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O mercado de crédito à habitação em Portugal (1978-1991). Uma análise de desequilíbrio.

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DissertaçSo apresentada con requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre et Mateiática Aplicada à Econotia e à Gestão

Por :

António Bento Ratão Caleiro

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CissertaçJo apresentada cok requisito parcial para a obtençSo do grau de Hestre e» «afeiática Aplicada à Econoiia e k SestSo

Por :

António Bento Ratão Caleiro

LISBOA Abril de 1993

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O MERCADO IDE CREDITO « l-W=*B I T<=*Ç*o»0 EM RORTLJG^L ( IRTQ—JLS^1_ )

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por

António Bento Ratão Caleiro

Dissertação de ftestrado e» Hateiática Aplicada à Econotia e á BestSo realizada sob a orientaçSo do Professor Doutor António Luís Silrestre

LISBOA Abril de 1993

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Agradeço ao Professor Doutor António Luís Silvestre pelo interesse, dedicação e espírito crítico sempre dispensados enquanto orientador deste estudo. Quaisquer erros ou incorrecções que este contenha são, evidentemente, de minha inteira responsabilidade.

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ÍISUDICE:

INTRODUÇÃO 7

CAP. 1-0 MODO DE FUNCIONAMENTO DO MERCADO

DE CRÉDITO 12

1.1-0 MERCADO EM EQUILÍBRIO WALRASIANO 14 1.2-0 MERCADO EM EQUILÍBRIO NAO WALRASIANO ... 18 1.3 - OS MODELOS DE RACIONAMENTO DO CRÉDITO .... 28

CAP. 2 - A ECONOMETRIA DOS MODELOS DE

DESEQUILÍBRIO 49

2.1 - OS MODELOS DE MUDANÇA ESTRUTURAL 50 2.2 - ALGUNS MÉTODOS DE ESTIMAÇÃO 63 2.2.1 - O Caso do Equilíbrio 63 2.2.2 - O Modelo Básico de Desequilíbrio .. 66 2.2.3 - 0 Modelo Direccional 76 2.2.4 - 0 Modelo Quantitativo 80 2.3 - TESTES DE EQUILÍBRIO VERSUS DESEQUILÍBRIO . 84 2.4 - OS MODELOS EMPÍRICOS DE DESEQUILÍBRIO .... 97

CAP. 3-0 MERCADO DE CRÉDITO À HABITAÇÃO

EM PORTUBAL (1978-1991) 111

3.1 - UMA BREVE ANALISE DO SISTEMA BANGARIO . ... 112 3.2 - OS SISTEMAS DE CRÉDITO A HABITAÇAO 121 3.3 - ESPECIFICAÇÃO E FORMALIZAÇÃO DO MODELO ... 128 3.4 - ESTIMAÇÃO DO MODELO 139 3.4.1 - O Modelo de Equilíbrio 139 3.4.2 - O Modelo de Excesso de Oferta . ... 141 3.4.3 - O Modelo de Excesso de Procura ... 141 3.4.4 - O Modelo Básico de Desequilíbrio .. 142 3.4.5 - O Modelo Direccional 144 3.4.6 - O Modelo Quantitativo 145 3.5 - TESTES DE EQUILÍBRIO VERSUS DESEQUILÍBRIO . 145 3.6 - ANALISE DOS RESULTADOS 148

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CONCLUSeJES 158

BIBLIOGRAFIA 161

ANEXOS 175

ANEXO 1 - OS DADOS 176 ANEXO 2

- OUTPUT DA ESTIMAÇÃO DO MODELO DE

EXCESSO DE OFERTA 177 - OUTPUT DA ESTIMAÇÃO DO MODELO DE

EXCESSO DE PROCURA 177 ANEXO 3 - PROGRAMA EM RATS 3.11 PARA ESTIMAÇÃO

DO MODELO BÁSICO 179 ANEXO 4

- OUTPUT DA ESTIMAÇÃO DO MODELO DE

EQUILÍBRIO 182 - OUTPUT DA ESTIMAÇÃO DO MODELO DE

BÁSICO DE DESEQUILÍBRIO 183 - OUTPUT DO TESTE DE DAVIDSON E

MACKINNON 188 ANEXO 5 - OUTPUT DA ESTIMAÇÃO DO MODELO

DIRECCIONAL 190 ANEXO 6 - OUTPUT DO TESTE DE HWANG 192 ANEXO 7 - OUTPUT DO TESTE DE BOWDEN 195

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INTRODUCKO

0 presente estudo constitui uma dissertação do curso de Mestrado em Matemática Aplicada à Economia e à Gestão - Especialização em Econometria e Estatística, ministrado pelo Instituto Superior de Economia e Gestão.

0 principal objectivo deste trabalho é o de estudar o nercado de crédito à habitação em Portugal, para o período 1978-1991, sob a perspectiva da análise de desequilíbrio, ou seja, de um equilíbrio com racionamento. Assim, pretendemos fazer uma melhor caracterização, que se julga inovadora, do referido mercado.

A escolha deste mercado resultou, em primeiro lugar, da sua particular importância ao nível da política de crédito e suas especiais consequências ao nível da sociedade, e, em segundo lugar, para preencher uma lacuna existente ao nível dos estudos sobre este mesmo mercado, dado tratar-se de um mercado tão falado mas tantas vezes insuficientemente analisado.

A abordagem que realizaremos sobre o mercado de crédito à habitação será, essencialmente, de desequilíbrio, o que resulta, em parte, da nossa especial apetência para estas matérias e por pensarmos que é esta a metodologia mais indicada para estudar este tipo de mercado. 0 crédito à habitação pareceu-nos um bom exemplo de um tipo de bem para o qual a forma de estabelecimento do preço justificaria uma análise deste género.

Na verdade, para que o mercado de crédito à habitação tivesse funcionado em equilíbrio, isto é, com procura igual à oferta, implicaria que se considerasse a taxa de juro perfeitamente flexível, ou seja, resultante do livre jogo da oferta e da procura. 0 equilíbrio contínuo obrigaria os preços a flutuarem constantemente de forma mais ou menos errática em resposta a mudanças na oferta e na procura de crédito à habitação.

Ora, o mercado de crédito à habitação foi caracterizado por restrições institucionais, como por exemplo a fixação de taxas de juro e a imposição de limites máximos à concessão de crédito. A rigidez nas taxas de juro e a existência de limites quantitativos ao crédito concedido constituem dois

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motivos para que se tome particularmente difícil que a oferta de crédito seja igual à procura. Estaremos então numa situação de equilíbrio com racionamento, ou desequilíbrio.

0 racionamento ocorre quando se dá um ajustamento lento das taxas de juro em resposta a alterações nas condições externas em resultado, por exemplo, da fixação administrativa das taxas de juro. Quando assim acontece levará algum tempo a que as taxas de juro se ajustem, devido a várias razões, de natureza política, de precaução (as taxas só se modificam depois de se justificar claramente a mudança), etc. Assim, o racionamento da oferta ou da procura pode surgir porque os preços não se ajustam perfeita e instantaneamente, daí resultando excesso de procura ou de oferta. A causa principal deste tipo de racionamento é, no fundo, uma imperfeição do mercado.

0 racionamento de crédito pode ocorrer quando a própria autoridade monetária, ao estabelecer a sua política monetária, fixa as taxas de juro ou toma (outras) medidas de controlo do crédito bancário, tal como aconteceu em Portugal a partir de 1978 e até muito recentemente. 0 racionamento é, assim,

imposto ao sistema bancário exogenamente pelas autoridades monetárias, constituindo um importante canal de transmissão da política monetária.

Em Março de 1989 as taxas de juro do crédito à habitação foram liberalizadas, sem que, no entanto, deixasse de se verificar uma certa rigidez nas mesmas.

0 argumento da utilização do controlo directo do volume de crédito concedido como medida de política macroeconómica é a de que actua rápida e eficientemente e permite não ter que se subir demasiado as taxas de juro em Períodos de política monetária contraccionista.

Recentemente, o crescimento da competição levou a que as autoridades monetárias de muitos países, incluindo Portugal, abandonassem o controlo directo do crédito. Além disso, o contacto e familiaridade do sistema com os controlos de crédito tinha já levado a formas de evitar ou contornar as dificuldades.

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Assim, o mercado de crédito à habitação foi caracterizado, na maior parte do período em análise (1978-1991) por circunstâncias que possibilitaram ou implicaram a existência de um equilíbrio com racionamento. Terá sido assim ? Em caso afirmativo, em que períodos terá existido racionamento da procura ou da oferta ? Terá a liberalização das taxas de juro e do volume de crédito concedido tido alguma influência significativa no funcionamento do mercado de crédito ? Que tipo de influência ?

