VII – Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos
VII.1 – Formulação do problema básico
Para um sistema elétrico, com NB barras, as equações básicas do fluxo de carga para k =1,2,L,NB são:
(
)
∑
∈ + = K m km km km km m k k V V G BP cosθ senθ (VII.1)
(
)
∑
∈ − = K m km km km km m k k V V G BQ senθ cosθ (VII.2)
constituindo um sistema de 2×NB equações e 4×NB variáveis com as seguintes características:
• NB equações do tipo (VII.1);
• NB equações do tipo (VII.2);
• 4×NB variáveis (para uma dada barra k associam-se: V , k θk, P e k Q ). k
O fluxo de carga básico em redes de energia consiste em resolver este problema definindo (especificando) parte das variáveis (2×NB variáveis) e calculando as demais (2×NB variáveis). Na formulação clássica, a definição das variáveis que são especificadas e calculadas encontra-se na Tabela VII.1.
Tabela VII.1 – Tipos de barra no fluxo de carga convencional.
Tipo de barra Notação Dados Incógnitas
Barra de carga PQ P e k Q k V e k θk
Tensão controlada PV P e k V k θk e Q k
Referência Vθ V e k θk P e k Q k
Se a barra está representando um ponto do sistema onde é conhecida a injeção líquida de potência (como
D G
k S S
S = − , deve-se conhecer a potência gerada S e a potência demandada G S ), esta pode ser D
especificada, restando calcular V e k θk. Este tipo de barra é denominado barra de carga ou PQ.
Se a barra está representando um ponto do sistema onde é possível o controle da magnitude da tensão V , k
através do controle da injeção líquida de potência reativa Qk =QG −QD ou por intermédio do ajuste do tap
de algum transformador, esta tensão pode ser especificada, restando calcular θk e Q . Este tipo de barra é k
denominado barra de tensão controlada ou PV.
Como as perdas não são conhecidas a priori, deve-se deixar pelo menos uma barra onde a injeção líquida de potência Sk =SG −SD seja calculada. Este tipo de barra é denominado referência ou Vθ, sendo definidos
k
V e θk. Observar que pelo menos uma injeção líquida de potência ativa Pk =PG−PD e outra de potência
reativa Qk =QG−QD precisam ser calculadas para fechar os balanços de potência ativa e reativa. Embora
geralmente tais injeções de balanço sejam associadas à barra de referência angular, não é mandatório que sejam associadas a uma única barra.
Uma vez resolvido o problema do fluxo de carga, é conhecido o estado da rede, ou seja, são conhecidos os fasores tensão
(
Vk,θk)
de todas as barras(
k =1,2,L,NB)
. Isto torna possível o cálculo de outras variáveisSejam NPQ e NPV, respectivamente, o número de barras PQ e PV da rede. O fluxo de carga pode ser decomposto em dois subsistemas de equações algébricas:
• Subsistema 1 (dimensão 2×NPQ+NPV) – Neste subsistema são dados:
i P e Q , i i∈
{
barras PQ}
: esp i i P P = Qi =Qiesp j P e V , j j∈{
barras PV}
: esp j j P P = Vj =Vjesp k V e θk, k∈{
barra Vθ}
: esp k k V V = θk =θkesp e deseja-se determinar: i V e θi, i∈{
barras PQ}
j θ , j∈{
barras PV}
resultando em um sistema de 2×NPQ+NPV equações algébricas não-lineares (funções quadráticas e trigonométricas) onde parte das incógnitas aparece de forma implícita
(
θkm =θk−θm)
. O Subsistema1 é constituído pelas seguintes equações:
( )
(
(
)
)
{
{
}
}
∈ = − − ∈ = + −∑
∑
∈ ∈ PQ barras 0 cos sen PV e PQ barras 0 sen cos S1 esp esp k B G V V Q k B G V V P K m km km km km m k k K m km km km km m k k θ θ θ θ• Subsistema 2 (dimensão NPV+2) – É resolvido após a solução do Subsistema 1. No Subsistema 2 são dados: k V e θk, k =1,2,L,NB e deseja-se determinar: i P e Q , i i∈
{
barra Vθ}
j Q , j∈{
barras PV}
resultando em um sistema de NPV +2 equações algébricas não-lineares onde todas as incógnitas
(
Pk e Qk)
aparecem isoladas de forma explícita. O Subsistema 2 é constituído pelas seguintes equações:( )
(
(
)
)
{
{
}
}
∈ − = ∈ + =∑
∑
∈ ∈ Vθ e PV barras cos sen Vθ barra sen cos S2 k B G V V Q k B G V V P K m km km km km m k k K m km km km km m k k θ θ θ θA Tabela VII.2 resume as características dos dois subsistemas. Observar que o Subsistema 2 pode ser facilmente resolvido após a solução do Subsistema 1, ou seja, após a determinação do estado
(
Vk,θk)
darede. Por outro lado, a solução do Subsistema 1 exige um processo iterativo pois este é formado por equações não-lineares. Assim, os métodos de resolução do problema do fluxo de carga concentram-se na solução do Subsistema 1.
Tabela VII.2 – Características dos subsistemas que constituem o fluxo de carga.
Exemplo VII.1 – Considerando o sistema elétrico utilizado no Exemplo VI.1, cujos dados encontram-se na Figura VII.1, formular as equações referentes ao Subsistema 1 do fluxo de carga.
pu 0 1 1= V 1 2
(
0,8 0,4)
pu 2 j S = + 2 2 2 V θ V =(
0,01 j0,1)
pu ZLT = + 1 S 12 IFigura VII.1 – Sistema elétrico de duas barras.
Solução Exemplo VII.1: Conforme as definições já apresentadas para o problema do fluxo de carga, a barra 2 é uma barra de carga pois sua injeção de potência é conhecida; a barra 1 é a referência. Assim, as variáveis especificadas (conhecidas) para o Subsistema 1 são as seguintes:
pu 8 , 0 8 , 0 0 2 2 esp 2 = − = − =− D G P P P pu 4 , 0 4 , 0 0 2 2 esp 2 = − = − =− D G Q Q Q pu 0 , 1 esp 1 = V rad 0 esp 1 = θ
A matriz admitância da rede é dada por:
pu 29 , 84 9504 , 9 9010 , 9 9901 , 0 1 , 0 01 , 0 1 1 12 12 ≈ − = − o + = = j j Z Y − − = − − = ⇒ − − = 9010 , 9 9010 , 9 9010 , 9 9010 , 9 e 9901 , 0 9901 , 0 9901 , 0 9901 , 0 12 12 12 12 B G Y Y Y Y Y
As equações do Subsistema 1 são as seguintes:
( )
[
[
(
(
)
)
]
]
= − − − = + + − 0 cos sen 0 sen cos S1 22 2 21 21 21 21 1 2 esp 2 22 2 21 21 21 21 1 2 esp 2 B V B G V V Q G V B G V V P θ θ θ θ( )
(
(
)
)
= + − − − − = + + − − − 0 9010 , 9 cos 9010 , 9 sen 9901 , 0 4 , 0 0 9901 , 0 sen 9010 , 9 cos 9901 , 0 8 , 0 S1 2 2 2 2 2 2 2 2 V V V V θ θ θ θObservar que o Subsistema 1 é formado por duas equações não lineares e possui duas incógnitas: V e 2 θ2. As expressões do Subsistema 1 têm origem na equação de balanço de potência da Barra 2 (a potência
injetada menos a potência que flui através da linha de transmissão é igual a zero) e diferem das equações obtidas na solução do Exemplo VI.1, oriundas da aplicação de uma equação de malha (soma de tensões), entretanto, a solução de ambos sistemas é mesma1: V2≈0,9460 pu.e
o 61 , 4 rad 0804 , 0 2 ≈− =− θ .
