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Revista da UNIARCH - Unidade de Arqueologia do Centro de História da Universidade de Lisboa (Instituto Nacional de Investigação Científica), vol. 1, 1983-84.
Direcção: Victor GonçaJves
Colaboradores permanentes: Ana Margarida Arruda, J. C. Senna-Martínez, Pedro Barbosa, Helena Cata ri no, Ana Carvalho Dias
Orientação gráfica e capa: Victor Gonçalves
Capa: Ektachrome de V.G. (Vila Nova de S. Pedro, pormenor da fortificação interior) Revisão de provas: Ana Lúcia Esteves e Mário Cardoso
Fotocomposto por Textype, Lisboa
Impresso por Minerva do Comércio, Lisboa, 1985
Distribuído por Imprensa Nacional, Rua Marquês Sá da Bandeira, 16 A, 1000 Lisboa
As ideias expressas pelos colaboradores de CLlO/ ARQUEOLOGIA não são necessariamente as da
Unidade de Arqueologia.
Toda a correspondência:
Unidade de Arqueologia. Centro de História. Faculdade de Letras. 1699 Lisboa Codex - Portugal. Aceita-se permuta/Echange accepted/On prie l'échangelTauschverkehr erwünscht
eLlO/ARQUEOLOGIA, REVISTA DA UNIARCH, VOL. 1, LISBOA, 1983-1984 105
Contribuições para uma
tipologia da olaria do
Megalitismo das Beiras:
olaria da Idade do Bronze (I)
J. C. SENNA MARTINEZ" com a colaboração deMARIA DE FÁTIMA DA SILVA GARCiA .. .. e MARIA JOSÉ DE OLIVEIRA ROSA .... ..
No âmbito dos trabalhos que vimos desenvol-vendo para o estudo dos vários aspectos de que se reveste o fenómeno megalítico na bacia do Mondego e, especialmente, ao iniciarmos, a convite do Senhor Professor Doutor João de Castro Nunes, o estudo das colecções cerâmi-cas dos monumentos da Sobreda, Seixo da Bei-ra e Bobadela, deparámos com alguns mate-riais, particularmente a olaria, apontando para uma cronologia da Idade do Bronze. Tal cronolo-gia, confirmando um horizonte de utilização - se não de construção em alguns casos-tardio, para os respectivos monumentos, parece confirmar aspectos já antevistos por Vera Leis-ner (1959:1.50) e, além de recomendar a publi-cação urgente do respectivo corpus de mate-riais, abre perspectivas de investigação do maior
interesse na sequência de posições já por nós anteriormente defendidas (SENNA-MARTINEZ & LUZ, 1983; SENNA.!MARTINEZ, 1982 e 1983).
Após uma primeira apreciação dos dados dis-poníveis - materiais do Museu Regional de Ar-queologia de Arganil- decidimos verificar a aplicação do modelo explicativo concebido a ou-tras estações congéneres da região em estudo. Neste sentido, uma vez obtida a competente au-torização, alargámos o nosso estudo aos mate-riais dos dólmenes das Beiras recolhidos por iniciativa do Professor Leite de Vasconcelos na viragem do século XIX para' o século xx e em depósito no museu que tomou o seu nome.
É pois um primeiro estudo da olaria que, nos monumentos megalíticos das bacias do Médio
• Assistente do Departamento de História da FLL. Investigador da UNIARCH, Centro de História, Fac. Letras, 1699, Lisboa Codex Portugal.
•• Licenciada em História (FLL). Colaboradora da UNIARCH . ••• Aluna do Curso de História FLl.
INDICE Editorial
- Apresentação, seguida de uma Pavana por uma arqueologia (quase) defunta, com votos de pronto restabelecimento
Victor Gonçalves ... 9-15 Estudos e intervenções
- Um corte através da fortificação interior do castro calco lítico de Vila Nova de S. Pedro,
Santarém ( 1 9 5 9 ) . .
H. N. Savory ...... 19-29 - A cronologia absoluta (datações C14) de Zambujal
H. Schubart e E. Sangmeister ...... 31-40 - O povoado calcolítico de Leceia (Oeiras), La e 2.a Campanhas de escavação, (1982,
1983)
João L. Cardoso, Joaquina Soares e Carlos Tavares da Silva ... 41-68 - Cabeço do Pé da Erra (Coruche), contribuição da campanha 1 (83) para o
conhecimen-to do seu povoamenconhecimen-to calcolítico
'Victor Gonçalves ...... ... ... 69-75 - Resumos de intervenções em Escoural (Montemor-o-Novo) e Monte da Tumba
(Torrão)
Rosa e Mário Varela Gomes, M. Farinha dos Santos, Joaquina Soares e Carlos
Tava-res da Silva ... ... ... . . . 77 -79 - Doze datas 14C para o povoamento calcolítico do cerro do Castelo de Santa Justa
(Alcoutim): comentários e contextos específicos
Victor Gonçalves ... . 81-92 - Precisiones en torno a la cronologia antigua de Papa Uvas (Aljaraque. Huelva)
J. C. Martín de la Cruz .. ... 93-1 04 - Contribuições para uma tipologia da olaria do megalitismo das Beiras: olaria da Idade
do Bronze .
J. C. Senna-Martínez .... 105-138 Em discussão
-- Povoados calcolíticos fortificados no Centro/Sul de Portugal: génese e dinâmica evo-lutiva Victor Gonçalves, João Cardoso, Rosa e Mário Varela Gomes, Ana Margarida Arruda, Joaquina Soares, Carlos Tavares da Silva, Caetano de Mello Beirão, Rui
Parreira. . . . . . .. 141-154 Arqueologia hoje (Conversas de Arqueologia & Arqueólogos)
- Jean Guilaine responde a Victor Gonçalves Medir e contar
- Contribuições arqueométricas para um modelo socio-cultural: padrões volumétricos na Idade do Bronze do centro e NW de Portugal
157-166
J. C. Senna Martínez ...... 169-188 Varia Archaeologica
- Três intervenções sobre arqueologia no Algarve
Victor Gonçalves, Ana Margarida Arruda, Helena Catarino 191-196 - Arte~acto de pedra polida de grandes dimensões provenientes de Almodêvar (Beja)
Em construção. Relatórios de actividade
- Programa para o estudo da antropização do Baixo Tejo e afluentes: Projecto para o estudo da antropização do Vale do Sorraia (ANSOR)
Victor Gonçalves, Suzanne Daveal' ... '" . ... . .. . .... . .. . . ... 203-206 - Programa para o estudo da evolução das sociedades agro-pastoris, das origens à
metalurgia plena, dos espaços abertos aos povoados fortificados, no Centro de Portu-gal (ESAG).
Victor Gonçalves ..... 207-211 - O monumento n.o 3 da Necrópole dos Moinhos de Vento, Arganil - A Campanha
1(84).
J. C. Senna-Martínez ... 213-216 - Alcáçova de Santarém. Relatório dos trabalhos arqueológicos de 1984.
Ana Margarida Arruda ... ... 217-223 - Anta dos Penedos de S. Miguel (Crato). Campanha 2(82).
Victor Gonçalves, Françoise Treinen-Claustre, Ana Margarida Arruda, Jean Zammit.. 225-227 - Anta dos Penedos de S. Miguel (Crato). Campanha 3(83).