Estas são algumas das questões a que pretendemos dar resposta neste estudo, cuja estrutura a seguir se indica.

- A nossa tese divide-se em três capítulos :

- No primeiro capítulo, estudamos, ao nível da teoria económica, os possíveis modos de funcionamento de um mercado, e em particular de um mercado de crédito, como é o nosso. Este capítulo é importante, na medida em que, é no mesmo que apresentamos os conceitos da teoria económica que posteriormente serão usados no estudo concreto do mercado de crédito à habitação, e que julgamos necessários para a correcta compreensão do mesmo.

Na primeira secção deste capítulo estudamos a situação de equilíbrio Walrasiano em que, graças ao ajustamento (instantâneo) dos preços, não existe racionamento (de crédito) quer para a procura quer para a oferta.

A segunda situação estudada é a de desequilíbrio ou de equilíbrio não Walrasiano, isto é, aquela em que, devido à rigidez dos preços, a procura não iguala a oferta e se admite, portanto, a possibilidade da existência de racionamento na procura ou na oferta.

Como um caso particular de um equilíbrio não Walrasiano temos uma situação que pode acontecer ao nível do mercado de crédito devido à suas características particulares. Esta é a chamada situação de racionamento de equilíbrio, ou seja, quando os bancos racionalmente tomam a decisão (óptima) de não oferecer tanto crédito quanto o desejado pela procura, ficando esta racionada. Este caso ocupa a última secção deste capítulo.

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- As técnicas econométricas necessárias para a estimação do mercado de crédito à habitação são apresentadas no segundo capítulo. Optámos por expor a teoria econométrica necessária para a nossa aplicação, na medida em que, sobretudo ao nível dos modelos de desequilíbrio, aquela envolve alguma especificidade que não obrigamos o leitor a conhecer e/ou apreender em lugar diferente deste.

Antes de apresentarmos os métodos que utilizamos ao nível na estimação do nosso modelo de desequilíbrio, debatemos, na primeira secção deste capítulo, algumas questões preliminares sobre os modelos (estatísticos) de mudança estrutural, dado que um modelo de desequilíbrio pode ser encarado como um caso Particular daqueles. Tal, permitir-nos-à compreender melhor as características muito particulares que assumem os métodos de estimação de um modelo de desequilíbrio.

Seguidamente, na segunda secção, apresentamos os métodos de estimação que utilizamos na parte final do estudo, incluindo o método econométrico habitualmente utilizado para estimar um modelo em equilíbrio. A estimação do modelo representativo do mercado de crédito à habitação admitindo-o a funcionar em equilíbrio Walrasiano é indispensável para a obtenção dos nossos objectivos. Damos, como é de esperar, especial destaque aos métodos utilizados para estimar os possíveis modelos de desequilíbrio.

Na terceira secção fazemos a apresentação dos testes de equilíbrio versus desequilíbrio que utilizamos para testar se o mercado de crédito à habitação, no período em análise, funcionou em equilíbrio ou em desequilíbrio.

Este capítulo termina com uma breve apresentação das principais aplicações dos modelos (econométricos) atrás estudados.

- 0 terceiro capitulo é destinado ao estudo do mercado de crédito à habitação em Portugal, para o período 1978-1991, recorrendo aos elementos apresentados nos capítulos anteriores.

Para a melhor formalização do modelo representativo do mercado de crédito à habitação faz-se, antes da estimação econométrica do mesmo, uma breve resenha

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histórica sobre a evolução do sistema bancário (primeira secção) e dos regimes de crédito à habitação existentes no período em causa (segunda secção).

Formalizado o modelo de oferta-procura de crédito à habitação (terceira secção), procede-se à estimação do mesmo (quarta secção), primeiro admitindo-o em equilíbrio (Walrasiano) e depois em desequilíbrio. Na quinta secção deste capítulo procedemos ao teste da hipótese do equilíbrio versus desequilíbrio. Terminaremos este capítulo com a análise dos resultados.

Finalmente, apresentaremos as conclusões principais do nosso trabalho, as suas limitações e indicaremos algumas questões que o mesmo deixa em aberto para estudar em trabalhos futuros.

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0=0=» ± TXJL-O 1

O MODO DE FUNOXONAMENTO DO MERCADO DE CREDITO

Neste primeiro capítulo pretendemos analisar, ao nível da teoria económica, os vários estados de equilíbrio que podem caracterizar um determinado mercado e, em particular, o mercado de crédito.

Na física (mecânica), um sistema está em equilíbrio quando o mesmo não mostra tendência para mudar o seu comportamento ou configuração para uma dada envolvente de forças que o regem. Assim, o desequilíbrio envolverá sempre algum movimento e por isso se diz que um sistema em equilíbrio estará num estado estacionário (steady-state) ou de repouso (state of rest), ou seja, um estado que se mantém indefinidamente se nada o perturbar.

Inspirando-se no conceito de equilíbrio da física, Frisch1, em 1935,

afirmou que uma economia estaria num estado estacionário se, ao longo do tempo, nada mudasse nessa mesma economia.

Mais tarde, Lindahl afirma que existe equilíbrio quando todas as expectativas (planos ex-ante) forem cumpridas, isto é, se forem iguais aos Planos ex-post, não havendo, assim, razão para que os indivíduos revejam os seus planos ou expectativas. Esta noção envolve desde já algum juízo de valor.

Enquanto que na física o equilíbrio é uma noção isenta de juízos normativos, em economia, desde cedo, começaram a atribuir-se juízos de valor, dizendo que um mercado em equilíbrio é superior (em termos de óptimo de Pareto)

a um em desequilíbrio. Aqui, passou a estar implícito o primeiro conceito de

^uilíbrio de natureza económica que é o equilíbrio Walrasiano {de market- olearing). Nesta situação, o mercado estará equilibrado quando a procura for ^■fiual à oferta. Admitindo que os agentes optimizam as suas funções objectivo e

A influência dos conceitos físicos volta a ser evidente eu FRISCH(1949), onde se adaite que a procura e a oferta se rege» pela adaptaçSo das suas quantidades, ea resultado de forças de pressão. A conjugação das pressffes

3 procura e da oferta conduz, assuaindo deterainadas hipóteses, à conclusSo de que a quantidade transaccionada Seri 39uel ao «enor valor de entre o par (procura,oferta), tal coao os teóricos do desequilíbrio viriaa a

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que podem comprar e vender tudo quanto desejarem aos preços de equilíbrio, tendo em conta somente o seu orçamento e/ou tecnologia, a situação de equilíbrio Walrasiano é um equilíbrio à Lindahl, onde o óptimo de Pareto que a caracteriza justifica a adopção do juízo de valor. É uma definição estática mas intrinsecamente dinâmica, pois dada a hipótese de ajustamento instantâneo e total para os preços, implica que o equilíbrio Walrasiano seja, também, um equilíbrio à Frisch.

A hipótese do equilíbrio contínuo só é aceitável em determinadas circunstâncias :

1 - Custo de alteração no preço negligenciável;

2 - Transacções suficientemente frequentes para que compradores e vendedores permaneçam em contacto;

3 - Custo de não se realizar uma transacção alto.

Como é sabido, podemos ter na economia equilíbrios (estados estacionários) que não são de tipo Walrasiano. 0 estudo de todos os possíveis estados estacionários numa economia constitui o que, em Economia, é designado Por teoria dos equilíbrios temporários. Nesta, admite-se que os agentes têm, em cada momento, que tomar decisões de acordo com as suas expectativas, as quais dependem do estado da economia nos momentos presente e passados. Se os ajustamentos forem feitos com base nos preços teremos um equilíbrio (geral) competitivo temporário1. Se os preços estiverem temporariamente fixos teremos

equilíbrio temporário com racionamento (de quantidades) . Assim, a estrutura deste capítulo é a seguinte :

- Na primeira secção estudamos, mais pormenorizadamente, a situação de equilíbrio Walrasiano, como um equilíbrio competitivo, em que os agentes tomam

É teiporârio, pois devido i natureza dinSaica da econoaia, o vector de preços de equilíbrio (e correspondentes luíntidades), varia ao longo do teapo.

Esta é, no fundo, a situaçSo que ficou conhecida na teoria económica por desequilíbrio. É reconhecido por Quase todos que o terão é enganador, dado que caracteriza uaa verdadeira situaçSo de equilíbrio (estado Mtacionário), 0 seu uso generalizado justifica que o usemos para designar una situaçSo de equilíbrio coa

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os preços como um dado, e em que não existem restrições de quantidades, ou seja, em que a procura (Walrasiana) é igual à oferta (Walrasiana);

- Na segunda secção apresentamos a situação de desequilíbrio, ou seja, aquela em que, devido à rigidez dos preços, o mercado pode estar num estado estacionário com excesso de oferta ou excesso de procura, isto é, com racionamento de quantidades na oferta ou na procura;

- Na terceira secção referimos, com algum detalhe, alguns modelos teóricos que exploraram a situação de equilíbrio competitivo com excesso de Procura (de crédito). Nestes, os agentes do lado da oferta (Bancos) têm controlo sobre o preço (Taxa de Juro). Perante uma situação de excesso de procura, devido à assimetria da informação, ou seja, ao desconhecimento do risco real de cada cliente, pode ser perfeitamente racional por parte dos bancos não aumentar a taxa de juro de forma a que se atinja uma situação de equilíbrio Walrasiano, mas antes, racionar o crédito. Temos então um equilíbrio (estado estacionário) com racionamento da procura.

