Professores: Adriana Hernandez Perez
(adriana.perez@fgv.br)Mauricio Canêdo Pinheiro
Monitora: Lavinia Hollanda .
Economia da Defesa da Concorrência
Ementa (preliminar)
Tema Caso Material
Semana 1 Introdução: objetivos e lei antitruste
Lei 8.884/94, Motta, cap 1 Semana 2 e 3 Poder de mercado e bem
estar, Metodologia antitruste
Motta, cap 2 e 3
Semana 4, 5 Fusões horizontais Caso Nestlé-Garoto e/ou Ambev
Motta, cap 5 Whiston, cap 3 Semana 6 e 7 Joint Ventures Caso Suzano-Votorantim
e/ou GM-Toyota
Motta, cap 4 Whiston, cap 2 Semana 8 e 9 Cartel Compras públicas Motta, cap 4
Whiston, cap 2 Semana 10 Preços predatórios Caso do Sal e
Promoções da Gol;
SBDC e outros
Semana 11 e 12 Restrições Verticais: Contratos verticais de exclusão Caso Microsoft Interconexão na Fusão Oi-BrT Motta, cap 6 SBDC e outros
Semana 13 Fusão e Efeitos Verticais São Juliano-Casil e/ou Copene/Odebrecht
Motta, cap 6 SBDC e outros Semana 14 Tópicos em defesa do
consumidor
Bibliografia
OBRIGATÓRIA
Competition Policy: Theory and Practice, Massimo Motta, Cambridge Press, 2004. Lectures on Antitrust Economics, Michael Winston, MIT Press, 2008.
Interactions between Competition and Consumer Policy, Mark Armstrong, Mimeo, 2008. COMPLEMENTAR
Economics of Regulation and. Antitrust. W. VISCUSI ; J. VERNON & J. HARRINGTON Cambridge: MIT Press , 1995. (VVH) Handbook of Antitrust Economics, Paolo Buccirossi, MIT Press 2008.
Industrial Organization, A Strategic Approach, Jeffrey Church and Roger Ware, Irwin McGraw Hill. Você pode baixar o livro pela internet pelo link http://homepages.ucalgary.ca/~jrchurch/page4/page5/files/PostedIOSA.pdf
Revolução Antitruste no Brasil, Volumes 1 e 2, editor César Mattos, Ed. Singular. Outros artigos que serão informados ao longo do curso.
Regras do curso
Regras da Graduação da EPGE;
Aulas de reposição: serão 3
2 marcadas: 2/09 e 14/09
Avaliação:
2 provas:
1ª prova na semana de provas (25/09);
2ª prova na semana de provas;
Trabalho a partir dos casos:
Aula 1
Biblio:
VVH (1995), cap 3;
Motta (2005), Cap 1;
Laffont (2005), pag 33 a 36.
Oliveira, Gesner e Cinthia Konichi, A política de competição
no Brasil na perspectiva do desenvolvimento, in Por uma
Moderna Politica de Competição: ampliando as bases do alto
crescimento no Brasil, Forum Nacional, Rio de Janeiro: José
Olympio, 2006
Plano da aula de hoje
1.
Definição, objetivos;
2.
Defesa da concorrência no Brasil:
1. Lei Antitruste Brasileira 8.884/94
2. Guia para análise econômica para atos de concentração horizontal;
Definição
A defesa da concorrência visa garantir que a concorrência não
seja restrita por práticas que prejudiquem a sociedade.
Prejuízo: perda de bem estar (Sociedade ou Consumidores).
Motivação
Três ingredientes são necessários para concorrência:
Existência de um número suficiente de empresas ou entrantes
potenciais na indústria;
Estas empresas não devem entrar em colusão (formar cartéis); A empresa que alcançar posição dominante, não deve abusar
Posições dominantes persistem em indústrias com:
Elevados custos afundados;
Efeitos lock-in e custos de mudança (switching costs); Efeitos de rede.
Empresas, para maximizar lucro, podem ter incentivo a:
Entrar em conluio (formar cartéis);
Comprar concorrentes de modo a reduzir a concorrência;
Praticar preços predatórios;
Excluir concorrentes.