As incógnitas do Subsistema 1 podem ser agrupadas no vetor x dado por:
}
}
NPQ NPV NPQ V x + = θem que θ é o vetor dos ângulos das tensões nodais das barras PQ e PV e V é o vetor das magnitudes das tensões nodais das barras PQ. De forma mais compacta, o Subsistema 1 pode ser rescrito como:
( )
( )
( )
{
{
}
}
∈ = − = ∆ ∈ = − = ∆ PQ barras 0 , PV e PQ barras 0 , S1 esp esp k V Q Q Q k V P P P k k k k k k θ θ1 Isto pode ser comprovado substituindo este valor nas expressões anteriores. Como os números apresentam alguns
colocando as funções ∆Pk e ∆Qk na forma vetorial
( )
( )
, 0 0 , esp esp = − = ∆ = − = ∆ θ θ V Q Q Q V P P Pem que P é o vetor das injeções de potência ativa nas barras PQ e PV e Q é o vetor das injeções de potência reativa nas barras PQ. Definindo a função vetorial g
( )
x :( )
}
}
NPQ NPV NPQ Q P x g + ∆ ∆ =o Subsistema 1 pode ser rescrito de forma simplificada através da seguinte expressão:
( )
x =0 gEste sistema de equações não-lineares pode ser resolvido por um número muito grande de métodos, sendo que os mais eficientes são os métodos de Newton e o método Desacoplado Rápido.
Exemplo VII.2 – Empregando a notação na forma vetorial, determinar as variáveis e equações do Subsistema 1 do problema definido no Exemplo VII.1.
Solução Exemplo VII.2: As variáveis e equações do problema são dadas respectivamente por: = = 2 2 V V x θ θ
( )
( )
( )
(
)
(
)
= ∆ ∆ = ∆ ∆ = 0 0 , , 2 2 2 2 2 2 V Q V P x Q x P x g θ θ(
)
(
)
(
2 2)
2(
2 2 2)
2 2 2 2 2 2 2 2 9010 , 9 cos 9010 , 9 sen 9901 , 0 4 , 0 , 9901 , 0 sen 9010 , 9 cos 9901 , 0 8 , 0 , V V V Q V V V P + − − − − = ∆ + + − − − = ∆ θ θ θ θ θ θNa figura a seguir encontra-se o gráfico das funções ∆P2
(
θ2,V2)
e ∆Q2(
θ2,V2)
para valores em torno do ponto(
θ2,V2) (
= −0,0804;0,9460)
que corresponde a solução do problema, pois ∆P2(
−0,0804;0,9460)
=0e ∆Q2
(
−0,0804;0,9460)
=0. A linha pontilhada indica a intersecção entre as duas funções, ou seja, corresponde aos valores para os quais a função ∆P2(
θ2,V2)
=∆Q2(
θ2,V2)
.-0.14 -0.12 -0.1 -0.08 -0.06 0.9 0.95 1 -1 -0.5 0 0.5 1 theta2 V2 dP2(theta2,V2) dQ2(theta2,V2) dP2=dQ2
Solução Exemplo VII.2 (continuação):
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_2.m
clear all; theta2 = -0.15:.002:-0.05; V2 = 0.9:.002:1.0; [T,V] = meshgrid(theta2,V2); g1 = -0.8 - V.*(-0.9901.*cos(T)+9.9010.*sin(T)+0.9901.*V); g2 = -0.4 - V.*(-0.9901.*sin(T)-9.9010.*cos(T)+9.9010.*V); zero = zeros(size(V2,2),size(theta2,2)); figure(1) contour3(theta2,V2,g1,100); %colorbar;
xlabel('theta2'); ylabel('V2'); hold on
contour3(theta2,V2,g2,100);
% determina pontos de interseccao entre as superficies g1 e g2
g11 = []; g22 = []; t = []; v = []; for k=1:size(g1,1) g11 = [g11 g1(k,:)]; g22 = [g22 g2(k,:)]; t = [t T(k,:)]; v = [v V(k,:)]; end i = find(abs(g11-g22)<=0.005); tt = t(i); vv = v(i); gg = g11(i); plot3(tt,vv,gg,'k');
Exemplo VII.3 – Para a rede de quatro barras cujos dados estão na Figura VII.2 e nas Tabelas VII.3 e VII.4, determinar as equações do fluxo de carga.
12 Y sh jb12 sh jb12 23 Y sh jb23 sh jb23 13 Y sh jb13 sh jb13 34 : 1a 34 Y 14 : 1ejϕ 14 Y 1 2 3 4 1 S 3 S 4 S 2 S 1 V V 2 V 3 V 4 sh jb3
Figura VII.2 – Sistema exemplo de 4 barras. Tabela VII.3 – Dados das barras do sistema de 4 barras.
Barra Tipo esp
V [pu] θesp [rad] Pesp [pu] Qesp [pu] sh
b [pu]
1 Vθ 1,05 0,0 — — —
2 PQ — — –0,4 –0,2 —
3 PV 0,95 — 0,2 — 0,0675
4 PQ — — –0,8 –0,4 —
Tabela VII.4 – Dados dos ramos do sistema de 4 barras.