1.1 - Q MERCADO EM EQUILÍBRIO WALRASIANO

Os mercados são geralmente encarados como os únicos mecanismos que fazem atingir o óptimo. Esta ideia é já evidente em Walras e em Pareto. Este último chegou a afirmar que se pudéssemos conhecer todas as equações da procura e da oferta, o único meio acessível às forças humanas para as resolver, seria observar a solução prática dada pelo mercado. Existe então confiança absoluta no mercado que leva a economia a atingir uma situação tanto mais eficiente quanto mais competitivo for o mercado.

Nos modelos de equilíbrio Walrasiano consideram-se duas hipóteses :

1 - No curto prazo, as quantidades (oferta) estão limitadas (ou em caso extremo, fixas) enquanto que os preços são completamente flexíveis. A atomicidade assegura que os agentes económicos não têm qualquer influência sobre os preços, considerando-os um dado;

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variáveis económicas relevantes bem como das suas funções objectivo, perante as quais assumem comportamentos optimizadores1. 0 programa de cada agente é

caracterizado pelo facto de cada um não sofrer racionamento, ou seja poder vender e comprar as quantidades que desejar aos preços vigentes, tendo em conta a sua restrição orçamental. Os preços funcionam como único mecanismo de racionamento. É, então, com base nos preços que os agentes individuais tomam decisões maximizadoras da sua função utilidade.

Sendo determinados pelo livre jogo das leis do mercado, os preços fornecem toda a informação que os agentes necessitam para tomar as suas decisões individuais (egoístas), contribuindo todas elas para que se alcance o nível máximo de bem-estar colectivo - o óptimo de Pareto. Do processo de tomada de decisão resultam, então, transacções que só se efectuam depois da determinação dos preços de equilíbrio, aos quais corresponderá a igualdade entre a procura e a oferta.

Toma-se, assim, evidente o papel fundamental que os preços desempenham, em particular, no modelo concorrencial, e em geral em toda a teoria neo(clássica). Toda a informação necessária para atingir o equilíbrio é transmitida através dos preços relativos, permitindo fazer a afectação óptima de recursos. Estes são os agentes mais eficientes para a transmissão de informação porquanto existe um só preço para cada bem (homogéneo) e para todos os bens. Os preços são sinais suficientes para representar a escassez relativa dos bens, pois transmitindo toda a informação sobre essa escassez, permitem fazer a afectação óptima dos recursos. Os mercados de concorrência perfeita geram, assim, informações na forma de preços de tal modo que tornando compatíveis as tomadas de decisão dos agentes consumidores e produtores igualam a oferta à procura.

Pormenorizemos o processo de estabelecimento de preços competitivos :

1. Herbert Siaon criticou duraaente esta hipótese, afiraando que os agentes, devido aos custos de recolha e trataaento/processaaento da inforaaçSo v§en a sua racionalidade liaitada, e, por isso, toaaa, na aaior parte dos casos, decisffes que os satisfazea e n3o decisdes óptiaas.

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Admite-se que o vector de preços de equilíbrio, isto é, aquele que torna iguais as quantidades procuradas e as quantidades oferecidas resulta de um processo de ajustamento Walrasiano do tipo :

dp

= f [D(p) - S(p)] , com f'> 0 e f(0) = 0, dt

onde p representa o preço, D a procura e S a oferta.

Os preços subirão se existir um excesso de procura e baixarão se existir um excesso de oferta. Admitindo que se trata de um processo dinamicamente estável, então quando o processo de ajustamento terminar, dp/dt será nula, o que corresponde a D(p) = S(p), isto é, as transacções ao realizarem-se, após a fixação dos preços, serão necessariamente aquelas que resultam da igualdade entre a procura e a oferta1. Em suma, o ajustamento é feito pelos preços, o que

permite ter equilíbrio de oferta e procura em todos os mercados.

0 preço p que resultar da solução estacionária será de equilíbrio no duplo sentido em que Dt = St e o tempo não aparece na solução, isto é,

independente do tempo. Haverá então um vector de preços p que toma a oferta igual à procura em todos os mercados (equilíbrio geral). 0 equilíbrio estabelecer-se-à quando todas as trocas mutuamente vantajosas se tenham esgotado, ou seja, quando se tenha atingido um óptimo (eficiente) de Pareto.

Se existirem compradores e vendedores em número n representados pelo índice i (i=l,...n) e r bens representados pelo índice h (h=l,...,r), com preços pj, compondo o vector de preços p, então temos procuras e ofertas Walrasianas (nottionelles) d^p) e Sj(p), construídas na hipótese de que os agentes só reagem a sinais de preços. A oferta e a procura dependem só dos

1. Note-se que a situação final deve ter sentido econóíico. Se, por exetplo, = âj + p^, e Sj. = a^ + b2 p^ entSo a soluçSo da equaçSo diferencial resultante de dp/dt = k(Dt-S^) (co« k > 0) será :

pt = p1 + (p0 - p1) exp [-k(b2 - bjlt] onde p1 = (a1 - 32)/^ - bj)

Para que o lodelo adsita uaa soluçlo de equilíbrio dinasicaiente estável, i.e., tenha lin^^pj. = p* bastará que b2 - b^ > 0, o que será noraal que aconteça. Para que aquela soluçSo tenha sentido, ea teraos econóaicos, ter-se- á que garantir que p1 > 0, o que só acontecerá se a^ - 32 > 0.

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preços, pois são construídas com base na hipótese de o agente poder comprar e vender toda a quantidade desejada aos preços correntes, ou seja, sem nenhuma restrição de quantidade, isto é, as que resultam da maximização da função utilidade sujeita, somente, à restrição orçamental.

Sendo dih(p) e s^Cp) a procura e a oferta Walrasianas (desejadas) do bem

h pelo agente i, então a procura e a oferta agregadas do bem h serão respectivamente, Dh(p) = 2 dih(p) e Sh(p) = 2 sih(p).

i i

0 vector de preços (Walrasianos) de equilíbrio p , é tal que Dh(p ) = Sh(p ) V h. A compra (venda) pelo agente i de bem h será, então,

díhíP*) (sih(p*».

Em termos gráficos, teremos ;

a Otmrtai Aarmgmdma

Os modelos de equilíbrio geral competitivo admitem que os agentes dispõem de informação perfeita (completa). É improvável que este grau de informação aconteça num mercado real. É de esperar que :

1 - Como qualquer outro bem a informação tenha um determinado valor económico e que por isso valha a pena adquiri-la, ainda que a um certo preço. 0 agente económico estará, então, disposto a pagar por sinais, por informação e/ou a gastar algum do seu tempo em busca de informação que à medida que vai sendo recolhida implica um custo de oportunidade cada vez maior. Procurará essa informação até ao ponto onde o custo adicional de uma unidade extra de informação for igual ao seu benefício marginal, tal como faria com qualquer

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outro bem1.

2 - A informação seja desigualmente distribuída, porque, entre outras razões, os custos da informação estão directamente correlacionados com a capacidade física limitada dos indivíduos no tratamento/processamento da informação recolhida. Aqueles, não são uniformes, pois para cada indivíduo a informação a recolher pode, devido às suas características, custar mais ou menos a adquirir e processar. A busca de informação é, assim, uma actividade perante a qual alguns indivíduos são mais eficientes que outros. Assim, teremos na economia agentes que sendo diferentes, em termos de eficiência, na recolha e tratamento da informação, terão diferentes velocidades de reacção ou ajustamento.

Dado que nem todos os agentes económicos dispõem do mesmo nível de informação, a velocidade de ajustamento nas decisões de alguns difere da de outros criando eventuais situações que se afastam da solução de equilíbrio geral competitivo. A assimetria de informação pode, em alguns casos, conduzir à existência de ajustamentos pelas quantidades e não pelos preços2. Se durante o

processo de recolha de informação se fizer a fixação de preços de reserva (limites)3, que são rígidos durante algum tempo, pode daí resultar uma situação

típica de desequilíbrio. Enquanto não se der a modificação daqueles preços, o ajustamento é feito pelas quantidades e não pelos preços.

