8 C H - P E R I O O I C O ~
cbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
R E S U M O S D E C O M U N I C A Ç Õ E S C I E N T Í F I C A S D O
I S E M I N Á R I O
D E T E S E S E P E S Q U I S A S
D O
D E P A R T A M E N T O D E P S I C O L O G I A D A U F C
jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
A n to n io C a u b i R ib e iro T u p in a m b á .
R E S U M O
E n tre o s d ia s
yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
23e26d e o u tu b ro d e 2 0 0 0 fo i re a liza d o oJ S e m in á rio d e T e se se P e sq u isa s d o D e p a rta m e n -to d e P sic o lo g ia d a U F C Op rin c ip a l o b je tiv o d o e v e n to fo i a d iv u lg a ç ã o d e tra b a lh o s d e p e sq u isa re a liza d o s p e lo c o rp o d o c e n te d o D e p a rta m e n to d e P sic o lo g ia d a U F C A c o m u n id a d e a c a d ê m ic a te v e a o p o rtu n id a d e d e se a tu a liza r so b re lin h a s d e p e sq u isa q u e n o rte ia m o s tra b a lh o s d o s p ro fe sso re s e d e c o n h e c e r su a p ro d u ç ã o c ie n tífic a . C a d a p a rtic ip a n te a p re se n to u u m tra b a lh o c ie n tífic o q u e c a ra c te riza su a p re o c u p a ç ã o a c a d ê m ic a a tu a l. O s re su m o s d o s n o m e a d o s tra b a lh o s se rã o tra n sc rito s a se g u ir. O s te m a s a b o rd a d o s re la c io n a m -se a d ife re n te s á re a s d a p sic o lo g ia , a sa b e r: P sic o lo g ia E sc o la r, O rg a n iza c io n a l, C lín ic a e T e o ria P sic o ló g ic a .O e v e n to se a p re se n to u , p o rta n to , c o m o u m a p rim e ira te n ta tiv a d e se fo rm a r u m flru m a c a d ê m ic o p e r-m a n e n te d e d e b a te s a se r p o ste rio rr-m e n te d iv u lg a d o a tra v é s d a R e v ista d e P sic o lo g ia d a U F C a e x e m p lo d e ste . O s in te re ssa d o s e m o b te r m a io re s in fo rm a ç õ e s so b re o S e m in á rio p o d e m se d irig ir d ire ta m e n te a o e n d e re ç o d a R e v is-ta d e P sic o lo g ia .
Abstracts of the Thesis and Researches Presented during
a nAcademic Meeting of
tb eDepartment
of Psychogy at the Ceará Federal University
A B S T R A C T S
T h e m a in g o a l o f th e m e e tin g w a s to c o n g ra g a te th e a c a d e m ia sta ff o f tb e D e p a rtm e n t a n d p re se n t th e ir p re se n t sc ie n tific p ro d u c tio n in o rd e r to in fo rm th e c o m m u n ity a b o u t se le c te d re se a rc h e s a n d o th e r sc ie n tific p ro d u c tio n s th a t h a v e b e e n d e v e lo p e d b y th e m . T h is is a w a y to in te g ra te d iffe re n t w o rk s a n d su p p o rt tb e
d e v e lo p m e n t o f re se a rc b g ro u p s a t th e D e p a rtm e n t o f P sy c h o lo g y . T h e th e m e s th a t w e re p re se n te d d u rin g th e m e e tin g b e lo n g to d iffe re n t fie ld s o f P sy c h o lo y , su c h a s:
O rg a n iza tio n a l, E d u c a tio n a l, C lin ic a n d G e n e ra l P sy c h o lo g y . T h is se c tio n b rin g s th e a b stra c ts o f th e flllo w in g p a p e rs p re se n te d d u rin g th e m e e tin g .
. Professor Adjunto do Departam ento de Psicologia da UFC. Doutor em Psicologia Organizacional.
65
D I A 2 3 / 1 0 / 2 0 0 0
C o n s i d e r a ç õ e s s o b r e o p a r a d i g m a i n d i c i á r i o
C o n s i d e r a t i o n s a b o u t t h e i n d i c i a
p a r a d i g m
jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
L a é ria B e se rra F o n te n e fe
yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
problem a da dem arcação entre o que pode ser considerado racional e irracional, no debatecontem porâneo sobre o pós-m odernism o, tem sido
deslocado das posições clássicas, assum idas na
m odernidade através de estratégias discursivas
silogísticas que tecem as discussões sem fronteiras
-verdadeiros m icrorelatos aglutinados num a anti-form a
- acerca da em ergência do capitalism o tardio e da
cultura pós-m oderna, nos quais o cultural, o político,
o social, o econôm ico, o m etodológico, o estético, o
epistem ológico, dentre outros, perdem suas
especificidades e fronteiras form ais para com por um
corpo m utante, no qual tudo é necessário para
configurar a antiform a das m etanarrativas clássicas.
Se tudo que era sólido se desm anchava no ar, já não
há nenhum a solidez, pois, agora, é de superfícies,
im agens e sim ulacros do que se trata.
Diante disso, e considerando-se a repercussão
de tal deslocam ento discursivo para o tratam ento
reórico-rnetotológico da questão nas ciências hum anas, objetiva-se discutir a proposta do paradigm a indiciário,
form ulada por C. Guinsburg com o alternativa aos
inconvenientes da contraposição entre racional e
irracional. Conclui-se que a proposta de Guinsburg
soluciona o problem a de form a apenas aparente.
A s p s i c o l o g i a s n a m o d e r n i d a d e t a r d i a : o l u g a r v a c a n t e d o o u t r o
P s y c h o l o g i e s i n l a t e m o d e r n i t y : the v a c a n t
locus
o f t h e o t h e rJ o sé C e lio F re ire
O trabalho propõe um a escuta ética das
psico-logias contem porâneas, a partir da ética da alteridade
radical de Em m anuel Lévinas. O lugar do Outro, em
66
quatro abordagens significativas da reorizaçâo e da aplicação psicológicas - behaviorism o radical,
psicogenética, abordagem centrada na pessoa e
análi-se existencial- , é identificado e confrontado com as
exigências da ética levinasiana. Com o resultado, é
pro-posta a inclusão da alteridade na discussão
psicológi-ca, em term os da própria constituição da
subjetivida-de, bem com o da relação com o outro da exterioridade
e da inrerioridade psicológicas.
