PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES
Dissertação
MÉTODOS DE SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE FLAMBOYANT
CLAUDINEI ANTONIO BOLOGNEZ
Pelotas, 2012.
MÉTODOS DE SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE FLANBOYANT
APROVADA: maio de 2012
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Pelotas, sob orientação do Engº Agrº Dr. Geri Eduardo Meneghello, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, para obtenção do Título de Mestre Profissional em Ciências.
Pelotas, 2012.
Dados de catalogação na fonte:
( Marlene Cravo Castillo – CRB‐10/744 )
B693m Bolognez, Claudinei Antonio
Métodos de superação de dormência de sementes de Flamboyant / Claudinei Antonio Bolognez ; orientador Geri Eduardo Meneghello ‐ Pelotas,2012.‐43f. ; il..‐Dissertacao (Mestrado Profissionalizante ) –Programa de Pós‐
Graduação em Ciëncia e Tecnologia de Sementes.
Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel . Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2012
1Delonix regia 2.Dormëncia 3.Emergëncia 4.Escarificacao mecänaica I.Meneghello, Géri
BANCA EXAMINADORA
Engº Agrº Dr. Geri Eduardo Meneghello
Prof. Dr. Francisco Amaral Villela
Engº Agrº Dra. Denise Meza de Miranda
Engº Agrº Dra. Valéria Cristina Campos
AGRADECIMENTO
Agradeço a todos que me ajudaram de alguma forma a concluir este trabalho que será muito importante para seguir em minha formação, especialmente o Professor Dr.
Mauro Osvaldo Medeiros que sempre incentivou e colaborou na efetivação do mesmo.
LISTA DE TABELAS
Página TABELA 1. Resultados dos testes de germinação (%) de flamboyant, a partir de
sementes submetidas aos métodos de tratamento: sem escarificação (1), furo no tegumento (2), escarificação mecânica com lixa nº 150 para madeira (3), água aquecida a 100°C com sementes imersas deixando esfriar até temperatura ambiente (4) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5). Rondonópolis, MT, 2012 ... 15 TABELA 2. Valores médios de peso, comprimento e largura da semente de
flamboyant, associada aos diferentes métodos de tratamentos para superação de dormência: testemunha (sem tratamento) (1), furo no tegumento (2), escarificação mecânica (lixa nº 150) para madeira (3), água aquecida a 100°C com sementes imersas (4) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5). Rondonópolis, MT, 2012 ... 18 TABELA 3. Valores médios de diâmetro do caule (DC) e altura de planta (AP) após
o semeio de sementes de Delonix regia, associada aos diferentes métodos de tratamentos para superação de dormência: testemunha (1), furo no tegumento (2), escarificação mecânica (lixa nº 150) para madeira (3), água aquecida a 100°C com sementes imersas (4) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5) ... 20 TABELA 4. Valores médios de germinação de sementes de flamboyant (Delonix
regia Raf.) em BOD regulado para 26°C, associada a métodos de superação: testemunha (sem tratamento) (1), furo no tegumento (2), escarificação mecânica (lixa nº 150) para madeira (3), água aquecida a 100 ºC com a imersão das sementes (4) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5). Rondonópolis, MT, 2012 ... 24 TABELA 5. Valores médios de peso, comprimento e largura da semente de Delonix
regia em BOD regulada para 26°C, associada a métodos
para superação de dormência: testemunha (sem tratamento) (1), furo no tegumento (2), escarificação mecânica (lixa nº 150) para madeira (3), água aquecida a ponto de fervura com a imersão das sementes (4) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5). Rondonópolis, MT, 2012 ... 26 TABELA 6. Valores médios de comprimento da raiz e parte aérea, matéria seca da
raiz e matéria seca da parte aérea de Delonix régia germinadas em BOD regulado para 26°C, associada a métodos de tratamentos:
testemunha (sem tratamento) (1), furo no tegumento (2), escarificação
mecânica (lixa nº 150) para madeira (3), água aquecida a ponto de
fervura com a imersão das sementes (4) e aquecimento da água até
90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até
temperatura ambiente (5). Rondonópolis, MT, 2012 ... 28
SUMÁRIO
Página
BANCA EXAMINADORA ... ii
AGRADECIMENTOS ... iii
LISTA DE TABELAS ... iv
SUMÁRIO ... v
RESUMO ... vi
ABSTRACT ... vii
1 – INTRODUÇÃO ... 01
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 03
2.1 - Descrição do Flamboyant (Bojer ex Hook.) ... 03
2.2 - Germinação de sementes de Fabaceae ... 03
2.3 – Dormência ... 04
2.4 - Causas de dormência ... 08
2.5 - Métodos de escarificação ... 09
2.5.1 Escarificação física utilizando água aquecida ... 10
3 – MATERIAL E MÉTODOS ... 12
3.1. Tratamentos ... 12
3.2 - Avaliações realizadas ... 13
3.3 - Análise estatística ... 14
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 15
4.1 - Aspectos da germinação de sementes de flamboyant, associados a métodos de escarificação em vasos plásticos ... 15
4.2 - Aspectos da germinação de sementes de Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf, em BOD regulado para 26°C, associados a métodos de escarificação ... 23
4.3 - Aspectos físicos biológicos de sementes de flamboyant germinadas em BOD regulado para 26°C associados a métodos de escarificação de sementes ... 25
5 – CONCLUSÕES ... 29
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 30
MÉTODOS DE SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DESEMENTES DE FLANBOYANT
Autor: Engº Agrº Claudinei Antonio Bolognez Orientador: Engº Agrº Dr. Geri Eduardo Meneghello
RESUMO. O Flamboyant (Delonix regia (Bojer ex Hook) Raf.) é uma espécie ornamental exótica adaptada as condições do território brasileiro, pertencente á subfamília Caesalpinioideae e apresenta sementes com tegumento duro que favorece a dormência das sementes causada pela impermeabilidade do tegumento à água e ao oxigênio. O objetivo deste estudo foi testar diferentes modalidades de escarificação mecânica para superar a dormência tegumentar da semente, associada a aspectos físicos e biológicos de Flamboyant. O trabalho foi desenvolvido em laboratório e área experimental pertencente ao Departamento de Ciências Biológicas do Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Universidade Federal de Mato Grosso, em Rondonópolis, MT, no período de outubro de 2011 a abril de 2012, a área experimental de campo era protegida por uma tela sombrite retendo 50% da luminosidade. Os tratamentos foram os seguintes: testemunha cujas sementes não sofreram escarificação, tratamentos com furo no tegumento, escarificação mecânica com lixa nº 150 para madeira, água aquecida a 90°C com a imersão das sementes e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente. Delineamento utilizado foi Inteiramente Casualizado (DIC), com cinco tratamentos e quatro repetições, totalizando vinte parcelas de quinze sementes cada.
Com as observações, não foram detectadas diferença significativa entre as médias nos cinco métodos de superação empregados no trabalho. Para superação da dormência em flamboyant o método recomendado é a imersão em água aquecida até 90°C e posterior imersão das sementes. O uso das técnicas de superação de sementes de flamboyant pode causar problemas ao crescimento em altura e diâmetro das plantas, na fase inicial de estabelecimento.