É a situação de desequilíbrio que iremos estudar de seguida.

1.2 - O MERCADO EM EQUILÍBRIO NÃO WALRASIANO

Na generalidade dos mercados admite-se que se os preços puderem cumprir a

1. t errado considerar que qualquer infonaçSo possa ser encarada coao qualquer ua outro bea. Na verdade, alguns tipos de inforaaçSo têm características de bens públicos, ou seja, indivisíveis no uso (a utilidade de ua agente nSo decresce quando outros utilizaa a aesaa inforaaçSo) e nSo sSo apropriáveis (cada agente nSo pode ficar de posse da inforaaçSo). Neste caso, coao é sabido, o aercado privado, falha quanto ao forneciaento da inforaaçSo. 2. Ea B0WDEN(1978a) pg 5-8, teaos ua exeaplo siaples deste caso, ao nível do aercado de trabalho.

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sua tarefa não haverá racionamento de quantidades. Contudo ele existe realmente Porquê ?

No curto prazo, é visto como um fenómeno de desequilíbrio temporário, resultante de modificações de factores exógenos provocadores de alguma rigidez nos preços. Existe assim, enquanto os preços não se ajustam, um período transitório de racionamento. Admite-se que os estados estacionários só correspondem ao equilíbrio (Walrasiano) mas a dinâmica das expectativas-preços- quantidades faz com que o sistema esteja em desequilíbrio.

No longo prazo, é explicado ou por restrições administrativas à variação dos preços (preços fixos, máximos ou mínimos), usualmente estabelecidas pelo Governo, as quais são características típicas de desequilíbrio, ou por decisões racionalmente óptimas por parte dos agentes quanto ao estabelecimento dos preços, sendo assim um racionamento de equilíbrio.

Se o vector de preços não for de equilíbrio Walrasiano, então haverá restrições de quantidade. Podemos então ter modelos de preço fixo, em que os agentes tomam os preços como um dado, tratados por BENASSY(1975,1982) e DRèZE(1975), ou modelos com preços determinados endogenamente (modelos de equilíbrio geral monopolístico), tratados, por exemplo, em HAHN(1978).

A análise dinâmica de estabilidade exige um tratamento particular quando se abandona o processo de tacteio (tatonnement) Walrasiano. Nesta, utiliza-se muitas vezes a noção de equilíbrio temporário. Divide-se o tempo, obviamente contínuo, em intervalos de tempo (períodos). No início de cada período o agente formula os seus planos com base num dado conjunto de preços (temporariamente) fixos1. Se existir inconsistência nos planos dos agentes, a igualdade ex-post

entre as ofertas e as procuras é assegurada, no fira do período, por meio de algum racionamento de quantidades. Este será um equilíbrio temporário, dado que a inconsistência inicial dos planos provocará uma mudança no vector dos preços, a qual ocorre no período de transição entre um período e o seguinte. Esta variação dos preços provocará ajustamento, no início do período, nos planos, os

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quais se continuarem inconsistentes provocarão novas variações nos preços. 0 equilíbrio ocorre quando tiverem sido eliminadas as forças responsáveis pela variação nos preços.

Passemos à formalização microeconómica do desequilíbrio. As questões macroeconómicas serão tratadas no fim deste ponto.

Em oposição à teoria Walrasiana do equilíbrio geral, a teoria do desequilíbrio admite que alguns mercados possam ser, temporariamente, caracterizados por desigualdades entre a oferta e a procura, devido à rigidez, de curto prazo, nos preços.

A teoria do desequilíbrio admite que em determinadas situações onde os preços são rígidos ou têm uma velocidade de ajustamento inferior à das quantidades o ajustamento será feito por estas. A consistência entre as transacções dos indivíduos é, assim, alcançada por ajustamento de quantidades. Além disso, as transacções podem ser feitas a preços de desequilíbrio (false

trading). Em cada mercado é o lado mais curto que decide sobre a quantidade a transaccionar e o lado mais longo fica racionado e não satisfaz os seus desejos. Se as transacções não se efectuarem ao preço de equilíbrio Walrasiano, então existirão compradores ou vendedores insatisfeitos, que passam a seguir um Processo de decisão dual á Clower - decisões a dois níveis :

- Em função do preço, daí resultando as procuras e ofertas ex-ante, ou Walrasianas, reflectindo o comportamento planeado/desejado dos agentes no mercado. De acordo com o esquema Walrasiano as transacções apenas se efectuarão quando se estabelecer um preço para o qual os desejos dos compradores igualem os desejos dos vendedores. Encontrado este preço então, naturalmente, os desejos dos dois tipos de agentes serão totalmente satisfeitos;

- Em função dos preços e quantidades, daí resultando as procuras e ofertas ex-post ou efectivas, tendo em conta restrições de quantidade. Neste caso, os sinais de preço deixam de ser estatísticas suficienteJ'. Existem, na

Terio técnico, usualiente usado eu Estatística, para designar uaa estatística que nos dá tanta inforaaçSo sobre o vector 9 dos parâaetros quanto a aaostra.

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economia, sinais de quantidade, os quais são importantes no processo de decisão dos agentes.

Assim, se o equilíbrio não for de tipo Walrasiano, há que fazer a distinção entre procuras e ofertas walrasianas e efectivas. A procura e a oferta walrasianas são aquelas que seriam expressas no mercado se o agente não se visse confrontado com qualquer restrição de quantidade. Estas resultarão do Programa de maximização da utilidade, para os consumidores, e do lucro, para os produtores, sujeita, somente, à restrição proveniente, respectivamente, do seu orçamento e da sua função produção. Num ambiente Walrasiano, como os agentes podem comprar e vender a quantidade desejada, de acordo com a sua restrição orçamental, aquelas só são função dos preços. Se existirem restrições de quantidade, isto é, se a procura ou a oferta estiverem, em algum mercado racionadas, é natural que aquelas restrições sejam tomadas em conta pelos agentes na maximização das suas funções utilidade ou lucro. As procuras e ofertas que se obtêm deste processo, em que existem restrições de quantidade, designam-se por procuras e ofertas efectivas.

Se o agente não esperar restrição de quantidades no mercado então, seguindo a sua procura(oferta) Walrasiana tentará comprar(vender) uma determinada quantidade a um determinado preço. Se não encontrar qualquer restrição então a procura(oferta) Walrasiana coincidirá com a efectiva. Se encontrar uma restrição (esperada ou não), então o agente terá que alterar a procura(oferta) de outros bens, que assim se tornam diferentes das não racionadas.

Tem existido alguma discrepância quanto à formulação das procuras ©fectivas . 0 desacordo resulta da consideração de quais as restrições de quantidade que o agente toma em conta no seu problema de optimização. Grosso Modo, duas abordagens foram propostas por Drèze e Clower (esta última parece ter predominado).

Veja-se, br particular, GREEN(1980) cor corrscçSo br WEINR1CH(1982), ondfi sb dá particular rslfivo ao

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Para Drèze, as procuras efectivas obtêm-se maximizando a função utilidade sujeita à restrição orçamental e a todas as restrições de quantidade que o agente se apercebe ter. Se x for um vector de quantidades (consumidas) de r bens, U<x) a função utilidade, p o vector dos preços e mQ o montante de dinheiro(moeda) inicial, então o vector da procura efectiva para todos os bens resultará de (um único problema):

max U(x) x sujeito a P x = mo x < X

Para Clower, a procura efectiva do bem h resulta da maximização da função utilidade sujeita à restrição orçamental (rendimento real ou efectivo) e a todas as restrições de quantidade, à excepção da respeitante ao bem h. 0 agente resolverá, separadamente, r problemas diferentes :

max U(x) x sujeito a P x ^mo

Xg < Xg para g ^ h h=l,...,r

0 vector das procuras efectivas (x|,... ,x{),... ,x^) tem como h-ésimo elemento, a componente h-ésima do vector solução Xf, = (xj,... ,x{j,,.. ,x{!) do h- -ésimo problema de optimização.

Quer numa abordagem quer noutra, as procuras efectivas têm em conta sinais (restrições) de quantidade, bem como os preços, bem evidentes na função consumo1 correspondente a esta situação, o que as torna particularmente

importantes na teoria do desequilíbrio. A importância das procuras efectivas

1. E» T0B1N(1952) deu-se ua passo decisivo para o estudo do coaportaaento do consuaidor racional sob racionaaento, ou seja, da funçSo consuao perante racionâaento, retoaado ea P0LLAK(1969), H0HARD(1977), LATHAh(1980) e NEARY e ROBERTS!1980).

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torna-se ainda mais evidente pelo papel desempenhado na explicação da existência de um equilíbrio com racionamento de quantidades ou desequilíbrio.

