigo destas mudanças. De facto, nos últimos anos, as construções abusivas multiplicaram-se também em alguns países europeus: Em Roma, vivem 800.000 pessoas em casas construídas sem licença para construção e formam uma cidade separada do resto, e são demasiado numerosas para serem consideradas um facto provisório. A formação de uma cidade irregular ao lado da regular – que no mundo inteiro é o problema dominante – obriga a considerar

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de outra maneira o desenvolvimento da arquitetura moderna nos últimos cinquenta anos e suas perspetivas futuras.

Quais as tendências sociais para um horizonte de 20 a 30 anos? Será uma reviravolta total com o regresso à terra? Como será a sociedade em 2030, 2040?

Segundo Ascher3, as sociedades ocidentais mudaram muito nas últimas décadas e continuarão a mudar segundo várias dinâmicas.

Em primeiro lugar, a evolução da sociedade é animada por um processo duplo, que é ao mesmo tempo de individualização e de socialização: os indivíduos aspiram a mais autonomia mas ao mesmo tempo inscrevem-se mais em redes sociais complexas e dependem de grandes sistemas técnico-económicos. Este processo de individualização transforma as estruturas familiares e profissionais, inscreve os indivíduos em redes feitas de uma grande multiplicidade de laços sociais fracos: cada um conhece mais pessoas mas tem com elas relações menos intensas. Toda a espécie de objetos e de técnicas, particularmente os meios de transporte e de telecomunicação, são utilizados pelos indivíduos para tentar dominar tanto quanto possível os seus espaços-tempo para tentar fazer o que querem, onde o querem, quando o querem, com quem o querem.

Em segundo lugar, os domínios da vida social dissociam-se e articulam-se mais individualmente, cada um tende a diferenciar os seus comportamentos e os seus projetos nas diversas esferas da vida social – trabalho, família, vizinhança, amizade, compromisso social, etc. – mas cada um passa também constantemente de um para o outro, jogando com os valores e os códigos destas diferentes esferas.

Em terceiro lugar, assiste-se também à busca da “racionalização”, quer dizer, por um lado, ao enfraquecimento das tradições, costumes, rotinas e à mobilização cada vez mais direta e quase permanente, das ciências e das técnicas para qualquer ação; por outro lado, as ciências e a investigação desempenham um papel crescente na sociedade e mais particularmente na economia. A tal ponto que se fala de uma “sociedade de conhecimento”.

Por fim, o quarto e duplo processo de modernização é a mercantilização, que é acompanhada por uma “regulação” crescente de que é o corolário: a economia ganha importância, aumenta sem cessar o campo das relações comerciais e inventa novas mercadorias; mas o seu desenvolvimento torna necessário o reforço da regulação pública, por um lado para promover, garantir ou proteger o mercado, por outro lado para o compensar ou para corrigir alguns dos seus efeitos. Assim, contrariamente a uma imagem liberal ingénua, a expansão do campo da economia para a sociedade gera intervenções públicas. Da mesma forma, de resto, que as aspirações a mais direitos individuais têm necessidade de poderes públicos capazes de os promover e de os defender.

Esta dinâmica de modernização gera uma sociedade cada vez mais complexa. Os indivíduos levam aí vidas muitas vezes variadas e que mudam ao longo do seu ciclo de vida. Têm interesses heterogéneos conforme reagem enquanto habitante de um bairro, citadino de uma aglomeração, trabalhador de um setor de atividade, membro desta ou daquela rede ou grupo de atividades. O que não deixa de complicar o funcionamento da democracia, porque se torna mais difícil para estes indivíduos fazerem-se representar. Isto obriga os poderes públicos a 3 ASCHER, François - Novos Princípios do Urbanismo. Novos Compromissos Urbanos. Lisboa: ed. Livros

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desenvolverem novas formas de ação para promover uma “governabilidade” capaz de construir consensos tão grandes quanto possível e apoiar-se em maiorias Ad Hoc em função dos desafios.

2.2 O espaço urbano

Figura 4 | Espaço urbano – «A nossa civilização é iminentemente urbana. Mesmo em Portugal, país

moderadamente urbanizado, o teatro urbano, como experiência de vida permanente ou ocasional, em todos exerce acentuada influência». Teresa Salgueiro – A Cidade em Portugal. Uma Geografia Urbana. 1992.

As quatro cidades4 - Ascher considera, de forma simplificada, que pudemos distinguir,

no seio das grandes cidades (metápoles), quatro grandes tipos de cidade e de modos de vida que mais ou menos lhes correspondem.