Defesa da Concorrência vs Regulação
Ambas são respostas do governo para corrigir falhas de mercado; Diferenças:
Procedimentos e instrumentos:
O regulador possui mais poder (decide preços, investimentos, produção) e
decide estrutura do mercado ; Timing:
Regulação ocorre ex-ante, DC ocorre ex-post;
DC possui espectro de análise mais amplo. Restrições informacionais:
Regulação geralmente é especializada por indústria;
DC atua em todo tipo de indústria, inclusive reguladas.
Semelhanças no controle de fusões:
É uma forma de controle da estrutura do mercado;
Proposta de remédios:
Remédios estruturais vs remédios comportamentais (monitoramento implica regulação da empresa avaliada)
Objetivos
Maximizar bem estar da sociedade:
Preço baixo implica maior bem estar;
Foco no tamanho do bolo, não em sua divisão;
Aspecto dinâmico importante, ie, bem estar futuro deve ser levado
em conta.
Maximizar bem estar do consumidor:
Problemático impor p = CMg
Quem paga custos fixos?
Quem teria incentivos para inovar e investir?
Essencialmente, W e S(q) são correlacionados positivamente.
Outros objetivos
Defesa de pequenas empresas:
Não necessariamente em contraste com max. do bem estar social se gds conglomerados prejudicam concorrência;
Na Comissão Européia (CE), o entendimento é que pequenas
empresas são mais dinâmicas.
Promoção da integração de mercados:
Na CE, proibição de discriminação de preços por país.
Proteção da liberdade econômica:
Combater inflação:
Na Alemanha, motivação inicial para controle de cartéis.
Justiça e equidade:
(Justiça)
Empresas que alcançam posição de monopólio devido a P&D tem direito a praticar preços acima do CMg. Nesse caso, se :
entrada é livre, lucros são dissipados por novos entrantes;
Entrada não é livre ou ganhos de escala permitem apenas uma empresa ativa na industria:
regulação deve ser imposta.
Se regulação é inativa, intervenção deve vir da agência de concorrência (AC). (Equidade)
Eficiência econômica favorece gdes supermercados versus mercearias. Se supermercados praticam preços predatórios, AC deve intervir.
A defesa da concorrência é afetada por
políticas públicas
Razões sociais:
Uma fusão pode implicar demissões em massa da empresa adquirida;
Recessão econômica torna AC mais leniente em relação a cartéis;
Razões políticas:
Concentração da mídia em mãos de políticos;
Concentração de recursos econômicos em poucas mãos pode levar à
Razões ambientais:
Ex: Proibição de importação e produção de máquinas de lavar menos
eficientes energeticamente. Decisão retira uma das variáveis de concorrência das empresas.
Razões estratégicas (comércio e política industrial):
Campeões nacionais: fusões costumam ser incentivadas entre empresas nacionais.
Política de exportação de cartéis: empresas nacionais são incentivadas a cartelizar no preço de exportação, mas não no preço interno.
II. A defesa da concorrência no Brasil
O sistema de defesa surge da evolução natural da economia
de mercado.
No Brasil, o SBDC surgiu para disseminar instituições de
mercado;
1937 1988 1994
Fase intervencionista:
Modelo de substituição de importações (de capital); Controle de preços e abastecimento;
Criação de instrumentos para intervenção: CIP e Sunab
Principais aspectos da lei de defesa da
concorrência brasileira
Controle da conduta dos agentes econômicos: Artigos 20 e
21;
Controle de fusões: Art 54.
Conduta
Artigo 20:
« Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:
limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência
ou a livre iniciativa;
dominar mercado relevante de bens ou serviços;
CADE não caracteriza como ilicita a conquista de mercado resultante de maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores.
Posição dominante:
Ocorre quando uma empresa ou grupo de empresas controla parcela substancial de mercado relevante, como fornecedor, intermediário, adquirente ou financiador de um produto, serviço ou tecnologia a ele relativa.
Mínimo de 20% (vinte por cento) de mercado relevante, a critério do CADE.
Art 21:
Caracteriza infração da ordem econômica, certas condutas
(…).
Note que a Resolução 20 do CADE (1999) interpreta que não
existe na lei brasileira uma infração per se.
Tanto práticas verticais como horizontais são avaliadas caso a caso (regra da razão).
I - fixar ou praticar, em acordo com concorrente, sob qualquer forma, preços e condições de venda de bens ou de prestação de serviços;
II - obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou concertada entre concorrentes;
Incisos I e II qualificam cartelização.
IV - limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado; V - criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao
desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços;
XI - impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e representantes, preços de revenda, descontos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer outras condições de
comercialização relativos a negócios destes com terceiros;
Restrições em relações contratuais verticais.