Victor Gonçalves, Françoise Treinen-Claustre, Ana Margarida Arruda, Jean Zammit 229-230 - Cerro do Castelo de Santa Justa (Alcoutim). Campanha 5(83). Objectivos, resultados,
perspectivas.
Victor Gonçalves ...... 231 -236 - Cerro do Castelo de Santa Justa (Alcoutim). Campanha 6(84). Resumo de conclusões.
Victor Gonçalves ...... ... 237-243 - Escavações arqueológicas no Castelo de Castro Marim. Relatório dos trabalhos de
1983.
Ana Margarida Arruda ... ... 245-248 - Escavações arqueológicas no Castelo de Castro Marim. Relatório dos trabalhos de
1984.
Ana Margarida Arruda ... 249-254 livros Novos, Novos Livros
- Para uma arqueologia total. Luís Gonçalves, Paula Ferreirinha - Pré-História e Decadência.
257-259 Teresa Gomes da Costa, António Baptista ....... 259-262 - Pré-História Europeia, entre o ensino e o mito.
Nuno Carvalho Santos ...... 262-264 Notícias e Recortes
As primeiras comunidades rurais no Mediterrâneo Ocidental ... . Comissão Directiva do Centro de História ... ... . Quinta do Lago, uma intervenção de emergência da UNIARCH ... . A UNIARCH e o projecto ANSOR em Coruche ... ... . Encontros UNIARCH/MAEDS ... , ... .
Novas grutas em Torres Novas ." ... , ... , ... , ... , ... , Doutoramento em Pré-História .,., .. , ... " ... , ... . Novo doutoramento em Arqueologia ... , ... , .... " ... , ... " .... ", .. Vila Nova de S, Pedro: o recomeço , ... , ... , .. , .... , ... " .... , ... " ... , ... , Publicações da UNIARCH .. , ... , ... , ... , .. ,." ... " .... ... . Governador Civil de Faro visita escavações do Cerro do Castelo de Santa Justa , ... . RECORTES .. " . " " , .... " " , ... ",.", ... ,., .... , .... " ... , ... . Em anexo
Textos de Arqueologia em CLlO, Revista do Centro de História da Universidade de Lisboa (1979-1982) ... :, ... , ... . Autores de textos em CLlO/ARQUEOLOGIA 1: observações e endereços .. ... .
.267-269 269 270-271 272-273 273 273-273 274-276 276-277 277 277 278 279-283 287-288 289
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p~~~~~~~~~~~:~ ar,. .- Fig. 1 - Localização dos monumentos referidos no texto: 1 - Dólmen dos Moinhos de vento; 2 - Dólmen da Bobadela; 3 - Dólmen do Seixo da Beira; 4 -Dólmen da Sobreda; 5 - Orca do Rio Tortl 6 - Orca do Carvalhal; 7 - Orca dos Braçais; 8 - Orca dos Pa-drões; 9 - Casa da Orca da Cunha-Baixa; 10 - Orca das Antas; 11 - Orca dos Juncais; 12 - Orca do Tanque; 13 - Orca de Fortes. Os números romanos e os triãngulos pretos indicam o número de concessões mineiras de estanho em cada local. G - Couto mineiro de Góis; M - Couto mineiro de Malhão; L - Couto mineiro de Lagares.
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-Fig. 3 - Tipos e subtipos da olaria da Idade do Bronze identificados nos dólmens estudados.
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. '.'.'''' 11.2 o Sem I I I I rFig. 4 - Tipos e sublipos da olaria da Idade do Bronze idenlillcados nos dólmens estudados.
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-110 % 40 30 20 10 Tipo.Fig. 6 - Dendograma correspondente aos pares de volumesl /artefactos-similitudes determinados para os 17 vasos tronco-có-nicos invertidos completos, provenientes dos monumentos estuda-dos. As chavetas ao alto do lado esquerdo Indicam os clusters de-terminados. TAlO
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Fig. 5 - Histograma de frequências relativas dos tipos e subtlpos da olaria da Idade do Bronze dos monumentos estudados.
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Mondego, e Alto Vouga, é atribuível à Idade do Bronze, que integra este trabalho com que ini-ciamos a publicação dos resultados de investi-gação desenvolvida em colaboração com alunos nossos, alguns dos quais dela participando desQe 1980, caso de Maria de Fátima Garcia.
Ao Senhor Professor Doutor João de Castro Nunes agradecemos todo o apoio e interesse com que tem acompanhado o nosso trabalho bem como a cedência dos materiais provenien-tes das suas escavações nos monumentos da
So.breda, Seixo da Beira e Bobadela.
A
Senhora Dr.a D. Isabel Pereira, Directora doMuseu Municipal do Dr. Santos Rocha, agrade-cemos a autorização para estudarmos as rpectivas colecções bem como a cedência do es-boço do vaso da Sobreda número MMSR 2761.
Ao Museu Nacional de Arqueologia e Etnolo-gia, na pessoa do seu Director, Senhor Dr. Fran-cisco Alves, agradecemos o acesso e autoriza-ção para estudo das colecções já referidas. Agradecemos ainda aos Dr. Rui Parreira,
Dr.a Ana Isabel Santos, Sr.a D. Margarida Cunha
e Sr.a D. Luísa Guerreiro, funcionários do
mes-mo museu o apoio e atenções dispensados du-rante o referido estudo.
1. OS MONUMENTOS: LOCALIZAÇÃO, AMBIENTE GEOGRÁFICO E CONTEXTO DOS MATERIAIS ESTUDADOS
Os treze monumentos cujos materiais estudá-mos e referireestudá-mos distribuem-se segundo três
conjuntos geográficos (fig. 1): o Dólmen n.o 1
dos Moinhos de Ventos, no vale do Médio Alva, constituindo o nosso referencial para a tipologia da olaria graças ao seu conjunto homogéneo de materiais hoje bem conhecido e estudado (CAS-TRO NUNES, 1974; SENNA-MARTINEZ, 1981); o «grupo do Médio Mondego», com monumentos adossados 'a afluentes em ambas as margens e englobando, os dólmens da Bobadela, Sobreda e Seixo da Beira, as orcas do Carvalhal, Rio Torto, Braçais e Padrões e a Casa da Orca da Cunha-Baixa; finalmente, o «grupo do Alto Vou-ga e Alto Paiva», com as Orcas dos Juncais,
Antas, Tanque e Forles.
Além do já referido monumento dos Moinhos de Vento, também os da Bobadela, Seixo da Beira e Sobreda foram já objecto de descrição pormenorizada incluindo a sua localização
preci-sa na Garta Militar Portuguesa (C.M.P.) na
es-cala 1 :25000 (SENNA-MARTINEZ, 1982 e
1983; SENNA-MARTINEZ & LUZ, 1983), pelo
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Fig. 7 - Taça funda elipsoidal do Dólmen n.o 1 dos Moinhos
de Vento, decorada com uma banda paralela ao bordo de linhas ondeadas a pente.
que a eles nos referiremos adiante de forma abreviada.
1 .1. A Necrópole dos Moinhos de Vento (fig. 1, 1 j
O conjunto de monumentos que integram esta necrópole situa-se no topo da encosta sudeste da Lomba do Ganho, uma elevação com cota máxima absoluta de 214 m, encaixada num meandro da margem Sul do Rio Alva, a 2 km em linha recta da Vila de Arganil, na freguesIa de
Secarias. As coordenadas do seu Dólmen n. o 1
são 207.475/363. GAUSS, folha 232 da C.M.P. 1 :25000. O conjunto foi já alvo de várias publi-cações (CASTRO NUNES, 1974; SENNA-MAR-TINEZ, 1981, 1983 e 1984a; SENNA-MARTI-NEZ & LUZ, 1983).
