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Benefícios da Implementação de Energia Eólica no Estado do Ceará - Brasil

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Academic year: 2021

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MESTRADO

ECONOMIA E GESTÃO DO AMBIENTE

BENEFÍCIOS DA IMPLEMENTAÇÃO

DE ENERGIA EÓLICA NO ESTADO

DO CEARÁ – BRASIL

Melissa Gurgel de Abreu Machado

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BENEFÍCIOSDA IMPLEMENTAÇÃO DE ENERGIA EÓLICA NO

ESTADO DO CEARÁ - BRASIL

Melissa Gurgel de Abreu Machado

Dissertação

Mestrado em Economia e Gestão do Ambiente

Orientado por

Susana Maria Almeida da Silva

Co-orientado por

Antonio Jeovah de Andrade Meireles

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Nota Biográfica

Melissa Gurgel de Abreu Machado, brasileira, 27 anos, engenheira ambiental e sanitarista, graduada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE. Ingressou no curso de Engenharia Ambiental e Sanitária no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará. No decorrer da formação, participou de projetos de iniciação cientifica no laboratório do IFCE. Cujo objetivo do projeto buscava a remoção de metais pesados da água através de adsorventes naturais. Sob a orientação de grandes profissionais, obteve resultados positivos com esse estudo, publicou artigos em congressos internacionais e viajou para diferentes estados do Brasil com o intuito de apresentar o estudo e sua relevância para o desenvolvimento sustentável.

Devido ao desempenho na universidade, em 2015, foi aprovada em um programa do Governo Brasileiro para estudar um ano na França, com bolsa de estudo integral e acompanhamento, fornecidos pelo Governo Federal. Onde inicou a jornada internacional na Universidade de Toulouse, onde cursei master 1 – água, solo e meio ambiente. Em Toulouse realizou estágio voluntário no GET - Laboratoire Géosciences Environnement Toulouse. Onde desempenhou pesquisas acerca de bactérias encontradas no permafrost na Zona Boreal e como tal área é afetada por alterações climáticas decorrentes da intensificação do efeito estufa.

Retornou ao Brasil em 2017, para dar continuidade aos estudos e pesquisas no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará. Onde concluiu a graduação em março de 2018 e obteve o diploma em Engenharia Ambiental e Sanitária.

Com o objetivo de seguir a carreira académica, em setembro de 2018, iniciou o mestrado na FEP, onde estou com foco nas áreas do Ambiente e da Energia. .Onde realizou uma pesquisa a cerca da implementação de energia eólica no Estado do Ceará – Brasil, com o objetivo de apresentar sua contribuição no desenvolvimento sustentável do Estado, tal estudo foi realizado por meio de uma análise política, económica, social, tecnológica, ambiental e legal.

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Agradecimentos

Inicialmente agradeço aos meus pais, Mario de Abreu Machado e Claudia Maciel Gurgel Carneiro, por sempre me ajudarem e incentivarem meus estudos.

Ao meu tio Guilherme Meireles e à minha tia Liana Meireles, por ajudarem na minha educação, por toda a paciência e carinho.

À professora Doutora Susana Maria Almeida da Silva, pela atenção e orientação para a realização deste trabalho.

Às minhas irmãs Mariana e Morgana, por todo o incentivo.

À cidade do Porto por me receber como casa e me ensinar a viver à Porto. Aos amigos que fiz na cidade do Porto, em especial à Maltinha, que tornaram os anos de mestrado mais leves e divertidos. Estando sempre comigo nos melhores e piores momentos desde o início da minha mudança para Portugal.

À Brenda Lopes e ao Rafael Queiroz por sempre me acalmarem e me fazerem rir quando eu mais precisei.

Aos amigos do Quinderé 131, por sempre estarem dispostos a me alegrar e ajudar nos momentos difíceis.

Aos amigos, Amanda Giovanelli, Carolina Serra, Giovana Queiroz, Hiago Alto, Julia Perreira, , por tornarem a reta final do mestrado mais leve.

À grande amiga Luiza Veras, por ser minha salvadora e me ajudar nos momentos que eu mais preciso e por sempre me apoiar e incentivar.

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Resumo

Esta dissertação apresenta a matriz energética brasileira, com foco na geração de energia por fonte eólica. O objeto de estudo escolhido foi o Estado do Ceará, em razão das condições ambientais extremamente favoráveis para a geração de energia eólica e por possuir um regime de ventos complementar ao regime de chuvas, de modo a possibilitar maior segurança energética para o Estado.

O presente estudo teve como objetivo discutir e avaliar os benefícios e impactos decorrentes da instalação de indústrias eólicas no Estado do Ceará. E buscou responder o seguinte questionamento: Quais os impactos causados pela implementação da energia eólica no Estado do Ceará ?

Para o cumprimento do objetivo, utilizou-se a metodologia PESTEL, de forma a analisar os contextos: político, económico, social, tecnológico, ambiental e legal da energia eólica no Estado. A informação foi apresentada em tabelas, estas foram as bases para a discussão das informações coletadas. As discussões desenvolvidas atendem ao objetivo proposto nesta dissertação e respondem ao questionamento apresentado no inicio do estudo acerca dos impactos positivos e negativos causados através da implementação da fonte eólica no Ceará. A partir da identificação e avaliação dos impactos, os resultados indicam que a fonte eólica é importante como alternativa energética e para o desenvolvimento do Estado. Palavras-chave: Energia eólica; Estado do Ceará; Impactos; PESTEL; Positivos; Negativos.

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Abstract

This dissertation reports the Brazilian energy matrix, focusing on the generation of energy by wind source. The chosen object of study was the State of Ceará (Brazil), due to the extremely favorable environmental conditions for the generation of wind energy and for having a wind regime complementary to the rain regime, in order to enable greater energy security for the State.

This study aimed to discuss and evaluate the benefits and impacts resulting from the installation of wind industries in the State of Ceará. And it sought to answer the following question: What are the impacts caused by the implementation of wind energy in the State of Ceará?

To achieve the aim, the PESTEL methodology was implemented, in order to analyze the following contexts: political, economic, social, technological, environmental and legal of wind energy in the State. The information was presented in tables, these were the bases for the discussion of the information collected. The discussions developed meet the object proposed in this dissertation and answer the question presented at the beginning of the study regarding the positive and negative impacts caused by the implementation of the wind source in Ceará. Based on the identification and assessment of impacts, the results indicate that the wind source is important as an energy alternative and for the development of the State.

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Abreviaturas

AEC - Atlas Eólico do Ceará

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco

IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégias Económicas do Ceará GEE - Gases do Efeito Estufa

NIMBY - Not-In-My-Back-Yard

PROEÓLICA - Programa Emergencial de Energia Eólica

PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica TER - Tecnologias de Energia Renovável

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Índice

1. Introdução ... 1

2. Fundamentação teórica ... 5

2.1 Geração de energia elétrica no Brasil ... 5

2.2 Geração de energia eólica no Brasil ... 8

2.3 Geração de energia eólica no Ceará... 13

3. Metodologia ... 21

4. Resultados e Discussões ... 24

5. Conclusão ... 38

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Índice de Figuras

Figura 1 - Oferta interna de eletricidade no Brasil em 2018...6

Figura 2 – Geração de energia elétrica por fonte no Brasil...7

Figura 3 – Capacidade instalada de geração elétrica...10

Figura 4 – Evolução da Capacidade instalada por fonte eólica no Brasil...11

Figura 5 – Posição geográfica do Ceará...13

Figura 6 – Dados do Estado. ...14

Figura 7 – Produção de energia no Ceará...15

Figura 8 – Evolução da capacidade instalada de geração eólica no Ceará 2007 – 2017...17

Figura 9 – Parques em operação de 2009 – 2019...18

Figura 10 - Potencial eólica anual a a uma altura de 150 m acima do solo.Fonte...19