Palavras-chave: Delonix regia, dormência, emergência; escarificação mecânica
METHODS OF OVERCOMING SEED DORMANCY FLAMBOYANT
Author: Engº Agrº Claudinei Antonio Bolognez Advisor: Engº Agrº Dr. Geri Eduardo Meneghello
ABSTRACT. The Flamboyant (Delonix regia (Bojer ex Hook) Raf.) is an exotic ornamental species adapted to the conditions of the Brazilian territory, belonging to subfamily Caesalpinioideae and it has seeds with hard coat that promotes seed dormancy caused by the impermeability of seed coat to water and oxygen. The aim of this study was to test different types of mechanical scarification to overcome seedcoat dormancy of seed, associated with physical and biological aspects of Flamboyant. The study was conducted in laboratory and experimental area of the Department of Biological Sciences at the Institute of Exact and Natural Sciences, Federal University of Mato Grosso, in Rondonópolis, MT, from October 2011 to April 2012, the experimental field was protected by a screen shading retaining 50% of brightness. The treatments were: control, whose seeds had not been scarified, treatments with a hole in the coat, mechanical scarification with sandpaper number 150 for wood, water heated to 90 ° C with immersion of the seeds and water heating to 90 ° C and then immersion seeds leaving to cool to room temperature.
Experimental design was completely randomized (CRD) with five treatments and four repetitions, totaling twenty installments of fifteen seeds each. With the observations, there were no significant differences between the means of overcoming the five methods employed in the work. To overcome dormancy in flamboyant the recommended method is immersion in water heated to 90 ° C and subsequent soaking of the seeds. The use of techniques to overcome flamboyant seeds may cause problems when growth in height and diameter of plants in the initial phase of establishment.
Keywords: Delonix regia, numbness, emergency chiseling
Diversas espécies vegetais possuem sementes que apesar de viáveis não germinam, porque se apresentam em estado de dormência e precisam de tratamentos especiais para germinar. Dentre estas se encontra a Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf, também conhecida por flor-do-paraíso, pau-rosa, flamboyant, flamboiaiã, flamboaiã e acácia-rubra.
A árvore tem aplicabilidade para sombreamento e potencial paisagístico em arborização urbana, pois, apresenta grande exuberância com suas flores vermelho ou alaranjado que atraem avifauna, principalmente, beija-flores que efetuam polinização. É indicada para plantio em praças, avenidas, parques e jardins. No inicio do século XIX, a espécie, originária da Ilha de Madagascar da África, foi introduzida no Brasil, onde se desenvolveu muito bem por se adaptar às condições edafoclimáticas do país. A espécie é conhecida por apresentar floração atraente e vistosa com tonalidades que variam desde alarajando-claro até vermelho-sanguíneo, o que proporciona uma ampla utilização na arborização urbana e ornamentação de parques (FERREIRA, 1986; SILVA, 2009).
A dormência de sementes é um processo caracterizado pelo atraso da germinação, quando as sementes, mesmo em condições favoráveis de umidade, temperatura, luz e oxigênio, não germinam. Cerca de dois terços das espécies arbóreas, possuem algum tipo de dormência, cujo fenômeno é comum tanto em espécies de clima temperado, quanto em plantas de clima tropical e subtropical. O fenômeno de dormência em sementes advém de uma adaptação da espécie às condições ambientais que ela se reproduz, podendo ser de muita ou pouca umidade, incidência direta de luz, baixa temperatura etc. É, portanto um recurso utilizado pelas plantas para germinarem na estação mais propícia ao seu desenvolvimento, buscando através disto à perpetuação da espécie que é garantia para que alguns indivíduos se estabeleçam ou para a colonização de novas áreas. Portanto, quando verificado este fenômeno há necessidade de conhecer como as espécies superam o estado de dormência em condições naturais, para que, através dele possa ser buscada alternativas para uma germinação rápida e homogênea, este processo é chamado de quebra ou superação de dormência.
Existem diversos processos para superação de dormência das sementes, entre os
mais utilizados destacam-se a escarificação química e mecânica, estratificação fria e
quente-fria, choque térmico, imersão em água quente e embebição em água fria
(EMBRAPA, 2000). A busca de metodologias para análises de sementes florestais
desempenha papel fundamental dentro da pesquisa científica e é de interesse diversificado, onde o conhecimento dos principais processos envolvidos na germinação de sementes de espécies nativas é de vital importância para preservação daquelas espécies ameaçadas de multiplicação dessas e das demais em programas de reflorestamento (SMIDERLE;
SOUZA, 2003).
Lorenzi et al., 2003 e Martins et al., 2004 recomendam dois métodos para a superação de dormência imposta pelo tegumento das sementes de flamboyant, a escarificação mecânica e a imersão em água à temperatura inicial de 100 ºC, durante 12 horas. Porém, esses autores não fazem menção à porcentagem de germinação conseguida através dos referidos métodos.
O presente trabalho teve por objetivo pesquisar métodos para a superação de
dormência de sementes de flamboyant, comparando os efeitos da excisão e da imersão das
sementes em água a diferentes temperaturas e tempos de imersão na germinação,
emergência de plântulas, deterioração e persistência de dormência.
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 - Descrição do Flamboyant (Bojer ex Hook.)
Flamboyant é o nome comum da espécie Delonix regia, pertencente a subfamília Caesalpinioideae. É uma árvore de médio porte que cresce em regiões tropicais da Índia, África e América. É empregada na arborização de parques e jardins, e muito apreciada pelas qualidades ornamentais de suas flores. Suas flores são vermelhas e alaranjadas e suas vagens são compridas e grandes, contendo em média 20 sementes, com valvas que se enroscam e abrem na maturação, lançando as sementes a curta distância (BAILEY, 1954;
BRAGA, 1976).
Embora esteja ameaçada de extinção no estado selvagem, o flamboyant é muito cultivada pelo seu valor ornamental. Adaptou-se muito bem em toda a América tropical, sendo muito popularizada nas ilhas do Caribe. No Brasil, é usada na arborização de ruas e praças (FERREIRA,1986).
Apesar de ser muito ornamental devido às belíssimas flores, seu uso na arborização urbana fica recomendado apenas a parques e grandes espaços, devido à altura média de 7 a 10 m e raízes muito superficiais e danosas, que destroem as calçadas ao seu redor. As folhas são caducifólias, medem em média 30 a 60 cm de comprimento, pecioladas (haste) e revestidas por pelos finos e curtos, recompostas com folíolos pequenos medindo de 1 a 1,5 cm de comprimento e caducos (decíduos). A copa tem um formato largo (oblongo) e crescimento é relativamente rápido. As flores são majestosas e de cor vermelha-alaranjada ou amarelas. Cada flor possui cinco pétalas, sendo uma maior, com face superior rajada de vermelho ou laranjando sobre um fundo branco com bordas avermelhas, e cinco sépalas. A época de floração estende-se de outubro a dezembro. O fruto tipo vagem, conhecido também como legume. De coloração castanho-escura, possui tamanho avantajado e permanece na árvore por mais de seis meses. A semente é dura, alongada, com 1,70 cm de comprimento em média (nunca mais de 2 cm) e coloração castanho-clara (SILVA, 2009).
2.2 - Germinação de sementes de Fabaceae
As sementes de fabaceae apresentam várias formas (elíptica, oblonga, linear,
ovóide e orbicular) e cores variadas, desde branco até o preto, encontrando-se também
sementes rajadas (EVANGELISTA e ROCHA, 1998). Os tegumentos das sementes são geralmente espessos, duros e freqüentemente, impermeáveis à água, Musil (1997).