Para uma economia com processo Walrasiano de ajustamento dos preços, o único estado estacionário será o equilíbrio Walrasiano, porque de contrário, existindo excesso de procura ou oferta, os preços estarão a variar. Como explicar então a existência de estados estacionários de desequilíbrio Walrasiano persistente, ou seja, equilíbrio não-Walrasiano ?

As procuras (não satisfeitas) que explicam as variações nos preços, que funcionam como sinais, isto é, aquelas que aparecem no mercado não são as Procuras Walrasianas, mas antes as procuras efectivas. Assim, não haverá motivo para que o sistema não esteja equilibrado no que diz respeito às procuras efectivas, sem que o esteja em relação às Walrasianas (que nos dão as transacções desejadas). Um equilíbrio com restrições de quantidade é, assim, um equilíbrio não-Walrasiano, ou seja, um equilíbrio para as procuras efectivas.

Assim, a diferença fundamental entre as hipóteses dos autores clássicos (de equilíbrio) e as hipóteses dos teóricos do desequilíbrio é a de que :

- Para os autores (neo)-clássicos não haverá agentes racionados porquanto a procura Walrasiana será igual à efectiva e esta através do ajustamento pelos Preços será igual à oferta efectiva, que por sua vez será também igual à oferta Walrasiana. Teremos então Compras = Procura = Vendas = Oferta;

- Para os teóricos do desequilíbrio, sendo os preços rígidos, a procura não igualará, em geral, a oferta, estando uma destas racionada, isto é, existirão agentes cujo comportamento planeado diferirá do efectivo. Tal conduz a duas diferenças fundamentais em relação aos modelos de tipo Walrasiano. A Primeira diz respeito ao impacto da percepção de uma restrição de quantidade num mercado noutro (efeitos spill-over); a segunda, que tem que ver com a eficiência total do esquema de racionamento, o que nos conduz à condição do nínimo.

Se existirem n agentes (i=l,...n) e r bens (h=l,...,r), com preços P(, compondo o vector de preços p, os agentes hão-de expressar, no mercado h,

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procuras (líquidas) 2ih (i=l,...,n), as quais dão origem à procura agregada

•V

Zf, = 2 2ih. Temos, por outro lado, transacções (líquidas) actuais zih, pelo

agente i, para as quais se define Z|, = 2 z^, como sendo as transacções agregadas.

Assume-se que zih = Fih(2lh,... ,2^). 0 conjunto das funções Fih é designado

Por esquema de racionamento, o qual permite passar das procuras efectivas 2ih

Para as transacções z^.

Em relação ao esquema de racionamento admitem-se as seguintes hipóteses :

1 - Equilíbrio de Transacções ou Consistência - Para cada mercado(ria) o somatório das compras iguala o das vendas, isto é, Zh = 2 F^Íz^j•••>Znh) = 0, o

que não invalida que não possa acontecer Zh ^ 0;

2 - Troca Voluntária - Nenhum agente económico é obrigado a comprar ou vender no mercado mais do que aquilo que deseja, ou seja, as compras têm que ser sempre inferiores ou iguais à procura efectiva e por sua vez as vendas inferiores ou iguais à oferta efectiva. Temos que ter :

l^lhl - l2ih| e Zih-2ih ^ 0>

Assim, no mercado, teremos :

a) Compradores Racionados, se compra < procura b) Compradores Não Racionados, se compra = procura c) Vendedores Racionados, se venda < oferta

d) Vendedores Não Racionados, se venda = oferta.

A troca voluntária implica que a quantidade transaccionada seja inferior ou igual ao menor valor de entre a quantidade oferecida e procurada. Assim, com esta hipótese é possível não se realizarem transacções quando a procura não for igual à oferta1;

3 - Eficiência ou Eficácia - Num mesmo mercado não pode haver, simultaneamente. Compradores e Vendedores racionados, o que significa que

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Compradores e Vendedores esgotam até ao limite todas as possibilidades de trocas mutuamente vantajosas. Esta propriedade leva a que a quantidade transacionada tenha que ser maior ou igual ao menor valor de entre o par Note-se que o exemplo anterior de Qt ser nula se Dt ^ St, fica excluído

devido a esta hipótese.

Da conjugação destas hipóteses resulta que as transacções globais estabelecer-se-ão ao mínimo da oferta e da procura, ou seja Qt = min(Dt,St). Os

indivíduos do lado (mais) curto (procura se excesso de oferta ou oferta se excesso de procura) realizam as suas procuras(ofertas) efectivas, ou seja,

«V

quando Zh-2ih < 0, temos = 2^. Para preços diferentes dos de equilíbrio

Walrasiano, temos (somente) racionado o lado longo.

Para preços superiores ao de equilíbrio Walrasiano, em que as vendas são inferiores à oferta, esta estará racionada, pois a oferta efectiva será inferior à oferta Walrasiana, enquanto que a procura efectiva será igual à Walrasiana;

Para preços inferiores ao de equilíbrio Walrasiano, em que as compras são inferiores à procura, esta estará racionada, pois a procura efectiva será inferior à Walrasiana, enquanto que a oferta efectiva será igual à Walrasiana.

Em termos gráficos : 1 \ 0(»rta X \ Procura p* Presos

As transacções estabelecer-se-ão, então, sobre a linha a cheio (o lado "Wis curto) no gráfico anterior.

0 que acabámos de expor constitui, resumidamente, os fundamentos microeconómicos da teoria do desequilíbrio. Esta surgiu, precisamente, para fundamentar microeconomicamente a teoria macroeconómica de Reynes. Autores como Clower e Patinkin, em meados da década de 1960 e Leijonhufvud em finais desta

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década, insatisfeitos quanto à interpretação da doutrina de Keynes formulada na síntese neo-clássica, pretenderam fazer uma reapreciação da teoria Keynesiana.

A síntese neo-clássica pretendia combinar a abordagem Keynesiana rendimento-despesa com a noção neo-clássica de equilíbrio geral competitivo, tendo esta predominado sobre aquela. Esta última noção baseia-se, como sabemos, no ajustamento Walrasiano dos preços. A síntese neo-clássica passou então a ser uma macroeconomia do equilíbrio, mostrando que o sistema tem uma tendência para o equilíbrio. Se o sistema for perturbado por um choque exógeno pode existir desequilíbrio, mas sempre temporário, enquanto a economia não se ajustar para o novo equilíbrio. 0 seu ponto principal de interesse seria o equilíbrio de longo prazo.

Cedo se verificou que a síntese neo-clássica não fornecia, segundo alguns autores, uma interpretação rigorosa da teoria Keynesiana, a qual tinha como Ponto principal de interesse o equilíbrio de curto prazo. Daí a tentativa de reinterpretação da teoria Keynesiana, que muitos consideravam deturpadas na síntese neo-clássica, o que veio conduzir à teoria do desequilíbrio.

Já na década de 70 a formalização microeconómica da teoria do desequilíbrio, foi tratada por autores como BENASSY(1975) e DRÈZE(1975) e a macroeconómica por BARRO e GRDSSMAN(1971), a qual deu origem a uma longa lista de trabalhos, em que destacamos, por tratarem questões relacionadas com a matéria, os seguintes :

Em KDRLIRAS(1975)^ fez-se a introdução, num modelo tipo BARRO-GRDSSMAN, de um mercado de (enpréstimos)obrigações. Estais são emitidas pelas empresas e são subscritas pelos particulares. Admite-se que este mercado funciona em equilíbrio devido à flexibilidade perfeita da taxa de juro.

MILLER(1982) constitui uma extensão do modelo de Korliras. Desenvolveu um medeio de desequilíbrio, o qual permite a existência de racionamento de erédito. Este ocorre quando a taxa de juro do mercado das obrigações está ^aixo do nível de equilíbrio Walrasiano. Nesta situação, os investidores

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procuram um montante de crédito superior ao oferecido. Assim, a procura de investimento sofre uma restrição devido a insuficiências de fundos/empréstimos.

Esta mesma situação foi explorada em BLINDER(1987), dentro da filosofia dos modelos de racionamento de crédito1. Estuda-se, em teoria, como o Banco

Central pode afectar a economia real sem ser através da moeda mas sim através do racionamento de crédito, dando especial relevo à interacção entre o multiplicador Keynesiano e o multiplicador de crédito. Mostra-se, então, como o racionamento de crédito aumenta a eficácia das medidas de política monetária e reduz a das medidas de política fiscal. Se as empresas para produzirem, necessitarem de crédito, e se este não estiver disponível em quantidade suficiente para as empresas poderem produzir tudo aquilo que poderiam vender temos uma insuficiência (failure) na oferta efectiva, o que equivale a dizer Que as empresas não vendem tanto quanto desejariam.

/

Em SILVESTRE (1988a) faz-se a introdução de um mercado de crédito bancário, a funcionar em equilíbrio, num modelo de tipo BARRO-GROSSMAN.