k m Ykm [pu] sh km
b [pu] akm [pu] ϕkm [rad]
1 2 0,3 – j2,0 0,01 — —
1 3 0,3 – j2,0 0,01
1 4 – j2,0 — — 0,15
2 3 0,2 – j1,0 0,02 — —
Solução Exemplo VII.3: Como já determinado na solução do Exemplo VI.2, a expressão da matriz admitância é dada por:
+ − − − + + + + + − − − + + + − − − − + + + + = − 34 14 34 34 14 34 34 3 23 13 34 2 34 23 13 23 13 23 23 12 23 12 12 14 13 12 13 12 14 13 12 0 0 14 14 Y Y Y a Y e Y a jb jb jb Y a Y Y Y Y Y jb jb Y Y Y Y e Y Y jb jb Y Y Y Y j sh sh sh sh sh j sh sh ϕ ϕ
Substituindo os valores da Tabela VII.4, chega-se a:
− + − − + − + − + − − + − + + − + − − = 3 95 , 0 0 9775 , 1 2989 , 0 95 , 0 805 , 3 5 , 0 1 2 , 0 2 3 , 0 0 1 2 , 0 97 , 2 5 , 0 2 3 , 0 9775 , 1 2989 , 0 2 3 , 0 2 3 , 0 98 , 5 6 , 0 j j j j j j j j j j j j j j Y 2 − − − − − − − = 0 0 0 2989 , 0 0 5 , 0 2 , 0 3 , 0 0 2 , 0 5 , 0 3 , 0 2989 , 0 3 , 0 3 , 0 6 , 0 G e − − − − = 3 95 , 0 0 9775 , 1 95 , 0 805 , 3 1 2 0 1 97 , 2 2 9775 , 1 2 2 98 , 5 B
As matrizes anteriores podem ser obtidas com o seguinte código MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_3.m
ramos = [ 1 2 0.3-2i 0.01 1.0 0; 1 3 0.3-2i 0.01 1.0 0; 1 4 -2i 0 1.0 0.15; 2 3 0.2-1i 0.02 1.0 0; 3 4 -1i 0 0.95 0]; bksh = [ 0; 0; 0.0675; 0]; nr = size(ramos,1); y = ramos(:,3); bsh = 1i*ramos(:,4); a = ramos(:,5); fi = ramos(:,6); Y = diag(1i*bksh); for k = 1:nr k1 = ramos(k,1); k2 = ramos(k,2);
Y(k1,k2) = Y(k1,k2) - a(k)*exp(-1i*fi(k))*y(k); Y(k2,k1) = Y(k2,k1) - a(k)*exp(1i*fi(k))*y(k); Y(k1,k1) = Y(k1,k1) + a(k)*a(k)*y(k) + bsh(k); Y(k2,k2) = Y(k2,k2) + y(k) + bsh(k);
end
Y
G = real(Y) B = imag(Y)
Para cada uma das quatro barras do sistema, podem ser escritas duas equações, uma para a injeção de potência ativa e outra para a injeção de potência reativa, da forma como segue:
(
)
(
)
∑
∑
∈ ∈ − = + = 1 1 1 1 1 1 esp 1 1 1 1 1 1 esp 1 1 cos cos K m m m m m m K m m m m m m B sen G V V Q sen B G V V P θ θ θ θ Ω1={
2,3,4}
K1={
1,2,3,4}
(
)
(
)
∑
∑
∈ ∈ − = + = 2 2 2 2 2 2 2 esp 2 2 2 2 2 2 esp 2 cos cos K m m m m m m K m m m m m m B sen G V V Q sen B G V V P θ θ θ θ Ω2={ }
1,3 K2 ={ }
1,2,3(
)
(
)
∑
∑
∈ ∈ − = + = 3 3 3 3 3 3 esp 3 3 3 3 3 3 esp 3 esp 3 cos sen sen cos K m m m m m m K m m m m m m B G V V Q B G V V P θ θ θ θ{ }
1,2,4 3 = Ω K3={
1,2,3,4}
2Solução Exemplo VII.3 (continuação):
(
)
(
)
∑
∑
∈ ∈ − = + = 4 4 4 4 4 4 4 esp 4 4 4 4 4 4 esp 4 cos sen sen cos K m m m m m m K m m m m m m B G V V Q B G V V P θ θ θ θ Ω4={ }
1,3 K4 ={ }
1,3,4Observar que as variáveis que se deseja calcular (incógnitas) encontram-se tanto do lado direito (θ2, θ3, θ4,
2
V e V ) quanto do lado esquerdo (4 P , 1 Q e 1 Q ) da igualdade. O Subsistema 1, de dimensão 3
5
2×NPQ+NPV = , cujas incógnitas aparecem do lado direito (θ2, θ3, θ4, V e 2 V ) é dado por: 4
(
)
(
)
∑
∑
∈ ∈ − = + = 2 2 2 2 2 2 2 esp 2 2 2 2 2 2 esp 2 cos sen sen cos K m m m m m m K m m m m m m B G V V Q B G V V P θ θ θ θ K2 ={ }
1,2,3(
)
∑
∈ + = 3 3 3 3 3 esp 3 esp 3 cos sen K m m m m m m G B V V P θ θ K3={
1,2,3,4}
(
)
(
)
∑
∑
∈ ∈ − = + = 4 4 4 4 4 4 4 esp 4 4 4 4 4 4 esp 4 cos sen sen cos K m m m m m m K m m m m m m B G V V Q B G V V P θ θ θ θ K4 ={ }
1,3,4As equações restantes constituem o Subsistema 2, de dimensão NPV +2=3. Para este subsistema, as incógnitas aparecem do lado esquerdo (P , 1 Q e 1 Q ) sendo dado por: 3
(
)
(
)
∑
∑
∈ ∈ − = + = 1 1 1 1 1 1 esp 1 1 1 1 1 1 esp 1 1 cos sen sen cos K m m m m m m K m m m m m m B G V V Q B G V V P θ θ θ θ K1={
1,2,3,4}
(
)
∑
∈ − = 3 3 3 3 3 esp 3 3 sen cos K m m m m m m G B V V Q θ θ K3={
1,2,3,4}
Observar que após a determinação das incógnitas do Subsistema 1 (θ2, θ3, θ4, V e 2 V ), o estado da rede 4
será completamente definido pois o fasor tensão da Barra 1 (V1=V1esp e θ1=θ1esp) e a magnitude da tensão da Barra 3 (V3 =V3esp) são conhecidos, o que torna a solução Subsistema 2 trivial (basta substituir os valores das tensões e ângulos e calcular os somatórios).