Evangelista e Rocha (1998) verificaram ainda que uma característica muito importante em sementes de
fabaceae é a rigidez da película ou membrana que envolve as sementes, sendo, em algumas espécies desta família, são bem maior que outras. Com relação à semente de flamboyant Ferreira (1986) descreve como sendo dura, alongada, com 1,70 cm de comprimento em média (nunca mais de 2 cm) e sua coloração é castanho-clara, germinação epígea .
Os eventos principais que ocorrem na germinação de sementes são: embebição, ativação de enzimas, iniciação do crescimento do embrião, rompimento do tegumento, emergência da plântula, Rodrigues (1988). Segundo Brasil (2009), a realização de testes de germinação em condições de campo não é geralmente satisfatória, pois dada à variação das condições ambientais os resultados nem sempre podem ser fielmente reproduzidos. Nos testes de laboratório considera-se germinada toda semente que, pela emergência e desenvolvimento das estruturas essenciais do seu embrião, demonstre sua aptidão para produzir planta normal sob condições favoráveis de campo. Toledo e Marcos Filho (1997) citaram que a germinação é afetada por uma série de condições intrínsecas e intrínsecas, cujo conjunto é essencial para que o processo se realize normalmente. Alguns desses fatores são: disponibilidade de água, temperatura, pH do substrato, luz, oxigênio, maturidade fisiológica da semente, mecanismo de dormência entre outros.
2.3 - Dormência
Dormência é um fenômeno próprio de semente que impede o início do processo de
geminação, devido à ausência de substâncias químicas ou a presença de estruturas físicas,
na semente, que a impedem temporariamente a retomada do crescimento. Este estado de
repouso fisiológico, dormência e quiescência variam de acordo com cada espécie. A
germinação de semente de algumas espécies da tribo Paniceae, por exemplo, as cariopses
estão, firmemente, envolvidas pela lema e pálea duras que impedem a absorção da água, de
forma rápida. Para Bewley e Black (1994), a dormência é um fenômeno intrínseco à
semente, funcionando como mecanismo natural de resistência a fatores adversos do meio,
podendo manifestar-se de três formas: dormência imposta pelo tegumento, dormência
embrionária e dormência devido ao desequilíbrio entre substâncias promotoras e inibidoras
da germinação. A germinação da semente é o processo no qual o eixo embrionário retoma seu crescimento antes paralisado, dando origem a uma nova planta. Porém, a germinação é afetada pela atuação de diversos fatores destacando-se principalmente luz, temperatura, disponibilidade de água, oxigênio e substrato, cada um, atuando de maneira específica Cardoso (2004). A maioria das sementes das espécies florestais germina quando são colocadas em condições ambientais favoráveis, porém quando a germinação não ocorre nessas condições às sementes são consideradas dormentes. Para Sacco (1974), o termo latência, relativo às sementes, equivale ao repouso seminal, devido a toda e qualquer causa.
A latência compreende dois estados: o de quiescência, quando o repouso é devido a condições externas desfavoráveis a germinação, e o da dormência, quando é devido a fatores internos das sementes.
A dormência é um importante fator adaptativo e, portanto, um mecanismo de sobrevivência da espécie em determinadas condições, visto que retarda a germinação, distribuindo-a no tempo (POPINIGIS, 1977). No entanto, espécies que possuem sementes dormentes, comumente propiciam uma desuniforme produção de plântulas, dificultando a produção de mudas em viveiros e o planejamento dos plantios (MATTEI, 1999). Dessa maneira, o conhecimento do mecanismo de dormência e da superação desta constitui fatores de elevada relevância na implantação de viveiros, visando a otimização da produção de mudas.
Em sementes dormentes, a dificuldade do embrião para retomar o crescimento após a embebição pode ser causada por uma série de fatores, como dormência fisiológica, que afeta direta ou indiretamente o metabolismo dos carboidratos, das proteínas e de outras reservas das sementes durante o processo germinativo (VIEIRA et al., 2000), e/ou dormência tegumentar, relacionada ao impedimento da entrada de água e/ou gases ao embrião (HILHORST, 1995; CARVALHO e NAKAGAWA, 2000; BASKIN e BASKIN, 2004).
Algumas sementes são capazes de germinar logo após a fertilização e algum tempo
antes do período normal de colheita, enquanto outras podem estar dormentes e exigirem
um longo período de repouso ou de desenvolvimento adicional antes que a germinação
possa ocorrer Rodrigues (1988). Pela definição de Carvalho e Nakagawa (2000),
dormência é o fenômeno pelo qual sementes de uma determinada espécie, mesmo sendo
viáveis e tendo todas as condições ambientais para tanto, deixam de germinar. O mesmo é
reafirmado por Popinigis (1977): quando as sementes não germinam, embora colocadas
sob condições ambientais favoráveis à sua germinação, elas são denominadas dormentes.
Tem-se ainda o conceito de Bewley e Black (1994) que, não fugindo à regra, citam que dormência é o estado em que sementes aptas a germinar suspendem temporariamente o processo de desenvolvimento até que todas as condições externas ordinariamente consideradas necessárias ao seu crescimento sejam atendidas.
Sementes de certas plantas de valor econômico e de muitas plantas silvestres, tidas como viáveis, nem sempre germinam quando colocadas em condições ambientais consideradas amplamente favoráveis; elas apresentam um período de repouso persistente e são classificadas de dormentes (TOLEDO e MARCOS FILHO, 1997).
Ainda, segundo Toledo e Marcos Filho (1997), o período de dormência pode ser temporário ou estender-se durante muito tempo até que certa condição especial seja preenchida. Aparentemente, a dormência evoluiu como um mecanismo de sobrevivência da espécie para determinadas condições climáticas, por exemplo, em regiões de clima temperado a maior ameaça à sobrevivência é o inverno, então as sementes atingem a maturação na primavera, no verão e no outono (POPINIGIS, 1977).
Para Carvalho e Nakagawa (2000), o fenômeno da dormência é tido como um recurso pelo qual a Natureza distribui a germinação no tempo e no espaço. Seguem relatando que a utilização desses dois fatores garantiu às plantas, que se reproduzem por sementes, uma quase infinidade de combinações ecológicas.
Carvalho e Nakagawa (2000), afirmam ser dormência também, um mecanismo que funciona como uma espécie de “sensor remoto”, o que controlaria a germinação de forma que esta viesse a ocorrer quando as condições ambientais fossem propícias não só para a própria germinação, mas também para o crescimento da planta resultante.
O fenômeno natural de dormência abriga vantagens para as plantas como o de
passarem o inverno na condição de sementes e para o homem o de evitar que embriões
continuem a crescer e germinem ainda na planta mãe (viviparidade), por outro lado
apresentam determinadas desvantagens como longos períodos sendo necessários para que
um lote de sementes supere a dormência, a germinação se distribuindo no tempo,
contribuir para a longevidade das plantas invasoras, interferir com o programa de
semeadura e apresentar problemas de avaliação da qualidade da semente (TOLEDO e
MARCOS FILHO, 1997). Essa situação incongruente, mas real, foi bem equacionada por
Quinlivan (1971), citado por Medeiros e Nabinger (1996), ao dizer que embora seja uma
estratégia de adaptação que contribui decisivamente para a ressemeadura e perenização das
espécies presentes nos ecossistemas naturais, a dormência da semente pode se constituir numa limitação para o rápido estabelecimento de pastagens cultivadas com Fabaceae.
Persistindo nos exemplos com pastagens, Araújo et al. (2000), observaram que esta característica é comum em sementes de Stylosanthes, o que não é desejável por ocasião da formação da pastagem, pois retarda e diminui a eficiência do seu estabelecimento assim como aumenta a quantidade de semente a ser plantada.