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Índice de Tabelas

Tabela 1 – Percentual de geração de energia por fonte no Brasil...7

Tabela 2 – Geração, consumo de energia eólica em GWh e Percentual de geração de Energia Elétrica por Fonte eólica no Brasil...12

Tabela 3 – Análise do contexto político e legal...26

Tabela 4 – Análise do contexto econômico...29

Tabela 5 – Análise do contexto social...32

Tabela 6 – Análise do contexto tecnológico ...33

Tabela 7 – Impacto ambiental de diferentes fontes de energia...36

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1. Introdução

A problemática relativa às alterações climáticas somada com a necessidade em diminuir as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), incentivaram a pesquisa por fontes alternativas de energia que pudessem atender ao aumento da demanda energética e às necessidades económicas, de modo a reduzir os impactos causados ao meio ambiente (Simas e Pacca, 2013). É importante ressaltar também que o declínio das reservas de petróleo aliado a crise climática ecológica global colocou a geração de energia em foco no cenário político mundial. Tanto os países desenvolvidos quanto os países em desenvolvimento, buscaram novas fontes de energia, tendo como objetivo a transição de combustíveis fósseis para energia alternativa (International Energy Agency, 2018).

É evidente que devido a diversos acontecimentos ambientais e pesquisas científicas, a população e os líderes mundiais estão alarmados em relação as problemáticas ambientais,sobretudo, com a emissão de GEE e seus efeitos. Tal preocupação aliada com a busca por segurança no fornecimento de energia e por diminuir a dependência de energética dos

combustíveis fósseis (Simas e Pacca,2013), cria uma demanda pela geração e pelo consumo de

energia renovável. É importante destacar que o investimento em fontes renováveis, reduz as pressões ambientais relacionadas a geração de energia. A indicar que as fontes renováveis estão mais evidentes na matriz energética mundial, devido a procura por fontes de energia renovável que complementem a matriz enegética somada com a preocupação a cerca dos impactos decorrentes do uso de combustíveis fósseis (Ferreira, 2008).

Em relação ao histórico de produção de energia no Brasil, “na década de 1970, sucedeu-se a crisucedeu-se do petróleo, a indicar a ruptura do mercado mundial de hidrocarbonetos” (Da Silva et al., 2013, p. 689).Essa crise foi um importante marco em relação à percepção acerca da dependência nacional do petróleo. Como consequência de tal crise, o Governo Federal passou a dar maior relevância à produção de energia e buscou reduzir a importação de combustíveis fósseis, dessa forma, lançou a Comissão Nacional de Energia, cujo objetivo era de assegurar o uso racional de energia e substituir o uso de derivados de petróleo (ibid). Diante deste contexto, foi desenvolvido o enorme potencial hidrelétrico do país, que serviu como alternativa para o uso de combustíveis fósseis. Em decorrência de tal desenvolvimento, o Brasil se tornou referência em geração de energia através de fontes renováveis (ibid).

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1970 a matriz energética brasileira sofreu grandes mudanças, a começar por um aumento da participação da renováveis na matriz energética ao passo em que houve uma redução no consumo de carvão, óleo combustível e outras fontes tradicionais de energia. Nesta conjuntura, ocorreu o surgimento de diversas fontes renováveis que até 1990 não possuiam participação na matriz energética brasileira, como: energia eólica, gás natural e cana de áçucar (ibid).

A partir de então, o Brasil evoluiu no setor de energia renováveis, visto que atualmente o maior percentual da sua matriz energética é renovável. A oferta interna de energia elétrica no

país consta com 83,3 % do seu percentual proveniente de fontes renováveis (EPE, 2019).

Segundo o Ministério de Minas e Energia (2018, p. 61) “tal oferta é a resultante da soma dos montantes referentes à produção nacional mais as importações, também estas essencialmente de origem renovável”.

Dincer (2000) acredita que investir em energia renovável é uma solução para os problemas ambientais relacionados às emissões de poluentes. A indústria eólica pode ser considerada uma fonte que atendeàs necessidades económicas e gera menos impacto que as demais fontes “tradicionais”, além de ser consideradacomo uma das soluções estratégicas para uma transição energética (Simas e Pacca,2013). É de grande importância ressaltar que a nível global, o potencial da energia eólica é superior a geração global de energia elétrica, ainda que tal potencial seja dividido de modo desigual entre os países (ibid). Diferente das fontes convencionais de energia, a produção de energia eólica se baseia na exploração de um recurso sustentável, o vento (Hays, 2005).

De acordo com Hepbasli e Ozgener (2004, como citado em Carvalho et al., 2016, p. 495), desde 1941 que ocorre o uso das turbinas eólicas, tal implementação teve inicio nos Estados Unidos da América, as turbinas eólicas foram largamente utilizadas para abastecer as fazendas, a produção de energia por fonte eólica surgiu como alternativa, visto que os cabos de energia elétrica não conseguiam acessar as fazendas americanas.

No entanto, Ferreira (2008, p. 1) afirma que “a energia eólica se destacou apenas nos últimos quarenta anos, sendo considerada a que mais desenvolveu tecnologias no aumento da

potência de suas máquinas, desempenho e confiabilidade.” De acordo com o Renovable 2018:

Report Global, mais da metade da geração elétrica da Dinamarca é por fonte eólica. Enquanto a Alemanha, possui 66% da sua produção de energia proveniente do vento e energia solar combinada; no estado americano do Texas, o setor eólico é responsável pela geração de 54% da energia elétrica. A indústria eólica está a se expandir em todo o globo, no entanto, muitos países ainda possuem grande potencial eólico para ser explorado.

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É importante destacar que o Brasil é o país com a maior quantidade de instalações eólicas da América Latina (Da Silva et al., 2013). No entanto, a energia hidrelétrica domina a matriz energética brasileira e a fonte eólica pode ser considerada uma fonte complementar a essa energia, visto que o período de pouca chuva coincide com o período de fortes ventos, a possibilitar a geração de energia por fonte eólica (ibid). De acordo com o GWEC (2018), o Brasil é destaque na produção de energia por fonte eólica devido ao elevado potencial eólico, ao aumento da demanda energética e por possuir uma forte base industrial.

Diante do exposto, podemos afirmar que “é fundamental diversificar a matriz energética brasileira, com o objetivo diminuir a dependência entre a geração de energia e as condições hidrológicas dos reservatórios, de forma a moderar a fragilidade do setor elétrico brasileiro em relação aos períodos de baixa pluviosidade” (IPECE, 2018, p. 13).

Tolmasquim (2007) afirma que para o desenvolvimento económico o país deve considerar como significativos pré-requisitos: a quantidade de energia disponível e a qualidade da mesma. Enquanto a Agência Nacional de Energia Elétrica (2018), informa que um país é desenvolvido de acordo com o acesso da população a determinados serviços, como: saúde, saneamento básico, transportes, educação, telecomunicação e energia. “Sendo a energia um fator determinante para o desenvolvimento social e económico de um país, dado que oferece apoio mecânico, térmico e elétrico às ações humanas” (Atlas de Energia Elétrica do Brasil, 2008,. p. 21).

Portanto, cabe ressaltar a importância desse estudo, que aborda a implementação da energia eólica no Ceará. Diante do exposto, a presente dissertação tem como objetivo apresentar os benefícios/ impactos da energia eólica no Estado do Ceará e analisar por meio da estrutura PESTEL suas implicações.

Como base no que já foi comentando anteriormente, levanta-se o questionamento seguinte: Quais os impactos causados pela implementação da energia eólica no Estado do Ceará ?

Para a realização do estudo, foi executada intensa pesquisa acerca da geração de energia elétrica por fontes renováveis no Brasil e no Ceará, tendo como foco a energia eólica. Também foram realizadas pesquisas com foco no setor elétrico do Estado.