Reescrevendo-se as equações do Subsistema 1, tem-se um sistema de cinco equações não lineares e cinco incógnitas (θ2, θ3, θ4, V e 2 V ), das quais três aparecem de forma implícita (os ângulos de fase 4 θ2, θ3 e
4 θ ):
(
)
(
)
(
)
[
23 23 23 23]
esp 3 22 22 22 22 2 21 21 21 21 esp 1 2 esp2 V V G cosθ B senθ V G cosθ B senθ V G cosθ B senθ
P = + + + + +
(
)
(
)
(
)
[
(
34 34 34 34)
]
4 33 33 33 33 esp 3 32 32 32 32 2 31 31 31 31 esp 1 esp 3 esp 3 sen cos sen cos sen cos sen cos θ θ θ θ θ θ θ θ B G V B G V B G V B G V V P + + + + + + + + =(
)
(
)
(
)
[
43 43 43 43 4 44 44 44 44]
esp 3 41 41 41 41 esp 1 4 esp4 V V G cosθ B senθ V G cosθ B senθ V G cosθ B senθ
P = + + + + +
(
)
(
)
(
)
[
23 23 23 23]
esp 3 22 22 22 22 2 21 21 21 21 esp 1 2 esp2 V V G senθ B cosθ V G senθ B cosθ V G senθ B cosθ
Q = − + − + −
(
)
(
)
(
)
[
43 43 43 43 4 44 44 44 44]
esp 3 41 41 41 41 esp 1 4 esp4 V V G senθ B cosθ V G senθ B cosθ V G senθ B cosθ
Q = − + − + −
Colocando na forma de diferenças de potência (∆Pk =Pkesp−Pk
( )
V,θ =0 e ∆Qk =Qkesp−Qk( )
V,θ =0) e considerando que cosθkk =1 e senθkk =0, tem-se:(
)
(
)
[
1esp 21cos 21 21sen 21 2 22 3esp 23cos 23 23sen 23]
02 esp 2 −V V G θ +B θ +V G +V G θ +B θ = P
(
)
(
)
[
(
cos sen)
]
0 sen cos sen cos 34 34 34 34 4 esp 3 33 32 32 32 32 2 31 31 31 31 esp 1 esp 3 esp 3 = + + + + + + + − θ θ θ θ θ θ B G V V G B G V B G V V P(
)
(
)
[
1esp 41cos 41 41sen 41 3esp 43cos 43 43sen 43 44 4]
04 esp
4 −V V G +B +V G +B +G V =
Solução Exemplo VII.3 (continuação):
(
)
(
)
[
1esp 21sen 21 21cos 21 22 2 3esp 23sen 23 23cos 23]
02 esp
2 −V V G θ −B θ −B V +V G θ −B θ =
Q
(
)
(
)
[
1esp 41sen 41 41cos 41 3esp 43sen 43 43cos 43 44 4]
04 esp
4 −V V G −B +V G −B −B V =
Q θ θ θ θ
Substituindo-se os valores conhecidos mostrados na Tabela VII.3 e pela matriz admitância, têm-se as seguintes equações que constituem o Subsistema 1:
(
)
(
)
[
1,05 0,3cos 2sen 0,5 0,95 0,2cos 1sen]
0 4 , 0 − 2 − 21+ 21 + 2+ − 23+ 23 = − V θ θ V θ θ(
)
(
)
[
(
0cos 0,95sen)]
0 95 , 0 5 , 0 sen 1 cos 2 , 0 sen 2 cos 3 , 0 05 , 1 95 , 0 2 , 0 34 34 4 32 32 2 31 31 = + + + × + + − + + − − θ θ θ θ θ θ V V(
)
(
)
[
1,05 0,2989cos 1,9775sen 0,95 0cos 0,95sen 0]
0 8,
0 − 4 − 41+ 41 + 43+ 43 + 4 =
− V θ θ θ θ V
(
)
(
)
[
1,05 0,3sen 2cos 2,97 0,95 0,2sen 1cos]
0 2,
0 − 2 − 21− 21 + 2+ − 23− 23 =
− V θ θ V θ θ
(
)
(
)
[
1,05 0,2989sen 1,9775cos 0,950sen 0,95cos 3]
0 4,
0 − 4 − 41− 41 + 43 − 43 + 4 =
− V θ θ θ θ V
Agrupando as variáveis do Subsistema 1 no vetor x e as equações do Subsistema 1 e utilizando Pk
( )
x e( )
xQk para representar as injeções de potência ativa e reativa calculadas em função das variáveis x , tem-se:
= 4 2 4 3 2 V V x θ θ θ
( )
( )
( )
( )
{
} {
}
( )
( )
{
} { }
= = ∆ = − = ∆ = − = ∆ = = ∆ = − = ∆ = − = ∆ = − = ∆ 4 , 2 PQ barras 0 0 0 4 , 3 , 2 PV e PQ barras 0 0 0 0 S1 4 esp 4 4 2 esp 2 2 4 esp 4 4 3 esp 3 3 2 esp 2 2 Q x Q Q Q x Q Q Q P x P P P x P P P x P P P( ) ( )
}
}
equações 2 equações 3 1 2 0 S1 = = + = + = ∆ ∆ = NPQ NPV NPQ Q P x gNa forma compacta, as expressões das equações do Subsistema 2 são dadas por:
( )
( ) }
( )
{
} {}
( )
{
} { }
= = = = = 3 , 1 Vθ e PV barras 1 Vθ barras S2 3 3 1 1 1 1 x Q Q x Q Q x P PExemplo VII.4(alternativo, sem transformador defasador) – Para a rede de quatro barras cujos dados estão na Figura VII.3 e nas Tabelas VII.5 e VII.6, determinar as equações do fluxo de carga.
12 Y sh jb12 sh jb12 23 Y sh jb23 sh jb23 13 Y sh jb13 sh jb13 34 : 1 a 34 Y 1 : 41 a 41 Y 1 2 3 4 1 S 3 S 4 S 2 S 1 V V2 V3 V4 sh jb3
Tabela VII.5 – Dados das barras do sistema de 4 barras (alternativo).
Barra Tipo esp
V [pu] θesp [rad] Pesp [pu] Qesp [pu] bsh [pu]
1 Vθ 1,05 0,0 — — —
2 PQ — — –0,4 –0,2 —
3 PV 0,95 — 0,2 — 0,0675
4 PQ — — –0,8 –0,4 —
Tabela VII.6 – Dados dos ramos do sistema de 4 barras.