A dormência de sementes pode ser superada através de incisões superficiais no tegumento, processo chamado de escarificação. A escarificação de sementes ocorre naturalmente através da passagem pelo trato digestivo de animais, por ação de microrganismos, queimadas e acidez do solo. Artificialmente, a escarificação é simples de ser feita, com algumas opções de agentes escarificadores, é um processo viável e eficaz, porém, devem-se tomar cuidados para não exceder o limite de escarificação do tegumento para não causar danos e atrapalhar a germinação (SANTOS et al., 2004).
A dormência impede a germinação, mas é uma adaptação para a sobrevivência das espécies em longo prazo, pois geralmente faz com que as sementes mantenham-se viáveis por maior período de tempo, sendo quebrada em situações especiais; para o silvicultor, a dormência tanto pode servir para manter as sementes por longos períodos, como pode ser um empecilho à germinação, impedindo-a ou tornando-a irregular e, como conseqüência, dificultando a produção de mudas por via sexuada (KRAMER e KOSLOWSKI, 1972).
Como ocorre dormência tegumentar em sementes leguminosas, muitos estudos têm investigado meios de escarificação, para otimização da germinação de determinadas espécies (SILVA et al., 2000 citado por PEREIRA e FERREIRA, 2010). Existe variabilidade entre sementes da mesma árvore, e até do mesmo lote de sementes, o que exige métodos que promovam germinação uniforme (SOUZA e SILVA, 1998 citado por PEREIRA e FERREIRA, 2010).
Veazey et al. (2000) relatam que o desenvolvimento de métodos para escarificação de sementes dormentes torna-se necessário para que seja manifestado o potencial real do lote de sementes tanto no campo como em testes para avaliação da qualidade fisiológica.
De acordo com Perez (2004), a casca representa a interface entre a semente e o ambiente, e qualquer interferência também afetam a interação entre ambiente e embrião.
Em leguminosas, a dormência causada pela impermeabilidade do tegumento é a
mais freqüente (CARVALHO e NAKAGAWA, 2000). O flamboyant, Delonix regia,
espécie da subfamília Caesalpinioideae, apresenta sementes com este tipo de dormência.
Segundo Lemos Filho et al. (1997), a dormência favorece a sobrevivência das plantas no ambiente, porém, para a espécie em estudo, constitui um problema para a sua propagação para fins de cultivo e produção de mudas, devido a germinação das sementes ser lenta e desuniforme, sendo necessários, tratamentos que possam acelerar e uniformizar a germinação.
2.4 - Causas de dormência
A impermeabilidade do tegumento a água é comum nas sementes da família das Fabaceae, Cannaceae, Chenopodiaceae, Convallariaceae, Graminaceae, Malvaceae, Solanaceae, Anarcadiaceae e Rhamanaceae, e, no caso das Fabaceaes atinge cerca de 85% das espécies (ROLSTON, 1978) e tais sementes são chamadas de impermeáveis ou duras. Grus, Demathê e Graziano (1984), citam Rizzini (1977), como tendo concluído que a dormência de leguminosas é causada por bloqueio físico representado por tegumento resistente e impermeável que, ao impedir o trânsito aquoso e as trocas gasosas, não permite a embebição da semente e nem a oxigenação do embrião que, por isso, permanece latente.
Diversos autores como Hyde (1954), Villers (1972), Leopold e Kriedman (1975), estudando a ocorrência desse tipo de dormência (tegumentar exógena) em fabaceae, verificaram que o hilo funciona como uma válvula higroscópica, auxiliando a perda de água pela semente, sem permitir, no entanto a absorção de umidade.
De acordo com Sahai e Pal (1995), citados por Sampaio et al. (2001), a causa da forte barreira à entrada de água parece estar localizada na parte superior das células paliçádicas em função da presença de pectina.
Sendo assim, a impermeabilidade do tegumento de algumas sementes à entrada de água, muito provavelmente, pode ser determinada pela deposição de substâncias como suberina, lignina, cutina e mucilagens, na testa, pericarpo ou membrana nuclear, sendo este o mecanismo de dormência mais comum entre as espécies de leguminosas (MAYER e POLJAKOFF-MAYBER, 1978; BEWLEY e BLACK, 1994).
Carvalho e Nakagawa (2000) preferem se referir a mecanismos de dormência
divididos em sistemas com seus respectivos subsistemas, já Mayer e Poljakoff-Mayber
(1978) e Popinigis (1977) aderem à determinação de causas de dormência, mas sem
exceção todos estes pesquisadores são concordantes quanto à origem destas causas, quais
sejam: imaturidade do embrião, impermeabilidade do tegumento a água e/ou oxigênio,
restrições mecânicas que impedem o crescimento do embrião, requisitos especiais de temperatura ou luz, a presença de substâncias inibidoras da germinação, embrião rudimentar e combinação de causas. Existe controle genético dessas causas de dormência e interação com o ambiente.
A impermeabilidade do tegumento é a principal causa da dormência das sementes, podendo estar associada à presença de células em paliçada e uma camada de cutícula que protege o embrião. Substâncias que inibem a germinação e embriões imaturos também completam as causas da dormência (SANTOS et al., 2004).
2.5 - Métodos de escarificação
Entre os processos mais comuns para superação da dormência de sementes estão a escarificação química, escarificação mecânica, estratificação fria e quente-fria, choque térmico, exposição à luz intensa, imersão em água quente e embebição em água fria (KRAMER & KOZLOWSKI, 1972; FOWLER & BINCHETTI, 2000).
A dormência de sementes pode ser superada através de incisões superficiais no tegumento, processo chamado de escarificação. A escarificação de sementes ocorre naturalmente através da ingestão de animais, por ação de microrganismos, queimadas e acidez do solo. Artificialmente é processo simples de ser feito, com algumas opções de agentes escarificadores, é uma processo viável e eficaz, porém, devem-se tomar cuidados para não exceder o limite de escarificação do tegumento para não causar danos e atrapalhar a germinação (SANTOS et al., 2004). Esta prática artificial é a mais utilizada e segura para superar a dormência de sementes (SANTOS et al., 2004).
Para se quebrar a dormência, a semente deve sofrer a ação de um fator ambiental e/ou metabólico (fatores externos e internos), Souza (2009) apresenta alguns métodos de superação de dormência apresentados a seguir:
A quebra da dormência é regulada por interações complexas entre fatores
ambientais e genéticos pouco conhecidos (GLUBER et al., 2005). Dentro dessa
perspectiva, os métodos de escarificação mecânica, química e física vêm sendo largamente
utilizados como tratamentos pré-germinativos para otimizar o processo de germinação de
sementes dormentes. Dentre esses, a escarificação mecânica tem sido eficientemente
utilizada para quebrar a dormência de sementes de espécies da família Fabaceae, tais como
Cassia grandis (LOBATO, 1969), Erythrina speciosa (CARVALHO et al., 1980),
Peltophorum dubium (BIANCHETTI & RAMOS, 1981) e Enterolobium contortisiliquum (CÂNDIDO et al., 1982). Não obstante, a escarificação química também foi eficaz para superar a dormência de sementes dessa família, como Astragalus hamosus (PATANE E GRESTA, 2006), Schyzolobium excelsum (FREITAS E CÂNDIDO, 1972), Hymenaea courbaril e H. parvifolia (CARPANEZZI E MARQUES, 1981), E. contortisiliquum (CÂNDIDO et al., 1982), Colubrina glandulosa (QUEIROZ, 1982) e P. dubium (BIANCHETTI & RAMOS, 1981, GUERRA et al., 1982).