A escolha dessa metodologia foi motivada porque a estrutura PESTEL poderá ajudar a identificar os principais problemas e os principais benefícios que os formuladores de políticas públicas e desenvolvedores de projetos precisam abordar para a implementação da indústria eólica. Outra motivação para a escolha do tema é que tanto quando é do nosso conhecimento, esta análise nunca foi feita para o Estado.

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O Ceará foi escolhido como objeto do estudo em questão, devido ao Estado apresentar um regime de ventos complementar ao regime hídrico (sendo a geração hidrelétrica a principal fonte energética do país), portanto, quando o volume de chuvas é mínimo, o potencial eólico é máximo (Felipe, 2014). O potencial de ventos, oriundo da privilegiada condição climática do Estado, somado com os incentivos do governo do Estado e com a preocupação social acerca dos impactos causados por combustíveis fósseis, incentivaram a implementação dos parques eólicos (ibid).

Esta dissertação foi estruturada em cinco capítulos. O primeiro capítulo consta com o enquadramento, que explica o contexto do estudo, onde é apresentado a problemática, justificativa, objetivo e motivação para a dissertação. Posteriormente, o segundo capítulo é subdividido, aborda a geração de energia elétrica no Brasil, a geração de energia eólica no Brasil e por fim a geração de energia eólica no Ceará e sua aplicação. Seguidamente, o terceiro capítulo, apresenta a metodologia utilizada no presente estudo, no caso, a aplicação de análise PESTEL e exibe exemplos onde tal metodologia fora aplicada. No quarto capítulo serão apontados os principais resultados e discussões obtidas a partir do que fora exposto. Por fim, o quinto capítulo contempla as considerações finais e conclusões obtidas com este estudo.

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2. Fundamentação teórica

O presente capítulo apresenta a geração de energia elétrica no Brasil, sendo necessária a sua divisão em subcapítulos. Nos quais, primeiramente são apresentados a geração de energia elétrica no Brasil, posteriormente se faz uma descrição da geração de energia eólica no Brasil e seguidamente é abordada a geração de energia eólica no Ceará.

2.1 Geração de energia elétrica no Brasil

Há várias décadas a principal fonte de geração de energia do sistema elétrico brasileiro tem sido a hidrelétrica, tanto pela sua competitividade económica quanto pela abundância deste recurso a nível nacional (EPE, 2019).

A diferença entre o aumento da demanda de energia e o limitado crescimento da capacidade instalada devido aos atrasos em obras somados com a ausência de investimentos em geração elétrica coincidiram com a crise hídrica de 2001, a soma de tais fatores resultou no racionamento enérgico que teve inicio em junho 2001(GESEL, 2014).

Segundo Tolmasquim (2011), diante dessa crise, em 2003 foi criado o Novo Modelo do Setor Elétrico Brasileiro, a partir de novas regras de compra e venda de energia, tal mudança e nova forma de comercialização de energia fortaleceu o setor elétrico país e resultou no crescimento da oferta de energia.

De acordo com Felipe (2014), o período de racionamento energético que ocorreu entre 2001 e 2002 devido à redução dos níveis de água nos reservatórios das hidrelétricas (temporada de seca hídrica), contribuiu para realização de pesquisas e investimento em diferentes fontes de energia renovável . Posterior a tal crise, o Governo Federal reconheceu a urgência em diversificar sua matriz energética e a necessidade em reduzir a forte dependência hidrelétrica. Vale ressaltar que a geração hidrelétrica depende das variações climatológicas do país (GESEL, 2014). Tal fato indica as inseguranças e fragilidade a cerca do abastecimento energético brasileiro, logo, o setor elétrico brasileiro necessita urgentemente de transformações. Para isso, deve-se elaborar um plano de redução dos encargos cobrados ao consumidor, diversificar e adequar a matriz energética, aplicar políticas de incentivo a geração de energia por fontes alternativas.

Segundo Tomalsquim et al. (2007), a evolução das fontes renováveis de energia na matriz brasileira, apresenta-se como um desafio e uma oportunidade: desafio, em decorrência do desenvolvimento sócio-económico e que necessita de uma grande porcentagem de energia e de segurança energética; oportunidade, porque o Brasil possui condições privilegiadas em

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relação aos recursos naturais renováveis. Contudo, a falta de políticas públicas de longo prazo e os baixos investimentos no setor elétrico, indicam que o Brasil ainda é um país que necessita de infra-estrutura energética para a exploração racional dos seus recursos (ibid). Tais fatores são impedimentos para que a energia renovável seja mais acessível para os consumidores e investidores.

Kileber e Parente (2015) afirmam que o Brasil é altamente dependente de seus abundantes recursos naturais, tal fato indica que o país depende fortemente háanos da geração de energia por fonte hidrelétrica. É importante ressaltar que “em relação ao percentual de participação da energia hidrelétrica na matriz energética, poucos países no mundo têm o mesmo perfil” (Kileber e Parente, 2015,. p. 1185). Grande parte do fornecimento de energia do Brasil é proveniente de fonte hidrelétrica, isso indica que uma falha no sistema de transmissão e distribuição pode acarretar cortes de energia em grandes áreas do Brasil, tal facto indica que é fundamental a diversificação da matriz por meio de tomadas de decisões políticas que tenham como objetivo melhorar a segurança no fornecimento energético e incentivar a geração descentralizada de energia (ibid).

De acordo com a EPE (2019), 66,6 % de toda energia gerada na matriz energética brasileira é de origem hidroelétrica, seguido pelo gás natural que apresenta 8,6 % e por 7,6% da energia eólica. Como pode ser constatado na Figura 1, onde é apresentado a estrutura da oferta interna de eletricidade no Brasil em 2018 (EPE, 2019).

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Apesar de ser dita como uma fonte limpa e gerar poucos resíduos, a produção de energia por fonte hidrelétrica exige grandes extensões de terras ocupadas pelos reservatórios de água, tendo como conseqüência uma série de impactos ambientais e sociais (Albadó, 1992), para além da susceptibilidade a períodos de seca como já referido.

A partir do exposto, podemos afirmar que é necessário diversificar a matriz energética brasileira, “buscando reduzir a dependência entre a produção elétrica e as condições hidrológicas dos reservatórios, reduzindo, assim, a vulnerabilidade do setor elétrico aos eventos climáticos extremos, como secas prolongadas” (IPECE, 2018,. p. 13).

Simas e Pacca (2013) afirmam que as fontes renováveis de energia têm se destacado no cenário energético mundial. A Figura 2 e na tabela 1 indicam que desde o começo da década, a cada ano, o percentual de geração de energia por fonte eólica está a aumentar, enquanto o percentual da hidrelétrica está a diminuir.

Figura 2 – Geração de energia elétrica por fonte no Brasil.Fonte: Elaboração própria com base nos

dados da EPE (2019).

Tabela 1 – Percentual de geração de energia por fonte no Brasil

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Hidráulica 79,2% 80,4% 75,2% 68,6% 63,2% 61,9% 65,8% 63,1% 64,7% Gás Natural 7,2% 4,9% 8,5% 12,1% 13,7% 13,7% 9,8% 11,2% 9,1% Biomassa 4,9% 6,0% 6,3% 7,0% 7,6% 8,2% 8,5% 8,4% 8,6% Derivados de Petróleo 2,8% 2,7% 2,9% 3,9% 5,4% 5,4% 2,1% 2,2% 2,2%

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Nuclear 2,9% 2,9% 2,9% 2,6% 2,6% 2,5% 2,7% 2,7 % 2,6%

Carvão 1,3% 1,5% 1,5% 2,6% 3,1% 3,3% 2,9% 2,8% 2,4%

Eólica 0,4% 0,5% 0,9% 1,2% 2,1% 3,7% 5,8% 7,2 % 8,1%

Outras 1,2% 1% 1,8% 2,1% 2,3% 2,4% 2,4% 2,5% 3,0%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da EPE (2019).