k m Ykm [pu] bkmsh [pu] akm [pu]
1 2 0,3 – j2,0 0,01 —
1 3 0,3 – j2,0 0,01
2 3 0,2 – j1,0 0,02 —
3 4 – j1,0 — 0,95
4 1 – j2,0 — 0,90
Solução Exemplo VII.4: Como já determinado na solução do Exemplo VI.3, a expressão da matriz admitância é dada por:
+ − − − + + + + + − − − + + + − − − − + + + + = 34 41 2 41 34 34 41 41 34 34 3 23 13 34 2 34 23 13 23 13 23 23 12 23 12 12 41 41 13 12 13 12 41 13 12 0 0 Y Y a Y a Y a Y a jb jb jb Y a Y Y Y Y Y jb jb Y Y Y Y a Y Y jb jb Y Y Y Y sh sh sh sh sh sh sh
Substituindo os valores das Tabelas VII.5 e VII.6, chega-se a:
− − + − + − + − − + − + − + − − = 62 , 2 95 , 0 0 8 , 1 95 , 0 805 , 3 5 , 0 1 2 , 0 2 3 , 0 0 1 2 , 0 97 , 2 5 , 0 2 3 , 0 8 , 1 2 3 , 0 2 3 , 0 98 , 5 6 , 0 j j j j j j j j j j j j j j Y − − − − − − = 0 0 0 0 0 5 , 0 2 , 0 3 , 0 0 2 , 0 5 , 0 3 , 0 0 3 , 0 3 , 0 6 , 0 G e − − − − = 62 , 2 95 , 0 0 8 , 1 95 , 0 805 , 3 1 2 0 1 97 , 2 2 8 , 1 2 2 98 , 5 B
As matrizes anteriores podem ser obtidas com o seguinte código MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_4.m
ramos = [ 1 2 0.3-2i 0.01 1.0 0; 1 3 0.3-2i 0.01 1.0 0; 2 3 0.2-1i 0.02 1.0 0; 3 4 -1i 0 0.95 0; 4 1 -2i 0 0.9 0]; bksh = [ 0; 0; 0.0675; 0]; nr = size(ramos,1); y = ramos(:,3); bsh = 1i*ramos(:,4); a = ramos(:,5); fi = ramos(:,6); Y = diag(1i*bksh); for k = 1:nr k1 = ramos(k,1); k2 = ramos(k,2);
Y(k1,k2) = Y(k1,k2) - a(k)*exp(-1i*fi(k))*y(k); Y(k2,k1) = Y(k2,k1) - a(k)*exp(1i*fi(k))*y(k); Y(k1,k1) = Y(k1,k1) + a(k)*a(k)*y(k) + bsh(k); Y(k2,k2) = Y(k2,k2) + y(k) + bsh(k);
end
Y
Solução Exemplo VII.4 (continuação): Como os tipos das barras e as conexões existentes são as mesmas, as expressões obtidas no exemplo anterior permanecem válidas, havendo diferença apenas nas expressões cujos valores numéricos foram substituídos. Para os valores das Tabelas VII.5 e VII.6 que definem a matriz admitância, têm-se as seguintes equações que constituem o Subsistema 1:
:
2
P
∆ −0,4−V2
[
1,05(
−0,3cosθ21+2senθ21)
+0,5V2+0,95(
−0,2cosθ23+1senθ23)
]
= 0 : 3 P ∆[
(
)
(
(
)
)]
0 sen 95 , 0 cos 0 95 , 0 5 , 0 sen 1 cos 2 , 0 sen 2 cos 3 , 0 05 , 1 95 , 0 2 , 0 34 34 4 32 32 2 31 31 = + + + × + + − + + − − θ θ θ θ θ θ V V : 4 P∆ −0,8−V4
[
1,05(
0cosθ41+1,8senθ41)
+0,95(
0cosθ43 +0,95senθ43)
+0V4]
= 0 :2
Q
∆ −0,2−V2
[
1,05(
−0,3senθ21−2cosθ21)
+2,97V2−0,95(
−0,2senθ23 −1cosθ23)
]
= 0 :4
Q
∆ −0,4−V4
[
1,05(
0senθ41 −1,8cosθ41)
+V2(
0senθ43 −0,95cosθ43)
+2,62V4]
= 0VII.2 – Resolução de sistemas algébricos não lineares pelo método de
Newton-Raphson
Considere, inicialmente, um sistema unidimensional (neste caso, os vetores g
( )
x e x possuem apenas um componente e podem ser representados por escalares) formado por uma equação do tipo:( )
x =0g (VII.3)
Resolver este sistema significa determinar o valor de x tal que a função g
( )
x seja nula. Sendo g( )
x uma função contínua com suas derivadas contínuas a expansão em série de Taylor em torno de um ponto conhecido x é dada por0 3:( )
( )
( )( )
( )( )
− +K ∂ ∂ + − ∂ ∂ + = 0 2 2 0 2 0 0 0 ! 2 1 ! 1 1 x x x x g x x x x g x g x gDesprezando-se todos os termos após a derivada primeira, isto é, aproximando-se a função g
( )
x por uma reta, conforme mostra a Figura VII.4, chega-se a:( )
( ) ( )(
0)
0 0 x x x x g x g x g − ∂ ∂ + ≈ (VII.4)A partir da expressão da aproximação linear (VII.4) é possível determinar o ponto x no qual o valor desta 1 aproximação é nulo, ou seja, g
( )
x1 =0 (vide Figura VII.4) da seguinte forma:( ) ( ) ( )(
1 0)
0 0 0 1 − = ∂ ∂ + = x x x x g x g x g (VII.5)( ) ( )
0 1 0 0 1 x g x x g x x − ∂ ∂ − = x0 x1 g(x)( )
x0 g( ) (
1 0 0)
x x g x g = +∆ xEquação da reta tangente por x0:
( )
( ) ( )(
0 0 0)
x x x x g x g x g − ∂ ∂ + =Ponto no qual a reta tangente por x0 é nula: x1
0 1 0 x x x = − ∆
Figura VII.4 – Interpretação geométrica do método de Newton.
3
Definindo-se ∆x0 =x1−x0 ⇒ x1 =x0 +∆x0 e substituindo-se na expressão (VII.5), tem-se:
( )
}( ) ( )(
)
0 0 0 0 0 1 0 0 1 − = ∂ ∂ + = ∆ ∆ + x 647x48 x x x x x g x g x g(
) ( ) ( )
0 0 0 0 0 0 ∆ = ∂ ∂ + = ∆ + x x x g x g x x g (VII.6)( ) ( )
0 1 0 0 x g x x g x − ∂ ∂ − = ∆ (VII.7)onde x é a aproximação inicial e 0 x1 =x0 +∆x0 uma primeira aproximação. Observar que x não é a 1 solução da equação inicial (VII.3) e sim a solução de uma aproximação linear dada por (VII.4). A solução da equação (VII.3) é obtida repetindo-se este processo até que o módulo da função g
( )
x esteja suficientemente próximo de zero (dentro de uma tolerância definida). Isto sugere o seguinte algoritmo denominado método de Newton-Raphson.Algoritmo do método de Newton-Raphson unidimensional
i. Fazer ν =0 e escolher uma aproximação inicial xν =x0. ii. Calcular o valor da função g
( )
x , no ponto x=xν: g( )
xνiii. Comparar o valor calculado g
( )
xν com a tolerância especificada ε: se g( )
xν ≤ε, então x=xν será a solução procurada (dentro da faixa de tolerância ±ε); se g( )
xν >ε, prosseguir.iv. Linearizar a função g
( )
x em torno do ponto(
x ,ν g( )
xν)
. Isto se resume na determinação da seguinte derivada – vide equação (VII.6):( )
x x g ∂ ∂ νv. Calcular a correção ∆xν que resolve o problema linearizado (VII.6) – vide equação (VII.7):
( ) ( )
ν ν ν g x x x g x 1 − ∂ ∂ − = ∆vi. Determinar a nova estimativa de x passa a ser: xν+1=xν +∆xν vii. Fazer ν =ν +1 e voltar para o Passo (ii).