A dormência, causada por fatores inerentes ao tegumento da semente, pode ser interrompida pela escarificação, termo que se aplica a qualquer processo que provoque a ruptura ou o enfraquecimento do tegumento de modo a permitir a embebição e posterior germinação (NASSIF e PEREZ, 1977).
No habitat natural, de acordo com Carvalho e Nakagawa (2000), a dormência em sementes duras é removida por processos de escarificação que envolvem a participação e a interação de microrganismos e temperaturas alternadas, bem como de animais. A ruptura do tegumento através dos métodos de escarificação, além de aumentar a permeabilidade à água, pode induzir a um aumento da sensibilidade à luz e temperatura, da permeabilidade aos gases, da remoção de inibidores e promotores e da possibilidade de injúrias aos tecidos, possuindo assim, significante influência no metabolismo das sementes (MUNDIM e SALOMÃO, 1999).
2.5.1 Escarificação física utilizando água aquecida
A escarificação física realizada com água a altas temperaturas tem sido aplicada visando à quebra da dormência de várias sementes de leguminosas. Esse método apresenta um baixo custo, sendo recomendado para sementes de Delonix regia (MURAKAMI, 1976). A utilização de água aquecida visa promover o amolecimento dos tecidos e acelerar as reações fisiológicas do tegumento das sementes, favorecendo a absorção de água, trocas gasosas e a germinação (MARTINS et al., 1997).
O tratamento com água fervendo tem muitas vantagens, podendo ser utilizado em quantidades pequenas e grandes, é simples, prático, fácil de reproduzir e não requer equipamento especial, conforme McIvor e Gardener (1987), citados por Araújo et al.
(2000). Mesmo assim, apesar de ser um método vantajoso, de baixo custo e eficiente para
superar a dormência de sementes de leguminosas, a água fervente tem apresentado
resultados inferiores aos de outros tratamentos (RODRIGUES et al., 1990).
Como foi o caso de McIvor e Gardener (1987), citados por Araújo et al. (2000), que obtiveram resultados com morte da maioria das sementes quando utilizaram o tratamento de escarificação um minuto de imersão em água fervente, apesar de romper a dureza, trabalhando com Stylosanthes guianensis, S. scabra e S. humilis, enquanto, em S. hamata o mesmo tratamento provocou razoável germinação das sementes.
Resultados também desfavoráveis foram observados por Alves et al. (2000) ao trabalharem para superar a dormência em sementes de Bauhinia monandra e B. ungulata, ambas Caesalpinoideae, relativos ao tratamento com água quente, pois ocorreu redução drástica no percentual de germinação e índice de velocidade de germinação (morte embrionária). Em contrapartida, Reis e Salomão (1999) comprovaram a eficiência dos tratamentos com água quente, porque conseguiram 80 e 95 % de germinação em sementes de Helicteres cf. sacarrolha St. Hill. tratadas com água a 100ºC por um tempo de imersão de 4 e 8 minutos, respectivamente. Também Mundim e Salomão (1999), com sementes de Apeiba tibourbou, constataram 97 % de germinação após imersão em água a 100ºC por 15 minutos. Mas para Bruno et al. (2001), os tratamentos com água fervente por um e dois minutos foram os menos eficientes para superar a dormência em sementes de Mimosa caesalpiniaefolia .
Dayan e Reaviles (1996), citados por Sampaio et al. (2001), conduziram um teste
de germinação em sete lotes de sementes de Acacia mangium e concluíram que a imersão
das sementes em água quente até a água tornar-se fria por 24 horas, foi o melhor
tratamento para aumentar a germinação das sementes. Porém, para Lopes et al. (1998) tal
sucesso não foi alcançado, pois estes pesquisadores verificaram que calor úmido via água
aquecida até 100ºC por 30.
3 - MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida em Laboratório e área experimental pertencente ao Departamento de Ciências Biológicas do Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Universidade Federal de Mato Grosso, em Rondonópolis, MT, no período de outubro de 2011 a abril de 2012, com a espécie flamboyant. Utilizou-se uma área com dimensões de 10 m de comprimento, 5 m de largura e 3 m de altura, protegida por uma tela sombrite com luminosidade de 50%.
3.1. Tratamentos
As sementes foram colhidas de forma aleatória, de vagens completamente maduras de doze plantas da espécie Delonix regia, encontradas em um sitio nas proximidades da cidade de Rondonópolis. A coleta foi realizada na primeira quinzena de junho de 2010 e as mesmas foram extraídas das vagens e beneficiadas manualmente, retirando-se as quebradas, trincadas e furadas, sendo acondicionadas em recipientes plásticos previamente higienizados e seco afim de não comprometer a durabilidade por ação de microorganismos facilitados pela presença de umidade, e armazenadas em local parcialmente escuro.
Posteriormente, foram selecionadas, onde retirando-se as sementes visivelmente danificadas.
Além da testemunha (1), cujas sementes não sofreram escarificação, foram utilizados os tratamentos para superação da dormência, furo no tegumento (2) utilizando um prego com extremidade preparada de forma que facilitasse a perfuração localizada na lateral da semente próximo da região central, onde a camada de tegumento é menos espessa, escarificação mecânica com lixa nº 150 para madeira (3) realizada na extremidade da semente oposta a inserção na planta mãe, água aquecida a 100°C com sementes imersas e deixando esfriar até temperatura ambiente (4) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5).
Após serem submetidas aos tratamentos para superação da dormência as sementes foram distribuídas e semeadas uma por vaso sendo quinze vasos por repetição, contendo como substrato uma mistura de terra de jardim e areia lavada utilizando a proporção de um por um, com irrigações diárias nos períodos da manhã e final da tarde, mantidos sob telado.
Para efeito comparativo foram feitos os mesmos tratamentos em BOD regulado
para 26°C. As sementes foram pesadas e medidas individualmente e colocadas em caixa gerbox sobre três folhas de papel germitest previamente umedecidas. Nos dois experimentos, tanto vasos como na BOD, as sementes foram mantidas e submetidas individualmente desde os tratamentos até o momento da semeadura.
Utilizaram-se vasos de plástico, confeccionados a partir de garrafas pet com capacidade para 2 kg. Na preparação dos vasos, completou-se o seu interior com uma mistura de terra preta de jardim e areia lavada.
1-TESTEMUNHA – Foram utilizadas sementes sem tratamento.
2 - FURO – Foi realizado um pequeno furo no tegumento, na região mediana da semente, utilizando como objeto perfurante um prego (17x21). A punção foi feita de forma a perfurar o tegumento sem danificar os cotilédones
3 - LIXA – Utilizou-se lixa para madeira número 150. O processo foi manual, com um minuto de duração, sendo lixada a região oposta ao hilo.
4 - AQUECIMENTO – Consistiu na imersão das sementes em água (proporção 1:10 v/v), na sequência submetidas a uma fonte de calor até a fervura (aproximadamente a 100°C), permanecendo imersas até a temperatura da água entrar em equilíbrio com a temperatura ambiente.