1.2. O ~~Grupo do Médio Mondego»
Dólmen da Bobadela (ou do Pinhal da Coitena ou Anta do Pinheiro dos Abraços)
(fig. 1, 2) - Fica no pinhal da Tapada do
Pinheiro, a Norte da estrada Oliveira do Hospital/Bobadela, 500 m a Nordeste do cruzamento com a estrada que segue para Travanca de Lagos. Cota absoluta 450 m, no topo de um pequeno cabeço com alguns afloramentos graníticos, o qual desce sua-vemente para o Rio de Cavalos, 70 m abai-xo e a 900 m do monumento. O monumento
e parte" dos respectivos materiais foram já
objecto de uma publicação (SENNA-MAR-TINEZ, 1982). 221.525/377.625 GAUSS, FI. 222 C.M.P.
112 Dólmen do Seixo da Beira (ou Arcainha
do Seixo) (fig. 1,3) - Situa-se a 1850 ma
Sul da povoação do Seixo da Beira, junto ao lugar denominado «o carvalhal», próxi-mo de vários afloramentos graníticos, qua-se no topo de uma encosta suave (cota
ab-soluta 340 m), sobre uma linha de água que
aflui ao Rio Seia o qual passa a 900 m a
Sul do monumento, 60 m mais abaixo. Tal
como o anterior foi já alvo de publicação
parcelar (SENNA-MARTINEZ, 1982).
224.65/384.925 GAUSS, FI. 211 C.M.P.
Dólmen da Sobreda (ou Arcainha ou
Curral dos Mouros da Sobreda) (fig. 1,
4)-A 850 m a Sudeste da povoação da
Sobre-da, sobre um cabeço com afloramentos
graníticos, a 90 m sobre o Rio Seia de que
dista 750 m, cota absoluta 400 m.
Igual-mente foi já alvo de publicação parcelar
(SENNA-MARTINEZ, 1982). 228/387
GAUSS, FI. 211 C.M.P.
Orca do Carvalhal da Louça (ou Casa
dos Mouros) (fig. 1, 6) - Ao km 32 da
es-trada de Viseu para Paranhos, via Nelas, entre Carvalhal da Louça e Vale da Igreja. Fica na. encosta de um pequeno cabeço
sobranceiro à povoação de Carvalhal da
Louça e a cerca de 250 m a Este da ribeira
que passa na povoação e desagua no
Mondego a 1800 m a Norte do Monumento.
Fica a Norte dos monumentos do Seixo da Beira e da Sobreda e, respectivamente, a
6 km e a 4,5 km deles. 227.125/391.525
GAUSS FI. 200 C~M.P. Foi explorada por
Maximiano Apollinário em Setembro de
1895 e o respectivo espólio está depositado
no Museu Nacional de Arqueologia e Etno-logia (MNAE) onde procedemos ao seu
es-tudo (LEITE DE VASCONCELOS, '1896:
326; MOITA 1966: 265-267). Não existe
qualquer indicação de estratigrafia ou loca-lização precisa dos materiais.
Orca do Rio Torto (ou Pedra da Orca ou
Penedo dos Mouros) (fig. 1, 5) - A cerca
de
13
km a Este da Orca do Carvalhal, ficaa do Rio Torto, situada a Norte da E.N. 14,
ao quilómetro 104, cerca de 300 m antes da
ponte sobre o Rio Torto. Fica a 150 m da
estrada, metida numa vinha que cobre uma
encosta ligeira, a 200 m do rio e sobre a
sua margem Sul. Coordenadas: 240.65/
/392.675 GAUSS, FI. 201 C.M.P. Foi
explo-rada, como a an.terior, por Maximiano
Apol-linario em Setembro de 1895, dando os
respectivos materiais entrada no M.NAE., sem que exista qualquer indicação de es-tratigrafia ou localização precisa d0!5
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201 o 5em I ! ! ! I· !Fig. 8 - Recipientes do Dólmen da Bobadela atribuíveis à
Idade do Bronze: 104 - taça de carena baixa subtipo 1.2.; 106 - taça de carena baixa, subtipo 1.3.; 105 - taça de carena média, subtipo 2.2.; 107 - tigela de base plana; 201 - pote em forma de tambor, subtipo 9.2.
riais (LEITE DE VASCONCELOS, 1896:
325; MOITA, 1966: 268-269).
Orca dos Braçais (ou Orca do Outeiro
de
Espinho) (fig. 1, 7) - Situa-se a cercade 500 m a Este da povoação do Outeiro
de Espinho, 300 m a Norte de uma
peque-na ribeira afluente da margem Norte do Rio
do Salto. Cerca de 1200 m a Este deste
monumento fica o dos Padrões e a Sul, na outra margem do Mondego e a cerca de 6 km, fica a Orca do Carvalhal, já referida.
Coordenadas: 229.675/398.3 GAUSS,
FI. 200 C.M.P. Igualmente cabe a
respon-sabilidade da sua exploração a Maximiano
Apollinario, em Setembro de 1895,
encon-trando-se os materiais no M.NAE. sem qualquer indicação contextuai (LEITE DE
VASCONCELOS, 1896: 326; MOITA, 1966:
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Fig. 9 - Recipientes do Dólmen do Seixo da Beira atribuíveis à Idade do Bronze: 140 - vaso tronco-cónico invertido. subtipo
6.2.; 14/8 - taça de carena baixa, subtipo 1.3.; 60 - taça de carena alta. subtipo 2.3 .. Bases de recipientes do Dólmen do
Seixo da Beira atribuíveis à Idade do Bronze: bases planas-136, 43, 45,102 e 161; bases ligeiramente côncavas - 131 e 46;
carena muito baixa - 123.
Orca dos Padrões (fig. 1, 8) - Fica a
10m a Este do vértice geodésico dos Pa-drões, no topo de um cabeço aplanado a cerca de 750 m a Norte de Vila Nova de Espinho, freguesia da Cunha-Baixa. Está sobranceira cerca de 20 m ao Rio do Salto, na margem direita e dele distando cerca de 300 m. Coordenadas: 230.825/398.425 GAUSS, FI. 200 C.M.P. Explorada por
J. Leite de Vasconcelos em 1892, provindo
a olaria - que, com os restantes materiais
deu entrada no M.N.A.E.- da câmara e entrada do corredor (LEITE DE VASCON-CELOS, 1905: 28-31; MOITA, 1966: 251-254).
Casa da Orca da Cunha-Baixa (ou Casa
da Moira) (fig. 1, 9) - Está situada na
margem direita do Rio Castelo, dele
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5a124 If , 5cm I I I I I 105; MMSR2764/2765Fig. 10 - Recipientes do Dólmen da Sobreda atribuíveis à Idade do Bronze: Taças de carena baixa - subtipo 1.2: 104, 103, 844/845; subtipo 1.3.: 2771; subtipo 1.4.: 102; taças de carena média - subtipo 2.1.: 2777; subtipo 2.2.: 124; Grandes taças de carena média: 103, 104a; Pote de carena média e colo tronco-cónico: 168/210/225; Pote de colo estrangulado: 105/2764/2765.