Uma parte da população gosta da cidade, faz um uso intensivo dos seus equipamentos e

para isso está pronta a sacrificar a sua superfície habitável privativa. Trata-se sobretudo de camadas médias altamente qualificadas, jovens e de seniores com um forte capital cultural. Estes grupos estão em expansão e ativam muito o mercado imobiliário das cidades-centros. Representam cerca de 40% da população.

Uma segunda parte da população gosta muito menos da cidade, todavia necessita dela.

Localiza-se portanto na sua periferia em habitat individual com um jardim privativo, se possível. Trata-se sobretudo de famílias com crianças, pertencentes às camadas sociais modestas e médias. Estes suburbanos deslocam-se muito tangencialmente em relação à aglomeração, 4 ASCHER, François - Novos Princípios do Urbanismo. Novos Compromissos Urbanos. Lisboa: ed. Livros

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nomeadamente para irem para o seu trabalho ou aos centros comerciais. Frequentam menos os equipamentos metropolitanos mas têm necessidade de poder aceder periódica e facilmente ao centro. Estes suburbanos representam perto de 40% da população.

Uma terceira parte da população escolheu viver no campo aproveitando ao mesmo

tempo o quadro metapolitano. Portanto, estes “rurbanos” deslocam-se muito, estão em geral multimotorizados e são ao mesmo tempo portadores de um imaginário anticidade. Muita gente partilha este sonho, mas o número daqueles que passam ao ato é mais baixo porque é um modo de vida muito caro. Pode-se considerar que abrangem cerca de 10% da população.

Por fim, uma quarta parte da população é verdadeiramente colocada a residir nos grandes conjuntos de habitação social. Um bom número dos seus habitantes vive quase preso nestes bairros, ainda que eles estejam geralmente subequipados. Frequentam pouco o centro da cidade e têm dificuldade em se deslocar e em aceder ao mercado de emprego. Estes bairros acolhem cerca de 10% da população.

A cidade emergente, segundo Jorge Carvalho (CARVALHO, 2003a, p. 35), pode caracterizar-se pelas seguintes imagens figurativas:

- CIDADE MÓVEL: na cidade antiga a regra era a sedentariedade. Na cidade emergente a mobilidade transformou-se na base das relações sociais e espaciais. A proximidade já não é apenas uma questão de espaço, mas de tempo. O urbano transformou-se num homem móvel, motorizado. Caminhar a pé está em declínio. A sociabilidade de vizinhança está a ser substituída por uma outra, organizada por afinidades, dispersa num território cada vez mais vasta.

– CIDADE-TERRITÓRIO: a cidade antiga era contínua e limitada. A cidade emergente estende-se, dispersa-se por territórios cada vez mais vastos, abrangendo o próprio campo. Ocorrem deslocações quotidianas entre periferias e entre cidades. A cidade transforma-se ou integra-se em região urbana.

– CIDADE-NATUREZA: estendendo-se, descontínua a cidade abrange a natureza, abrange o campo. Não é mais a cidade verde, de jardins e parques. É a própria agricultura por adotar modos de vida urbanos e pela interpenetração territorial, que integra a cidade.

– CIDADE POLICÊNTRICA: emergem nas centralidades ligadas ao consumo. Tal emergência não faz desaparecer nem declinar os antigos centros europeus (como aconteceu nas cidades norte americanas), nem corresponde a um sistema hierarquizado. Assenta sobretudo nas grandes superfícies comerciais, espaços claramente plebiscitados pelo consumo e que, tal como as antigas praças, não integram barreira visível ou segregação, são lugares de estar, de procura e novidade.

– CIDADE DAS ESCOLHAS PESSOAIS: na cidade antiga as relações sociais e funcionais ocorriam entre o quarteirão/vizinhança e o centro único. Agora, na cidade emergente, a mobilidade, a cidade-território e o policentrismo alimentam a possibilidade de escolha pessoal. Cada habitante constrói a sua própria rede de sociabilidade. Os espaços de lazer situam-se fora da cidade, constroem-se novas identidades a partir de uma multiplicidade de elementos do território e não mais a partir da vizinhança e de um espaço central.

- CIDADE VAZIA: (melhor seria dizer dos espaços não edificados). É consequência da fragmentação e dispersão, da cidade-território, da cidade-natureza. Esta realidade, em que os espaços urbanizados ou edificados se misturam com outros: agrícolas, florestais ou simplesmente

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não utilizados e com as dimensões mais diversas, questiona frontalmente a racionalidade da cidade antiga, colocando novos problemas.