Exemplo VII.5 – Utilizando o método de Newton-Raphson, determinar a solução para a equação4 x
x=2−sen , considerando uma tolerância ε =0,001.
Solução Exemplo VII.5: Inicialmente, faz-se:
( )
x =x−2+senx=0 g( )
(
x x)
x x x x g cos 1 sen 2+ = + − ∂ ∂ = ∂ ∂Considerando uma solução inicial x0 =0 obtêm-se os resultados mostrados na Tabela VII.7.
4
Solução Exemplo VII.5 (continuação):
Tabela VII.7 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Newton-Raphson (x0 =0).
ν xν g
( )
xν( )
x x g ∂ ∂ ν ν x ∆ 0 0 –2 2 1 1 1 –0,1585 1,5403 0,1029 2 1,1029 –0,0046 1,4510 0,0031 3 1,1061 –4,4×10-6 — —Portanto, para uma tolerância ε =0,001, a solução x=1,1061 foi obtida após 3 iterações, seguindo o processo ilustrado na Figura VII.5.
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 -4 -3 -2 -1 0 1 x g(x)
Figura VII.5 – Processo de convergência para x0 =0.
Observar que a escolha da solução inicial afeta o processo de convergência conforme pode ser comprovado pela comparação entre os resultados obtidos com x0 =0 e com x0 =2, quando foram necessárias 4 iterações (vide Tabela VII.8 e Figura VII.6).
Tabela VII.8 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Newton-Raphson (x0 =2).
ν xν g
( )
xν( )
x x g ∂ ∂ ν ν x ∆ 0 2 0,9093 0,5838 –1,5574 1 0,4426 –1,1291 1,9036 0,5931 2 1,0357 –0,1040 1,5099 0,0689 3 1,1046 –0,0021 1,4495 0,0014 4 1,1061 –9,10×10-7 — — -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 -4 -3 -2 -1 0 1 x g(x)Uma variante do método de Newton-Raphson é obtida considerando-se a derivada constante, isto é, o Passo (iv) do algoritmo é realizado uma única vez, na primeira iteração quando ν =0:
( ) ( )
x x g x x g ∂ ∂ = ∂ ∂ ν 0Utilizando-se derivada constante, em geral, o número de iterações (para uma tolerância definida) é maior que no método de Newton original, mas cada uma das iterações se torna mais rápida pois não é necessário recalcular a derivada.
Exemplo VII.6 – Utilizando o método de Newton-Raphson com derivada constante (Von Mises), determinar a solução para a equação x=2−senx, considerando uma tolerância ε =0,001.
Solução Exemplo VII.6: Considerando uma solução inicial x0 =0 obtêm-se os resultados mostrados na Tabela VII.9.
Tabela VII.9 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Von Mises.
ν xν g
( )
xν( )
x x g ∂ ∂ ν ν x ∆ 0 0 –2 2 1 1 1 –0,1585 2 0,0793 2 1,0793 –0,0391 2 0,0196 3 1,0988 –0,0105 2 0,0052 4 1,1041 –0,0029 2 0,0014 5 1,1055 –0,0008 — —Portanto, para uma tolerância ε =0,001, x=1,1055. Como esperado, com a utilização de derivada constante, foi necessário realizar um número maior de iterações (5 ao invés de 3).
Exercício VII.1 – Utilizando os métodos de Newton-Raphson e de Von Mises, determinar, com uma tolerância ε =0,001, o valor de x tal que ex =senx−3x2+5.
Considere-se, agora, a resolução do seguinte sistema n-dimensional:
( )
x =0g (VII.8)
onde g
( )
x é uma função vetorial e x é o vetor das incógnitas, isto é:( )
( )
( )
( )
= x g x g x g x g n M 2 1 = n x x x x M 2 1Algoritmo do método de Newton-Raphson n-dimensional
i. Fazer ν =0 e escolher uma aproximação inicial xν =x0. ii. Calcular g
( )
x , no ponto x=xν: g( )
xνiii. Testar convergência: se gi
( )
xν ≤ε parai∈[ ]
1,n , então o processo convergiu para a solução x=xν; caso contrário, prosseguir.iv. Linearizar a função vetorial g
( )
x em torno do ponto(
x ,ν g( )
xν)
. Isto se resume na determinação da seguinte matriz de derivadas, denominada matriz Jacobiana:( ) ( )
( ) ( )
( )
( ) ( )
( )
( ) ( )
( )
∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ = n n n n n n x x g x x g x x g x x g x x g x x g x x g x x g x x g x x g x J ν ν ν ν ν ν ν ν ν ν ν L M O M M L L 2 1 2 2 2 1 2 1 2 1 1 1v. Calcular a correção ∆xν que resolve o problema linearizado:
( )
[ ]
ν( )
ν ν x g x J x =− −1 ∆vi. Determinar a nova estimativa de x que passa a ser:
ν ν ν x x x +1= +∆
vii. Fazer ν =ν +1 e voltar para o Passo (ii).
Exemplo VII.7 – Utilizando o método de Newton-Raphson, determinar a solução considerando uma tolerância εx =εy =0,001, para o seguinte sistema de equações:
6 2 4 2 2 = + = + y x y x
Solução Exemplo VII.7:Inicialmente, faz-se:
(
)
(
,)
2 6 0 0 4 2 , 2 2 1 2 1 2 2 1 2 1 1 = − + = = − + = x x x x g x x x x g( )
= ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ = 2 2 2 1 2 2 1 1 1 2 2 1 2 x x g x g x g x g x x g JConsiderando uma solução inicial x10 =0 e 3
0 2 =
x obtêm-se os resultados mostrados na Tabela VII.10. Tabela VII.10 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Newton-Raphson n-dimensional.
ν ν ν 2 1 x x
( )
( )
ν ν x g x g 2 1[ ]
( )
−1 − ν x J ν ν 2 1 x x ∆ ∆ 0 0 3 –1 3 0,2 0,2 1 , 0 6 , 0 − − 0,9 –0,8 1 0,9 2,2 0 0,64 0,294 0,294 147 , 0 647 , 0 − − 0,094 –0,188 2 0,994 2,012 0 0,0354 0,331 0,331 165 , 0 665 , 0 − − 0,00586 –0,0117 3 0,999977 2,000046 0 0,000137 — —Solução Exemplo VII.7 (continuação):Observar que a partir da primeira iteração a função g1
( )
xν passa a apresentar valor nulo. Isto ocorre porque a aproximação linear empregada para representar esta função corresponde à própria função pois esta é de primeira ordem nas variáveis x e 1 x . 2Exemplo VII.8 – Utilizando o método de Von Mises, determinar a solução do sistema de equações do exemplo anterior.
Solução Exemplo VII.8: Considerando uma solução inicial x10 =0 e 3
0 2 =
x obtêm-se os resultados mostrados na Tabela VII.11.