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Recipientes da Idade do Bronze do Dólmen da Sobreda: 106 - vaso tronco-cónico invertido; 105 - pote de colo estrangu-lado decorado a punção (ponto e traço); 102 - taça de care-na baixa com métopas decoradas por impressões a punção. Fotografias de Amílcar Guerra.
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Idade do Bronze. ,.
do cerca de 250 m, a 850 m a W-NW da povoação da Cunha-Baixa e a 1800 m a Norte da Orca dos Padrões. Coordenadas:
230.5/400.25 GAUSS, FI. 189 C.M.P. Foi
explorada em Setembro de 1892 por J. Lei-te de Vasconcelos recolhendo o respectivo espólio ao museu que tomou o seu nome, hoje M.N.A.E. Os materiais cerâmicos são dados como provindo indistintamente da câmara e corredor (LEITE DE VASCONCE-LOS, 1897: 271-273 e 1904: 303-308; MOI-TA, 1966: 249-251).
Este «grupo» de monumentos tem toda uma série de características em comum do ponto de vista da sua inserção geográfica:
- Todos se inserem no interior de um círculo
de 12 700 m de raio, sendo os monumentos de maior afastamento relativo os de Bobadela, Rio Torto e Cunha-Baixa, desenhando como que um
triângulo com, aproximadamente, 25 km x 117
x 25 km x 11,2 km.
- Todos se situam adossados a um afluente
do Mondego, independentemente da sua impor-tância relativa.
- A região constituiu, na parte que fica na
margem Sul do Mondego, um centro mineiro de certa importância, como o atesta o licencia-mento, só entre 1836 e 1962, de cinquenta e oito
minas de estanho 1. Alguns dos monumentos
in-dicados, caso dos do Seixo da Beira, Sobreda, Carvalhal e Rio Torto, ficam muito próximo de algumas concessões ou mesmo virtualmente sobre elas, caso dos dois primeiros indicados (fig. 1). Contacta ainda a região a Sudeste com o couto mineiro de Malhão e a Este com o de Figueiró da Serra, Gouveia.
1.3. O «Grupo do Alto Vouga e Alto Paiva» Dos cinco monumentos que identificámos nesta zona com cerâmicas atribuíveis ao Bron-ze, somente estudámos quatro. O quinto, a anta da Pedralta, Côta, escavada por José Coelho, tem o seu espólio conservado em Viseu e ainda não nos foi possível ter-lhe acesso (COELHO,
1924; MOITA, 1966: 207).
Orca das Antas (fig. 1, 10) - Fica no local
chamado as «Antas» cerca de 2500 m a Sul de Oueiriga, num cabeço com a cota de 702 m e sobranceira ao Ribeiro do Rebentão o qual lhe passa a 100 m a Este. Coordenadas: 232.75/ /423.7 GAUSS, FI. 168 C.M.P. Fica sobre o cou-to mineiro de Lagares. Foi explorada por Leite
de Vasconcelos em Setembro 'de 1896, tendo o
espólio dado entrada no M.N.A.E. (LEITE DE VASCONCELOS, 1897: 111; MOITA, 1966: 238-239).
Orca dos Juncais (ou Pedra da Orca ou Orca
Fundeira) (fig. 1, 11) - Fica « ... no sítio dos
Juncais, em terreno baldio, a 2 km a N. da
pe-quena povoação da Oueiriga; treg. da
Queiri-ga ... É conheçida na região por Pedra da Orca e
também por Orca Fundeira devido à sua posição
em relação ao monumento do Tanque ... » (MOI-TA, 1966: 230). Foi explorada igualmente por Leite de Vasconcelos em Setembro de 1896.
Es-pólio no M.N.A.E. (LEITE DE VASCONCELOS,
1896: 225; 1897: 110; MOITA, 1966: 230-234). Orca.do Tanque (ou Orca Cimeira) (fig. 1, 12)
- Situada « ... Numa esplanada conhecida
in-destintamente por Orca e Tanque (ambos os
to-pónimos derivados do monumento); freg. de Carvalhal, nos limites entre os concelhos de Sá-tão e Vila Nova de Paiva, incorporado, porém,
118 914.3411 '14.3412
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----.:. .. !l14. 343. 3,
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' 914. 343.4 o Sem ! ! ! ! ! ORRT .....
Fig. 13 - Orca de Rio Torto, olaria da Idade do Bronze: 1 -bordo, decorado com digitações, de pote em forma de tambor, com orificio de suspensão; 2 - colher; 3 - taça hemisférica com rebordo inter-no para assentar a tampa; 4 - taça de carena alta, subtipo 2.2.
neste último ... » (MOITA, 1966: 239). Pertence
ao grupo de monumentos estudados por Leite de Vasconcelos em Setembro de 1896 e com espólio igualmente no M.N.A.E. (LEITE DE VASCONCELOS, 1897: 109; MOITA, 1966: 239-244).
'C]
D
984.3441 984.344.2 984.344.3I
984344.4 Sem ! ! ! ! ORCARFig. 14 - Orca do Carvalhal. Olaria da Idade do Bronze: 1 - taça de carena baixa, subtipo 1.3.; 2 e 3 - taças em calote; 4 - base plana.
, Orca de Forles (fig. 1, 13) - Está situada a 100 m a Sul da povoação de Forles, sede da freguesia do mesmo nome, concelho de Sátão, sobre um pequeno ribeiro, o Córrego de Segões, afluente da margem Sul do Rio Paiva. Coorde-nadas: 240.45/432.075 GAUSS, FI. 158 C.M.P. Foi igualmente explorada por Leite de Vascon-celos em Setembro de 1896 e o espólio recolheu igualmente ao M.N.A.~. (LEITE DE VASCON-CELOS, 1897: 109; MOITA, 1966: 246-248).
Este último grupo de monumentos reveste-se de especial importância, não só pela homoge-neidade dos materiais deles provenientes esta-belecer claramente um grupo regional, mas ainda pelas pinturas que decoram alguns dos esteios, e pela sua situação adossada ao couto mineiro de Lagares e concessões de Queiriga e Cõta (TWOHIG, 1981: 152-154; GARCIA, 1963).
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ORAN
984.341.1 eAOR/C~ !1M. 276.1/2 914.276.3 o 5 I IFig. 15 - Olaria da Idade do Bronze: 984.341.1 - vaso \ronco--cónico invertido da Orca das Antas, decorado com uma fila de digitações junto ao bordo; 984.276.1/2 - parte superior de vaso tambor da Casa da Orca da Cunha Baixa; 984.276:3 - fr.llgmento de taça de carena média decorada sobre a carena por impressão a punção, da Casa da Orca.da Cunha Baixa.
2. OS MATERIAIS
Os materiais estudados, totalizando cento e quinze recipientes reconstituíveis, quarenta e três bases planas ou com carena baixa sem maior possibilidade de atribuição tipológica e mais alguns fragmentos de menor importância, apresentam-se de um modo geral em bom esta-do de conservação, a motivar algumas questões a colocar oportunamente.