2.2 Geração de energia eólica no Brasil

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) (2018, p.93) define a energia eólica

como “ a energia cinética retida nas massas de ar em movimento (vento) e seu aproveitamento acontece através da transformação da energia de translação em energia de rotação, por meio de turbinas eólicas”. A energia eólica por ser uma fonte inesgotável, renovável e segura, é apontada como uma fonte promissora de energia.

O Brasil iniciou a década de 2000 com graves problemas energéticos, como foi citado anteriormente. Tais implicações levaram a indústria elétrica brasileira a buscar por diversificar a sua matriz energética, investindo em diferentes fontes de energia para responder ao aumento da demanda. Diante do exposto, podemos considerar a fonte eólica como alternativa para atender a demanda energética do país, visto que é fonte inesgotável, que não emite GEE na sua produção, não gera resíduos e entre outros importantes benefícios que serão citados no decorrer do estudo. De acordo com o Global Wind Energy Council (2018), a energia eólica possui alta aceitação popular como alternativa para a geração de energia elétrica.

Vale ressaltar que apesar da falta de investimentos iniciais, Simas (2012), afirma que o Brasil foi pioneiro na América Latina ao implantar uma turbina eólica, no início dos anos 1990, o primeiro parque eólico instalado no país foi no conjunto de ilhas Fernando de Noronha do Estado de Pernambuco, através de um acordo entre o Centro Brasileiro de Energia Eólica e a Companhia Energética de Pernambuco por meio de aporte financeiro internacional.

Até 2001, a energia eólica pouco cresceu como alternativa de geração elétrica no país, a ausência de políticas de incentivo de instalação das usinas e ao alto custo da tecnologia até então utilizada, contribuíram para esse pequeno crescimento do setor eólico (Simas, 2012). A partir disso, tendo como objetivo de garantir segurança energética e de atender a demanda de energia do país, o Governo Federal destacou-se na criação de políticas públicas que incentivassem a implementação de fontes alternativas de energia no país (Granjeiro 2012). Como a apresentação do Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, que aconteceu em 2001, tal

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documento apresentou o potencial eólico rentável do país e, a partir de então, novos investimentos, interesses e políticas foram desenvolvidos e estabelecidos para a viabilização dessa fonte como alternativa energética no país (Simas, 2012). No entanto, o estudo citado apresenta medições de vento na altura de 50 metros (altura correspondendo à tecnologia da época), os aerogeradores utilizados atualmente além de serem mais eficientes, possuem torres de 80 a 150 m de altura. Ou seja, em consequência da evolução da indústria eólica, o seguinte estudo encontra-se desatualizado (Simas e Pacca,2013).

De acordo com o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, as regiões Nordeste, Sudeste e Sul, são juntas as principais regiões para o aproveitamento eólico do país, representam aproximadamente 90% do potencial eólico do Brasil. Diversos estudos apresentam que o maior potencial eólico do Brasil se encontra no litoral do Nordeste, considerada a região mais pobre do país, destaca-se então a importância económica e social a implementação da industria eólica nessa região. Segundo Vallim (2016), a fonte eólica é apontada como uma fonte energética limpa e que não intensifica o efeito estufa, já que não emite GEEs na sua produção, a fonte em questão incentiva o desenvolvimento económico do local onde é instalada.

No ano de 2001, o Programa Emergencial de Energia Eólica (PROEÓLICA) foi lançado, através da Resolução nº 24 de 5 de julho de 2001 (BRASIL, 2001). De acordo com Simas (2012), o PROEÓLICA foi o primeiro programa de apoio a geração por fonte eólica no país e teve como finalidade o investimento em projetos de energia eólica. O programa teve como propósito a instalação de 1.050 MW gerados através da fonte eólica até o final de 2003 (Ferreira, 2008). Com o objetivo geral de promover o setor eólico como complemento a geração hidrelétrica e incentivar o desenvolvimento energético e socio-económico do Brasil. Em decorrência do curto prazo de implementação do projeto, de apenas dois anos, o programa não atingiu seus objetivos, apesar da grande procura pela outorga de empreendimentos eólicos (Simas 2012).

No entanto, tal programa não teve o resultado esperado, mas serviu como aprendizado, a partir disso o Governo Federal em 2002, criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA) (Ferreira, 2008). O PROINFA buscou diversificar a matriz energética brasileira, de modo a incentivar o aumento da capacidade instalada das fontes renováveis. Com a finalidade de promover a geração de energia através de empreendimentos de Produtores Independentes Autônomos, que tiveram como fonte, energias alternativas e assegurando pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social o financiamento de até 80% do empreendimento e a compra da energia gerada por

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vinte anos (ibid).O programa buscou também incentivar a produção descentralizada de energia e “desenvolver um sistema de transmissão capaz de isolar áreas com possíveis problemas e interrupções, de modo a reduzir os possíveis danos causados” (Kileber e Parente, 2015).

De acordo com Simas e Pacca(2013), o PROINFA foi essencial para estimular o crescimento da industria eólica no país, apresentando a viabilidade da implementação da energia eólica. Diante deste contexto, apesar da tímida participação da matriz energética brasileira, a fonte eólica consolidou-se como alternativa energética para o país.

O financiamento de empreendimentos eólicos no começo da década de 2000, somado com a regularização da energia eólica no país, que aconteceu no fim da década, resultou no forte crescimento do setor eólico brasileiro (Simas e Pacca., 2013).

Em 2009, o Governo Federal regulou o mercado de energia de fontes alternativas, foram criados leilões periódicos onde os participantes concorriam pelo preço mínimo de tarifa. “A entrada de energia eólica no mercado regulado resultou em um importante marco para o desenvolvimento da indústriaeólica no Brasil” (Simas e Pacca, 2013,.p. 105).

Como consequência da regulação do mercado de energias renováveis, 2011 foi o ano-chave para a energia eólica, tanto pelo crescimento no número de financiamentos, pela variedade de empresas, pelos preços atingidos, quanto pelo aumento de debates/discussões acerca da energia eólica (Simas, 2012). A partir deste cenário, o estudo de Kileber e Parente (2015) afirmam que na última década ocorreu um crescimento substancial na capacidade instalada de geração de energia por fonte eólica, como apresentado na Figura 3, e tal crescimento é consequência da aplicação depolíticas públicas, cujo objetivo era atender à crescente demanda de energia.

Figura 3 – Capacidade instalada de geração elétrica. Fonte: Elaboração própria com base nos

dados da EPE (2019). 0 20,000 40,000 60,000 80,000 100,000 120,000 1998 2003 2008 2013 2018

Capacidade Instalada de Geração Elétrica em MW

HIDRO TERMO EOLICA SOLAR NUCLEAR

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De acordo com informações fornecidas por meio do GWEC (2018), o Brasil possui a oitava maior capacidade instalada de energia eólica do mundo, a capacidade instalada de energia eólica no Brasil obteve um crescimento de 3.644% nos últimos dez anos, como apresentado na Figura 4. Com o rápido e expressivo crescimento da capacidade instalada,é indispensável a elaboração de pesquisas relacionadas à energia eólica (Aquila et al., 2017), a destacar a importância deste estudo.

Figura 4 – Evolução da Capacidade instalada por fonte eólica no Brasil. Fonte: Diógenes

et al (2020)

Segundo Ferreira (2008) o crescimento do setor eólico indicado nas últimas décadas, apresenta o setor como o que mais progrediu na criação e desenvolvimento de tecnologias que melhorem o desempenho e a potência de suas máquinas, esse crescimento aponta que o setor está a atender o aumento da demanda e aos desafios da produção. A tabela 2 apresenta desse crescimento, visto que naúltima década de participação da eólica na matriz energética brasileira foi destacável, de modo a indicar expectativas de aumento continuo nos próximos anos.