XII - discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio da fixação diferenciada de preços, ou de condições operacionais de venda ou prestação de serviços;
XVIII - vender injustificadamente mercadoria abaixo do preço de custo;
XXIII - subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem;
Vendas casadas.
Controle de fusões
Art 54
atendam às seguintes condições:
tenham por objetivo, cumulada ou alternativamente:
aumentar a produtividade;
melhorar a qualidade de bens ou serviço; ou
propiciar a eficiência e o desenvolvimento tecnológico ou econômico;
Ganhos de escala: Eficiência produtiva
Eficiência dinâmica: Bem estar futuro
Os benefícios decorrentes sejam distribuídos eqüitativamente entre os
participantes da fusão de um lado, consumidores ou usuários finais de outro;
não impliquem eliminação da concorrência de parte substancial do mercado relevante;
sejam observados os limites estritamente necessários para atingir os objetivos visados.
§2º Também poderão ser considerados legítimos os atos previstos neste artigo (…) quando necessários por motivo preponderantes da economia nacional e do bem comum, e desde que não impliquem prejuízo ao
Maximização do bem estar econômico agregado
Livre concorrência
Conduta
Guia para análise econômica para atos
de concentração horizontal
Lançado em 2001, influenciado por guias internacionais de defesa
da concorrência;
Objetivos:
« …apresentar os procedimentos e principios que a SEAE e a SDE adotam na analise desses atos.»
« …instrumento de aplicação da regra da razão. »
Analise é feita em 5 etapas.
As etapas da análise econômica de
atos de concentração
exercicio unilateral, exercicio coordenado
Economias de escala; Economias de escopo;
Exercicio do poder de mercado unilateral Exercício do poder de mercado coordenado
III. Defesa da concorrência em países
em desenvolvimento
Usualmente, países em desenvolvimento visam atrair capital
externo para investimentos em infra-estrutura.
Características de países em desenvolvimento:
Setor financeiro ineficiente (por exemplo, muito pequeno ou sujeito a
fortes assimetrias de informação);
Baixa credibilidade de suas instituições;
Pouca garantia das leis;
Transporte e comunicações ineficientes;
A propensão a condutas
anticompetitivas
Colusão:
Ocorre normalmente em indústrias com :Barreiras à entrada;
Concentração de mercado;
Restrições de capacidade: quão dificil é para as empresas expandirem capacidade:
Impossibilidade da empresa que desvia do equilibrio colusivo ser capaz de absorver toda a demanda, mas retaliação das outras empresas frente ao desvio é limitada.
Se a distribuição de parcelas de mercado não for muito heterogênea, empresas preferem não desviar do preço de cartel.
Em países em desenvolvimento, propensão a colusão é reforçada
pela:
Baixa credibilidade de suas instituições;
Pouca garantia das leis;
Logo, atos de concentração devem ser analisados dentro de uma
Exclusão:
Criação de barreiras ao uso da infra-estrutura ou bens ou serviços intermediarios a rivais no segmento competitivo;
Em paises em desenvolvimento exclusão é mais provavel pois:
barreiras à entrada são mais importantes;
Concorrência predatória:
Pratica de preço abaixo do custo marginal;
Impede a entrada de novas firmas ou expulsa empresas do mercado;
Em paises em desenvolvimento a concorrência predatoria, é mais danosa pois:
Setor financeiro ineficiente
Acordos horizontais:
Acordos podem compensar ineficiências no mercado de crédito.
Efeitos contrarios:
Ganho de eficiência pede uma atitude da AC mais tolerante, mas… Tal acordo exige monitoramento mutuo entre as partes, que
Processo de liberalização em países em desenvolvimento:
Para atrair capital, governo normalmente é obrigado a propor
parcelas de mercado generosas para empresas operadoras;
Defesa de concorrência deve ser simples, transparente e com o minimo de discreção possivel;
. A dificuldade de atrair capital vai favorecer estruturas de mercado que geram concorrência imperfeita.
Maior rigor sob a conduta de empresas que o usual exigido em paises desenvolvidos.
Conflito entre reguladores (ou comissões de
privatização) e AC
países em desenvolvimento
Maior foco em casos de colusão, exclusão e competição
predatória devido a presença de:
Barreiras à entrada e
Mercado de crédito ineficiente;