5 - AQUECIMENTO – As sementes forma imersas em água previamente aquecida a 90°C (proporção 1:10 v/v), permanecendo neste local até a água atingir temperatura ambiente
3.2 - Avaliações realizadas
As observações aconteceram diariamente sendo as avaliações em vasos efetuadas de quinze em quinze dias, por meio de medição com régua milimetrada, as variáveis a altura das plântulas, levando-se em consideração à distância do hipocótilo à extremidade da gema apical da planta e o diâmetro da região cauliniar com um paquímetro digital.
Sendo que foi feita avaliações durante quatro meses totalizando oito medições de cada planta.
Em BOD regulado para 26°C, as sementes foram acompanhadas diariamente e
avaliadas as taxas de germinações e tomadas, em dez dias, às medidas de comprimento da
parte aérea e da raiz, levando-se em consideração a distância do hipocótilo à extremidade
da gema apical da planta. A mesma metodologia foi adotada para determinação do
comprimento da raiz, partindo-se do hipocótilo à extremidade da raiz principal. As partes aérea e raiz foram colocadas em sacos de papel e levados a estufa a 60°C, durante dois dias e posteriormente realizadas as pesagens.
No final do experimento, avaliou-se o número de sementes germinadas que não emergiram deterioradas e dormentes.
3.3 - Análise estatística
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e quatro repetições, totalizando vinte unidades experimentais cada uma
composta por quinze sementes. Os dados obtidos expressos em percentagem foram
submetidos à transformação Arco sem (raiz x/100) e posteriormente foram submetidos à
análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%, utilizando–se para
isso o programa SISVAR (FERREIRA, 2008).
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 - Aspectos da germinação de sementes de flamboyant, associados a métodos de escarificação em vasos plásticos.
Os resultados médios de porcentagem total sementes germinadas, mortas e não germinadas de flamboyant, após os tratamentos pré-germinativos, encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1. Resultados dos testes de germinação (%) de flamboyant, a partir de sementes submetidas aos métodos de tratamento: sem escarificação (1), furo no tegumento (2), escarificação mecânica com lixa nº 150 para madeira (3), água aquecida a 100°C com sementes imersas deixando esfriar até temperatura ambiente (4) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5). Rondonópolis, MT, 2012.
Avaliações
Tratamentos
1 2 3 4 5
Sementes germinadas (%) 27 d 63 a 37 c 43 b 63 a Sementes mortas (%) 3 b 0 c 3 b 0 c 7 a Sementes não germinadas (%) 70 a 37 c 60 b 57 b 30 c Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Pode-se observar que houve diferença, entre as sementes de flamboyant submetidas aos métodos de superação e associadas às percentagens de sementes germinadas, sementes mortas e não germinadas (Tabela 1). Dessa forma, o método que obteve o melhor resultado foi com as sementes tratadas com um furo no tegumento (2) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5), germinação de 63,0%, entretanto esses resultados não diferiram entre si. Os resultados reforçam a recomendação de Lorenzi (2003) ao indicar que a escarificação de sementes de flamboyant, é recomenda para superação da dormência.
Pela análise dos dados de sementes germinadas (Tabela 1), constatou-se efeito
significativo de todos os métodos de escarificação associadas às sementes germinadas,
sementes mortas e não germinadas. Observou-se que as sementes não submetidas aos
tratamentos (1) e as sementes submetidas ao método de escarificação mecânica com lixa nº
150 para madeira (3) apresentaram as menores médias de porcentagens de germinação,
respectivamente 27% e 37%. Entretanto, esses dois procedimentos diferiram entre si. Este
resultado indica que a escarificação com lixa para madeira é uma alternativa.
Provavelmente, a germinação das sementes deste tratamento não foi semelhante ao tratamento com melhor resultado, por ter sido lixado com baixa intensidade.
Com relação às sementes mortas (Tabela 1), observou-se que as sementes submetidas a aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5) apresentaram maiores percentagens de sementes mortas (7%). Entretanto não diferiu das médias apresentadas pela testemunha (3%) e as sementes submetidas ao método de escarificação mecânica com lixa nº 150 para madeira (3). A escarificação mecânica com um furo no tegumento (2) e imersão das sementes em água aquecida a 100°C (4) foram os métodos que proporcionaram menores percentagens de sementes mortas.
A média de porcentagens de sementes não germinadas (Tabela 1), diferiu entre os tratamentos (p < 0,05), com maior porcentagem de sementes não germinadas (70%) para as sementes que não foram submetidas aos tratamentos (1), seguido pelas sementes que foram submetidas a escarificação mecânica com lixa nº 150 para madeira (3) 60% e água aquecida 100°C com sementes imersas (4) 57%. Ao analisar os métodos utilizados, foram verificadas diferenças entre os tratamentos controle e todos os demais tratamentos. Os resultados evidenciaram a necessidade de realizar escarificação de sementes, concordando com Martins et al. (2004) que recomendam ferver a água e jogar sobre as sementes deixando durante 12 horas.
A escarificação mecânica com furo no tegumento (2) e água aquecida até 90°C com
posterior imersão das sementes (5) foram os métodos que proporcionaram maiores
percentagens de germinação (Tabela 1). Comparando com a testemunha, observou-se a
eficiência desses métodos, uma vez que foi superada a impermeabilidade do tegumento das
sementes, sem ocorrer danos consideráveis nas sementes. Pelos resultados (Tabela 1),
verificou-se que a testemunha apresentou 3% de sementes mortas e 70% de sementes não
germinadas, valores esses semelhantes aos encontrados para sementes submetidas ao
método de escarificação mecânica com lixa nº 150 para madeira (3) e aquecimento da água
até 100°C com sementes imersas deixando esfriar até temperatura ambiente (4),
respectivamente 3% e 7% e evidenciando que as sementes escarificadas com um furo no
tegumento (2) e água aquecida a 100°C com sementes imersas (4) não causou o
aparecimento de sementes mortas. Em trabalho semelhante, Cossa et al. (2009), relata que
tratamento com imersão das sementes em água à temperatura de 80 ºC por 24 horas
mostrou-se mais eficiente para superação de dormência de sementes de flamboyant, verificando-se 51% de plântulas emergidas e que a temperatura de 100ºC reduziu a germinação das sementes e a emergência das plântulas, além de deteriorar maior número de sementes.
Os resultados do presente trabalho sugeriram que a dormência tegumentar das sementes de flamboyant foi superada satisfatoriamente empregando os processos de escarificação mecânica, o que proporcionou, nas sementes viáveis, a absorção de água, com conseqüente germinação. De acordo com Lorenzi et al. (2003) e Martins et al (2004) são recomendados dois métodos para a superação de dormência imposta pelo tegumento das sementes de flamboyant, a escarificação mecânica e a imersão em água à temperatura de 100 ºC inicial, durante 12 horas. Porém, esses autores não fazem menção à porcentagem de germinação conseguida, em função disso, o presente trabalho teve por objetivo pesquisar métodos para a superação de dormência de sementes de flamboyant, comparando os efeitos da excisão e da imersão das sementes em água a diferentes temperaturas e tempos de imersão na germinação, emergência de plântulas, deterioração e persistência de dormência.
Segundo Hartmann et al. (1997), para espécies que apresentam sementes com tegumento impermeável à água, um dos tratamentos mais comumente usados é a escarificação mecânica. Testando métodos de superação de dormência em D. regia, Lucena et al. (2006) identificou 40% de germinação para o método de escarificação lateral e 33,4% para imersão em água a 50 e 60º C. Os resultados obtidos para a escarificação foram semelhantes aos obtidos nesse estudo. O resultado de imersão em água, apesar de ser em temperaturas diferentes, mostrou-se também semelhante, demonstrando que a temperatura necessária para a promoção da superação de dormência pode ser de 40º C ao invés de 90º C, o que resulta em menores gastos de energia para manutenção da água nesta temperatura.