O Balanço Energético Nacional (2019) informa que a geração de energia por fonte eólica atingiu 48.475 GWh no ano de 2018, ocorreu aumento de 14,4% comparado ao ano de 2017, quando se alcançou 42.373 GWh, como apresentado na Tabela 2. Tais dados indicam que em 2018, a potência instalada para produção de energia eólica no Brasil cresceu 17,2% (ibid).

De acordo com a ABEEOLICA (2019,.p.4) “no Brasil, a energia eólica abasteceu na média mensal, em 2018, cerca de 25,5 milhões de residências, o que equivale a 76 milhões de pessoas”. Tais informações apresentam a relevância da fonte eólica no país e seu rápido crescimento. O país possui as melhores condições para produção de energia eólica onshore quando comparado aos países da America Latina (GWEC, 2018). Silva et al (2013) informam que o Brasil é primeiro lugar na América Latina em relação ao número de empreendimentos

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eólicos desde 2012, tal fato indica que opaís continua a investir no setor eólico, apesar dos grandes desafios económicos enfrentados.

Tabela 2 – Geração,consumo de energia eólica em GWh e Percentual de geração de Energia Elétrica por Fonte eólica no Brasil.

Fluxo 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Geração Total 1.238 2.177 2.705 5.050 6.578 12.210 21.626 33.489 42.373 48.475 Consumo Total 1.238 2.177 2.705 5.050 6.578 12.210 21.626 33.489 42.373 48.475 Percentualde geração de Energia Elétrica por Fonte eólica no Brasil 0,1% 0,4% 0,5% 0,9% 1,2% 2,1% 3,7% 5,8% 7,2 % 8,1%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da EPE (2019).

Segundo a ABEEOLICA (2019), de 2011 a 2018, a indústria eólica brasileira investiu mais de US$ 31 bilhões, o país foi o 2º mais atrativo para investimentos em energia renovável, entre os 58 países pesquisados. Portanto, o país aponta para um cenario de crescimento e incentivos à energia eólica. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (2019), esse crescimento aumentaráa participação da fonte eólicapara, aproximadamente, 17%da capacidade instalada do Sistema Interligado Nacional (SIN) em 2029. Tais dados indicam que o Brasil apresenta forte crescimento, o país é um exemplo a ser seguido por outros em desenvolvimento que possuem a intenção de diversificar a matriz energética e reduzir a dependência de fontes tradicionais de energia (Diógenes et al, 2019).

Vallim (2016) informa que a energia eólica é de extrema importância na matriz elétrica brasileira e destaca que é uma fonte complementar à energia produzida nas hidrelétricas (a principal fonte de energética do país), É importante ressaltar que a indústria eólica apresenta grande potencial de geração de energia nos meses de baixo índice pluviométrico e causa baixo impacto ambiental quando comparado com as outras fontes (ibid) No Brasil um mix de fontes hidrelétrica e eólica seria ideal para atendera demanda futura de energia elétrica do país (Carvalho, 2012). Kileber e Parente (2015) afirmam que a energia eólica é uma escolha válida para diversificar a matriz brasileira, preservar a segurança energética e suprir a crescente demanda.

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2.3 Geração de energia eólica no Ceará

Em função da demanda para expandir e diversificar a matriz energética do Brasil e garantir o suprimento de energia, a fonte eólica surgiu como uma alternativa energética para o país. Tal expansão ocorreu principalmente no Nordeste do Brasil, devido ao elevado potencial de eólico e intensidade dos ventos, como é o caso do Estado do Ceará.

Segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégias Económicas do Ceará (IPECE) (2001,.p.7): “ o Estado do Ceará está localizado na região Nordeste do Brasil, limitando-se a Norte com o Oceano Atlântico; ao Sul com o Estado de Pernambuco; a Leste com os Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba e a Oeste com o Estado do Piauí”.

O Ceará possui localização estratégica, como pode ser notada na Figura 5, em razão da proximidade com a África, América do Norte e com o continente europeu, possibilitando assim, ótimas condições para comércio exterior e turismo internacional (IPECE, 2018). A Figura 6 apresenta dados referentes a população, Produto Interno Bruto, densidade demografica, Indice de Desenvolvimento Humano.

.

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Figura 6: Dados do Estado. Fonte: IPECE (2018).

De acordo com o Informe do IPECE (2018) o Ceará possuí características climáticas e geoambientais singulares, como: maior parte do Estado apresenta clima semiárido; elevado índices de evaporação; elevada incidência solar e excelentes condições anemométricas. Tais particularidades são favoráveis para a geração de energia renovável, tanto para energia solar, quanto para a eólica, o que apresenta beneficios naturais para a implementação de tais fontes energéticas (ibid). Segundo Felipe (2014,. p.30) “o Estado do Ceará, em relação às reservas energéticas primárias, não possui nenhuma considerável reserva de gás natural, petróleo, carvão mineral ou de recursos hídricos.” No entanto, o Estado dispõe de alto potencial para a geração de energia por fonte eólica e solar (Guimarães Neto; Vieira, 2009).

O Estado é atendido pela malha de transmissão da rede básica de energia, a maioria da demanda de energia elétrica é atendida por fonte hidroelétrica, através da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) e através da rede de distribuição da Enel (AEC, 2019). A Figura 7 apresenta o percentual de produção energética no Ceará por fonte energética, até o mês de novembro de 2018, onde se pode observar forte participação da fonte eólica, a indicar quase metade da produção energética do Estado. “O Ceará consolidou-se como um dos principais Estados geradores de energia eólica do país, sendo o terceiro na produção desta fonte, atrás somente do Rio Grande do Norte e da Bahia” (IPECE, 2018, p. 18).

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Figura 7 – Produção de energia no Ceará. Fonte: IPECE (2018). Elaborado pela autora.

O potencial dos ventos alísios somado com o aumento da demanda energética em decorrência do desenvolvimento económico, indica que o Ceará se encontra entre as melhores áreas do planeta para o aproveitamento eólico (Francelino, 2008). O Atlas Eólico do Ceará (AEC) de 2019 informa que o símbolo do Estado é a jangada, por ser relacionada aos ventos do litoral, a apresentar desde sua origem, uma forte relação com a fonte eólica. “O Ceará está imerso na contínua circulação atmosférica subequatorial dos ventos alísios, intensificados pelas brisas marinhas nos 573 km de costa com o Oceano Atlântico” (Ferreira, 2008, p. 2). O Atlas Eólico do Ceará apresenta políticas públicas e iniciativas que colaboraram para aumentar a presença da fonte eólica na matriz do Estado, como:

• “Em 1979, incluir a meta de identificar e levantar as potencialidades energéticas não-convencionais do Ceará – solar, eólica e biomassa, no Plano de Metas do Governo do Estado” (AEC, 2019, p. 11).

• Em 1996, houve a inauguração do primeiro parque eólico do Estado, o Parque Eólico do Mucuripe, executado por meio de um acordo entre COELCE, CHESF , Governos estrangeiros e Secretaria de Infra-Estrutura do Ceará (Felipe, 2014). O AEC (2019) ressalta que, na época a indústria eólica se apresentou como destaque nacional, em razão do local de instalação do parque ser próximo à área de maior interesse turístico do Estado.

• Dois anos depois, em 1998, ocorreu a primeira Concorrência Nacional de Energias Renováveis, executada por meio da COELCE, que teve como consequência a construção de mais dois empreendimentos, nos municípios de

52% 48%

0% 0%

Produção de energia

(27)

Taíba e Prainha, a soma da produção média de energia dos dois parques tem como resultado 17,4 MW (Granjeiro, 2012), sendo ainda uma pequena porção quando comparada a demanda de energia do Estado.