Em Portugal, a maioria dos aglomerados urbanos, incluindo as cidades, não possui cadastro urbano. O Instituto Geográfico Português apenas tem o cadastro rural a Sul do rio Tejo.

Sobre as propriedades pertencentes ao domínio público, nem as autarquias sabem ao certo o que lhes pertence. E no caso da Covilhã, por informação municipal, sabe-se que esse “conjunto” é apenas uma listagem e não está cartografado.

Para as áreas de reabilitação urbana, o Decreto-Lei n.º 53|2014, de 8 de Abril de 2014, surge como tentativa de resposta às exigências acumuladas pela legislação excessiva e cega. Contudo, esta medida “temporária” por apenas sete anos, não nos parece adequada, pelo que deveria ser substituída por uma definição clara e objetiva das condições mínimas de habitabilidade, a serem exigidas nas referidas áreas de reabilitação urbana.

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P3 Os Vazios Urbanos

Um escritor antigo registou uma poderosa verdade: a maior notícia que o mundo já ouviu veio de um túmulo vazio! … Ressurreição!

Figura 5 | Túmulo vazio. Ressurgiu!5(Mateus 28. 1-10). Fonte: Google.

Os vazios urbanos são fenómenos urbanos comuns a qualquer cidade e podem ser considerados como um dos seus principais elementos morfológicos estruturais ou ainda como uma categoria estrutural de análise da cidade, apresentando-se como uma das formas essenciais para entendê-la, face à sua nova condição urbana e à sua complexidade. São locais onde a cidade pode redefinir-se, aproveitando-se dessas áreas para crescer de forma mais ordenada, arejada e sustentável.

5 O texto de Mateus 28. 1-10 traz a mais extraordinária de todas as notícias: «Ele vive!» A ressurreição de Cristo é o ponto focal da esperança cristã. O apóstolo Paulo, por exemplo, faz referência a esse fato marcante cerca de 53 vezes em seus escritos. Um dos grandes perigos da atualidade é a subtil desconstrução da ressurreição – num mundo sem encantos, uma ressurreição sem fascínio, sem perplexidade, uma teologia sem prática. É a tentativa satânica de ridicularizar o magistral.

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3.1 Antecedentes sobre os vazios urbanos

O tema dos vazios urbanos não é novo mas tem vindo a aumentar na preocupação pelas consequências e no número de iniciativas de estudo e divulgação, tendo surgido:

Em Espanha

Em 1996, Solà-Morales6 define vazios por meio da expressão francesa “terrain vague”, em virtude da multiplicidade de significados que esta expressão permite: “vague” no sentido de vacante, vazio, livre de atividade, improdutivo e em muitos casos obsoleto, mas também “vague” no sentido de impreciso, indefinido, vago, sem limites determinados, sem um horizonte de futuro.

Em Portugal

Em 2000, os vazios urbanos surgem como tema geral das investigações e aplicações práticas, desenvolvidas por alunos e professores durante o I Seminário Internacional de Arquitetura7com o objetivo principal de «preencher o vazio»8.

Em 2000, Nuno Portas9 alerta para a moda europeia do enchimento dos vazios que pode agravar as condições ambientais do centro das cidades e adiar a requalificação das periferias, e considera que os vazios tendem a tornar-se oportunidades previsíveis mas sem prazo. Podem constituir uma base fundiária para intervenções estratégicas de regeneração urbana.

Em 2007, como tema central da 1ª trienal de Lisboa10, com especial dedicação aos espaços residuais ou marginais à cidade formal, cuja abundância nacional tanto testemunha a incapacidade de regulação espacial dos nossos territórios.

Em 2007, como tema do «Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis»11. Foram apresentadas as seguintes comunicações, em diferentes temas e contextos:

No contexto português:

- Francisca Magalhães12 mostra maior preocupação com o sentido a dar aos «espaços esvaziados» (de uso ou de sentido) da cidade alargada e apresenta uma metodologia de abordagem para o caso de Canidelo, Vila Nova de Gaia;

6 SOLÀ-MORALES, Ignasi - Presente y futuros. La arquitectura en las ciudades. In: Congresso de la Unión Internacional de Arquitectos (UIA), Barcelona, 1996. p. 10-23.

7 UAL - I Seminário Internacional de Arquitetura - Lisboa, Vazios Centrais Metropolitanos. Lisboa: ed. Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), 2000.