Em SILVESTRE(1988b) admite-se a possibilidade de aquele mercado de crédito funcionar em desequilíbrio, devido à rigidez da taxa de juro.

Quer num quer noutro faz-se o estudo das repercussões ao nível da Política económica, tal como TUCKER(1968), HARRIS(1974) e BLINDER(1987).

Estes três últimos autores estudaram um caso particular de equilíbrio não Walrasiano que se pode verificar ao nível do mercado de crédito, que é a existência de racionamento da procura de crédito. Enquanto que o equilíbrio Walrasiano é caracterizado pela inexistência de racionamento da procura ou da oferta, temos, neste caso, uma situação particular de desequilíbrio, com insuficiência de oferta de crédito, ou seja, com racionamento da procura. É

esta a situação que iremos estudar de seguida.

^ Este facto afasta-o da linha do «odeio de BfiRRO-BROSSMAN. Ainda assi», o destaque dado à oferta efectiva, torna-o distinto dos trabalhos que, dentro da «esaa linha dos «odelos de racionaaento de crédito, estudara», ^»bé«, os efeitos do racionaiento de crédito sobre a politica econóaica, coao s3o o caso de TUCKER(1968) e

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1.3 - OS MODELOS DE RACIONAMENTO DO CRÉDITO1

Uma das características particulares do mercado de crédito que o diferencia em relação a muitos outros é a de que algumas vezes os clientes2

defrontam-se com um racionamento quanto à quantidade de crédito que desejariam obter. A uma determinada taxa de juro os clientes gostariam que lhe concedessem mais crédito do que aquele que o banco lhe concede, situação esta que, na maioria dos mercados levaria a uma subida dos preços de forma a igualar a Procura à oferta, mas raramente neste mercado. A característica que pode levar àquela situação parece ser a natureza das transacções. Na maior parte dos mercados o pagamento e a cedência do bem ocorrem simultaneamente, o que permite assegurar aos vendedores que os compradores efectuam o pagamento; se tal não acontecer, os vendedores poderão, pura e simplesmente, recusar a cedência do bem. Ao contrário, no mercado de crédito aquele que pede emprestado recebe esse mesmo empréstimo e só o começa a pagar mais tarde. 0 racionamento do crédito surge então porque o banco enfrenta o risco de o cliente não reembolsar o empréstimo por insolvência ou falência.

Perante o possível racionamento do crédito por parte dos bancos colocam- ~se duas questões :

Primeira - Será racional este tipo de comportamento, ou seja, maximizará & utilidade/lucro do banco se este se comportar assim ? Da tentativa de resposta a esta questão surgiu toda uma análise teórica do racionamento do crédito que se desenvolveu rapidamente, a partir do artigo pioneiro de H0DGMAN(1960). Antes deste autor, considerava-se que o racionamento de crédito não passaria de um fenómeno temporário, ao qual os bancos recorreriam enquanto não decidissem subir as taxas de juro até ao restabelecimento de um novo

b Sobre a questSo vejaa-ae duas excelentes surveys em CHAU(1989) e G00DHART(19891 - Cap 7 - pg 156-175.

Daqui para a frente utilnaresos, sem perca de generalidade, o termo cliente para designar o agente que pede Aprestado e o termo banco para designar o agente que empresta.

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equilíbrio. Esta visão, como é notório, não atribuía uma influência decisiva do racionamento sobre a disponibilidade do crédito que não fosse a curto prazo.

Segunda - Será o racionamento de crédito um fenómeno empiricamente verificável ? Daqui resultou uma série de estudos empíricos, sendo um dos primeiros o de JAFFEE e M0DIGLIANI(1969). A existência e magnitude do racionamento do crédito foi mais difícil de apurar, dada a exigência ao nível da informação ex-ante sobre a procura e oferta de crédito às diferentes taxas. Não existindo esta informação foram sendo propostos métodos indirectos para testar a existência de racionamento de crédito, de que se destacam os baseados no uso de variáveis substitutas (proxy), como o de JAFFEE e M0DIGLIANI(1969).

Como afirmámos atrás, H0DGMAN(1960) constituiu uma contribuição pioneira Para a análise (teórica) do racionamento de crédito. Defrontando-se com a evidência de que os bancos, por vezes, se recusavam a cobrar taxas de juro altas que determinados agentes estariam dispostos a pagar pela concessão de crédito, Hodgman estabeleceu uma base teórica de explicação para o fenómeno do racionamento do crédito que nada tem a ver com os limites máximos para as taxas de juro mas sim com a atitude dos bancos perante o risco do cliente.

Note-se que o propósito de Hodgman foi o de explicar, à luz de critérios da livre economia, o fenómeno do racionamento de crédito por parte dos bancos como um facto racional e duradouro, e, assim, desligá-lo completamente dos limites para as taxas de juro. 0 banco não cobrará uma taxa de juro mais elevada, não porque lhe seja impossível devido a um limite (tecto) legal para a mesma mas porque, de sua livre vontade, o decide fazer.

Adraite-se então que os bancos, na atribuição de crédito, seguem um determinado critério que se baseia num nível (máximo) de risco, do qual resulta Que o banco só aumentará o valor do empréstimo até ao ponto em que a Probabilidade de o cliente pagar o prometido é nula. Atinge-se, assim, uma Posição em que não há valor de taxa de juro que o cliente possa estar disposto ^ pagar que induza o banco a aumentar o valor do empréstimo.

Como crítica ao resultado de Hodgman de que os bancos aumentariam os empréstimos até os clientes atingirem aquele ponto limite, surgiu a proposta de

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RYDEH(1962). Este modificou o modelo de forma a que a quantidade máxima emprestada ocorra antes da insolvência.

MILLERC1962), na mesma linha de Ryder analisou os custos de falência. Estes podem ser de tal modo altos que o montante de oferta máximo pode ocorrer antes de os clientes se tomarem insolventes. Miller questionou então se neste caso ocorreria racionamento de crédito. A resposta a esta questão surge em H0DGMAN(1962), que mais uma vez concluiu que existem situações em que o racionamento de crédito é um comportamento racional por parte dos bancos.

Mais tarde, FREIMER e GORDON(1965) consideraram que o racionamento de crédito ocorre quando o banco fixa uma taxa de juro e oferece crédito tanto quanto o cliente desejar àquela taxa até um certo limite determinado pelas capacidades financeiras desse mesmo cliente.

Considerando dois tipos de modelos (a um período), Freimer e Gordon mostraram que :

- No primeiro tipo, supondo que a densidade de probabilidade das receitas do investimento, sendo estas uma variável aleatória contínua, é uma distribuição rectangular1, os bancos racionarão o crédito;

- No segundo tipo, se o valor do empréstimo puder variar continuamente e se a distribuição de probabilidades dos resultados do projecto não for uma função do valor do empréstimo então o valor preferido pelo banco para o empréstimo aumentará indefinidamente com a taxa de juro.

No final da década de 60 surge um estudo em que pela primeira vez se enalisaram detalhadamente as consequências do racionamento de crédito sobre a Política monetária. Habitualmente considerava-se que a rigidez das taxas de juro, provocando desfasamentos (lags) de ajustamento diminuía a velocidade de actuação da política monetária. Em TUCKER(1968) tentou-se mostrar que em Períodos de política monetária contracionista, o racionamento de crédito temporário, resultante do ajustamento lento das taxas de juro à subida, tem um

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efeito acelerador, que, em determinadas circunstâncias, pode causar uma maior velocidade para aquela política do que se aquele desfasamento não existisse.

Se existir desfasamento no ajustamento da taxa de juro, então, por esta via, a política monetária verá a sua velocidade de actuação diminuída. Mas se o desfasamento for acompanhado por racionamento, então este, influenciando

imediatamente o investimento, acelerará a eficácia da política monetária.

Conforme salientado em JAFFEE e MODIGLIANICISSS)1, tinha-se estudado, até

aí, um tipo de racionamento de crédito em termos teóricos diferente do estudado em termos empíricos2. Tinha-se dado privilégio à quantidade oferecida

esquecendo-se as determinantes da procura e da taxa de juro. Em JAFFEE e M0DIGLIANI(1969) tentou-se a integração dos três elementos3, apresentando,

simultaneamente, uma base teórica - será o racionamento compatível com um comportamento racional por parte dos bancos ? - e um teste empírico - pode-se medir o racionamento do crédito ? - para a existência de racionamento de crédito nos Estados Unidos (1952.11 a 1965.IV).

Definem (pg 851) racionamento de crédito como uma "situação em que a Procura de empréstimos (...) excede a oferta desses empréstimos a uma determinada taxa de Juro cobrada pelos bancod'. Este pode assumir a forma de racionamento de equilíbrio e racionamento dinâmico.