• Diante do exposto, o Governo do Estado passou a investir mais na fonte eólica, em 2001 através da SEINFRA em parceria com diversas empresas do setor eólico, foi divulgado o Atlas do Potencial Eólico do Ceará, o primeiro do Brasil. De forma a apresentar dados e facilitar a percepção por parte dos empreendedores em relação a viabilidade e as vantagens dos seus investimentos no setor eólico do Ceará (Francelino, 2008).

• Em 2005, foi divulgado através do Governo do Estado, o PROEOLICA, o programa foi criado devido às condições favoráveis para a geração de energia eólica adicionadas ao potencial de crescimento da indústria. Tendo como objetivo conceder benefícios fiscais aos investidores do setor eólico (AEC, 2019). Em 2009 ocorreu a regulação do mercado de energias renováveis, a partir disso foram realizados leilões periódicos, no qual os contratantes disputam pela tarifa mais baixa (Felipe, 2014). De acordo com o AEC (2019), já em 2010 foram contratados por meio de leilões, 150 MW distribuídos em cinco projetos de energia eólica. Segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégias Econômicas do Ceará, em 2017 foram realizados através da ANELL e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, leilões de energia com foco na geração elétrica por fontes renováveis.

Em decorrência do resultado de tais políticas públicas e investimentos, a indústria eólica obteve destaque na matriz energética do Estado. Com base nos dados apresentados pelo Atlas Eólico do Ceará elaborado em 2019, até 2010 houve intenso desenvolvimento do setor eólico no Estado, tal evolução atingiu 55,9% da capacidade total instalada de energia eólica em funcionamento no Brasil. No entanto, nos anos posteriores ocorreu forte redução na capacidade total instalada, alcançando em 2018 apenas 14,4% das instalações.

Com o objetivo de recuperar o setor eólico, em 2019, o Governo do Estado em colaboração com o setor privado, lançou um novo Atlas Eólico e Solar do Ceará. O atlas apresenta o mapeamento eólico, de maneira a apontar as melhores áreas para a produção de energia e com dados técnicos necessários para os profissionais da área (AEC,2019).

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De acordo com o AEC (2019), o Brasil possui uma capacidade instalada de energia eólica de 15,1 GW, enquanto o Estado detém de 2,05 GW de capacidade instalada, equivalente a 2,7% da capacidade nacional.

A geração de energia no Ceará é realizada por 131 usinas, totalizando 4. 494 GW de potência. Dessas usinas, 81 são empreendimentos eólicos com potencial de 94 GW. Conforme a ABEEOLICA (2019), atualmente se encontram em estado de construção 12 empreendimentos eólicos, com a capacidade total de 315 MW.

O informe do IPECE (2018) apresenta dados a cerca da geração de energia eólica entre os anos de 2007 e 2017, a indicar o elevado crescimento dessa fonte no Estado, como pode ser observado na Figura 8. A fonte eólica cresceu 9.035% nesse período, superando bastante a média nacional, é importante pontuar que atualmente existem muitos empreendimentos eólicos em construção, afirmando assim o crescimento continuo do setor (ibid).

Figura 8 – Crescimento da capacidade instalada de geração eólica no Ceará 2007 – 2017. Fonte:

Balanço Energético Nacional, 2007 – 2017. Elaboração: IPECE (2018).

Nos últimos anos, o estado do Ceará apresentou forte evolução no setor eólico, em razão do crescimento da demanda de energia aliado às políticas de incentivo do Governo e as condições ambientais favoráveis para a geração eólica(IPECE, 2018). Tal evolução pode ser observada no aumento da quantidade de parques eólicos em operação nos últimos dez anos, apresentado na Figura 9. 17 122 310 519 521 590 661 1219 1253 1553 1775 0 500 1000 1500 2000 2007 2010 2013 2016

Crescimento da capacidade instalada de geração eólica entre os anos de 2007 e 2017

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Figura 9 – Parques em operação de 2009 – 2019. Fonte: elaboração própria com base nos dados da ANEEL(2020).

O Estado está acompanhando a tendência mundial de crescimento e investimento em energias renováveis, a destacar fortes investimentos na indústria eólica. Visto que o potencial eólico do Ceará está a ser investigado e aproveitado, em decorrência dos incentivos dos governos e dos menores custos de investimento vem sendo discutido e aproveitado em virtude dos baixos custos de investimento (Granjeiro, 2012).Como pode ser observado na Figura 10, o mapa exibe grandes áreas na zona costeira do Estado com potencial promissor para o aproveitamento energético por fonte eólica, a Figura 10 ainda indica o regime de ventos e sua potência em uma altura de 150 metros. Contudo, o aproveitamento de tal potencial depende de fatores económicos; tecnológicos; estruturais; políticos, legais e sociais. “O desenvolvimento de apenas 10% desse potencial eólico representaria mais de quatro vezes a capacidade instalada atualmente no Estado” (AEC, 19, p.122). 11 16 16 18 21 40 40 57 65 76 81 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 Parques em operação PARQUES EM OPERACAO

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Figura 10 - Potencial eólica anual a a uma altura de 150 m acima do solo. Fonte: AEC (2019).

O Atlas informou que foram gerados 736 GW por fonte eólica em 2018 no Ceará, ou seja, 41% de toda a energia elétrica produzida no Estado foi por fonte eólica, a indicar um total de 13.959 GW produzidos.

A escolha do Ceará como instrumento de estudo, teve como motivação o facto de que o elevado potencial de produção de energia eólica é complementar ao regime de chuvas e as condições de velocidade do vento são extremamente positivas para o crescimento do setor. De acordo com o Panorama da Produção de Energia Elétrica no Estado do Ceará, elaborado pelo IPECE (2018), o Ceará, possui excelentes condições de produção de energia eólica nos meses de seca (agosto a dezembro), ou seja, os ventos alcançam maior velocidade nestes meses, correspondente ao período de menor potência hidrelétrica. O uso da fonte eólica para produção de energia possibilita assim maior segurança energética para o Estado.

No entanto, são necessários investimentos e pesquisas acerca de tal fonte energética. Dados referentes à velocidade, potência e sentido dos ventos, são essenciais para o desenvolvimento de um parque eólico. É fundamental a observação de parâmetros, tais como: relevo, geomorfologia, uso e ocupação do solo, recursos hídricos, entre outros. Sendo importante também avaliar os fatores ecónomicos, sociais, ambientais, e técnicos. Tais informações apresentadas no Atlas Eólico do Estado são fundamentais para a seleção

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da área do empreendimento, como observado na Figura 11, a grande maioria dos empreendimentos eólicos está localizada na zona costeira do Estado, região de melhor potencial eólico.

De acordo com Diógenes et al (2020), a fonte eólica no Ceará aponta para um futuro promissor , dado que, a mesma apresenta forte expansão no Estado e possibilita a substituição das energias tradicionais. Diante deste contexto, é fundamental destacar que “Os parques eólicos têm negociado eletricidade com tarifas competitivas em comparação com usinas termelétricas e, ultimamente, também com usinas hidrelétricas” ( ANEEL, 2018 ).

Diante do exposto, o IPECE (2018) afirma que as características geoambientais do Ceará são vantagens para a geração de energia eólica e contribuíram para que o Estado seja referência no ramo de renováveis no Brasil. No entanto, urge a necessidade superar as inseguranças e de atender as demandas do setor (ibid).

Figura 11 - panorama de expansão da energia eólica no Estado. Fonte: BIG ANEEL (2018).

(32)

3. Metodologia

Como citado anteriormente no decorrer da Introdução, a presente dissertação tem como finalidade responder o seguinte questionamento:

Quais os impactos causados pela implementação da energia eólica no Estado do Ceará ?

Esta dissertação fundamenta-se em uma abordagem qualitativa, de modo a executar umapesquisacomparativa dos impactos gerados. É importante salientar também a grande dificuldade em apresentar tais implicações emnúmeros, dada a abordagem escolhida.