2.1. A análise
Os princípios fundamentais que informam a nossa análise são aqueles que definimos já para
o estudo da olaria do Dólmen n.o 1 dos Moinhos
de Vento (SENNA-MARTINEZ, 1981) partindo, aliás, de conceitos já estabelecidos por Shepard (1971: 233-36) e desenvolvidos por Ericson e Stickel (1973: 358-367) e Balfet (1968:
272-278), os quais for~m por nós aplicados, pela
pri-meira vez, noútros contextos arqueológicos e
geográficos (SENNA~MARTINEZ, ·1974). Tive"
mos ainda em atenção, até porque:se tratava do
único estudo do género aplicado a materiai~ da
"'ré-História portuguesa, o trabalho de Tavares
da Silva e J. Soares sobre as cerâmicas
calcoH-ticas do Baixo Alentejo.e Algarve (TAVARES DA
SILVA & SOARES, 1977), conquanto referente a materiais cronológica e culturalmente afastados da nossa área de estudo.
Os atributos escolhidos para estabelecer a
matriz constante do Anexo 1/ privilegram a
análi-se morfológica, partindo da fórmula descritiva tal
como é proposta por Ericson e Stickel (1973:
358-362). Dimensões e fndices (Anexo I).
Segue-se: a forma e orientação do bordo/lá-bio estabelecida segundo a nomenclatura por nós adoptada a partir das propostas de Balfet (1968: 273-275); forma da base; existência ou não de meios de preensão e seu tipo; e técnica de decoração quando esta exista; estes últimos estabelecidos a partir das listas-tipo propostas por M.-R. Séronie-Viyien (1982: 13-31 e 38-53). Conforme já atrás afirmámos, o nosso refe-renciai de partida para o estabelecimento desta nova tipologia é o conjunto de materiais do Dólmen n.O 1 dos Moinhos de Vento, por nós es-tudado e já publicado (SENNA-MARTINEZ, 1981). Tal conjunto permite-nos definir o que ca-da vez mais se configura, do ponto de vista regio-nal, como sendo os momentos finais do Calco-lítico (SENNA-MARTINEZ, 1982 e 1983;
SENNA-MARTINEZ &.LUZ, 1983). Deste modo
optámos, nas restantes colecções aqui em estu-do, por isolar aqueles elementos cuja morfolo-gia, pastas e tratamento de superfícies permitia
atribuir à Idade do Bronze, o que, à excepção
dos monu'mentos da Bobadala, Seixo da Beira e Sobreda era a quase totalidade das respectivas colecções.
\
Verifica:-se assim que alguns dos tipQs defini-dos para os Moinhos de Vento 1 parecem
per-pectuar-se, casos das Taças e Tigelas
(SENNA--MARTINEZ, 1981: 2-3). No entanto reservámos para a presente análise somente aqueles tipos sem antecedentes directos e que, por tal motivo,
são susceptíveis de se rv.ir , f.uturamente, como
indicadores cronológico-culturais em termos re-lativos. Chegámos deste modo aos catorze tipos (CLARKE, 1978: 205-:207) seguintes:
120 I I I I I I I I
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\ I I I I I I I I I I ORPA 984. 275. 1 \ -- " ..,
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984.275.2o
5çm , " "Fig. 16 - Orca dos Padrões. olaria da Idade do Bronze: 1 - vaso tronco-cónico invertido. decorado. com uma banda de incisões em espinha sob o bordo; 2 - tigela; 3 - base plana.
1 - Taças de Carena Baixa (fig. 2,1.1. a 1.4.)
formas P-SS ou HE, T-SS e/ou T-HE, com la2~
90 e 40:s:; Ip :s:; 70. O subtipo 1.1. corresponde ao que, no Bronze do Sudoeste, Schubart
cha-ma a «taça tipo Odivelas» 2, correspondendo a
formas P-S(SS) (SCHUBART, 1975: 33-34 e Abb.1). Os subtipos 1.2. e 1.4., por sua vez, mostram claras semelhanças com algumas das variantes da «taça tipo Atalaia» de Schubart (1971: 155, fig. 1 e 1975: 34-40 e Abb.1). O subtipo 1.3., com as suas variantes de lados côncavos ou rectos parece ter unicamente uma expressão regional.
2 - Taças de Carena Média/Alta (fig. 2, 2.1.
a 2.4.) formas P-S(SS), T-S(SS) e.C-SS com
la2 >95 e 45 ~ Ip ~ 10. O subtipo 2.1. corres-ponde a formas próximas da «taça tipo Santa Vitória» (SCHUBART, 1975: 40-43 e Abb.1)
atri-buída por Schubart ao Bronze II do Sudoeste e por Spindler a formas do Bronze Antigo da Es-tremadura (SPINDLER & VEIGA FERREIRA, 1974: 44 sgs.) o mesmo podemos dizer do subti-po 2.2 .. Os subtisubti-pos 2.3. e 2.4. parecem ter um significado, até ver, meramente regional, ao pri-meiro correspondem taças de pequena dimen-são e lábio claramente exvertido e ao segundo
grandes taças (com D> a50 mm), com carenas
médias e lábio direito com o bordo por vezes aplanado.
3 - Taças de Carena Baixa Esbatida (fig. 2,
3.1. e 3.2.) formas T-HE e C-HE com la2
=
100e 25 :s:; Ip :s:; 35 e carenas baixas pouco marca-das tendendo quase para as bases planas. Pa-rece ter um significado unicamente regional. Os subtipos diferenciam-se pelo bordo claramente dobrado para o exterior de 3.1., embora em
am-bos os casos aplanado.
4 - Potes de Colo Estrangulado
e
Carena Média (fig. 2, 4.1. a 4.3.) formas P-HE, P-HS eC-T-T, com la> 75 e 70:s:; Ip :S:;100. As formas correspondem respectivamente a cada um dos subtipos. Os paralelos mais próximos pertencem ao Bronze Médio dos Dólmens da Catalunha (ROVIRA PORT, 1982: 21, fig. 2) e ao Bronze Argárico (SORIANO SANCHEZ, 1984: 114). Os dois primeiros subtipos possuem asa e base convexa, enquanto o último não tem asa e tem base plana.
5 - Potes de Carena Média/Baixa e Colo
Tronco-Cónico (fig. 2, 5.1. a 5.3.) formas T -HE, T·SS e T-T, com 45:S:; lal/la2:S:; 80 e Ip> 55. As
duas primeiras formas e~tão presentes nos dois
primeiros subtipos os quais se diferenciam pela posição da carena e sua forma: média e vincada no primeiro e baixa e esbatida no segundo. O subtipo 5.3. tem,carena média e Ip> 90, a base
é
em omphalos.6 - Vasos Tronco-Cónicos Invertidos (fig. 3,
6.1. a 6.5.) formas T com la2 = 100 e Ip> 55. Os subtipos distinguem-se, respectivamente: 5.1. pela existência de asa; 5.2. sem asa mas com botões ou mamilos; 5.3. lisos; 5.4. idem mas em forma de túlipa ou cálice; 5.5. com a
base ligeiramente convexa (carena muito baixa).