0 racionamento de equilíbrio é o que ainda se verifica depois de um ajustamento completo para um equilíbrio estático, ou seja, quando a taxa de juro estiver ao seu nível de equilíbrio de longo prazo. Este existe devido a uma estrutura institucional, onde taxas de juro idênticas são cobradas a

1. Co«ntado por SHITH(1972) e retesado por JAFFEE(1972). 2- Veja-se Nota 3 da pag. 851 de JAFFEE e HDDIBLIANI(19A9).

Usa critica feita a este estudo de Jaffee é a de que se trata de us sodelo recursivo e nSo de us «odeio es Aue a oferta e a procura interajas sisultaneasente para a detersinaçSo da taxa de juro e quantidade de crédito concedido, é possível estisar directasente us sodelo estrutural de oferta-procura consistente cos a teoria do Câcionasento de crédito. Foi o que fez, por exesplo, SEALEY(1979), para sedir os efeitos dinâsicos do

raciona«ento, isto é, os efeitos do racionasento durante o processo de ajustasento e n3o o «ontante de raciona«ento quando o sercado estivesse es equilíbrio.

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diferentes clientes, ou seja, imperfeita discriminação do preço pelos vários clientes, os quais são divididos segundo categorias de risco. Para cada uma destas categorias existe uma única taxa de juro, r , a qual difere da taxa óptima para a maior parte dos clientes nessa categoria. A taxa óptima para uma determinada categoria estará compreendida entre as taxas óptimas para o cliente de menor e maior risco, isto é, ^ < r < rj.

Aquela taxa, os cliente de (relativo) menor risco nunca estarão racionados, enquanto que os outros poderão ser alvo de racionamento de fundos.

Uma causa para a existência deste tipo de racionamento poderão ser os limites máximos (tectos) para as taxas de juro. Se a restrição for efectiva, então o banco estará impedido de cobrar uma taxa maior do que o limite máximo a um cliente, cujo risco assim o exigia.

0 racionamento dinâmico (temporário) é o racionamento de crédito que pode ocorrer no curto prazo enquanto a taxa de juro não se ajustou totalmente ao seu nível óptimo de longo prazo. É definido como a diferença temporária na quantidade de excesso de procura de fundos que resulta de um movimento (demasiado) lento da taxa de juro em direcção ao valor de equilíbrio, sendo tanto maior quanto maior for a diferença entre a taxa de juro actual e a óptima de longo prazo. Este tipo de racionamento resulta, no fundo, da imperfeita flexibilidade da taxa de juro, era resultado, por exemplo, da fixação administrativa das mesmas.

Jaffee e Modigliani consideraram o resultado do projecto, X, como uma variável aleatória, com função densidade f^x), sendo esta independente do valor do projecto, que é fixo.

0 empréstimo óptimo a um cliente será aquele que maximiza o lucro esperado para o banco, do projecto daquele cliente, para uma determinada taxa de juro. A curva da oferta do banco ao cliente será o conjunto dos empréstimos óptimos correspondentes às várias taxas de juro.

Segundo os autores, a curva da oferta ao cliente i terá propriedades que se expressam ao nível gráfico da seguinte forma :

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r - Taxa da Jura 4o eapr*atlao S - Taxa 4a Jura 4oa 4ap6aitoa A

Dj q - Raaultado atniao 4a prajac-

1 to i, tal <(ua :

fjOO ■ 0. para X < Si

o ... - J s i-tr l*r Taxa 4a Juro Qual a taxa óptima ?

1 - Se o banco funcionar como um monopolista discriminador, isto é, fixar uma taxa de juro para cada cliente, então prova-se (pg 856) que r* > f, o que implica que o racionamento de crédito não seja lucrativo;

2 - Se o banco tiver como restrição o cobrar de uma única taxa de juro a todos os clientes, e se r* for a que maximiza o lucro esperado, então ela estará entre a taxa de juro que cobraria aos clientes extremos (de maior e menor risco). Neste caso, o racionamento de crédito pode ser vantajoso, ou seja, àquela taxa comum, e para alguns clientes, é mais lucrativo, para o banco, oferecer menos crédito do que o procurado (pg 856,857).

Mais tarde HARRIS(1974), no seguimento de TUCKER(1968), voltou a estudar as implicações do racionamento de crédito sobre a política económica tentando, tal como JAFFEE e MODIGLIANI(1969), demonstrar a sua existência.

Define racionamento de crédito como uma mudança nos termos do contrato de empréstimo que não o preço. Estes termos podem evoluir, em relação ao preço, segundo duas formas :

Teoria dos movimentos opostos - Segundo esta, o uso destes termos deve-se à rigidez da taxa de juro. Por exemplo, se numa situação de excesso de procura

03 bancos não puderem aumentar a taxa de juro no valor adequado de forma a

squilibrar o mercado então usarão outros factores/termos enquanto a taxa sobe. Logo que esta atinja o valor que equilibra o mercado não há necessidade de Racionamento feito com base naqueles termos. Assim haverá momentos em que a taxa (preço) e os (restantes) termos se deslocarão em sentidos contrários. Aquele racionamento será temporário, durando só enquanto a taxa de juro não se

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ajusta;

Teoria dos co-movimentos - A taxa de juro e os restantes termos são usados simultaneamente para equilibrar o mercado. Em períodos de excesso de procura, como ambos podem servir para reduzir a procura, são utilizados no mesmo sentido.

HARRIS(1974), utilizando dados de 1964 a 1970 para os Estados Unidos, demonstrou a existência de racionamento feito com base em elementos que não a taxa de juro e de co-movimentos, o que significa que o racionamento não é temporário, isto é, causado pela incapacidade dos bancos ajustarem a taxa de juro.

Nestes primeiros modelos de racionamento de crédito considerou-se que a probabilidade de insolvência aumentaria com o valor do empréstimo pedido, o que significa que este funciona como um sinal da qualidade do empréstimo. Se o banco não puder, por alguma razão/restrição exógena, como um tecto legal para as taxas de juro, ou a fixação administrativa das mesmas, cobrar taxas de juro diferentes consoante o valor do empréstimo então haverá racionamento de crédito, na medida em que aos clientes que pedirem emprestado um maior valor lhes será negado o crédito, porque tal está associado a lucros esperados negativos para os bancos.

Na década de 70, AKERL0F(1970), RDTHSCHILD(1973) e ROTHSCHILD e STIGLITZ(1976), entre outros, estudaram, de forma inovadora, o papel da informação no funcionamento dos mercados. Nestes, tal como em STIGLER(1961), considera-se que a informação tem um determinado valor económico pois permite

aos indivíduos modificar as suas probabilidades (subjectivas) sobre a

ocorrência de um determinado estado da natureza. 0 agente económico tem em um determinado momento do tempo uma distribuição a priori sobre os possíveis

valores das variáveis relevantes para a sua tomada de decisão. A informação alterará as probabilidades a priori permitindo que os agentes económicos tomem

Melhores decisões. É neste sentido que se diz que a informação é um recurso com

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Um sinal é então qualquer acontecimento capaz de alterar a distribuição de probabilidades de cada um. A distribuição (a posteriori) condicionada pelos sinais terá que ser diferente da distribuição inicial, para que se possa considerar que esses sinais tenham acrescentado o volume de

informação relevante.

Se no mercado existir assimetria na informação, quando por exemplo, os compradores estiverem menos bem informados sobre a qualidade do produto que os vendedores, os preços refletirão a qualidade média. Os agentes terão, então, todo o interesse em revelar a sua qualidade através de outras variáveis {sinais) que não o preço.

A sinalização {signalling) funciona então como um mecanismo de transmissão de informação. Através dele a informação privada é revelada. 0 agente não informado passa a poder realizar um processo de revelação, avaliação ou visualização (screening) sobre a verdadeira qualidade de um bem ou de um agente quando o agente informado emite sinais. Na ausência desta emissão de sinais, a falta de separação dos agentes ou bens heterogéneos, em resultado da assimetria da informação, pode provocar falhas ao nível do funcionamento dos mercados. Conforme salientado em AKERL0F(1970), na ausência de sinalização, a um dado preço, os vendedores de produtos de baixa qualidade são atraídos para o mercado o que, fazendo cair o preço e a qualidade média, torna o mercado não atractivo para os vendedores de produtos de maior qualidade1. 0 preço de

mercado reflectirá e determinará, assim, a qualidade média no mercado. Se a qualidade média dos bens oferecidos (procurados) for positivamente (negativamente) relacionada com o preço de mercado então haverá incentivos para que a procura (oferta) fixe o preço acima(abaixo) do de equilíbrio Walrasiano. Nesta situação, a oferta (procura) estará racionada dado que a procura (oferta) prefere pagar (receber) um preço maior (menor) em troca de maior qualidade. Associado à selecção adversa poderá vir um processo de sinalização, ou seja um

!• Este é o châiado fenóieno de selecçSo adversa, que se torna particularmente importante em STISL1TZ e NEISS(1901), como veremos adiante.