Vale destacar que foram apresentados e analisados os prós e contras da instalação da energia eólica no Estado, todavia, o presente estudo pode ser tendencioso, dado que a exibição e discussão dos resultados obtidos depende da informação coletada e apresentada pela autora.

A metodologia empregada nesse estudo teve com base a estrutura PESTEL. Foi realizado o levantamento bibliográfico através de artigos científicos, livros, sites de agências e organizações federais, como: Agência Nacional de Energia Elétrica, Empresa de Pesquisa Energética, Associação Brasileira de Energia Eólica e Ministério de Minas e Energia do Brasil.Elaborou-se uma análise descritiva para apresentar as ligações entre os fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais. Ocorreu também a produção de uma análise explicativa, de forma a debater e apontar os prós e contras da implementação de tal fonte energética no Estado.

A metodologia PESTEL foi citada inicialmente mencionada em 1967 no livro

“Scanning the business environment” de Francis J. Aguilar, onde se debateu o uso do acrônomo

“ETPS”, de maneira a apontar os fatores económicos, técnologicos, políticos e sociais(Rastogi e Trivedi, 2016).

Posterior a publicação de Aguilar, Arnold Brown, do InstitutoSeguro de Vida reorganizou-o termo como "STEP"(social, tecnológico, econômico e político). Com o passar dos anos o termo sofreu algumas alterações no acrónimo e se tornou STEPE (social, tecnológico, econômico, político e Ecológico) com o objetivo de inserir o meio ambiente nas análises. De acordo com Rastogi e Trivedi (2016), em meados de 1980, vários outros autores, incluindo Fahey, Narayanan, Morrison, Renfro, Boucher, Meca e Porter, incluíram variações das classificações taxonômicas em: PEST, PESTLE, STEEPLE etc. É imortante notificar que não há ordem ou prioridade implícita em nenhum das variações.

(33)

Forbes, Smith e Horner (2008) definem a estrutura PESTEL como uma ferramenta ou técnica de gestão para auxiliar escolhas. Tal estrutura é capaz de descrever todo tipo de problemas de gestão de riscos e além de apontar detalhes sobre esses tipos de riscos em cada contexto. A estrutura PESTEL é empregada nesta tese para delinear e desenvolver explicações causais para os aspectos político (P), económico (E), social (S), tecnológico (T), ambiental (E) e legal (L) que influenciam no desenvolvimento de projetos de energia eólica no Estado do Ceará – Brasil.

A análise PESTEL do presente estudo foi desenvolvida tendo como apoio os seguintes exemplos: O estudo de caso do potencial eólico em Mareña – México que utilizou a metodologia em questão; a análise PESTEL realizada em Malawi e o estudo realizado na Nigéria, que buscou entender os desafios e restrições ao desenvolvimento de energias renováveis por meio da estrutura PESTEL.

No estudo realizado em Mareña – México, o autor aplicou a estrutura PESTEL para desenvolver explicações a cerca do desenvolvimento de projetos de energia eólica em Oaxaca.Sandoval (2015) afirma que o istmo de Tehuantepec na região de Oaxaca foi a área escolhida para o empreendimento, em decorrência das condições de vento favoráveis e e com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da área. Contudo, a instalação foi suspensa em razão da forte oposição da comunidade local. O artigo teve como objetivo descobrir e discutir as causas da interrupção do projeto de implementação de energia eólica e os impactos sofridos nos contextos: políticos; econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais. Por meio da análise PESTEL foi possível tirar algumas conclusões sobre como a experiência com o projeto Mareña pode orientar o planejamento e implementação da energia eólica no México.

De acordo com Zalengera et al. (2014), o estudo realizado em Malawi apresenta a situação energética do país e o seu potencial geração de energia renovável. A partir do estudo da situação energética do país, foi realizada uma análise PESTEL, de maneira a abordar questões políticas, económicas, sociais, tecnológicas, legais e ambientais relacionadas à energia renovável no Malawi e sua implementação. O estudo apresentou e analisou desafios e restrições ligados ao desenvolvimento de energia renovável no Malawi.

A pesquisa de Takim et al. (2017), examinou o impacto do desenvolvimento de Tecnologias de Energia Renovável (TER) na Nigéria, a considerar as principais barreiras que afetam a TER nos países em desenvolvimento e as principais problemáticas relacionadas a instalação de TER . A análise PESTEL foi executada de maneira a examinar os fatores macro para desenvolvimento de TER. Os resultados indicam que existem fortes

(34)

barreiras entre a energia e o desenvolvimento que obstruem a implementação de energia renováveis na Nigéria.

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4. Resultados e Discussões

Esta secção apresenta a investigação acerca da implementação da energia eólica no Estado do Ceará através do modelo PESTEL. As informações recolhidas para esseestudo foram obtidas mediante a leitura crítica e analítica de artigos científicos, teses, estudos de impacto ambiental e informações fornecidas por órgãos ambientais. Tendo como motivação a busca por conhecimentos sobre os impactos gerados por meio da implementação da energia eólica no Ceará, paradessa forma, analisar o contexto político, ambiental, social, tecnológico e económicas e legal.

Em seguida será apresentada uma avaliação detalhada de cada contexto. Na tabela 3 encontramos aspectos políticos e legais, negativos e positivos. É importante destacar que foi preferível unir tais aspectos devido a sua similaridade.

É importante analisarmos a presença da energia eólica na matriz de energia do Ceará não só por fichas técnicas, relatórios e números, mas também através do contexto político e legal, visto que o interesse político atraiu investidores por meio de incentivos fiscais e facilitou a logística para a inserção de empresas no setor (Gorayeb e Brannstrom, 2016).

A cerca dos aspectos desfavoráveis para a instalação de empreendimentos eólicos, Brannstromet al. (2018) afirmam que as ações de corrupção são direcionadas para a aquisição de terrenos por meio da elite local de forma ilícita, tendo como resultado a especulação imobiliária e insegurança fundiária. Os parques são construídos nas áreas pré-escolhidas por políticos e membros da elite local, de maneira que estes obtêm lucro com a escolha da localização do empreendimento (ibid). De acordo com os mesmo autores citados, a ausência de transparência na compra do terreno e nas fases de construção e operação do empreendimento, gera desconforto da comunidade local, a dificultar a aceitação do empreendimento por parte da população, de modo a provocar relações instáveis entre a comunidade, a indústria e o Governo.

Vale destacar a ausência de regulamentos claros relativos ao licenciamento ambiental, tal ausência prejudica a segurança económica e jurídica do investidor (Guimarães Neto; Vieira, 2009).

Parte dos componentes necessários para a instalação do parque eólico é de fora do Brasil, sendo necessária a importação, portanto não é possível controlar os preços e condições de tais componentes (Camillo, 2013), o país realiza a produção de alguns equipamentos das turbinas, no entanto, ainda necessário atender as legislações estrangeiras detendoras da tecnologia (Damasceno e Abreu, 2018).

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“O atual cenário político inconstante do Brasil limita o desenvolvimento económico do país e provoca um cenário económico inconsistente” (Diógenes et al., 2019, p. 257) de maneira a prejudicar a construção de novos empreendimentos no país, como a implementação de novos parques eólicos.

Em relação aos benefícios oriundos da energia eólica no contexto político e legal, podemos afirmar que o Brasil implementou políticas públicas que incentivaram a produção de energia eólica e ofertou benefícios fiscais para apoiar o crescimento do setor (Brannstromet al, 2018). Diante do contexto é importante ressaltar a aplicação do PROINFA, cuja proposta foi incentivar a geração de energia por fontes renováveis e ampliar a presença dessas fontes na matriz energética, para assim, promover a diversificação da mesma (Silva et al., 2016). Tal programa teve como resultados: menor dependência energética, crescimento da oferta de energia, menor tensão política em períodos de seca e apresentou maior segurança energética.