O tratamento (5), que não diferiu em geminação média do tratamento (2), pode ser considerado economicamente mais vantajoso, visto que apresentou a menor percentagem de sementes não germinadas, porem resultou em média de 7% de sementes mortas, ainda assim pode ser considerado ainda mais vantajoso em relação tratamento (2), pela facilidade de aplicação, mostrando ser uma alternativa para a superação da dormência em sementes de flamboyant.
As sementes submetidas a escarificação mecânica com lixa nº 150 para madeira (3)
destacou-se como o tratamento menos eficiente, apresentando média de 37% de sementes germinadas e 60% de sementes não germinadas.
Os resultados médios do peso, comprimento e largura da semente, associado a cinco métodos de escarificação para germinação das sementes encontram-se, respectivamente, na Tabela 2.
De acordo com os resultados médios de peso de cada semente associado aos métodos de escarificação, verificou-se um coeficiente de variação (CV) de 46,95%.
Observou-se que a relação entre os tratamentos foi significativa (p>0,05) indicando assim que o fator peso da semente pode influenciar na germinação. Para comprimento da semente apresentaram coeficiente de variação (CV) de 6,65%. Observou-se ainda que a relação entre o comprimento da semente e os tratamentos utilizados foi um aspecto que não causou diferenças (p>0,05) no comportamento de germinação (Tabela 2). Com relação à comparação dos dados referentes à largura da semente relacionada aos métodos de escarificação obteve-se coeficiente de variação (CV) de 7,54% e verificou-se ainda que entre os tratamentos não foi significativa (p>0,05) (Tabela 2).
Tabela 2. Valores médios de peso, comprimento e largura da semente de flamboyant, associada aos diferentes métodos de tratamentos para superação de dormência:
testemunha (sem tratamento) (1), furo no tegumento (2), escarificação mecânica (lixa nº 150) para madeira (3), água aquecida a 100°C com sementes imersas (4) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5). Rondonópolis, MT, 2012.
Avaliações
Tratamentos
T1 T2 T3 T4 T5 Cv(%)
Peso por semente (g) 0, 464a 0, 450 a 0, 494 a 0, 445 b 0, 470 a 46,95 Comprimento da semente(mm) 20,14 a 19,90 a 20,91 a 19,93 a 20,50 a 6,65 Largura da semente (mm) 6,72 a 6,58 a 6,60 a 6,73 a 6,69 a 7,54
* Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Os resultados médios da primeira a oitava avaliação do diâmetro do caule e altura da planta, associado a cinco métodos de escarificação para germinação das sementes de flamboyant, encontram-se, respectivamente, na Tabelas 3.
Os resultados de comparação referentes ao diâmetro do caule, associado aos
métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com baixo coeficiente de variação
(CV) de 6,23%, verificou-se que as médias dos diâmetros dos caules de plantas formadas
de sementes submetidas ao tratamento com furo no tegumento (2) diferiram (p>0,05) das médias apresentadas pelos tratamentos: testemunha (1), escarificação manual das extremidades das sementes com lixa nº 150 (3) e quando imersas em água aquecida a 100
°C(4). Os resultados de comparação referentes à altura da planta, associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com médio coeficiente de variação (CV) de 13,75%, verificou-se que as médias das alturas de plantas formadas de sementes submetidas ao tratamento com furo no tegumento (2) diferiram (p>0,05) das médias apresentadas pelos tratamentos com escarificação manual das extremidades das sementes com lixa nº 150 (3).
Ao realizar uma comparação entre as variáveis, diâmetro do caule e altura da planta, o (2) destacou-se como o tratamento menos eficiente, em comparação aos outros tratamentos (Tabela 3) embora não diferindo de (5) quanto ao diâmetro do caule.
Os resultados de comparação da segunda avaliação referentes ao diâmetro do caule, associado aos métodos de escarificação, com médio coeficiente de variação (CV) de 13,72%, verificou-se que as médias dos diâmetros dos caules não diferiram (p>0,05) entre si.
Os resultados de comparação referentes à altura da planta, associado aos métodos de escarificação, com médio coeficiente de variação (CV) de 11,49%, verificou-se que as médias de altura de plantas formadas de sementes submetidas aos tratamentos não diferiram (p>0,05) entre si.
Os resultados de comparação da terceira avaliação, referentes ao diâmetro do caule, associado aos métodos de escarificação, com alto coeficiente de variação (CV) de 21,42%, verificou-se que as médias dos diâmetros dos caules não diferiram (p>0,05) entre si.
Tabela 3. Valores médios de diâmetro do caule (DC) e altura de planta (AP) após o semeio de sementes de Delonix regia, associada aos diferentes métodos de tratamentos para superação de dormência: testemunha (1), furo no tegumento (2), escarificação mecânica (lixa nº 150) para madeira (3), água aquecida a 100°C com sementes imersas (4) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5).
TRATAMENTOS
Os resultados de comparação referentes à altura da planta, associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com médio coeficiente de variação (CV) de 14,14%, verificou-se que as médias das alturas de plantas formadas de sementes submetidas aos tratamentos não diferiram (p>0,05) entre si.
Os resultados de comparação da quarta avaliação, referentes ao diâmetro do caule, associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com coeficiente de
ÉPOCA (dias) AVALIAÇÕES 1 2 3 4 5 CV(%)15
DC
2,03 ab 1,86 c 2,11 a 2,00 ab 1,98 cb
6,23 AP9,15 b a 8,66 b 10,14 a 9,06 b a 8,95 b a
13,7530
DC
2,61 a 2,59 a 2,62 a 2,46 a 2,71 a
13,72 AP11,50 a 10,73 a 11,69 a 11,73 a 11,73 a
114945
DC
3,82 a 4,03 a 3,70 a 3,73 a 3,43 a
21,42 AP12,40 a 12,70 a 12,08 a 12,40 a 12,70 a
14,1460
DC
4,14 a 4,64 a 4,29 a 4,13 a 4,59 a
21,50 AP12,62 a 12,56 a 12,34 a 12,20 a 13,22 a
14,3875
DC
4,81 a 4,96 a 4,17 a 4,06 a 4,88 a
19,42 AP13,50 a 13,73 a 13,68 a 13,06 a 14,00 a
12,5790
DC
5,17 a 5,23 a 4,77 a 4,40 a 4,97 a
18,19 AP13,98 a 14,05 a 14,11 a 13,73 a 14,95 a
14,23105
DC
5,26 a 5,40 a 5,21 a 4,86 a 5,35 a
15,56 AP14,09 a 14,16 a 14,20 a 14,06 a 15,17 a
14,72120
DC
5,62 a 5,74 a 5,56 a 5,21 a 5,63 a
14,69 AP14,16 a 14,33 a 14,34 a 14,10 a 15,31 a
14,63 MÉDIAS
DC 4,18 4,3 4,0 3,8 4,1
AP 12,67 12,6 12,82 12,54 13,2
variação (CV) de 21,50%, verificou-se que as médias dos diâmetros dos caules não diferiram (p>0,05) entre si.
Os resultados de comparação referentes à altura da planta, associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com médio coeficiente de variação (CV) de 14,38%, verificou-se que as médias das alturas de plantas formadas de sementes submetidas aos tratamentos não diferiram (p>0,05) entre si.
Os resultados de comparação da quinta avaliação, referentes ao diâmetro do caule, associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com médio coeficiente de variação (CV) de 19,42%, verificou-se que as médias dos diâmetros dos caules não diferiram (p>0,05) entre si.
Os resultados de comparação referentes à altura da planta, associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com médio coeficiente de variação (CV) de 12,57%, verificou-se que as médias das alturas de plantas formadas de sementes submetidas aos tratamentos não diferiram (p>0,05) entre si.
Os resultados de comparação da sexta avaliação, referentes ao diâmetro do caule, associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com médio coeficiente de variação (CV) de 18,19%, verificou-se que as médias dos diâmetros dos caules não diferiram (p>0,05) entre si. Os resultados de comparação referentes à altura da planta, associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com médio coeficiente de variação (CV) de 14,23%, verificou-se que as médias das alturas de plantas formadas de sementes submetidas aos tratamentos não diferiram (p>0,05) entre si.
Os resultados de comparação da sétima avaliação, referentes ao diâmetro do caule, associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com médio coeficiente de variação (CV) de 15,56%, verificou-se que as médias dos diâmetros dos caules não diferiram (p>0,05) entre si.
Os resultados de comparação referentes à altura da planta, associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com baixo coeficiente de variação (CV) de 14,72%, verificou-se que as médias das alturas de plantas formadas de sementes submetidas aos tratamentos não diferiram (p>0,05) entre si.
Os resultados de comparação da oitava avaliação, referentes ao diâmetro do caule,
associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com médio
coeficiente de variação (CV) de 14,69%, verificou-se que as médias dos diâmetros dos
caules não diferiram (p>0,05) entre si.
Os resultados de comparação referentes à altura da planta, associado aos métodos de escarificação, são apresentados na Tabela 3. Com médio coeficiente de variação (CV) de 14,63%, verificou-se que as médias das alturas de plantas formadas de sementes submetidas aos tratamentos não diferiram (p>0,05) entre si.
Notou-se que o diâmetro do caule avaliado aos quinze dias após a semeadura (primeira avaliação), foi afetado significativamente pela natureza do tratamento (2), apresentando plantas com o menor diâmetro, média de 1,86 de hipocótilo, fato ocorrido possivelmente por algum dano às células embrionárias provocado pelo furo no tegumento da semente, causando um efeito prejudicial no diâmetro do caule no início do desenvolvimento de Delonix regia (Tabela 3). Entretanto podem ser constatados maiores médias no diâmetro no hipocótilo da segunda para a oitava avaliação (Tabelas 3), embora não diferindo dos demais tratamentos. De acordo com Kramer e Kozlowski (1972), o processo da germinação inicia com a retomada do crescimento pelo embrião das sementes, desenvolvendo-se até o ponto em que forma uma nova planta com plenas condições de nutrir-se por si só, tornando-se independente. Segundo Nassif et al. (1998), a germinação ocorre numa seqüência de eventos fisiológicos, influenciada por fatores externos (luz, temperatura, disponibilidade de água e de oxigênio) e internos (inibidores e promotores da germinação). Para Floriano (2004), o conhecimento de como os fatores internos e externos influencia a germinação e dormência das sementes de cada espécie é que permite controlar o armazenamento e a germinação.
As altura das plantas de D. regia apresentou comportamento diferente em relação
ao tempo após a semeadura (Tabela 3). Na análise das alturas das plântulas, do hipocótilo
até a gema apical, avaliadas quinze dias após a semeadura (primeira avaliação)
apresentados na Tabela 3, foram verificados diferenças significativas do comprimento
entre os tratamentos utilizados. O maior valor médio de altura foi obtido pelo tratamento 3
(escarificação mecânica com lixa nº 150 para madeira). A testemunha (sem tratamento)
(1), escarificação mecânica com lixa nº 150 para madeira (3), água aquecida a 100°C com
a imersão das sementes (4) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das
sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5) demonstraram resultados de alturas
intermediários e não diferiram entre si. Os menores valores de ganho em altura foram
apresentados pela escarificação com um furo no tegumento (2) seguido pela escarificação
quando o aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar
até temperatura ambiente (5). Entretanto no decorrer do experimento, com relação ao
tempo de 30, 45, 60, 75, 90, 105 e 120 dias (segunda a oitava avaliação) após a semeadura (Tabela 3), podem ser constatados maiores médias na altura do hipocótilo até a gema apical em (5) para a água aquecida até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente, embora não tenham sido verificadas diferenças significativas entre os tratamentos. Trabalho semelhante com Acacia mangium, Lima e Garcia (1996), obtivera plântulas com maior comprimento para as sementes submetidas ao tratamento de imersão em água a temperatura de 80ºC até atingir a temperatura ambiente (duas horas). Segundo Yap & Wong (1983), a ação de altas temperaturas exerce um papel ecológico importante na superação da dormência das sementes de algumas espécies florestais, promovendo fissuras no tegumento, facilitando a absorção de água e gases, desencadeando o processo germinativo e, conseqüentemente, o estabelecimento da regeneração natural destas espécies.
O uso das técnicas de escarificação em sementes de flamboyant causou problemas no crescimento inicial da altura e diâmetro das mudas, em comparação à testemunha. Com a continuidade das observações, não foram detectadas diferenças significativas entre as médias dos cinco tratamentos, denotando que os métodos de escarificação as quais foram submetidas não possuem efeito sobre estas variáveis.
4.2 - Aspectos da germinação de sementes de Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf, em BOD regulado para 26°C, associados a métodos de escarificação.
Comparando-se os dados médios de germinação das sementes escarificadas e não
escarificadas verificaram-se diferenças significativas (Tabela 4), evidenciando-se a
eficiência da escarificação e a sua necessidade em sementes de flamboyant. Porém, foi
mais notória para a semente submetida à água aquecida a 100°C com a imersão das
sementes (4), sem diferir significativamente dos métodos escarificação mecânica com lixa
nº 150 para madeira (3), água aquecida a ponto de fervura com a imersão das sementes e
aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até
temperatura ambiente (5). Segundo Yap e Wong (1983), a ação de altas temperaturas
exerce um papel ecológico importante na superação da dormência das sementes de
algumas espécies florestais, promovendo fissuras no tegumento, facilitando a absorção de
água e gases, desencadeando o processo germinativo e, conseqüentemente, favorecendo o
estabelecimento da regeneração natural destas espécies. Utilizando a imersão de sementes
em água quente (50 ºC) por 40 minutos, Azania et al. (2003) relataram aumento na germinação em sementes de I. grandifolia, M. cissoides e M.aegyptia. Nesse contexto, a utilização de temperaturas menores que a utilizada nesse estudo (100 ºC), possivelmente contribuíram para aumentar o percentual de germinação das sementes de S. virgata, uma vez que altas temperaturas podem danificar as sementes, fato que provavelmente tenha ocorrido às sementes de S. virgata sob imersão em água a 100 ºC.
Tabela 4. Valores médios de germinação de sementes de flamboyant (Delonix regia Raf.) em BOD regulado para 26°C, associada a métodos de superação: testemunha (sem tratamento) (1), furo no tegumento (2), escarificação mecânica (lixa nº 150) para madeira (3), água aquecida a 100 ºC com a imersão das sementes (4) e aquecimento da água até 90°C e posterior imersão das sementes deixando esfriar até temperatura ambiente (5). Rondonópolis, MT, 2012.