D I A 2 4 / 1 0 / 2 0 0 0
S o b r e a a n g ú s t i a e s u a r e l a ç ã o c o m o c o r p o q u e a d o e c e
A b o u t t h e a n g u i s h a n d i t s r e l a t i o n t o the
s u f f e r i n g b o d y
R o se a n e F re ita s N ic o la u
Este trabalho visa apresentar algum as
coloca-ções a respeito dos resultados parciais da pesquisa
"Sobre a Angústia e sua Relação com o Corpo que
Adoece". Discutirem os com o se construiu o
pro-blem a da pesquisa, os objetivos, a m etodologia
adotada e algum as conclusões iniciais.
A pesquisa visou, a princípio, responder a
al-gum as questões surgidas no cam po da clínica
psi-canalítica, um a vez que esta defronta-se com um
im passe frente àqueles pacientes que procuram a
aná-lise pela via do sintom a orgânico, da doença física,
encam inhados pelo m édico que não sabe o que
fa-zer quando não há referência a um a causa orgânica.
As doenças dos pacientes orgânicos podem ser um
enigm a, com o é o caso das enxaquecas, da dor de
cabeça, dificuldades digestivas, respiratórias, dores
difusas, dor em um órgão que não se consegue
ex-plicar. Não encontrando no corpo referência
possí-vel ao sofrim ento do paciente, o m édico o envia ao
psicanalista.
No caso do encam inham ento psicológico, será
este suficiente para possibilitar um a análise? Que
escuta oferecer a este paciente? Qual a condução
adequada a um atendim ento que não vem pela via
do sofrim ento em ocional, do saber sobre ele? Se a
busca do saber m ove a análise, o que fazer? Com o
tratar da dor de quem não quer saber? De quem só
quer aliviar seu sintom a? O que a psicanálise tem a
dizer sobre isto? Foram questões desta natureza que
nos im puseram a necessidade de pesquisar m ais
criteriosam ente as queixas relacionadas ao sintom a
físico, ao corpo que adoece.
Nossa hipótese inicial é de que estes pacientes
apresentam um a certa dificuldade de elaborar
psi-quicam ente sua angústia: o corpo adoece no lugar
da m ente? Queixar-se do corpo é m ais confortável
que cuidar da alm a? Em preendem os um estudo
teó-rico-clínico que tentou responder a algum as destas
questões e que trazem os com o resultados iniciais de
nossa pesquisa.
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P r o j e t o d e P s i c o d r a m a
A p r o j e c t o f p s y c h o d r a m a
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L ilia n A d e o d a to C a rv a lh oJIHGFEDCBA
o
Projeto de Psicodram a presta serviço de atendim ento psicológico a adolescentes inscritos naClínica de Psicologia da UFC. O principal objetivo
é oferecer ao estudante e estagiário do Curso de
Psi-cologia a oportunidade de trabalhar com
profissio-nais treinados na abordagem psicodram ática,
inte-grando a equipe terapêutica.
Em funcionam ento desde m arço de 1993,
de-senvolve um plano de atividades elaborado anualm
en-te, adaptado às necessidades dos estudantes e
estagiá-rios e à clientela que se disponibiliza a atender.
A abordagem psicodram ática busca através do teatro espontâneo e do teatro terapêutico trabalhar as
em oções, conflitos e tensões dos clientes num
con-texto grupal. O grupo tem um a função relevante no
processo terapêutico, especialm ente para o adolescen-te, pois perm ite a expressão dos sentim entos e
pensa-m entos num am biente de proteção, onde o cliente
que não quiser se expor poderá usufruir do trabalho
desenvolvido por outro integrante do grupo.
A form ação do grupo, no projeto, se realiza por
um processo de triagem e avaliação psicológica em
ses-sões individuais e/ou de grupo. Os diferentes grupos de
psicorerapia (hom ogêneos, m istos, com
pré-adolescen-tes, etc.) utilizam m odelos de intervenção terapêutica
com patíveis com tais características. As sessões sem anais
se desenvolvem com o uso de diversos recursos e jogos
dram áticos e aplicam técnicas com o solilóquio,
inver-são de papéis, duplo, im agens, entre outras. Os pais
re-cebem acom panham ento através de reuniões e/ou
ses-sões conjuntas que perm item a aprendizagem de novos
papéis que irão colaborar na reorganização da dinâm ica
fam iliar e no vínculo pais-filho. O processo terapêutico
grupal atinge cada cliente de m odo diferente. A
avalia-ção do processo terapêutico é feita no grupo, com a
participação de cada integrante que identifica as m
u-danças e objetivos, alcançados ou não.
O bolsista e os esrudantes que participam do
projeto exercem a função de terapeuta auxiliar e
desenvolvem atividades com plem entares com o
triagem , sessões de atendim ento individual, registro
das sessões, entre outras.
O Projeto de Psicodram a registra os dados do
processo terapêutico de cada cliente e das sessões de
grupo. Estes registros dão suporte a diferentes
tra-balhos que são apresentados nos congressos de
psicodram a e fornecem dados para a elaboração de
um m aterial didático que é utilizado nas disciplinas
do Curso de Psicologia: A d o le sc ê n c ia e P sic o te ra p ia , E stu d o In d iv id u a l: P sic o d ra m a c o m A d o le sc e n te s e
S u p e rv isã o d e E stá g io n a Á re a C lín ic a .
o
p r o c e s s o d e s u b l i m a ç ã o d e e x c e l ê n c i a n o h o m o s s e x u a l i s m o i d e a t i v o T h e p r o c e s s o o f e x c e l e n c e s u b l i m a t i o n o ni d e a l h o m o s s e x u a l i s m
O rla n d o S o e iro C ru x ê n
Nosso trabalho confronta dois m aternas de
hom ossexualism o m asculino que corresponderiam
a dois processos de sublim ação.
Tem os com o ponto de partida um
questiona-m ento sobre os m aternas possíveis de ho
rno-ssexualism o, em suas relações com o tratam ento
analítico. A sublim ação surge nesse contexto com o
um a saída, ainda que paradoxal, no percurso do su-jeito em relação à realização de seu desejo.
O eixo fundam ental do trabalho consiste
num a releirura dos conceitos de hom osexualism o
m asculino e sublim ação a partir do entrecruzam ento
dos textos de Freud e Lacan. Dois estudos de casos:
o "caso Leonardo da Vinci" e o "caso Caravaggio",
tanto evocaram quanto guiaram nossa análise.