Tabela VII.11 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Von Mises n-dimensional.
ν ν ν 2 1 x x
( )
( )
ν ν x g x g 2 1[ ]
( )
−1 − Jxν ν ν 2 1 x x ∆ ∆ 0 0 3 –1 3 0,2 0,2 1 , 0 6 , 0 − − 0,9 –0,8 1 0,9 2,2 0 0,64 0,2 0,2 1 , 0 6 , 0 − − 0,064 –0,128 2 0,964 2,072 0 0,2212 0,2 0,2 1 , 0 6 , 0 − − 0,00221 –0,0442 3 0,9861 2,0278 0 0,08406 0,2 0,2 1 , 0 6 , 0 − − 0,0084 –0,0168 4 0,99452 2,01095 0 0,03297 0,2 0,2 1 , 0 6 , 0 − − 0,0033 –0,0066 5 0,99782 2,00436 0 0,01309 0,2 0,2 1 , 0 6 , 0 − − 0,00131 –0,00262 6 0,99913 2,00174 0 0,00522 0,2 0,2 1 , 0 6 , 0 − − 0,00052 –0,00104 7 0,99965 2,00069 0 0,00208 0,2 0,2 1 , 0 6 , 0 − − 0,00021 –0,00042 8 0,99986 2,00028 0 0,000834 — —Portanto, para uma tolerância εx=εy =0,001, x=x1 =0,99986 e y=x2 =2,00028.
Exercício VII.2 – Utilizando os métodos de Newton-Raphson e de Von Mises, determinar, com uma tolerância ε =0,001, a solução do seguinte sistema de equações:
5 2 4 3 2 2 − = − = + y xy xy x
VII.3 – Fluxo de carga pelo método de Newton-Raphson
O método de Newton-Raphson é aplicado para a resolução do Subsistema 1 (S1) sendo dado por:
( )
( )
( )
( )
( )
{
{
}
}
∈ = − = ∆ ∈ = − = ∆ ⇒ = − = ∆ = − = ∆ = PQ barras 0 , PV e PQ barras 0 , 0 , 0 , S1 esp esp esp esp k V Q Q Q k V P P P V Q Q Q V P P P k k k k k k θ θ θ θ (VII.9)( ) ( )
υ υ υ x x J x g =− ∆ ⇒ ∆xν =−[ ]
J( )
xν −1g( )
xν onde( )
PQ PV PQ ← + ← ∆ ∆ = υυ υ Q P x g PQ PV PQ ← + ← = υυ υ θ V x PQ PV PQ ← + ← ∆ ∆ = ∆ υ θυυ V x( ) ( )
( )
( )
( )
( )
PQ PV PQ PQ PV PQ ← + ← ↑ + ↑ ∂ ∆ ∂ ∂ ∆ ∂ ∂ ∆ ∂ ∂ ∆ ∂ = ∂ ∂ = υ υ υ θ θ V Q Q V P P x x g x JConsiderando as expressões dos vetores ∆P e ∆Q e que Pesp e Qesp são constantes, a matriz Jacobiana pode ser rescrita da seguinte maneira:
( )
( )
( )
( )
( )
PQ PV PQ PQ PV PQ , , , , ← + ← ↑ + ↑ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ − = υ υ θ θ θ θ θ θ V V Q V Q V V P V P x Jsendo as submatrizes representadas por:
( )
θθ ∂ ∂ = PV, H( )
V V P N ∂ ∂ = ,θ( )
θ θ ∂ ∂ = QV, M( )
V V Q L ∂ ∂ = ,θAssim, a equação que define a aplicação do método de Newton ao fluxo de carga fica sendo:
∆ ∆ = ∆ ∆ υ υ υ υ υ θ V L M N H Q P (VII.10) Considerando que:
(
)
(
)
∑
∑
Ω ∈ ∈ + + = = + = k m km km km km m k kk k K m km km km km m k k B G V V G V B G V V P θ θ θ θ sen cos sen cos 2(
)
(
)
∑
∑
Ω ∈ ∈ − + − = = − = k m km km km km m k kk k K m km km km km m k k B G V V B V B G V V Q θ θ θ θ cos sen cos sen 2as submatrizes que compõem a matriz Jacobiana são dadas por:
( )
(
)
(
)
Ω ∉ = Ω ∈ + = ∂ ∂ = + + = ∂ ∂ = ∂ ∂ =∑
Ω ∈ k kl k kl kl kl kl k l k kl m km km km km m kk k k k kk l N l B G V V P N B G V G V V P N V V P N k 0 sen cos sen cos 2 , θ θ θ θ θ( )
(
)
(
)
Ω ∉ = Ω ∈ + − = ∂ ∂ = + = ∂ ∂ = ∂ ∂ =∑
Ω ∈ k kl k kl kl kl kl l k l k kl m km km km km m k k k kk l M l B G V V Q M B G V V Q M V Q M k 0 sen cos sen cos , θ θ θ θ θ θ θ θ( )
(
)
(
)
Ω ∉ = Ω ∈ − = ∂ ∂ = − + − = ∂ ∂ = ∂ ∂ =∑
Ω ∈ k kl k kl kl kl kl k l k kl m km km km km m kk k k k kk l L l B G V V Q L B G V B V V Q L V V Q L k 0 cos sen cos sen 2 , θ θ θ θ θAssim, os passos a serem executados para solução do fluxo de carga pelo método de Newton são os seguintes:
Fluxo de carga pelo método de Newton-Raphson – Algoritmo
i. Fazer υ =0 e escolher os valores iniciais dos ângulos das tensões das barras PQ e PV
(
θ =θυ =θ0)
e as magnitudes das tensões das barras PQ(
V =Vυ =V0)
.ii. Calcular: Pk
( )
V,θ para as barras PQ e PV( )
V,θQk para as barras PQ
e determinar o vetor dos resíduos (“mismatches”) ∆Pυ e ∆Qυ. iii. Testar a convergência: se
{ }
{ }
k P k P ε υ ≤ ∆ + ∈maxPQ PV e k { }{ }
Qk εQ υ ≤ ∆ ∈PVmax , o processo convergiu para a solução
(
Vυ,θυ)
; caso contrário, continuar.iv. Calcular a matriz Jacobiana:
(
)
(
(
) (
) (
)
)
− = υυ υυ υυ υυ υ υ θ θ θ θ θ , , , , , V L V M V N V H V Jv. Determinar a nova solução
(
Vυ+1,θυ+1)
, onde:υ υ υ υ υ υ θ θ θ V V V = +∆ ∆ + = + + 1 1
sendo ∆Vυ e ∆θυ obtidos com a solução do seguinte sistema linear:
(
) (
)
(
) (
)
∆ ∆ = ∆ ∆ υ υ υ υ υ υ υ υ υ υ υ υ υ θ θ θ θ θ V V L V M V N V H Q P , , , ,Após a determinação do fasor tensão de todas as barras, a solução do Subsistema 2 (S2) é trivial, sendo obtida através das expressões:
( )
(
(
)
)
{
{
}
}
∈ − = = + = =∑
∑
∈ ∈ referência e PV barras cos sen referência de barra sen cos 2 S k B G V V Q k B G V V P K m km km km km m k k K m km km km km m k k θ θ θ θ (VII.11)Exemplo VII.9 – Utilizando o método Newton, determinar a solução do problema do fluxo de carga correspondente ao sistema elétrico de duas barras utilizado no Exemplo VII.1, considerando uma tolerância
001 , 0 = = Q P ε ε .