A execução de tais políticas adicionada ao potencial eólico do Estado sucedeu no crescimento da indústria eólica, de forma a contribuir para um maior recolhimento de impostos e taxas para o Ceará e para os municípios. Vale destacar que a adoção de tais politicas de incentivo à geração eólica, resultou no debate a respeito dos impactos positivos político-sociais e económicos decorrentes da instalação da industria eólica no Estado.

A ABEEOLICA (2019) notifica que a energia produzida por fonte eólica apresenta baixo impacto ambiental, Ferreira (2008, p.24) aponta “outros benefícios, como: menor dependência energética em relação aos combustíveis fósseis; maior diversidade na matriz energética, não intensifica o efeito estufa e as alterações climáticas, não emite GEE”, tais benefícios colaboram para que o Brasil atenda os objetivos do Acordo do Clima.

É importante destacar que diferentemente dos combustíveis fósseis, a geração de energia eólica não causa tensões geopolíticas, e por ser independente da variação de preço dos combustíveis fósseis, não ocorre variação na produção por fonte eólica (Amaral, 2009), ou seja, a produção não é afetada por possíveis crises de petróleo ou confrontos territoriais ligados à extração de petróleo.

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Tabela 3 – Análise do contexto político e legal

PESTEL – Contexto político e legal

POSITIVO NEGATIVO

Menor dependência Energética. Relações instáveis entre comunidades

locais, governos e investidores Criação de Políticas públicas que incentivam

a geração de energia eólica

Maior possibilidade de corrupção para favorecer as empresas ligadas ao

governo/Beneficiamento ilícito Aplicação de incentivos fiscais para a

industria

Aumento da insegurança económica e jurídica do investidor

Aumento da oferta de energia e maior segurança no fornecimento de energia

devido às Políticas públicas

Ausência de politicas claras em relação ao licenciamento ambiental

Maior arrecadação de impostos, tributos e

taxas Ambiente politico incerto

Redução da tensão politica em periodos de seca

Necessidade de adoção das legislações estrangeiras detendoras da tecnologia Contribuição para que o Brasil cumpra seus

objetivos no Acordo do Clima A sua implementação não causa tensões

geopolíticas

Fonte: elaboração própria.

Diante do exposto, é necessário analisar os impactos do crescimento da indústria eólica na economia do Ceará. A Tabela 4 apresenta os impactos positivos e negativos relacionados ao contexto económico da análise PESTEL realizada no presente estudo.

Alguns dos fatores positivos decorrentes da instalação da fonte eólica no Estado são: o desenvolvimento do comércio local, a contratação de serviços especializados, a compra de matéria prima e equipamentos, o crescimento da circulação da moeda local (Moura-fé et.all., 2013), o crescimento da indústria, a revolução tecnológica, além do aumento da oferta de energia e universalização do acesso à energia, que resulta na redução das tarifas energéticas (Simas e Pacca., 2013).

EWEA (2000, como citado em Ferreira, 2008, p. 27), informa que a construção de empreendimentos eólicos não interfere em grande dimensão nas áreas cultiváveis ou de

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produção agropecuária, de modo a possibilitar a implantação de outras atividades económicas entre as torres eólicas, tendo como exemplo as pastagens e a agricultura. Segundo Ferreira (2008), 90% da área em que um empreendimento eólico está construído se torna disponível para uso do solo, apesar das estruturas das torres eólicas serem gigantescas (possuem aproximadamente 10m de diâmetro), estas geralmente se encontram enterradas, de modo a possibilitara manutenção da atividade agrícola próxima à base da torre.Vale ressaltar também, a possibilidade do arrendamento de terras para a implementação de parques eólicos.

Ainda em relação à estrutura dos parques eólicos, vale ressaltar que os aerogeradores necessitam apenas de uma curta etapa de construção, e de acordo com Damasceno e de Abreu (2018), em aproximadamente 18 meses de construção, o parque eólico inicia o seu funcionamento, enquanto para a grande maioria das fontes de energia são necessários mais de 24 meses de construção. Em aproximadamente seis meses de operação, a energia utilizada na instalação é “paga”, ocorre rápido retorno do investimento (Correa, 2010).Destaca-se que a fonte eólica precisa de menor aporte financeiro individual em comparação com as fontes tradicionais, tal facto facilita o acesso de mais investidores à geração de energia por fonte eólica(Francelino, 2008).“O Brasil é um país que se destaca devido a implementação rápida e expressiva de parques eólicos” (Diógenes et al, 2020, p. 1).

Soares (2010) afirma que depois de construído, o parque eólico requer manutenção periódica, de seis em seis meses, portanto, não é necessária a manutenção constante, em razão disso, muitos custos são evitados. Destaca-se também que há mercado imediato para responder a crescente demanda energética, no entanto, para isso são necessárias linhas de transmissão para a distribuição (Damasceno e Abreu, 2018).

A construção do empreendimento eólico resulta em muitos empregos e em grande parte empregos indiretos decorrentes do desenvolvimento das regiões onde o empreendimento fora instalado (Damasceno e Abreu, 2018). Associação Brasileira de Energia Eólica em 2019, afirmou que 15 empregos (diretos e indiretos) são criados para cada novo megawatt de energia eólica gerado. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (2009) “comparado as opções convencionais de geração, o desenvolvimento de energia eólica gera maisempregos por dólar investido e por kWh gerado”. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (2019) calcula que aproximadamente 200 mil novos empregos serão criados até 2026 provenientes do setor eólico.

(39)

Tal setor apresenta crescimento continuo a nível mundial.O Brasil é a nação que mais investe nessa fonte, em razão da crescente demandae da necessidade de segurança no fornecimento de energia (Garcia, 2018).A expansão de investimentos naárea, teve como consequência o aumento da produção de energia e a redução dos custos para geração de energia.

A fonte eólica possui baixo custo de produção de energia, tendo ultrapassado pela primeira vez em muitos mercados emergentes, o preço dos combustiveis tradicionais (GWEC, 2018). O custo-benefício favorável pode ser observado no fato de que, no ano de 2018, a fonte eólica revelou ter a melhor taxa nos leilões energéticos (ABBEOLICA, 2019). É importante destacar que o crescimento no número de fábricas de componentes para empreendimentos eólicos colaborou para a diminuição das tarifas energéticas na última década (IPECE, 2018).

Diante do contexto, Da Silva et al (2013) afirmam que a implementação da industria eólica descentraliza o uso dos recursos energéticos, de forma a incentivar o desenvolvimento da região onde fora instalado o empreendimento. A seguinte instalação resulta no aumento da arrecadação de impostos, de modo a incentivar a economia e a

desenvolver a infraestrutura da área (ibid). “Os impactos econômicos resultantes do

desenvolvimento de empreendimentos eólicos são muitos e costumam ser positivos para a economia da região na qual é instalado” (IPECE, 2018, p. 25).

Em função do exposto acima, pode se afirmar que a instalação de empreendimentos eólicos é fundamental para o crescimento económico do Estado. Em relação aos pontos negativos abordados no contexto económico, a análise será apresentada também na Tabela 4.

Segundo o Panorama da Produção de Energia Elétrica no Estado do Ceará (2018), é necessário investir em linhas de transmissão, devido a falta dessa estrutura, altos custos são gerados para a indústria, já que energia é produzida, mas não ocorre a sua transmissão pelas linhas. Portanto, o investimento em linhas de transmissão é essencial para o funcionamento do parque eólico.

Camillo (2013 como citado em Damasceno e de Abreu, 2018, p. 509) afirma que a Europa e EUA criaram a tecnologia fundamental para a implementação da eólica, tornando assim, os demais países dependentes tecnologicamente, faz-se então indispensável à importação por parte do Brasil dos equipamentos e peças para a instalação e funcionamento do parque de modo que, aindaé necessaria a aquisição de 40% dos componentes para a instalação do empreendimento eólico (Garcia, 2018). No entanto, a

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