A prim eira parte trabalha os conceitos cruciais
que em basaram nossa pesquisa: a coisa, o objeto/abjeto,
os m aternas do hom osexualism o m asculino, etc.
A segunda parte clarifica a problem ática a
partir dos estudos de casos já m encionados,
subli-nhando aspectos clínicos.
A terceira e últim a parte com para os aspectos teóricos com os dados clínicos, visando o cam po
dos aspectos conclusivos. Questões enigm áticas e
linhas de futuras investigaçóes são, tam bém ,
evocadas.
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D I A 2 5 / 1 0 / 2 0 0 0
M a d i s o n : f a z e n d o a s p o n t e s e n t r e o c o m -p o r t a m e n t o e s e u s d e t e r m i n a n t e s
M a d i s o n : m a k i n g the l i a i s o n s b e t w e e n
b e h a v i o r a n d its d e t e r m i n a n t s
jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Jo ã o Ilo C o elh o B a rb o saJIHGFEDCBA
o
rrabalho apresenta a experiência deutilização didática do film e A s p o n te s d e M a d iso n
para a diferenciação dos conceitos de
com portam ento governado por contingência e
com portam ento governado por regra. Antes do
início da exposição do film e é pedido aos presentes
que procurem fazer um a análise funcional do
com portam ento da personagem principal. O
film e tem sido escolhido com o instrum ento
didático, em prim eiro lugar, pelo fato de levar o
estudante a analisar os determ inantes de um
com portam ento a partir de um a situação m ais
próxim a da realidade. Isto proporciona a
observação de um m aior núm ero de detalhes que
enriquece a discussão. Em segundo lugar, porque
m ostra que norm alm en te há vários fatores
envolvidos na determ inação do com portam ento.
E por últim o, porque o film e dá um bom exem plo
de com o um com portam ento pode sofrer
influências deste conflito, o resultado leva-os às
68
tarefas de discrim inar, classificar e diferenciar
teoricam ente o com portam ento governado por
contingências e o com portam ento governado por
regras. Além de tornar a aprendizagem m uito m ais
dinâm ica que a sim ples apresentação oral de exem plos,
o film e em questão presta-se particularm ente a esta
finalidade porque consegue descrever o am biente
físico e social da personagem , apresentando relatos
da história de vida da personagem , e ainda m ostra
fragm entos de seus com portam entos encobertos.
F a t o r e s d e t e r m i n a n t e s d a a v a l i a ç ã o d a m u d a n ç a d e c o n d u t a m e d i a n t e a n á l i s e
v i s u a l e m g r á f i c o s
D e t e r m i n a t i n g f a c t o r s o f the b e h a v i o r c h a n g e i n f a c e o f v i s u a l g r a p h i c a n a l y s i s
V erô n ica M o ra is X im e n e s
A análise visual, tam bém denom inada
inspeção ou inferência visual, tem sido um a
estratégia para avaliar a m udança de
com portam ento e atitudes m ais difundida e
utilizada em Psicologia. A origem desta técnica
está relacionada aos trabalhos experim entais no
início da Psicologia Científica. No século XX já
era um a prática com um entre os psicólogos
aplicados utilizar um sistem a de representação
gráfica para determ inar a efetividade ou não das
intervenções psicológicas. Atualm ente, o estudo
da m udança de com portam ento através da análise
de gráficos está difundido nos diferentes âm bitos
aplicados e experim entais da Psicologia e em
outras áreas da ciência.
Os objetivos deste trabalho foram :
1. determ inar a incidência da dependência
serial (séries de dados com diferentes níveis de
auto correlação) sobre a eficácia dos avaliadores
(psi-cólogos e estudantes de psicologia) na detenção da
m udança de com portam ento;
2. estabelecer o efeito sobre a análise visual
para os diversos níveis de variabilidade nas séries dos
dados;
3. conhecer a incidência da m agnitude da
m udança sobre a decisão dos avaliadores;
4. estabelecer as possíveis diferenças entre o
critério visual e estatístico para analisar os dados;
5. conhecer se existem diferenças ou não nas
decisões tom adas pelos psicólogos
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(e x p e rts) e oses-tudantes de Psicologia (não e x p e rts) em desenhos de
caso único, com o tam bém a consistência das
res-postas destes avaliadores;
6. construir gráficos dentro do padrão
desen-volvido por Cleveland (1994);
7. com parar os resultados da análise visual dos
avaliadores com os resultados da técnica S p lit-M id d le
(W hite, 1974).
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J o g o d i s c u r s i v o e p r o d u ç ã o d e h i s t ó r i a s : a n á l i s e d a p r o d u ç ã o n a r r a t i v a
e m c o n t e x t o
D i s c u r s i v e p I a y a n d the p r o d u c t i o n o f h i s t o r i e s : the a n a l y s i s o f c o n t e x t u a l i z e d
n a r r a t i v e p r o d u c t i o n
S u sa n a K ra m e r d eM e sq u ita O liv e ira
Assum indo-se a natureza sim bólica e
interdependente das ações dos sujeitos e a partir da
aná-lise m icrogenética de um a atividade de produção coletiva
de histórias num a turm a de 1a série do Curso
Funda-m ental, este estudo pretendeu discutir estabeleciFunda-m entos
teóricos sobre a intersubjetividade, oferecendo
concei-tos que pusessem em evidência a interpretação sobre as
relações que envolvem o processo de produção do
co-nhecim ento e dos m odos de fazê-Ia num a sala de aula.
A "história" (processo) da produção coletiva de
"histórias" (produto) foi analisada a partir do interior
das relações entre, "processo e produto", no qual se
dis-cutiu aa va lia çã o eva lid a çã o das propostas dos Gram áticas de História (em particular a de Rego) à luz dos m
ovi-m entos sociodiscursivos que foraovi-m identificados no curso
da tarefa - a qual foi se definindo na sala de aula e que se
fez contexto tanto de pesquisa, com o de ensino.
O m odo de se conceber os processos dessa
elabaração foi, inicialm ente, configurado a partir do
arcabouço teórico do m ovim ento histórico-cultural
(especialm ente Vygotsky, Leontiev e Saxe), sendo
apropriado e transform ado no contexto de um a
interlocução específicade natureza teórica (principalm ente
Bakthin e Goffm an) e em pírica (a atividadeltarefa que foi
sendo definida durante a pesquisa). A análise desta
elaboração teórico-em pírica é o grande foco do presente
estudo.
D I A 2 6 / 1 0 / 2 0 0 0
M e t á f o r a s d e v i a g e m n a m e m ó r i a f i c c i o n a l d o B r a s i l
M e t a p h o r s o f a t r i p i n the b r a z i I i a n f i c t i o n a l m e m o r y
Id ilv a M a ria P ire s G e rm a n o
Um a longa expedição literária aos
terri-tórios nacionais tem construído continuam
en-te a m em ória nacional com o um destino
coletivo m arcado pela incom pletude, senão
com o um a desesperança de chegar a lugar
ne-nhum . Os escritores e intelectuais, com prom
e-tidos em explicar quem som os nós brasileiros e
que futuro nos aguarda, se valem das im agens
dos longos percursos no solo nacional, das lem
-branças de viagens passadas e dos relatos de
ex-pediçóes alheias, para tentar "localizar" a
cul-tura brasileira, circunscrever seus lim ites diante
de m odos de vida forasteiros e m arcar suas
fron-teiras espirituais face a outros povos.
O resultado dessa odisséia nacional é sem
-pre um percurso no espaço e no tem po: os
escn-tores buscam as origens da form ação do país,
vol-vendo ao seu passado histórico e esquadrinham
as diferentes regiões do solo pátria, m apeando a
sua topografia e descrevendo os diferentes m
o-dos de ser brasileiro encarnados pelos variados
tipos hum anos que encontram e im aginam .
Neste trabalho, analisam os as m etáforas
de viagem que percorrem as obras de José de
Alencar e de Antônio Callado, em penhadas na
invenção do Brasil e da brasilidade. Tais m
etá-foras são indicativas do sentido de errância na
localização do ser nacional e na definição dos
cam inhos da cultura brasileira. As obras são
interpretadas com o "viagem da razão" (a obra
com o m eio de conhecim ento e reconhecim
ro da nação); com o "viagem do corpo"
(resul-tado de viagens históricas); com o "viagem
es-tética" (recriação textual); com o "viagem do
es-cri ror" (resultado da trajetória do escritor no
cam po intelectual e na tradição letrada).
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U m e s t u d o c o m p a r a t i v o e n t r e p e q u e n o s e m p r e s á r i o s b r a s i l e i r o s e a l e m ã e s : a i n f l u ê n c i a d e d i m e n s õ e s c u l t u r a i s n a
e f i c á c i a d e e s t r a t é g i a s e m p r e s a r i a s
A c o m p a r a t i v e s t u d y a m o n g s m a l l B r a z i l i a n a n d G e r m a n e n t r e p r e n e u r s : the
i n f l u e n c e o f c u l t u r a l d i m e n s i o n s o n the
e f f i c a c y o f e n t r e p r e n e u r i a l s t r a t e g i e s
jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
A n to n io C a u b i R ib e iro T u p in a m b d
A im portância econôm ica e social das
peque-nas em presas já obteve o seu reconhecim ento de
longa data. A relação deste setor da econom ia com
a solução de diversos problem as pessoais e sociais,
bem com o com a efetiva participação nos
resulta-dos econôm icos e políticos das nações, inclusive do
Brasil, pode ser vista, por exem plo, através do
nú-m ero crescente de organizações de apoio e do
inte-resse geral por esse tipo de em presa.
As denom inações para este tipo de negócio
são variadas, dependendo de diversos aspectos e
dim ensões, pode-se falar de em presa de subsistên-cia, negócios subterrâneos, m icroem presa,
peque-na em presa, em presa de m édio porte, etc. Apesar
destas diferenças e independentem ente de suas de-nom inações, estudiosos e praticantes do assunto
dividem a m esm a opinião de que o em presário à
frente deste tipo de negócio pode ser diferenciado
de outros em presários, por exem plo, daqueles que
estão à frente de grandes coorporações e m ais
ain-da de outros profissionais, por exem plo, gerentes
ou professores.
O reconhecim ento do papel social e econôm ico
de pequenos em preendim entos não tem gerado,
con-tudo, estudos teóricos significativos na área.
Principal-m ente no caPrincipal-m po da psicologia tePrincipal-m -se tratado o
assun-to apenas num a perspectiva da experiência cotidiana,
resultado de discussões pessoais assistem áticas para a
tom ada de decisão face a assuntos de interesse desse
70
setor da econom ia. Apesar de haver um a tendência por
parte dos órgãos financeiros, representativos e
associa-ções voltadas para os pequenos em presários em
acredi-tar na relevância da abordagem psicológica do
assun-to, o conhecim ento sistem atizado acum ulado que possa
ajudá-Ios ainda é escasso. Tópicos de interesse nessa
área podem versar sobre conhecim entos que
contribu-am para que esses profissionais, dentre outras coisas,
sobrevivam , cresçam e se realizem através dos seus
em preendim entos, conhecim entos esses que
contribu-am para a definição das condições psicológicas neces-sárias para se falar em êxito em presarial. Além disso
sabe-se pouco sobre tom ada de decisão, uso de
estraté-gias adequadas e seu desenvolvim ento no âm bito do
negócio; sobre o aproveitam ento correto de habilida-des e sobre conhecim entos pessoais acum ulados
nou-tras situações para benefício do atual em preendim
en-to (capital hum ano).
Elaboram os um m odelo para pensar as
peque-nas em presas e o com portam ento do pequeno em
-presário, buscando esclarecer as relações que existem
entre características de personalidade e resultados em
-presariais nas suas m ais variadas possibilidades.
Esse m odelo de abordagem da pequena
em presa que passam os a denom inar "m odelo de
m ediação" deveria ser testado a partir de dados
coletados em diferentes realidades nacionais.
Iniciam os com três países, a saber, Alem anha, Irlanda
e Brasil. No núcleo do m odelo encontra-se um a
relação que é m ediada por ações em presariais, bem
com o estratégias em presariais.
Neste contexto o trabalho foi desenvolvido e
recebeu especial atenção nos seguintes elem entos do
m odelo: a relação entre fatores de personalidade,
es-tratégias e sucesso em presarial no caso de pequenos
em presários à luz de um a com paração internacional.
Um a das principais m etas da parte do trabalho
concernente à com paração Alem anha e Brasil
consis-te em consis-testar o m odelo de m ediação com dados de
um a am ostra original, isto é, organizada a d h o c no
Brasil.
O m odelo de m ediação pode ser de fato com
-provado na am ostra brasileira para várias estratégias,
bem com o para várias constelações de características
de personalidade, estratégias e m etas em presarias alcançadas.
Nós nos utilizam os de duas m edidas de
resul-tados em presariais (sucesso no em preendim ento) já
am plam ente urilizadas e conhecidas na literatura
es-pecífica que são respectivam ente consideradas com o m edidas subjetiva e objetiva de sucesso em presarial.
No caso do Brasil, diferentem ente dos outros dois
países, teve-se que levar em conta o freqüente desco-nhecim ento ou desorganização face às variáveis
cor-respondentes às m edidas objetivas de resultados em
-presariais alcançados, um a característica m uito
observada em países em vias de desenvolvim ento ou
subdesenvolvidos. Frese
JIHGFEDCBA
& Friedrich (1997)observa-ram o m esm o em países africanos com o Zim babwe.
Desta form a, a m edida subjetiva de sucesso term ina
por ter um papel acentuadam ente m aior num
estu-do desta natureza.
Além disso procuram os com provar o papel
m ediador de determ inadas estratégias que até o m
o-m ento não tinhao-m sido com provadas.
M ais adiante foi questionado se na am ostra de
pequenos em presários alem ães e brasileiros as m
es-m as estratégias se fazees-m coes-m provar iguales-m ente coes-m o
m ediadoras.
A prática em presarial, juntam ente com m uitos
resultados de pesquisas em píricas ilustram que
estratégias em presariais podem ser diferentem ente
associadas a sucesso em presarial em diferentes culturas.
Baseando-se nesta inform ação, alguns
pesquisa-dores do assunto procuraram identificar, por exem plo,
num determ inado país africano (Zim babwe),
estratégi-as de sucesso específicestratégi-as utilizadestratégi-as por pequenos em
pre-sários, evitando se portarem de form a eurocêntrica.
Utilizando-se da am ostra de pequenos em
pre-sários alem ães e irlandêses, Rauch (1998) observou
que a relação da estratégia "planejam ento detalhado"
e sucesso em presarial na Alem anha e Irlanda tinha
valores claram ente distintos. Esta estratégia
corresponde, com o podem os observar na teoria, com
a dim ensão denom inada por Hofstede (1984), no
seu livro
jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
C u ltu re s C o n se q u e n c e s, de "Evitaçâo de Se-gurança". Diga-se de passagem que a Alem anha e aIrlanda diferenciam -se claram ente quanto à nom
ea-da dim ensão. As dim ensões de Hofstede são dim
en-sões culturais de valor e têm um a fundam entação
em pírica. Rauch constatou no ano de 1998 a
exis-tência de um a relação entre a diferença da dim ensão
acim a m encionada, por um lado, e a diferença das
correlações tam bém já m encionadas, por outro.
Lenartowicz m ostrou na sua tese de
doutora-do para um a universidade am ericana, em 1996,
in-clusive diferenças inter-regionais do potencial de
su-cesso de determ inadas estratégias no caso de
peque-nos em presários.
Nesse trabalho nós pesquisam os quais estratégias
em presarias correspondem às dim ensões de valor
culturais conform e concebidas por Hofstede no caso
dos pequenos em presários. Das quatro dim ensões
foram selecionadas as dim ensões culturais denom inadas
"distância de poder" e "individualism o / coletivism o".
Baseando-nos no estudo com parativo de Rauch
entre Alem anha e Irlanda, tentam os com provar o
quanto a diferença no nível destas dim ensões com
-parativam ente entre os dois países considerados tem
a ver com as diferenças nas relações entre estratégia e
sucesso nos m esm os países. Desta feita consideram os
o Brasil e a Alem anha para esta com paração.
Além das duas dim ensões culturais de
Hofstede acrescentam os na nossa pesquisa um a
di-m ensão socioeconôdi-m ica que denom inam os
"hosti-lidade am bienta!".
Partim os do pressuposto de que:
a) a dim ensão "distância de poder" corresponde
à estratégia "incentivo ao desenvolvim ento de com
pe-tência e responsabilidade pessoal dos colaboradores",
"desenvolvim ento de pessoal", "m otivação dos
cola-boradores" e "gerência autoritária dos colacola-boradores";
b) "individualism o/coletivism o" corresponde à
estratégia em presarial "desenvolvim ento de
relacionam ento pessoal com os colaboradores";
c) "hostilidade am biental" corresponde às
estratégias em presariais "utilização de cadeias de
relacionam ento" e "grau de valoração do trabalho".
Tom ando com o referência a literatura
con-siderada até o m om ento, vim os serem
desenvolvi-dos pela prim eira vez teorem as válidos para a
par-tir deles elaborar hipóteses sobre correlações entre
estratégias e sucesso em presarial binacionalm ente
diferentes, levando-se em conta as dim ensões com
graus diferentes num a perspectiva tam bém
binacional. Apesar de term os, com base nos
teorem as sobre a eficácia de estratégias em
dife-rentes culturas, afirm ado apenas tendências do
sen-tido em que as diferenças correlacionais
aconte-cem , foi possível inclusive encontrar diferenças
correlacionais significantes binacionalm ente das
relações entre estratégia e sucesso. Para am bos os
países foi possível selecionar estratégias com
bas-71
tante potencial de sucesso, baseando-se nos nom
e-ados teorernas correspondentes. No âm bito desta
pesquisa não foi possível encontrar nenhum dado
que negasse a hipótese da m oderação cultural
bem com o socioeconôm ica das relações de m
e-diação. No caso de trabalhos posteriores a este
constatarem que as dim ensões de valor e
socioeconôm icas atuam de fato sobre as relações
de m ediação, esta integração de aspectos
cultu-rais poderia aum entar o grau de generalização
do atual m odelo de sucesso proposto. Na
práti-ca é possível com base nos presentes resultados
sugerir critérios seletivos, de treinam ento,
crité-rios e m odelos de apoio em presarial para
peque-nas em presas levando-se em conta especificidades
culturais.
M ultirrepetênciacbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
n a U n i v e r s i d a d e : t r a j e t ó r i a d o d i s c u r s oM ulti-repetition a t the u n i v e r s i t y : the
t r a j e c t o r y o f a d i s c u s s
jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Jesu s G a rcia P a scu a lA trajetória deste estudo se situa entre dois
extrem os de um discurso, que m ostra a
deteriora-ção do seu conteúdo, ao longo da cam inhada
uni-versi tária.
No início havia sonhos ...
U F C , fá b ric a d e so n h o s. N ó s, u n iv e rsitá rio s, te -m o s fe b re d e a p re n d e r. I-m a g in a -m o s u -m a u n iv e r-sid a d e c o m p ro je to , h istó ria , te c n o lo g ia , d isc ip
li-n a , fo to re s q u e sirv a m c o m o p e d a is d o fu tu ro .
JIHGFEDCBA
O m e rc a d o é c a d a v e z m a is e x ig e n te q u a n to à c a p a-c id a d e d o d ip lo m a d o d e u sa r a -c a b e ç a . A fo -c u l-d a l-d e é o m o m e n to l-d e b u rila r e ssa h a b ilil-d a l-d e e é p o r isso q u e so n h a m o s c o m u m m u n d o d e o p o rtu -n id a d e s. Q u e re m o s se r a c a ra d a u -n iv e rsid a d e . O
fu tu ro a g ra d e c e !(Pensam ento expresso por um grupo de alunos recém -ingressos, durante um a
sessão psicopedagógica do projeto: Entrei na
Universidade ... e Agora)
72
Depois vem a decepção ...
T u d o isso m e fa z fic a r in c o n fo rm a d a , d e c e p -c io n a d a , c a n sa d a e se m e stím u lo p a ra c o n ti-n u a r o s m e u s e stu d o s n a u n iv e rsid a d e . M i-n h a m a io r m o tiv a ç ã o p a ra c o i-n tii-n u a r te m sid o a v o n ta d e d e sa ir. Q u a n to m a is p e n so q u e d e -te sto a U n iv e rsid a d e , m a is m e e sfo rç o p a ra sa ir d e la . A ssim , e sto u te n ta n d o n ã o a b a n d o n a r m a is d isc ip lin a s, te n ta n d o a u m e n ta r m e u IR A p a ra p a g a r to d o s o s c ré d ito s e , fin a lm e n te , re
-c e b e r o m e u d ip lo m a . (Fala proferida por um a aluna rnultirreperente do nono sem
es-tre, em entrevista).
A evasão escolar, e seus m ecanism os
des-vinculantes, se destaca com o um dos fenôm enos
m ais preocupantes no panoram a educacional
pú-blico latino-am ericano, seja na form a de fracasso dos
indivíduos (Poppovic, Esposito & Cam pos, 1970);
ou fracasso dos sistem as socioeducacionais (Fraitag,
1979; Ferreiro, 1985) ou fracasso da própria escola
(Pano, 1990). Existe um a preocupação com o
fra-casso escolar e a busca de soluções alternativas, com o
m ostra a farra bibliografia sobre o assunto nas duas
últim as décadas (Scoz, 1987, 1991, 1994; Visca,
1987, 1991; Pam plona, 1988; Fernandez, 1990;
Paín, 1992; W eiss, 1992; Lajonquiere, 1992; M asini,
1993; Horisch, 1993; Neves, 1993; Baraldi, 1994;
Sisto, 1996).
Entretanto, o tem a abordado nesta
pesqui-sa, paradoxalm ente, se concentra na perm anência
escolar vinculante, que desafia o ciclo característi-co do fracasso escaracterísti-colar: re p ro u a ç ã o -re p e tê n c ia -e o a sã o .
Há alunos na Universidade Federal do Ceará que
repetem até oito (8) vezes a m esm a disciplina!
Al-guns alunos m antêm o vínculo acadêm ico com esta
Instituição por m ais de onze (11) anos. Com o com
-preender esses fenôm enos (des)educacionais ?
A rnultirrepetência se constitui em um fenôm eno
psicosocioeducacional m uito com plexo, que requer um a
aproxim ação científica cuidadosa. Interligar os diversos
aspectos que a com põem - intelectivos, aíerivos, sociais,
políticos, econôm icos, educacionais, biológicos - torna a
sua investigação m uito com plexa, pois abrangê-los todos
sim ultaneam ente requer um a equipe inrerdisciplinar para
- além de preservar a validade epistem ológica dos
resultados - conseguir a necessária sincronicidade da
investigação. Não é o caso deste estudo.
Qual é o perfil do aluno m ultirrepetente e a
que causas esses próprios alunos e seus professores
atribuem a m ultirreperência constituem as duas
questões m atriciais desta pesquisa.
Quanto à prim eira questão - o perfil do
alu-no m ultirrepetente - foram pesquisados:
a) aspectos intelectivo-estrururais dos alunos
em relação ao conhecim ento, através do M étodo
Clí-nico de Piaget (Prova da Flutuação dos corpos);
b) aspectos afetivo-energéticos em relação à
aprendizagem , através da form a reduzida do Teste
de Apercepção Tem ática;
c) aspectos socioeducativos através de um a
Entrevista Tem ática, elaboradajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAa d h o c.
O universo da pesquisa ficou restrito, nesta fase
de seu andam ento, a alunos do Centto de Hum
anida-des, para a qual inicialm ente se inscreveram dezoito
JIHGFEDCBA
( 1 8 ) alunostas) m ultirrepetentes através de um a ficha
de inscrição; dos quais apenas oito (8) se subm eteram
ao processo investigatório; foi constatada um a certa
resistência à investigação por parte dos alunos.
Considera-se aluno m ultirreperente, para
efei-tos desta pesquisa, aquele que tenha sido reprovado
pelo m enos quatro vezes na m esm a ou em
diferen-tes disciplinas, sucessivam ente ou não.
cbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
P e r f i l d o a l u n o m u l t i r r e p e t e n t e d o C e n t r o
d e H u m a n i d a d e s
Iniciam os a apresentação dos dados colhidos
durante a pesquisa, apresentando um quadro
sinóptico dos oito (8) estudantes que se subm ete-ram ao processo investigatório.
Relendo as falas obtidas na pesquisa,
consta-tam -se alguns dados que m erecem reflexões do
pon-to de vista da Psicologia Escolar, no sentido de
ajudar educadores e alunos a superar esse cancro do
ensino brasileiro cham ado fracasso escolar:
1- os resultados da pesquisa m ostram que se
trata de alunos oriundos das classes social e econôm ica baixa e m édia, que exercem atividades
rem uneradas e paralelas ao estudo com o ajuda para
m elhorar o orçam ento pessoal. Entretanto, o fato
de sobrepor o trabalho ao estudo, quando acontece
a incom patibilidade entre am bos, não pode ser
atribuído exclusivam ente às necessidades
econôm icas, m as tam bém à falta de credibilidade e
interesse na form ação acadêm ica que os sujeitos
entrevistados têm pelo curso escolhido: " .... quando
com ecei a trabalhar, eu fiquei entusiasm ada, né, com
BA
S u j e i t o S e x o I d a d e N a t u r a l R e n d a I n g r e s s o A n o C r é d i t o s R e p r o v . I R A
1
F20
O u t r o5 -10
V e s t ib94.1
98
05
06362
2
F28
F o r t a le z1 - 3
V e s t ib90.1
162
21
03992
3
F23
F o r t a le z5 - 10
V e s t ib94.1
116
04
06527
4 F
25
O u t r o1 - 3
V e s t ib89.2
168
22
04138
5
M20
F o r t a le z1- 3 .
V e s t ib94.2
98
09
0505
6
F24
O u t r o+10
T r a n s f91.1
137
24
03248
7
M20
C E1 - 3
V e s t ib94.1
76
19
03618
8
F23
O u t r o1 -3
V e s t ib91.1
170
10
06789
Legenda: Natural: Forralezae Fortalez: CE =Ceará; Outro =Outro Estado do Brasil. Renda: Expressa em salários m ínim os. Ingresso: Form a de ingresso
na UFC ( Vestibular ou Transferência). Créditos: Créditos cursados durante o período com preendido entre a data de ingresso e 96.2. Reprov. : Núm ero de
reprovações acum uladas em várias disciplinas até 96.2. IRA : fndice de Rendim ento Acadêm ico.
73
o trabalho; achava bom ... pensei em trancar o
Curso... chegava um m om ento que não dava para
conciliar. .. eu sem pre priorizei o trabalho" (sujeito
6). " ... só que quando eu entrei no Curso, eu m e
decepcionei, sabe? O Curso básico não é assim ...
não am arra bem o que é que a gente vai ser ... eu não
gostei e surgiu um em prego ... eu disse assim : entre
um e outro eu não estou gostando m uito m esm o e
acho que vou trancar ... "(sujeito 8).
2- Aparece nos sujeitos um conhecim ento
cla-ro da sua situação acadêm ica de m ultirrepetência, que
se reflete no sentim ento de culpabilidade m anifesto;
sem tom ar, porém , atitudes concretas para m odificar
a situação de reprovação reiterada: " ... agora de
cabe-ça eu não m e lem bro bem , eu devo ter já perdido um
sem estre inteiro m esm o, abandonei; e m ais um as oito
(8) disciplinas ou m ais (sujeito nº7).
3- Constata-se um a fratura na interação
pro-fessor e alunos, tanto em nível didático com o
vin-cular. Os alunos consideram os professores bem
qua-lificados, porém , não apresentam um a didática
condizente com essa qualificação profissional.
"Po-dem ser bem inform ados, podem ser capazes, m as
não são didáticos; o problem a é didática. Não há didática, infelizm ente ... Eu tive um professor que
se orgulhava em dizer que ele com eçava com um a
turm a de 45 e term inava com 10" (sujeito nº4). Os
professores, entretanto, queixam -se da falta de
estí-m ulo e estudo por parte dos alunos reprovados. As
relações em sala de aula são perpassadas pela sim
pa-tia dos professores em relação a alguns alunos e não
pela necessidade de ajuda pedagógica. Aparecem ,
tam bém , sentim entos de m edo, receio e antipatia
por parte de alunos em relação a certos professores:
" ... a gente sem pre costum a dizer que é o professor
que m arca a gente, m as não é, não, não é querendo
m e safar, não; m as essa realm ente foi ... não sei bem
o que aconteceu, sei que saí reprovada novam ente,
por coincidência do destino foi com o m esm o
pro-fessor, entendeu? quando foi a quarta vez, no caso,
fui cursar com outro professor ... foi outra história,
em bora seja ... fosse o m esm o conteúdo ... pra m im
foi m uito enriquecedor; se você vir m inha nota, lá
dez (10,0), né? com o é que um a pessoa que foi
re-provada três vezes, tá com nota dez?"(sujeito nº8).
Quanto à intervenção dos professores no sentido
de ajudar os alunos m ulrirrepetentes, observa-se a
74
queixa da falta de estím ulo: "Bem , eu acho que
de-pende m uito do professor, não é um a coisa de
to-dos ... m as alguns, você precisa ver, não incentiva,
m esm o" (sujeito nº3). " ... eu acho que não tem m ui-to incentivo prático, eu não vejo m uito incentivo,
não ... eu vejo m uito isso, tem que estudar, tem que decorar isso e isso, né?"(sujeito nº7).
4- Os sujeitos utilizam , com m aior freqüência,
para resolver problem as, repertórios cognitivos que
apresentam estruturas da lógica operatório-concreta;
em bora não se possa afirm ar que não tenham
atingi-do o estágio das operações form ais. A utilização atingi-dos repertórios operatório-concretos por parte dos
alu-nos diz respeito apenas às situações de avaliação do
desem penho [as provas piagetianas ou as histórias no
Teste de Apercepção Tem ática]. Quando os m esm os
alunos constatavam que a tarefa não im plicava
avali-ação do desem penho, com o por exem plo, nas
entre-vistas, eles recorriam freqüentem ente a repertórios
operatório-form ais. A fim de tornar m ais clara a
clas-sificação dos sujeitos nesta dim ensão, apresentam os
alguns conceitos básicos da epistem ologia genética.
Inhelder e Piaget ( 1976) estabelecem três níveis de
classificação para as respostas dos sujeitos:
Nível I - A. Equivale ao pré-operatório; o
sujeito não consegue classificar os objetos, pois lhe
falta critério exaustivo; apenas agrupa os objetos em
classes inconsistentes através da argum entação do
exam inador, que se desfazem à m edida que
avan-çam os questionam entos deste. Aparece, por vezes,
um pensam ento anirnista.
Nível 1 -B. Interm ediário entre o
pré-opera-tório e o operapré-opera-tório-concreto, pois o sujeito realiza
classificações de objetos baseado nas qualidades
físi-cas destes; porém sem usar um critério consistente,
isto é, não percebe as contradições.
Nível II - A. Estabelece-se o
operatório-con-creto, pois o sujeito tenta encontrar um critério
único para a classificação, porém fazendo subclasses
para não desm anchar o critério encontrado. Usa a
noção de peso absoluto.
Nível II - B. Caracteriza-se com o transição entre
o operatório-concreto e o iníco do operatório-form al,
pois o sujeito tem noção de peso específico dos corpos,
m as com o não tem ainda a conservação de peso nem de
volum e, não pode estabelecer relações entre si para
gar à nocão de densidade. A solução é falar em objetos
concretos, com o o ar que entra, etc. Tam bém leva em
com a a água, m as não com parando os pesos específicos
dela e dos objetos.
Nível
cbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
l U - A com preensão da conservaçãodo volum e perm ite ao sujeito a form ação
operató-ria de densidade, que a estabelece com o critério
exaustivo e consistente. Além do m ais, passa a
raci-ocinar através de proposições, onde encontra que a
proposição p im plica q (p
JIHGFEDCBA
= objetos leves; q =flutu-ar) não pode ser sustentada, a partir do m om ento
em que experim enta que há corpos leves (agulha) e
não flutuam , pois existe p.não-q. Da m esm a form a
que há corpos pesados que flutuam (tora de m
adei-ra) não-p. q. Bem com o encontram os corpos que
são pesados e não flutuam , que é o m ais com um
(m etal) não-p.não-q.
Após estas notas introdutórias ao assunto,
apresentam os o quadro que classifica as respostas
dos sujeitos.
As respostas foram classificadas a partir das
seguintes explicações dos sujeitos:jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
N ív e l I " b o ia rã o p e la le v e za ': " p e la te x tu ra ta m
-b é m d o p lá stic o ': " ép e la c o m p o siç ã o d e le , a c h o ':
" a q u i é m a is p e lo fo rm a to ': " op a ra fu so b ó ia n a
á g u a e e u n ã o sa b ia , e n tã o fo i isso , in d e p e n d e n
-te m e n -te d a [orma".
" V tti a fu n d a r. E u n u n c a v i u m a p ilh a d e n tro
d a á g u a , m a s c re io q u e a p ilh a v a i a fu n d a r, se a
p ilh a n ã o a fu n d a r, e u m a to e la ': " d e ix a e u m e
le m b ra r. .. lá e m c a sa... "
N ív e l 1 1 - " a í n ã o e n tra m a is a q u e stã o d o p e so ,
é d o m a te ria l...a m a d e ira g e ra lm e n te b ó ia , n é ?
(um a subclasse para não desm anchar o
crité-rio usado).
" E sse so b je to s q u e flu tu a m , te n d e m a flu tu a r à
m a n e ira p re c á ria d e v id o à te n sã o su p e rfic ia l d a
á g u a ': " a fu n d a p o rq u e fic o u c h e io d e á g u a '~
N ív e l IJ I - " e le sa fu n d a m p o rq u e e le s tê m u m a
m a ssa m u ito p e sa d a , q u e r d ize r, a d e n sid a d e d e la
é p e sa d a e m re la ç ã o
à
á g u a ': " h á u m a h ip ó te seq u e e u p o d e ria fa ze r ... ': "td e n te n d e n d o , a m b o s
te m 1q u ilo , m a s e m re la ç ã o
à
o c u p a ç ã o d o esp a ç o , o q u e o c u sp a m a is e ssp a ç o é m e n o s c o n c e n
-tra d o d o q u e o q u e o c u p a e sp a ç o m a io r, a p e sa r
J "
a e te r o m e sm o p e so ... .
5 - M anifestam um bloqueio afetivo em
re-lação ao conhecim ento, o que pode ser considerado
um obstáculo epistem ofílico, isso significa afirm ar que estam os diante de sujeitos cuja inteligência está
a p risio n a d a (Fernandez, 1990: 110), isto é, ela
(in-teligência) não consegue se m anifestar em toda sua
fecundidade por estar am arrada por liam es da
or-Q uadro de classificação das respostas
BA
E X A U S T I V O C O N S I S T E N T E P E S O H I P Ó T E S E N í V E L
1 S im n ã o a b s o lu t o n ã o 1 8 - liA
2 S im s im e s p e c í f ic o s im 1 1 8 - 1 1 1
3 S im n ã o a b s o lu t o n ã o 1 8
4 S im n ã o a b s o lu t o n ã o 1 8 - liA
5 S im n ã o a b s o lu t o n ã o 1 8 - liA
6 S im s im e s p e c í f ic o s im 1 1 8 - 1 1 1
7 S im n ã o a b s o lu t o n ã o 1 8 - liA
8 S im s im e s p e c í f ic o s im 1 1 8 - 1 1 1
75
dem afetiva. Estados psicoafetivos de depressão,
so-lidão etc. ficaram nítidos nas estórias que eles cria-ram a partir dos quadros do T.A.T..
6 - Prevalece a atitude da
jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
b ip e ra c o m o d a ç ã o em relação ao conhecim ento e às relações interpessoais.Isso significa que os alunos se adaptam de form a
não m uito inteligente (segundo Piaget) às solicita-ções do m eio. :" P o d e m o s d e sc re v e r a b ip o a ssim ila ç ã o c o m o u m a p o b re za d e c o n ta to c o m o o b je to q u e re d u n -d a e m e sq u e m a s -d e o b je to e m p o b re c i-d o s, -d é fic it lú -d ic o e c ria tiv o . A h ip e ra c o m o d a ç ã o , c o m o p o b re za d e c o n ta to c o m a su b je tiv id a d e , su p e re stim u la ç ã o d a im ita ç ã o , fa lta d e in ic ia tiv a , o b e d iê n c ia a c rític a à s n o rm a s, su b
-76
m issã o ... A b ip o a c o m o d a ç ã o c o m o p o b re za d e c o n ta to c o m o o b je to , d ific u ld a d e n a in te rn a liza ç ã o d e im a -g e n s. A b ipe ra ssim ila ç ã o c o m o p re d o m ín io d a su b je tiu a ç ã o , d e sre a liza ç ã o d o p e n sa m e n to , d ific u ld a -d e p a ra re sig n a r-se " (Fernandez, 1990: 110), isto é, ela (inteligência) não consegue se m anifestar em toda
sua fecundidade.
7 - A investigação sobre o percurso escolar
dos alunos, no eixo diacrônico, m anifesta que as
re-provações se intensificam no terceiro grau; portan-to, estam os falando de sujeitos que percorreram o
Ensino Fundam ental e M édio sem m uitos tropeços
na aprendizagem !