Solução Exemplo VII.9: Conforme já determinado, as incógnitas e equações do Subsistema 1 são as seguintes: = 2 2 V x θ
( )
(
(
)
)
= + − − − − = ∆ = + + − − − = ∆ 0 9010 , 9 cos 9010 , 9 sen 9901 , 0 4 , 0 0 9901 , 0 sen 9010 , 9 cos 9901 , 0 8 , 0 S1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 V V Q V V P θ θ θ θPara este problema a matriz Jacobiana apresenta os seguintes elementos, para os quais Ω2 =
{}
1 :( )
(
)
(
)
21 21 21 21 1 2 2 2 2 2 2 2 222 sen cos sen cos
, 2 θ θ θ θ θ θθ V V G B VV G B P H V P H m m m m m m − + = − + = ∂ ∂ = = ∂ ∂ =
∑
Ω ∈( )
(
)
(
)
21 21 21 21 1 22 2 2 2 2 2 22 2 2 222 2 cos sen 2 cos sen
, 2 θ θ θ θ θ B G V G V B G V G V V P N V V P N m m m m m m + = + + + = ∂ ∂ = = ∂ ∂ =
∑
Ω ∈( )
(
)
(
)
21 21 21 21 1 2 2 2 2 2 2 2 222 cos sen cos sen
, 2 θ θ θ θ θ θ θ B G V V B G V V Q M V Q M m m m m m m + = + = ∂ ∂ = = ∂ ∂ =
∑
Ω ∈( )
(
)
(
)
21 21 21 21 1 22 2 2 2 2 2 22 2 2 222 2 sen cos 2 sen cos
, 2 θ θ θ θ θ B G V B V B G V B V V Q L V V Q L m m m m m m − =− + − + − = ∂ ∂ = = ∂ ∂ =
∑
Ω ∈Levando em conta a matriz admitância da rede (já calculada na solução do Exercício VII.1), e os valores especificados para V1=V1esp =1 pu e θ1 =θ1esp =0 rad, têm-se os seguintes elementos:
(
2 2)
2 22 =V 0,9901senθ +9,9010cosθ H(
2 2)
2 22 =1,9802V + −0,9901cosθ +9,9010senθ N(
2 2)
2 22=V −0,9901cosθ +9,9010senθ M(
2 2)
2 22=19,802V + −0,9901senθ −9,9010cosθ LNeste caso, como a matriz Jacobiana é dada por: − = 22 22 22 22 L M N H J
então sua inversa é dada por:
− − − − = − = − − 22 22 22 22 22 22 22 22 1 22 22 22 22 1 1 H M N L M N L H L M N H J
Considerando uma solução inicial θ20 =0 rad e V20 =1 pu, obtêm-se os resultados mostrados na Tabela VII.12. Portanto, para uma tolerância εP =εQ =0,001, a solução do Subsistema 1 é dada por:
pu 9461 , 0 2 =
V e θ2 =−0,0804 rad=−4,61o, mesmo valor obtido na solução do Exemplo VI.1.
Solução Exemplo VII.9 (continuação):
Tabela VII.12 – Resultados parciais do processo iterativo – fluxo de carga Newton.
ν ν ν θ 2 2 V
( )
( )
ν ν x Q x P 2 2 ∆ ∆[ ]
( )
ν x J −[ ]
J( )
xν −1 ν ν θ 2 2 V ∆ ∆ 0 0 1 –0,8 –0,4 0,9910 9,9010 9901 , 0 9010 , 9 − − − 1000 , 0 0100 , 0 0100 , 0 1000 , 0 − –0,0760 –0,0480 1 –0,0760 0,9520 –0,0418 –0,0463 1,6555 9,0543 1462 , 0 3270 , 9 − − − 1101 , 0 0195 , 0 0017 , 0 1069 , 0 − –0,0044 –0,0059 2 –0,0804 0,9461 –0,0003 –0,0004 — — —Os resultados mostrados na Tabela VII.12, foram obtidos executando-se a seguinte rotina em MATLAB. % disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_9.m
clear all; saida=fopen('saida.txt','w'); p2=-0.8; q2=-0.4; v1=1; t1=0; v2=1; t2=0; x=[t2; v2]; G11=0.9901; G12=-0.9901; G21=-0.9901; G22=0.9901; B11=-9.901; B12=9.901; B21=9.901; B22=-9.901; for k=0:5, dp2=p2-v2*(v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2))+G22*v2); dq2=q2-v2*(v1*(G21*sin(t2)-B21*cos(t2))-B22*v2); gx=[dp2; dq2]; h22=v2*v1*(-G21*sin(t2)+B21*cos(t2)); n22=2*v2*G22+v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2)); m22=v2*v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2)); l22=-2*v2*B22+v1*(G21*sin(t2)-B21*cos(t2)); Jac=-[h22 n22 m22 l22]; Jac1=-inv(Jac); dx=Jac1*gx;
y=[k x(1) gx(1) Jac(1,1) Jac(1,2) Jac1(1,1) Jac1(1,2) dx(1)];
fprintf(saida,'%2.0f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n',y); y=[x(2) gx(2) Jac(2,1) Jac(2,2) Jac1(2,1) Jac1(2,2) dx(2)];
fprintf(saida,' %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n\n',y); x=x+dx; t2=x(1); v2=x(2); end p1=v1*(v2*(G12*cos(-t2)+B12*sin(-t2))+G11*v1); q1=v1*(v2*(G12*sin(-t2)-B12*cos(-t2))-B11*v1); y=[p1 q1]; fprintf(saida,'%8.4f %8.4f',y); fclose(saida);
Por outro lado, o Subsistema 2 corresponde ao cálculo da injeção de potência na barra de referência:
( )
(
(
)
)
− = + = =∑
∑
∈ ∈ 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 cos sen sen cos 2 S K m m m m m m K m m m m m m B G V V Q B G V V P θ θ θ θ( )
[
[
(
(
)
)
]
]
− − = + + = 11 1 12 12 12 12 2 1 1 11 1 12 12 12 12 2 1 1 cos sen sen cos S2 B V B G V V Q G V B G V V P θ θ θ θSubstituindo os valores conhecidos, chega-se a: