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José Fernando Guedes. se o vento diz

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Academic year: 2021

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José Fernando Guedes

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© 2015 José Fernando Guedes

Este livro segue as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, adotado no Brasil em 2009. Coordenação Editorial Isadora Travassos Produção Editorial Eduardo Süssekind Rodrigo Fontoura

Victoria Rabello Telles Ribeiro

2015 imprimatur

Rua Visconde de Pirajá, 580/ sl. 320 – Ipanema Rio de Janeiro – rj – cep 22410-902

Tel. (21) 2540-0076

distribuição: editora@7letras.com.br – www.7letras.com.br cip-brasil. catalogação na publicação

sindicato nacional dos editores de livros, rj G956s

Guedes, José Fernando

Se o vento diz / José Fernando Guedes. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Imprimatur, 2015.

64 p. ; 21 cm. isbn 978-85-6043-944-7 1. Poesia brasileira. I. Título.

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sumário

Quando tu 9

Os pássaros cantam forte 10

Meu coração 11

Credo 12

A ave que está 13

Piquenique no calvário 14

Coeso é o tempo 15

Anúncio no elevador 16 Olho pela janela 17 Amanhece 18 Satélite 19 Noite 20 Reencarnação 21 No amor 22 No jardim 23 Cão aninhado 24 O casal 25 A memória dos pés 26 Acima da velocidade permitida 27

Adeus meu pai 28

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Canário 36 Ecos 37 Se não fosse sim  38 A lâmina ao sair da bainha 41

O vento 42

Auroras boreais (balas perdidas) 43 Quarto de hospital 44

Devo imenso 45

Identidade e

cpf

47 Há dias em que olho o mundo 48 Martelando na vizinhança 49 A arte de duelar 50 Parceiro 51 A caçada 52 Tecnologia 53 Amor idoso 54 Novembro 55 Menina na praia 56 A vida secreta do vento 57 Janelas 58

A realidade 59

(7)

Este livro é para a Beth e para o Thiago. Vem saído direto do meu peito e vai se aninhar

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(9)

9

quando tu

Quando tu me lês

Lês apenas e tão somente o que vês. Melhor seria se ao leres

Pudesses também ouvir O que estás a ler. Porque ao ler e ao ouvir O que está sendo lido

Eu estaria atingindo em dobro O teu ouvido

Pois há assim carga maior de emoção Do que no papel jaz ao comprido. Às vezes para se fazer entender Há que se calar,

O que é outra forma de gritar. Mas o poeta deve estar atento E não inventar em palavras

Som de chuvas, som de mar, som de vento Som de choro,

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10

os pássaros cantam forte

Alguém me chama: vem ouvir! Os pássaros cantam forte na manhã Com a mesma tenacidade

De um prego ao penetrar a madeira. Sem hesitações anunciam

O que é de sua obrigação.

Ignoram o estabelecido pela noite prévia E sistematicamente, com os métodos da água Fazem seu canto fluir

Entre insuspeitas ranhuras Na estrutura do mundo,

Tornando explícito o que era implícito Na solidão das coisas.

E mesmo ante a mudez de dois olhos abertos, Os pássaros põem seu canto

De encontro aos muros

E convicção, se entre pássaros há, Se assemelha a que numa lágrima há, Quando a lágrima que há,

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meu coração

Meu coração é ave migratória E se foi, como sempre vai,

Quando o céu lhe anuncia que deve ir Por intrínseco impulso

Que só os corações podem ter Como se aves fossem

No encalço do verão Ao me deixar meu coração, Fiquei só.

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credo

Creio em ti

Não quando és comum do dia habitual. Creio num ti, como o do Caravaggio Em Milão, na Brera

Lá estás de olhos baixos. Não nos olhas de frente.

As unhas das tuas mãos estão sujas: operário, camponês, fugitivo Que és.

Não tens glória. Sobre tua mesa, côdeas de pão. Falas conosco e pareces explicar algo

Que teus ouvintes ainda não entendem. Teu rosto é comum e de ti não explodem raios Ou pirotecnias.

És comum como um de nós

E teu espanto é genuíno como o nosso. Tua qualquer grandeza, se houver, Estará na tua divindade parca,

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13

a ave que está

A ave que está

Dentro da palavra aventura Será porventura

Esta ave que lá vive, ave inteira, ou Caricatura

Canto, voo, possibilidade de altura. Será ave que já nasce

Em sua própria natureza Sem qualquer disfarce O primordial dessa ave

E da palavra na qual vive embutida É não se enganarem mutuamente Uma contida na outra

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piquenique no calvário

Tu nos ouves aí de cima e estamos distraídos

Ocupados com um sem número de coisas que temos que fazer E alguém comenta sobre o clima, ou sobre a dificuldade em se [arrumar uma boa cozinheira ou sobre o preço do feijão. E nos chamamos pelos nomes e rimos e nos tocamos

Com gentileza e nossos risos são ouvidos a grande distância E alguns se perguntam: de que riem.

E falamos de tendências da moda, de cortes de cabelo E falamos mal de alguém que não está presente, é claro Só para não perder o hábito.

Tu não nos vês porque teus olhos são duas poças de sangue. Mas tu nos ouves.

Temos muitos nomes e o passado não se ocupa de nós Nem temos relação com futuro sem rosto

Cuja voz tu também deves desconhecer

Há nuvens no céu e talvez chova. Talvez tu morras Não importa, provavelmente é tudo falso

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coeso é o tempo

Coeso é o tempo em cada tênue segundo Que logo se desfaz e se reconstrói

Como uma linguagem de gestos que o universo Elabora sem que percebamos.

E mesmo no interior de cada segundo

Há suficiente espaço para se fazer o bem ou o mal Porque é assim mesmo que acontece: o mal ou o bem Infinitesimais, germinam e brotam no exato

Segundo onde nasceram.

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16

anúncio no elevador

Procura-se uma calopsita.

Ela tem penugem cinza e bochechas vermelhas. É muito dócil e assobia o hino do Vasco. Quem tiver alguma informação, por favor Avisar na portaria.

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