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processo de revelação da qualidade dos bens por parte da oferta de bens de melhor qualidade.

Como resultado destes estudos surgiram os primeiros modelos de racionamento de crédito onde se considera a existência de informação assimétrica, de que se destacam os de JAFFEE e RUSSELL(1976) e STIGLITZ e WEISS(1981).

JAFFEE e RUSSELL(1976) estudaram a situação em que o agente não informado (banco) não consegue aperceber-se da verdadeira natureza dos agentes(clientes), alguns dos quais têm um incentivo em explorar as imperfeições na informação (assimétrica). Mais concretamente, estudou-se o incentivo que um devedor desonesto tem em não pagar a dívida quando o custo de falência é exógeno(fixo)

fazendo-se passar por honesto.

"O racionamento de crédito ocorre quando os bancos fixam uma taxa de Juro sobre os empréstimos e depois oferecem um valor menor do que o procurado".

Existem dois tipos de clientes : os honestos que só aceitam empréstimos que esperam pagar, isto é, recusam-se a declarar-se insolventes ainda que haja incentivos para tal, e os desonestos, que se declaram insolventes sempre que os custos de insolvência sejam inferiores ao custo do pagamento do empréstimo.

Como o custo de insolvência é considerado fixo, por isso independente do valor do empréstimo, então quanto maior este for maior será a apetência para os clientes se declarem insolventes; ou seja, a probabilidade de insolvência aumenta com o valor do empréstimo. Os clientes têm diferentes custos de insolvência, mas os bancos não os conseguem distinguir por falta de informação. Mostra-se então que se o mercado for competitivo pode-se chegar a um equilíbrio em que todos os clientes são racionados, pois graças à imperfeição da informação existirá um único contrato oferecido pelo banco em equilíbrio.

Até aqui assumiu-se, por hipótese, que a distribuição de probabilidades dos resultados dos projectos era conhecida perfeitamente pelo banco e pelo cliente. STIGLITZ e WEISS(1981) abandonam esta hipótese e assumem que os bancos não podem prever, com certeza, que tipo de projecto o cliente irá tomar e não

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pedem sequer obter essa informação ex-ante sem um custo considerável. 0 cliente dispõe de informação (privada) sobre as suas intenções mas esta não está disponível para o banco. Temos, assim, um caso de informação assimétrica. A taxa de juro pode ser usada como um mecanismo de revelação para estabelecer a qualidade média do cliente, pois a taxa de juro que este está disposto a pagar pode ser considerada um sinal revelador da sua natureza, mas tal torna-se, na prática, inoperativo, dado que, por hipótese, há um único contrato com uma única taxa de juro.

0 banco fixa uma taxa de juro (óptima), à qual se corresponder um excesso de procura1 obrigará o banco a racionar o crédito. Ao contrário do geralmente

admitido para os mercados caracterizados por excesso de procura, o preço não subirá. Assim, tem-se como objectivo mostrar que em equilíbrio o mercado de crédito pode ser caracterizado por racionamento de crédito. A manutenção da taxa de juro e o consequente racionamento do crédito constitui uma decisão racional por parte dos bancos, dada a relação inversa, a partir de um determinado nível, entre (aumentos da) taxa de juro do crédito e os lucros dos bancos. Esta relação resulta de os bancos, na decisão de atribuição de crédito, tomarem em consideração a taxa de juro e o risco do empréstimo e de esta afectar o risco do conjunto dos empréstimos2 por duas razões :

1 - Selecção adversa (adverse selection); 2 - Efeito incentivo (incentive effect).

Analisemos, brevemente, cada um destes argumentos :

A selecção adversa, traduzida na deterioração, em termos de risco médio, da carteira de empréstimos, resulta de aqueles que estão dispostos a pedir

1. Eibora o relevo vá para o caso de excesso de procura, os autores considera» (veja-se pg 409) a possibilidade de equilíbrio com excesso de oferta, se devido á assisetria da infor«âç5o, os bancos soubere» quais sSo os seus •elhores clientes nas os concorrentes nSo, e todos tentare# atrair os melhores clientes dos restantes.

2. Fica, assim, bem claro que se trata de um caso particular dos modelos da economia da informaçSo que exploram a exist?ncia de equilíbrio competitivo com excesso de procura ou oferta. Deles, sabe-se que se os preços afectarem á natureza das transacçSes (qualidade do produto transacionado) poderá nSo existir um equilíbrio Kalrasiano. 0 excesso de procura ou oferta pode surgir em resultado de fenómenos como a selecçSo adversa (adverse selection) e e conduta arriscada (moral fiazard). No caso de informaçSo assimétrica sSo estes dois fenómenos que se usam geralmente para explicar estas falhas ou insucessos do mercado. Também aqui se verifica o mesmo !

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emprestado a mais altas taxas de juro serem, em média, clientes de maior risco. Os clientes são diferentes, pois têm diferentes distribuições de probabilidade de insolvência, embora esta informação seja privada. Admite-se, por hipótese, que os bancos são capazes de distinguir projectos com diferentes rendimentos médios1 mas não sabem, com certeza, o grau de risco do projecto. A

selecção adversa resulta, assim, da falta de sinalização por parte dos clientes sobre a qualidade dos seus projectos e/ou do uso ineficiente da taxa de juro como mecanismo de revelação para distinguir os projectos de baixo e alto risco. 0 valor do empréstimo é o mesmo para todos os clientes, o que impede que o mesmo possa funcionar como um mecanismo de avaliação do risco (screenmg).

Se os indivíduos pedirem emprestado B (montante igual para todos os projectos) e se a taxa de juro for r então os indivíduos tomar-se-ão insolventes se o seu rendimento R mais a garantia (collateral) C for insuficiente para pagar a quantia em dívida, isto é, se R + C í (l+r)B.

A receita líquida para o cliente será então :

TC(R,r) = Max (R - (l+r)B ; - C)

Admitindo que o cliente, se não se tornar insolvente, paga a dívida ou, caso contrário, o máximo que puder (R + C), então a receita para o banco será :

ô(R,r) = Min (R + C ; (l+r)B)

Para projectos com o mesmo rendimento médio esperado, os mais arriscados, ou seja com uma maior variância nos rendimentos, trarão, para qualquer valor da taxa de juro, um maior rendimento esperado para o cliente e um menor para o banco. Assim, ura aumento na taxa de juro torna o lucro esperado dos clientes de baixo risco nulo antes do dos clientes de alto risco. Dito de outra forma, a taxa máxima de aceitação r do cliente aumenta com o grau de risco, de modo que se ultrapassar um dos limites de aceitação desistem primeiro os projectos de

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menor risco. Desta forma, um aumento da taxa de juro para se conseguir uma diminuição do excesso de procura provocaria a saída dos clientes de (mais) baixo risco do mercado. Tudo isto está bem expresso no Teorema 3 (pg 397), segundo o qual, a receita esperada de um empréstimo para um banco é uma função decrescente do risco. Significa isto que o efeito directo na receita provocado pelo aumento na taxa de juro pode ser suplantado pelos efeitos indirectos da selecção adversa.

0 efeito incentivo tem que ver com a segunda forma como a taxa de juro pode influenciar a receita para o banco, através da modificação das decisões dos clientes. Dado que o interesse das duas partes pode ser diferente1 e os

bancos não podem controlar todas as decisões dos clientes, aqueles tomarão em conta o facto de a taxa de juro influenciar o comportamento destes.

/N

Segundo o Teorema 7 (pg 401), se para alguma taxa de juro r, a receita esperada para o projecto i, itj for igual à receita esperada para o projecto j, TCj, ou seja, se o cliente for indiferente perante os dois projectos, então a subida em r provocará uma descida maior na receita esperada do projecto de menor risco do que a provocada na receita esperada no projecto de maior risco, ou seja uma preferência do cliente pelo projecto com maior probabilidade de insolvência.

A atracção para projectos de maior risco, em resultado de um aumento da taxa de juro, diminuindo o lucro esperado para o banco, constitui mais um motivo para que perante um excesso de procura os bancos racionem o crédito em vez de subirem a taxa de juro.

Devido a estes dois factores, Stiglitz e Weiss, argumentam que o rendimento esperado pode crescer menos rapidamente que a taxa de juro, e mesmo a partir de um determinado ponto começar a baixar. Existirá então, uma taxa de Ouro óptima r que maximiza o lucro esperado do banco, no sentido era que para um valor superior a r*, o efeito rendimento derivado do acréscimo na taxa de Ouro é superado pela deterioração no risco médio dos empréstimos.

Referências

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