7 - Vasos Cilíndricos (fig. 3, 7.1.) formas C
com la2 = 100 e Ip> 80. Corresponde ao «copo»
do Bronze I do Sudoeste segundo Schubart (1975: 31-33, Abb.1);
8 - Potes de Colo Estrangulado (fig. 3, 8.1. a
8.5.) formas C-HE, C-T, T-T-T, T-T-HE e C-T-HE, la1> 45, la2> 50 e Ip> 80 com vários ca-sos superiores e 100 nos subtipos 8.1., 8.3. e 8.4. Os dois primeiros subtipos têm o colo bem marcado e a junção colo-pança no exterior cla-ramente definida, ambos têm asas simples de
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984.274.3 o ! , ! , , 5çm ORBRAFig. 17 - Orca dos Braçais, olaria da Idade do Bronze: 1 - pote de carena média e colo tronco-cónico, decorado por impressões de
cardium e com as superfícies restantes brunidas; 2 - pote em forma de tambor, subtipo 9.2.; 3 - base plana.
Tipos 1 2 3 4 5 D1MV - -
-
- -BOB 2 1-
- -E DSB 1 1-
- -S SOB 6 6 - - 1 T ORCAR 1 - - - -A ORRT - 1 - --ç
ORBRA - - - - 1 O ORPA - - - - -E CAOR/CB - - - - -S ORAN --
- - -ORJU 1 1 1 3 1 ORTA - - 2 1 1 ORFO - - 1 - -Totais 11 10 4 4 4 6rolo3 . Distinguem-se pelos valores de leI que em 8.1. são iguais a 100 e em 8.2. inferiores a 35 indicando claramente o carácter aberto do primeiro e fechado e mais alto <:10 segundo. O subtipo 8.3. é o equivalente de 8.1. mas sem asa, o 8.4. tem um volume quase cilíndrico com o colo bem marcado somente pelo exterior e bordo em bisei simples externo enquanto nos restante.s o bordo é sempre redondo e exvertido. O subtipo 8.5. corresponde a formas muito mais alongadas com asa de rolo e modelado suave,
aproximando-s~ do que chamaríamos "jarro", semelhante até à forma do mesmo nome descri-ta por Schubart para o Bronze do Sudoeste (SCHUBART, 1975: 28-31 e Abb.1).
9 - Potes em Forma de Tambor (fig. 3, 9.1. e 9.2.) formas HE-T-HE e T-C-T, com lal
=
la2 <45 e Ip> 60. O bordo é horizontal e invertido, liso no subtipo 9.1. e esquadriado ou ligeira-mente enrolado em 9.2., em ambos os subtipos podem ocorrer orifícios de suspensão no bordo, próximo da junção com a pança.10 - Taças Fundas Elipsoidais (fig. 4, 10.1 e
10.2) formas E(SE) e T-HE com la> 80 e 50< Ip ~ 65. O subtipo 10.1. corresponde a formas T-HE e o subtipo 10.2. a formas E(SE). Con-quanto muito próximas do nosso tipo 2.2. esta-belecido para colecção de D1 MV (SENNA-MAR-TINEZ, 1981: 2 e fig. 1) o acabamento de super-fícies e as decorações em vários exemplares levaram-nos a optar por incluí-Ias na presente tipologia.
11 - Potes com Pegas Mamilares (fig. 4, 11.1 e 11.2) formas E(SE) e HE com la> 70 no primeiro caso, (subtipo 11.1) e la = 100 no se-gundo (subtipo 11.2) e Ip> 100. Com pegas ma-milares próximo ou junto ao bordo.
12 - Sub-Esféricos (fig. 4, 12.1 e 12.2) formas E(SE) com la> 70 e Ip> 90 em 12.2 e entre 70 e 80 em 12.1. Apresentam o lábio deco-rado. 7 B 9 10 11 12 13 14 - - - - 1 -
-
-
-1 - - 1 - - - - -1 - - -
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- -1-
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9 - 3 - - - -9 1 3 1 3 - 1 2 -3-
- - - - 2 1 -45 1 13 6 7 2 3 4 1Quadro I - Frequências absolutas dos tipos de recipientes dos monumentos estudados.
122
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" " " " I I " 983.2.4 983.2.24ORJU
983.2.2 983.2.6 983.2.20 983.2.22 983.2.21 o 5cm , ! ! ' ,Fig. 18 - Vasos tronco-cónicos invertidos da Orca dos Juncais, subtipo 6.1 .. Os vasos 983.2.6 e 983.2.20 permitem reconstituir
o processo de encaixe das asas.
13 - Taças Hemisféricas (fig. 4, 13.1 e 13.2)
formas HS com la
=
100 e 60:?! Ip:?! 50. Osub-tipo 13.2 apresenta a particularidade de ter o lábio com um reforço interior aparentemente destinado a suportar uma tampa. Conquanto próximas do tipo 4.1 por nós indicado para a olaria de 01 MV (SENNA-MARTINEZ, 1981: 3 e fig. 1) as mesmas razões que aduzimos para o tipo 10 levam-nos a incluí-Ias aqui.
14 - Colheres (fig. 4, 14.1) apesar de
repre-sentado por um único exemplar, da Orca de Rio Torto, resolvemos incluir este tipo por, por um lado, nada permitir distinguir a pasta do exem-plar em questão das outras peças de olaria do
mesmo monumento atribuíveis à Idade do
Bron-ze, por outro, por se tratar de um tipo que, não obstante ter raízes ainda no Neolítico, se encon-tra atestado para a Idade do Bronze também (ENGUIX ALEMANY, 1981: 73 e fig. 4, 2).
983.2.3 983.2.13 983.2 9
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983.2.56Fig. 19 - Vasos tronco-cónicos invertidos da Orca dos Juncais: subtipo 6.2.: 983.2.3-5-9-10-11-12-13"23, o vaso 983.2.12 apresenta decoração constitufda por caneluras pouco fundas envolvendo o mamilo; subtipo 6.3.: 983.2.16-17-18-56.
2.2. A Amostra
Os cento e quinze recipientes reconstituíveis que constituem a nossa amostra, distribuem-se pelos catorze tipos atrás definidos do modo representado no histograma da figura 5. Como
ressalta imediatamente o tipo de máxima fre-quência é o seis, os vasos tronco-cónicos inver-tidos, os quais, com 39% da amostra, consti-tuem, igualmente, um dos traços de união entre os dois conjuntos geográficos em estudo, o do Médio Mondego e o do Alto Vouga! Alto Paiva,
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983.2.47Fig. 20 - Vasos tronco-cónicos invertidos da Orca dos Juncais: subtipo 6.3.: 983.2.15-19-55; subtipo 6.4.: 983.2.7; subtipo
conforme é visível no quadro anterior que resu-me a distribuição dos recipientes por tipos e mo-numentos.
Verificamos deste modo que os tipos 1 e 2 são dominantes no «Grupo do Médio Mondego» en-quanto que no «Grupo do Alto Vouga .. só apare-cem nos Juncais e só com um exemplar cada. A ligação intergrupos é feita, além dos tronco-có-nicos, pelos potes em forma de tambor (tipo 9), tipo que embora raro, com um único exemplar por monumento em seis monumentos, é mais representativo do primeiro que do segundo gru-po onde aparece somente no Tanque. Os tigru-pos 3 e 4, por outro lado, são exclusivos do segundo grupo.