8 FERNANDES, José - Preencher o Vazio. Lisboa: Arquitetura e vida, 2001. p. 42-47.

9 PORTAS, Nuno - Do Vazio ao Cheio. Publicações da pós-graduação da Faculdade de Arquitectura e Urbanismo da Universidade de Brasilia (FAUUB), 2000.

10 TRIENAL DE ARQUITETURA DE LISBOA – Vazios Urbanos. Lisboa: ed. Caleidoscópio, 2007.

11 ISCTE - Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

12 MAGALHÃES, Francisca; Strecht, P.; Corujo, T. - Oportunidades de Intervenção na Cidade Extensiva. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

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- Pedro Jorge13 manifesta a necessidade de ampliar a noção de «Vazio» aos topos e empenas de edifícios existentes;

- Cristina Cavaco14 aborda os «espaçamentos» da «cidade inversa» como referências suburbanas ilegítimas;

- Rui Duarte15 considera que os cheios e os vazios são espaços de relação com valências equivalentes e refere o caso do interior dos quarteirões das Avenidas Novas, cuja dimensão abre muitas possibilidades para utilização como espaços verdes públicos alternativos à rua;

- Sofia Morgado16considera o vazio como o protagonista contemporâneo das metrópoles e apresenta uma investigação sobre a formação metropolitana de Lisboa a partir do desocupado;

- Pedro Janeiro17 compara os vazios na cidade com os silêncios na música, e considera que a decadência da cidade se deve à negação de si mesma, porque cada vez mais se encontra destituída do seu sentido original (Pólo, encontro, cabeça). Os cheios só são úteis se forem efetivamente vividos, senão são inúteis, e a cidade também está cheia deles. O problema não está na diferença entre cheios e vazios, está na indiferença com que muitos assistem a essa decadência global;

- Ana Tomás18 considera importante a defesa da identidade das vilas operárias como símbolo de uma cidade oculta que se organiza a partir de vazios;

- Cláudia Sisti19 estabelece a relação de complementaridade entre cheio e vazio no binómio terra-água (cidade e rio) entendendo-se o rio Tejo como reserva de vazio;

- Cristóvão Pereira20 apresenta o caso dos chafarizes de Lisboa como memória e valorização dos espaços públicos e a sua importância na imagem da cidade;

- Mafalda Sampayo21 apresenta um projeto realizado para um concurso público de ideias para o local da antiga feira popular de Lisboa com uma localização privilegiada, de grande dimensão (4,5 hectares) e totalmente plano;

13 JORGE, Pedro - Vazios Úteis - Cerzir a Cidade. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

14 CAVACO, Cristina - Os Espaços ilegítimos ou a condição suburbana do vazio. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

15 DUARTE, Rui - Vazios Úteis. Desenho, representação, conteúdo e vivência. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

16 MORGADO, Sofia - Protagonismo da ausência, interpretação urbanística da formação metropolitana de Lisboa a partir do desocupado. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007. p. 1-7.

17 ANEIRO, Pedro - Cheios Inúteis. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

18 TOMÁS, Ana – Cidade oculta – A vila operária. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

19 SISTI, Cláudia - Superfície Ativa. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

20 PEREIRA, Cristóvão – Chafarizes de Lisboa – Monumento e função prática. A importância das funções dos equipamentos e mobiliário urbano para a sustentabilidade do espaço público. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

21 SAMPAYO, Mafalda – Desenhar no vazio: O caso de estudo da feira popular. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

(32)

- Mauro Moro22 apresenta a aplicação do conceito vazio como instrumento conceptual na arquitetura sem volume fechado, marcando territórios;

- Patrícia Pedrosa23 apresenta o desenvolvimento do caso da cidade universitária de Lisboa, onde os vazios deram lugar aos cheios num processo demorado e difícil;

- Paula André24salienta a importância do conhecimento da evolução histórica dos vazios (praças), enquanto espaços públicos e cita Nuno Portas «… O que mais caracteriza a cidade são

os seus “vazios”, que são aquilo que mais perdura na história da humanidade. Esses espaços são apenas aparentemente vazios»;

- Rita Ochoa25 aborda as frentes de água como um limite que compõe a imagem da cidade, onde a requalificação dos vazios urbanos podem ajudar a clarificar melhor essa distinção entre água e cidade;

- Teresa Mendes26 apresenta o caso dos vazios envolventes ao aqueduto das águas livres em Lisboa e chama a atenção para a necessidade de entender este património a uma escala territorial e não somente a local;

- Tiago Santos27aborda a transformação da imagem urbana da cidade e as mudanças dos hábitos de vida na sociedade contemporânea.