Já vimos atrás alguns dos paralelos culturais possíveis para os vários tipos. Assim, o subtipo 1.1 tem afinidades claras com a «taça tipo Odi-velas» do Bronze " do Sudoeste enquanto que os subtipos 1.2 e 1.4 são afins de algumas das «taças tipo Atalaia» (SCHUBART, 1975: 33-40 e Abb.1). Quanto a 1.3 o paralelo mais próximo que lhe conhecemos é um recipiente do Povoa-do de EI Poleo a Povoa-dois quilómetros da cidade de Toro, província de Zamora, Espanha, atribuído
ao «Bronze Médio» local (MARTIN VALLS &
DE-UBES DE CASTRO, 1979: 137-39 e fig. 3) c. 1400-1500 a.C .. Formas próximas do exem-plar da Sobreda MMSR 2771 ocorrem no Bronze Final do Sudeste Hispânico, por exemplo em Cerro de Los Infantes (MENDOZA, et alo 1981: Abb. 13, g e b), constituindo outro paralelo possível para o subtipo 1.3.
Quanto a 2.1. e 2.2. além dos já citados para-lelos com formas do Bronze"" do Sudoeste apontaremos também para a cultura do Bronze de los Alcores, donde destacaremos recipientes
do estrato XIV de Setefilla (Sevilha) datados
pe-lo 14C de 1570 ± 95 a.C. (1-11,070) e ·1520 ±
95 a.C. (1-11,069), confirmando as datas ante-riormente apontadas para formas do Tipo 1, aliás também representadas neste estrato (SEMMLER, 1981: 128 sgs., fig. 2, c, d, e).
O Tipo 3 conforme já indicámos parece ter o seu significado reduzido ao «grupo do Alto Vou-ga», aparecendo em três dos quatro monumen-tos estudados .•
Quanto ao Tipo 4, a sua representatividade é reduzida pelo facto de 4.1. estar representado com um único exemplar no tanque e outro nos Juncais enquanto que 4.2. e 4.3., com um exem-plar cada, aparecem unicamente nos Juncais. Enquanto os dois primeiros subtipos admitem paralelos com o Bronze Médio dos Dólmens da Catalunha (ROVI RA PORT, 1982: 21, fig. 2) e com o Bronze do Sudoeste (SCHUBART, 1975: TAF.43, 457; TAF. 42, 451; TAF. 40,430), 4.3. tem semelhanças com formas iá de transição
para a Idade do Ferro, da chamada «Cultura de
Alpiarça» (cf. PINTO & PARREIRA, 1978: 158,
fig. 2, b, c).
No Tipo 5 é particularmente importante, pelas suas implicações, o recipiente que ilustra o subtipo 5.2., a sua forma lembra alguns recipien-tes do Bronze I do Sudoeste (SCHUBART, 1975: TAF.24, 211, 212), mas é a sua decoração que justifica um reparo especial (fig. 17, 984.274.1). Foi obtida por impressão lateral de uma concha
(Cardium ?), após o que a superfície foi brunida estabelecendo zonas lisas que separam bandas verticais e horizontais decoradas. O cuidado
acabamento das superfícies e a pasta idêntica à
dos dois restantes ftagmentos da mesma Orca (Braçais) atribuíveis ao Bronze, bem como a própria forma, levam-nos a considerar este reci-piente no conjunto em estudo ao contrário pri-meiro investigador que o referiu (FERREIRA,
ORJU
, . - - - - , --
-, \
983.2.14
o , , . I 5cm ,
Fig. 21 - Vaso tronco-cónico invertido da Orca dos Juncais decora-do a pente e com superficies brunidas.
1960) que o atribuiu ao Neolítico antigo o que, pelas razões expostas, consideramos actual-mente inaceitável. O subtipo 5.1. tem ligações com a forma 6 de Siret do Bronze Argárico (SO-RIANO SANCHEZ, 1984: 107, 108).
O Tipo 6, conforme vimos já, é o mais impor-tante do conjunto. Dele individualizámos 17 exemplares completos, dois da Sobreda, oito dos Juncais, cinco do Tanque e dois de Forles, sobre os quais procedemos, uma vez calculados
os respectivos volumes (cf. ERICSON &
STIC-KEL, 1973), a uma análise de agrupamentos
(DORAN & HODSON, 1975: 167-173), utilizando
um micro-computador ZX SPECTRUM (48K) e
126 um programa estabelecido pelo Senhor Profes-sor Engenheiro Henrique Garcia Pereira, que leccionou o Curso de Basic de 1984 do Clube de Micro-Informática da Associação de Estudantes da FLL, no âmbito do qual desenvolvemos esta parte do nosso estudo. O resultado corresponde ao dendrograma de distâncias entre os pares de volumes considerados da fig. 6. Chegamos, as-sim, aos seguintes cinco conjuntos volumétricos, definidos pelos respectivos valores médios:
313.6 cm3 com 5 exemplares e coeficiente de
variação (cf. FLOUD, 1975: 100) cv= 22.82; 513
cm3 com 5 exemplares e cv = 7.26; 940.5 cm3
com 4 exemplares e cv = 7.15; 1612.5 cm3 ; 2
exemplares e cv = 0.09 e 2129 cm3 com um s6
exemplar.
De imediato verificamos que estes volumes médios dos cinco conjuntos se aproximam bas-tante de múltiplos do primeiro. Tal permite-nos colocar a questão da eventual existência de um padrão empírico de medida de volume já na Idade do Bronze que viria a desenvolver-se na
ORJU
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~"",:,,"" ..._
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, .. -983.2.29 983.2.32 I '·
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\ \ 983.2.30.' .
983.231 9812. 24 983.2.33 983.2.45 o Sem 983.2.58 L . . ' ...L-.a...L--'-...Fig. 22 - Potes de Colo Estrangulado da Orca dos Juncais: subtipo 8.1 e 8.2.: 983.2.29-30-31-32-33; subtipo 8.3.: 983.2.24; Pote de carena média e colo tronco-cónico, 983.2.58, e base com ompha/os.
I I \ I \ I \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ , \ , \ \ ORJU 127 983.2.25 983.2.39 983.2.28 983.2.26 98J.2.40 983.2.49 983.2.27 o ! , , ! , 5em ,
Fig. 23 - Olaria da Idade do Bronze da Orca dos Juncais: Potes de colo estrangulado, subtipo 8.3.: 983.2.39-40; taça de carena baixa tipo Odivelas, 983.2.25; potes de carena média e colo estrangulado: 983.2.26-28-27, respectivamente sutipo 4.2,
4.1 e 4.3.
Idade do Ferro e consagrando-se no período clássico (lembremos que o valor aceite para o
sextarius romano é de 548 cm 3 para sólidos e
547 cm3 para líquidos). Ficará para outro local o
desenvolvimento possível desta questão
(SEN-NA-MARTINEZ, 1984).
Pela análise do dendrograma da figura 6 veri-ficamos ainda que enquanto no grupo volumétri-co mais baixo só existem recipientes do subtipo
6.2., isto é, sem asa mas três deles com
mami-los de preensão, no segundo conjunto já metade são do subtipo 6.1., com asa, enquanto que os restantes são do subtipo 6.2., nos conjuntos de
maior volume predominam claramente as formas com asa com, respectivamente e por ordem crescente de volumes, três em quatro exempla-res, um em dois e um.
As decorações do Tipo 10 merecem-nos tam-bém alguns comentários. O exemplar ARG 16,
única peça decorada do conjunto de 01 MV, foi incluída neste conjunto pois, além de estabele-cer o tipo, apresenta uma decoração que surgin-do embora no Calcolítico (JORGE, 1982: 9-40 e LOPEZ PLAZA, 1979: 67-102) se estende para o Bronze antigo no NW português e' Meseta Norte espanhola (JORGE, 1982: 24). Os
cor-128
ORJU
983.2.50 983.2 51 9812.52 983.2.53[C
983.2 54 o , , ! , , 5cmFig. 24 - Olaria decorada da Orca dos Juncais: grande taça elipsoi-dal decorada com um cordão plástico sob o bordo impresso a pun-ção (963.2.50); fragmento de bordo decorado com incisões (963.2.51); fragmento decorado com caneluras finas (963.2.52); idem decorado com incisões (963.2.53); fragmento com impressão
de concha (cardium? - 963.2.54).
dões aplicados e decorados são igua'lmente um
elemento decorativo, presente no exemplar 983.2.50 dos Juncais, 'com origens antigas mas que reaparece no Bronze da Meseta (FERNAN-DEZ-POSSE, 1981: 45-81).
Finalmente o Tipo 12 merece-nos também al-gumas reflexões sobre a respectiva decoração. Os exemplares 983.1.28 do Tanque e 984.273.7 de Forles apresentam a mesma decoração, uma canelura fina sublinhando o bordo e duas linhas de impressões circulares abaixo da canelura. No primeiro exemplar as impressões ainda contém restos da pasta branca com que foram preenchi-das, o que nos lembra técnica semelhante (de-corações impressas· cheias a pasta branca) do Bronze antigo da Meseta Norte espanhola
(FERNANDEZ-POSSE, 1981), donde
igual-mente nos vêm os paralelos para a decoração em Boquique do outro exemplar deste tipo, 984.273.6 de Forles. A sua presença num vaso deste tipo e com um motivo em «grinalda» permite aproximar este recipiente de alguns da Vinha da Soutilha, Mairos, integrando-o no gru-po do NW gru-português (JORGE, 1982: 23-24).
Os dois únicos exemplares decorados do Tipo 6 merecem igualmente uma referência especial. Trata-se do exemplar 984.275.1. dos Padrões e do 983.2.14 dos Juncais. No primeiro caso a sé-rie de incisões em espinha que o ornamenta tem paraleos nos «copos» calcolíticos de Vila Nova
de S. Pedro (SAVORY, neste n.O p. ) mas,
embora com execução mais imperfeita, está pre-sente também na Vinha da Soutilha (JORGE, 1982: Est. VII, 9). Quanto ao segundo exemplar, único representante do subtipo 6.5., a decoração feita «a pente» e o acabamento brunido das su-perfícies não decoradas conduz-nos a pensar numa cronologia já do Bronze Pleno. Os parale-los que conhecemos para a decoração resu-mem-se a alguns fragmentos do Castro de S. Mamede (Óbidos) em estudo pelo nosso colega João Ludgero Marques Gonçalves, a quem agradecemos a informação.
Ainda' de referir, na sequência dos paralelos que vimos apontando, o vaso com decoração campaniforme do Seixo da Seira, já por nós an-teriormente estudado (SENNA-MARTINEZ, 1982: fig. 6), o qual aponta igualmente para pa-ralelos da meseta. O carácter tardio do fenóme-no campaniforme fenóme-nos monumentos do Médio Mondego (SENNA-MARTINEZ, ibid.) é algo que pensamos ter de ser tido em conta ao pensar-mos as origens de algumas formas como as duas descritas no parágrafo anterior.
3. CONCLUSÕES
Dos elementos apresentados parece-nos po-dermos adiantar o seguinte:
1 - Os materiais estudados apontam para um
horizonte de utilização dos respectivos monu-mentos durante a Idade do Bronze, provavel-mente no que, do ponto de vista local, podería-mos chamar um Bronze Antigo/Médio, reservan-do para o Bronze Final a cerâmica reservan-do «Grupo Baiões-Santa Luzia» (KALB, 1980b: 119: TAVA-RES DA SILVA, 1978: 187-196).
2 - Todos os monumentos em questão se
si-tuam sobre ou próximo de importantes conces-sões mineiras ricas em estanho.
3 - Os conjuntos cerâmicos e a localização
983.2.35
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983.2.64(
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-983.2.66 983 2.57 983.2.36 983.2.37 983.2.60~n-
0
,
9812.63Fig. 25 - Olaria da Idade do Bronze da Orca dos Juncais: taça de carena baixa esbatida (983.2.35); taça de carena média, subtipo 2.3. (983.2.65); taças em calote: 983.2.38-64-36-37-60-63-66-67-57.
130 ORTA • -- --- - - - ~~;.;7_<_J.~7 "'--
---
---983.1.3 o...
5cm 983.1.4 ' 983.1.5 \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ 983.1. 6 I I I I , IFig. 26 - vasos tronco-cónicos invertidos da Orca do Tanque: subtipo 6.1.: 983.1.3-5-6; subtipo 6.2.: 983.1.4.
dois «grupos» regionais, um no Médio Mondego, outro no Alto Vouga/Alto Paiva. As afinidades dos tipos de olaria apontam para uma maior li-gação do primeiro com a área cultural do Sul e Sudoeste Peninsulares enquanto que o segundo aponta para o Noroeste português e Meseta Norte espanhola.
4 - As ligações apontadas permitem pensar
no seguinte enquadramento cronológico
provisó-rio, a precisar futuramente: uma origem próxima de 1500-1400 a.C., seguindo os paralelos indi-cados (SCHUBART, 1975: 163, sgs.; FERNAN-DEZ-POSSE, 1981: 66) e um final entre 900-800 a.C., de acordo com a data obtida para o Bronze Final do Castro do Baiões (TAVARES DA SIL-VA, 1978: 189).
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\ \ \ - • '.;'\j,~:\. 983.1.2 \.
\ \ '. \ ORTA 983.1.10,
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,- - - - , - - - -\,
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\ o ! 5cm , 983.1.7 983.1. 9 983.1. 8Fig. 27 - Vasos tronco-cónicos invertidos da Orca do Tanque, subtipos 6.2. e 6.3
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132
ORTA
\ \ \ , \,
, , , , ' ... ' 983.1.26 983.1.1 983.1.17GJ
·ii·
·
983.1.18 983. 1. 20 983.1.16..
983.1.29 o 5cm 1 . . ' . . . .1-... ' 983.1. 14Fig. 28 - Olaria da Idade do Bronze da Orca do Tanque: pote de colo estrangulado, 983.1.17; vaso cilíndrico, 983.1.1; pote de carena média e colo tronco-cónico, 983.1.27; pote em forma de tambor com orifício de suspensão, 983.1.29; pote de carena média e colo estrangulado, 983.1.26; taças: 983.1.14-16-18-20-21.
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983.1.24 9811.23 9811. 22 , .... ' ... _--9811. 25 ~' ... ...:
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9811. 13o
5cm L , . ' ...1...1...1...1.. ... ' , , , ' " ... ' ...._--,
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' 983.1.19 983. t 15 ....
983.1.12 9811.28 .'..
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133Fig. 29 - Recipientes da Idade do Bronze da Orca do Tanque: taças de carena baixa esbatida: 983.1.23-24; potes de colo estrangulado: 983.1.22-25; subesférico, 983.1.128, decorado com uma incisão profunda sob o bordo e duas linhas de impres-sões e punção cheias a pasta branca; taças: 983.1.11-12-15-19 e 983.1.13, esta decorada com caneluras em crescente sob o bordo.