No contexto brasileiro:

- Ana Medeiros28 salienta a necessidade de completamento e preenchimento dos vazios projetuais da cidade de Brasília;

- Ana Rodrigues29 considera que os vazios urbanos resultam de falhas do processo de urbanização e cita Milton Santos (2005) «… as cidades brasileiras, sobretudo as grandes, ocupam,

de modo geral, vastas superfícies entremeadas de vazios». Para se ter cidades sustentáveis é preciso ocupar inteligentemente os seus vazios.

- André Cardoso30 aborda a arquitetura efémera dos mercados e feiras e da necessidade de preservar e incentivar a utilização de “vazios”.

22 MORO, Mauro – AZC - Arquitetura a zero cubicagem. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007. 23 PEDROSA, Patrícia – Cidade universitária de Lisboa, vazios cheios urbanos ou as géneses alimentadoras

de equívocos. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

24 ANDRÉ, Paula – A construção da memória dos vazios da cidade. Conhecer para divulgar e divulgar para revelar. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

25 OCHOA, Rita – Espaço público e frente de água [Repensar o limite]. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

26 MENDES, Teresa – Do aqueduto de Lisboa aos novos vazios. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos -Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

27 SANTOS, Tiago – Postais para Lisboa. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

28 MEDEIROS, Ana - Brasília, o Museu, a Biblioteca e o Vazio Urbano: elementos de reflexões. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

29 RODRIGUES, Ana - A Politização do Vazio. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

30 CARDOSO, André – Arquitetura efémera dos mercados populares: Construções formais para eventos turísticos. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

(33)

- Jane Borghetti31 apresenta e compara dois casos, em Rio Grande e Porto Alegre, de revitalização espontânea e programada de vazios urbanos;

- Karine Silva32apresenta o caso das áreas degradadas e informais da cidade de Salvador e defende a apropriação dos vazios urbanos para a construção de habitação social;

- Eliana Kuster33aborda a atual transformação do espaço público e considera que a rua é hoje menos um espaço de encontro e mais de conexão;

- Maria Villac34 apresenta o projeto singular de Mendes da Rocha para a Praça do Patriarca no Centro Velho de São Paulo para demonstrar como a arquitetura pode contribuir para a tornar a cidade mais atrativa através da introdução de elementos simbólicos;

- Martha Campos35 apresenta o caso dos vazios intersticiais, como novas periferias interiores, na região metropolitana da Grande Vitória;

- Carlos Oliveira36apresenta o caso do vazio ferroviário da cidade de Araçatuba e da sua requalificação como Centro Cultural Ferroviário, contrariando a habitual demolição integral para especulação imobiliária;

- Lilian Vaz37 apresenta um caso especial no Rio de Janeiro de ocupação de um vazio industrial esvaziado, cercado de favelas para uso social e cultural;

- Vera Hazan38apresenta vários exemplos de utilização de vazios junto aos leitos dos rios para zonas de lazer e melhoria da acessibilidade pedonal.

No contexto espanhol:

- A.Remesar39 apresenta exemplos de reconversão de vazios urbanos em Barcelona com utilização de arte pública em espaço público.

31 BORGHETTI, Jane – Revitalização espontânea – Estudos de caso – Av.Major Carlos Pinto na cidade do Rio Grande e da rua da praia em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

32 SILVA, Karine – O espaço social da cidade informal: por uma nova lógica na apropriação dos vazios urbanos. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

33 KUSTER, Eliana – Maldita rua. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

34 VILLAC, Maria – Um novo discurso para a megacidade. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos -Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

35 CAMPOS, Martha – Vazios operativos da cidade. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007. 36 OLIVEIRA, Carlos – Complexo cultural ferroviário de Araçatuba. Comunicação ao Seminário Estudos

Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

37 VAZ, Lilian - Quilombo das artes: Iniciativa popular, uso residencial e ações culturais em vazio industrial no Rio de Janeiro. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

38 HAZAN, Vera - As passarelas urbanas como novos vazios úteis na paisagem contemporânea. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

39 REMESAR, A. – Arte público en la reconversión de los vacíos urbanos: Barcelona. Comunicação ao Seminário Estudos Urbanos - Vazios Úteis. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Lisboa: 19 a 21 de Julho, 2007.

Referências

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